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Fisiologia do exercício – 4º semestre Homeostase é a habilidade dos seres vivos de re- gular o seu ambiente interno visando a manter uma condição estável. Estado estável é um comportamento oposto à homeostase, que diz respeito à estabilidade que é provocada em alguns órgãos, músculos e tecidos, e que pode manter o equilíbrio da produção de subs- tratos energéticos e a manutenção da frequência cardíaca para a realização do exercício. MODALIDADES CÍCLICAS São caracterizadas pela repetição contínua e pro- longada de um determinado gesto esportivo; corrida, ciclismo, natação e remo são alguns exemplos. MODALIDADES ACÍCLICAS São aquelas que não têm repetição contínua do movimento, e em que a naturalidade e a esponta- neidade dos gestos técnicos são marcantes; futebol, voleibol, basquetebol e handebol. MODALIDADES SEMICÍCLICAS Integram simultaneamente atividades repetitivas e espontâneas. ORIGENS DAS FONTES DE ENERGIA As fontes de energia dos alimentos ingeridos en- contram-se sob a forma de carboidratos, gorduras e proteínas que são armazenadas no organismo em estoques necessários para utilização, renovação e transformação da energia química em energia mecânica, o que permite ao organismo humano executar suas tarefas diárias, em específico os mo- vimentos propriamente ditos. Energia livre é utilizada para o crescimento e para a reparação do organismo, sendo esses os proces- sos responsáveis pelo aumento da massa muscular, pelo reparo de lesões, pelo transporte ativo de subs- tâncias e pela manutenção da homeostasia. CARBOIDRATOS Principal fonte de energia extraída dos alimentos, mas parte da ingestão dos carboidratos, quando o corpo se encontra em repouso, é convertida direta- mente em moléculas de glicogênio, que são arma- zenadas no fígado e nos músculos para sua conver- são em moléculas de energia utilizável. Nas crianças a liberação e produção de energia reduz. GORDURAS São responsáveis pelo fornecimento de energia em exercícios de longa duração e baixa intensidade, como, por exemplo, a maratona ou provas de 800 ou 1.500 metros na natação. No entanto, esses esto- ques de triglicerídeos (forma de armazenamento da gordura no organismo) são transformados em sua composição básica, constituída de glicerol e ácidos graxos, por meio do processo denominado lipólise. LIPÓLISE É realizada por meio do transporte do glicerol ao fígado para a transformação da glicose em glicogê- nio e sua utilização para liberar a energia necessária aos exercícios. Predomina – principalmente – em exercícios de intensidade baixa e moderada. Fisiologia do exercício – 4º semestre GLICOGÊNIO É utilizado pelas fibras musculares ativas e poste- riormente é encaminhado às mitocôndrias das células que participarão do ciclo de Krebs, produzindo a energia necessária para a realização do esporte. PROTEÍNAS São os nutrientes que fornecem menos substrato para se converter em energia utilizável. Para que isso ocorra, é necessário que as proteínas sejam con- vertidas em glicose, e somente em condições seve- ras e de depleção dos demais substratos. ATP – TRIFOSFATO DE ADENOSINA É produzido a partir das moléculas de glicose, bem como do glicogênio muscular e hepático que foi es- tocado. Além disso, é fonte de energia imediata e a mais importante para contração muscular. A formação de ATP ocorre a partir da combina- ção de difosfato de adenosina (ADP). Quando a enzima ATPase quebra essa ligação, a energia é liberada e pode ser usada para realização de trabalho. (ex.: contração muscular) A energia livre liberada nessas reações é respon- sável pelos processos de contração muscular e pe- los estímulos elétricos neurais que controlam os mo- vimentos corporais e a regulação hormonal. Portanto, quando se pensa em qualquer atividade que utilize movimentos ou mesmo o repouso, é pos- sível compreender que se está liberando energia pela quebra de moléculas de ATP, que estão sendo utilizadas para a realização de tal atividade. As células musculares armazenam quantidades li- mitadas de ATP e devem ter vias metabólicas capa- zes de produzir rapidamente ATP. De fato, as células musculares podem produzir ATP por meio de uma via ou de uma combinação de três vias metabólicas: 1. Formação de ATP por quebra de fosfocre- atina (PC); Durante os exercícios, os nutrientes primários usados para obtenção de energia são as gorduras e os carboi- dratos, enquanto as proteínas contri- buem com uma quantidade relativa- mente pequena. Reações endergônicas (anabolismo) são re- ações que absorvem a energia utilizada no funcionamento das células, produzindo no- vos componentes. Reações exergônicas (catabolismo) são rea- ções que liberam energia para o trabalho celular a partir do potencial de degradação dos nutrientes orgânicos. Fisiologia do exercício – 4º semestre 2. Formação de ATP via degradação de gli- cose ou glicogênio (denominada glicólise); 3. Formação oxidativa de ATP. A formação de ATP pelas vias de PC e glicólise não envolve o uso de O2, essas vias são denomina- das vias anaeróbicas (sem O2). A formação oxidativa de ATP pelo uso de O2 é denominada metabolismo aeróbio. PRODUÇÃO ANAERÓBIA DE ATP Tão rapidamente quanto o ATP é quebrado em ADP + Pi no início do exercício, o ATP é ressinteti- zado pela reação PC. Entretanto, as células muscula- res armazenam apenas pequenas quantidades de PC e, dessa forma, a quantidade total de ATP que pode ser formada por essa reação é limitada. A combina- ção de ATP armazenado e PC é denominada sis- tema ATP-CP ou “sistema do fosfogênio”. ´ Esse sistema fornece energia para contração muscular no início do exercício e durante o exercício de alta intensidade e curta duração (duração inferior a 5 segundos). A formação de novo de PC requer ATP e somente ocorre durante a recuperação do exercí- cio. Exemplo: onde é muito usado o sistema ATP-CP: salto em altura, levantamento de peso rápido ou cor- rida durante uma partida de futebol, a uma distância de 9m. OLHAR CLÍNICO A SUPLEMENTAÇÃO COM CREATINA MELHORA O DESEMPENHO NO EXERCÍCIO? A depleção da fosfocreatina (PC) pode limitar o desempenho no exercício breve e de alta intensidade (ex.: corrida de 100- 200m), pois resulta na diminuição da taxa de produção de ATP pelo sistema ATP-CP. Estudos demonstraram que a ingestão de grandes quantidades de creatina mono-hidrato (20 g/dia) por um período de 5 dias acarreta aumento das reservas musculares de PC. Foi comprovado que a suplementação com creatina melhora o desempe- nho no contexto laboratorial, durante o exercício de curta duração (ex.: 30s) e alta intensidade na bicicleta estacionária. Uma segunda via metabólica capaz de produzir ATP rapidamente sem envolvimento de O2 é deno- minada glicólise. As reações de glicose e piruvato podem ser con- sideradas como duas fases distintas: 1. Investimento de energia; 2. Geração de energia. A glicólise consiste na quebra de glicose em piruvato ou lactato A glicose é uma molécula composta por 6 carbo- nos, enquanto o piruvato e o lactato são moléculas compostas por 3 carbonos. Isso explica a produção de 2 moléculas de piruvato ou lactato a partir de uma molécula de glicose. Como não há envolvimento direto de O2 na glicólise, a via é considerada anaeró- bia. Entretanto, na presença de O2 na mitocôndria, o piruvato pode participar da produção aeróbia de ATP. Dessa forma, além de ser uma via anaeróbia capaz de produzir ATP sem O2, a glicólise pode ser considerada a primeira etapa da degradação aeróbia de carboidratos. PRODUÇÃO AERÓBIA DE ATP Ocorre dentro da mitocôndria e envolve a intera- ção deduas vias metabólicas cooperativas: 1. Ciclo de Krebs; 2. Cadeia de transporte de elétrons. De forma simplificada, a glicólise en- volve a quebra de glicose ou glicogênio para formação de duas moléculas de piruvato ou lactato, com produção lí- quida de dois ou três ATP. Fisiologia do exercício – 4º semestre A função primária do ciclo de Krebs (também chamado ciclo do ácido cítrico) é completar a oxida- ção (remoção de hidrogênio) de carboidratos, gorduras ou proteínas usando NAD+ e FAD como transpor- tadores do hidrogênio (energia). O processo de produção aeróbia de ATP é de- nominado fosforilação oxidativa. Formada por três estágios: 1. Consiste na geração de uma molécula cen- tral composta por 2 carbonos, acetil-CoA. 2. É a oxidação da acetil-CoA no ciclo de Krebs. 3. É o processo de fosforilação oxidativa (forma- ção de ATP) na cadeia de transporte de elétrons. Ciclo de Krebs. A acetil-CoA pode ser formada a partir da quebra de carboidratos, gorduras ou prote- ínas. Por enquanto, vamos enfocar a transformação da acetil-CoA a partir do piruvato (este pode ser formado a partir de carboidratos e proteínas). Para cada molécula de glicose que entra em glicó- lise, duas moléculas de piruvato são formadas. E na presença de O2, essas moléculas de piruvato são convertidas em duas moléculas de acetil-CoA. Isso significa que cada molécula de glicose acarreta duas rodadas do ciclo de Krebs. A função primária do ciclo de Krebs é remover hidrogênio e a energia a eles associada a partir de vários substratos envolvidos no ciclo. Além da produção de NADH e FADH, o ciclo de Krebs ocasiona a formação direta de um composto rico em energia – o trifosfato de guanosina (GTP). O GTP é um composto de alta energia, capaz de transferir seu grupo fosfato terminal ao ADP e, as- sim, formar ATP. A formação direta de GTP no ciclo de Krebs é chamada fosforilação de nível de subs- trato. ___________________________________ Até aqui, enfocamos o papel dos carboidratos na produção de Acetil-CoA para entrada no ciclo de Krebs. A partir de agora vamos ver como é o me- tabolismo aeróbio das gorduras e proteínas. Observe que as gorduras (triglicerídeos) são que- bradas para formar ácido graxos e glicerol. Os ácidos graxos então podem passar por uma série de rea- ções para formar acetil-CoA. Embora o glicerol possa ser convertido em um intermediário da glicólise no fígado, isso não ocorre em uma extensão significa- tiva no músculo esquelético. Dessa forma, o glicerol não é importante como fonte de combustível mus- cular direta durante o exercício. Durante o exercício, a proteína não é considerada uma fonte de combustível importante por contribuir apenas com 2-15% do combustível. Cadeia de transporte de elétrons (cadeia respiratória ou cadeia de citocromo). A produção aeróbia de ATP (chamada fosforilação oxidativa) ocorre na mi- tocôndria. A via responsável por esse processo é a cadeia respiratória. ___________________________________ EM RESUMO A fosforilação oxidativa ou produção aeróbia de ATP ocorre na mitocôndria, como resultado de uma interação complexa entre o ciclo de Krebs e a ca- deia de transporte de elétrons. Moléculas que exercem papéis impor- tantes na transferência de elétrons são: 1. Nicotinamida adenina dinucleotí- dio. 2. Flavina adenina dinucleotídio. A forma oxidada de NAD é NAD+ e sua forma reduzida é NADH. Similarmente, a forma oxidada de fla- vina adenina dinucleotídio é FAD e sua forma reduzida é FADH. Observe que FADH também pode aceitar um se- gundo hidrogênio e formar FADH2. Fisiologia do exercício – 4º semestre O papel primário do ciclo de Krebs é completar a oxidação de substratos e formar NADH e FADH para entrar na cadeia de transporte de elétrons. O resul- tado final da cadeia de transporte de elétrons é a formação de ATP e água. A água é formada por elétrons aceptores de oxigênio. Desse modo, o mo- tivo que nos leva a respirar oxigênio é usá-lo como aceptor final de elétrons no metabolismo aeróbio.
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