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Constitucional Avançado - Volume Único

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CONSTITUCIONAL AVANÇADO
Aula 01
DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
	Controle de Constitucionalidade pode ser entendido inicialmente como uma verificação da compatibilidade plano vertical dos atos normativos primários para com a Constituição, ou seja:
PLANO VERTICAL
(Controle de Constitucionalidade)
PLANO HORIZONTAL
(Controle de Legalidade)
Para que haja o Controle de Constitucionalidade serão necessários alguns requisitos:
1º - Que o parâmetro seja sempre a própria Constituição, ou seja, há de se reconhecer que a constituição está num plano hierárquico superior aos demais atos e isto só irá ocorrer quando houver supremacia Constitucional;
2º A Supremacia Constitucional: a Constituição Brasileira possui completa supremacia aos demais atos normativos. Isto porque é uma constituição super rígida, não admitindo outra forma se não processo administrativo para sua alteração ou mesmo correção, pois somente ocorre por emenda Constitucional (art. 60, §4º - CF/88);
	
	Normas Constitucionais podem ser divididas em materialmente ou formalmente constitucional. As FORMALMENTE constitucionais são todas aquelas que integram a constituição independente de seu conteúdo, ou seja, são todas as normas que estão no corpo da Constituição. As MATERIALMENTE constitucionais são aquelas que em sua substância tratam de matéria de índole Constitucional (organização do Estado, forma de governo, divisão do poder, atribuição de competência, etc.)
3º - A própria Constituição deve prever mecanismos de Controle;
DAS FORMAS DE CONTROLE 
	Há duas formas de Controle de Constitucionalidade: a forma preventiva e a forma repressiva.
O Controle preventivo é o chamado controle político[footnoteRef:1], pois se dá no meandro do processo legislativo, ou seja, é todo controle exercido antes da entrada em vigor da norma. Ela se dá através das Comissões de Constituição e Justiça ou pelas demais Comissões. [1: Segundo Gilmar Mendes, também pode ser chamado de Controle francês, apesar do modelo operado hoje na França não ser mais neste modelo.] 
	O Controle também pode ser repressivo, que é tão somente exercido pelo poder judiciário. Ele pode ser baseado em dois sistemas: 
1º - o sistema austríaco – também conhecido como sistema concentrado por via de ação direta. Este é exercido somente por um órgão do poder judiciário, cuja constituição a cria e dota-lhe de tal competência. No sistema concentrado por via de ação direta, os efeitos sempre serão erga omnes pois o que se discute é a constitucionalidade ou não, em tese, sendo um processo objetivo (causa de pedir e demanda).
	O 2º sistema é o controle repressivo, também chamado de via difusa ou por exceção, o qual é realizado por qualquer juiz do tribunal dentro de um caso concreto (processo subjetivo) e resulta no afastamento ou não da aplicação no mesmo caso. Este somente se admite, em princípio, a instauração do processo de controle após a promulgação da lei ou mesmo de sua entrada em vigor. Na ação direta de inconstitucionalidade exige-se que tenha havido pelo menos a promulgação da lei 
	ATENÇÃO! O judiciário somente exercerá o controle preventivo em uma hipótese. No caso de mandado de segurança proposto por parlamentar a fim de evitar tramitação de projeto de lei inconstitucional (ex. Cura gay).
Aula 02
DE FENÔMENO DA INCONSTITUCIONALIDADE
	O fenômeno da inconstitucionalidade é, justamente, a afronta de lei ou ato normativo a Carta Constitucional ou aos seus valores, o que torna nulo e não passível de convalidação.
	Desta forma, uma lei ou ato normativo que afronte a Constituição Federal nunca poderá ser aproveitado e mesmo após o decurso do tempo poderá ser reconhecida a sua inconstitucionalidade. Exemplo disso é o art. 1º da Lei 8.906/94.
DAS CLASSIFICAÇÕES DAS INCONSTITUCINALIDADES
	A inconstitucionalidade pode ser formal ou material. A inconstitucionalidade formal se dá necessariamente por vícios no processo legislativo, ou seja, não foi observado o procedimento concernente ao processo legislativo, podendo este decorrer:
I – De vício de iniciativa na forma do at. 61, §1º - CF: este vício decorre justamente de mandamento constitucional que determina qual/quais matéria(s) será(ão) reservado(s) a iniciativa de determinados sujeitos políticos, ou seja, somente estes órgãos poderão propor o projeto de lei.
II – Formal Stricto Sensu (quanto à forma propriamente dita) – art. 59 – CF: esta modalidade decorrerá da inobservância da reserva constitucional da forma legislativa reservada pela constituição, ou seja, há um equívoco na propositura do projeto, trocando uma matéria pela outra. Exemplo: matérias reservadas a lei complementar (art. 62, §3º - CF), as matérias atinentes a emenda Constitucional.
Em suma, a Inconstitucionalidade forma sempre ocorrerá por inobservância ao procedimento legislativo, tal qual dispõe o art. 59 e seguintes da Constituição Federal.
	ATENÇÃO!
Para as normas anteriores a Constituição Federal, não há que se discutir quando a constitucionalidade ou não delas, pois o fenômeno a ser aplicado será a recepção, o qual só ocorre quanto a matéria.
No que se concerne a Inconstitucionalidade Material, para fins de controle de inconstitucionalidade ou não dos atos normativos, poderá ser observado tanto as regras Constitucionais quanto os seus princípios, sejam eles implícitos ou explícitos. Isso se dá porque os princípios, em uma visão pós-positivista, possuem tanta força normativa quanto as regras, podendo servir de instrumento de controle, integração e interpretação do sistema jurídico.
	Deve-se ter em mente, antes de mais nada, quais são as funções dos Princípios no ordenamento jurídico pátrio para que possamos aplica-lo corretamente:
I – Orientar a interpretação do sistema jurídico;
II – Posicionar-se como forma de Controle quando há ambiguidade de entendimento ou abuso no uso de uma norma;
III – Integrar ordenamento jurídico, sendo passível de aplicação quando há antinomia ou Conflito aparente de Normas;
Além das classificações supracitadas, deve-se observar também quando há a inconstitucionalidade por ação ou omissão. A inconstitucionalidade POR AÇÃO decorre da prática de um fato comissivo, ou seja, a prática de um ato do poder legislativo ou executivo que de forma material ou formal atinge a Constituição Federal ou seus princípios. Já a inconstitucionalidade por OMISSÃO, que primariamente entende-se como um deixar de fazer, decorre do descumprimento pelo poder competente de um mandamento Constitucional em prazo superior ao razoável. Esta pode ser absoluta ou relativa: será total ou absoluta quando o legislador deixa de editar a norma, descumprindo obrigação imposta pela Constituição Federal e RELATIVA ou PARCIAL aplica-se quando, apesar de cumprida a norma, esta apresenta-se deficiente, ou seja, a norma não consegue atingir a sua finalidade de maneira integral.
	Para que se possa compreender melhor a inconstitucionalidade por omissão, devemos observar a classificação da Ordem de Eficácia Constitucional.
	Para haver a inconstitucionalidade por omissão há que se ter uma norma de eficácia limitada, ou seja, uma norma constitucional que preveja um direito em tese, ou um dever, a ser executado ou garantido na forma da lei. Em outras palavras, a lei deve prever os limites de alcance e finalidade do Direito assegurado. 
	Por fim, a inconstitucionalidade por omissão somente ocorrerá quando o legislador deixar de atuar por prazo não razoável.
	QUESTÃO: Caso seja declarada a omissão inconstitucional, poderá o judiciário avocar para o a posição de legislador positivo criando a norma?
→ Não, uma vez que o art. 103-A da Constituição Federal dispõe que o Judiciária sempre atuará como legislador NEGATIVO, ou seja, como determinado ato ou lei deverá ser interpretado. Ele, por sua vez, pode criar analogias as quais são consideradas entendimentos legislativos. Se o Judiciário começasse a avocar para si as funções do legislativo atuando como legislador positivo, ele estaria rompendo o pacto federativo e a tripartição dos poderes.
	Note-se que positivar é atuar diretamentecriando direito, enquanto assegurar com base em interpretação vem a ser o legislar negativamente. 
Aula 03
SISTEMA DIFUSO
O sistema Difuso ou americano é marcado pela possibilidade de qualquer juiz ou tribunal declarar incidentalmente no caso concreto a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo frente a Constituição, afastando a sua incidência no Caso Concreto.
PREMISSAS BÁSICAS
Antes de caracterizarmos as premissas, é importante destacarmos o conceito de Atos Normativos Primários:
	O Atos Normativos Primários (art. 59 – CRFB/88) compreendem as leis complementares, as leis ordinárias, as leis delegadas e as Medidas Provisórias. Salienta-se que a diferença entre a Lei Ordinária e a Lei Complementar reside, basicamente, no quórum de votação e na reserva legal, ou seja, as leis complementares devem ser votadas por meio de quórum qualificado e tratar de matéria definida ou reservada a esta forma legislativa. Já as Leis Ordinárias, estas devem ser votadas por maioria simples e disporá sobre qualquer matéria que não seja reservada a lei complementar.
	
	Quanto ao Quórum:
· Lei Complementar: O art. 69 – CF aponta que o quórum para aprovação de Lei Complementar deve ser de maioria absoluta;
· Lei Ordinária: O art. 47 – CF estabelece que, salvo lei Constitucional em contrário, o quórum para aprovação de Lei Ordinária será definido por maioria de votos
Quanto a Matéria:
· Lei Complementar: os art. 18, §2º - CF (criação ou dissolução de Estados) e o art. 93 – CF (Edição do Estatuto da Magistratura) são os casos em que a Constituição exige que a modalidade seja pela configuração da lei complementar;
· Lei Ordinária: aplicam-se todos os outros casos em que a Lei não exige a forma da lei complementar;
	
A LEI DELEGADA, por sua vez, está prevista no art. 86 – CF e é definida como o ato normativo redigido pelo Chefe do Poder Executivo após prévia autorização do Poder Legislativo, desde que se trate de matérias que não ofendam as competências exclusivas do Congresso Nacional e Privativas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
	Por fim, as MEDIDA PROVISÓRIA (ferramenta cuja tipicidade não corresponde ao modelo presidencialista, sendo mero resquício do parlamentarismo) conceitua-se como um instrumento com força de lei, adotado pelo Presidente da República, ao qual se faz necessário em casos de grande relevância ou máxima urgência. Apesar de produzir seus efeitos de forma imediata, ela dependerá da aprovação do Congresso Nacional para que seja definida como lei.
	A doutrina critica a Medida Provisória dentro em vista que ela rompe toda a ideia de um sistema representativo, pois autoriza o Chefe do Executivo avocar para si funções legislativas, fundado somente na relevância da matéria e na urgência social de regulamentação. Entretanto, como ressaltado, sua eficácia é efêmera, uma vez que se não for ratificada pelo Congresso Nacional no prazo de 120 dias, ela perderá sua eficácia deixando, assim de produzir qualquer efeito[footnoteRef:2]. [2: Caso a Medida Provisória não seja ratificada e convertida em lei pelo silencia do Legislativo, toda e qualquer relação jurídica iniciada sob a égide da referida medida por ela será regida, salvo se o Congresso Nacional se dispuser em contrário.] 
	A segunda premissa é que o Controle Difuso sempre será exercido de forma concreta, ou seja, aplicado diretamente dentro de um problema real onde há partes, causa de pedir e pedidos. Isso significa dizer que o Controle Difuso é exercido casuisticamente e faz parte da fundamentação depreendida pela parte a fim de garantir o seu direito.
	Observe-se que no que se refere a Constitucionalidade ou não, o Controle Difuso abordará na causa de pedir próxima. Desta forma, quando da sentença resolve-se a questão da inconstitucionalidade, ela fará parte integrante da ratio decidendi (Das Razões de Decidir[footnoteRef:3]) e, portanto, não fará coisa julgada. [3: Compreende-se como o sinônimo de fundamentação.] 
	ELEMENTOS DA DEMANDA (art. 319 – CPC)
	Subjetividade
	PARTES
	Elemento Objetivo
(objeto)
	CAUSA DE PEDIR
	Remota
	
	
	Próxima
	
	PEDIDO
	Imediata
	
	
	Mediata
= FATO
= FUNDAMENTO
= TUT. JURISD.
= O QUE QUER
	A terceira Premissa no Controle Difuso de Constitucionalidade aplica-se quando este for por órgão colegiado (Tribunais), pois deverá ser observado o art. 97 – CF juntamente a Súmula Vinculante nº 10, razão pela qual caso o relator entenda como procedente a inconstitucionalidade de uma norma, deverá ele remeter essa questão prejudicial ao órgão pleno ou especial (em conformidade com o regimento interno de cada Tribunal) para que o órgão colegiado se manifeste acerca da constitucionalidade ou não e, após, com base na decisão deste órgão, o relator possa abordar o mérito julgando, assim, o recurso.
	Uma vez decidida pelo órgão especial ou pleno a Constitucionalidade ou não, integrará a fundamentação do acórdão a ser proferido pelo relator do processo, razão pela qual se pode afirmar que nestes casos a fundamentação é vinculada no que foi decidido pelo órgão especial ou pleno, em decorrência da Cisão funcional no plano Horizontal.
	CISÃO FUNCIONAL NO PLANO HORIZINTAL nada mais é do que a aplicação da cláusula de reserva de plenário, pois caso o relator entende como inconstitucional, não tem ele competência para afastar a incidência normativa.
	Em contrapartida, caso o relator entenda a norma como constitucional, não haverá aplicação da Cisão Funcional porque a Constitucionalidade sempre será presumida, já a inconstitucionalidade tem que ser declarada.
	Fato notório é que o STJ, via de regra, não possui competência Constitucional para fazer o Controle Difuso. Isso porque, via de regra, conhecerá a demanda por meio de recurso especial, o qual somente abordará a questão da legalidade, compatibilidade da decisão com os atos normativos primários (art. 105, III – CF). Entretanto, excepcionalmente, nos casos do art. 105, II – CF o STJ em recurso ordinário Constitucional poderá exercer o Controle por via difusa[footnoteRef:4].	 [4: Importante salientar que no STF não se aplica a cláusula de reserva de plenário, tendo em vista que o órgão por si já é o guardião da Constituição.] 
Aula 04
DO CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE E DA SÚMULA VINCULANTE (art. 103-A)
Poder Executivo
	Administrativo Direto
	Administrativo indireto
Autarquia especial: aquelas que possuem regras específicas, com regime especial, que visam basicamente regulamentar um serviço público realizado por um particular;
Autarquia ordinária: o controle é restrito, o que faz com que a escolhe de seus dirigentes seja feita pelo chefe do Executivo por meio de nomeação para cargo de comissão.
Poder Legislativo
Poder Judiciário
		
	A súmula vinculante, de acordo com o art. 103-A, é um importante instrumento de manutenção das decisões do STF junto a administração pública em todas as esferas, pois o administrador público, ao praticar os seus atos, deverá fazê-lo com observância às normas de direito administrativo, assim como as decisões do STF por meio de suas súmulas vinculantes, lembrando que a máxima em direito administrativo é que a administração pode tudo que a lei autorizar, ao contrário do administrador que pode tudo desde que a lei não vede.
	Por outro lado, tratando-se do Poder Judiciário, a súmula vinculante funciona como instrumento de uniformização da jurisprudência notadamente no que se concerne a matéria constitucional. Isto porque busca estabilizar os julgados (interpretação constitucional) obedecem a hierarquia própria do poder judiciário. Tanto é que, caso haja inobservância de uma súmula vinculante, caberá a parte lesada a combater a decisão diretamente ao STF por via de reclamação.
	Observe que a súmula vinculante não representa o engessamento da atividade jurisdicional, mas sim um dos tantos instrumentos de uniformização de jurisprudência e manutenção da autoridade dos julgados, tratando-se de matéria constitucional.
DO CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE NAS AÇÕES COLETIVAS
a) quando se tratar de direitodifuso, cujo sujeito é indeterminável, as ações coletivas que versam sobre estes direitos (ação civil pública, por exemplo) deverão gerar efeitos para todos, razão pela qual os efeitos da decisão são erga omnes (art. 103, I – CDC).
b) Em contrapartida, os direitos coletivos strictu sensu são aqueles em que os titulares são determináveis, pois há uma relação jurídica básica que liga a todos.
	Desta forma, a sentença que julgar uma demanda que versa sobre direito coletivo tem efeito ultrapartes para além das partes do processo atingindo todo aquele que mantém essa relação jurídica básica (art. 103, II – CDC).
	Como visto, no controle difuso de constitucionalidade, a questão da constitucionalidade ou não de uma determinada norma é realizada na causa de pedir, não fazendo parte do pedido, pois se integrar o pedido, será considerada matéria reservada as ações diretas de constitucionalidade (Controle Concentrado). Desta forma, mesmo nos casos dos direitos difusos, o controle por via de exceção se dá sempre de maneira indireta, ou seja, é alegado na causa de pedir e apreciado na fundamentação, não integrando o dispositivo da sentença, razão pela qual não possui efeito erga omnes, não substituindo, assim, o controle de constitucionalidade.
Aula 05
DO CONTROLE CONCENTRADO
	O controle concentrado é baseado no sistema austríaco de controle de constitucionalidade e pode ser conceituado como um controle ABSTRATO de constitucionalidade, decorrente de um processo objetivo, cujos efeitos se estendem a toda a coletividade, na medida em que realizada por órgão cuja competência funcional e material, se dando pela própria constituição e, por fim, somente pode ser requerido por aqueles que são legitimados para tal.
DAS CARACTERÍSTICAS
1ª. Controle Concentrado: somente o órgão com competência constitucional pode processar e julgar tal matéria;
2ª. Abstrato: não existe caso concreto. O que há é a discussão do direito per si, ou seja, a verificação de compatibilidade entre um ato normativo primário e a Constituição Federal.
3ª. Processo objetivo: nas ações diretas não há partes, mas somente legitimação ATIVA, a qual é dada pela própria Constituição Federal.
	Neste sentido, salienta-se que a legitimação ativa prevista no art. 103 da Constituição Federal, segundo a doutrina, possui duas classes: os legitimados ativos UNIVERSAIS e os legitimados ativos ESPECIAIS. A diferença primordial entre eles está na chamada pertinência temática, pois os legitimados ativos especiais devem obrigatoriamente demonstrar o interesse relativo à sua função ou representação.
	Importante destacar que independentemente da legitimação ativa ser universal ou especial, o controle por via de ação direta sempre se dará em um processo objetivo, ou seja, não possuirá partes, mas tão somente se analisará o direito por ele mesmo.
4ª. Efeitos da Decisão: No controle concentrado por via de ação direta a eficácia da decisão sempre será erga omnes, pois o que se discute é o direito pelo próprio direito.
5ª. Ausência de contraditório: não há formação de contraditório, mas somente de explicação, ou seja, o STF ao receber uma ação direta deve SEMPRE solicitar esclarecimentos à autoridade que emanou o ato. 
	Observado isto, frisa-se que o amicus curiae nasceu justamente da necessidade de pluralização do debate jurídico nas ações diretas de constitucionalidade, pois, nesse caso, por afetar o direito da sociedade como um todo, nada mais justo do que ela participar de forma democrática das discussões propostas.
6ª. Intervenção necessária do AGU: o AGU sempre funcionará como defensor legis, o que faz ser compreensível que seu nome não conste no rol taxativo dos legitimados ativos para Controle de Constitucionalidade por via de ação direta.
DAS AÇÕES DIRETAS
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADI (art. 102, I, a, ab inicio – CF)
	Esta ação é declaratória e tem por objeto a discussão da constitucionalidade de lei ou ato normativo federal e/ou Estadual em face da constituição. Cumpre destacar que somente será objeto da ADI a lei ou ato normativo que for posterior à Constituição Federal de 1988, pois os pretéritos que vigoram até hoje sofreram o chamado efeito de recepção, cabendo ao STF a sua forma originária. Em contrapartida, para as normas municipais não se admite controle de constitucionalidade via ação direta junto ao STF, mesmo nos casos de norma de repetição obrigatória (Vide – aula de representação de Constitucionalidade).
	Em resumo, a ação direta genérica de inconstitucionalidade é o instrumento mais usual no controle concentra, pois é através desta ação que se busca impugnar os atos normativos de índole Federal ou Estadual.
DO PROCESSAMENTO DA AÇÃO
	Obedecido o critério de legitimação ativa para sua propositura conforme o art. 103 – CF c/c art. 2º da Lei 9868/99 (Lei da ADIN). O processo é tão objetivo que a petição inicial somente deve indicar: I – o legitimado ativo; II – o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado; III – os fundamentos jurídicos que embasam o pedido de declaração de inconstitucionalidade; IV – pedido.
	Salienta-se ainda que o STF ao receber a ação direta de inconstitucionalidade primeiramente deverá verificar a presença dos requisitos da petição que caso não estejam presentes, gerará indeferimento, cabendo somente agravo, na forma do RISTF (Regimento Interno do STF). Estando presentes os requisitos, caberá ao relator pedir informações a autoridade que emanou o ato (art. 170 do RISTF c/c art. 6º da Lei 9868/99).
	Nota-se que, uma vez admitida a ADI não é cabível desistência. Ademais, segundo o art. 7º da Lei 9868/99 e art. 169, §2º do RISTF não é admissível qualquer hipótese de intervenção de terceiros, nem mesmo a assistência.
	OBS: Desta forma, o amicus curiae não pode ser entendido como intervenção e terceiro, mas sim como mero instrumento de democratização das decisões judiciais, tal qual versa o art. 9º, §1º da Lei 9868/99.
	
Caso haja pedido de liminar (tutela provisória) caberá o relator após o requerimento de informações as autoridades julgar o pedido liminarmente.
	Segundo Teori Zavaski, no que se refere a natureza jurídica da liminar em sede de ADI, ela possui natureza de tutela antecipada, pois antecipam o próprio pedido da ação declaratória (resultado prático – retirada da eficácia do ato normativo). Logo, em que se pese a isso, a lei 9868/99 afirma em seus artigos no art. 10-12 que se trata de medida cautelar. Fato é que a natureza é de antecipação de tutela.
	Deferido ou não a cautela, caberá ao relator na forma do RISTF (art. 172) solicitar dia para o julgamento. Por certo, no respectivo dia o quórum mínimo para iniciar a sessão está prevista no art. 143, §único – RISTF (quórum qualificado – 8 Ministros), conforme o disposto no art. 173 do RISTF.
	Realizada a sessão e admitida ou não os amicus curiae caberá ao STF editar o acórdão, que nada mais é que a reunião de todos votos dos Ministros ali participantes.
	Neste momento poderá o STF aplicar algumas técnicas para declarar a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo impugnado.
TÉCNICAS PARA DECLARAÇÃO DA INCONSTITUCIONALIDADE
1ª Modalização dos efeitos temporais da decisão declaratória de inconstitucionalidade: via de regra, as decisões de natureza declaratória possuem efeitos ex tunc, retroagindo a data da elaboração da lei ou do ato normativo impugnado, porém poderá o STF com fincas no art. 27 da Lei 9868/99 limitar a eficácia temporal da decisão afastando o efeito ex tunc podendo dota-lhe de efeito ex nunc ou mesmo de data específica.
2º Afastamento do efeito represtinatório: cabe ao STF ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo verificar e dispor expressamente se não ocorrerá o efeito represtinatório. Isto porque, via de regra, pelo princípio da similitude das formas, sendo o ato revogador nulo, o ato revogado retoma a eficácia (a forma que cria é a forma que extingue). Assim, para que isto não ocorra, ou seja, para que o ato revogado retorne sua eficácia, caberá ao STF afasta o efeito expressamente. Ex. Vide ADI – UniãoEstável / Regime de Bens.
Aula 06
3ª e 4ª – Interpretação conforme a Constituição e Declaração de Inconstitucionalidade Parcial sem redução de texto: A primeira nada mais é do que a limitação de interpretações possíveis de forma a conservar a constitucionalidade da norma infraconstitucional frente a uma norma plurissignificativa, a qual o STF irá nortear o entendimento. Desse modo, entende-se que norma A possui um preceito primário (a qual aplica-se a hipótese de incidência) que será interpretado a luz de um preceito secundário (o resultado da aplicação da norma).
	Tratando-se desta hipótese, a plurissignificância está contida no preceito secundário da norma, ou seja, no consequente jurídico. Desta forma, o STF declara qual significado é constitucional e qual viola a Carta Magna.
	ATENÇÃO!
O maior problema do terceiro e quarto método é que não há muita diferença entre a hipótese de incidência (preceito primário) e a consequência jurídica (preceito secundário), podendo haver confusão em uma situação fática, até porque ambos são tratados conjuntamente no art. 28, § único da Lei 9868/99.
5ª – Declaração de inconstitucionalidade progressiva: O STF entende, em verdade, que a norma pode se tornar inconstitucional pelo avanço social, mas que no momento em que é instada a declarar, a norma demonstra-se constitucional frente a realidade social. Assim, ele cria uma declaração de inconstitucionalidade baseado na cláusula rebus sic stantibus (retornar as coisas como eram antes), buscando um equilíbrio jurídico através da compensação.
	Ex: a defensoria advoga em prol do hipossuficiente e possui prazo em dobro devido ao grande volume de casos. O STF declarou que a partir do momento em que o aparelhamento da Defensoria for suficiente para suprir a demanda, tal prazo será inconstitucional.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – ADC
	A Ação Direta de Constitucionalidade é uma ADI com sinal invertido, ou seja, não se busca declarar a inconstitucionalidade, mas sim afirmar a constitucionalidade e determinada norma. A ADC foi inserida na Constituição através da Emenda Constitucional nº 3 e tem por objeto somente a lei ou ato normativo federal (art. 102, I, “a”, in fine – CF).
	Serão legitimados ativos a ADC todos aqueles previstos no art. 103. Contudo, faz-se algumas críticas:
a) Inicialmente, vale lembrar que toda norma goza de presunção relativa de constitucionalidade, razão pela qual considera-se desnecessário que o judiciário proclame-a de forma absoluta, até porque se há dúvida quanto a constitucionalidade ou não, cabe-se na verdade ADI, que se julgada improcedente entender-se-á que a norma, em verdade, era constitucional (efeito dúplice).
b) A ADC foi inserida por emenda constitucional. Logo, é produto do Constituinte Derivado, o que poderia torna-la inconstitucional por alargar a competência do STF, tornando-o mero homologador.
Em contrapartida, o STF na ADC nº 1 afirmou que a inserção do instrumento de controle concentrado é constitucional, tendo em vista:
a) Que o constituinte derivado ao sentir tal instrumento visou estabilizar discussões judiciais quanto a constitucionalidade de leis ou atos normativos federais. Tanto é que uma das exigências para propositura da ADC é justamente a existência de controvérsia judicial (art. 14, III da Lei 9868/99). Desse modo, não há qualquer confusão entre ADI e a ADC.
b) Que o judiciário não se tornaria mero homologador, pois como dito há que se ter controvérsia judicial para que haja propositura de ADC.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO – ADIO
	A ADIO é um dos instrumentos de manejo objetivo de controle de constitucionalidade, razão pela qual seus efeitos são erga omnes. Ela se imputa a tutela do direito que pode estar sendo lesado ou não por uma omissão constitucional. Mas o que vem a ser uma omissão Constitucional?
	Os objetos da Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por Omissão são as normas constitucionais de eficácia limitada para garantir do próprio direito objetivo, ou seja, a ADIO exige que o legislador atue produzindo a norma faltante no sistema. Contudo, se for para a garantia do direito subjetivo do indivíduo ou de um grupo de pessoas ao qual a lei se destinaria, não é caso de ADIO, mas sim mandado de injunção (Vide remédios Constitucionais).
	Destaca-se que a Inconstitucionalidade atacada pela ADIO pode ser total – quando há completa inação do Constituinte – ou parcial – quando a proteção é precária e insuficiente.
Aula 07
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF
	A ADPF nasceu no Direito Alemão com a chamada queixa constitucional. Entretanto, com esta não se guardou muita similitude no Direito Brasileiro quando foi incorporada pela lei 9882/99.
	A ADPF tem por objetivo resguardar os preceitos fundamentais quando nenhum outro mecanismo de controle pode fazê-lo. Desta forma, decorre a primeira característica desta ação, que é justamente sua SUBSIDIARIEDADE que se traduz, basicamente, na inexistência de meio cabível na via de ação direta e nenhum meio eficaz na via difusa (ADPF nº 33 – STF).
	Quanto a primeira regra, já mencionada acima, é possível afirmar que a ADPF poderá ser proposta sempre que se tratar de ato normativo anterior a Constituição de 1988 ou atos normativos MUNICIPAIS, desde que afronte preceitos fundamentais. Importante dizer que a ADPF somente poderá ser utilizada caso não seja possível a intervenção de ADI.
	OBS DO TIO: Quanto a ADI 2231, a qual questiona a Constitucionalidade da lei 9882/99, esta ainda não foi julgada e está em fase de aguardo. Então não há que se ampliar, ainda, os conceitos doutrinários aqui citados.
	Por outro lado, se a ADPF se fundar em controvérsia jurisdicional, ou seja, por via difusa, ela terá que ser o meio mais eficaz. Neste sentido por certo a ADPF funcionará como um incidente processual que rompe com a competência, arrastando o processo diretamente ao STF.
	Tratando-se de preceito fundamental e sendo reiterado, o meio mais eficaz será a ADPF, até por que sua decisão possui eficácia erga omnes com efeitos vinculatórios quanto ao Poder Público.
	Sendo assim, entende-se que existem duas formas de interposição da ADPF: por via de ação direta e por via incidental. Todavia, em ambos os casos só poderão propor a ADPF os legitimados ativos do art. 103 – CF[footnoteRef:5]. Logo, é necessário, no caso do controle incidental, a intervenção do Ministério Público ou por manifestação do Conselho da OAB. [5: Segundo o art. 103, somente quem pode propor ADI são: Presidente da República, Mesa do Senado Federal, Mesa da Câmara dos Deputados, Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Governador, Procurador-Geral da República, Conselho da OAB (Vide art. 134 – CF), partido político com representação no Congresso Nacional e Confederação Sindical ou entidade de Classe de âmbito Nacional] 
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
1) A ADPF sempre será subsidiária, razão pela qual o próprio STF reconhece a possibilidade de conversão da ADPF em ADI.
2) A eficácia da decisão em sede de ADPF sempre possui efeito erga omnes com efeito vinculatório ao Poder Público, razão pela qual admite-se reclamação direta ao STF em caso de descumprimento de suas decisões de ADPF.
3) A decisão do STF em sede de ADPF é sempre irrecorrível, não cabendo nem mesmo ação rescisória.
4) Preceito fundamental para sede de ADPF são as normas contidas nos artigos 1ª até o 14 da Constituição Federal. Para alguns autores, inclui-se também o art. 60, §4ª – CRFB/88.
DOS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
	Os remédios constitucionais são previstos na própria Constituição Federal a fim de garantir determinados direitos dos cidadãos, sendo estes de especial importância.
	Assim, há cinco remédios constitucionais clássicos: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção e ação popular. Para alguns doutrinadores, inclui-se neste rol também a Ação Civil Pública.
HABEAS CORPUS
	O Habeas Corpus é remédio Constitucional sob procedimento especial que visa a tutela da LIBERDADEDE LOCOMOÇÃO ameaçada ou cerceada por violência ou coação decorrente de ato de ilegalidade ou abuso de poder.
	Ressalte-se que a Constituição Federal, de maneira expressa, prevê a liberdade de locomoção no território nacional em tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens (art. 5º, XV – CF). A lei exigida pelo referido inciso deverá regulamentar em tempos de guerra quais são as restrições ao direito de locomoção interna. Já quanto ao direito de locomoção através das fronteiras nacionais em tempo de paz ou guerra, este está sujeito a maiores limitações, não sendo, ainda assim, completamente vedado.
	Importante dizer que o habeas corpus é direcionado à pessoa natural, não sendo cabível à pessoa jurídica figurar como paciente na impetração, visto que não há possibilidade jurídica de proteção à uma inexistência da liberdade de locomoção.
	O Habeas Corpus deve ser interposto por petição e, segundo a doutrina, não há forma prevista em lei, porém é imprescindível obedecer ao termo processual.
	O Habeas Corpus deve ser impetrado em nome do requerente e em favor de um paciente.
Pergunta-se:
É admissível Habeas Corpus de Habeas Corpus? 
	Sim, entretanto mais proveitoso seria a interposição de recurso em sentido stricto[footnoteRef:6]. [6: Basicamente é a impugnação voluntária do interessado contra decisões do juízo de primeiro grau de forma geral contra despachos interlocutórios e até contra sentenças em determinados casos (art. 581 - CPP)] 
DO HABEAS DATA
	Este remédio constitucional de procedimento especial está previsto no art. 5º, LXXII – CF e na lei 7507. O habeas data tem por finalidade o acesso a informação, a retificação, a anotação, a explicação ou mesmo a contestação de dados pessoais constante em assentamento de registros ou banco de dados públicos ou de caráter público.
	Este remédio tem por natureza jurídica ser uma ação constitucional de caráter civil, de conteúdo e rito sumário, que tem por objeto a proteção do direito líquido e certo do impetrante em conhecer todas as informações e registros relativos à sua pessoa.
	Segundo Michel Temer, o referido direito “é fruto de uma experiencia constitucional anterior em que o governo arquivava, a seu critério e sigilosamente, dados referentes a convicção filosófica, política, religiosa e de conduta dos indivíduos”
Pergunta-se:
É admissível habeas data quanto a informações contidas em banco de dados de redes sociais? Sim, tendo em vista que o art. 5º, LXXII, a, in fine apresenta a expressão de caráter público, ampliando assim o conceito anterior quanto a entidades governamentais, ou seja, o habeas data cabe tanto a bancos de dados governamentais (dados do SPC, por exemplo) quanto a dados públicos pertencentes a entidades privadas (Facebook, Twitter, Wikipédia, etc).
	O habeas data tem por única finalidade o acesso e correção de informações constantes nos bancos de dados a fim de garantir que o indivíduo tenha preservado toda e qualquer informação que dele conste, podendo inclusive ser impetrado por estrangeiro.
	Quanto a aplicabilidade do art. 8º, § único da Lei 9.507, há divergência doutrinária sobre a sua constitucionalidade:
1ª Corrente – Humberto Theodoro Júnior e Gilmar Mendes: entende que é inconstitucional. Isso porque cria a necessidade de se buscar a via administrativa antes da judicial, condicionando o acesso a jurisdição, o que somente é cabível na hipótese do art. 217, §1º;
“é interessante notar que, diferentemente do que se poderia esperar, o habeas data, na forma expressa da constituição, ficou limitado, em princípio, ao conhecimento e à retificação de dados existentes (...)” (MENDES, Gilmar, Curso de Direito Constitucional, saraiva, p. 455)
2ª Corrente – Hely Lopes Meireles e Alexandre de Moraes: trata-se de norma Constitucional, pois reflete justamente o interesse de agir sob a ótica “necessidade” sendo uma das condições para o regular exercício do direito de ação.
“tendo o habeas data natureza jurídica de ação constitucional, submetem-se às condições da ação, entre as quais o interesse de agir, que nessa hipótese configura-se, processualmente pela resistência oferecida pela entidade governamental (...). Faltará, portanto, essa condição da ação se não houver solicitação administrativa, e consequentemente negativa no referido fornecimento”.
(MORAES, Alexandre de, 24ªed, Direito Constitucional, Atlas, p. 144)
DO MANDADO DE SEGURANÇA
	O mandado de segurança é o remédio Constitucional sob procedimento especial dirigido a tutela de direitos individuais ou metaindividuais desde que não amparados pelo Habeas Corpus ou habeas data, sendo necessário que tal direito seja líquido, certo e esteja ameaçado ou lesado por ato ou omissão de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício das atribuições do Poder Público, em decorrência de ilegalidade ou abuso de poder.
	Para Hely Lopes Meireles é “o meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça” (MEIRELES, Hely Lopes. Mandado de segurança... Op. Cit. P. 03)
	Para a doutrina majoritária, conceitua-se como direito líquido e certo aquele que resulta de fato certo, ou seja, aquele capaz de ser comprovado, de plano, por documentação inequívoca. Note-se que o Direito é sempre líquido e certo. A caracterização de imprecisão e incerteza recai sobre os fatos, que necessitam de comprovação. Importante notar que está englobado na conceituação de direito líquido e certo o fato que para tornar-se incontroverso necessite somente de adequada interpretação do direito, não havendo possibilidade de o juiz denegá-lo, sob o pretexto de tratar-se de questão de grande complexidade jurídica.
	Faz-se necessário explicar o conceito do direito líquido e certo, o qual aplica-se quando for possível demonstrar tal direito mediante prova pré-constituída já de início, que ingressará no processo, via de regra, de forma documental. Desta forma, não é demasiado dizer que o mandado de segurança não possui dilação probatória, ou seja, o direito e a hipótese de cabimento já devem estar demonstradas junto a inicial.
	Além disso, define-se a autoridade coatora, para fins de mandado de segurança, como todo e qualquer agente político, assim como delegatários. Não possui cabimento somente a administração pública, mas também pode ser ato de autarquia.
Vale lembrar que caso tratar-se de administração pública direta, será aplicada a teoria do órgão, ou seja, tratando-se de um órgão da administração pública direta não datado de personalidade jurídica, quem responderá é o ente público.
DO PROCEDIMENTO
	O mandado de segurança interposto por meio de petição obedecida os requisitos da lei 12.016/09, deve ser acompanhada de todos os documentos que demonstrem o valor alegado. Uma vez impetrado, o Writ será distribuído cabendo ao órgão jurisdicional apreciar a presença dos pressupostos processuais.
A lei 12.016/09 traz, entre as condições da ação, a necessidade da observância do prazo decadencial para sua propositura, que será de 120 dias, a contar da publicação ou intimação do ato impugnado.
Atenção! Se no prazo de 120 dias o mandado de segurança for extinto sem resolução de mérito, poderá o impetrante ajuizar novo mandado de segurança.
Se presentes os pressupostos processuais e condições da ação, o juiz determinará a notificação da autoridade coatora para que esta preste informações quanto ao fato alegado, possuindo 30 dias. Com a vinda ou não da resposta, o juiz julgará o mérito do mandado de segurança.
Quanto ao mandado de segurança Coletivo
É possível a propositura de mandado de segurança coletivo, mas a legitimidade para sua propositura será dada sempre as associações (constituídas a mais de 1 ano), aos partidos políticos (desdeque possuam representação no Congresso Nacional e postulem em interesse partidário), as entidades de classe e organizações sindicais. Lembrando que para fins de mandado de segurança coletivo, só serão admitidas as discussões acerca de direitos coletivos stricto sensu e individuais homogêneos, referente ao art. 21 da Lei 12.016/09.
	O Direito Coletivo pode ser dividido em três modalidades: o difuso, o direito coletivo stricto sensu e o direito coletivo individual, sendo conceituados da seguinte forma:
· Direito coletivo difuso: refere-se aquele pertencente a coletividade, ou seja, não há como identificar o titular do direito, visto que este pertence a toda sociedade (ex: direito ambiental, direito a saúde, educação, etc.);
· Direito coletivo stricto sensu: neste, busca-se a relação jurídica em comum para que haja uma decisão uniforme. As decisões somente afetarão aqueles que pertencem a aquela circunstancia julgada (ultra partes);
· Direito individual homogêneo: é aquele em que possui uma relação em comum com determinado grupo e que este tem como objetivo um julgado singular para todos os envolvidos na relação jurídica, não necessitando apurar o an debeatur, mas somente a forma de ressarcimento individual. Em outras palavras, trata-se de um grupo que teve seu direito individual violado e aspiram por uma decisão que atinja favoravelmente o ensejo do grupo.
MANDADO DE INJUNÇÃO
Este é um remédio constitucional sob procedimento especial previsto na Lei 13.300/16 que tem por objetivo viabilizar o direito subjetivo constitucional não regulamentado pelo legislador ordinário que lese ou ameace lesar o seu titular.
Quanto a diferença entre Mandado de Injunção para Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão:
1º - Competência: a competência para processar e julgar é exclusiva do STF. Já no mandado de injunção é difusa a qualquer órgão do poder judiciário.
2º - Legitimação: a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão somente pode ser proposta pelos legitimados ativos da Ação Direta de Inconstitucionalidade descritos no art. 103 – CF. Por outro lado, o Mandado de Injunção pode ser proposto por qualquer que tenha seu direito violado.
	OBS do tio: quanto à possibilidade do menor de 18 anos impetrar Mandado de Injunção, não há que se dizer POSSÍVEL, uma vez que uma das condições da ação é justamente a capacidade de ser parte, o que envolve a maioridade civil.
3º - Objetivo: a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão tem por objetivo sanar omissão legislativa em tese, ou seja, ela tutela o direito objetivo. Já o Mandado de Injunção visa sanar a lesão ou ameaça de lesão pela ausência de ato normativo que impeça o exercício por um determinado indivíduo, ou seja, tutela o próprio direito subjetivo.
4º - Eficácia da decisão: a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, caso julgada procedente, tem efeito não prático, visto que não causa sanção ao seu receptor. Já o Mandado de Injunção, segundo os juristas Alexandre de Freitas Câmara, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, autoriza o judiciário a complementar a norma faltante pela aplicação do art. 3º da LINDB. 
	Cabe ainda destacar que o Mandado de Injunção é processo subjetivo, onde há lesão ou minimamente ameaça de lesão. Já a Ação Direta de Inconstitucionalidade é processo objetivo onde o direito é discutido em tese.
	Por fim, para nosso Egrégio ilustríssimo professor Eduardo Novo Rademaker, a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão nada mais serve do que para fundamentar os Mandados de Injunção.
AÇÃO POPULAR
	Esta é um remédio constitucional sobre procedimento especial previsto na lei 4.717 que legitima qualquer cidadão a buscar a anulação ou declaração de nulidade de ato ou contrato administrativo que lese ou ameace patrimônio público, cultural, ambiental ou artístico e gere lesão de erário (patrimônio público) de qualquer ente da federação.
Classificação das Normas Constitucionais
Quanto a sua Eficácia
PLENA
é aquela que já produz todos os seus efeitos a partir do texto constitucional.
CONTIDA
é aquela que nasce podendo produzir todos os efeitos, porém pode ter sua eficácia reduzida por dispositivos legais
LIMITADA
é aquela que a CF garante o seu direito, mas diz que deve ser na forma da lei
Presidente
Ministério
Ministério
Ministério
Secretaria
Secretaria
Autarquias
(Empresas
Públicas)
Especiais
(agência reg. e 
associação pub)
Ordinárias
()
CONGRESSO NACIONAL
CÂMARA DOS DEPUTADOS
SENADO FEDERAL
STF
STJ
TST
TSE
STJM
TJM
JM
TRE
JE
TRT's
JT
TJ
JD
TRF's
JF
Direito Coletivo (Lacto Sensu)
Difuso [a]
Coletivo (strictu sensu) [b]
Direito Individuais homogêneos 
Pertence a coletividade (Direito Ambiental)
Direito não determinado, mas determinável (aumento abusivo de mensalidade de plano de saúde)
é direito individual, mas recebe o tratamento de direito coletivo. (acidente da TAM)
Ações Diretas
(Declaratórias)
Constitucionais
art. 102, I, a, in fine
(ato normativo federal)
Inconstitucionais
Por Ação
Genuína
art. 102, I, a 
iab inicio 
Interventiva
art. 36, III
Por Omissão 
(ADIO)
CF
Atos normativos Primários
Atos Normativos Secundários

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