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MIOPATIAS DE ESFORÇO Sistema músculo-esquelético: 40 a 50% do peso corporal Importantes funções: sustentação da postura, força para locomoção e respiração, produção de calor CAUSAS DE DISFUNÇÃO MUSCULAR Esgotamento de substrato para produção de energia > glicogênio, fosfocreatina e ATP Mudanças na irritabilidade neuromuscular devido a gradientes eletrolíticos > elevação da temperatura corpórea, déficits eletrolíticos, desidratação, exaustão Interferência com o processo de contratilidade > aumento de Pi, alterações em canais iônicos Diminuição do fluxo sanguíneo > diminuição da volemia (desidratação, exaustão) FADIGA Definição: incapacidade de sustentar o débito de potência necessário ou esperado – incapacidade de manter a atividade física necessária ou esperada As causas diferem de acordo com o tipo de exercício e mobilização de diferentes tipos de fibras Em um mecanismo ainda não compreendido claramente, o sistema nervoso central percebe que esta condição e reduz a frequência de ativação dos motoneurônios-α a medida que a fadiga se desenvolve CAUSAS DE FADIGA Exercícios aeróbicos: esgotamento de glicogênio, hipertermia, desidratação, déficit eletrolítico Exercícios anaeróbicos: aumento de íons H+, esgotamento das reservas de ATP (declínio modesto na exaustão), acúmulo de Pi CLASSIFICAÇÃO 1) MIOPATIA NÃO EXERCIONAL A) PRESENÇA DE RABDOMIÓLISE Nutricional: deficiência de Vitamina E/ selênio Metabólica: deficiência da enzima ramificadora de glicogênio, miopatia por armazenamento de polissacarídeos Associada a anestesia: hipertermia maligna, miopatia comportamental Tóxica: associada a pastegem (Cassia ocidentalis), associada as drogas/substâncias químicas, intoxicações por ionóforos (monensina), organofosforados Traumática Inflamatória: infecciosa (viral – influenza, bacteriana – Clostridial, parasítica – Sarcocystes), imunomediada (púrpura hemorrágica), injeção intramuscular de drogas irritantes (oxitetraciclina, Fenilbutazona, compostos ferrosos) B) SEM RABDOMIÓLISE Miopatia por disfunção da pars intermédia da pituitária, induzida por esteroides, perda muscular induzida por neoplasia, neoplasias (rara) 2) MIOPATIA EXERCIONAL A) PRESENÇA DE RABDOMIÓLISE Esporádica: falta de treinamento, excesso de esforço, exaustão, desequilíbrio eletrolítico Crônica: desequilíbrio dietético, miopatia por armazenamento de polissacarídeos, Rabdomiólise exercional recorrente, idiopática Traumática: miopatia fibrótica B) SEM RABDOMIÓLISE Miopatia mitocondrial: deficiência de enzima da cadeia respiratória, complexo I Miopatia por disfunção da pars intermédia da pituitária 3) ALTERAÇÕES NA CONDUTIVIDADE DA MEMBRANA SARCOPLASMÁTICA Anormalidades eletrolíticas: tetania (hipocalcemia severa), outras Paralisia periódica hipercalêmica Distrofia miotônica, Miopatia por carrapato (Otobius megnini) CLASSIFICAÇÃO Neuromiopatias: doença do neurônio motor de equinos, encefalomielite protozoária equina (EPM) O QUE É RABDOMIÓLISE? Rabdo: fibra estriada/ mio: músculo/ lise: ruptura Exercional: associada ao exercício Rabdomiólise exercional: lesão do músculo esquelético causada pelo exercício RABDOMIÓLISE Rabdomiólise exercional aguda Rabdomiólise exercional recorrente (RER) Miopatia por armazenamento de polissacarídeos (MAPS) RABDOMIÓLISE EXERCIONAL AGUDA (Rabdomiólise exercional inespecífica ou esporádica) Arejamento Mal da segunda feira (Monday morning disease), Mioglobinúria paralítica (Paralitic myoglobinuria) Acidose metabólica, Síndrome do cavalo atado (Tying up) ETIOLOGIA Aquecimento insuficiente, claudicações, exercício extremo Treinamento inadequado – insuficiente ou excessivo Treinamento de força ou potência FISIOPATOGENIA Diminuição de ATP e do pH (exercício máximo), aumento do Pi (exercício máximo), diminuição das reservas energéticas de glicogênio (exercício submáximo), hipertermia e desequilíbrio hidroeletrolítico (exercício submáximo) → mal funcionamento das bombas de Na+/K+, Ca++/ Mg+++ e Ca++ - ATPase → aumento de Ca++ no sarcoplasma → inibição da respiração mitocondrial, ativação das proteinases > degradação das miofibrilas > ativação das fosfolipases > dano a membrana citoplasmática ACIDOSE? As miopatias agudas em cavalos de enduro estão associadas à alcalose metabólica Ao suar o cavalo perde Cl- e, em consequência reabsorve HCO3- nos rins causando ALCALOSE RABDOMIÓLISE EXERCIONAL RECORRENTE ETIOLOGIA Gene autossômico dominante com expressão variável Causada por anormalidade na regulação intracelular do Ca++ Mau funcionamento dos canais de cálcio da membrana do retículo sarcoplasmático OCORRÊNCIA Descrita com maior frequência em animais da raça PSI (5 a 10%) Cruzas de PSI, cavalos de trote (Standardbred), cavalos da raça Puro Sangue Árabe (raro) Animais de comportamento excitado e/ou nervoso Associada ao estresse e alterações na regulação de cálcio FISIOPATOGENIA Diminuição ou interrupção na receptação do cálcio > manutenção do processo de contração das miofibrilas > utilização excessiva de energia > diminuição das reservas energéticas > mau funcionamento das bombas iônicas > inibição da respiração mitocondrial, ativação de proteases e fosfolipases > lesão da fibra muscular MIOPATIA POR ARMAZENAMENTO DE POLISSACARÍDEOS (MAPS) OCORRÊNCIA Cavalos musculosos e calmos Raças de equinos de importância econômica elevada 36% dos cavalos de tração e 10% dos Quartos de Milha Importante no diagnóstico diferencial das demais miopatias de esforço ETIOLOGIA Mutação no gene GyG1, responsável pela codificação da enzima glicogênio sintetase (GS) Substituição da arginina por histidina na GS Formação de uma molécula de glicogênio anormal (β-glicogênio) FISIOPATOGENIA Aumento de sensibilidade à insulina e da captação de glicose → acúmulo excessivo de glicogênio e de polissacarídeo resistente à amilase nas fibras musculares esqueléticas dos tipos IIA e IIX → déficit energético da miofibrila DIAGNÓSTICO Biópsia muscular: coloração da amostra com ácido periódico de Schiff (PAS) ou com PAS + amilase MIOPATIAS DE ESFORÇO SINAIS CLÍNICOS Variáveis – severidade da miopatias Após o exercício: enrijecimento muscular (membros pélvicos), fasciculações, posição de cão sentado, decúbito Durante o exercício: andar enrijecido e curto Ao término do exercício: relutância em se mover, posição de micção Mioglobinúria Taquicardia, taquipneia, ansiedade, sudorese excessiva, cólica, Dor à palpação (mialgia) DIAGNÓSTICO Histórico e anamnese bem feita Esquema de treinamento, enrijecimento, cãibras, dor, fasciculações musculares Intolerância ao exercício, fraqueza, atrofia muscular Avaliação detalhada do sistema músculo-esquelético: inspeção e palpação – animal em estação e em movimento Atrofias: origem nervosa (se desenvolvem rapidamente), origem muscular (músculos espinais e glúteos) Manifestação dolorosa à palpação, enrijecimento muscular Aumento na concentração sérica de enzimas Creatina quinase (CK), Aspartato aminotransferase (AST), lactato desidrogenase (LDH) Necrose muscular → extravasamento → aumento nas concentrações de CK, AST e LDH Creatina Quinase (CK) Enzima músculo-específica Liberada para o meio extracelular algumas horas após dano muscular ou aumento da permeabilidade da membrana Concentração máxima: 4 a 6 horas após a injúria muscular Valor basal: < 350U/L Aumento de 3 a 5 vezes – necrose de 20g de tecido Elevações limitadas (<1000U/L) – após treinamento e transporte Rabdomiólises de grandes extensões: aumento de milhares a centenas de milhades de U/LAspartato Aminotransferase (AST) Alta atividade nos hepatócitos e células musculares, esqueléticas e cardíacas, além de hemácias e outros tecidos, Aumentos não específicos para mionecroses Concentração máxima: 24 a 48 horas após injúria muscular Meia vida mais longa do que a CK: pode persistir por 2 a 3 semanas após Rabdomiólise (em média 7 a 10 dias) Relação CK – AST Avaliação da progressão da mionecrose ou de alterações na permeabilidade da membrana ↑ concentrações de CK e AST = injúria ativa ↑ da concentração de AST com ↓ de CK ou CK normal = injúria não mais ativa Lactato Desidrogenase (LDH) 5 isoformas: presentes em vários órgãos Isoformas M4 e M3H são predominantes nos músculos esqueléticos Aumentos são observados em cavalos com Rabdomiólise, necrose do miocárdio e necrose hepática Deve ser determinada concomitantemente com a CK Mioglobina na urina Proteína presente nas células músculo-esqueléticas Detectada pelo teste de precipitação do sulfato de amônio Adição de 2,8g de sulfato de amônio a 5mL de urina centrifugada – homogeneizar – aguardar 5min – filtrar – fita reativa para detecção de sangue Positivo: presença de mioglobina – Hb se precipita com o sulfato de amônio Exercício teste Intuito: provocar Rabdomiólise leve Detectar elevações de CK entre o período pré e 4 horas após o exercício 10 a 20 minutos ao trote em pista ou esteira rolante Elevações de CK menores que 25% são consideradas normais Biópsia muscular Possibilita a identificação de inúmeras afecções musculares Colheita de amostras de tecido muscular por meio de agulha apropriada (Bergstron) Músculo glúteo médio DIAGNÓSTICO Determinação das concentrações de glicogênio muscular – biópsia muscular Testes genéticos para detecção de GYS1 TRATAMENTO Objetivos: controle da dor, diminuir a rigidez muscular, reestabelecimento do equilíbrio hidroeletrolítico, prevenção de dano muscular adicional Interrupção imediata do exercício – casos agudos Repouso por 1 a 3 dias Controle da dor AINE’s Fenilbutazona: 2,2 a 4,4mg/kg IV, SID a BID Corrigir a desidratação – NaCl 0,9% ou ringer simples (alcalose metabólica) Casos graves – animal em decúbito Manter o animal em piso macio, trocar o animal de decúbito Fluidoterapia – prevenir nefrose mioglobinúrica Oferecer dieta nutritiva e palatável Relaxantes musculares Tricolquicosídeos (Coltrax®, Droxoflax®): 0,05 a 0,1mg/kg durante 5 a 10 dias IM Metocarbamol (Robaxin®): 15 a 25mg/kg durante 5 a 8 dias PO Dantrolene (Dantrolen®): 2 a 4mg/kg durante 5 a 10 dias PO Vasodilatadores Prometazina (Fernergan®): 0,5 a 1,0mg/kg IV ou IM Acepromazina (Acepran®): 20 a 40mg (dose total) 2 a 2x por dia durante 5 a 7 dias Ativadores de canais iônicos Fenitoína (Hidantal®) ou difenilhidantoína (Iloban®): 6 a 8mg/kg PO 2x por dia – a cada 4 dias acrescentar 1mg/kg até 12mg/kg Vitamina B1: 0,5 a 5,0mg/kg IV, IM ou PO Selênio: 5,5mg/400kg IM, uma vez por semana Vitamina E: 6000 a 9000 UI por animal por dia PO durante 10 a 20 dias PREVENÇÃO Alimentação: Fonte de energia – substratos energéticos devem conter pelo menos 20% de óleos vegetaos (farelo de arroz) Exercícios: Diários, Sob guia, No redondel (desmontado), Sob sela (montado)
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