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Tutelas Provisórias e Procedimentos Especiais

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TUTELAS PROVISÓRIA
BERÇO CONSTITUCIONAL DAS TUTELAS PROVISÓRIAS
- As tutelas provisórias tem berço constitucional
- Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito – acesso à justiça.
· Tutela de urgência – compreende situações de ameaça ao direito.
- Art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
· Tutela de evidência - Prestigiando a razoável duração do processo, o legislado criou hipótese onde é possível obter a tutela provisória sem a necessidade de urgência, estando o direito evidente.
- Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.
- É proferida mediante cognição sumária, via de regra. Ou seja, o juiz, ao concedê-la, ainda não tem acesso a todos os elementos de convicção a respeito da controvérsia jurídica.
· Exceção: Pode ser deferida também na sentença (uma forma de o juiz afastar o efeito suspensivo da apelação)
- Fundada em juízo de probabilidade, ou seja, não há certeza da existência do direito da parte, mas uma aparência de que esse direito exista.
- Ser provisória significa que a tutela provisória tem um tempo de duração predeterminado, não sendo projetada para durar para sempre.
ESPÉCIES DE TUTELA PROVISÓRIA
- Tutela antecipada (satisfativa provisional de urgência)
· Satisfativa - Concede de imediato o bem da vida aquele que o pleiteia – antecipa os efeitos da tutela final.
· Provisional – é uma tutela provisória que pode ser modificada, revogada ou confirmada ao final.
· Urgência – fundada em periculum in mora.
· Risco de dano – o bem da vida pode perecer
· Risco ao resultado útil ao processo – se for esperar até o final do processo, pode não ter a mesma utilidade.
· Satisfaz para garantir.
- Tutela cautelar (conservativa provisional de urgência)
· Conservativa – protege, conserva e assegura o bem, as partes ou as provas do processo para que, no futuro, a tutela jurisdicional ainda possa ser útil.
· Garante para satisfazer.
- Tutela de evidência (satisfativa provisional)
· Novidade CPC/2015.
· Tutelas sem caráter da urgência, concedidas em prestígio à duração razoável do processo.
· Fundada no direito altamente provável.
· Exemplo do CPC/73 – liminar nas ações possessórias de posse nova (um ano e dia). Já estava prevista no CPC/73 em procedimentos especiais.
Desenho no CPC de 2015 – art. 294, CPC
- Tutela de urgência (art. 300 a 302) – periculum in mora
· Satisfativa/antecipada (art. 303 e 304) 
· Incidental – no curso da ação principal
· Antecedente – antes do ajuizamento da ação principal
· Conservativa/cautelar (art. 305 a 310)
· Incidental
· Antecedente
- Tutela de evidência (art. 311 + procedimentos especiais) – independe do periculum in mora. Só pode ser incidental. 
- Não existe mais cautelar satisfativa.
EFETIVAÇÃO DA TUTELA PROVISÓRIA
- Art. 297, CPC: O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória.
· O termo efetivação na realidade significa a execução da tutela, que não dependerá de processo autônomo, desenvolvendo-se por mera fase procedimental
Art. 297, §único: A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber.
· A decisão executada é provisória, logo a execução também é provisória.
· A utilização do termo “no que couber” permite ajuizar do caso concreto deixar de aplicar as regras procedimentais da execução provisória que se mostrarem contraproducentes à efetivação da tutela provisória.
· Exemplo: possibilidade de o juiz dispensar a caução fora das situações previstas em lei.
PRINCIPAIS QUESTÕES
1. Fim das tutelas cautelares em espécie (podes geral de cautela do juiz – arts. 300 a 301)
- No CPC/73 além da cautelar genérica, o Código disciplinava medidas cautelares específicas.
· Crítica da doutrina à época – não fazia sentido disciplinar medidas cautelares em espécie, tendo em vista que todas elas caberiam dentro do poder geral de cautela.
- Hoje, qualquer tutela conservativa pode ser concedida com base no poder geral de cautela do magistrado.
· Não há mais rito especifico para tutelas conservativas
- Poder geral de cautela do juiz – é um poder integrativo de eficácia global, que permite a concessão de qualquer tutela conservativa com base na probabilidade do direito e na urgência.
- Parte da doutrina defende que teriam ficado para trás duas cautelares em espécie:
· Art. 77, VI e § 7º, CPC – cautelar do atentado
· É a inovação artificial do estado de fato das provas ou dos bens objeto do processo.
· Nesse caso, a parte será compelido a reestabelecer as coisas ao seu estado anterior.
· Art. 381, I, CPC – produção antecipada de provas
· Conserva as provas para a utilidade de ação posterior
· As outras hipóteses de produção antecipada de prova não tem caráter de medida cautelar.
2. Sumariedade da cognição (probabilidade)
- Todas as tutelas provisórias podem ser proferidas com base em cognição sumária, em prestígio à celeridade processual.
- Graus de probabilidade entre os diferentes tipos de tutela??
· Tutela de Evidência (+++)
· Exige um grau de probabilidade maior, tendo em vista que é dispensado o requisito de urgência.
· Tutela Antecipada (++)
· Tutela Cautelar (+)
· Maior parte da doutrina afirma que não há diferença entre o grau de probabilidade das tutelas cautelar e antecipada, tendo em vista que o art. 300, CPC, prevê requisitos genéricos para a concessão das duas modalidades.
· E, 143, FPPC: A redação do art. 300, caput, superou a distinção entre os requisitos da concessão para a tutela cautelar e para a tutela satisfativa de urgência, erigindo a probabilidade do direito e o perigo na demora a requisitos comuns para a prestação de ambas as tutelas de forma antecipada.
· Doutrina minoritária e STJ – exige-se um grau maior de certeza do que a tutela cautelar. Isso porque, para antecipar os efeitos (que tem maior chance de causar prejuízo a outra parte) é necessário um grau de certeza maior. 
3. Reversibilidade das tutelas provisórias
- Art. 300, §3º + art. 296, CPC
- A concessão da tutela provisória está condicionada a sua reversibilidade, pela sua própria condição precária. Ou seja, em caso de provimento final diverso daquele concedido em sede de tutela, deve ser possível o retorno das partes ao status quo ante.
- É uma característica de todas as tutelas?
· Texto legal – requisito apenas na tutela antecipada.
· Doutrina majoritária e jurisprudência– defende que é uma característica de todas as tutelas, na medida que a reversibilidade é uma característica intrínseca à própria provisoriedade.
- A reversibilidade não precisa ser in natura, podendo ser também in pecúnia.
· Importante para os casos em que se determina a entrega de medicamentos ou a realização de procedimentos médicos.
- Em caráter excepcional, mesmo não estando presente a reversibilidade (quer seja em natura, quer seja em pecúnia), a doutrina e a jurisprudência entendem ser possível a concessão de tutela. Doutrina do mal menor (ponderação de valores no caso concreto). 
· E. 25 ENFAM: A vedação da concessão de tutela de urgência cujos efeitos possam ser irreversíveis (art. 300, § 3º, do CPC/2015) pode ser afastada no caso concreto com base na garantia do acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, da CRFB).
· E. 40 CNJ: A irreversibilidade dos efeitos da tutela de urgência não impede sua concessão, em se tratando de direito provável, cuja lesão seja irreversível.
- Pode ser chamado também de periculum in mora inverso.
- Nos termos do art. 296, as tutelas provisórias serão sempre precárias, revogáveis e mutáveis, como decorrência da própria reversibilidade.
· Válido mesmo nos casos de estabilização da tutela
4. Inexistência de coisa julgada material (art. 310, CPC) – geralmente ligada às tutelas cautelares.
- Todas as decisões proferidas em sede de tutelas provisórias não fazem julgada material, característica decorrente da própria provisoriedade da tutela.
- Exceções – decisões (que concedem tutelaprovisória) que fazem coisa julgada material:
· Decisões que reconheçam a ocorrência de prescrição e decadênciaAMORIM – defende a unificação dos requisitos de perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Isso porque, nos dois casos o fundamento será o mesmo: a impossibilidade de espera da concessão da tutela definitiva sob pena de grave prejuízo ao direito a ser tutelado e de tornar-se o resultado final inútil em razão do tempo. 
Assim, cabe ao requerente convencer o juiz de que, não sendo protegida imediatamente, de nada adiantará a proteção futura, em razão do perecimento de seu direito.
No mesmo sentido é o E. 143 do FPPC.
5. Urgência ou preventibilidade (periculum in mora)
- Requisito das tutelas de urgência
- Risco de dano ao direito
· Requisito da tutela antecipada – já que irá satisfazer o próprio direito
- Risco de dano ao resultado útil do processo
· Requisito da tutela cautelar – já que tem caráter iminentemente assecuratório
6. Fungibilidade entre as tutelas de urgência
- Art. 305, par. un. CPC.
· Diz que a tutela cautelar pode ser recebida como tutela antecipada
· Apesar de só prever um tipo de fungibilidade, a doutrina defende que a fungibilidade deve ser de mão-dupla, de modo que a tutela antecipada também pode ser recebida como cautelar.
- Entretanto, o juiz só pode conceder aquilo que o autor pediu, adequando a espécie de tutela de urgência ao caso concreto porque a depender dessa espécie teremos consequências procedimentais diversas.
- Existiria fungibilidade entre tutelas de urgência e tutelas de evidência?
· Doutrina majoritária – não. O requisito que justifica a fungibilidade é justamente a urgência de se assegurar o direito à parte, não estando presente o requisito da urgência, não é possível haver fungibilidade.
· PROFESSOR – sim, aplicando-se o art. 10, CPC, o juiz deveria chamar a parte para adequar a petição quando verificado que se pediu a tutela equivocada.
7. Responsabilidade Objetiva por Dano Processual (art. 302, CPC) – artigo mal posicionado, porque se aplica a todas as tutelas provisórias, inclusive a de evidência.
- Não se aplica ao processo coletivo, sendo necessário que o autor atue com má-fé para ser responsabilizado dos danos.
- Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I - a sentença lhe for desfavorável;
· Por sentença desfavorável devem-se compreender tanto a sentença terminativa como a sentença definitiva, porque em ambas o autor será derrotado na demanda.
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
· Controvérsia doutrinária a respeito de sua aplicação. Parcela da doutrina entende que não deve ser aplicado, porque a ausência de promoção de citação do requerido em 5 dias não é causa de cessação dos efeitos da tutela de urgência, sendo, portanto, plenamente possível que o requerente se sagre vitorioso no processo, não tendo sentido lógico nem jurídico em responsabilizá-lo pelos danos suportados pela parte contrária. 
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
· Hipóteses de cessação previstas no art. 309, CPC
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.
- Aplicação da teoria do risco-proveito: considerando-se que, se de um lado a obtenção e a efetivação de uma tutela de urgência são altamente proveitosas para a parte, por outro lado, os riscos pela concessão dessa tutela provisória concedida mediante cognição sumária são exclusivamente daqueles que dela se aproveitou.
- Trata-se de responsabilidade objetiva, independe da comprovação de dolo ou culpa. 
Caução
Art. 300, § 1˚: Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
- Amorim defende que a caução só deve ser exigida quando o juiz estiver em dúvida a respeito da concessão da tutela de urgência e notar no caso concreto a presença de irreversibilidade recíproca.
· A caução nunca deve ser considerada como exigência automática para a concessão da tutela de urgência, cabendo ao julgador analisar sempre as circunstâncias do caso concreto para, somente em situações excepcionais, exigir a prestação de caução.
- A caução pode ser real ou fidejussória, desde que idônea para ressarcir os danos suportados pela outra parte. A exigência de idoneidade significa que a garanti prestada seja séria o suficiente para fazer frente a um eventual prejuízo da parte adversa, desempenhando concretamente o seu papel de garantia.
- Suficiente para ressarcir os danos? 
· Questão complexa, tendo em vista que o eventual prejuízo da parte adversa é absolutamente ilíquido.
· Cabe ao juiz, dentro de certa razoabilidade, fazer um previsão, estimando os valores dos eventuais danos suportados pela parte adversa.
8. Tutela provisória confirmada, revogada ou concedida na sentença
- Recurso cabível – apelação sem efeito suspensivo automático.
- E o silêncio do juiz?
· Desacolhido o pedido do beneficiário, ainda que o juiz não manifeste expressamente, a tutela provisória fica prejudicada pela cognição exauriente.
- A tutela provisória pode ser revogada ou modificada ex officio?
· Amorim: defende que sim – Não se pode obrigar o juiz a manter uma tutela provisória quando os elementos de convicção que lhe convençam de que, diferente de sua percepção inicial, os requisitos legais não estão preenchidos no caso concreto.
· Respeito ao contraditório – intimação e abertura de prazo às partes antes da decisão.
· Recorrível por agravo de instrumento.
· A revogação ou modificação da tutela provisória fica condicionada a uma transformação da situação de fato, de tal maneira que os pressupostos autorizadores da concessão da medida simplesmente deixem de existir.
Fundamentação da decisão
- Não existe discricionariedade pra o juiz conceder ou não a tutela provisória, ou seja, o juiz não pode simplesmente escolher entre conceder ou não a tutela provisória.
· Estando preenchidos, no caso concreto, os requisitos legais, o juiz é obrigado a conceder a tutela provisória.
- O juiz tem certa liberdade na apreciação do preenchimento dos requisitos para a concessão da tutela provisória em razão da utilização pelo legislador de normas abertas, com conteúdo indeterminado ou vago. Mas essa liberdade valorativa no preenchimento dos requisitos não se confunde com a liberdade em conceder ou não a tutela antecipada. A decisão está condicionada à atividade prévia do juiz, na qual a sua interpretação é indispensável, mas está vinculada ao resultado dessa atividade.
9. Tutela Antecipada Antecedente – art. 303
- Inicial sumarizada – 6 requisitos:
· Precisa avisar ao juízo que está pedindo uma tutela antecipada
· Avisar o pedido da tutela final
· Exposição da lide principal – que será debatido no processo principal
· O direito que se busca realizar – probabilidade
· Periculum in mora.
· Valor da causa – que é o valor da causa principal.
- É possível que o juiz tome duas decisões ao receber o pedido:
· Defira a tutela antecipada e determine o aditamento da inicial para transformar em pedido principal (art. 303, §1º, prazo de 15 dias).
· Indeferimento da tutela antecipada e determine que o autor faça a emenda para transformar em pedido principal (art. 303, §6, prazo de 5 dias).
- Não aditamento/ementa – extinção sem análise de mérito, com fundamento no art. 485, CPC
10. Estabilização da tutela antecipada antecedente
- Se ambas as partes não se opõem e estão satisfeitas com a tutela provisória, esta tutela terá seus efeitos estabilizados até que seja ajuizada nova ação para se obter tutela definitiva.
- Se a tutela for estabelecida, o processo será extinto – art. 304, §1º.
· São fixados os honorários – aplicação analógica do art. 701, CPC – apenas 5% dos honorários.- Hipóteses de não cabimento da estabilização
· Tutela Cautelar???
· Tutela de Evidência
· Tutela Antecipada Incidental
- Condição para não ocorrência da estabilização?
· Art. 304, cpaut, CPC – réu deve interpor recurso.
· Qual o sentido da palavra recurso? Não é uniformizado.
· Acepção técnica – recursos previstos no art. 994, CPC
· Acepção ampla – qualquer meio de defesa que o réu se valha para se insurgir contra a decisão
- Revisão, reforma ou invalidação da Tutela Antecipada estabilizada (art. 304, § § 2º a 4º, CPC).
· Estabilização não faz com que a tutela se torne definitiva, dessa forma a tutela conserva seu caráter provisório.
· Pode ser pedida por qualquer das partes.
· Sem limite temático – ao contrário da ação rescisória.
· É possível concessão de tutela provisória na ação revisional.
- Prazo para a ação revisional (art. 304, § § 1º e 5, CPC) – duas posições:
· Lei – 2 anos a contar da intimação da publicação da sentença que concedeu a tutela.
· Arruda Alvim – esse prazo de dois anos é inconstitucional, tendo em vista a provisoriedade da própria tutela. 
- Coisa Julga e cabimento de ação rescisória após 2 anos – três posições:
· Arruda Alvim – esse questionamento não faz sentido, porque a decisão que concede a tutela antecipada não faz coisa julgada, podendo ser “rescindida” a qualquer tempo, em ação do juízo de primeiro grau.
· ENFAM – após o prazo de dois anos não se tem propriamente coisa julgada, tem-se uma estabilização da tutela, que não pode ser revista, reformada ou invalidada.
· INTERMEDIÁRIA – 2 + 2 – tem-se dois anos para intentar com a ação revisional, após o decurso do prazo da revisional tem-se mais dois anos para ação rescisória (requisitos específicos). 
- Juizados especiais
· Não cabe tutela antecedente nos juizados, portanto não há que se falar em estabilização
- Fazenda Pública
· Cabe estabilização nas ações contra a Fazenda Pública
- Rescisória
· Tutela antecipada antecedente na ação rescisória – cabe estabilização?
· Não cabe estabilização
· E. 43, CJF: Não ocorre a estabilização da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, quando deferida em ação rescisória.
· Não se pode deixar que uma decisão provisória, portanto precária, afaste definitivamente a coisa julgada.
· A estabilização é pensada para as ações originárias de primeira instância.
12. Tutela Cautelar Antecedente
- Utilizado em casos de extrema urgência, onde não se pode esperar sequer o ingresso da ação principal. 
- Regramento: Arts. 305 a 310, CPC
- Inicial sumarizada, com (art. 305):
· Indicação da lide e seu fundamento – qual será o pedido principal
· A exposição sumária do direito que se objetiva assegurar – verossimilhança (fumus boni iuris)
· E o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo – periculum in mora.
· Indicação do valor da causa – E. 44, CJF: “É requisito da petição inicial da tutela cautelar requerida em caráter antecedente a indicação do valor da causa.”.
- Procedimento (art. 306 e 307) – é variável
· Pedido de concessão liminar:
· Se a liminar for concedida pelo juízo – nesse caso, o contraditório é feito no pleito principal.
· Se a liminar não for deferida pelo juízo – o réu será citado para contestar em 05 dias, indicando as provas que pretende produzir – art. 306 e 307. Após a manifestação do réu, o juízo decidirá sobre a tutela cautelar.
· Formulação do pedido principal em 30 dias a contar da efetivação da tutela cautelar, nos autos da própria ação antecedente.
· Se o autor não formular o pedido principal – art. 309, III, CPC:
· Juiz extingue o processo sem análise do mérito, cassando a liminar concedida.
· Se a tutela cautelar não for concedida (em liminar ou ao final do processo antecedente), o autor pode entrar com a ação principal a qualquer tempo.
13. Tutela da Evidência
- Tem natureza satisfativa, mas não é fundada na urgência.
- Funcionamento da técnica, com base em duas premissas:
· Direito do autor é altamente provável;
· O réu não será capaz de formular uma defesa séria.
- Direito à duração razoável do processo.
- Só podem ser pedidas incidentalmente, ou seja, no bojo da ação principal.
- Hipóteses de concessão:
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
- Tutela de Evidência sanção – visa punir o réu pelo abuso do direito de defesa.
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos (IRDR, REsp e RExt repetitivo) ou em súmula vinculante;
- Ampliação e interpretação extensiva:
· Aplicação da tutela de evidência para todos os casos dos precedentes qualificados do art. 927:
I- as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
· E. 30, ENFAM: É possível a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC/2015 quando a pretensão autoral estiver de acordo com orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle abstrato de constitucionalidade ou com tese prevista em súmula dos tribunais, independentemente de caráter vinculante.
· E. 31, ENFAM: A concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC/2015 independe do trânsito em julgado da decisão paradigma.
- Pode ser concedida em liminar - § único do art. 311
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
- Exemplo: Ação de depósito
- SV 25, STF: Proibição da prisão civil do depositário infiel
- Pode ser concedida em liminar - § único do art. 311
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
- Esse hipótese comporta o julgamento antecipado do mérito (art. 355, I), sendo possível ainda a concessão da tutela de evidência na própria sentença.
· Vantagem – a apelação não terá efeito suspensivo.
TEORIA GERAL DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
1. Processo e Procedimento: conceito e necessidade de se estabelecer a distinção no Brasil
- Processo é uma entidade complexa, formado por dois elementos: relação jurídica processual e procedimento.
· Relação Jurídica Processual – relação trilateral (partes + juiz) – conjunto de direitos, deveres, obrigações e ônus que ligam os atores processuais entre si.
· Alma do processo.
· Procedimento – é a forma como os atos processuais se combinam no tempo e no espaço.
· Há vários procedimentos/ritos no processo.
· Corpo do processo.
- Art. 22, I, CF/88: Compete privativamente à União legislar sobre: direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
- Art. 24, XI, CF/88: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: procedimentos em matéria processual.
- 2 Acepções de procedimento comum:
· Todo procedimento que serve à uma generalidade de situações litigiosas
· Procedimento básico, modelo.
- 2 Acepções de procedimento especial – é um conceito relacional
· Aquele criado para atender à uma determinada situação
· É procedimento especial todo aquele que é distinto do procedimento comum
- Possibilidade de transitar as técnicas dos procedimentos especiais para o procedimento comum.
· 327, §2º e 1.049, § único
· DIDIER – define que as técnicas de um procedimento especial podem transitar para outro procedimento especial – nessesentido, faria mais sentido estudar as técnicas especiais e não os procedimentos especiais.
2. Falso federalismo e unificação dos problemas do processo na esfera da União – CPC/2015
- Como há a previsão constitucional de competência concorrente para legislar sobre procedimentos, seria possível, em tese, que cada estado tivesse um código de procedimentos estaduais, conforme as peculiaridades locais.
- No Brasil, entretanto, há um falso federalismo, já que os grandes temas são resolvidos pela União, ou seja, a autonomia estatal dos entes federados não é tão ampla. Desse modo, apesar do previsto no art. 24, XI, CF, são raríssimas as leis estaduais que disciplinam os procedimentos nos estados.
3. Modelos procedimentais cognitivos no CPC/2015
- Comum (art. 318 e ss.)
- Especiais (livro I da parte especial) 
· Além dos procedimentos previstos no Livro I da parte especial, existem também os procedimentos especiais de legislação extravagante (exemplo: ação de locação da Lei 8.245/91, Lei de Mandado de Segurança, desapropriação, JEC, JEF etc.).
4. Modelos procedimentais de urgência no CPC/2015 (cautelar e tutela antecipada)
- Processo de urgência perdeu a autonomia no CPC/2015, sendo que o desenho do Código é para que a tutela seja requerida e concedida no bojo da ação principal.
- Entretanto, em algumas hipóteses, é possível ter processo autônomo de urgência, pois o CPC admitiu que, tanto a tutela antecipada como a tutela cautelar, podem ser pedidas antes da formulação do pedido principal.
· Tutela cautelar ou tutela antecipada antecedente – arts. 303/304 e 305/310.
5. Regra da subsidiariedade do procedimento comum
Art. 318, CPC: Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução.
- Se o regulamento dos procedimentos especiais não preverem regras próprias, deve-se subsidiariamente aplicar as regras do procedimento comum, naquilo que não for incompatível com o procedimento especial.
6. Fundamento para a eleição dos procedimentos especiais
- Alguns conflitos possuem particularidade, objetivas e subjetivas, relacionadas ao direito material, que tornam o procedimento comum incapaz de tutelar (ou tutelar adequadamente) o direito em questão.
- Desse modo, face à necessidade de que o processo dê a cada um o que é de direito, o legislador cria procedimentos especiais, que se mostram mais eficazes para tutelar o direito da parte.
- Boa parte da doutrina estabelece que existe um princípio derivado do devido processo legal, qual seja, o princípio da adequação. O destinatário deste princípio é o legislador, o qual estaria obrigado a criar procedimentos especiais conforme surjam necessidades específicas.
7. Procedimentos especiais fungíveis e infungíveis 
- Os procedimentos especiais podem ser substituídos pelo procedimento comum??
- A regra geral do sistema preceitua que procedimentos especiais podem ser substituídos pelo procedimento comum, ou seja, são fungíveis.
· Ou seja, o autor pode abrir a mão do procedimento especial – é uma faculdade dele.
- Exceção (quando o procedimento especial é infungível) – ocorrerá quando a não utilização do rito especial comprometer a tutela do direito material. Exemplo:
· Inventário e partilha
· Divisão e demarcação de terras
· Procedimento especial de falência
8. Cumulação de pedidos e procedimentos especiais: implicações praticas
Art. 327, §2º: Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
- Não há impedimento para cumular pedidos de ritos diferentes, desde que a cumulação seja feita pelo procedimento comum, podendo haver o emprego das técnicas processuais diferenciadas.
- Requisitos – art. 327, §1º:
· I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
· II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
· III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
· Procedimento comum
9. Tipicidade, déficit procedimental e flexibilização do procedimento
- Conforme já visto, por meio do princípio da adequação, existe um comando na CF (derivado do devido processo legal) que exige que o legislador crie procedimentos especiais diante de necessidades específicas. Entretanto, o legislador não consegue acompanhar as mudanças e os conflitos que surgem na sociedade.
- Questão: a partir do momento em que há uma tipicidade procedimental (procedimentos especiais previstos em lei), mas ocorre um déficit procedimental (ou seja, ocorre uma situação em que não há um procedimento específico previsto em lei) é possível um flexibilização do procedimento??
9.1. Modelos de flexibilização procedimental no CPC e na doutrina
- Diante da incapacidade de o legislador criar procedimentos especiais que atendam a todos os conflitos, reconhece-se às partes e ao juiz o poder de flexibilização. Sendo que a doutrina cita a existência de quatro modelos de flexibilização procedimental.
a) Flexibilização legal alternativa (JUIZ) 
- O legislador já predispõe quais são as opções de calibração que o juiz pode adotar para flexibilizar o procedimento, de modo a se adequar para tutelar de maneira eficaz o direito material.
- Exemplo: arts. 347 a 357, CPC: No procedimento comum (ou no procedimento especial), por exemplo, após a fase de réplica, inicia-se a fase providências preliminares e julgamento conforme o estado do processo. Nessa situação, a depender do caso concreto, o juiz pode:
· Extinguir o processo sem resolução do mérito;
· Julgar o processo com mérito em decorrência de prescrição ou autocomposição;
· Julgar o processo com mérito de modo antecipado (dispensabilidade de provas); ou
· Realizar o saneamento e a organização do processo para a fase probatória.
- Esse é o modelo padrão do CPC/2015.
b) Flexibilização legal genérica (e mitigada) (art. 139, VI, CPC) (JUIZ)
- Nesse modelo, o legislador confia ao juiz a adaptação a ser realizada e não predetermina as possibilidade de atuação.
- Art. 139, VI, CPC: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito.
- No Brasil, como se vê, a flexibilização legal é genérica é mitigada, pois o legislador determina em quais situações (dilatar prazos e alterar ordem de produção de prova) o juiz pode alterar o procedimento.
c) Flexibilização Judicial (JUIZ)
- É o modelo mais polêmico de todo. Por meio desse modelo, não há previsão legal para a flexibilização procedimental. Entretanto, mesmo sem a previsão legal, o juiz teria poderes de fazer a flexibilização (ativismo procedimental).
- Baseia-se no princípio da adaptação e, portanto, é decorrente do princípio constitucional do devido processo legal.
· Toda vez que o juiz não prevê um princípio adequado, cabe ao juiz adaptar o procedimento legalmente previsto.
- E. 35, ENFAM: Além das situações em que a flexibilização do procedimento é autorizada pelo art. 139, VI, do CPC/2015, pode o juiz, de ofício, preservada a previsibilidade do rito, adaptá-lo às especificidades da causa, observadas as garantias fundamentais do processo.
- Exemplo: adoção da recomendação do CNJ n. 01/2015, a qual estabelece que, nas ações previdenciárias por invalidez, o juiz, antes de citar o réu, deve determinar a realização de perícia.
- Atenção: é a flexibilização mais perigosa, porque não cria parâmetros objetivos para limitar a flexibilização do procedimento feita pelo juiz.
d) Flexibilização voluntária do procedimento (art. 190, CPC) – Negócio Jurídico Processual
- Protagonismo das PARTES
- Neoliberalismo processual (mitigação do hiperpublicismo) – a vontadedas partes passou a ser fonte da norma processual, mitigando o hiperpubliscimo processual.
- Art. 190, CPC: Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
10. Negócio Jurídico Processual
10.1. Classificação
a) Quanto à previsão legal específica
- Típicos – possui expressa previsão legal
· Exemplo: foro de eleição (art. 63, CPC)
- Atípicos – não possui expressa previsão legal
· Cláusula geral do negócio jurídico processual - Art. 190, CPC.
· Por meio da cláusula geral de negócio jurídico processual, é possível que as partes (plenamente capazes) estipulem mudanças nos procedimentos, desde que o direito admita autocomposição.
b) Quanto ao momento processual
- Pré-processual (antes do processo)
· Os negócios jurídicos pré-processuais são aqueles celebrados antes do início do processo.
· Exemplo: convenção feita por ocasião do contrato de compra e venda de imóvel que estabelece a renúncia antecipada a recursos após sentença em 1ª instância.
- Processual (no curso do processo)
· Os negócios jurídicos processuais são aqueles celebrados no curso do processo.
· Exemplo: após a abertura de processo, as partes renunciam antecipadamente a eventuais recursos.
c) Quanto ao conteúdo
- Convenções sobre procedimentos – art. 190, 1º parte
· Regras do rito: inverter a ordem dos atos, ampliar ou reduzir prazos, meios de prova etc.
- Convenção sobre situação jurídica (ônus, poderes, faculdades e deveres processuais) – art. 190, 2º parte
· Assim sendo, é possível, por exemplo, que partes plenamente capazes acordem que, no processo que as envolve, ninguém fará denunciação à lide.
10.2. Condições dos negócios processuais (gerais e específicas)
I - Negócios processuais são qualquer manifestação de vontade com o fim de criar, modificar, extinguir direitos processuais.
✓ O negócio jurídico processual é uma espécie do negócio jurídico disciplinado pelo Direito Civil. Há apenas uma diferença: enquanto o negócio jurídico do Direito Civil gera efeitos no direito material, o negócio jurídico processual gera efeitos dentro da relação jurídica processual.
II - As condições dos negócios jurídicos são divididas em duas:
· Gerais: são as condições de qualquer negócio jurídico (material ou processual).
· Requisitos do art. 104, CC:
· Agente capaz – capacidade civil + titularidade do direito:
· E. 36, ENFAM: A regra do art. 190 do CPC/2015 não autoriza às partes a celebração de negócios jurídicos processuais atípicos que afetem poderes e deveres do juiz, tais como os que: a) limitem seus poderes de instrução ou de sanção à litigância ímproba; b) subtraiam do Estado/juiz o controle da legitimidade das partes ou do ingresso de amicus curiae; c) introduzam novas hipóteses de recorribilidade, de rescisória ou de sustentação oral não previstas em lei; d) estipulem o julgamento do conflito com base em lei diversa da nacional vigente; e e) estabeleçam prioridade de julgamento não prevista em lei.
· Objeto lícito, possível, determinado ou determinável 
· E. 37, ENFAM: São nulas, por ilicitude do objeto, as convenções processuais que violem as garantias constitucionais do processo, tais como as que: a) autorizem o uso de prova ilícita; b) limitem a publicidade do processo para além das hipóteses expressamente previstas em lei; c) modifiquem o regime de competência absoluta; e d) dispensem o dever de motivação.
· Forma prescrita ou não defesa em lei
· Manifestação livre da vontade das partes – art. 190, § único
· Específicas: são as condições relativas ao negócio jurídico processual.
· Direitos que admitem a autocomposição
10.3. Controle de validade do NJP (art. 190, parágrafo único, do CPC) e DESNECESSIDADE de homologação pelo juiz (art. 200 do CPC)
I - Nos termos do art. 190, CPC, o juiz pode, de ofício ou a requerimento da parte, controlar a validade dos negócios jurídicos processuais.
II – Conforme o art. 200, CPC, as manifestações de vontade das partes só dependem de homologação judicial quando houver expressa previsão legal. Assim sendo, o juiz não precisa aceitar ou não o negócio jurídico processual (exceto no caso de previsão legal de necessidade de homologação).
III – O juiz apenas deve se ater aos requisitos necessários para a realização da convenção processual.
LIVE DIDIER E CABRAL SOBRE NJ PROCESSUAIS
- NJ processual – instrumento negocial qualquer que, ao lado das disposições materiais, convencionem também aspectos do procedimento judicial.
- Cláusulas negociais gerais:
· Art. 190: Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
· Admitir autocomposição ≠ direitos disponíveis
· Alguns direitos indisponíveis admitem autocomposição – exemplo: alimentos.
· Art. 200: Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.
- NJ processual não é novidade do CPC/2015, o que ele fez foi ampliar as possibilidade de negócios atípicos.
- Exemplo de NJ:
· Convenções sobre provas – quais provas podem ser produzidas e como as provas serão produzidas. É possível também que as partes determinem sobre qual fatos recairão a prova.
- Quanto mais complexa a causa, mais útil será os negócios processuais. Isso porque, a negociação processual demanda custos, que podem não ser viáveis em processos mais simples.
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS EM ESPÉCIE
1. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
1.1. Generalidades do Direito Material
- O procedimento especial é criado quando existe alguma particularidade no direito material que justifica o fato de o legislador criar um rito diferenciado.
- No caso da ação de consignação em pagamento, a justificativa está no fato de que há uma situação anormal: há um devedor que quer cumprir uma obrigação, mas não consegue cumpri-la, pois encontra alguma dificuldade. Assim, nesse caso, o devedor ingressa em juízo para cumprir a obrigação que lhe foi imposta.
1.2. Obrigações Consignáveis (539, CPC e 334, CC)
- Para o Direito Processual Civil, existem as seguintes obrigações:
· Fazer ou não fazer;
· Dar ou entregar; e
· Pagar Quantia
- De todas essas obrigações, a única que não admite consignação em pagamento é a obrigação de fazer ou não fazer. Isso ocorre porque é faticamente impossível consigná-la em pagamento.
1.3. Hipóteses de cabimento (art. 335, CC)
a) Mora accipiens – mora do credor
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
· Nesse casos, o credor se recusa (ou se encontra impossibilitado) de receber a obrigação
· Credor não dá quitação
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
· Credor não é encontrado
b) Incognitio – hipóteses derivadas da dúvida
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
· Dúvida a respeito de quem é o credor
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
· Dúvida a respeito do objeto do pagamento
- A ação de consignação em pagamento só é possível para os títulos executivos extrajudiciais, não sendo cabível em caso de título executivo judicial.
1.4. Cumprimento de sentenças às avessas (art. 526, CPC)
Art. 526. É lícito ao réu devedor, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo.
§ 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo.
- Cabível em caso de título executivojudicial.
1.5. Efeitos da consignação (art. 334, CC e 546, CPC)
- A consignação em pagamento gera dois efeitos:
· Liberação do vínculo obrigacional/ extinção da obrigação – o que libera o vínculo é o pagamento, no caso o depósito ou consignação da coisa. Dessa forma, a sentença que declara extinta a obrigação é declaratória (declara o adimplemento da obrigação). 
· A liberação é confirmada ao final do processo, se o juiz verificar que o pagamento foi integral – art. 546, CPC.
· Afastamento da mora do devedor – Com a consignação em pagamento, o devedor afasta a mora e, portanto, deixa de sofrer as consequências que ela preceitua (art. 337, 395 e 399, CC)
· Cessão dos juros de moro.
· Afastamento dos riscos decorrentes do perecimento da coisa.
1.6. Legitimidade
a) Ativa – quem pode ser autor da ação de consignação em pagamento
- Devedor – art. 334, CC.
- Terceiro Interessado no adimplemento da obrigação – art. 304, CC
· Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
· Exemplo: adquirente de imóvel hipotecado.
· Nesse caso, o devedor primitivo não pode se opor ao pagamento pelo terceiro interessado.
· Quando o terceiro interessado adimple a obrigação, ele se sub-roga nos direitos do credor. Nesse caso, o crédito do terceiro interessado terá a mesma natureza da obrigação adimplida (crédito alimentar; crédito trabalhista; crédito hipotecário etc), com as mesmas garantias.
- Terceiro não interessado – art. 305, CC
· Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
· Nesse caso, o devedor primitivo pode se opor ao pagamento pelo terceiro não interessado.
· Nesse caso, ainda, não há sub-rogação, o terceiro tem apenas direito de regresso, mas não possui as mesmas garantias do crédito originário.
· Crédito quirografário – sem garantia
- Credor – nos casos de incognitio – art. 345, CC.
· Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.
· É o caso de dois supostos credores estarem discutindo quem é o legítimo credor, nesse caso, um dos credores pode requerer que o devedor consigne o bem em pagamento.
b) Passiva
- Credor – regra
· Em caso de solidariedade passiva (art. 275, CC), será possível a formação de litisconsórcio passivo facultativo entre os credores solidários.
- Nas hipóteses de ingconitio, com base nesses 547, CPC, é o caso de litisconsórcio necessário entre os supostos credores.
1.7. Competência para a ação de consignação em pagamento – art. 540, CPC
a) Competência Material
- Segue a regra geral, não há particularidades específicas da ação de consignação em pagamento no aspecto material.
b) Competência Territórial
- Foro competente é o local do pagamento da obrigação.
- CPC, art. 540: Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.
- Atenção: se não houver regra sobre local de pagamento no contrato, o art. 327, CC, estabelece que as obrigações são quesíveis.
· CC, art. 327: “Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.”
1.8. Dois procedimentos (extrajudicial e judicial)
Extrajudicial 
- Art. 539, §§, CPC
- Resolução BACEN 2814/2014
- O devedor pode, nas obrigações de pagar quantia, ir a um banco e efetuar o depósito. O banco, mediante o pagamento de uma tarifa, remete uma carta ao credor e este pode receber o valor depositado no banco.
- Trata-se de uma hipótese facultativa.
· Alguns autores estabelecem duas hipóteses de consignação em pagamento extrajudicial obrigatória:
· Lei 6.766/79, art. 33: “Se o credor das prestações se recusar recebê-las ou furtar-se ao seu recebimento, será constituído em mora mediante notificação do Oficial do Registro de Imóveis para vir receber as importâncias depositadas pelo devedor no próprio Registro de Imóveis. Decorridos 15 (quinze) dias após o recebimento da intimação, considerar-se-á efetuado o pagamento, a menos que o credor impugne o depósito e, alegando inadimplemento do devedor, requeira a intimação deste para os fins do disposto no art. 32 desta Lei.”
· Lei 6.766/79, art. 38, §1º: “Verificado que o loteamento ou desmembramento não se acha registrado ou regularmente executado ou notificado pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, deverá o adquirente do lote suspender o pagamento das prestações restantes e notificar o loteador para suprir a falta.
§ 1º Ocorrendo a suspensão do pagamento das prestações restantes, na forma do caput deste artigo, o adquirente efetuará o depósito das prestações devidas junto ao Registro de Imóveis competente, que as depositará em estabelecimento de crédito, segundo a ordem prevista no inciso I do art. 666 do Código de Processo Civil, em conta com incidência de juros e correção monetária, cuja movimentação dependerá de prévia autorização judicial.”
- É uma forma de autotutela.
- Só é cabível nas obrigações por quantia.
- A posição doutrinária majoritária afirma não ser cabível contra a Fazenda Pública.
- Só é cabível quando o credor for certo, capaz, solvente e de endereço conhecido.
· Se o credor for insolvente ou falido, o crédito deve ser destinado às respectivas massas falidas
- Procedimento e reações do credor:
· Após o depósito do valor pelo devedor no banco, o credor recebe, em casa, uma notificação que versa sobre o depósito.
· Diante disso, o credor pode ter três atitudes distintas:
· Levantar o valor – O levantamento da quantia acarreta eventual quitação da obrigação.
· STJ, REsp 189.019/SP, 4º T: É possível que o credor levante o valor depositado fazendo ressalvas quanto à sua exatidão, quando poderá cobrar por vias próprias a diferença.
· Omitir-se – A lei qualifica o silêncio como quitação da obrigação.
· O credor tem o prazo de 10 dias, contados a partir do recebimento do AR pela instituição financeira, para se manifestar a respeito do depósito. Não se manifestando nesse prazo, o silencia importará em quitação.
· Recusar por escrito – Nesse caso, a carta não precisa constar a justificativa, mas tão somente a manifestação de vontade. Se houve a recusa, o art. 539, §§3º e 4º, CPC, estabelece que o devedor tem 1 mês para ajuizar ação judicial em consignação de pagamento (aproveitando o mesmo depósito feito no banco). Esse prazo é importante porque, no decorrer dele, a mora continua afastada.
· Se, eventualmente, o devedor perder o prazo de 1 mês, ele poderá ajuizar a ação de consignação em pagamento, mas isso não afastará a mora da dívida.
Judicial
- Utiliza-se a consignação judicial em pagamento:
· Por opção do devedor;
· Nas obrigações de dar/entregar;
· Nas ações contra a Fazenda Pública;
· Nas ações de incognitio;
· Nas obrigações de quantia, quando não foi efetiva a fase extrajudicial (caso em que o credor recusou o pagamento).
- Procedimento
· Petição inicial (art. 319 e 542 CPC) e cumulação de pedidos (art. 327, CPC)
· Segue os requisitos gerais do art. 319, CPC
· Seguindo o disposto na legislação, o devedor não deve depositar a quantia ou coisa devida quando protocola a petição inicial. Na verdade, a consignação só pode ser feita quando o juiz autorizar. Mas na prática, é comum que o depósito seja feito junto com a petição inicial.
· CPC, art. 542: “Na petição inicial, o autor requererá:
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º;
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolução do mérito.”
· Cumulação de pedidos– o procedimento de consignação em pagamento é um procedimento especial, desse modo, de acordo com o disposto no art. 327, CPC, para cumular pedidos:
· § 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
· Exemplo de cumulação: consignação em pagamento c/c ação revisional de contrato. Nesse caso, é importante deixar claro que, embora esteja discutindo o valor devido em juízo, o devedor deve, desde logo, depositar o valor estipulado em contrato, com intuito de afastar a mora. Ao final, caso seja julgado procedente o pedido de revisão, ele poderá levantar a quantia paga a mais. É possível, contudo, que o devedor peça uma tutela provisória para que o juiz determine que ele possa, desde logo, depositar o valor que acredita ser o devido.
· O STJ só entende que é possível a cumulação de pedidos no direito privado. Quando se trata de direito tributário (direito público), o STJ nega a possibilidade de consignação em pagamento cumulada com a revisão de débito fiscal. Isso porque existe regramento próprio estabelecido no art. 164 do CTN. Esse entendimento pode ser verificado, por exemplo, no REsp 909.267/SP.
· Admissibilidade do depósito (art. 542, § único, CPC)
· Após verificar que a petição cumpre todos os requisitos, o juiz determinará o depósito no prazo de 5 dias. Não sendo realizado o depósito no prazo, o processo será extinto sem a resolução de mérito.
· Esse prazo pode ser ampliado pelo juiz.
· Sendo o caso de frustração da consignação extrajudicial, a parte não precisa fazer novo depósito, podendo aproveitar o depósito feito extrajudicialmente.
· Nesse caso, o juízo oficiará a instituição bancária para que transfira o valor depositado para a conta do juízo. Isso porque a remuneração da conta do juízo é melhor do que a da instituição bancária.
· É dever do autor zelar para que o valor depositado extrajudicial seja depositado judicialmente.
· Se se tratar de obrigação de entrega de coisa, o juiz deve nomear um depositário. Compete ao autor da ação adiantar as despesas de conservação da coisa, mas se for julgado procedente o pedido, ele tem direito a reaver os valores gastos com conservação.
· CPC, art. 160: Por seu trabalho o depositário ou o administrador perceberá remuneração que o juiz fixará levando em conta a situação dos bens, ao tempo do serviço e às dificuldades de sua execução.
· Tutela provisória
· O STJ, no julgamento do REsp 382.904/PR, entendeu que cabe tutela antecipada na consignação em pagamento.
· Tutela antecipada para declarar desde já que houve quitação do pagamento, pode ser útil no caso do autor ter urgência em se ver livre do débito.
· Contestação 
· Limitação da cognição do juiz no art. 544, CPC: Na contestação, o réu poderá alegar que:
· I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida;
· Nesse caso, o devedor-autor deve demonstrar a existência de recusa.
· II - foi justa a recusa;
· Nesse caso, o credor-réu deve apontar e provar os motivos que levaram a recusa do pagamento
· III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
· Quanto ao lugar de pagamento – alegação de natureza dúplice, serve tanto como matéria de mérito indireta (que acolhida leva à improcedência do pedido do autor), quanto matéria preliminar de incompetência relativa.
· IV - o depósito não é integral.
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante que entende devido.
· A alegação que o valor depositado é diferente do valor devido não impede o levantamento da quantia incontroversa pelo credor (réu).
· O autor será intimado para complementar o depósito em dez dias, sendo feita a complementação o pedido é julgado procedente. Entretanto, a sucumbência é do autor, porque ele deveria ter pagado a quantia integral.
· Ação de consignação é uma ação dúplice (art. 545, §2º, CPC) – independente de reconvenção (pedido) do réu-credor, a sentença que declara saldo devedor é título executivo judicial, que pode ser executado pelo réu-credor.
· Sentença (natureza jurídica) (tema 967, STJ)
· A sentença de consignação em pagamento pode ser divida em:
· Consignação em pagamento pura (procedimento especial); e
· Sentença de procedência: meramente declaratória.
· Sentença de improcedência, com base no art. 545, §2º - a doutrina diverge afirmando que teria natureza mista, seria declatória e condenatória (em relação ao saldo declarado).
· O STJ pacificou essa questão no Tema 967, afirmando que a consignação em pagamento só é procedente se o depósito for integral. Portanto, na hipótese do art. 545, §2º, CPC, o pedido é improcedente.
· Consignação em pagamento cumulada com pedido revisional (procedimento comum).
· Deixa de ter natureza declatória, passa a ter natureza constitutiva ou constitutiva negativa.
· Sucumbência (art. 546)
· Não se relaciona com a procedência ou não do pedido, mas se sim com quem deu causa à necessidade de entrar com a ação.
· Assim sendo, é possível que, mesmo com o pedido sendo julgado procedente, o autor seja condenado nas sucumbências.
- Ação de consignação em pagamento nos casos de incognitio (art. 547 e 548, CPC)
· No caso de não saber a quem deve, o polo passivo será formado por réu desconhecido, com citação por edital e, no caso de ausência de contestação, indicação de advogado dativo para apresentação da defesa.
· Art. 547, CPC – dispõe que haverá litisconsórcio passivo necessário entre os supostos credores – o autor deve requerer a citação de todos.
· Art. 548, CPC, preceitua as reações possíveis dos credores citados:
· Após a citação dos credores, nenhum deles aparece para levantar o dinheiro. Nesse caso, o juiz declarará extinta a obrigação e o depósito se tornará arrecadação de coisa vaga.
· Dos vários credores citados, comparece apenas um. Nesse caso, o juiz deve analisar os fundamentos da alegação e, convencendo-se, proferirá sentença de procedência do pedido do autor, determinando o levantamento do depósitos em favor do réu que se manifestou; caso não se convença a quantia ou coisa depositada será arrecada como coisa vaga.
· Comparece mais de um credor. Nesse caso, se a única alegação dos credores for a disputa pela titularidade do pagamento, o juiz extingue a obrigação, exclui o devedor/autor e o processo prossegue apenas entre os réus.
· Se, além de discutirem a titularidade do pagamento, apresentarem outra matéria defensiva, a demanda prosseguirá com a estrutura subjetiva inicial.
1.9. Consignação de prestações sucessivas (art. 541, CPC)
- Se a consignação em pagamento for de prestações vincendas, autorizado o primeiro depósito, estarão autorizados todos os outros em até 5 dias contados da data do vencimento.
· CPC, art. 541: “Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento.”
- Se essa disposição não existisse, seria necessária uma ação de consignação para cada parcela.
- Admite-se a consignação das prestações vincendas mesmo que não haja pedido expresso nesse sentido na petição inicial (pedido implícito). 
- E. 60 FPPC: Na ação de consignação em pagamento que tratar de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar a consignar sem mais formalidades as que forem vencendo, enquanto estiver pendente o processo.
- STJ, REsp 439.489/SP, 2º Seção: Admite-se a consignação incidental de prestações periódicas até o trânsito em julgado da sentença, por força do princípio da economia processual.
1.10 Consignação na lei de locações (art. 67, Lei 8.245/91) 
- Aplicação subsidiária do CPC
- Competência: lugar de situação da coisa, desde que não exista cláusula de eleição de fora.
- Petiçãoinicial: deve conter a especificação dos alugueres e acessórios da locação com a indicação dos respectivos valores que o autor entender corretos.
- O valor da causa será igual a 12 meses de aluguel, sendo irrelevantes as prestações consignadas no início da demanda.
- O depósito deve ser realizado no prazo de 24 horas do deferimento da petição inicial, sendo dispensado o depósito nesse prazo no caso de o devedor já ter anteriormente tentando a consignação extrajudicial.
- Condenação em honorário advocatícios: 20% do valor dos depósitos.
- Cabe reconvenção do réu para pedir despejo e complementação dos valores depositados. 
· Limitação ao objeto da reconvenção: inadmissível que tenha outra prestação que não sejam objeto da consignatória.
- Possibilidade de complementação do depósito:
· Prazo de 5 dias;
· Ao valor da complementação será acrescido 10% sobre o valor da diferença;
· A complementação acarreta o julgamento de procedência do pedido, mas o autor será condenado ao pagamento de verbas de sucumbência.
- Possível a consignação incidental das parcelas vincendas, tendo como termo final a prolação da sentença.
· Nesse caso, havendo recurso, será necessário o ingresso de nova demanda consignatória após a prolação da sentença.
- Os recursos não serão recebidos com efeito suspensivo (art. 58, V)
1.11. Consignação em matéria tributária (art. 164, CTN)
- Nesse procedimento o CPC tem aplicação apenas subsidiariamente.
2. AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
2.1. Generalidades do Direito Material
- Sempre que a administração de bens, valores ou interesses de determinado sujeito seja confiada a outrem, haverá a necessidade de prestação de contas, ou seja, da relação pormenorizada das receitas e despesas no desenvolvimento da administração.
- O objetivo da ação não é meramente a prestação de contas, sendo esta o meio para se definir a responsabilidade de pagar do devedor.
· A doutrina afirma que a ação de exigir contas tem natureza condenatória, considerando que o seu resultado será a condenação do devedor ao pagamento do saldo apurado.
- Quem tem o dever de prestar contas?
· Quem administra de bens ou direitos alheios.
· A possibilidade de administração de bens ou direitos alheios pode ser conferida pela lei (legal) ou pelo contrato (contratual).
· Ex. de administrador legal: tutor (art. 1.775, CC); curador (art. 1.774, CC); administrador judicial da falência (art. 23, Lei 11.101/05) e inventariante (art. 618, VII, CPC).
· Ex de administrador contratual: depositário (art. 627, CC).
· Súmula 259, STJ: “A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de conta-corrente bancária.”.
2.2. Regime jurídico da prestação de contas
a) Dever legal de administrar (Incidente processual – art. 533, CPC)
Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado.
Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e não o fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à recomposição do prejuízo.
- Pode ser determinada de ofício pelo juízo.
- É um mero incidente processual, nos próprios autos onde houve a sua nomeação.
- Isso porque, se houver descumprimento do múnus da administração pelo administrador legal, as consequências são ainda mais graves. Além de ser destituído da administração, o administrador sofrerá sanções.
- Não se aplica o regramento do procedimento especial.
b) Dever contratual de administrar (Ação Autônoma)
- Nesse caso, o juiz não pode determinar de ofício a prestação de contas.
- Trata-se de procedimento especial regulado nos arts. 550 a 552 do CPC.
Situações especiais (associações/empresas/condomínios)
 - O STJ, no REsp 1.102.688/RS e no REsp 1.046.652/RJ, entendeu que, para as associações, empresas e condomínios, a prestação de contas deve ocorrer por meio da assembleia geral ordinária. Não há, portanto, possibilidade dos administrados, associados, sócios e condôminos ingressarem em juízo (antes da assembleia geral) para exigir a prestação de contas. 
- Falta de interesse de agir.
Situações especiais (alimentos – art. 1.583, §5º, CC)
- Há uma discussão sobre a possibilidade de o alimentante poder (ou não) ajuizar ação de prestação de contas para verificar se o dinheiro pago está sendo gasto com o filho.
- CC, art. 1.583, §5º: A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014).
- O grande debate é se a expressão “prestação de contas” (art. 1.583, §5º, CC) se refere ao procedimento especial do art. 550 e seguintes do CPC ou se está sendo utilizado em sentido genérico (não técnico).
- Existe um precedente do STJ sobre o tema: REsp 1.637.378 – Nesse julgado, o STJ entendeu que o disposto no art. 1.583, §5º, CC, não se trata da ação de prestação de contas, ou seja, não se refere ao sentido processual.
· Professor concorda com o entendimento do STJ. Para ele, o outro genitor não seria parte legitima para ingressar com ação de prestação de contas, porque o titular do direito de alimentos é o filho. Sendo assim, quando a criança atingir a maioridade é possível que ela ingresse com ação de prestação de contas em face do genitor que recebia a pensão alimentícia, questionando como os valores foram gastos.
2.3. Fim do rito especial de dar / prestar contas (rito comum)
- No modelo do CPC/1973, esse procedimento era chamado de ação de prestar contas. Dentro dele, existiam dois submodelos:
· Ação de exigir contas (ação do administrado contra administrador);
· Ação de dar contas (ação do administrado contra o cliente).
- O CPC/2015 percebeu que a modalidade ação de dar contas não precisa de procedimento especial. Assim sendo, não há mais o rito especial da ação entre administrador e administrado (cliente). As eventuais demandas são feitas pelo rito comum.
- Ou seja, o administrador vai utilizar o procedimento comum.
2.4. Competência (art. 553 e 53, IV, b, CPC)
- A competência territorial da ação de exigir contas (competência relativa) é do local onde há a administração de bens e direitos alheios.
· Se o réu não alegar, há a prorrogação de competência.
2.5. Legitimidade da ação de exigir contas (ação personalíssima?)
- Legitimidade ativa – o autor da ação de exigir contas é o administrado, ou seja, aquele que tem o bem ou o direito administrado por terceiro.
· Do ponto de vista do autor, a ação de exigir contas é transmissível, isto é, não é personalíssima. Isso foi decidido pelo STJ em várias oportunidades (exemplo: REsp 1.122.589/MG).
- Legitimidade passiva – o réu é o administrador dos bens ou direitos alheios.
· Do ponto de vista do polo passivo, em regra, a ação de exigir contas é intransmissível, pois a única pessoa que, a princípio, tem conhecimento sobre o que fez com o dinheiro, bens e direitos é o próprio administrador (exemplo: REsp 1.055.819/SP).
· Exceção: o STJ, recentemente, afirmou que, a depender das circunstâncias do caso, o sucessor do administrador pode prestar as contas, desde que tenha conhecimento dos fatos.
· Exemplo: o banco x foi sucedido pelo banco y. Nesse caso, a pessoa jurídica (banco y) assume todo o polo passivo e haverá a transmissibilidade da ação.
· Desse modo, apesar da regra geral da intransmissibilidade da ação no polo passivo, as particularidades do caso podem autorizar a continuidade da ação de exigir contas.
2.6. Ação de exigir contas e objetivos
- A ação de exigir contas é bifásica, porque a depender do objetivo da ação a fase será distinta.
- 2 objetivos:
· Autor quer reconhecer o dever do administrador de prestar as contas.· Receber e julgar as contas.
2.7. Procedimento Bifásico
a) 1º Fase
- Petição Inicial:
· Requisitos gerais do art. 319, CPC
· Art. 550, §1º, CPC: Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
· Explicar porque tem direito de exigir contas
· Apresentar documentos que comprovem a relação entre ele e o administrador/réu
· Demonstrar a recusa do administrador em prestar as contas extrajudicialmente – para configurar a pretensão resistida.
· STJ tem vedado a realização de pedidos genéricos e tem estabelecido que a inicial da 1º fase da ação de exigir contas tem que indicar o período do qual se pretende obter contas.
- Cumulação de pedidos de exigir contas + revisão dos contratos:
· Tema 908, STJ: é vedada a cumulação de pedidos de prestação de exigir contas com revisional de contrato, pois há incompatibilidade entre esses pedidos.
· Isso porque o administrador só pode prestar contas nos termos do contrato, não é possível prestar as contas imaginando que no futuro as cláusulas do contrato serão modificadas.
- Citação e resposta do requerido – 15 dias. Três condutas do administrador:
· Administrador presta contas de forma adequada, no prazo de resposta – fim da primeira fase.
· Revelia – decisão interlocutória que julga procedente o dever de prestar contas – art. 550, §4º, CPC.
· Nega o dever de prestar contas – réplica do autor – pode ser necessária a instrução.
- Decisão interlocutória de mérito ou sentença (art. 550, §4º, CPC)
· Se o juiz julga procedente o dever de prestar contas – decisão interlocutória – passa-se a segunda fase.
· Determina a prestação de contas, sem fixar a multa. 
· Isso porque, se o administrador não prestar contas, o autor passará a ter o direito de prestar contas (art. 550, §5º, CPC), sendo que o réu não poderá impugnar as contas prestadas pelo autor.
· Cabe agravo de instrumento – art. 1.015, II, CPC
· Se o juiz julga improcedente o dever de prestar contas – sentença.
· Cabe apelação – art. 1.009, CPC
· Fungibilidade do recurso cabível: Como no antigo CPC, independentemente de se tratar da primeira ou da segunda fase, o recurso cabível era a apelação, o STJ entendeu que, em relação aos recursos relativos a essa ação, aplica-se o princípio da fungibilidade.
b) 2º Fase
- A segunda fase se inicia tão logo transite em julgado ou não haja efeito suspensivo da decisão da 1ª fase.
- O requerido pode prestar as contas no prazo de 15 dias (ou outro que o juiz determinar)
· As contas são prestadas sem a apresentação de documentos, nos termos do art. 551, §1º, CPC
· As contas devem ser apresentadas, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos de houver.
· O autor, ao receber as contas, poderá especificar os lançamentos com os quais concorda.
· Nesse caso, o administrador deverá apresentar os documentos que comprovem os lançamentos impugnados.
- O requerido não prestas as contas – art. 550, §5º, CPC
· Se, no prazo estabelecido pelo juiz, o requerido não apresenta as contas, o direito de prestá-las passa para o autor automaticamente.
· Nesse caso o autor prestará as contas com os documentos que possuir.
· O réu não pode impugnar as contas prestadas pelo réu.
- Instrução (perícia contábil)
· O juiz pode nomeará um perito contábil para análise das contas apresentadas.
- Sentença
· Após a perícia, haverá debates e o juiz proferirá sentença
· Caberá apelação com efeito suspensivo (regra geral do art. 1.012, CPC).
- Sucumbência – em relação à sucumbência há uma polêmica:
· O professor entende que o único momento em que há sucumbência na ação de exigir contas ocorre na segunda fase (por ocasião da sentença). O juiz, nessa hipótese, deve considerar o comportamento das partes na primeira e na segunda fase.
· Por outro lado, há muitos doutrinadores que afirmam haver duas sucumbências na ação de exigir contas (posição majoritária):
· A primeira relativa à decisão interlocutória de mérito da primeira fase; e
· A segunda relativa à sentença (2ª fase).
· STJ não tem entendimento pacificado sobre o tema, e a jurisprudência diverge muito.
- Ação dúplice – art. 552, CPC
· Ação materialmente dúplice é aquela em que o juiz ofertará tutela jurisdicional ao réu independentemente do pedido.
· Como a segunda fase tem por objetivo receber e julgar as contas, é possível que, na declaração da sentença, o juiz conclua que há saldo credor para uma ou alguma das partes. Essa declaração constitui título executivo judicial, independentemente da parte que possui saldo ser autora ou ré.
· Título executivo judicial poderá ser executado nos mesmos autos.
3. AÇÕES POSSESSÓRIAS
- Para saber se a pessoa é proprietária, deve-se investigar o título existente.
- Já a posse não decorre necessariamente de um título, tendo em vista que é um fato.
3.2. Defesa jurídica das coisas
- Propriedade é defendida por meio das ações petitórias. A característica fundamental das ações petitórias é a causa de pedir.
· Causa de pedir: propriedade/domínio
· Pedido: qualquer, inclusive a posse, desde que tenha como causa de pedir o domínio.
· Exemplo: ação reivindicatória (ação do proprietário para retomar a posse); ação de imissão na posse (ação do proprietário que nunca teve a posse da coisa).
· O CPC/2015 não criou procedimento especial para as ações petitórias
- Posse é defendida por meio dos interditos possessórios (ações possessórias)
· Causa de pedir: posse
· Pedido: posse
· Espécies:
· Reintegração de posse – utilizado em caso de esbulho possessório
· Manutenção de posse – utilizada em casos de turbação, ou seja, em casos de privação ou perturbação do exercício normal da posse.
· Interdito proibitório – utilizado em casos de ameaça à posse.
· O proprietário, ainda que só tenha a posse indireta, pode se valer dos interditos possessórios. 
3.3. Ações possessórias de rito especial
a) Espécies e fungibilidade (art. 554, 560 e 567, CPC)
- Espécies:
· Ação de reintegração de posse – art. 560, CPC
· Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho.
· Ação de manutenção de posse – art. 560, CPC 
· Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho.
· Interdito proibitório – caráter preventivo, hipótese típica de tutela inibitória; - Art. 567, CPC
- Fungibilidade – art, 554, CPC:
· Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
· Exceção ao art. 492, CPC, que dispõe que o juiz fica adstrito ao pedido da parte. Dessa forma, ainda que a parte peça uma espécie de proteção possessória, o juiz pode conceder aquela que for mais adequada.
b) Ação de força nova X Ação de força velha (art. 558 e § e art. 562, CPC)
- Nem o CPC nem o Código Civil utilizam as expressões “ação de força nova” e “ação de força velha”, mas somente a doutrina.
- A distinção entre a “ação de força nova” e a “ação de força velha” é importante para definir o rito a ser utilizado, sendo que a ação de força nova é rito especial e a ação de força velha é procedimento comum:
· Ação de força nova – esbulho ou turbação ocorreu dentro de 1 ano e dia.
· Procedimento especial disciplinado nos arts. 554 e ss., CPC
· Possibilidade de concessão de tutela de evidência fora das hipóteses do art, 311, CPC
· Ação de força velha – esbulho ou turbação ocorreu depois de 1 ano e dia.
· Procedimento comum do art. 318 e ss.
· Tutela provisória apenas nas hipóteses do art. 300 e 311, CPC
- Termo inicial do prazo:
· Esbulho e turbação clandestinos – art. 1.224, CC: prazo conta da data da ciência do esbulho ou turbação pelo possuidor esbulhado ou turbado.
· Esbulho e turbação permanentes – termo inicial é data do esbulho ou turbação.
· Esbulho e turbação repetidos (ou intermitentes) – termo inicial é data do último esbulho ou turbação.
· Comodato sem prazo convencional – deve haver primeiroa rescisão prévia do contrato de comodato, fixando prazo razoável para desocupação da coisa. Sendo assim, o prazo começa a contar do termo final para desocupação voluntária.
c) Objeto das ações possessórias (súmulas 228 do STJ e 415 do STF)
- O objeto da ação possessória são os bens e direitos materiais corpóreos, que podem ser apreendidos.
- O direito autoral pode ser objeto de ação possessória? NÃO
· Súmula 228, STJ: “É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.”
- A servidão pode ser objeto de ação possessória? SIM
· Súmula 415, STF: “Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção possessória.”
d) Competência
- Competência Material
· As regras que valem para definir as competências da justiça federal e da justiça estadual são exatamente as mesmas aplicáveis à ação possessória.
· Entretanto, atualmente é comum a ação possessória atinente à justiça do trabalho. Um exemplo disso são as ações possessórias derivadas da relação de trabalho/emprego. Como a relação de trabalho é regida pela CLT, a competência para julgar a ação possessória é da justiça do trabalho.
· Exemplo: durante a relação de emprego, o patrão cede um carro para o funcionário trabalhar. Após o fim da relação trabalhista, o antigo empregado não devolve o carro. Nesse caso, o antigo empregador deverá ingressar com uma ação de reintegração de posse para recuperar o bem. Essa ação será de competência da justiça do trabalho.
- Competência territorial:
· Bens imóveis 
· Art. 47, § 2º, CPC: A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
· Ação de rescisão de contrato cumulada com reintegração de posse, conforme a maioria da jurisprudência, tal ação não é possessória, mas sim ação fundada em direito obrigacional. Assim sendo, não se aplica a regra do art. 47, §2º, CPC, mas sim a regra geral do art. 46, CPC – ENTENDIMENTO NÃO PASSIFICADO.
· Art. 60, CPC: Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel.
· Bens móveis
· Art. 46, CPC – regra geral do domicílio do réu.
e) Legitimação
I. Legitimação ativa
- Possuidor (direto ou indireta)
· O possuidor direto e o possuidor indireto podem ser litisconsortes na ação possessória. Trata-se, portanto, de hipótese de litisconsórcio facultativo.
- Sucessor do esbulhado, turbado, ameaçado (inter vivos ou causa mortis)
· Nesse caso, o sucessor pode se valer da ação possessória por causa do que dispõe o art. 1.206, CC (acessio possessiones).
· O sucessor recebe a posse com as mesmas características que ela tinha anteriormente. Consequentemente, se o sucessor recebe a posse turbada, esbulhada ou ameaçada, ele se torna possuidor turbado, esbulhado ou ameaçado. Assim sendo, apesar de não ser o possuidor inicial, é dado a ele o direito de ingressar com a ação possessória. Entretanto, essa possibilidade não pode gerar uma fraude para manter o procedimento especial, ou seja, o sucessor terá exatamente o mesmo prazo do sucessor originário (1 ano e 1 dia) para ter direito ao rito especial.
- Compossuidor (art. 1.314, CC) – a composse ocorre quando há vários titulares de uma posse.
· Em caso de composse, um único possuidor pode, em nome de todos, ajuizar ação possessória (legitimação extraordinária).
· O compossuidor pode ingressar com ação possessória em face dos demais compossuidores que queiram excluí-lo da posse comum? 
· É pacífico no STJ que a legitimidade do compossuidor não é apenas contra terceiros, mas pode ocorrer contra os demais compossuidores.
- Possuidor de má-fé contra terceiros - Posse de má-fé é a posse precária, clandestina ou violenta. Existe a possibilidade de o possuidor de má-fé, ao ser turbado, esbulhado ou ameaçado, valer-se da ação possessória. 
· CC protege a melhor posse
II. Legitimidade Passiva
- Esbulhador, turbador ou ameaçador 
· Observação: o esbulhador, turbador ou ameaçador pode ser, inclusive, o proprietário do imóvel (detentor da posse indireta).
- Sucessor do esbulhador, turbador ou ameaçador: o art. 1.212, CC - sucessio possessiones. 
· A pessoa que adquire uma posse sabendo do vício é também esbulhadora, turbadora ou ameaçadora. A ciência do fato é imprescindível para a possibilidade de legitimação passiva.
- Compossuidor que pratique o esbulho, a turbação ou ameaça
· O art. 73, §2º, CPC, preceitua que a participação do cônjuge ou companheiro do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. Isso significa que não é requisito da possessória que o cônjuge do réu também seja réu na ação possessória. Esse entendimento aplica-se à união estável que esteja comprovada nos autos. 
· Litisconsorte passivo necessário – ambos os cônjuges praticam os atos ilícitos, ou aproveitaram dos frutos (composse).
· É vedado que o réu na ação possessória, posteriormente, alegue a nulidade da ação por ocasião da não participação do companheiro/companheira. Assim, veda-se a chamada “nulidade de algibeira”.
- Posse coletiva – réus indeterminados (art. 554, §§1º a 3º, CPC)
· Em caso de invasões coletivas com réus indeterminados, o CPC estabeleceu, no art. 554, o procedimento a ser seguido. Nesses casos, na petição inicial, os réus serão indicados de forma indeterminada.
· Como ocorrerá a citação?
· Citação por oficial de justiça em relação aos que estiverem presentes no local;
· Citação por edital dos ausentes
· Citação do Ministério Pública e da Defensoria Pública. A Defensoria será citada em caso de haver necessitado.
· Ação coletiva passiva – a ação é movida contra a coletividade de invasores (indeterminada) e não contra invasores específicos. Desse modo a DP e o MP atuariam como representantes dessa coletividade invasora.
· Custus Vulnerabilis – atuação da DP para garantir que os interesses dos vulneráveis sejam garantidos.
· Citação por outros meios:
· Art. 554, §3º: possibilidade de divulgação da ação por rádio, cartaz e jornais.
3.4. Procedimento especial das possessórias individuais
- O CPC estabelece dois procedimentos especiais da ação possessória:
· Procedimento especial das possessórias individuais;
· Procedimento especial das possessórias nos casos de invasão coletiva;
a) Petição Inicial (art. 319, 320 e 555 CPC)
- Os requisitos da petição inicial da ação possessória seguem basicamente as regras gerais dispostas nos arts. 319 e 320, CPC.
- O art. 555, CPC permite que o autor cumule, sem perder o rito especial, o pedido de proteção possessória com:
· Condenação em perdas e danos
· Indenização dos frutos 
- Função social da propriedade/posse (art. 170, CF e 1.228, §1º, CC):
· Essa tese é defendida pelo Min. Edson Fachin, o qual sustenta que é condição do exercício da ação possessória que a pessoa afirme e prove, na petição inicial, que ela foi esbulhada/turbada/ameaçada em posse que está em conformidade com o art. 170 da CF e 1228, § 1º, CC. Assim, seria necessário provar, na petição inicial, que o autor da ação atende a função social da propriedade. Caso contrário, haveria o indeferimento da petição inicial, pois a posse só merece proteção se estiver em conformidade com a função social da propriedade. 
· Essa tese é minoritária. 
b) Admissibilidade
Diante do recebimento da petição inicial, há três possibilidades:
1ª) O juiz pode determinar a emenda da petição inicial com base no art. 321, CPC;
2ª) O juiz pode indeferir a petição com base no art. 330, CPC; ou
3ª) O juiz pode admitir a petição inicial da possessória especial. Nesse caso, o juiz apreciará a liminar.
c) Liminar (tutela de evidência fora do art. 311, CC)
- Por ocasião dessa liminar, não será necessário provar o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo para ter direito à tutela da evidência liminarmente.
- Audiência de justificação (art. 562, cpaut, 563 e 564, CPC) – é destinada a colher prova oral de modo a comprovar os requisitos para

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