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IInnssuuffiicciiêênncciiaa CCaarrddííaaccaa CCoonnggeessttiivvaa ((IICCCC)) @mayaravnutri Síndrome clínica complexa, sendo o coração incapaz de bombear o sangue de forma adequada para atender às demandas do organismo. Pode ser causada por alterações estruturais ou funcionais cardíacas, que se caracterizam por redução do débito cardíaco e/ou aumento das pressões de enchimento. A principal causa de IC no mundo é a doença arterial coronariana (DAC), pois a isquemia miocárdica influencia na disfunção sistólica e diastólica, causando a IC (considerar reversão da isquemia através de revascularização em pacientes com IC). As manifestações clínicas mais comuns são: dispneia, edema e fadiga e em casos mais graves, pode ocorrer sudorese, palidez e manifestações de baixo fluxo cerebral. Insuficiência cardíaca crônica: Caráter progressivo e persistente da doença. DIAGNÓSTICO: Avaliação clínica e física detalhada é importante para o diagnóstico. Nos pacientes crônicos, a detecção de sinais clínicos de congestão pode estar mascarada ou ausente, pela adaptação do organismo ou do sistema linfático. Os sinais clínicos de congestão podem ser pouco sensíveis e também pouco específicos. Exames para o diagnóstico: Ecocardiograma: exame de imagem de escolha para diagnóstico e acompanhamento de pacientes suspeitos, para planejamento terapêutico e estratificação prognóstica. Outros exames de imagem: ECG, raio-x do tórax, RM cardíaca, PET, SPECT de perfusão miocárdica, angiotomografia. Peptídeos natriuréticos: BNP e NT-proBNP. Também tem papel importante no prognóstico de pacientes com IC. Auxilia de forma considerável na definição do diagnóstico de IC, contribuindo principalmente para excluir o diagnóstico quando é incerto. @mayaravnutri AVALIAÇÃO DA ETIOLOGIA: PREVENÇÃO DA IC: Envolve a abordagem por estágios, sendo o estágio A – com fatores de risco e sem alteração na função e estrutura cardíacas – e B, com alteração na estrutura e função cardíacas. Ambos os estágios ainda não desenvolveram sintomas e sinais de IC. Estágio A: tratamento da hipertensão, interrupção do tabagismo, redução da ingestão excessiva de álcool, uso de estatinas para pacientes com DAC ou elevado risco cardiovascular, estabelecimento de meta pressórica de PAS < 120 mmHg para hipertensos com elevado risco cardiovascular, uso de empagliflozina em diabéticos Estágio B: IECA na disfunção do VE assintomática de etiologia isquêmica e não isquêmica, betabloqueador em adição ao IECA na disfunção do VE assintomática de etiologia isquêmica e não isquêmica, antagonista mineralocorticoide em pacientes pós- infarto com disfunção do VE (FEVE < 40%) e diabetes. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO: RESTRIÇÃO DE SÓDIO: nível ideal ainda é controverso. Porém, o consumo excessivo de sódio e fluidos está associado ao agravamento da hipervolemia, que pode descompensar a IC. Da mesma forma, a restrição excessiva tem relação com maior número de hospitalização e mortes. Tudo depende do estágio da doença de cada paciente (avaliação individualizada), sendo a única recomendação geral a de evitar consumo >7g/dia de sal. RESTRIÇÃO HÍDRICA: devido a falta de estudos, não tem como estabelecer a recomendação de restrição de fluidos. DIETA E PERDA DE PESO: deve-se buscar manter o peso adequado e, no caso de pacientes obesos com IMC >40kg/m², buscar a perda de peso para evitar complicações. Na literatura há divergências de informações de estudos que avaliam obesidade e mortalidade, e por isso não existe orientação formal de dietas. Dieta fracionada (5 a 6 refeições/dia) com baixo volume. A consistência deve ser de acordo com cada paciente, mas geralmente é pastosa. Evitar ingestão excessiva de sódio (>7g/dia) Aumentar ingestão de potássio, por meio do consumo de frutas (banana, manga, laranja), legumes (beterraba, batata, inhame) e leguminosas (feijões secos) Preferir gorduras mono e poliinsaturadas e restringir o colesterol dietético a 200mg/dia Aumentar ingestão de fontes de fitosterois (sementes de girassol e gergelim) Aumentar consumo de fibras totais (17-30g/dia) e solúveis (7-13g/dia) Dieta hiperproteica devido ao hipercatabolismo (1,5-2,0g/kgP/dia para pacientes com desnutrição avançada) Coenzima Q10, ômega-3 e vitamina D parecem ter efeitos benéficos. TABAGISMO E OUTRAS DROGAS: deve ser recomendada a interrupção. BEBIDAS ALCOÓLICAS: naqueles que não conseguem fazer interrupção total, deve-se recomendar a redução. Porém a cessação tem mais benefícios. VACINAÇÃO PARA INFLUENZA E PNEUMOCOCO: recomenda-se a vacinação anual contra influenza, pois há indícios de redução de internações por DCV em pacientes vacinados. No caso do pneumococo, há menos @mayaravnutri evidência, mas na análise dos riscos e benefícios, há recomendação. ATIVIDADE FÍSICA (REABILITAÇÃO CARDÍACA): promovem aumento progressivo da capacidade funcional, aumenta a tolerância aos exercícios, a qualidade de vida e reduz internações por IC. ATIVIDADE LABORATIVA (RETORNO AO TRABALHO): importante para questão financeira, emocional e melhora da autoestima, reduzindo o risco de depressão. Em trabalhadores com funções que exigem força, recomenda-se a avaliação da troca de função (avaliação individualizada). ATIVIDADE SEXUAL E PLANEJAMENTO FAMILIAR: alguns medicamentos podem alterar a função sexual, causar disfunção erétil e perda da libido. Deve ser avaliado individualmente. Segundo a AHA, há segurança para pacientes com IC em classes baixas de IC, mas sugere que pacientes com IC descompensada ou avançada não devem ter atividade sexual até que sua condição esteja estabilizada. Deve haver orientação de métodos contraceptivos ou até desencorajar a gestação, no caso de IC avançada, além da avaliação do risco dos medicamentos para o feto. COMORBIDADES QUE PODEM ESTAR PRESENTES: Doença arterial coronariana (DAC) Hipertensão arterial sistêmica (HAS) Insuficiência da válvula mitral (IM): pode ser desenvolvida devido a IC e é marcador de mau prognóstico. Estenose aórtica Dislipidemias Obesidade e caquexia (perda de peso não edematoso involuntária) Diabetes mellitus (fator de risco para IC, com ou sem DAC) Doenças da tireoide Doença renal crônica (DRC) Doença pulmonar (asma e doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC) Deficiência de ferro e anemia: associada a prognóstico pior. Uma vez detectada a deficiência de ferro, os pacientes devem ser investigados para excluir possíveis lesões gastrintestinais como causa da deficiência de ferro por sangramento. A reposição de ferro aumenta a capacidade do exercício, melhora qualidade de vida e reduz hospitalização. No caso de anemia, os estimulantes da eritropoiese não devem ser indicados, por não trazer benefícios e aumentar os eventos tromboembólicos. Disfunção erétil Síndrome da apneia do sono Câncer Depressão Insuficiência cardíaca aguda: Caracterizada por alterações rápidas ou graduais da sintomatologia, com necessidade de terapia e ação urgente. É uma das principais causas de internação no Brasil e relaciona-se com alta mortalidade. CLASSIFICAÇÃO (de acordo com 4 aspectos): 1. Síndrome clínica de apresentação (insuficiência ventricular esquerda, IC congestiva, choque cardiogênico e edema agudo de pulmão); 2. Tempo de evolução da doença (IC aguda nova ou crônica agudizada); 3. Tipo de disfunção ventricular; 4. Modelo clínico-hemodinâmico, por meio do exame clínico (avalia a presença de congestão ou baixo débito cardíaco), classifica o paciente em quatro categorias de perfil hemodinâmico: Quente-congesto,se sem baixo débito com congestão; Quente-seco, se sem baixo débito ou congestão; Frio-congesto, se baixo débito e congestão (pior prognóstico); Frio-seco, se com baixo debito e sem congestão. A baixa acurácia do exame clínico dificulta a precisão ao estabelecer o perfil hemodinâmico. A abordagem inicial deve ser realizada idealmente dentro de 120 minutos, de forma rápida para garantir melhor evolução prognóstica. @mayaravnutri A IC aguda pode se instalar de forma progressiva ou aguda em pacientes com IC prévia (quando há descompensação), que caracteriza IC aguda crônica agudizada, ou em pacientes sem história prévia de IC ou doença cardíaca estrutural, que são caracterizados como IC aguda nova. A detecção da presença de comorbidades descompensadas não cardiovasculares faz parte do fluxo diagnóstico admissional, e estes fatores podem ser confundidos como descompensadores da IC. Os exames laboratoriais e de imagem devem ser solicitados na admissão, para complementar a avaliação clínica no diagnóstico da IC aguda, definir o fator causal e o diagnóstico diferencial, detectar comorbidades que possam agravar a IC aguda, definir e quantificar a congestão pulmonar e sistêmica, e na presença de baixo débito cardíaco, assim como auxiliar no estabelecimento do perfil de risco admissional e prognóstico intra-hospitalar. Os peptídeos natriuréticos devem ser utilizados na avaliação diagnóstica admissional de pacientes com dispneia ou suspeita de IC aguda (apresentam alto valor preditivo de IC quando analisados de forma isolada, ou quando associados ao exame clínico e radiológico do tórax). Apresentam alta capacidade de afastar o diagnóstico (alta sensibilidade), na presença de níveis séricos de BNP<100pg/mL e NT-proBNT < 300 pg/mL. A presença de níveis elevados de BNP > 500 pg/mL e NT-proBNP > 900 pg/mL indicam fortemente diagnóstico de IC aguda. Outros exames que devem ser solicitados: Troponina (na suspeita de doença arterial coronária, miocardite ou Takotsubo); Eletrólitos (Na, K e Mg); Função renal (ureia/creatinina); Proteína C-reativa; Hemograma e coagulograma; Proteínas totais e frações; Transaminases (TGO e TGP) e bilirrubinas; TSH (> 60 anos ou suspeita ou doença tireoidiana); Glicemia; Gasometria venosa e lactato ECG (permite suspeitar da etiologia da IC e da causa da descompensação), raio-x de tórax (permite avaliação da área cardíaca e da congestão pulmonar, e ajuda na diferenciação de causas torácicas e pulmonares da dispneia), ecocardiograma e USG de tórax. @mayaravnutri Essa tabela estabelece os fatores de risco admissional do paciente para morte intra- hospitalar. Para isso, deve-se seguir um protocolo com 4 etapas: 1. Diagnóstico precoce e tratamento intenso e precoce para descongestão da IC aguda; 2. Monitorização clínica e laboratorial frequente para detectar e corrigir precocemente o desenvolvimento de efeitos adversos; 3. Orientação terapêutica e de hábitos de vida pré-alta hospitalar; 4. Reavaliação clínica e laboratorial em até 7 dias pós alta hospitalar. O perfil de risco destes pacientes deve ser reavaliado frequentemente, pois eles podem evoluir para uma condição de risco mais elevada, indicando a necessidade de revisão da estratégia terapêutica. Tratamento medicamentoso: Diuréticos: ajuda no alívio da congestão e da sobrecarga volêmica Inibidores da enzima conversora da angiotensina (iECA) Betabloqueadores Anticoagulantes Em casos de IC avançada, onde a expectativa de vida é menor que 2 anos, recomenda-se o transplante de coração. Nesses casos, a terapia nutricional tem o objetivo de fornecer a nutrição adequada com menor sobrecarga cardíaca possível, para estabilizar o paciente antes da cirurgia e promover o melhor prognóstico. RECOMENDAÇÕES PRÉ-TRANSPLANTE Evitar excesso de líquidos, mantendo 20- 30mL/kg/dia Evitar bebidas alcoólicas Reduzir ingestão de estimulantes cardíacos (cafeína) até recuperação completa Pode ser dieta hiperproteica para reposição Limitar ingestão de gorduras, com maior aporte de gorduras mono e poliinsaturadas. Colesterol dietético deve ser no máximo 200mg/dia Sódio varia de acordo com o quadro clínico, mas a tolerância máxima nessa fase é entre 1 e 2g/dia Oferta de fibras é essencial (20-30g/dia), sendo 6g/dia de fibra solúvel RECOMENDAÇÕES PÓS-TRANSPLANTE 1º mês: dieta hiperproteica pelo estado hipercatabólico (1,5-2,0g/kgp/dia) Aumentar volume da dieta conforme tolerância e quadro do paciente Ingestão de lipídios entre 25 e 30% do VET, priorizando gorduras mono e poliinsaturadas Colesterol dietético não deve passar de 200mg/dia CHO simples deverá ser controlado, devido a hiperglicemia e hipertrigliceridemia Oferta de fibras é essencial (20-30g/dia), sendo 6g/dia de fibra solúvel Restrição moderada de sódio (2,4g/dia), de acordo com o quadro clínico Oferecer quantidades adequadas de cálcio e fósforo (1200mg/dia de cada) Pode haver alterações gastrintestinais devido ao uso intermitente de drogas imunossupressoras, além de facilitar o aparecimento de infecções.
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