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CASO - reabsorção e secreção renais

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CASO VIII – Reabsorção e secreção renais
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OBJETIVO 1) Caracterizar a histologia dos túbulos do néfron e do ducto coletor
· Túbulo contorcido proximal 
- Folheto parietal da cápsula de Bowman é contínuo com o epitélio cuboide ou colunar baixo do TCP → maior calibre que o túbulo distal; citoplasma basal acidófilo (muitas mitocôndrias); citoplasma apical apresenta microvilos (borda em escova); as células possuem prolongamentos laterais que se interdigitam com as células adjacentes; o lúmen é mais ocluído do que o distal, por conta da borda em escova
- Os canalículos presentes no citoplasma apical aumentam a absorção de macromoléculas. Lá, se formam vesículas de pinocitose, que englobam principalmente proteínas de baixo peso molecular 
· Alça de Henle 
· Segmentos finos:
- Compreendem o descendente fino e o ascendente fino, possuem lúmen largo → epitélio simples pavimentoso. O comprimento varia de acordo com a localização do néfron. O néfron cortical possui os segmentos finos curtos e não tem segmento espesso. Enquanto os néfrons justamedulares têm longos segmentos finos e possuem segmento espesso curto
- Os núcleos das células componentes desses segmentos se projetam para o lúmen → assemelham-se aos capilares, com diferença que nessas células não há hemácias e elas são menos coradas
· Segmento espesso:
- Possui atividade metabólica maior, faz absorção de íons, tem células com borda em escova, o lúmen é mais ocluído e possuem mitocôndrias no citoplasma basal
· Túbulo contorcido distal
- Também é revestido por epitélio cúbico simples. A diferença para o TCP é que suas células são menores, sem borda em escova, são menos acidófilas (menos mitocôndrias), forma a mácula densa
· Túbulos e ductos coletores
- Túbulos mais delgados (epitélio cúbico simples) desembocam em ductos coletores mais calibrosos que desembocam nas papilas renais, onde as células passam a ser mais altas, formando epitélio cilíndrico simples
- As células dos ductos coletores são claras e pobres em organelas (fazem basicamente reabsorção de água)
· Interstício renal
- Escasso na região cortical, mas aumenta no espaço medular. Contém pouca quantidade de tecido conjuntivo, fibroblastos, algumas fibras colágenas, e na medula (principalmente) existem células intersticiais, produtoras prostaglandinas e prostaciclinas
OBJETIVO 2) Reabsorção, secreção e regulação dos túbulos
· Reabsorção de soluto e água ao longo do néfron
- Quantitativamente, a reabsorção de NaCl e água representa a principal função dos néfrons → o transporte renal de muitos outros solutos importantes está ligado direta ou indiretamente à reabsorção de Na+
· Túbulo proximal:
- Reabsorve cerca de 67% da água filtrada, Na+, Cl-, K+ e outros solutos. Reabsorve também quase toda a glicose e aminoácidos filtrados pelo glomérulo → a elevada capacidade do túbulo proximal para a reabsorção é decorrente de suas características celulares especiais → as células epiteliais do túbulo proximal têm alto metabolismo e grande número de mitocôndrias para suportar com força muitos processos de transporte ativo. Além disso, as células tubulares proximais têm extensa borda em escova no lado luminal (apical) da membrana, além de extenso labirinto de canais intercelulares e basais, formando área de superfície de membrana extensa nos lados luminal e basolateral do epitélio para o transporte rápido de íons sódio e de outras substâncias
- O elemento-chave na reabsorção no túbulo proximal é a Na+,K+-ATPase, na membrana basolateral. A reabsorção de cada substância, incluindo água, está ligada de algum modo à sua operação
· Reabsorção de Na+
- Ocorrem diferentes mecanismos pra sua reabsorção, na primeira e na segunda metades do túbulo proximal 
1 Primeira metade: Na+ é reabsorvido, principalmente, com BIC e outros solutos, como glicose, AA, fosfato inorgânico, lactato
2 Segunda metade: Na+ é reabsorvido, em sua maior parte, com o Cl-
- Essa disparidade é percebida pelas diferenças nos sistemas de transporte e na composição do fluido tubular nesses locais
· Mecanismos de entrada:
1 Primeira metade: A captação depende do acoplamento de Na+ ao H+ (e outros solutos orgânicos) → proteínas de transporte específicas na membrana apical → antiporte Na+/H+. A secreção de H+ resulta em reabsorção de BIC (NaHCO3). O Na+ também entra por transporte simporte, incluindo o Na+-glicose, Na+-aminoácido, Na+-Pi e Na+-lactato. A glicose e outros solutos orgânicos que entram na célula com o Na+ deixam a célula através da membrana basolateral, via mecanismos de transporte passivo. QUALQUER Na+ QUE ENTRE NA CÉLULA ATRAVÉS DA MEMBRANA APICAL, DEIXA A CÉLULA E ENTRA NO SANGUE VIA Na+,K+-ATPase. A reabsorção de muitas moléculas orgânicas é tão ávida que elas são quase completamente removidas do fluido tubular, na primeira metade do túbulo proximal. Essa reabsorção estabelece gradiente osmótico transtubular (a osmolalidade do fluido intersticial que rodeia as células do túbulo é mais alta do que a osmolalidade do fluido dentro do túbulo), o que gera força que impulsiona a reabsorção passiva de água por osmose. Como mais água do que Cl– é reabsorvida na primeira metade do túbulo proximal, a [Cl–] no fluido tubular aumenta ao longo do comprimento tubular. Na primeira metade, ocorre somente transporte de solutos transcelular (por dentro da célula)
2 Segunda metade: O fluido tubular que entra na segunda metade contém pouquíssima glicose e aminoácidos, mas alta concentração de Cl-, excedendo a da primeira metade → essa [Cl-] se deve ao fato de que o Na+ foi reabsorvido com HCO3- e com os solutos orgânicos, na primeira metade. Nessa segunda metade, a captação de Na+ ocorre por vias transcelular e paracelular (entre as células)
- Mecanismo de reabsorção transcelular → Na+ entra na célula pela membrana apical, principalmente pela ação paralela do transportador antiporte de Na+/H+ e outros antiportes de Cl- acoplado a algum ânion[footnoteRef:1] -> H+ secretado se combina com o ânion no lúmen tubular e entram de novo na célula -> a operação desses antiportes equivale a captação de NaCl do lúmen para a célula. A Na+ deixa a célula e entra no sangue pela Na+-K+-ATPase e o Cl- pelo simporte de K+-Cl- na membrana basolateral [1: Esse ânion pode ser o formato (derivado do ácido fórmico), o bicarbonato (derivado do ácido carbônico, pela anidrase carbônica) ou uma hidroxila (derivada da água)] 
- Mecanismo de reabsorção paracelular → ocorre devido ao aumento da [Cl-] no fluido tubular (primeira metade), o que cria gradiente de Cl- do lúmen através das junções fechadas (tight junctions), para o espaço intercelular lateral -> esse movimento de Cl- resulta no excesso de cargas posisitvas no fluido tubular, em relação ao sangue -> essa voltagem transepitelial positiva causa a difusão passiva de Na+ para fora do fluido tubular, através das junções fechadas, para o sangue. Em suma, a reabsorção de NaCl estabelece gradiente osmótico transtubular que gera força impulsionadora, para a reabsorção passiva de água por osmose
- A reabsorção de Na+ e Cl- ocorre por vias transcelular e paracelular → aproximadamente 67% do NaCl é reabsorvido → 2/3 se movem pela via transcelular, 1/3 se move pela via paracelular 
· Reabsorção de água
- O túbulo proximal reabsorve 67% de água filtrada. A força propulsora para a reabsorção de água é o gradiente osmótico transtubular, estabelecido pela reabsorção de soluto (p. ex., NaCl, glicose)
- A reabsorção de Na+ e outros solutos diminui a osmolalidade do fluido tubular e aumenta a osmolalidade do espaço intercelular tubular → água flui para esse último espaço, na tentativa de manter o equilíbrio eletrolítico → as membranas apical e basolateral dessas células possuem canais de aquaporina 
- O acúmulo de fluido e de solutos no espaço intercelular lateral aumenta a pressão hidrostática nesse compartimento → força o fluido e os solutos para os capilares[footnoteRef:2] [2: A pressão oncótica da proteína nos capilares peritubulares está alta devido ao processo de filtração glomerular → facilita a captação de fluido e solutopara dentro do capilar] 
- Em resumo, a absorção da água segue a reabsorção de solutos no túbulo proximal. Mas para isso, primeiramente deve haver a reabsorção de Na+, que puxa outros solutos, que puxa água e deixa esse ambiente quase isosmótico no começo e no fim do túbulo proximal 
· Reabsorção de proteínas
- As proteínas filtradas pelo glomérulo são reabsorvidas no túbulo proximal. Os hormônios peptídicos, pequenas proteínas e pequenas quantidades de proteínas grandes, como a albumina, são filtradas pelo glomérulo → apenas pequena porcentagem de proteínas passa pelo glomérulo e entram no espaço de Bowman
- Proteínas entram nas células por endocitose intactas ou sendo parcialmente degradadas pelas enzimas na superfície de células do túbulo proximal → as proteínas e peptídeos na célula tubular são digeridas nos aminoácidos constituintes pelas enzimas → deixam a célula, através da membrana basolateral, pelas proteínas de transporte → são devolvidas para o sangue. No entanto, esse processo pode ser facilmente saturado, então o aumento do número de proteínas filtradas pelo glomérulo causa proteinúria. Esse cenário também pode acontecer em casos de ruptura da barreira de filtração glomerular -> comum em doenças renais 
· Secreção de ânions e cátions orgânicos 
- Desempenha papel-chave na limitação do corpo aos compostos tóxicos derivados de reservas endógenas e exógenas (p.ex. xenobióticos)
- Muitos dos ânions e cátions orgânicos secretados pelo túbulo proximal são os produtos finais do metabolismo, que circulam no plasma
- Ocorre secreção de numerosos compostos orgânicos exógenos (fármacos e compostos tóxicos) → muitos deles podem se ligar às proteínas plasmáticas, não sendo prontamente filtradas → pequena proporção dessas substâncias potencialmente tóxicas são eliminadas do corpo via excreção apenas após sua filtração ou são secretadas dos capilares peritubulares para o fluido tubular. Esses mecanismos secretórios são muito potentes e removem quase todos os ânions e cátions orgânicos do plasma que entram nos rins → essas substâncias são removidas do plasma por filtração e por secreção
· Mecanismos de transporte de ânions orgânicos (AO-s): 
- Essa via tem intensidade máxima de transporte, baixa especificidade 
· Mecanismos de transporte de cátions orgânicos (CO+s):
- São captados pelas células por meio de diversos transportadores com diferentes especificidades de substratos através da membrana basolateral 
· Alça de Henle:
- Reabsorve aproximadamente 25% do NaCl (quase todo no segmento ascendente espesso) filtrado e 15% da água filtrada (no segmento descendente fino). Consiste em três segmentos funcionalmente distintos: o segmento descendente fino, o segmento ascendente fino e o segmento ascendente espesso. Os segmentos descendente fino e ascendente fino têm membranas epiteliais finas, sem bordas em escova, poucas mitocôndrias e níveis mínimos de atividade metabólica
· Segmento descendente fino
- Muito permeável à água, devido aos canais de aquaporina. É onde OCORRE TODA A REABSORÇÃO DE ÁGUA da alça de Henle
· Segmento ascendente fino
- Reabsorve NaCl por MECANISMO PASSIVO. A reabsorção de água no ramo descendente fino aumenta muito a [NaCl] no fluido tubular que entra no ramo ascendente fino. Isso faz com que o NaCl se difunda do fluido tubular para o interstício medular → transporte paracelular[footnoteRef:3] (mas com capacidade de reabsorção menor do que o ascendente espesso) [3: Pelas junções fechadas] 
· Segmento ascendente espesso
- Tem células epiteliais espessas, apresentando alta atividade metabólica, capazes de REABSORÇÃO ATIVA DE Na+, Cl- e K+
- Da mesma forma que no túbulo proximal, a reabsorção de outros solutos no segmento espesso da alça de Henle
ascendente está intimamente ligada à capacidade de reabsorção da bomba Na+-K+-ATPase → mantém ↓ [Na+] intracelular → produz gradiente favorável para movimentação de Na+ do lúmen tubular para a célula, mediada pelo cotransportador simporte 1Na+/2Cl-/1K+ na membrana apical. Na membrana apical também vai ter um canal de efluxo de K+ que possibilita a reciclagem desse íon → como a [K+] no fluido tubular é relativamente baixa, esse K+ é necessário para a operação continuada do simporte 1Na+/1K+/2Cl–. A reabsorção de Na+ também ocorre através do antiporte Na+/H+, com secreção de H+ (com reabsorção de BIC) → Na+ deixa a célula através da membrana basolateral via Na+,K+-ATPase, enquanto K+, Cl– e HCO3– deixam a célula através da
membrana basolateral por vias distintas	Comment by Andressa Pereira: CURIOSIDADE: Esse segmento é o local de ação dos potentes diuréticos de alça, como a furosemida, que age inibindo a ação desse cotransportador	Comment by Andressa Pereira: Uma mutação nesse canal, ou no simporte 1Na+/1K+/2Cl- ou no canal basolateral de Cl- pode causar a Síndrome de Bartter, uma doença genética autossômica recessiva, caracterizada pela hipocalemia, alcalose metabólica e hiperaldosteronismo, diminuindo a reabsorção de NaCl e a reabsorção de K+ pelo ramo ascendente espesso, que, por sua vez, causa hipocalemia e diminuição no volume do LEC. A queda do volume do LEC estimula a secreção de aldosterona que, por sua vez, estimula a reabsorção de NaCl e a secreção de H+ pelo túbulo distal e ducto coletor
- Também ocorre reabsorção paracelular significativa de cátions, como Mg++, Ca++, Na+ e K+, devido à carga ligeiramente positiva no lúmen, em relação ao interstício → Embora o cotransportador de 1Na+/2Cl-/1K+ mova quantidades iguais de cátions e ânions para dentro da célula, existe esse discreto retrovazamento de K+ para o lúmen, criando carga positiva de cerca de +8 milivolts no lúmen tubular → Mg++ e Ca++ se difundem do lúmen tubular, pelo espaço paracelular, para o líquido intersticial
- Esse segmento é IMPERMEÁVEL À ÁGUA → maior parte da água que chega a esse segmento permanece no túbulo, apesar da reabsorção de grandes quantidades de soluto. O líquido tubular no componente ascendente se torna muito diluído à medida que flui em direção ao túbulo distal, característica importante para permitir que os rins diluam ou concentrem a urina sob condições diferentes 
- Em resumo, a reabsorção de NaCl nesse segmento ocorre por vias paracelular e transcelular (50% de cada) e é conhecido como SEGMENTO DILUIDOR
· Túbulo distal e ducto coletor:
- Reabsorvem cerca de 8% do NaCl filtrado, secretam quantidades variáveis de K+ e H+ e reabsorvem água, variando de (8% a 17%)
· Segmento inicial do túbulo distal 
- Forma a mácula densa, um grupo de células epiteliais agrupadas, fornecendo controle por feedback da FG e do fluxo sanguíneo no mesmo néfron
- Reabsorve Na+, Cl- e Ca++, é IMPERMEÁVEL À ÁGUA. A entrada de NaCl na célula através da membrana apical é mediada por um simporte de Na+-Cl–. O Na+ deixa a célula via ação de Na+,K+-ATPase e o Cl– deixa a célula via difusão
pelos canais de Cl– → a diluição do fluido tubular começa no segmento ascendente espesso e continua no segmento inicial do túbulo distal → esse segmento parece muito com o segmento espesso da alça de Henle por ser diluidor também 	Comment by Andressa Pereira: CURIOSIDADE: Os diuréticos tiazidíacos, muito usados para o tratamento de distúrbios como hipertensão e
insuficiência cardíaca, inibem o cotransportador de sódio e cloreto
· Segmento final do túbulo distal e ducto coletor 
- Compostos por dois tipos de células: principais e intercaladas e consegue reabsorver água, diferente do inicial
· Células principais -> reabsorvem Na+ e água (muito pouco) e secretam K+. A reabsorção de Na+ e a secreção de K+ dependem da atividade da Na+,K+-ATPase, na membrana basolateral → ↓[Na+] intercelular faz com que o Na+ luminal se movimente para a célula por difusão pelos canais seletivos de Na+ nas células epiteliais (carga negativa intracelular também facilita a entrada). O Na+ deixa a célula através da membrana basolateral e entra no sangue via ação da Na+,K+-ATPase. A reabsorção de Na+ gera voltagem luminal negativa no final do túbulo distal e do ducto coletor que gera força propulsora para também reabsorverCl–, pela via paracelular. A água é reabsorvida através das células principais e do ducto coletor → mediada pelos canais de aquaporina, nas membranas apical e basolateral → na presença de hormônio antidiurético (ADH), a água é reabsorvida. Em contrapartida, na ausência do ADH, o túbulo distal e o ducto coletor reabsorvem pouca água
· Células intercaladas -> secretam H+ ou HCO3- (tipo A e B) e são importantes na regulação do balanço ácido-básico
· TIPO A → secretam H+ e reabsorvem K+ mediante um transportador antiporte H+-K+-ATPase na membrana apical -> para cada H+ secretado, um HCO3- fica disponível para reabsorção através da membrana basolateral -> mecanismo importante de controle para acidose 
· TIPO B → oposto ao tipo A, secretam HCO3- para o lúmen, enquanto reabsorvem H+ na alcalose 
· Mecanismo de contracorrente:
- As células do segmento descendente fino são livremente permeáveis à água e aos sais. Por essa razão, o movimento da água reage às forças osmóticas neste microambiente. O segmento ascendente fino é relativamente impermeável à água, mas os sais podem entrar ou sair do túbulo, dependendo das condições do interstício
- Conforme ascende, o ultrafiltrado passa a conter cada vez menos íons; portanto, a quantidade de sais que pode ser transferida para o interstício diminui → osmolaridade da medula é maior que a do córtex
· Regulação da reabsorção de NaCl e água
· Angiotensina: tem efeito estimulador potente
sobre a reabsorção de NaCl e água, no túbulo proximal, efeito na reabsorção de Na+ no ramo ascendente fino da alça de Henle, no túbulo distal e no ducto coletor. A diminuição do volume do fluido extracelular (LEC) ativa o sistema renina angiotensina-aldosterona -> ↑ concentração plasmática da angiotensina II
· Aldosterona: sintetizada pelas células glomerulares no córtex suprarrenal, também tem efeito estimulador sobre a reabsorção de NaCl. Atua sobre o ramo ascendente espesso da alça de Henle (menor efeito), túbulo distal e ducto coletor. Nesses últimos, estimula a secreção de K+ e aumenta a quantidade de simportes de Na+/Cl-, com aumento das Na+-K+-ATPase, o que favorece voltagem negativa no lúmen dos ductos e favorece a reabsorção de Cl- por via paracelular. A secreção desse hormônio é estimulada em condições de hipercalemia sanguínea e pela angiotensina II, assim como pelos peptídeos natriuréticos. Pela sua estimulação da reabsorção de NaCl no ducto coletor, a aldosterona também aumenta indiretamente a reabsorção de água por esse
segmento do néfron
· Peptídeo natriurético atrial (PNA) e peptídeo natriurético cerebral (PNC): a secreção do PNA, pelos átrios cardíacos, e do PNC, pelos ventrículos cardíacos, é estimulada pela elevação da pressão arterial e aumento do volume de LEC (condições de edema). Os PNA e PNC ↓ pressão arterial pela redução da resistência periférica total e melhora da excreção urinária de NaCl e de água, inibindo a reabsorção de NaCl, pela porção medular do ducto coletor e inibindo a ação do ADH no ducto coletor. Além disso, o PNA e o PNC também reduzem a secreção de ADH pela hipófise posterior
· Catecolaminas: liberadas pelos nervos simpáticos
(norepinefrina) e medula da suprarrenal (epinefrina)
estimulam a reabsorção de NaCl e água pelo ramo ascendente espesso da alça de Henle, túbulo
proximal, túbulo distal e ducto coletor. Embora os nervos simpáticos não fiquem ativos quando o volume do LEC é normal, quando o volume de LEC diminui (p. ex., após hemorragia), a atividade dos nervos simpáticos aumenta e estimula a reabsorção de NaCl e água por esses quatro segmentos do néfron. 
· ADH: é o hormônio mais importante para regular a reabsorção de água nos rins, é secretado pela glândula hipófise posterior em resposta ao aumento da osmolalidade do plasma ou diminuição do volume de LEC. O ADH aumenta a permeabilidade do ducto coletor para água e tem pequeno efeito sobre a excreção urinária de NaCl
· Forças de Starling: regulam a reabsorção de NaCl
e de água, pelo túbulo proximal. Essas forças presentes entre este espaço e os capilares peritubulares facilitam o movimento do fluido reabsorvido para os capilares
· Pressão hidrostática: através da parede dos capilares peritubulares (Ppc) e do espaço intercelular lateral (Pi)
· pressão oncótica: no capilar peritubular (πpc) e o espaço intercelular lateral (πi)
A reabsorção de água como resultado do transporte de Na+ do fluido tubular para o espaço lateral intercelular é modificada pelas forças de Starling. Normalmente, a soma dessas forças favorece o movimento do soluto e da água, do espaço intersticial para o capilar
A importância das forças de Starling na regulação da
reabsorção de soluto e de água pelo túbulo proximal é
destacada pelo balanço túbulo-glomerular (G-T), que tem função de reduzir o impacto das variações da IFG sobre a quantidade de Na+ e água que são excretadas na urina
1 Primeiro mecanismo → relacionado às diferenças de pressão oncótica e hidrostática, entre os capilares peritubulares e o espaço intercelular lateral. O aumento da IFG aumenta a concentração de proteína no plasma do capilar glomerular acima do normal. Esse plasma chega nos capilares peritubulares e aumenta a pressão oncótica dos capilares, que promove aumento do movimento de solutos e fluidos do espaço lateral intercelular para os capilares peritubulares, aumentando a reabsorção de soluto e água pelo túbulo proximal
2 Segundo mecanismo → desencadeado pelo aumento da carga filtrada de glicose e de aminoácidos. Como discutido, a reabsorção de Na+, na primeira metade do túbulo proximal, é acoplada à glicose e aos aminoácidos. A intensidade de reabsorção de Na+ depende, parcialmente, da carga filtrada de glicose e de aminoácidos. À medida que a IFG e a carga filtrada de glicose e de aminoácidos aumentam, a reabsorção de Na+ e água também aumentam
3 Terceiro mecanismo → aumento da IFG, com o aumento da quantidade filtrada de Na+ estimula o feedback tubuloglomerular. Essa ação restabelece a IFG e a filtração de Na+ a seus valores normais. Assim, se ocorrerem variações espontâneas da IFG, a quantidade de Na+ filtrada só aumenta por alguns minutos
OBJETIVO 3) Anatomia e histologia das vias excretoras
· Histologia 
· Bexiga e vias urinárias:
- Cálices, pelves, ureteres e bexiga têm a mesma estrutura básica, mas o epitélio vai se tornando mais espesso no sentido da bexiga
· Mucosa 
- Formada pelo epitélio de transição (pregas), com lâmina própria de tec. Conj. frouxo ou denso ñ modelado, possui glândulas mucosas no orifício da uretra. As células mais superficiais do epitélio fazem a barreira osmótica entre a urina e os fluidos teciduais → membrana plasmática em contato com a urina é especializada, apresentando placas espessas separadas por faixas de membrana mais delgada (células em raquete). Quando a bexiga se esvazia, a membrana se dobra nas regiões delgadas, e as placas espessas se invaginam e se enrolam, formando vesículas fusiformes, que permanecem próximo à superfície celular (região interplacas). Quando a bexiga se enche, ocorre processo contrário (região de placas)
Figura 1 bexiga vazia
Figura 2 bexiga cheia
· Túnica muscular
- Realiza ondas peristálticas. Dividida em longitudinal interna, circular média (músculo esfíncter interno da uretra), na porção inferior do ureter surge a longitudinal externa
· Adventícia ou serosa
- As vias urinárias são envolvidas externamente por uma membrana adventícia, exceto a parte superior da bexiga, que é coberta por membrana serosa (peritônio)
· Anatomia 
· Ureteres:
- Podem ser divididos em (prova prática) parte abdominal e parte pélvica. Aderem intimamente ao peritônio parietal e têm trajeto retroperitoneal. Apresentam constrições em três locais, o que impede que ocorra refluxo da urina e são possíveis locais também para obstrução por cálculos renais
· Junção dos ureteres e pelves renais 
· Junção com os vasos ilíacos
· Junção dos ureteres com a bexiga 
· Vascularização e inervação
- Parte abdominal → ramos das artérias renais, artérias gonadais (menos constantes), parte abdominal da aorta e artériasilíacas comuns → esses ramos vão se aproximando do ureter medialmente, sendo divididos em ramos ascendente e descendente, formando anastomoses longitudinais na parede do ureter 
- Parte pélvica → ramos das artérias ilíacas comuns e internas, anastomosam-se formando uma vascularização contínua
- A drenagem venosa ocorre paras as veias renais e gonadais
- A drenagem linfática da parte superior pode se unir a do rim ou seguir diretamente para os linfonodos lombares; a média e inferior drenam para os linfonodos ilíacos comuns
- A inervação provém dos plexos renal, aórtico abdominal e hipogástrico superior. As fibras aferentes viscerais que conduzem a sensação de dor acompanham as fibras simpáticas retrógradas até os gânglios sensitivos espinais
· Bexiga:
- Víscera oca com fortes paredes musculares, caracterizada por sua distensibilidade, varia em tamanho, formato, posição e relações de acordo com seu conteúdo. É inferior ao peritônio, apoiada sobre o púbis e a sínfise púbica, anteriormente, e sobre a próstata (homens) ou parede anterior da vagina (mulheres), posteriormente
Vazia → localizada na pelve menor -> parcialmente superior e parcialmente posterior aos ossos púbicos 
Cheia → entra na pelve maior -> ascende no tecido adiposos extraperitoneal da parede abdominal anterior -> em alguns indivíduos pode chegar até o nível do umbigo 
- Divide-se (quando vazia) em:
Ápice → aponta em direção à margem superior da sínfise púbica 
Fundo → oposto ao ápice 
Corpo → entre o ápice e o fundo
Colo → afunilação e formação da uretra 
- As paredes são formadas pelo músculo detrusor. Em direção ao colo, as fibras musculares formam o músculo esfíncter interno da uretra (involuntário), com seu óstio interno da uretra	Comment by Andressa Pereira: No homem, durante a ejaculação, esse esfíncter se fecha para impedir a ejaculação retrograda 
- Os óstios dos ureteres, juntamente com o óstio interno da uretra, estão no trígono da bexiga, que forma uma elevação, chamada de úvula da bexiga	Comment by Andressa Pereira: São circundados por alças do músculo detrusor, que se contraem quando a bexiga urinária se contrai para ajudar a evitar o refluxo de urina para o ureter
· Vascularização e inervação
- Principais artérias são: ramos das aa ilíacas internas, aa vesicais superiores (parte anterossuperior). Nos homens, aa vesicais inferiores irrigam a parte posteroinferior, nas mulheres, são as aa vaginais
- Principais veias são: correspondem às artérias e são tributárias das veias ilíacas internas. Nas mulheres, o plexo venoso vesical comunica-se com o plexo venoso uterovaginal. Nos homens, esse plexo é contínuo com o plexo venoso prostático 
- A inervação acontece por fibras simpáticas através dos plexos e nervos hipogástricos; as fibras parassimpáticas são conduzidas pelos nervos esplâncnicos pélvicos e plexo hipogástrico inferior → as parassimpáticas são motoras para o músculo detrusor e inibitórias para o músculo esfíncter interno da uretra 
· Uretra:
· Feminina
- Possui 2 a 5 cm de comprimento, se abre no pudendo. Segue do óstio interno da uretra feminina até o óstio externo da uretra feminina, localizado no períneo, diretamente anterior ao óstio da vagina. Possui glândulas que são homólogas à próstata, as glândulas uretrais → ducto parauretral comum que se abre de cada lado perto do óstio externo da uretra	Comment by Andressa Pereira: Região do corpo humano que começa, para as mulheres na parte de baixo da vulva e estende-se até o ânus. No homem, localiza-se entre o saco escrotal e o ânus. O períneo compreende um conjunto de músculos e aponeuroses que encerram o estreito inferior da escavação pélvica, sendo atravessada pelo reto, atrás, e pela uretra e órgãos genitais adiante.
· Masculina
- Possui de 18 a 22 cm de comprimento. Segue do óstio interno da uretra masculina até o ostio externo da uretra masculina, localizado na glande do pênis. Divide-se em 4 partes:
Intramural
Prostática 
Membranácea
Esponjosa 
OBJETIVO 4) Fisiologia da micção
- Quando as fibras aferentes viscerais são estimuladas por estiramento, ocorre contração reflexa da bexiga urinária, relaxamento do músculo esfíncter interno da uretra e a urina flui para a uretra, por conta da inervação parassimpática
- A inervação simpática, que a ejaculação, causa simultaneamente a contração do músculo esfíncter interno da uretra para evitar refluxo de sêmen para a bexiga urinária. Uma resposta simpática para a micção (p. ex., constrangimento ao estar no mictório na frente de uma fila de espera) pode causar contração do músculo esfíncter interno, prejudicando a capacidade de urinar até que haja inibição parassimpática do esfíncter
OBJETIVO 5) Síndrome de Bartter
- A etiopatogênese da Síndrome de Bartter é desconhecida, sendo aventadas uma série de hipóteses baseadas em seus achados fisiopatológicos, com ênfase à que preconiza uma disfunção tubular renal no transporte e na reabsorção de íons sódio (Na+) e cloro (Cl-) ao nível da porção espessa ascendente da alça de Henle. 4, 5 Além disto, destacam-se o estado de hiporresponsividade vascular a agentes pressóricos, 6, 7, 8 a produção aumentada de prostaglandinas vasodilatadoras (sobretudo PG E2), 9 os distúrbios no transporte tubular renal de outros íons como magnésio (Mg++)10 e cálcio (Ca++), 11 bem como a presença de desordens hereditárias relacionadas.
- Os achados laboratoriais compreendem um quadro de hipopotassemia, alcalose metabólica, hiperaldosteronismo e hiperreninismo, podendo se acompanhar de hipomagnesemia, hipocloremia, hipercalciúria e comprometimento da capacidade de concentração e diluição urinária. 1, 3, 15 À biópsia renal verifica-se a hiperplasia do aparelho justaglomerular, que embora não seja patognomônica da Síndrome de Bartter, serve como um de seus indícios histopatológicos mais sugestivos

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