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Integração Sensorial

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INTEGRAÇÃO SENSORIAL
Autoria: Gisele Cristina Manfrini Fernandes
 Gizela Leite
Indaial - 2020
UNIASSELVI-PÓS
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Impresso por:
F363i
Fernandes, Gisele Cristina Manfrini
Integração sensorial. / Gisele Cristina Manfrini Fernandes; Gize-
la Leite. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
111 p.; il.
ISBN 978-65-5646-093-2
ISBN Digital 978-65-5646-094-9
1. Estimulação sensorial. - Brasil. I. Leite, Gizela. II. Centro Uni-
versitário Leonardo Da Vinci.
CDD 615.82
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Introdução à Integração Sensorial ........................................... 7
CAPÍTULO 2
Como Lidar com os Processamentos Sensoriais ................... 37
CAPÍTULO 3
A Estimulação e a Desorganização no Cotidiano ................... 71
APRESENTAÇÃO
Olá acadêmico! É com grande satisfação que damos início à disciplina de 
Integração Sensorial. O principal objetivo da disciplina é abordar conceitos neces-
sários que fundamentem a compreensão sobre o ser humano com uma desordem 
sensorial. Além disso, instrumentalizar os profissionais para que auxiliem a pes-
soa com desordem sensorial e os demais que estão em seu entorno. A finalidade 
é desenvolver competências positivas para se transformar o momento da desor-
dem mais suave e menos danoso.
Vale lembrar que atualmente existem estudos em todo o mundo. Segundo o 
Grupo de estudo Tismoo Biotecnologia (2017), a incidência das disfunções senso-
riais em autistas varia entre 45% a 96%. Tais disfunções são clinicamente únicas, 
assim como são os casos das pessoas no TEA. As disfunções sensoriais prejudi-
cam o modo como essas pessoas interpretam o mundo físico ao seu redor e podem 
alterar o curso de uma vida toda dependendo de como forem as experiências com 
o mundo. Entender essas condições de saúde que afetam pessoas no espectro do 
Autismo é muito importante para a qualidade de vida não só delas, mas também 
de seus familiares e da sociedade como um todo. Porém, não se restringe a autis-
tas somente. Embora qualquer pessoa não autista possa experimentar desordens 
sensoriais, o que difere é a capacidade de (re)organizar cada sistema sensorial por 
vez. Na pessoa autista, a grande maioria de desordens sensoriais ocorre ao mesmo 
tempo, tornando-se um desafio a (re)organização sem uma crise. 
O estudo desta disciplina proporcionará um apoio pedagógico para você ini-
ciar seus conhecimentos no manejo com a pessoa autista, seja no contexto esco-
lar, social, de saúde e de lazer.
Iniciaremos com o fundamento da Teoria de Integração Sensorial de AYES 
(ASI). Aprenderemos as diferenças entre a Integração Sensorial e a Estimulação 
Sensorial e também sobre como pode ocorrer uma desorganização sensorial.
Em seguida, estudaremos os processos de modulação sensorial mostrando 
como estamos cercados de estímulos a todo momento e como reagimos a estes 
no dia a dia, sejam eles: o ar, o sol, a brita, o barulho a risada de uma criança, a 
luz, a comida e tudo o que pode alterar a nossa percepção ao estímulo oferecido. 
Por fim, estudaremos a importância de estar exposto aos estímulos no convívio 
familiar ou nas atividades esportivas.
Esperamos que com esse estudo você consiga desenvolver a visão ampla 
para melhor enxergar e compreender o mundo sensorial que nos envolve a todo 
momento e, desta forma, compreender e auxiliar as pessoas com autismo.
Bons estudos!
Professoras Gizela Leite e Gisele Cristina Manfrini Fernandes
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO 
SENSORIAL
A partir da perspectiva do saber-fazer são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
Saber:
 Conhecer breve histórico sobre a Teoria de Integração Sensorial de AYRES 
(ASI). 
 Compreender os sistemas sensoriais do ser humano.
 Entender as possíveis causas de uma desorganização sensorial.
Fazer:
 Intervir no processo de estimulação sensorial.
 Agir num momento de desordem sensorial.
8
 Integração Sensorial
9
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, apresentaremos algumas noções da Teoria de Integração 
Sensorial de Ayres e discutiremos a importância da sincronia de todos os siste-
mas no nosso organismo. Afi nal, somos uma engenharia perfeita e se algo desre-
gula, interferem diretamente em nossas vidas e atividades. 
 Como podemos, no nosso cotidiano, estimular sensorialmente as pessoas e 
qual a diferença entre a integração sensorial e a estimulação sensorial?
E quando ocorre uma desorganização sensorial ou uma crise, neste caso 
considerados sinônimos, o por quê desta crise e o que devemos fazer para acal-
mar esta pessoa? Muitas vezes, nem sabemos o motivo que causou essa crise, 
se foi por um som muito alto ou uma roupa que incomoda. Por isso, é interessante 
conhecer melhor nossa “máquina” humana, a fi m de auxiliar os autistas ou outras 
pessoas a compreender o que está acontecendo.
2 INTEGRAÇÃO SENSORIAL 
Atualmente, muito se fala da Teoria de Integração Sensorial, principalmente 
como uma das comorbidades nos autistas, mas sabemos que todos os seres hu-
manos apresentam alguma disfunção sensorial. 
Fazendo uma retrospectiva histórica nos estudos iniciais sobre o autismo, 
Caminha (2013) nos apresenta alguns dados interessantes a serem pensados. 
Kanner (1943 apud Caminha, 2013), não desconsiderou o aspecto sensorial do 
quadro autístico, mas também não elaborou nenhuma hipótese sensorial. Do pon-
to de vista do autor, o barulho e/ou o movimento por si só, não eram o objeto de 
perturbação das crianças, mas, sim, o fato de serem originados de fontes exter-
nas e poderem “invadir” a criança”. 
A primeira versão de uma hipótese sensorial do autismo foi, em 1949, de-
fendida por Bergman e Escalona, onde os autistas nasciam com um alto grau de 
sensibilidade e por isso criavam defesas. A batalha da criança para lidar com a 
sensibilidade sensorial resultava em problemas no desenvolvimento que teriam 
como refl exos os sintomas descritos por Kanner (CAMINHA, 2013). 
As sensações e percepções sensoriais são intrínsecas ao nosso corpo, a 
compreensão dos sentidos se faz através de nosso corpo. É necessário que este 
passe a ser visto e entendido como um campo sensorial que fornece informações 
10
 Integração Sensorial
para as ações serem realizadas. Franco Boscaini (1985 apud Pereira, 2017) re-
lata que segundo o corpo é a síntese dos modos de ser do indivíduo, o corpo é 
matéria, mas também psique, emoção, linguagem, história, presente, passado e 
futuro. Desta maneira, tudo passa pelo corpo e por ele é percebido e sentido, pro-
porcionando emoções, descobertas e aprendizagens distintas (BOSCAINI, 1985 
apud PEREIRA, 2017).
Dentro deste entendimento de corpo, como campo sensorial, temos de com-
preender como acontece a teoria de Integração Sensorial que realiza a integração 
de todos os sentidos para que o processo de aprendizagem e desenvolvimento 
humano possa ocorrer de maneira biopsicossocial.
 
Segundo Ayres (1979), o funcionamento cerebral e a forma como 
a informação sensorial é processada tem um forte impacto no compor-
tamento adaptativo da criança, defendendo a importância do estudo da 
organização da sensação para o uso. A organização sensorial será efe-
tiva através da integraçãodos sentidos ou através da estimulação do 
sentido que não está realizando o seu “papel” corretamente e causando 
alterações no equilíbrio deste indivíduo.
A teoria desenvolvida por Ayres na década de 1960, desenvolveu o 
conceito de que a integração sensorial tem infl uências no processo de 
aprendizagem e nos nossos comportamentos. A integração dos senti-
dos foi identifi cada como um processo cerebral que leva à organização 
e interpretação de informações que recebemos dos nossos sentidos 
(SERRANO, 2016). 
 Para Correia (2015), a Integração Sensorial é um processo neu-
rofi siológico que se refere à capacidade cerebral de organizar e inter-
pretar a informação proveniente dos diferentes sistemas sensoriais, 
mediante o confronto de tal informação com aprendizagens anteriores 
e memórias armazenadas no cérebro. Inclui o registo, modulação, in-
tegração e organização de informações sensoriais (CORREIA, 2015). 
São três os postulados que a teoria de integração sensorial tem como base: o 
primeiro, refere-se à capacidade de processamento da informação sensorial pelo 
Sistema Nervoso Central (SNC), sendo esta, posteriormente, utilizada para o pla-
neamento e organização do comportamento, intimamente ligada à aprendizagem 
(relativo ao desenvolvimento normal). O segundo assume que, na presença de 
défi cits na integração dos inputs sensoriais (internos ou externos), estes podem 
induzir difi culdades na realização de movimentos e, consequentemente, proble-
mas ao nível da aprendizagem e comportamento (referente às disfunções de in-
tegração sensorial). O terceiro, considera que quando se promovem experiências 
A teoria 
desenvolvida por 
Ayres na década de 
1960, desenvolveu 
o conceito de que a 
integração sensorial 
tem infl uências 
no processo de 
aprendizagem 
e nos nossos 
comportamentos. 
A integração 
dos sentidos foi 
identifi cada como 
um processo 
cerebral que leva 
à organização e 
interpretação de 
informações que 
recebemos dos 
nossos sentidos 
(SERRANO, 2016).
11
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
sensoriais, através de atividades signifi cativas e dirigidas especifi camente para o 
indivíduo em questão, promovendo o planejamento motor e reações adaptativas, 
favorece-se a capacidade de processamento sensorial, conduzindo a uma poten-
cialização da aprendizagem e melhoria do comportamento (CAMINHA 2016). 
Para Edmans (2004 apud Durão, 2014), os inputs sensoriais se referem às 
funções receptivas: à capacidade para selecionar, adquirir, classifi car e integrar as 
informações, isto é, a sensação, percepção, atenção e concentração (DURÃO, 2014).
Para se entender a Integração Sensorial é preciso perceber a interligação 
entre estes sentidos no ser humano. As funções destes sistemas vão além das 
básicas que já conhecemos como, a pele proteção, ouvido audição, nariz olfato, 
boca paladar e alimentação e olho visão. Vamos então descobrir alguns segre-
dos sobre tais sistemas. Além destes sistemas existem mais quatro outros tão im-
portantes: o vestibular, proprioceptivo, o reticular e o límbico (SERRANO, 2016).
Pereira (2017) ao referenciar o corpo como sensorial, por ser um veículo tão 
importante para a comunicação e a expressão das manifestações para o mun-
do. O coloca como mediador das relações com o mundo e torna possível formar 
conceitos sobre as experiências vividas e aplicar tais experimentações em ativi-
dades futuras. O não reconhecimento deste corpo sensorial enquanto vinculo de 
comunicação interfere no desenvolvimento do ser humano, mas no autista difi cul-
ta suas interações consigo e com o mundo. 
No livro “O que me faz pular” de Naoki Higashida (2014, p. 98) 
o autor relata sua própria experiência autista em relação ao 
corpo sensorial: “[...] nós nunca sentimos que nossos corpos 
de fato nos pertencem. Eles estão sempre agindo sozinhos e 
escapando de nosso controle. Aprisionado lá dentro, lutamos o 
tempo todo para que façam o que mandamos” (HIGASHIDA, 
2014, p. 98 apud PEREIRA, 2017, p. 23).
A base dos processos de integração sensorial situa-se nos níveis corticais 
inferiores, especifi camente, no tálamo (processamento da informação somatos-
sensorial - tátil e propriocetiva) e no tronco cerebral (informação vestibular), sendo 
responsáveis por fi ltrar e aperfeiçoar a informação sensorial, antes de enviar as 
mensagens organizadas para o córtex (AYRES, 1979). Então, quais são estes 
sistemas sensoriais que Ayres tanto fala? A Figura 1, representa os sistemas sen-
soriais, que são interligados como todo aos sistemas do corpo humano.
12
 Integração Sensorial
FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DOS SISTEMAS SENSORIAIS
FONTE: <http://blog.gazinatacado.com.br/marketing-sensorial-na-hotelaria-os-
-cinco-sentidos-e-a-experiencia-do-hospede/>. Acesso em: 11 maio 2020.
Diante do exposto, iremos descrever cada sistema sensorial, relatando sua 
importância para o desenvolvimento biopsicossocial deste corpo sensorial e algu-
mas alterações que também interferem neste processo de aprendizagem.
2.1 SISTEMA SENSORIAL TÁTIL
Este sistema nos possibilita compreender o meio que nos rodeia para regular 
respostas, denominadas de autorregulação. Durante toda a nossa vida, iremos re-
ceber informações táteis, pois este sistema nos possibilita bem-estar e regulação 
emocional dentre outras, quando nos permitimos ser tocados (PEREIRA, 2017).
13
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
 A pele é o maior órgão do corpo humano e, além de outras funções, é res-
ponsável pelo tato. É através dela que percebemos sensações como calor e dor. 
A pele possui milhares de células receptoras em sua superfície. Dentre essas cé-
lulas, encontramos os corpúsculos de Pacini. O corpúsculo é um mecanorrecep-
tor que capta estímulos mecânicos, como movimentos ou alterações na pressão, 
e os transmite, na forma de impulsos elétricos, para o sistema nervoso central. 
Este sistema transmite informações proprioceptivas e sinestésicas conscientes e 
inconscientes, tais como toque, pressão, localização, contorno, qualidade e deta-
lhes espaciais de estímulos mecânicos. Os proprioceptores e as informações tra-
zidas por eles são essenciais para a consciência da posição dos membros e seus 
movimentos, o que é comumente referido como sentido sinestésico (SERRANO, 
2016; TORTORA; DERRICKSON 2016). 
É através deste sistema que descobrimos o mundo. Ele é o primeiro a ser 
formado intraútero, por volta da 5ª semana gestacional. Fornece informações tátil 
de localização interna e externa do corpo e da cabeça. Para Serrano (2016) e 
Pereira (2017) é através do sistema tátil que iniciamos o processo de aquisição de 
uma competência essencial ao ser humano: regular suas respostas ao meio que 
nos rodeia é fundamental para termos noções de nosso próprio corpo e também 
no processo de aprendizagem. Na aprendizagem formamos conceitos sobre os 
objetos por exemplo: texturas, formas, tamanhos dentre outros.
FIGURA 2 - FUNÇÕES DO SISTEMA SENSORIAL TÁTIL
FONTE: <https://bit.ly/2yzKCG5>. Acesso em: 11 maio 2020.
Russo (2019) relata que nem todo mundo gosta de ser tocado se 
apresenta alguma alteração no sistema sensorial tátil, mas para pessoas 
com TEA isso é mais do que uma simples preferência é uma desordem 
14
 Integração Sensorial
sensorial. O cérebro deles funciona de outra forma, e o toque é uma for-
ma de expressar as emoções, estabelecer intimidade e manter vínculos 
sociais. Foi comprovado ao examinar cérebros de pessoas com TEA que 
ao serem tocadas reagiam como se tivesse uma fobia. As pessoas com 
autismo são fi siologicamente afetadas pelo toque e fi cam desconfortáveis 
com essa situação.
2.2 SISTEMA SENSORIAL 
VESTIBULAR
O sistema vestibular, é composto por um grupo de órgãos localizados no ou-
vido interno do ser humano que apresenta como função a manutenção do equilí-
brio. Nos humanos, este sistema é composto pelos três canais semicirculares que 
se fundem numa região central denominada vestíbulo,que apresenta duas outras 
estruturas vesiculares: o sáculo e utrículo, também conhecidos como órgãos oto-
líticos (SERRANO, 2016).
Os receptores do ouvido interno são estimulados pelos movimentos da ca-
beça, pescoço, olhos e movimentos do corpo em resposta a uma ação. As infor-
mações vestibulares ajudam-nos a manter o equilíbrio e nos informa se estamos 
andando ou parado. É este sistema que age quando fi camos alcoolizados e per-
demos o equilíbrio ao andar (SERRANO, 2016). 
FIGURA 3 - APARELHO VESTIBULAR
FONTE: <https://bit.ly/2MeijQB>. Acesso em 20 de maio de 20202
15
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
Ayres (1979) considera estas informações como crucial para nossa segu-
rança. Este sistema envia continuamente paras os músculos extensores das 
costas, originando uns tônus muscular que nos permite manter sentados sem 
esforço. Se esta informação faltar então iríamos experimentar cansaço. Ajuda-
-nos a mantermos o equilíbrio e informa-nos se estamos em movimento ou pa-
rados, a que velocidade e em que direção nos movemos. Este sistema é um dos 
primeiros a desenvolver in útero.
Este sistema é de fundamental importância para o ser humano. Sua principal 
função é o desempenho motor antigravitacional. É ele que nos permite manter o 
equilíbrio do corpo, se estamos parados ou em movimento, indo para a direita ou 
esquerda, para cima ou para baixo, além de auxiliar diretamente no controle mo-
tor (PEREIRA, 2017).
FIGURA 4 - FUNÇÕES DO SISTEMA SENSORIAL: VESTIBULAR
FONTE: <https://rebecafranz.com.br/servicos>. Acesso em: 11 maio 2020.
O ato de fi car ereto sobre os pés exige a organização e coordenação de 
vários sistemas do corpo humano que realiza constantes regulagens posturais. É 
preciso manter ossos, músculos, ligamentos, articulações, e até mesmo o encaixe 
mandibular, em harmonia, como parte fundamental dos mecanismos de manuten-
ção dos eixos da postura. Isso quando em repouso, ou na intenção de qualquer 
movimento que requeira ajustes do corpo no espaço. Para isso, o sistema postu-
ral é acionado e utiliza, além do ouvido interno (sistema vestibular), outros cap-
tores de sensações como: olhos, pés, dentes, pele, músculos e articulações, os 
quais transmitirão informações permanentes, possibilitando o equilibro do corpo. 
16
 Integração Sensorial
Portanto, esses captores, integrados com o sistema visual, vestibular e somatos-
sensorial, são responsáveis pelo ajuste e controle posturais. O sistema vestibular 
responde a estímulos em aceleração e desaceleração em respostas a movimen-
tos lineares e rotatórios da cabeça. O sistema somatossensorial recebe informa-
ções proprioceptivas sobre os movimentos e posições do corpo. As informações 
sobre a posição do corpo em relação ao meio externo são providas predominante-
mente pelo sistema visual. As conexões nos tratos do tronco encefálico integram 
informações desses três sistemas sensoriais para o controle postural constante, 
por meio de mecanismos de ajustes antecipatórios - prevendo e antecipando uma 
resposta motora a um estímulo conhecido e nos ajustes compensatórios, envol-
vendo respostas às perturbações presentes de equilíbrio. Percepção em movi-
mento A ação voluntária baseia-se em percepções (RHEIN, 2012).
2.3 SISTEMA SENSORIAL OLFATIVO
Sua função e nos dar a capacidade de cheirar e sentir odores. Ele tem uma 
forte relação com o sistema gustativo, condicionando o sabor das comidas e be-
bidas que experimentamos. Para além destes aspectos uma função importante 
na proteção de nossas vias respiratórias e avisa-nos de situações potencialmente 
perigosas, por exemplo, a cheiros que nos coloquem em riscos. Exemplo: tomar 
café de nariz tampado não sentimos o gosto (SERRANO, 2016; TORTORA; DER-
RICKSON, 2016). 
Ao contrário dos outros sistemas ele só se conecta com os demais nos he-
misférios cerebrais. Sua ligação com o sistema límbico faça que nossas experi-
ências olfativas estejam ligadas as nossas emoções. Esta projeção no sistema 
límbico condiciona elementos básicos de comunicação e interação. Por exemplo 
o cheiro da mãe é reconhecido pelo bebe e favorece a sensação de vinculo e tran-
quilidade (SERRANO, 2016).
A integração deste sistema com o sistema gustativo é relacionada ao sabor 
das comidas e também de proteção por exemplo o cheiro forte de produtos quími-
cos ou poluentes (PEREIRA, 2017).
17
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
FIGURA 5 - SISTEMA OLFATIVO
FONTE: <https://bit.ly/3hbv9Mu>. Acesso em: 11 maio 2020.
2.4 SISTEMA SENSORIAL GUSTATIVO
Encontra-se na boca, especifi camente na língua (papilas gustativas), e nos 
dá a sensação dos sabores são eles: doce, azedo, salgado, ácido (SERRANO, 
2016; TORTORA; DERRICKSON, 2016).
 A cultura faz parte deste deleite de sabores, e a experiência de ter um ali-
mento em contato com os receptores da língua e muito mais que saciar a fome, 
é ter contato com outros sistemas sensoriais, sentimos o odor, a temperatura e a 
tessitura do alimento e temos a sensação de retornar a experiências já vividas se-
jam elas agradáveis ou não. Como exemplo a combinação de todas as sensações 
que temos no ato de comer uma maça, por exemplo. E condicionada fortemente as 
nossas experiências por certos alimentos. Esta junção de sensações faz com que 
o sabor, seja uma experiência multissensorial, em que vários sistemas contribuem 
para como o discriminamos. É este aspecto que leva a que não gostemos de alguns 
alimentos, com base na textura ou no cheiro que eles apresentam ou a imagem vi-
sual também interfere neste sentido (SERRANO, 2016; PEREIRA, 2017).
18
 Integração Sensorial
FIGURA 6 - SISTEMA GUSTATIVO
FONTE: <https://bit.ly/2Zg8atB>. Acesso em: 11 maio 2020.
2.5 SISTEMA SENSORIAL AUDITIVO
Os receptores do sistema auditivo fi cam na orelha interna, eles captam estí-
mulos, ondas sonoras, classifi cando-os conforme semelhança e as diferenças o 
tom, o timbre, o volume e a intensidade (PEREIRA, 2017). 
Nascemos com a capacidade de receber os sons e esta capacidade não é 
aprendida: ou ouvimos ou não, mas esta capacidade não garante que se consi-
gam entender sons. Nosso sistema auditivo tem receptores no ouvido interno, 
captando ondes sonoras que irão entrar no sistema de processamento sensorial. 
Juntando-se com os sistemas vestibular, visual e proprioceptivo. Crianças que 
tem disfunção vestibular podem ter alterações no processamento auditivo e de 
linguagem. Isso acontece porque ambos os sistemas trabalham juntos para pro-
cessar as sensações do movimento e do som (SERRANO, 2016). Para Momo et 
al. (2012 apud Pereira, 2017, p. 30) referem que “a capacidade de ouvir, signifi car 
e falar simultaneamente compreende a última etapa das aquisições mais comple-
xas de um indivíduo”.
Acesse o link a seguir e assista ao vídeo Autism and sensory 
sensitivity do canal The National Autistic Society, que mostra como 
o autista percebe o som. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=ycCN3qTYVyo>.
19
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
FIGURA 7 - SISTEMA AUDITIVO
FONTE: <https://bit.ly/3hbv9Mu>. Acesso em: 11 maio 2020.
2.6 SISTEMA SENSORIAL VISUAL
É um dos mais complexos, este sistema tem receptores nos olhos, estes 
captam as ondas de luz que entra em nossa retina e depois viajam para o tronco 
cerebral. No córtex visual é onde se irá dar a descodifi cação mais complexa da 
informação visual (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
O sistema visual começa a se relacionar com os demais sistemas senso-
riais desde o nascimento e a partir daí conseguimos confi rmar, verifi car e cons-
truir percepções multidimensionais de tudo que nos rodeia. A visão é essencial 
é essencial para nos dar referência espaciais e em conjunto com os demais sis-
temas sensoriais nos permite a relação do objeto, no fundo visual. A visão ajuda 
na exploração do meio que nos envolve, a entender as referências temporais e a 
localização do corpo no espaço em relação aos objetos(SERRANO, 2016; TO-
ROTORA; DERRICKSON, 2016).
De acordo com Pereira (2017) a percepção visual é a avaliação da realidade 
por meio do sentido da visão. Fazem parte desta percepção visual sete compe-
tências: percepção da constância da forma, percepção de fi gura-fundo, percep-
ção da posição no espaço, percepção das relações espaciais, memoria visual, 
memoria visual sequencial e o fechamento visual.
20
 Integração Sensorial
Em um primeiro momento, a visão periférica traz uma informação geral do 
ambiente, iniciando conexões para direcionamento da cabeça, dos olhos e do res-
tante do corpo para discriminação do que é visto ao redor – digamos que seja 
um mecanismo de ação motora grossa. Os movimentos oculares refl exos têm a 
função de manter a imagem visual focalizada sobre a retina, seja porque os obje-
tos estão se movendo dentro do campo visual ou porque nós é que estamos nos 
movendo (RHEIN, 2012).
No processo da Mecânica Visuopostural, se a cabeça está se mexendo, en-
tão o sistema vestibular deve acionar os neurônios motores oculares e realizar os 
ajustes necessários. Imagine-se correndo: a cada trepidação da cabeça, os olhos 
devem se mover em sentido contrário para manter o olhar fi xo em um determina-
do ponto à frente. Se não ocorressem esses movimentos oculares compensató-
rios, o objeto sairia sempre de focados por estímulos vestibulares (RHEIN, 2012).
Portanto, a percepção visual é um componente requisitado no planejamento 
do movimento e nos ajustes posturais, inclusive de equilíbrio, para calibrar a força, 
a extensão e posicionamento dos membros, do tronco, da cabeça em resposta à 
totalidade do ambiente em que o indivíduo se encontra. Isso envolve toda o proces-
samento da informação visual, e a integração sensorial, que coordenará a visão e a 
ação motora – seja para transitar, chutar, pegar, encaixar. Daí já há um refi namento 
motor para ações que requerem mais precisão. Todo esse processo torna-se me-
cânico pela capacidade integradora e preditiva do cerebelo, responsável pela coor-
denação do movimento. O alinhamento dos olhos é um fator essencial para haver 
um arranjo perfeito da biomecânica postural no planejamento de toda e qualquer 
ação voluntária. No entanto, não é um fator isolado e, assim como infl ui é também 
infl uenciado por outros sistemas sensoriais e motores (RHEIN, 2012).
Russo (2019) salienta que, os pais percebem que as crianças não olham 
nos olhos nem mesmo quando são chamadas pelo nome. É bastante comum que 
algumas pessoas com autismo não façam contato visual, pois se sentem descon-
fortáveis ou porque essa é uma situação difícil para eles, mas lembre-se que essa 
característica não pode determinar um diagnóstico de TEA, já que nem todos com 
autismo apresentam essa difi culdade. E também há crianças que são bastante 
tímidas ou tem uma personalidade mais introspectiva.
John Robson (2008, p. 4), em seu livro Olhe nos meus olhos traz um de-
poimento sobre esta constante necessidade do olhar nos olhos ao falar com o 
autista, “eu não conseguia entender porque eles fi cavam tão agitados, nem ao 
menos porque era tão importante olhar nos olhos dos outros”. Em outro trecho do 
livro podemos compreender o porquê de o olhar nos olhos não ser comum para 
os autistas. 
21
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
Quando estou conversando com alguém, estímulos visuais 
podem distrair minha atenção. Na infância, se eu visse 
alguma coisa curiosa, parava completamente de falar e 
fi cava observando o que me interessava. Hoje em dia, eu não 
interrompo a conversa totalmente, mas posso fazer longas 
pausas entre s frases. Por isso, procuro focar meus olhos em 
algo neutro, como o horizonte ou o chão. Então, para mim e 
outros portadores de Asperger, é perfeitamente normal sem 
encarar o interlocutor (ROBISON, 2008, p. 5).
FIGURA 8 - SISTEMA VISUAL
FONTE: <https://bit.ly/3i7vIYV>. Acesso em: 11 maio 2020.
Para compreender um pouco mais a respeito da percepção visual 
do autista, assista ao vídeo Autism TMI Virtual Reality Experience. Dis-
ponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=DgDR_gYk_a8>.
2.7 SISTEMA SENSORIAL 
PROPRIOCEPTIVO
Serrano (2016) e Pereira (2017) afi rmam que o termo propriocepção se refe-
re à consciência do nosso próprio corpo. É através deste sentido que nós sabe-
mos a posição de nosso corpo, como está e que partes estão imóveis e quais as 
que estão em movimento. Os receptores deste sistema encontram-se nos múscu-
los, articulações e ligamentos do corpo que possibilita o controle da postura, do 
22
 Integração Sensorial
movimento e da ação. Nos fornece também a noção sobre a força que exercemos 
quando fazemos as nossas atividades. É através deste sistema que temos uma 
noção espacial em relação ao espaço e o nosso corpo. E desta forma os recepto-
res encaminham informações ao cérebro que decifra a posição do corpo no espa-
ço, o estado motor, e não nos deixa esbarrar nas pessoas e objetos.
O sistema proprioceptivo e o vestibular juntam as informações no cérebro e 
em conjunto tornam possível regular nossa postura e o tónus muscular. Informam 
se estamos de pé, sentado, deitado.
Outra combinação importante deste sistema é com o sistema tátil ou vesti-
bular nos fornece que desempenham um papel muito importante na construção 
da noção do corpo e do esquema corporal, ao mesmo tempo que são importan-
tes para o planejamento motor possa acontecer de forma coordenada. Por exem-
plo: Informa se você irá passar no meio de duas carteiras sem esbarrar em nada 
(SERRANO, 2016; PEREIRA, 2017).
FIGURA 9 - FUNÇÕES DO SISTEMA PROPRIOCEPTIVO
FONTE: <http://www.au-someplanet.com/category/sensory/>. Acesso em: 11 maio 2020.
Em seu livro Um Antropólogo em Marte, Oliver Sacks (1995, p. 176), relata 
partes de sua entrevista com Temple Grandin, autista de alto funcionamento e 
com Síndrome do X frágil e uma famosa zootecnista, onde ela diz que seu mundo 
como “um mundo de sensações intensifi cadas, por vezes elevadas a um grau 
torturante (e por outras inibidas até o aniquilamento)”. Devido as alterações sen-
soriais apresentadas por Temple, ela desenvolve uma máquina do abraço onde 
os sistemas são integrados mas o sistema proprioceptivo exerce um papel funda-
23
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
mental na autorregulação. Vejamos o que ela diz a respeito, no fragmento retirado 
do texto Um Antropólogo em Marte:
O que é isso? perguntei. - É a minha máquina de espremer, 
Temple respondeu. - Tem gente que a chama de minha máquina 
do abraço. O mecanismo tinha dois lados de madeira pesados 
e inclinados, talvez com um metro e meio por um metro cada, 
prazerosamente estofados com um enchimento espesso e 
macio. Eram ligados por dobradiças a uma prancha de base 
longa e estreita, criando uma calha do tamanho de um corpo e 
em forma de V. Havia uma complexa caixa de controle numa 
das extremidades, com tubos muito resistentes levando a outro 
mecanismo, dentro do armário. Temple o mostrou também. - 
É um compressor industrialǁ, disse, - do tipo que usam para 
encher pneus - E para que serve? - Proporciona uma pressão 
fi rme porém confortável sobre o corpo, dos ombros aos joelhos 
disse Temple (SACKS, 1995, p.176-177).
A importância da propriocepção pode ser percebida também em outro caso 
descrito por Oliver Sacks (1985) em seu outro livro - O homem que confundiu sua 
mulher com um chapéu. O autor relata o caso de uma mulher que perdeu o sen-
tido da propriocepção. Ela descrevia como se seu corpo não fosse seu, como se 
estivesse morto. Para essa mulher, a propriocepção era como se fosse a visão do 
corpo, e sem ela é como se seu o corpo estivesse cego. Com o tempo aprendeu 
a driblar o prejuízo de propriocepção apoiando-se nos demais sentidos, principal-
mente na visão. Para andar, ela precisava ter o suporte visual de seus pés.
Agora que conhecemos um pouco da importância do sistema sensorial para 
nossas vidas, conheceremos mais um pouco desteuniverso incrível dos sentidos 
e de como ele interfere nas nossas ações.
3 O QUE É A ESTIMULAÇÃO 
SENSORIAL?
O termo estimulação pode ser defi nido como a ação ou efeito de estimular 
(incentivar) ou de estimular-se. Então, a nossa proposta é estimular sensorial-
mente os autistas visando com que ele explore todos os sistemas sensoriais atra-
vés de uma estimulação adequada, mas que vocês percebam a diferença entre 
uma Terapia de Integração Sensorial e a Estimulação Sensorial. 
A Terapia de Integração Sensorial só pode ser realizada por um Terapeuta 
Ocupacional, graduado e capacitado para isso, pois é um processo neurológico 
que tem a capacidade de organizar as informações e o comportamento adaptativo 
em resposta ao meio.
24
 Integração Sensorial
A Estimulação Sensorial é quando estimulamos o ser humano com recur-
sos comuns da Terapia de Integração Sensorial, tais como: os brinquedos que 
existem nos parques das escolas e praças da cidade. Trabalhamos com texturas 
diferenciadas em uma proposta pedagógica. A família que brinca com a criança 
muitas vezes está lhe proporcionando estímulos sensoriais o tempo todo. 
Podemos pensar que ao escolher a roupa para ir trabalhar ou passear es-
tamos apenas usando nosso estilo próprio e, associado a isso, temos as nossas 
preferências sensoriais que, sem perceber, embutimos em nosso estilo. “Não gos-
to de toque leve”, logo sentir o vento nos meus braços não é agradável mesmo 
no calor, então visto uma blusa de manga longa fi na que diminui a percepção do 
vento passar pelo meu corpo.
Estamos a todo momento estimulando os nossos sistemas sensoriais, mas sem-
pre nos protegendo dos estímulos excessivos pois sabemos lidar com o bombardeio 
de estímulo fi ltrando um a cada momento, e os autistas não conseguem fazer esta 
fi ltragem eles recebem tudo ao mesmo tempo por isso desenvolvem os Transtornos 
de Processamento Sensoriais que lhe causam as desordens sensoriais.
Segundo Carneiro (2019), a estimulação sensorial seria a nota musical e a 
integração sensorial a melodia pensando. 
QUADRO 1 - DISCRIÇÃO ENTRE ESTIMULAÇÃO SEN-
SORIAL E INTEGRAÇÃO SENSORIAL
Estimulação Sensorial
Nota musical
Integração Sensorial
Melodia
Professor, pais, cuidadores, crianças Terapeutas Ocupacionais
Estimulam a criança utilizando os estímulos 
sensoriais de uma forma separada sem produzir 
uma resposta adaptativa.
Integrar todos os sistemas para ter uma resposta 
adaptativa e modulação de comportamento. 
O cérebro analisa as informações de todos os 
sistemas sensoriais para organizaras respostas 
de modulação e automodulação.
FONTE: Adaptado de Carneiro (2019)
25
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
4 QUAIS SÃO OS TRANSTORNOS 
DO PROCESSAMENTO SENSORIAL 
QUE ACARRETAM AS DESORDENS 
SENSORIAIS?
Almohalha (2018), cita diversos autores que classifi cam os Transtornos de 
Processamento Sensorial (TPS), e os consideram transtornos sensoriais que ge-
ral difi culdades na interpretação, no processamento e na percepção da informa-
ção sensorial advinda do meio e do próprio corpo via os sistemas sensorial.
Segundo a teoria de Ayres, um processamento sensorial comprometido re-
sultaria em diversos problemas funcionais, os quais ela nomeou de Disfunção da 
Integração Sensorial (SERRANO,2016)
Quando os sentidos funcionam de forma adequada, a pessoa é capaz de 
interpretar bilhões de pedaços de informações sensoriais conforme aprende a 
interagir socialmente. Entretanto, pessoas com prejuízos sensoriais podem não 
perceber pedaços de informações críticos para aprender a interagir com o mundo 
(CAMINHA, 2013).
Na maioria das vezes os Transtornos de Processamento Sensorial (TPS), 
são conhecidos como as desorganizações sensoriais que as pessoas com autis-
mo apresentam devido ao fato de não conseguir fi ltrar cada estímulo de cada vez. 
Para Miller (2007 apud Caminha, 2013), o processamento sensorial diz respeito 
ao processo através do qual o sistema nervoso recebe informações dos sentidos 
e as transforma em respostas motoras, emocionais e comportamentais apropria-
das. Quando essas informações sensoriais não são organizadas de modo a gerar 
respostas apropriadas, confi gura-se um Transtorno de Processamento Sensorial. 
Pode ser defi nido como um prejuízo, na detecção, na modulação, na interpreta-
ção e/ou na resposta à experiência sensorial, tão severo que impede a participa-
ção da pessoa nas atividades diárias (CAMINHA, 2013).
De acordo com Ayres (1979) o cérebro é fundamentalmente uma máquina 
de processamento sensorial. Quando o cérebro processa as sensações de forma 
efi caz, respostas adaptativas são geradas de modo que a pessoa consegue lidar 
com seu ambiente e manter uma rotina sem problemas. Para a autora, o cérebro 
organiza as sensações assim como um guarda de trânsito coordenada os carros 
para que o trânsito possa fl uir. Também faz uma analogia com o processo de di-
gestão do corpo. O corpo precisa de comida para se alimentar, e mais ainda, pre-
cisa que o alimento seja digerido. Nesse caso, as sensações são como alimento 
26
 Integração Sensorial
para o cérebro, porém, sem um processamento sensorial adequado não podem 
ser digeridas e, por conseguinte alimentá-lo (CAMINHA, 2013). Esta situação 
pode ser percebida na Figura 10, na qual a ilustração demonstra como o autista 
percebe os estímulos sensoriais.
FIGURA 10 - REPRESENTAÇÃO DE COMO O AUTISTA RECEBE OS ESTÍMULOS
FONTE: Tramonte (2015, p. 82)
 A sensibilidade alterada a entrada destes estímulos pode causar no 
autista uma evasão da atividade que estiver fazendo, agitação, angustia, 
medo ou confusão. 
Estas difi culdades aparecem normalmente relacionadas com défi -
cits de atenção, alterações de comportamento e/ou emocionais, difi cul-
dade de planejamento motor e organização dos movimentos, problemas 
em desempenhar as atividades de vida diária vida prática. As informações 
sensoriais serão sentidas e percebidas de forma diferente da maioria das 
pessoas.
Ayres (1979), sugere que, a criança com défi cits motores e prob-
lemas de integração sensorial de fundo pode ser tratada, infl uenciando a 
27
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
integração neurofi siológica através do controle do comportamento sensório 
motor. As difi culdades geralmente apresentadas nos TPS, estão relacio-
nadas com défi cit de atenção, alterações comportamentais e/ou emocio-
nais, difi culdades de planejamento motor, organização dos movimentos, 
problemas em desempenhar com êxito as atividades de vida diária (AVDs) 
e da vida. As informações sensoriais serão sentidas e percebidas de for-
ma diferente da maioria das pessoas, como por exemplo, as crianças po-
dem apresentar extrema sensibilidade aos estímulos sensoriais; a entrada 
destes estímulos pode resultar na saída da atividade, agitação, angustia, 
medo ou confusão (ALMOHALHA, 2018)
Sabe-se que o TPS se classifi ca em Hiperresponsivo e Buscador, 
pois o conceito está longe e a breve explicação facilita o entendimento do 
leitor. Afi nal o que signifi ca isto? Vamos descrever um pouco sobre cada 
tipo e dar algumas dicas, mas sempre lembre que cada ser humano é 
único e não existe nada pronto, é necessário conhecer o aluno para poder 
identifi car o seu TPS e criar propostas pedagógicas para ajudar. Antes de 
prosseguir, vale pontuar que no presente trabalho optou-se por descrev-
er o Transtorno de Processamento Sensorial segundo Miller (2006 apud
Caminha, 2013) importante conhecer e compreender a natureza dos prob-
lemas sensoriais no autismo. 
FIGURA 11 - TAXONOMIA TRANSTORNO DE PROCESSAMENTO SENSORIAL
FONTE: Adaptado de Caminha (2013)
28
 Integração Sensorial
4.1 TRANSTORNO DA MODULAÇÃO 
SENSORIAL
Miller (2006 apud Caminha, 2013) apresenta o transtorno de modulação sen-
sorial como sendo um problema crônico e severo para transformar a informação 
sensorial em comportamentos que estão de acordo com a natureza e a intensidade 
da mensagem. A pessoa demonstraentão difi culdade em alcançar e manter um ní-
vel ótimo de desempenho e também em se adaptar aos desafi os do dia a dia.
4.1.1 Hiperresponsividade Sensorial
O indivíduo sente a sensação mais rapidamente, mais intensamente ou du-
rante, mais tempo, que os indivíduos com modulação normal. Eles têm aparen-
temente uma consciência das suas necessidades sensoriais. E tem ações prote-
tivas se mantendo longe das atividades ou estímulos que os desorganizem. Por 
exemplo não gostam de fi car nas fi las pois sabem que nestes podem ser tocados 
com toque leves e tem muito barulho. Na pessoa com hipersensibilidade sensorial 
o processo de inibição das sensações não ocorre de forma apropriada e todas as 
informações são percebidas como relevantes, ou seja, a atenção da pessoa está 
voltada para todos os estímulos, mesmo os que não são úteis em uma determi-
nada situação. Gostam de atividades mais individuais e evitam as atividades em 
grupo (SERRANO, 2016; CAMINHA 2013).
Imagine-se dirigindo um carro que não esteja funcionando 
bem. Quando você pisa no acelerador o carro às vezes dá um 
salto para frente e às vezes não responde. A buzina, quando 
acionada, soa estridente. O freio algumas vezes desacelera 
o carro, mas nem sempre. Os limpadores funcionam ocasio-
nalmente, o volante é errático e o velocímetro é inexato. Você 
trava uma constante luta para manter o carro na estrada e fi ca 
difícil concentrar-se em qualquer outra coisa (GREENSPAN; 
SALMON, 1995 apud CAMINHA, 2013, p. 15).
A Hiperresponsividade sensorial, são respostas comportamentais aumenta-
das as sensações, consciência aumentada de cada sistema e explora todo o am-
biente. Seus sistemas são superativos, e a sua habilidade de discriminações são 
aumentadas. Estas pessoas tendem a ser passivas ou desligadas da ação. Eles 
aprenderam que a exploração do meio pode trazer input sensorial indesejável, 
limitando assim suas possibilidades de aprendizagem. Tem difi culdade de focar a 
atenção e são chamadas de distraídas (SERRANO, 2016).
A hipersensibilidade pode ocorrer em um único sistema sensorial ou em uma 
combinação de dois ou mais, então não é incomum encontrar uma criança com 
29
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
hipersensibilidade vestibular e auditiva, por exemplo. A criança hipersensível é 
aquela cujo comportamento chama a atenção dos pais desde cedo no desen-
volvimento. Quando bebês podem demonstrar reações exageradas na troca de 
fralda, ou na troca de roupa ou mesmo quando balançadas. Quando crianças po-
dem demonstrar aversão à bagunça e se recusar a participar em atividades como 
pintura de dedo na escola. Frequentemente apresentam difi culdade para dormir 
(CAMINHA, 2013).
Muitas pessoas com o espectro do autismo têm difi culdade 
em processar informações sensoriais do dia a dia. Pessoas 
autistas são mais sensíveis aos sons, cheiros, sabores e toque. 
Muitas crianças com autismo são também hipersensíveis, ou 
seja, apresentam o Transtorno do Processamento Sensorial. 
Sendo assim, sua percepção das sensações não está regulada 
da forma adequada (RUSSO, 2019, s.p.).
Esta montanha russa de estímulos afeta diretamente a rotina, pois eles fi cam 
ansiosos e desconfortáveis com algumas situações. Não suportam barulhos, tocar 
alguns tecidos, não conseguem comer alguns alimentos por causa da cor ou tex-
tura, por exemplo. Também podem ser indiferentes a dor e a temperaturas, cheirar 
ou tocar objetos excessivamente ou ter fascinação por luzes ou movimentos. A 
pessoa com TEA pode precisar de ajuda profi ssional para trabalhar essas ques-
tões sensoriais e assim responder mais adequadamente as sensações e estímu-
los recebidos pelo ambiente (RUSSO, 2019).
4.1.2 Hiporresponsividade Sensorial
A pessoa com hipersensibilidade sensorial precisa de muito mais estimulação 
do que a população em geral para alcançar um estado ótimo de alerta ou ativação. 
Ela exibe uma resposta inferior à esperada para uma determinada situação e de-
mora mais para reagir. São respostas comportamentais diminuídas as sensações, 
consciência limitada da sensação, não explora o ambiente. Difi culdade na regula-
ção da excitação. Sistemas sensoriais sub ativos, habilidades de discriminações 
limitada por exemplo o fato de se lamber ou morder é uma procura sensorial tátil.
O afeto destes indivíduos pode ser restrito e pode ser descrito como desin-
teressados. São indivíduos com pouca energia e agem como se estivessem can-
sadas. A razão para este comportamento é porque seu cérebro não recebe o que 
precisa para gerar resposta e a sua tendência para agir de acordo com seu limiar le-
va-a parecer apática, parecendo ter pouca empatia com o outro (SERRANO, 2016).
A sua resposta de Ação é passiva e lente, mostrando-se sedentária. Pare-
cem não ter energia ou vontade de socializar e explorar o ambiente, mas na reali-
30
 Integração Sensorial
dade o que acontece é que elas nem notam as possibilidades de ação a sua volta 
(SERRANO, 2016; CAMINHA, 2013).
 Para Caminha (2013), esse perfi l sensorial geralmente passa despercebido 
em um primeiro momento já que, muitas vezes, o bebê é visto como um “bebê 
bonzinho” e a criança como de personalidade tranquila, o que normalmente é va-
lorizado pelos pais. Geralmente chama a atenção quando começa a apresentar 
difi culdade para desfraldar, quando a interação social parece limitada e a ativida-
de reduzida.
Pessoas com o Transtorno podem apresentar comportamentos 
como hiperatividade, ou seja, são inquietos, não concluem 
uma atividade e têm muita energia. E também podem ser mais 
apáticos, não interagem com as pessoas ou não fazem contato 
visual. Os pais costumam perceber esses sinais logo na primeira 
infância e buscam ajuda para controlar esses comportamentos 
mais impulsivos ou a falta de interesse que podem atrapalhar o 
desenvolvimento infantil e escolar (RUSSO, 2019, s.p.).
Ao fi nal deste capítulo, apresentaremos algumas orientações de atividades 
para se trabalhar com as crianças que apresentam hiperresponsividade ou hipor-
responsividade sensorial.
4.1.3 Buscador Sensorial ou Procura 
Sensorial
Os indivíduos que apresentam o padrão de Busca Sensorial, se manifestam 
por comportamentos que incremental suas experiências sensoriais, onde adicio-
nam estímulos diversos (motores, táteis, sonoros e/ou visuais) às suas experiên-
cias, por exemplo em uma tarefa de autocuidado a criança canta, dança e pula. 
No caso de pessoas com perfi l de busca sensorial a habituação acontece muito 
rapidamente, ou seja, um determinado estímulo rapidamente deixa de ser novida-
de e o cérebro pede mais. Isso faz com que a criança com perfi l de busca senso-
rial apresente um desejo insaciável por experiências sensoriais, mais do que as 
demais crianças (ALMOHALHA, 2018; CAMINHA, 2013).
Este indivíduo busca por intensas e grandes quantidades de estímulos. Bus-
cam o nível de alerta para se organizar. Não conseguem reter o registro de inten-
sidade e desacelerem com frequência. Com isto sempre buscam por mais estí-
mulos chegando ao ponto de desregularem, pois não há um processamento de 
acomodação sensorial (CARNEIRO, 2019; CAMINHA, 2013).
31
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
Procuram sempre mais estímulos como, por exemplo, no parque de diver-
sões, é aquela criança que vai repetidamente à montanha russa temida pelas de-
mais crianças. É capaz de rodar em um balanço por um longo período e não se 
sentir tonta. De modo geral apresentam muitos problemas em ambientes que re-
querem mais atenção e organização do comportamento, como na escola. Quando 
não conseguem obter a estimulação que precisam, normalmente demonstram um 
comportamento agressivo ou explosivo. São excessivamente ativas e apresentam 
difi culdade em controlar sua impulsividade, o que muitas vezes acarreta expulsão 
nas escolas por indisciplina (CAMINHA, 2019). 
Essa necessidade constante de sensações intensas vai além 
do campo das atividades motoras e pode refl etir-se tambémno gosto por comidas picantes ou com sabores fortes, 
normalmente rejeitadas pelas demais crianças. Também 
escutam música ou veem televisão com volume altíssimo, 
o que incomoda os outros, mas parece nunca ser sufi ciente 
para elas. Seu padrão de interação social tende a ser intrusivo, 
tocando ou empurrando as pessoas, batendo ou derrubando 
outras crianças (CAMINHA, 2013, p. 47).
Dentro deste processo de busca e/ou procura sensorial podemos resultar al-
guns pontos:
• Sistema Proprioceptivo: pisam forte, gostam de brincadeiras com im-
pacto, luta, toque profundo com pressão. 
• Sistema Vestibular: movimentos no espaço, adoram rede, parque, sal-
tos. Não possuem limites para parar. 
• Sistema Tátil: sensível, explora texturas, objetos pela boca, lambem ob-
jetos, roupas com pressão (CARNEIRO, 2019).
4.2 TRANSTORNO MOTOR DE BASE 
SENSORIAL 
Caracteriza-se pela difi culdade em estabilizar o corpo ou planejar e sequen-
ciar movimentos coordenados. Afeta a capacidade de realizar e planejar as ativi-
dades.
4.2.1 Dispraxia 
É o prejuízo nas habilidades de planejar, sequenciar e executar uma nova 
ação. Caracteriza-se por um desempenho motor pobre e descoordenado que 
32
 Integração Sensorial
pode se manifestar na coordenação motora grossa e/ou fi na e/ou oral. Essas 
crianças podem ter inteligência e musculatura normais, mas apresentam proble-
ma na ponte entre o intelecto e a musculatura (CAMINHA, 2013).
Crianças com este distúrbio aprendem por tentativa e erro e apresentam uma 
capacidade reduzida para generalizar as habilidades aprendidas para atividades 
motoras similares. Essas crianças são frequentemente inativas dando preferên-
cia ao sedentarismo como ver televisão e jogar vídeo game, o que muitas vezes 
resulta até mesmo em problemas de peso. A insatisfação com as habilidades e o 
fracasso repetido frequentemente causam baixa autoestima e intolerância à frus-
tração. Estes comportamentos são percebidos principalmente em adolescentes e 
adultos (CAMINHA, 2013; CARNEIRO, 2019).
4.2.2 Transtorno Postural 
O Transtorno Motor de Base Postural caracteriza-se pela difi culdade em es-
tabilizar o corpo durante o movimento ou em repouso, de modo a reagir às de-
mandas do ambiente ou de uma atividade motora. Há uma hiper ou hipotonia 
muscular que acarreta o controle inadequado do movimento. Também pode haver 
pouco controle ocular, reações de equilíbrio empobrecidas, pouca estabilidade do 
tronco e rotação limitada do mesmo. Como já foram citadas quando falamos do 
Sistema Sensorial Visual (CAMINHA, 2013).
As crianças com transtorno motor de base postural podem 
ter a letra ilegível, mas a causa é outra. Os dispráxicos não 
conseguem planejar onde devem escrever a letra na página, 
ou qual deve ser o tamanho da mesma ou ainda o quanto 
de espaço deve haver entre uma letra e outra. No caso das 
crianças com transtorno postural, a letra ilegível é decorrente 
da falta de tônus muscular nos ombros e na parte superior do 
corpo, necessário para estabilizar a postura em uma posição 
vertical e segurar o lápis com a pegada correta. São crianças 
que geralmente se debruçam sobre a mesa para escrever e se 
sentam no chão na posição de “W” (CAMINHA, 2013, p. 49)
4.3 TRANSTORNO DESCRIMINAÇÃO 
SENSORIAL
É o processo através do qual, qualidades específi cas dos estímulos senso-
riais são percebidas e interpretadas. No transtorno, a criança apresenta difi culda-
de em discriminar as características dos estímulos sensoriais, o que resulta uma 
33
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
capacidade reduzida para detectar diferenças e semelhanças entre os estímulos 
e para diferenciar as qualidades temporais e espaciais do mesmo. Como o estí-
mulo é processado de forma imprecisa, geralmente a criança apresenta difi culda-
de em gerar respostas adaptativas no seu dia a dia. Normalmente precisa de mais 
tempo do que as outras crianças para processar a informação, já que apresenta 
problemas para descobrir o que está percebendo (CAMINHA, 2013).
Atividade de Estudo:
1 A base dos processos de integração sensorial ocorrem nos níveis 
corticais inferiores, especialmente no tálamo e no tronco cerebral. 
Com relação ao nível cortical, eles são responsáveis por quais 
informações, respectivamente?
a) ( ) Informações táteis, informações proprioceptiva e informações 
vestibular
b) ( ) Informações táteis, informações vestibular e informações pro-
prioceptiva
c) ( ) Informações proprioceptiva, informações vestibulares e infor-
mações táteis
d) ( ) Informações vestibulares, informações táteis e informações 
proprioceptiva.
2 O sistema tátil é o maior sistema do nosso corpo. Com relação à 
função sensorial, quais são funções do Sistema Tátil?
a) ( ) Percepção tátil, planejamento motor grosso e fi na, competên-
cias sociais, aprendizado escolar, segurança emocional, percep-
ção visual, consciência corporal.
b) ( ) Percepção tátil, planejamento motor grosso e fi na, competên-
cias sociais, aprendizado escolar, segurança emocional, percep-
ção auditiva, consciência corporal.
c) ( ) Percepção tátil, planejamento motor grosso e fi na, competên-
cias sociais, aprendizado escolar, segurança emocional, percep-
ção gustativa, consciência corporal.
d) ( ) Percepção tátil, planejamento motor grosso e fi na, competên-
cias sociais, aprendizado escolar, segurança emocional, percep-
ção gustativa, esquema corporal.
34
 Integração Sensorial
3 Temos vários tipos de modulação sensorial ou de desregulação. 
Sobre os componentes da modulação sensorial, assinale a alter-
nativa CORRETA:
a) ( ) Hiperresponsividade, Hiporresponsividade e buscador senso-
rial
b) ( ) Hiperresponsividade, Hiporresponsividade e transtorno pos-
tural
c) ( ) Hiperresponsividade, buscador sensorial e transtorno de dis-
criminação sensorial
d) ( ) Hiperresponsividade, Dispraxia e Hiporresponsividade
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, falamos um pouco sobre como surgiu a Teoria de Integração 
Sensorial e como os sistemas sensoriais são importantes para o funcionamento 
do nosso corpo humano. A integração deles nos faz aprender, ter afeto, ter noções 
de onde estamos no espaço e quais atividades podemos realizar. No nosso dia a 
dia realizamos tudo no automático sem ter noção da complexidade do funciona-
mento do corpo humano não só na questão de funcionamento dos órgãos, mas 
como os sentidos básicos são imprescindíveis para uma vida com qualidade.
Citamos os principais sistemas sensoriais, como eles funcionam e como um 
interagem com outro. Vocês lembram quais são eles? São eles: o sistema tátil, 
vestibular, proprioceptivo, auditivo olfativo, gustativo. 
Destacamos a diferença da aplicação da Teoria de Integração Sensorial de 
uso restrito do profi ssional de Terapia Ocupacional, e a Estimulação Sensorial que 
pode ser feita por pais, professores e cuidadores utilizando recursos sensoriais 
nas propostas pedagógicas e lúdicas respeitando o espaço onde se encontra.
Por fi m, falamos do Transtorno do Processamento Sensorial que causa so-
frimento no indivíduo com TEA, por este não saber selecionar cada estímulo que 
está exposto e ocorre uma desorganização sensorial generalizada como mostra-
do na charge apresentada na Figura 10, além dos exemplos sobre os principais 
TPS que nos acomete e acomete também os autistas.
35
INTRODUÇÃO À INTEGRAÇÃO SENSORIAL Capítulo 1 
REFERÊNCIAS
AYRES, A. J. Sensory integration and the child. Los Angeles: Western 
Psychological Services, 1979. 
ALMOHALHA, L. Tradução, adaptação cultural e validação do Infant Sensory 
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Autor, 2015. p. 82.
CAPÍTULO 2
COMO LIDAR COM OS 
PROCESSAMENTOS SENSORIAIS
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
Saber:
 Compreender a interação dos sistemas sensoriais nas atitudes do ser 
humano.
 Compreender as difi culdades no processo de alimentação de base sen-
sorial.
Fazer: 
 Identifi car alterações de comportamento através do sistema sensorial.
 Usar recursos sensoriais durante o brincar.
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 Integração Sensorial
39
COMO LIDAR COM OS PROCESSAMENTOS SENSORIAIS Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo iremos falar sobre algumas alterações comportamentais, co-
morbidades que podem afetar as pessoas com autismo.
Temos um assunto muito angustiante para os pais, a recusa alimentar dos 
fi lhos e a seletividade alimentar, que podem ser relacionados com os transtornos 
sensoriais ou ser apenas uma alteração do desenvolvimento normal da criança, 
mas é preciso fi car atento para as estimulações corretas.
Por fi m, dentro de nosso desenvolvimento neusopsicosocial, falaremos do 
brincar e a fundamental participação de todos neste momento tão importante para 
a constituição do ser humano. Lembrando que vivemos em um mundo repleto 
de estímulos e a todo momento nossas respostas são modifi cadas, dependendo 
como reagimos a estes estímulos.
2 COMORBIDADES
Como vimos no Capítulo 1, os sistemas sensoriais agem de forma conjunta 
nas nossas ações e reações, em nossos comportamentos. No entanto, não pode-
mos deixar de falar que o Transtorno do Espectro Autista - TEA - apresenta comor-
bidades importantes ligadas com o comportamento. Como podemos ver na fi gura a 
seguir, 70% dos TEA estão associados com algum tipo de Transtorno Mental.
40
 Integração Sensorial
FIGURA 1 - AUTISMOS E COMORBIDADES
FONTE: <https://bit.ly/2Y4Ncwq>. Acesso em: 24 maio 2020.
Estas comorbidades associadas às alterações sensoriais interferem no com-
portamento do indivíduo gerando algumas alterações ou difi culdades que, muitas 
vezes, as pessoas que acompanham os autistas não compreendem o que está 
acontecendo.
Algumas comorbidades serão descritas e em alguns casos o quadro de TEA 
é secundário a doença inicial. 
2.1 SÍNDROME DO X FRÁGIL- SXF
 É um síndrome genética, e embora a SXF se manifeste em ambos os sexos, 
homens que possuem a mutação apresentam quadro clínico mais grave do que 
mulheres com a mesma alteração. Menos de 150 mil casos por ano (Brasil, se-
gundo dados do Ministério da Saúde).
A SXF é a forma mais frequente de defi ciência intelectual herdada, afetando 
homens e mulheres. Os comprometimento mental dos afetados é variável as alte-
rações de comportamento, como hiperatividade e défi cit de atenção, também são 
observadas, além de sinais identifi cados em transtornos do espectro autista.
 
41
COMO LIDAR COM OS PROCESSAMENTOS SENSORIAIS Capítulo 2 
Algumas características físicas tornam-se mais evidentes após a puberda-
de, como face alongada, orelhas grandes e em abano, mandíbula proeminente e 
macroorquidia. Nas mulheres portadoras de pré-mutação podem apresentar me-
nopausa precoce, que se caracteriza pela cessação completa dos períodos mens-
truais antes dos 40 anos de idade.
Nos homens portadores de pré-mutação podem apresentar FXTAS, caracte-
rizada por ataxia cerebelar de início tardio e tremor de intenção. Este quadro se 
manifesta com menor frequência entre as mulheres portadoras de pré-mutação.
Características comuns entre o SXF e o autista: 
• No comportamento: agressão, automutilação, hiperatividade, impulsivi-
dade, movimento repetitivos, repetição de palavras sem sentido ou repe-
tição persistente de palavras ou ações.
• No desenvolvimento: difi culdade de aprendizagem ou atraso de fala em 
uma criança.
• Nos músculos: músculos fl ácidos ou problemas de coordenação.
FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO DO X FRÁGIL
FONTE: <https://oparana.com.br/noticia/voce-sabe-o-que-e-a-
-sindrome-do-x-fragil/>. Acesso em: 12 maio 2020.
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 Integração Sensorial
FIGURA 3 - CARACTERISTICAS DE PESSOAS COM SXF
No centro, desenho com traços característicos da SXF, face longa e es-
treita, orelhas largas, mandíbula e testa proeminentes. Na esquerda, Tem-
ple Grandin autista famosa e Peter Crouch, uma pessoa normal /ACP.
FONTE: <https://autismoconsejospracticos.com/sindrome-do-x-fra-
gil-sob-o-olha-de-l-messi/ >. Acesso em: 12 maio 2020.
2.2 SÍNDROME DE WEST
Esta síndrome é um tipo raro de epilepsia, chamada de “epilepsia ciclôni-
ca”. Inicia-se normalmente no primeiro ano de vida, sendo o sexo masculino mais 
afetado. A sua prevalência é de cerca de 1 em cada 4000 ou 6000 nascimentos. 
Estatisticamente, os meninos são mais afetados que as meninas, numa taxa de 
dois meninos para cada menina (2:1) (SOUZA et al., 2008)
A frequência de casos de epilepsia entre pessoas com transtornos do espec-
tro é alta, tendo entre os menores de 5 anos de idade e nos adolescentes o maior 
número de casos. O risco de epilepsia entre os paciente com o TEA varia e pode 
chegar a 70% nos casos antes chamados de transtornos desintegrativos de início 
na infância, também conhecidos como Síndrome de Heller (SOUZA et al., 2008).
Na infância ou na adolescência, a pessoa passa a apresentar difi culdade em 
assimilar conhecimentos novos, até que alcance o nível de incapacidade total. 
Outra manifestação importante é a defi ciência intelectual que, em boa parcela dos 
casos, pode ser evitado pelo tratamento precoce do quadro.Com a maturação da 
criança, em geral as crises diminuem e desaparecem por volta do quarto ou quin-
to ano de vida.
Apesar de ser um grupo bastante heterogêneo, estima-se que um terço des-
ses casos vai apresentar ao menos uma crise epilépticaaté a adolescência. Em 
crianças com autismo sem retardo mental o risco de epilepsia é baixo, com uma 
43
COMO LIDAR COM OS PROCESSAMENTOS SENSORIAIS Capítulo 2 
probabilidade cumulativa de 2% em 5 anos e 8% em 10 anos. Se existe defi ciência 
intelectual a probabilidade é de 7% com um ano, 16% com cinco anos e 27% com 
10 anos. Se associarmos defi ciência intelectual e paralisia cerebral, o risco se eleva 
para 20% em um ano, 35% em cinco anos e 67% em 10 ano. Um terço das crianças 
com espectro autista apresenta regressão da linguagem e sociabilidade depois de 
terem um início aparentemente normal do desenvolvimento, um fenômeno conheci-
do como regressão autista. Esta regressão é também outro fator importante, asso-
ciando-se signifi cativamente com epilepsia (SOUZA et al., 2008). 
FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DE UM ECC DE UMA PESSOA COM SÍNDROME DE WEST
FONTE: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/neuropediatria-conteudo-didati-
co/epilepsia/encefalopatias-epilepticas >. Acesso em: 24 maio 2020.
2.3 SÍNDROME DE DOWN 
Esta síndrome é decorrente de um erro genético presente desde o momento 
da concepção ou imediatamente após. A trissomia simples do 21 é a mais comum, 
pois o indivíduo apresenta 3 cromossomas 21 e não dois (95%). A translocação, 
na genética uma translocação cromossômica, é uma anomalia cromossômica 
causada pelo rearranjo de partes entre cromossomos não homólogos (4%). (1%) 
(SCWARTZMAN, 1999, p. 3). 
A Síndrome de Down e os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento com-
põem um grupo qualifi cado por alterações presentes desde idades precoces e que 
se manifestam nas áreas de desenvolvimento da comunicação, comportamento e 
relação interpessoal. Essas alterações são constatadas quando há atraso em re-
lação ao esperado para uma determinada idade ou estágio do desenvolvimento. 
Entre os atrasos podemos citar:
44
 Integração Sensorial
• Atraso motor;
• Difi culdade de fala;
• Alterações de comportamento;
• Alguns apresentam desordem sensorial;
• Difi culdades de aprendizagem;
• Apresentam comorbidades clínicas, dentre elas as alterações do proces-
samento sensorial.
Entre as dicas para intervenções, podemos citar as seguintes:
• Logo que possível, Estimulação Precoce:
o 2 a 4 meses: deixá-lo em colchonete no chão com objetos coloridos ao 
seu lado, fora do alcance; estimular a rolar; uso de mobiles no berço.
o 4 a 8 meses: montar torres, repetir gestos que a criança faz.
o 8-12 meses: brincar de esconde- esconde com objetos; estimular a 
jogar beijos; dar tchau; bater palma.
o 12-18 meses: oferecer revistas e livros para que identifi que gravuras 
e nomes; levá-la a participar das suas Atividades de vida diária - AVD 
- e estimular que faça o que consegue. 
o 18- 24 meses: atividades com areia, água e natureza; uso do modelo 
social familiar na aprendizagem.
o 24 -48 meses: brincar de cabana, esconderijo; ampliar o vocabulário.
FIGURA 5 - MODELO CATARINENSE COM SÍNDROME DE DOWN
FONTE: <https://www.revistaversar.com.br/modelo-catarinense-
-com-sindrome-de-down/>. Acesso em: 12 maio 2020.
45
COMO LIDAR COM OS PROCESSAMENTOS SENSORIAIS Capítulo 2 
3 ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS
3.1 AGITAÇÃO PSICOMOTORA E 
ATENÇÃO 
Em muitas situações é comum perceber uma agitação psicomotora na pes-
soa com autismo. Agitação psicomotora é o estado de excitação mental e de ativi-
dade motora aumentada, associada a uma experiência subjetiva de tensão quan-
do a pessoa não consegue fi car quieta sente necessidade de se movimentar a 
todo o instante. Muitas vezes, perdemos a paciência com algo, acabamos fi cando 
com raiva e nos comportamos de maneira considerada irracional. Certas pessoas 
chegam ao ponto de quebrar coisas e, em alguns casos, essas pessoas fi cam ex-
tremamente violentas. Esse pode ser um caso de agitação psicomotora (SENNA 
et al., 2015).
A atenção, agitação psicomotora, controle postural, coordenação motora, or-
ganização, aprendizagem acadêmica, atividades de vida diária e o comportamen-
to estão alterados devido a uma desordem sensorial que acomete o indivíduo com 
TEA. Entretanto, como isso acontece?
Serrano (2016), considera que algumas crianças se movimentam durante 
todo o dia, saltam de uma atividade para outra, não possuem uma rotina estabe-
lecida. Esta agitação é percebida especialmente em crianças com hiporresponsi-
vidade à estimulação vestibular e proprioceptiva. Esta agitação serve para realizar 
uma compensação dos estímulos que não chegam ao sistema nervoso central 
para realizar a acomodação dos estímulos. Um exemplo é quando observamos a 
criança que evita a fi la da escola para não ser tocada.
46
 Integração Sensorial
FIGURA 6 - REPRESENTAÇÃO DE UMA AÇÃO DE AGITAÇÃO PSICOMOTORA
FONTE: <https://acredita.pt/blog/agitacao-psicomotora-ou-hiperactividade-
-o-que-e-a-visao-da-psicomotricidade/>. Acesso em: 12 maio 2020.
O diagrama a seguir esquematiza informações pertinentes para a compreen-
são da agitação psicomotora:
FIGURA 7 - COMPARAÇÃO ENTRE HOPORRESPONSIVIDADE E HIPERRESPONSIVIDADE
FONTE: O autor
Outra questão relacionada a agitação psicomotora é a falta de atenção. Isto 
pode ocorrer por dois motivos: o primeiro o indivíduo pode ser responsivo a todos 
os ruídos, luzes e movimentos e, no segundo, estar muito focada na procura de 
determinados estímulos sensoriais que tem difi culdade em se concentrar no que 
está fazendo (SERRANO, 2016).
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COMO LIDAR COM OS PROCESSAMENTOS SENSORIAIS Capítulo 2 
3.2 ORGANIZAÇÃO
A organização faz parte do processo de aprendizagem, mas como esta orga-
nização interna e externa acontece nos indivíduos com TEA?
As pessoas mais novas estão sempre prontas a dar respostas a tudo e, com 
isso não conseguem organizar todas as respostas sensoriais que recebem. As 
crianças mais velhas geralmente estão sempre agitadas e têm difi culdade de 
manter a organização das informações. Muitas delas mantêm o quarto desarru-
mado, as mesas de atividade costumam ser confusas e esquecem dos materiais, 
roupas, materiais escolares (SERRANO 2016).
Como vimos no primeiro capítulo, os sistemas sensoriais nos auxiliam na or-
ganização das atividades escolares, de lazer e de trabalho. Mas para isso é ne-
cessária uma comunicação efi caz entre eles, caso ocorra uma desordem senso-
rial dão-se alterações em nossas ações. Lembrando que aqui estamos abordando 
tais alterações nas pessoas com TEA, mas se aplica a todos os humanos, uma 
vez que podemos ter alterações sensoriais em algum momento da vida. 
Acaso você já observou se a sua mesa é organizada? Geralmente lembra-
mos de tudo o que necessitamos no trabalho ou mesmo em casa? É importante 
olhar para isso e perceber quando isso passa a ser um problema dado o grau de 
desorganização. 
3.3 COMPORTAMENTOS 
Para que se possa traçar uma linha de ação efetiva é necessário compreen-
der que o comportamento é tudo o que as pessoas fazem, isto é, comer, correr, 
escrever, falar, morder, desenhar, dormir, cantar, bater, se machucar, enfi m. Tudo 
o que a gente vê e também o que a gente não vê como: pensar, contar, sentir, 
compreender, os quais são comportamentos encobertos. 
O comportamento deve ser entendido como produto da tríplice contingên-
cia, ou seja, ele é mantido e modelado pelas consequências que produz. O in-
divíduo se comporta, esse comportamento produz consequências e, a depender 
das consequências produzidas, o comportamento poderá ou não ocorrer no fu-
turo. O evento antecedente é a situação que sinaliza para o indivíduo que se ele 
se comportar de determinada maneira produzirá uma consequência específi ca 
(WILLIAMS; WRIGHT, 2008).
48
 Integração Sensorial
FIGURA 8 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO CICLO DE ALTERAÇÕES DE 
COMPORTAMENTO, COM BASE EM WILLIAMS e WRIGHT (2008)
FONTE: Williams e Wright (2008)
As consequências de ensinar estão relacionadas em estimular comporta-
mentos e os efeitos do ambiente sobre todo o processo de aprendizagem. Isso é 
muito importante,porque todo comportamento é controlado pelas consequências 
que produz.
Para ensinar, manter ou modifi car comportamentos precisamos olhar para as 
consequências que eles produzem no ambiente. Isso é muito importante, porque 
todo comportamento é controlado pelas consequências que produz.
Chamaremos essas consequências de reforçadores. Os reforçadores têm 
duas características que os defi nem:
1. o reforçador deve seguir imediatamente a ação, isto é, ele ocorre logo 
depois que o comportamento é emitido.
2. o reforçador tem o efeito de fazer com que essa ação ocorra com maior 
frequência.
Muitas vezes, dá-se atenção às crianças apenas quando elas estão causan-
do problemas. Essa atenção reforça o comportamento errado. Não existe um pro-
fessor que tenha descoberto um reforçador que funcione para todas as crianças. 
Os reforçadores apresentam duas partes (acontecem logo após a ação e aumen-
tam a frequência da ação) que nos permitem identifi car reforçadores independen-
tes de qualquer outra consideração. 
Aconselha-se observar se as consequências particulares identifi cadas aumen-
tam a probabilidade futura das ações que as precedem. O que explicaria as birras 
Evento 
Antecedente Comportamento
Consequência
49
COMO LIDAR COM OS PROCESSAMENTOS SENSORIAIS Capítulo 2 
frequentes de uma criança? O que acontece imediatamente depois da birra? Nes-
tas situações, as birras se encerram quando o brinquedo anteriormente retirado é 
devolvido para a criança, quando a criança recebe permissão para fazer o que ha-
via sido proibido, ou simplesmente quando se obtém a atenção do professor.
Pode-se perguntar se o brinquedo, a retirada da proibição ou a atenção são 
reforçadores? São responsáveis pela continuidade do comportamento da birra? 
Ou se houve alguma mudança no ambiente (som, luz, espaço)?
Uma maneira de descobrir é, por exemplo, dar esta mesma atenção depois 
que a criança fi zer outra coisa que não seja a birra e observar se essa outra ati-
vidade fi ca mais frequente. Toda criança faz birra por isso a importância de reco-
nhecer a birra e a crise.
FIGURA 9 - DIFERENÇA ENTRE BIRRA E CRISE
FONTE: <https://www.picuki.com/media/2207361890108321864>. 
Acesso em: 24 maio 2020.
50
 Integração Sensorial
4 SELETIVIDADE ALIMENTAR
Alimentação é um assunto muito delicado e uma queixa muito frequente dos 
pais de crianças com autismo ou não. Não apenas pela angústia de se alimentar 
mas, pelo risco de defi ciências nutricionais mas também, pelo momento da refei-
ção se tornar uma rotina estressante (MONTEIRO, 2018).
Para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) a difi culdade 
na alimentação é bastante comum, pois recebem interferência direta de estímulos 
sensoriais que podem atrapalhar especialmente o momento das refeições.
Segundo a Dra. Danielle Dolezal, Supervisora Clínica do Programa de Ali-
mentação Pediátrica do Centro de Autismo Infantil de Seattle, comer é uma das 
experiências mais sensoriais que você pode ter (MONTEIRO, 2018).
Alguns fatores podem contribuir para a seletividade alimentar, sendo um de-
les relacionado à sensibilidade sensorial que também é chamada de defensiva 
sensorial ou super responsividade sensorial. Trata-se da reação exagerada a cer-
tas experiências de toque, muitas vezes, resultando em uma aversão ou uma res-
posta comportamental negativa (CERMAK; CURTIN; BANDINI, 1994 apud MON-
TEIRO, 2018). 
Podemos perceber esta alteração sensorial no depoimento da mãe da Jasmi-
ne em sua entrevista no livro: Autismo e Maternidade de Gazola (2018).
Ao inserir alimentos que Jasmine deveria comer com as 
mãos, a mãe notou que a coordenação motora fi na da 
menina não possuía problemas. Ela pegava os alimentos, 
mas não mastigava e não engolia. Assim, a introdução 
alimentar de Jasmine evidenciou a seletividade alimentar 
da menina, característica muito comum em crianças com 
autismo (GAZOLA, 2018, p. 62)
É preciso fazer uma análise acerca do processo de alimentação, uma vez 
que o ato de comer não é somente o de colocar a comida na boca, mastigar e 
engoli-la. Estão envolvidos o sistema olfativo, gustativo e tátil nas questões de 
textura e temperatura do alimento. A pesquisa de Cermak, Curtin e Bandini (2010) 
mostrou que 67% dos pais de crianças com TEA relataram seletividade alimentar 
de seus fi lhos, sendo a textura dos alimentos (69%) o fator de maior relevância 
da seletividade, seguido da aparência (58%), sabor (45%), cheiro (36%) e tempe-
ratura (22%) dos alimentos rejeitados. No entanto, o maior problema identifi cado 
pelos pais, relativo a comportamentos alimentares e orais foi a relutância em ex-
perimentar novos alimentos (69%). 
51
COMO LIDAR COM OS PROCESSAMENTOS SENSORIAIS Capítulo 2 
Outros fatores podem estar associados à seletividade alimentar, como: atra-
sos das habilidades motoras orais que resultam em aumento de esforço para mas-
tigação; padrões de comportamento restritos, repetitivos ou estereotipados que 
levam a uma insistência na mesmice do paladar e a recusa da fl exibilidade; e ain-
da problemas gastrointestinais que podem relacionar desconforto à alimentação, 
intolerância ou alergias, que também podem interferir. No entanto, mesmo com 
essas difi culdades há possibilidades terapêuticas que ajudam gradativamente a 
superar, através de profi ssionais especializados, como o terapeuta ocupacional 
(integração sensorial), fonoaudióloga, nutricionista, psicóloga. Todavia com o es-
tímulo da família em casa que é essencial para que qualquer tratamento funcione
É com a família a criança inicia a construção dos hábitos, a formação e a 
estruturação de um ambiente adequado para as experiências alimentares. Essas 
experiências poderão ser decisivas na aceitação dos novos alimentos. Isto acon-
tece no processo natural do desenvolvimento infantil. Por exemplo, no período de 
iniciação da alimentação complementar ou alimentos sólidos como as papinhas, 
frutinhas, as crianças começam a brincar com a comida num processo de reco-
nhecimento das texturas, cheiros, temperatura. Elas amassam com as mãos, es-
palham por todo o rosto, corpo e tudo mais que estiver por perto. Esta brincadeira 
vai estimulando as descobertas das sensações do alimento na boca, (cheiro, tex-
tura, tempero). Desta maneira, na oferta do alimento, os hábitos alimentares po-
dem tornar a experiência alimentar mais agradável e estimulante para a criança. 
Caso esta fase do desenvolvimento não ocorra de forma prazerosa podem surgir 
alteração alimentares. É também observando os pais ou os cuidadores comendo, 
em um ambiente organizado e agradável, que crianças podem realizar suas refei-
ções em momentos prazerosos e positivamente estimulantes. 
Conhecer o gosto alimentar do autista facilita o processo de incluir novos 
alimentos, mas para que isso aconteça é necessário que a família seja evolvida 
nos tratamentos e nas tentativas diárias de aumento do cardápio. Podemos ver no 
depoimento de Juliana Santa Maria, mamãe de Victor hoje com 18 anos, como ela 
faz para tentar variar o cardápio do fi lho.
Segundo o blog Mayra Gaiato, a criança come poucos alimentos, ou até 
mesmo apenas uma opção. Recusa provar algo novo e pode acontecer de se 
recusar a fazer suas refeições em locais diferentes da sua rotina. Os alimentos 
também nunca podem estar misturados no prato. Qualquer alteração na sua roti-
na prejudica sua alimentação. Arthur por exemplo pede arroz e batata frita, pede 
ketchup. Ele coloca o ketchup só no arroz, mas ele só come a batata. Problemas 
no processamento sensorial (GAIATO, s.d.).
52
 Integração Sensorial
Ainda segundo Gaiato (s.d.), as crianças podem ter difi culdade em introduzir 
alimentos novos devido ao: cheiro, cor, visual, texturas, sabor (tempero), temperatu-
ra. No caso do Arthur, ele cheira os alimentos, e se for “mole” ele não aceita, exem-
plo Banana, precisa estar bem fi rme. Como citado acima muitos fatores podem in-
terferir na seletividade alimentar da criança com TEA.

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