Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE SANTARÉM DISCIPLINA: LIBRAS ALUNA: ANDREZA OLIVEIRA DA SILVA A TRAJETÓRIA DO POVO SURDO PELO RECONHECIMENTO DE SUA LÍNGUA, CULTURA E IDENTIDADE. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, em 2020 existiam 500 milhões de surdos no mundo e, até 2050, haverá pelo menos 1 bilhão em todo o mundo. No mesmo sentido, um estudo feito em conjunto pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda revela que no Brasil existia em 2019 cerca 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva, sendo que desses, 2,3 milhões têm deficiência severa. Sabe-se que assim como outras incapacidades, muito se discute sobre formas de integrar os indivíduos em todos os ambientes da sociedade, como deve ser, de fato. É nesse sentido que o ordenamento jurídico brasileiro tem diversas leis que amparam pessoas deficientes, tais como Lei nº 10.098/2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida; a Lei 7.853/89 ampara a acessibilidade aos portadores de deficiências visuais; a Lei nº 10.436/02 que reconhece foi sancionada a lei reconhecendo a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão no país. Em se tratando da Lei de LIBRAS, determinou-se que o poder público atuasse de forma a apoiar e difundir o uso e difusão da Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil, que seja garantido atendimento adequado aos deficientes auditivos no que tange à assistência de saúde pública, e, mais ainda, que os sistemas de ensino público incluam nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, o ensino da Libras. É sabido que há muito tempo, especificamente em 1857 foi fundada a primeira escola para surdos no Brasil, tendo sido isso um marco na construção da inclusão e dos direitos de pessoas surdas, inclusive, servindo de pontapé inicial para a criação da Língua Brasileira de Sinais. A LIBRAS foi baseada na Língua de sinais francesa e com o passar do tempo essa língua se transformou no principal recurso para que as pessoas surdas possam se comunicar no dia a dia utilizando um padrão. A linguagem é um de nossos primeiros instintos, é, talvez, nosso meio mais eficaz de comunicação pois através dela podemos externar pensamentos, emoções e construir uma vida social. Não se trata somente da linguagem falada, pois como bem se sabe, a língua de sinais também é um meio de comunicação entre aqueles que dela necessitam. É certo que não se deve excluir este ou aquele por se comunicar de forma “diferente” da maioria e é nesse sentido que se faz necessário efetivar o que dispõe a lei que regulamenta a lei da LIBRAS. Durante muito tempo se falou em inclusão, mas é fato que não há como tratar inclusão como a mera determinação de que as escolas “aceitem” alunos surdos. Não há como falar de inclusão, de fato, se o aluno surdo fica excluído num canto e não interage com os demais e está ali tão somente em cumprimento às determinações legais. Ora, se o que se busca com a determinação da Lei da Língua Brasileira de Sinais é a interação e a garantia de que os surdos possam se comunicar, como achar que a mera inclusão no espaço escolar, por exemplo, garantiria isso? Não há como nos afastarmos da necessidade que têm os surdos de se sentirem – e serem – parte dos espaços que frequentam, pelo simples fato de serem indivíduos como quaisquer outros e isso ser uma questão de dignidade. Assim, levando em consideração que a LIBRAS é uma língua, ou seja, um idioma, e que é um idioma oficial em nosso país, deveríamos adotar a língua de sinais como uma língua secundária, ou seja, sermos bilíngues falando em português e em libras. Isso, sim, garantiria a comunicação e asseguraria a dignidade daquelas pessoas que necessitam usar exclusivamente a língua de sinais por serem surdos. A lei 13.146/2015 institui a inclusão das pessoas com deficiência, assegurando que “É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação”. Ou seja: a responsabilidade de garantir todos esses direitos não é somente do Estado e da família, mas de toda a sociedade. As escolas, por exemplo, não são meras instituições de ensino, são nossa “segunda casa”, um lugar onde devemos aprender, compartilhar, fazer amizades, socializar e, também, nos sentirmos acolhidos. É primordial que as escolas, tanto da rede pública quando da rede privada, sejam todas bilíngues e, assim, promover uma comunicação plena entre funcionários, alunos, pais, professores. Hoje, para “assegurar” a interação da criança surda na escola, tem-se a figura do intérprete, que funciona como uma espécie de intermediário entre a criança surda e o mundo exterior – sim, porque em termos práticos, são dois mundos distintos. Claro, a presença do intérprete é importante, mas não promove uma inclusão total. O ideal seria que todos compartilhassem das experiências destinadas a todos que vivem neste mundo. Mais ainda, o material didático deve construindo sob o bilinguismo, de forma lúdica e inclusiva para que atenda as necessidades de todos e todas, e que à criança surda seja garantida autonomia e interação. Em relação à construção do profissional de Libras, é necessária a oferta de mais curtos voltados para a efetiva comunicação entre o professor e aluno, aliado à necessidade de se dar mais visibilidade para a disciplina voltada ao estudo da Libras. Não se busca aqui colocar a criança numa posição diversa da que deve ocupar como protagonista do processo de aprendizagem, no entanto, deve haver equidade e essa equidade consiste em tratar os desiguais na medida de suas desigualdades, para que, assim, seja alcançada a igualdade real. É fundamental que a língua de sinais pare de ser vista com tabu, pois com contato diário todos podem aprender, afinal, o segredo para a perfeição é a prática. Como em qualquer língua, o processo de aprendizagem de Libras é demorado, exige dedicação e persistência, mas é possível pois todos nós somos capazes de aprender. Todos nós precisamos zelar pela dignidade de todos e a comunicação é um dos mais importantes passos rumo a isso.
Compartilhar