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DA INELEGIBILIDADE Apresentado a disciplina de Direito Eleitoral MARÇO 2021 30 João Eduardo Picanço de Albuquerque Gustavo Parente Mayara Joyce Carvalho Barboza Componentes Em pesquisa realizada em 2019 pelo Pnad*, 6,6% da população brasileira é analfabeta. São cerca de 11 milhões de brasileiros *Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Sobre o analfabetismo: Mas, quem é analfabeto para efeitos de inelegibilidade? 1. E como se demonstra esse analfabetismo? Como se comprova ser alfabetizado? Impõe-se que o pedido de registro da candidatura seja acompanhado de comprovante de escolaridade (diploma, histórico escolar, certidão emitida pela entidade de ensino). Sendo documentos que per si, demonstram o status de alfabetizado. (TSE – REspe n° 8.941/PI – PSS 27- 9-2016) MARÇO 2021 21 Possuir documento que enceja presunção de escolaridade Produzir declaração de próprio punho perante autoridade ou servidor do Cartório ou Secretária eleitoral Realizar e ser aprovado em prova ou teste No entanto, a ausência de tais documentos pode ser suprida pelas seguintes vias: MARÇO 2021 31 No primeiro caso, um documento que enceja essa presunção é a carteira nacional de habilitação - CNH, conforme se extrai da Súmula n° 55 do TSE "A Carteira Habilitação gera a Nacional de presunção da escolaridade necessária ao deferimento do registro de candidatura" Explicando: MARÇO 2021 30 No segundo caso, a declaração deve ser produzida na presença dos referidos agentes públicos, e não apenas apresentada já confeccionada e tão só assinada diante deles. A jurisprudência já considerou que a mera assinatura em documentos é insuficiente para provar a condição de alfabetizado do candidato (TSE – REspe n o 21.958/SE – PSS 3-9-2004). Explicando: MARÇO 2021 30 Já no terceiro caso (teste ou prova), é necessário que a alfabetização seja aferida de modo individual e reservado, sem que se fira a dignidade inerente à pessoa. Para que se considere alfabetizada, basta que a pessoa possa “ler e escrever, ainda que de forma precária” (TSE – AgR-REspe n o 90.667/RN – PSS 8-11- 2012) ou “minimamente” (TSE – AgR- REspe n o 424.839/SE – DJe, t. 170, 4-9- 2012, p. 50) Explicando: MARÇO 2021 30 MARÇO 2021 30 Nestes termos, a Corte Superior Eleitoral considerou analfabeto, e, pois, inelegível: alfabetização, não demonstrou possuir habilidades mínimas para ser considerado alfabetizado. (REspe n o 13.180, de 23-9- 1996); a) Candidato que, submetido a teste de b) Candidato que se mostra incapaz de esboçar um mínimo de sinais gráficos compreensíveis. (REspe n o 12.804, de 25-9-1992); c) Candidato que não mostre aptidão para leitura. (REspe n o 12.952, de 1 o -10-1992); d) Candidato que não logre sucesso na prova a que se submeteu, mesmo que já tenha ocupado a vereança. (REspe n o 13.069, de 16-9-1996). 2. Flávio Dino pode concorrer a outro cargo de governador? E se for a outro cargo eletivo? Se sim, como proceder? Concorrer ao mesmo cargo MARÇO 2021 30 Sim. Flávio Dino pode concorrer ao mesmo cargo (reeleição). Conforme preleciona o art. 14, §5º da CF/88, “O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.”. governador, Também é possível. Ocorre que, para candidatura de cargo diverso do que ocupa atualmente, o chefe do Executivo deve renunciar ao seu mandato até seis meses antes da eleição para concorrer a outro cargo (art. 14, § 6º, da Constituição; art. 1º, § 1º, da LC nº 64/90) Contudo, se o governador já se reelegeu para o segundo mandato consecutivo, não pode, em seguida, se candidatar para o cargo de vice- independentemente de ter renunciado até seis meses antes da eleição (Res- TSE nº 21.483/DF). Isso porque “poderia tornar-se titular pela terceira vez consecutiva nas hipóteses de substituição e sucessão” (GOMES, 2010, p. 155). Concorrer a outro cargo 3. Um deputado federal pode se reeleger indefinidamente? CRÍTICA Prova disso é que alguns parlamentares como o deputado Miro Teixeira, da Rede de Sustentabilidade do Rio de Janeiro, já está no 11° mandato na Câmara dos Deputados, ou o atual Presidente, que atuou por 7° mandatos. Ocorre que não há previsão legal de que a reeleição tenha limite, gerando diversos desajustes, transformando um mandato rotativo em um cargo vitalício. Esse fenômeno gera uma crise de representatividade na sociedade, pois os mandatos não se voltam mais à população, e sim a busca de poder para permanecer no mandato, já que hoje, se recursos para elege aquele que mais tem investir em uma campanha eleitoral. (MUTA, 2015) MARÇO 2021 30 Pasmem! sim, ele pode! Obs.: Mesmo sem projetos 4. A e B são cônjuges e nenhum deles exerce o cargo de Prefeito de determinado município. Pergunta-se: A pode ser candidato a prefeito e B candidata a vice-prefeita? Para que haja a configuração da inelegibilidade reflexa, o art. 14, § 7º, da CF presume que um parente consanguíneo ou afim do inelegível esteja ocupando cargo do Poder Executivo ou que tenha substituído o titular dentro do prazo de seis meses antes do pleito. Se cônjuges se candidatam aos cargos de prefeito e vice-prefeita na mesma chapa, não existe esse impedimento. Tal entendimento foi afirmado na Resolução nº 23.087/2009, do TSE. Sim, podem! MARÇO 2021 30 5. O detentor de mandato eletivo parlamentar é elegível ao cargo do executivo, cujo parente em segundo grau, na mesma jurisdição, foi o chefe em mandato já fruto de reeleição, mas do qual se desincompatibilizou na forma do § 7º do art 14, da CF de 1988? Essa situação viola o art. 14, § 7º, da CF. Trata-se de inelegibilidade reflexa. Conforme Jairo Gomes (2020, p. 375, E- existe a vedação à alternância pub), entre cônjuges e parentes no Poder Executivo, em hipótese que configuraria um terceiro mandato pelo mesmo grupo familiar. No caso, A ocupou o cargo por dois mandatos e B ocuparia, para ele mesmo, pela primeira vez, mas, para o seu grupo familiar, seria a terceira vez consecutiva. NÃO! MARÇO 2021 30 No caso sub examine, verifica-se que o Prefeito ‘A’ desempenhou o mandato referente ao quadriênio 2009-2012, e o seu parente em segundo grau, Prefeito ‘C’, assumiu a chefia do Poder Executivo no período de 2013-2016, de modo que, no segundo mandato, ficou caracterizada a reeleição e, em razão disso, atraiu-se a vedação de exercício de terceiro mandato consecutivo por esse núcleo familiar no mesmo cargo ou no cargo de vice-prefeito, ex vi do art. 14, §§ 5 o e 7 o , da Constituição da República. negativamente, porquanto o Prefeito 6. Consulta respondida ‘C’ é inelegível para o desempenho do cargo de Chefe do Executivo municipal nas Eleições de 2016” (TSE – Cta n o 11.726/DF – DJe 12-9-2016, p. 36-37) GOMES, Jairo. 2020 MARÇO 2021 30 Destaca-se que, ainda dentro da vedação de terceiro mandato pelo mesmo grupo familiar, caso o titular, no primeiro mandato, venha a falecer, renunciar ou se afastar definitivamente do cargo até seis meses antes do pleito, podem seu cônjuge ou parentes concorrem para a sua sucessão. Curiosidade MARÇO 2021 30 Diz a Súmula nº 6 do TSE: São inelegíveis para o cargo de Chefe do Executivo o cônjuge e os parentes, indicados no § 7 o do art. 14 da Constituição Federal, do titular do mandato, salvo se este, reelegível, tenha falecido, renunciado ou se afastado definitivamente do cargo até seis meses antes do pleito. 6. Pode o eleitor votar em candidato a Deputado Federal que seja detentor do mandato de Deputado Estadual, cujo parente colateral por afinidade em segundo grau, na mesma jurisdição, seja Vice-Governador reeleito mas que venha a assumir o mandato de Governador em razão de desincompatibilização do titular para disputar as eleições de 2006? Menciona o dispositivocitado que: São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos [sic] ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Sim! por força do § 7º, art. 14, da CF. MARÇO 2021 30 O referido parente colateral em segundo grau (pessoa B) substituiu o titular do cargo de Governador dentro dos seis meses anteriores ao pleito. O Deputado Estadual (pessoa A) visa a cadidatura para o cargo de Deputado Federal. Constata-se que não há inelegibililidade, pois a pessoa A esta se candidatando para cargo em jurisdição diferente da pessoa B. 7. Como se analisa o §7º do art. 14 diante do Presidente da República e seus filhos que ocupam cargos públicos? Ao analisar a parte última do §7º do art. 14 anteriormente citado, observa-se que excetua-se a a inelegibilidade reflexa, nos casos onde o cônjuge ou parente – no caso em tela os filhos – forem titulares de mandados eletivos e candidatos a reeleição. A exemplo: Em 2018, ano de presidente, Eduardo Bolsonaro eleição do (seu filho), atual era candidato a reeleição como Dep. Federal (SP), logo, não incidiria qualquer obstáculo. De outra banda, Carlos em 2020 foi reeleito Vereador (RJ) o que, por óbvio, é possível, visto que a reeleição é uma forma de impedir a inelegibilidade reflexa. Eleição Pai X Filho MARÇO 2021 30 Tal instituto, frisa-se, apenas ocorreria se, por exemplo, um dos filhos desistisse do mandato e tentasse a eleição para governador em 2020, ai sim ocorreria a impossibilidade pelo previsto no §7º do art. 14. MARÇO 2021 30 - PARENTE, Gustavo. 2021 8. E se houver separação do casal, o cônjuge separado pode concorrer ao cargo eletivo? Caso a separação corra durante o mandato, permanecerá o impedimento do cônjuge separado (divorciado ou viúvo houve o vínculo pois, por pura lógica, algum momento do em também), durante mandato questão. Súmula Vinculante n° 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal. Não! MARÇO 2021 30 9. E se for amante, incide sobre a hipótese do art. 14 §7º? O Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, soberano no exame das provas, assentou (fls. 113-114): É questão pacífica na jurisprudência pátria que a existência de união estável configura a inelegibilidade prevista no artigo 14, § 7º, da Constituição Federal. Nesse sentido, posicionou-se reiteradas vezes a Corte Superior: (...) concubinato, 2. A convivência marital, seja união estável ou gera inelegibilidade reflexa em função de parentesco por afinidade, (Precedentes: Recurso Ordinário nº 1.101, Rel. Min. Carlos Ayres Britto, DJ de 2.5.2007; Recurso Especial Eleitoral nº 23.487, Rel Min. Caputo Bastos, sessão de 21.10.2004; Recurso Especial Eleitoral nº 24.417, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de 13.10.2004; Consulta nº 845, Rel. Min. Luiz Carlos Madeira, D J de 8.5.2003). (Consulta nº 1573, Rei. Min. Felix Fischer, Publicação DJ de 02/06/2008, página 07) MARÇO 2021 30 DA INELEGIBILIDADE Apresentado a disciplina de Direito Eleitoral MARÇO 2021 30
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