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Franciele de Sousa de Brito Síntese Educação Física, cultura e sociedade. Zé Doca-Ma 2020 O surgimento e ascensão do esporte como um importante fenômeno sociocultural pode ser explicado pelos predicados intrínsecos (lúdicos e agonísticos) presentes nas diversas modalidades esportivas, aliados ao contexto de liberalismo e industrialização da Europa no século XIX, daí espalhando-se para todo o mundo. DaMatta (1978) considera que, ao estudar uma dada cultura, um antropólogo deve realizar um duplo movimento: transformar o estranho em familiar, e, ao mesmo tempo, o familiar em estranho. O primeiro é o movimento original da Antropologia, ao final do século XIX, quando buscava compreender culturas nativas. O segundo corresponde ao momento presente da Antropologia, que se volta para a nossa própria sociedade, e então temos que estranhar o que nos é familiar “cultura” pode ser definida como “conjunto dos modos de vida de um grupo humano determinado, sem referência ao sistema de valores para os quais estão orientados esses modos de vida”. Tal definição aplica-se tanto a sociedades complexas, tecnológicas, como a sociedades simples e rústicas. Somos seres cuja relação original com o mundo e com os outros é corporal-motora (MERLEAU-PONTY, 1999). Possuímos uma infinita capacidade de “movimento para...”, quer dizer, nossa motricidade é regida por intencionalidades. Santin (1987) destaca que os elementos fundantes da Educação Física são: o ser humano (uma totalidade indivisível) e o movimento, o qual possui componentes/elementos intencionais internos e externos. Dentre outros, são componentes intencionais internos do movimento humano: o prazer intrínseco à execução dos próprios movimentos, a superação de si próprio e a fruição estética; elementos externos seriam aqueles que provém de fora do campo do próprio movimento, como troféus, recompensas financeiras, bem como a busca de valores extrínsecos ao movimento em si, como a saúde. É então importante compreender que o interesse das mídias no esporte não se fundamenta no interesse de estimular a prática esportiva, mas de vender a si próprias, e, por sua vez, o esporte profissional torna-se cada vez mais dependente das mídias, em especial da televisão. Atualmente, nenhum grande evento esportivo é possível sem o envolvimento das empresas televisivas, que divulgam os produtos e as marcas dos patrocinadores, por intermédio da publicidade. Se as mídias, em especial a televisão, faz crianças tomarem contato precoce com as formas codificadas do esporte, se para uma garota jogar voleibol é sacar “viagem” e “cortar” contra um bloqueio triplo, e se no imaginário de um garoto ele é o Neymar quando chuta uma bola, mesmo que velha e esgarçada num chão de terra, o professor/profissional de Educação Física que os recebe deve considerar isso, e trabalhar a partir disso.
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