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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DO RECIFE.
Beatriz Dornelas, advogado inscrito na OAB/PE, com escritório na Rua XXXXX NºXXX, Recife, PE, vem com fundamento no Art. 5º, LXVIII da CF e artigos 647- 667 do CPP, interpretar ordem de “Habeas Corpus”, contra ato do Ilustríssimo Sr. Delegado de polícia titular da 2ª Delegacia de polícia do Bairro de Boa Viagem em favor de Josefina Maria brasileira, solteira, Profissional do sexo, RG nº XXXXXX , CPF nº XXXXXXXX, residente e domiciliado à rua XXXXX nº XXXXX, Bairro XXXXXX, CEP XXXXXXX, Recife, PE, nesta pelas razões a seguir aduzida.
I- DOS FATOS 
A paciente no dia 29 de março de 2019 foi presa em Boa viagem, por ordem do Delegado de polícia da 2ª delegacia de polícia do Bairro de Boa Viagem nas proximidades da Rua Conselheiro Aguiar.
A mesma conta que estava junto de amigas de profissão andando pelo local quando foram abordadas por uma viatura, onde os policiais as informaram que a prática de prostituição seria crime, em seguida a Srta. Josefina e outras mulheres foram presas e levadas à delegacia. 
Josefina Maria é Garota de programa há cinco anos e relata que apesar de ser comumente encontrada em diversos lugares seu trabalho sofre com o grande estigma social que lhe é remetido. Esta, não conseguindo arrumar emprego e sendo a única fonte de renda de sua casa encontrou na prostituição uma forma de ajudar sua família, mãe já idosa, filha e a sobrinha que cria. 
Se o estado deseja interferir no seu exercício profissional, sua atuação somente será legítima para garantir o máximo de respeito às prostitutas e não para prejudicar a prática da atividade.
Mesmo assim, é fato notório que a polícia reprime a prostituição mediante a detenção sistemática de mulheres que praticam essa atividade ou até mesmo mediante a adoção de medidas mais violentas contra as prostitutas.
Não se questiona que qualquer pessoa, seja prostituta ou não, possa ser presa se praticar um ato obsceno em lugar aberto ou exposto ao público. Mas não é o caso aqui narrado, onde as prostitutas estão sendo presas pelo simples fato de estarem nas ruas, praticando sua atividade normalmente, com discrição, sem escândalo e sem ultraje público ao pudor. 
II- DO DIREITO 
Segundo o Art. 5º da carta Magna nacional, o exercício de qualquer trabalho é livre assim como qualquer pessoa pode usufruir de seu direito de ir e vir de forma que achar cabível dento do conjunto de normas e deveres que regem a sociedade. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
Tendo em vista que a paciente encontrava-se apenas caminhando pela calçada é perceptível que seu direito de ir vir fora violado em razão da conduta policial, assim como fora inibida a prática de sua profissão. 
Considerando que o próprio Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) reconheceu por meio da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) a prostituição como uma profissão (Doc. 2) não há obstáculo jurídico algum para exercer tal ofício.
Classificação brasileira de ocupações nº 5198-05:
Profissionais do sexo:
Garota de programa, Garoto de programa, Meretriz, Messalina, Michê, Mulher da vida, Prostituta, Trabalhador do sexo.
Descrição Sumária:
“Buscam programas sexuais; atendem e acompanham clientes; participam em ações educativas no campo da sexualidade. As atividades são exercidas seguindo normas e procedimentos que minimizam a vulnerabilidades da profissão.”
No Brasil, qualquer prisão somente pode ser decretada por autoridade judicial competente, ressalvada as prisões em flagrante delito e as decorrentes de transgressões militares, conforme estabelece o artigo 5º, inciso LXI, da CF/88:
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
Relacionado à prostituição o direito brasileiro segundo o código penal apenas constitui o Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, Casa de prostituição e o Rufianismo como tipos penais. Logo não há que se falar em prisão em flagrante na situação da Srta. Josefina. Por conseguinte, o incomodo imposto a paciente é ilegal e exige a prestação jurisdicional apta a cessar o constrangimento e a possível prisão ilegal.
Diante de todo acima exposto, pleiteia-se sejam requisitadas informações, com urgência, para o presente caso, perante autoridade ora apontada como coatora, para que ao final conceda-se a ordem impetrada, com supedâneo no Art. 648, I e III do CPP, além das providências contidas no final.
III- DO PEDIDO
Ante o exposto, requer a concessão e expedição da ordem de Alvará de Soltura, preservando o direito fundamental da liberdade de locomoção da paciente, bem como, seja comunicado a autoridade coatora e a autoridade judiciária. 
Nesses termos, 
Pede deferimento.
 Recife, 14 de Abril de 2019.
____________________________
OAB/PE XXXXXXX

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