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Respiração S I S T E M A R E S P I R A T Ó R I O As funções principais da respiração são prover oxigênio aos tecidos e remover o dióxido de carbono. Para alcançar tais objetivos, a respiração pode ser dividida em 4 componentes: - Ventilação pulmonar; - Difusão de O2 e CO2 entre os alvéolos e o sangue; - Transporte de oxigênio e dióxido de carbono no sangue e nos líquidos corporais e suas trocas com as células de todos os tecidos do corpo; - Regulação da ventilação e outros aspectos da respiração. V E N T I L A Ç Ã O P U L M O N A R Significa o influxo e o efluxo de ar entre a atmosfera e os alvéolos pulmonares. Os pulmões podem ser expandidos e contraídos por “duas maneiras” – se completam: - Por movimentos de subida e descida do diafragma para aumentar ou diminuir a cavidade torácica; - Por elevação e depressão das costelas para elevar e reduzir o diâmetro anteroposterior da cavidade torácica. Geralmente, na respiração tranquila normal é mais comum os movimentos do diafragma -> na INSPIRAÇÃO, a contração diafragmática “puxa” as superfícies inferiores dos pulmões para baixo -> na EXPIRAÇÃO, o diafragma relaxa, os pulmões diminuem de volume e a retração elástica da parede torácica e das estruturas abdominais comprime os pulmões e expele o ar. Durante a respiração vigorosa, no entanto, as forças elásticas não são poderosas o suficiente para produzir a rápida expiração necessária; assim, força extra é obtida, principalmente, pela contração da musculatura abdominal, que empurra o conteúdo abdominal para cima, contra a parte inferior do diafragma, comprimindo, dessa maneira, os pulmões. No movimento de elevação da caixa torácica -> quando a caixa torácica é elevada expande os pulmões -> posição de repouso natural, as costelas se inclinam para baixo possibilitando, dessa forma, que o esterno se aproxime da coluna vertebral -> quando a caixa torácica é elevada, no entanto, as costelas se projetam quase diretamente para frente, fazendo com que o esterno também se mova anteriormente para longe da coluna, aumentando o diâmetro anteroposterior do tórax por cerca de 20% durante a inspiração máxima. Durante a inspiração quando ocorre a expansão da caixa torácica, quem promove esse movimento, são as costelas flutuantes (últimas) – que não estão “coladas” na coluna. NÃO EXISTE EXPANSÃO DA CAIXA TORÁCICA SEM OS MOVIMENTOS DO DIAFRAGMA. Os músculos envolvidos na elevação da caixa torácica, são, intercostais externos (principais – músculos inspiratórios) – a medida que se contraem, puxam as costelas superiores pra frente em relação as inferiores (eleva a caixa), mas também, músculos esternocleidomastóideos, (elevam o esterno), serráteis anteriores (elevam muitas costelas) e escalenos (elevam as 2 primeiras costelas). Os músculos que puxam a caixa torácica pra baixo são, o reto abdominal – puxa as costelas inferiores pra baixo ao mesmo tempo que as estruturas abdominais estão realizando o processo de compressão na expiração e os intercostais internos – realizam trabalho oposto aos intercostais externos (músculo expiratórios). O músculo mais importante da inspiração é o diafragma, um músculo esquelético em formato de cúpula que forma o assoalho da cavidade torácica. Para o processo de inspiração requer um trabalho muscular maior, porém para o processo de relaxamento, é quase inteiramente processo passivo. O trabalho da inspiração pode ser dividido em três frações: (1) a necessária para expandir os pulmões contra as forças elásticas do pulmão e do tórax, chamada trabalho de complacência ou trabalho elástico; (2) a necessária para sobrepujar a viscosidade pulmonar e das estruturas da parede torácica, chamada trabalho de resistência tecidual; e (3) a necessária para sobrepujar a resistência aérea, ao movimento de ar para dentro dos pulmões, chamada trabalho de resistência das vias aéreas. Durante a respiração normal e tranquila, apenas 3% a 5% da energia consumida pelo corpo são requeridas pela ventilação pulmonar. P R E S S Õ E S N E C E S S Á R I A S Os pulmões são estruturas elásticas que colapsam, como um balão, e expelem todo o ar pela traqueia, toda vez que não existe força para mantê-lo inflado. Os pulmões flutuam na cavidade torácica (exceto na região do hilo do pulmão – no mediastino) e são cercados por uma fina camada de líquido pleural (lubrifica - evita o atrito entre as membranas e facilita o deslizamento). Portanto, os pulmões são presos à parede torácica, como se estivessem colados; no entanto, eles estão bem lubrificados e podem deslizar livremente quando o tórax se expande e contrai. P R E S S Ã O P L E U R A L: É a pressão que ocorre no fino espaço entre a PLEURA PARIETAL e a PLEURA VISCERAL. Quando acontece a sucção (ato de sugar) dos folhetos pleurais significa uma LEVE PRESSÃO NEGATIVA; A pressão pleural normal no início da inspiração é cerca de -5 centímetros de água -> diz respeito a quantidade de sucção necessária para manter os pulmões abertos no seu nível de repouso -> durante a INSPIRAÇÃO NORMAL a expansão da caixa torácica traciona os pulmões -> deixa a pressão AINDA MAIS NEGATIVA, cerca de -7,5 centímetros de água. Na expiração, os eventos são revertidos -> retorna os valores da pressão pleural pra mais próximo do -5 (até normalizar). P R E S S Ã O A L V E O L A R: É a pressão do ar dentro dos alvéolos pulmonares. Quando a glote está aberta e não existe fluxo de ar para dentro ou para fora dos pulmões as pressões em TODAS as partes da ÁRVORE RESPIRATÓRIA até os ALVÉOLOS, são IGUAIS a pressão atmosférica que é considerada a pressão de referência 0 nas vias aéreas, ou seja, 0 cm de pressão de água. GLOTE ABERTA -> NÃO TEM FLUXO DE AR PRA FORA OU PRA DENTRO DOS PULMÕES -> PRESSÃO ALVEOLAR = PRESSÃO ATMOSFÉRICA = 0CM DE PRESSÃO DE ÁGUA. Durante a inspiração normal, para causar o influxo de ar para os alvéolos a pressão deve cair pra um POUCO ABAIXO DE 0 -> essa pressão de cerca de -1cm de água é suficiente para puxar 0,50litros de ar para o interior dos pulmões nos 2 segundos necessários para uma inspiração normal e tranquila. Pode ser explicado pela Lei de Boyle – a pressão de um gás em um recipiente fechado é inversamente proporcional ao volume do recipiente. Durante a EXPIRAÇÃO, a pressão alveolar chega a +1cm de água e “obriga” os pulmões a liberar o 0,50litros de ar para fora durante os 2 a 3 segundos de expiração. P R E S S Ã O T R A N S P U L M O N A R É a diferença entre a pressão alveolar e a pressão pleural – é a diferença de pressão entre os alvéolos e as superfícies externas dos pulmões. PT = PA – (- PP) A pressão transpulmonar é medida das forças elásticas nos pulmões que tendem a colapsá-los a cada instante da respiração – pressão de retração. C O M P L A C Ê N C I A P U L M O N A R É o grau de expansão pulmonar por cada unidade de aumento da pressão transpulmonar. A complacência total de ambos os pulmões no adulto normal é, em média, de 200 mililitros de ar por centímetro de pressão de água transpulmonar. Isto é, sempre que a pressão transpulmonar aumentar 1 centímetro de água, o volume pulmonar, após 10 a 20 segundos, se expandirá 200 mililitros. O diagrama que relaciona as alterações do volume pulmonar com as mudanças da pressão pleural que, por sua vez, modifica a pressão transpulmonar. A relação é diferente para a inspiração e a expiração. As duas curvas são denominadas, respectivamente, curva de complacência inspiratória e curva de complacência expiratória, e todo o diagrama é chamado diagrama da complacência pulmonar. As características do diagrama de complacência são determinadas pelas forças elásticas dos pulmões, que podem ser divididasem duas partes: - Força elástica do tecido pulmonar propriamente dito; - Forças elásticas causadas pela tensão superficial do líquido que reveste as paredes internas dos alvéolos e outros espaços aéreos pulmonares. Essas forças elásticas do tecido pulmonar são compostas por elastina e colágeno e estão entrelaçadas no parênquima pulmonar. PULMÃO VAZIO -> FIBRAS CONTRAÍDAS E DOBRADAS -> PULMÃO SE EXPANDE -> FIBRAS ESTIRADAS E DESDOBRADAS. As forças elásticas teciduais que tendem a provocar colapso do pulmão cheio com ar representa um terço da elasticidade total pulmonar. Quando os pulmões estão cheios de ar existe uma interface entre o líquido alveolar e o ar no interior dos alvéolos, o que não acontece quando os pulmões estão cheios de solução salina. A tensão superficial é também responsável por dois terços da elasticidade total pulmonar, o que diminui o tamanho dos alvéolos durante a expiração. Princípios da Tensão Superficial - Quando a água forma uma superfície de contato com o ar, as moléculas da água na superfície têm atração especialmente forte umas pelas outras. Como resultado, a superfície da água está sempre tentando se contrair. Isto é o que mantém as gotas de chuva unidas — isto é, existe firme membrana contrátil, constituída por moléculas de água, por toda a superfície da gota. Agora, vamos reverter esses princípios e ver o que acontece nas superfícies internas do alvéolo. Aí, a superfície da água também está tentando se contrair, o que tende a forçar o ar para fora do alvéolo, pelo brônquio, e, ao fazer isso, induz o colapso do alvéolo. O efeito global é o de causar força contrátil elástica de todo o pulmão que é referida como força elástica da tensão superficial. O surfactante é um agente ativo da superfície da água, significando que ele reduz bastante a tensão superficial da água. É secretado por células epiteliais especiais secretoras de surfactante chamadas células epiteliais alveolares tipo II - essas células são granulares, contêm inclusões lipídicas que são secretadas no surfactante dentro dos alvéolos. O surfactante é mistura complexa de vários fosfolipídeos, proteínas e íons. Os componentes mais importantes são o fosfolipídeo dipalmitoilfosfatidilcolina, as apoproteínas surfactantes e os íons cálcio. Esses fosfolipídeos desempenham essa função (diminuir a tensaõ), porque não se dissolvem totalmente no líquido presente na superfície alveolar. Caso as vias aéreas que levam aos alvéolos pulmonares estejam bloqueadas, a tensão superficial, no alvéolo, tende a colapsá-lo. Esse colapso cria pressão positiva alveolar, tentando empurrar o ar para fora. A quantidade de pressão, gerada dessa maneira, no alvéolo, pode ser calculada a partir da seguinte fórmula: Observe, a partir da fórmula precedente, que a pressão, gerada como resultado da tensão superficial alveolar, é inversamente afetada pelo raio do alvéolo, o que significa que quanto menor o alvéolo, maior a pressão alveolar ocasionada pela tensão superficial. A caixa torácica tem suas próprias características elásticas e viscosas, semelhantes às dos pulmões; até mesmo se os pulmões não estivessem presentes no tórax, esforço muscular seria necessário para expandir a caixa torácica. Complacência torácica e pulmonar combinadas: A complacência de todo o sistema pulmonar (dos pulmões e da caixa torácica juntos) é medida durante a expansão dos pulmões de pessoa totalmente relaxada ou paralisada. Para medir a complacência, o ar é forçado para o interior dos pulmões durante curto intervalo de tempo, enquanto se registram as pressões e volumes pulmonares. Para insuflar esse sistema pulmonar total, é requerida quase duas vezes a mesma quantidade de pressão necessária para insuflar os mesmos pulmões após sua remoção da caixa torácica. Portanto, a complacência do sistema combinado pulmão-tórax é quase a metade da do pulmão isolado — 110 mililitros de volume por centímetro de pressão de água para o sistema combinado comparados a 200 mL/cm para os pulmões isolados. Além disso, quando os pulmões estão expandidos até grandes volumes ou comprimidos até pequenos volumes, as limitações do tórax se tornam extremas. Quando próxima desses limites, a complacência do sistema pulmão-tórax pode ser menos de um quinto que a dos pulmões isolados. V O L U M E S P U L M O N A R E S Quantidades máximas que os pulmões podem expelir: - Volume corrente: volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração normal -> 500ml em adultos normais; - Volume de reserva inspiratório: volume extra que ainda pode ser inspirado (respirações fortes) -> +/- 3000ml - Volume de reserva expiratório: volume máximo de ar extra que pode ser expirado (nas expirações forçadas, após a expiração corrente normal) -> +/- 1100ml. - Volume residual: volume de ar que fica nos pulmões após a expiração mais forçada -> +/- 1200ml. Capacidades pulmonares: leva em consideração 2 ou mais volumes pulmonares: - Capacidade inspiratória: VOLUME CORRENTE + VOLUME DE RESERVA INSPIRATÓRIO – quantidade de ar que a pessoa pode respirar, começando do nível expiratório normal até a distensão máxima dos pulmões (+/- 3500ml). - Capacidade residual funcional: VOLUME DE RESERVA EXPIRATÓRIO + VOLUME RESIDUAL – quantidade de ar que fica nos pulmões após a expiração normal (+/- 2300ml). - Capacidade vital: VOLUME DE RESERVA INSPIRATÓRIO + VOLUME CORRENTE + VOLUME DE RESERVA EXPIRATÓRIO – quantidade máxima de ar que a pessoa pode expelir dos pulmões, após primeiro enchê-lo na extensão máxima e depois expirar na extensão máxima (+/- 4600ml). - Capacidade pulmonar total: VOLUME RESIDUAL + CAPACIDADE VITAL – volume máximo que os pulmões podem ser expandidos com o maior esforço (+/- 5800ml). Em geral, todos os volumes e capacidades pulmonares, nas mulheres, são cerca de 20% a 25% menores do que nos homens, e são maiores em pessoas atléticas e com massas corporais maiores do que em pessoas menores e astênicas. Abreviações e símbolos, são utilizados para calcular dados da função pulmonar, como: CV = VRI + VC + VRE CV = CI + VRE CPT = CV + VR CPT = CI + CRF CRF = VRE + VR A CRF, varia acentuadamente em alguns tipos de doença pulmonar, é geralmente desejável medir essa capacidade. O espirômetro não pode ser usado de modo direto para medir a CRF, pois o ar no volume residual dos pulmões não pode ser expirado para o interior do espirômetro, e esse volume constitui cerca da metade da CRF. Para medir a CRF, o espirômetro deve ser usado de maneira indireta, geralmente por meio do método da diluição do hélio, como se segue. Espirômetro de volume conhecido é cheio com ar misturado com hélio, em concentração conhecida. Antes de respirar no espirômetro, a pessoa expira normalmente. No final dessa expiração, o volume remanescente nos pulmões é igual à CRF. Nesse ponto, a pessoa começa imediatamente a respirar no espirômetro e os gases do espirômetro se misturam com os gases pulmonares. Como resultado, o hélio é diluído pelos gases da CRF, e o volume da CRF pode ser calculado, pelo grau de diluição do hélio, usando-se a seguinte fórmula: em que CRF é a capacidade residual funcional, CiHe é a concentração inicial de hélio no espirômetro, CfHe é a concentração final de hélio no espirômetro e Viespir é o volume inicial do espirômetro. Ventilação minuto = volume corrente (500ml) X frequência respiratória (12 respirações p/ min) -> em média 6L/min. Valores muito abaixo ou muito altos levam a sérios problemas, que a maioria das pessoas não conseguem sustentar. A importância fundamental da ventilação pulmonar é a de renovar continuamente o ar nas áreas de trocas gasosas dos pulmões, onde o ar está próximo à circulação sanguínea pulmonar.Essas áreas incluem os alvéolos, sacos alveolares, ductos alveolares e bronquíolos respiratórios. A velocidade/intensidade com que o ar novo alcança essas áreas é chamada ventilação alveolar. Parte do ar que a pessoa respira nunca alcança as áreas de trocas gasosas, por simplesmente preencher as vias respiratórias onde essas trocas nunca ocorrem, tais como o nariz, a faringe e a traqueia. Esse ar é chamado ar do espaço morto, por não ser útil para as trocas gasosas. O espaço morto é muito desvantajoso para remover os gases expiratórios dos pulmões -> porque ele sempre é expirado primeiro. O volume do espaço morto em média é de 150ml. Espaço morto anatômico: mede o volume de todos os espaços, excetuando-se os alvéolos e outras áreas de trocas gasosas intimamente relacionadas. Espaço morto fisiológico: quando alguns alvéolos não funcionais são incluídos nas medidas de espaço morto. A ventilação alveolar por minuto é o volume total de novo ar que entra nos alvéolos e áreas adjacentes de trocas gasosas a cada minuto. É igual à frequência respiratória vezes a quantidade de ar novo que entra nessas áreas a cada respiração. VA = Freq × (VC − VM) em que VA é o volume de ventilação alveolar por minuto, Freq é a frequência da respiração por minuto, VC é o volume corrente e VM é o volume de espaço morto fisiológico. Assim, com volume corrente normal de 500 mililitros, o espaço morto normal de 150 mililitros e na frequência respiratória de 12 respirações por minuto, a ventilação alveolar é igual a 12 × (500 − 150) ou 4.200 mL/min. A ventilação alveolar é um dos principais fatores determinantes das concentrações de oxigênio e dióxido de carbono nos alvéolos -> importante nos processos de trocas gasosas.
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