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Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 1 Cerebelo INTRODUÇÃO • Cerebelo: equilíbrio, movimentos delicados, Tentório cerebelar, substância cinzenta e substância branca • É um órgão do SNC • Possui uma organização parecida com o encéfalo, um sítio medular branco rodeado de um córtex (substância cinzenta) • Cérebro x Cerebelo: o cerebelo é um órgão muito mais simples que o cérebro, em termos de conexões sinápticas, de área de superfície, de funções específicas • FUNÇÕES DO CEREBELO ➢ Manter o equilíbrio corporal ➢ Manter o nosso tônus muscular: para a manutenção da postura, por exemplo, o trapézio que está com suas fibras parcialmente contraídas para manter a postura ➢ Garantir o aprendizado motor: atividade motora que estamos aprendendo e depois se torna quase que automática. Uma pessoa com lesão cerebelar tem que reaprender diversas atividades motoras que já estavam programadas na cabeça dela ➢ Cognitiva: ajuda em algumas funções específicas porque tem conexões importantes com o córtex pré-frontal, por exemplo, montagem de quebra-cabeça, lego, ligar o nome de uma estrutura com a figura dela ou ler um manual e montar um determinado objeto • O cerebelo possui conexões aferentes e eferentes bastante complexas LOCALIZAÇÃO DO CEREBELO • O cerebelo está localizado posteriormente ao tronco encefálico e ao 4º ventrículo e logo abaixo do encéfalo • Ele repousa na fossa cerebelar do osso occipital que acomoda perfeitamente o cerebelo • Tem uma relação muito próxima com o forame magno, e que pode acontecer uma herniação do cerebelo (principalmente das tonsilas cerebelares) no forame magno em algumas condições como hipertensão intracraniana ou aumento\diminuição da pressão glicólica. Então, o cerebelo começa a sair da sua posição anatômica e passar pelo forame magno TENTÓRIO DO CEREBELO • É uma prega de dura-máter que separa o cerebelo do cérebro, então o cerebelo está compartimentado • Os hemisférios do cerebelo estão compartimentados por uma prega de dura- máter • O Tentório é revestido internamente por endotélio o que transforma essa prega em um seio da dura-máter que ajuda na reabsorção tanto de sangue venoso quanto de líquor para que esse líquor possa cair de novo na circulação (mais na aula de cérebro – circulação do líquor) PRANCHA 107 Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 2 MORFOLOGIA EXTERNA DO CEREBELO • Na imagem acima, o cerebelo foi rebatido e observamos a fossa romboide do 4º ventrículo que serve de limite para o cerebelo PEDÚNCULOS CEREBELARES • Estruturas do cerebelo que servem de comunicação e fixação ao tronco encefálico • São um conjunto de fibras que entram e saem do cerebelo e, por conseguinte, vai conectar a essas estruturas • PEDÚNCULO CEREBELAR SUPERIOR • PEDÚNCULO CEREBELAR MÉDIO: é o mais espesso pois tem uma grande quantidade de fibras a maioria vindas da ponte que possui uma grande quantidade de fibras • PEDÚNCULO CEREBELAR INFERIOR ANATOMIA MACROSCÓPICA DO CEREBELO • VERME DO CEREBELO: parte central, mediana, e a partir dessas estruturas tem-se, então, os hemisférios cerebelares • HEMISFÉRIO DO CEREBELO (DIREITO E ESQUERDO) • FOLHAS DO CEREBELO: que são delimitadas pelas fissuras do cerebelo • FISSURAS DO CEREBELO: são as reentrâncias que o cerebelo possui que delimitam, então, as suas folhas. • As reentrâncias aumentam a superfície de contato do cerebelo e economiza em área, logo, aumenta-se a superfície de contato e, consequentemente, você potencializa a função com uma estrutura um pouco menor • No livro, cada parte do verme do cerebelo e do hemisfério do cerebelo possui um nome específico, então em um órgão pequenininho temos uma descrição enorme, NÃO PRECISA DECORAR CADA UMA DESSAS PARTES NÃO, já no que tange as faces superodorsal e ventral, você precisa se atentar aos nomes FACE SUPERODORSAL E VENTRAL DO CEREBELO IMAGENS 1 E 2 • LOBO FLÓCULO-NODULAR ➢ FLÓCULO E NÓDULO ➢ FISSURA PÓSTERO-LATERAL: separa o lobo flóculo-nodular (azul) do lobo posterior (verde) ➢ Essa região do cerebelo é responsável pelo equilíbrio corporal, pois faz conexão com a orelha interna • LOBO POSTERIOR ➢ TONSILA DO CEREBELO: são duas formações arredondadas localizadas inferiormente e possuem uma relação maior com o forame magno, portanto, são essas estruturas que sofrem herniação quando o cerebelo está sob uma pressão disfuncional dentro do encéfalo • LOBO ANTERIOR ➢ FISSURA PRIMA: separa o lobo anterior do lobo posterior • O livro cita diversas fissuras, mas as mais importantes, e que vamos usar são as duas citadas acima PRANCHA 116 PRANCHA 114 1 2 Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 3 DIVISÃO ANATÔMICA DO CEREBELO IMAGENS 1 E 2 LOBO ANTERIOR LOBO FLÓCULO-NODULAR LOBO POSTERIOR • Esses lobos guardam alguma relação com a divisão funcional e ela sim é importante, pois ela vai direcionar e vai ditar a sintomatologia que o paciente vai ter CORPO DO CEREBELO: lobo anterior + lobo posterior ANATOMIA MACROSCÓPICA + MORFOLOGIA INTERNA • Vemos uma distribuição parecida com o cérebro, ou seja, tem lâminas de substância branca rodeada por substância cinzenta que seria o córtex • CORPO MEDULAR DO CEREBELO: a substância branca está no interior do miolo. O corpo medular projeta-se até chegar no córtex, o que se chama lâminas brancas • LÂMINAS BRANCAS: projeções do corpo medular até chegar no córtex • CÓRTEX CEREBELAR: camada de substância cinzenta que vai margear essa estrutura NÚCLEOS DO CEREBELO • Na imagem acima, vemos que na substância branca nós temos os núcleos do cerebelo (ou núcleos centrais do cerebelo) • Esses núcleos são estruturas extremamente importantes do ponto de vista funcional • Lesões nessas estruturas são mais graves, quando a lesão não acomete esses núcleos elas têm melhor prognóstico porque lesões no córtex das lâminas brancas e do centro medular branco, com exceção dos núcleos, podem cursar como retomada da função, ou seja, com o treinamento pode acontecer uma plasticidade neuronal diferente do cérebro. Mas quando lesa os núcleos do cerebelo é uma lesão mais grave e cursa com um prognóstico pior • Nos núcleos tem corpos de neurônios e se forem lesados é uma condição bastante grave, pois o corpo do neurônio é o centro metabólico do neurônio • Por ser um órgão pequeno, as lesões vão afetar os núcleos • NÚCLEO DO FASTÍGIO ➢ Central • NÚCLEO GLOBOSO • NÚCLEO EMBOLIFORME • NÚCLEO DENTEADO • Cada núcleo vai ser responsável por funções específicas, então a lesão de cada um dá sintomatologias diferentes, mas as lesões costumam atingir mais de um núcleo, pois eles são pequenos DIVISÃO FUNCIONAL DO CEREBELO • Parte de uma divisão longitudinal onde vamos ter zonas relacionadas com funções distintas • ZONA MEDIAL: musculatura axial e proximal dos membros. Está totalmente em cima do verme do cerebelo que está relacionado a manutenção de postura • ZONA INTERMÉDIA • ZONA LATERAL: musculatura distal dos membros, responsável por movimentos mais delicados PRANCHA 116 PRANCHA 114 NÚCLEO INTERPÓSITO (entre o fastígio e o denteado) Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 4 • A divisão anatômica está relacionada com a divisão funcional por conta do lobo flóculo- nodular que é responsável pelo equilíbrio e aí tem-se a divisão de vestibulocerebelo ESTRUTURA DO CEREBELO (ANATOMIA MICROSCÓPICA) CÓRTEX DO CEREBELO (SUBST. CINZENTA) • Tem 3 camadas de fibras • CAMADA MOLECULAR • CAMADA DE CÉLULAS DE PURKINJE: a mais importante • CAMADA GRANULAR CONEXÕES DO CEREBELO • As fibras aferentes que penetram no cerebelo são as aferênciasque chegam no cerebelo, passam pelas camadas no córtex e chegam na camada das fibras de purkinje • As células de purkinje são células chaves, pois apenas elas, as fibras de purkinje que tiveram origem na camada da célula de purkinje, vão fazer conexões com os núcleos centrais do cerebelo, somente elas têm acesso a esses núcleos • Desses núcleos, vão partir fibras eferentes para uma determinada região e para um determinado ajuste mediante um estimulo aferente ou pode acontecer desse estímulo voltar, estimular outra camada do córtex e voltar de novo nas fibras de purkinje, por exemplo, um estímulo inibitório (feedback negativo) • FIBRAS DE PURKINJE: em um estado de embriaguez, são essas células que diminuem o potencial de ação, então o álcool diminui o potencial de ação das fibras de purkinje. Elas compõem a camada do córtex cerebelar. • FIBRAS EFERENTES • FIBRAS TREPADEIRAS: vem do núcleo olivar inferior do bulbo relacionado com o aprendizado motor • FIBRAS MUSGOSAS: podem ir direto para os núcleos para fazer uma modulação em cima das células de purkinje, elas são as grandes determinantes das funções desses núcleos, na imagem, a seta voltando é um feedback negativo. Vem de diversos locais. Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 5 • Fibras trepadeiras e musgosas são fibras aferentes, mas elas têm nomes distintos, as trepadeiras possuem esse nome pois os axônios delas ficam ao redor das fibras de purkinje. Já as musgosas recebem esse nome porque a distribuição delas, no microscópico, parece um musgo, ela começa a fazer um esquema tortuoso semelhante a um musgo CORPO MEDULAR DO CEREBELO • É composto por fibras mielínicas (bainha de mielina) • As fibras são aferentes ao cerebelo ou axônios das células de purkinje • AFERENTES AO CEREBELO ➢ Penetram pelos pedúnculos cerebelares (tudo que entra pelo cerebelo tem que entrar pelos pedúnculos cerebelares que são fibras nervosas que é o axônio do neurônio com o seu envoltório) e se dirigem ao córtex • AXÔNIOS DAS CÉLULAS DE PURKINJE ➢ O axônio da célula de purkinje tem que dar o estímulo no núcleo central do cerebelo DIVISÃO FUNCIONAL DO CEREBELO • Outra divisão funcional do cerebelo. O quadro abaixo já foi utilizado para explicar a outra divisão funcional, mas o lugar dele é aqui • VESTIBULOCEREBELO: cerebelo que faz conexão com a área vestibular com a orelha interna • ESPINOCEREBELO: cerebelo que faz conexão com a medula espinal • CEREBROCEREBELO: cerebelo que faz conexão com o cérebro • Na terminologia anatômica a gente tem o cerebelo vestibular, cerebelo espinal e cerebelo cerebral, vamos ver como acontece a conexão de cada um CEREBELO VESTIBULAR – LOBO FLÓCULO- NODULAR • O nervo vestibulococlear manda o estímulo para núcleos vestibulares do tronco encefálico, onde faz uma sinapse e depois é gerado o fascículo • Essa informação agora volta, através das suas fibras eferentes, para os núcleos vestibulares, os núcleos vestibulares, por sua vez, vão estimular os neurônios motores da medula espinal através do trato vestibuloespinal lateral e medial estimular os músculos axiais e extensores dos membros para que você possa manter a sua postura e o equilíbrio mediante as mudanças de posição da cabeça • Além disso, partem fibras dos núcleos vestibulares através do fascículo longitudinal medial que vai determinar movimentos oculares e da cabeça • LESÃO CEREBELAR: sinal nistagmo, que o olho volta para a posição média, então a pessoa olha para o lado e o olho volta, ele fica tremendo sem a aferência para saber a posição correta • LABIRINTITE: inflamação da orelha média que muda essa conformação e a via não vai funcionar, pois o nervo vestibulococlear não vai falar para o cerebelo a posição da sua cabeça, a pessoa com essa condição tem bastante tonteira e, dependendo do grau, ela vai perder totalmente a noção de posição espacial, fica totalmente desequilibrada Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 6 CEREBELO ESPINAL • Os receptores proprioceptivos estão localizados nos músculos, cápsulas articulares, tendões e ligamentos, dando informação do grau de estiramento, de tensão e de contração dessas estruturas, o estímulo tem origem aqui • Trato corticoespinal: ➢ Esses receptores estão localizados perifericamente ➢ É encontrado em todo o SNC passando por diversas estruturas, mas, nesse caso, lá da medula espinal ➢ Tem origem no córtex e vai até a medula ➢ É responsável pela motricidade voluntária e movimentos delicados de periferia fazendo movimento dos dedos • O grau de contração e de recrutamento é informado ao cerebelo • O cerebelo participa do planejamento e na correção do movimento, ele precisa saber como que estão as informações na medula espinal. Então, as informações motoras da medula espinal vão chegar ao cerebelo através do TRATO ESPINOCEREBELAR ANTERIOR E POSTERIOR • TRATO ESPINOCEREBELAR ANTERIOR: com informações do trato corticoespinal • TRATO ESPINOCEREBELAR POSTERIOR: com informações dos receptores proprioceptivos • Esses dois tratos vão chegar ao cerebelo por duas zonas: zona intermédia e zona medial • O cerebelo recebe essa informação e processa, mas sai uma fibra eferente MOVIMENTOS DELICADOS • Então, da zona intermédia vai sair uma informação diferente da medial. Chegou nas duas, mas da zona intermédia vai sair uma informação para o núcleo rubro, localizado no mesencéfalo, e para o tálamo que é uma estação intermediária de sinapse, tudo que chega ao córtex tem que passar pelo tálamo antes • Vai sair uma via do núcleo rubro e do tálamo até a medula espinal através de duas vias, via interpósito-rubroespinal e via interpósito- tálamo-cortical • VIA INTERPÓSITO-RUBROESPINAL: via específica que faz sinapse com o núcleo globoso e o emboliforme, os núcleos centrais do cerebelo • VIA INTERPÓSITO-TÁLAMO-CORTICAL: vias que não se limitaram ao núcleo rubro, elas foram também para o tálamo, pois tudo que vai para o tálamo depois tem que chegar no córtex cerebral e dele vai partir uma outra via motora, o trato corticoespinal • Então, o cerebelo, além de garantir uma via direta para estimular motoneurônio da medula espinal, ele foi lá no trato corticoespinal, pois esse trato pode ser que não esteja com um funcionamento bom e ele vai fazer um ajuste, é o mecanismo de ajuste EQUILÍBRIO E POSTURA • FIBRAS FASTÍGIO-VESTIBULARES: sai do núcleo do fastígio e vai para os núcleos vestibulares • FIBRAS FASTÍGIO-RETICULARES: sai do núcleo do fastígio e vai para formação reticular • Essas fibras vão estimular os núcleos vestibulares e a formação reticular a partir daqui vai sair uma outra via que vai formar um outro trato, TRATO VESTIBULOESPINAL E TRATO RETICULOESPINAL • Então, tem fibras que partem dos núcleos vestibulares e da formação reticular que vai estimular a medula espinal através desses dois tratos e, com isso, garante-se a função de equilíbrio e postura • OBS.: a formação reticular é um grupo específico de neurônios em áreas específicas do tronco encefálico • Todas essas vias, que vão interferir no nosso movimento e na nossa postura, tem a participação do cerebelo, ele modula TODAS AS VIAS Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 7 CEREBELO CEREBRAL • INFORMAÇÕES MOTORAS: partem da área motora do córtex • INFORMAÇÕES NÃO-MOTORAS: partem da área suplementar do córtex, que é a área do planejamento, que ainda tem conexão com o córtex pré-frontal que é todo seu julgamento e toda sua história de vida • COISA FEIA SE CONTROLA, a ação do plano motor não é entregue ao córtex pré-frontal, ele acaba na região do planejamento, pois teve outra área que acabou com esse planejamento,a área de julgamento, por exemplo, que é no córtex pré-frontal, ou a área do juízo • O córtex pré-frontal pode ser controlado, ou seja, você pode mudar ele através do treinamento • Voltando ao cerebelo... • Dessas áreas motoras e não-motoras partem a VIA CÓRTICO-PONTO-CEREBELAR • VIA CÓRTICO-PONTO-CEREBELAR: o estímulo sai do córtex, vai para a ponte, da ponte, através do pedúnculo cerebelar médio, ele entrou no cerebelo, na zona lateral • Na zona lateral tem o núcleo denteado, dele parte a via dento-tálamo-cortical FUNÇÕES DO CEREBELO ✓ Equilíbrio e postura ✓ Controle do tônus muscular ✓ Controle dos movimentos voluntários ✓ Aprendizagem motora ✓ Funções cognitivas (são conexões que o cerebelo tem com o córtex pré-frontal, essas conexões permitem funções rebuscadas e psíquicas superiores, como, por exemplo, pegar uma peça do quebra-cabeça e encaixá-la no lugar) LESÃO CEREBELAR • Ataxia: incoordenação de movimentos, é uma marcha ébria\atáxica • Perda do equilíbrio • Hipotomia SINAIS DE LESÃO DO CEREBELO • Perda do equilíbrio • Ataxia • Hipotomia • Dismetria: incapacidade de dosar a quantidade de movimentos • Decomposição do movimento: o movimento não é uniforme, é robotizado, pois a via motora de aprendizado não funciona naquela sinapse • Disdiadococinesia: dificuldade de realizar movimentos rápidos e alterados • Nistagmo: movimento rápido dos olhos • Tremor
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