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HIV: Definição, Fisiopatologia e Quadro Clínico

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Anne Caroline Maltez 
 
 HIV 
 
DEFINIÇÃO 
O HIV é um retrovírus, ou seja, vírus com duas fitas idênticas de RNA que possui uma enzima 
fundamental para o seu funcionamento chamada transcriptase reversa, traduzindo o seu 
material genético, de forma “reversa”, em DNA dupla-fita, possuindo capsídeo viral (composto 
pelo antígeno p24) e envoltório lipoproteico. 
A Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida, popularmente conhecida como AIDS, é 
causada pelo vírus HIV, resultando numa queda progressiva da contagem de linfócitos T CD4+ 
e, com isso, começam a aparecer diversas afecções oportunistas, infecções ou até neoplasias, 
com um estado grave de imunodeficiência – o número de Linfócitos T CD4+ deve estar abaixo 
de 350 células/mm3 de sangue para ser considerada a existência de AIDS. 
FISIOPATOLOGIA 
O vírus HIV compromete os linfócitos T CD4+, podendo destruir diretamente pela replicação 
viral ou indiretamente pela resposta imunológica do hospedeiro, que reconhece e agride as 
células infectadas, quando essa resposta é muito intensa, pode haver disfunção celular ou 
apoptose. 
As formas de transmissão do vírus HIV são: contato sexual desprotegido, contato com sangue, 
hemoderivados e tecidos, além da transmissão vertical – intrauterino, no momento do parto 
ou no aleitamento materno. 
A via de transmissão mais frequente é a sexual, e o HIV então atravessa o epitélio da mucosa 
genital e, já na submucosa, começa a procurar pelos linfócitos T CD4+ e a presença dessas 
células em modo ativado (a replicação do vírus só se dá nesses linfócitos “ativados”) contribui 
para os primeiros ciclos de replicação viral, já nas primeiras horas de infecção. 
Os vírions então seguem para os linfonodos, onde a replicação se torna ainda mais intensa e, 
então, se espalha por todos os tecidos e órgãos do corpo – essa ampliação é temporariamente 
impedida pela resposta imune do hospedeiro – tanto celular como humoral -, porém apenas 
uma parcela da viremia é controlada e, após cerca de seis meses a um ano, a análise do estado 
da viremia pode ser fator prognóstico de capacidade do indivíduo de responder à infecção do 
HIV. 
Em média, leva cerca de 10 anos desde a infecção primária e o surgimento da AIDS, porém 
esse tempo pode ser mais curto naqueles pacientes com resposta imune menos efetiva. O 
GALT (“Gut-Associated Lymphoid Tissue”)é um alvo inicial importante, pois é rico em células 
TCD4+ ativadas, por isso, considerável parte da amplificação inicial da viremia provem desse 
tecido). 
https://unaids.org.br/informacoes-basicas/
Anne Caroline Maltez 
 
A transmissão por inoculação direta do vírus no sistema circulatório (compartilhamento de 
agulhas infectadas, transfusões sanguíneas, transmissão vertical…) e os vírions podem ser, 
inicialmente, removidos pelo baço, órgão importante para o sistema imune, rico em linfócitos 
TCD4+ e os passos seguintes se assemelham aos da transmissão sexual. 
Com o passar do tempo, mesmo com a resposta imune operando já de forma adaptativa, a 
replicação viral continua a acontecer, e essa grande resistência do vírus HIV se dá pelas 
inúmeras mutações genéticas vantajosas – por isso, mesmo com a contagem de CD4+ 
suficiente para a atividade imunológica, o vírus pode ser detectado na circulação a todo 
momento desde a infecção. 
Essas mutações são rápidas e importante para a resistência viral porque, enquanto os 
linfócitos TCD4+ específicos para combater o vírus apresentado, já surgiram novas mutações, 
que irão infectar e destruir essas células imunes. 
Caso o paciente não faça uso da Terapia Antirretroviral (TARV), haverá uma evolução para uma 
profunda imunossupressão, com TCD4+ menor do que 350 células/microlitro. Com isso, 
diversas infecções e neoplasias oportunistas podem surgir, mesmo naquelas pessoas que se 
mantiveram assintomáticas. 
Por isso, é importante a adesão terapêutica, que aumenta e melhora a sobrevida mesmo 
naqueles que já estão nos estágios avançados da doença. 
QUADRO CLÍNICO 
A infecção por HIV se apresenta em três fases clínicas: infecção primária ou aguda, fase crônica 
assintomática/latência clínica e AIDS. 
• Infecção primária ou aguda: tempo entre o contágio e o aparecimento de anticorpos 
anti-HIV – soroconversão. Geralmente, esse tempo de 4 semanas, e, durante a 
soroconversão, desenvolve-se a Síndrome Retroviral Aguda (SRA), caracterizada como 
conjunto de sinais e sintomas semelhantes a diversos quadros de virose – febre, 
mialgia, cefaleia, faringite, dor ocular, rash cutâneo, astenia, linfadenopatia, náuseas, 
vômitos, letargia – refletindo a resposta imune contra a viremia inicial, porém essa 
fase também pode ser assintomática. Nesse momento, bilhões de cópias do vírus 
circulam pelo hospedeiro, e assim, o poder transmissivo é muito alto. Esse quadro 
dura de 3 a 4 semanas e é autolimitado. A sorologia anti-HIV nesse momento costuma 
ser negativa, sendo importante a pesquisar por RNA viral circulante. Ocorre aumento 
na contagem de células TCD4+ e resposta imune celular e humoral contra o HIV. 
• Fase de latência clínica: Resolvida a SRA, o paciente entra na latência clínica, que dura 
cerca de 10 anos quando não é realizada a terapia. O exame físico pode ser normal, 
podendo também ser percebida linfadenopatia, algumas pessoas podem desenvolver 
Linfadenopatia Generalizada Progressiva (LGP). Outros possíveis achados essa fase são 
plaquetopenia isolada ou anemia normocrômica e normocítica e/ou discreta 
leucopenia. Nesse momento, os linfócitos TCD4+ continuam a aumentar, enquanto 
ocorre redução da carga viral plasmática. Mesmo com ausência de sintomatologia, os 
vírus continuam a se replicar, principalmente nos CD4 de memória. 
A imunodeficiência começa então a progredir, com redução na contagem de CD4 e 
manifestações típicas nos indivíduos imunocompetentes começam a aparecer com maior 
gravidade e frequência. CD4 < 350: começam a aparecer infecções bacterianas e 
Anne Caroline Maltez 
 
micobacterianas do trato respiratório (sinusite, pneumonia, tuberculose pulmonar); CD4 entre 
200 e 300: as mesmas manifestações supracitadas começam a se manifestar de forma atípica. 
A Candidíase Orofaríngea é um indicativo de que a AIDS se aproxima, assim como febre 
persistente, diarreia crônica e leucoplasia pilosa oral. 
Outras manifestações sistêmicas são: respiratórias (principais causadoras de morbimortalidade 
em pacientes infectados pelo HIV) – tuberculose, infecção pelo P. JIROVECI, pneumonia 
bacteriana recorrente, sinusite, traqueobronquite, rodococose, pneumocistose pulmonar; 
dermatológicas – dermatite seborreica, foliculite, psoríase, herpes zoster, HERPES SIMPLEX. 
• AIDS: Caracterizada como intensa supressão no sistema imunológico do indivíduo, 
com o surgimento de infecções oportunistas e neoplasias. A progressão da infecção é 
marcada por febre baixa, sudorese noturna e diarreia crônica. As infecções 
oportunistas mais comuns pneumocistose, tuberculose pulmonar atípica ou 
disseminada, neurotoxoplasmose, retinite por citomegalovírus, meningite 
criptocócica; já as neoplasias mais comuns são Sarcoma de Kaposi e, nas mulheres 
jovens, câncer de colo uterino 
DIAGNÓSTICO DE HIV 
Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos, basicamente, em quatro 
grupos: 
• testes de detecção de anticorpos; 
• testes de detecção de antígenos; 
• testes de amplificação do genoma do vírus; 
• técnicas de cultura viral. 
As técnicas rotineiramente utilizadas para o diagnóstico da infecção pelo HIV são as baseadas 
na detecção de anticorpos contra o vírus, os chamados testes anti-HIV. Essas técnicas 
apresentam excelentes resultados. Além de serem menos dispendiosas, são de escolha para 
toda e qualquer triagem inicial. Detectam a resposta do hospedeiro contra o vírus (os 
anticorpos) e não o próprio vírus. 
➔ Testes de detecção de anticorpo: 
• ELISA (ensaio imunoenzimático): essa técnica vem sendo amplamente utilizada na 
triagem de anticorpos contra o vírus, pela sua facilidadede automação, custo 
relativamente baixo e elevada sensibilidade e especificidade. 
• Imunofluorescência indireta: é um teste utilizado na etapa de confirmação sorológica. 
• Western-blot: esse teste é considerado “padrão ouro” para confirmação do resultado 
reagente na etapa de triagem. Tem alta especificidade e sensibilidade, mas, 
comparado aos demais testes sorológicos, têm um elevado custo. 
• Testes rápidos: dispensam em geral a utilização de equipamentos para a sua 
realização, sendo de fácil execução e leitura visual. Sua aplicação é voltada para 
situações emergenciais que requerem o uso profilático com antirretrovirais, ou seja, 
em centros obstétricos, e no paciente-fonte após acidente ocupacional. Esse teste tem 
aplicação, ainda, em locais onde a avaliação de custo-benefício justifica seu uso e para 
triagem geral da população de risco. Os testes rápidos são executados em tempo 
inferior a 30 minutos 
https://www.sanarmed.com/resumos/tuberculose-diagnostico-e-tratamento
https://www.sanarmed.com/caso-clinico/doencas-oportunistas-causadas-pelo-hiv
https://www.sanarmed.com/caso-clinico/doencas-oportunistas-causadas-pelo-hiv
https://www.sanarmed.com/dica-de-infectologia-tuberculose-hiv
Anne Caroline Maltez 
 
As outras técnicas de biologia molecular detectam diretamente o vírus, ou suas partículas, e 
são utilizadas em situações específicas, tais como: esclarecimento de exames sorológicos 
indeterminados, acompanhamento laboratorial de pacientes e mensuração da carga viral para 
controle de tratamento. 
Os anticorpos contra o HIV aparecem, principalmente, no soro ou plasma de indivíduos 
infectados, numa média de 6 a 12 semanas após a infecção. Em crianças menores de 2 anos, o 
resultado dos testes sorológicos é de difícil interpretação, em virtude da presença de 
anticorpos maternos transferidos passivamente através da placenta. Nesses casos, em virtude 
dos testes imunológicos anti-HIV não permitirem a caracterização da infecção, recomenda-se 
que a avaliação inicial de diagnóstico seja realizada por testes de biologia molecular para 
detecção direta do vírus. 
TRATAMENTO DE HIV 
A indicação de uso de terapia anti-retroviral (TARV) é um tema complexo, sujeito a constantes 
mudanças e incorporação de novos conhecimentos, e por isso definida e revisada anualmente 
por um grupo técnico assessor de experts, nomeado em portaria do Ministério da Saúde. 
Por essa razão, a terapia anti-retroviral para o HIV deve ser prescrita por infectologista, ou 
outro médico capacitado, que definirá, baseado nas recomendações do consenso vigente, o 
momento de início e qual a melhor combinação a ser instituída. 
Temos três classes de drogas liberadas para o tratamento anti-HIV, os Inibidores da 
Transcriptase Reversa, os Inibidores da Protease e o inibidor de fusão (o T20). Temos a seguir 
breves informações sobre os anti-retrovirais de maior uso: 
• Inibidores da Transcriptase Reversa – são drogas que inibem a replicação do HIV, 
bloqueando a ação da enzima transcriptase reversa, que age convertendo o RNA viral 
em DNA. Atualmente temos disponíveis substâncias Nucleosídeas (AZT, 3TC, d4T, ddI 
e Abacavir) e Não-Nucleosídeas (Nevirapina, Delavirdina e Efavirenz). 
• Inibidores da Protease – essas drogas agem no último estágio da formação do HIV, 
impedindo a ação da enzima protease. Essa enzima é fundamental para a clivagem das 
cadeias protéicas, produzidas pela célula infectada, em proteínas virais estruturais e 
enzimas que formarão cada partícula do HIV. Atualmente temos à disposição: 
Indinavir; Nelfinavir , Ritonavir; Saquinavir; Amprenavir, Lopinavir/Ritonavir. 
As recomendações de TARV no Brasil têm por base evidências científicas de que a associação 
de drogas, promove a redução da replicação viral e a redução na emergência de cepas 
multirresistentes. 
A terapia combinada é o tratamento anti-retroviral com associação de pelo menos três drogas 
da mesma classe farmacológica (p ex., três inibidores da transcriptase reversa), ou de classes 
diferentes (p ex., dois inibidores da transcriptase reversa e um inibidor de protease). 
Define-se falha terapêutica em pacientes fazendo uso de terapia anti-retroviral, analisando-se 
três parâmetros: 
• Clínico: surgimento de sintomas relacionados com aids ou manifestações oportunistas 
• Imunológico: queda > 25% da contagem de linfócitos T-CD4+ 
Anne Caroline Maltez 
 
• Virológico: elevação da carga viral 
Além da terapia anti-HIV, para alguns pacientes, o serviço especializado poderá prescrever 
quimioprofilaxia e imunização para certos processos oportunistas mais prevalentes, cuja 
relação custo-benefício tem se mostrado amplamente favorável. 
.

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