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BIOQUÍMICA Adriana Dalpicolli Rodrigues O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os principais tecidos que atuam durante o período pré e pós-absortivo. � Reconhecer as funções de alguns hormônios que regulam o fluxo metabólico. � Enumerar algumas doenças relacionadas à falta e ao excesso de substratos energéticos. Introdução O metabolismo é composto por inúmeras vias metabólicas, ricas em enzimas, que apresentam capacidade tanto de degradar substâncias quanto de sintetizá-las nos diferentes tecidos do organismo. Essas vias são controladas pelas próprias enzimas ou por hormônios que regulam as ações que devem ser realizadas pelas enzimas ou por outras proteínas. Em geral, os hormônios atuam de acordo com o estado que o indivíduo se encontra, pré ou pós-absortivo, que, em outras palavras, se referem aos estados de jejum ou alimentado. Quando há alguma alteração metabólica que desencadeia a diminuição ou o excesso de determinado substrato, pode-se instalar uma patologia. Neste capítulo, você aprenderá quais são os tecidos que atuam nos estados pré e pós-absortivos, reconhecerá as funções de alguns hor- mônios que regulam o fluxo metabólico e, também, algumas doenças relacionadas à falta e ao excesso de substratos energéticos. Tecidos atuantes nos períodos pré e pós-absortivo Os períodos pré e pós-absortivos do organismo se referem aos estados de jejum (inicia de 2 a 4 horas após a última refeição e permanece até a inanição) e alimentado, respectivamente, nos quais as vias metabólicas anabólicas (síntese de moléculas), catabólicas (degradação de moléculas) e anfibólicas (síntese e degradação) são constantemente ativadas e desativadas nos diferentes teci- dos, conforme as necessidades energéticas. Além disso, há tecidos que não apresentam organelas celulares suficientes para a ocorrência de algumas vias, o que limita consequentemente alguns processos. Um bom exemplo disso são os eritrócitos (células da série vermelha do sangue, também chamadas de hemácias), que carecem de mitocôndrias e, desse modo, realizam apenas glicólise anaeróbica e via das pentoses fosfato. O tecido nervoso (mais espe- cificamente o sistema nervoso central) também depende muito de glicose. O encéfalo pode metabolizar corpos cetônicos (resultantes do catabolismo dos lipídeos) para suprir em torno de 20% das necessidades energéticas do tecido, mas obrigatoriamente o restante deve ser fornecido pela glicose. As reservas de glicose, principalmente na forma de glicogênio durante o estado alimentado, são importantes para uso pelo encéfalo e pelos eritrócitos, e para fornecer combustíveis metabólicos alternativos para outros tecidos (RODWELL et al., 2017). Durante várias horas após o indivíduo ter se alimentado, enquanto os produtos da digestão estão sendo absorvidos pelo organismo, há um forneci- mento abundante de combustíveis metabólicos (abundância em energia). Nesse estado, a glicose está disponível para uso, constituindo a principal fonte de energia para a oxidação na maioria dos tecidos. Esse fato pode ser observado na forma de aumento do quociente respiratório (a razão entre dióxido de carbono produzido e oxigênio consumido) de cerca de 0,8 no estado de jejum para quase 1 no estado alimentado (RODWELL et al., 2017). A captação de glicose no músculo e no tecido adiposo é controlada por um hormônio peptídico, a insulina, secretado pelas células beta das ilho- tas pancreáticas em resposta ao aumento de glicose no sangue. No jejum, os níveis de insulina são baixos, e o transportador de glicose do músculo e do tecido adiposo (GLUT-4) encontra-se em vesículas intracelulares. Já no estado alimentado, a resposta à insulina consiste na migração dessas vesículas para a superfície da célula, onde se fundem com a membrana plasmática, expondo os transportadores ativos de glicose. Dessa forma, os tecidos sensíveis à in- sulina captam glicose da corrente sanguínea. Ao entrar em jejum novamente, O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo2 a secreção de insulina diminui, e os receptores são novamente internalizados, reduzindo a captação de glicose (RODWELL et al., 2017). No tecido muscular esquelético, em resposta à estimulação nervosa, há aumento na concentração citoplasmática de íons cálcio, que provoca a mi- gração das vesículas para a superfície celular e a exposição dos transportadores ativos de glicose, independentemente da insulina. O fígado também apresenta essa independência. O tecido hepático tem uma isoenzima da hexocinase ou hexoquinase (glicocinase ou glicoquinase), que, conforme a concentração de glicose que entra no fígado se eleva, também aumenta a velocidade de síntese de glicose-6-fosfato. O excesso dessa produção resulta na síntese de glico- gênio. Tanto no fígado quanto no músculo esquelético, a insulina estimula a glicogênio-sintase e inibe a glicogênio-fosforilase. Um resumo desse processo pode ser verificado na Figura 1. Figura 1. Controle da síntese de glicogênio. Fonte: Nelson e Cox (2019, p. 588). 3O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo Parte da glicose que entra nas células hepática também pode ser utilizada para a lipogênese (síntese de triacilglicerol). A insulina inibe a lipólise intrace- lular e a liberação de ácidos graxos não esterificados. Os produtos da digestão dos lipídeos entram na circulação como quilomícrons (maior lipoproteína plasmática, rica em triacilglicerol, os triglicerídeos) (RODWELL et al., 2017). A existência de quilomícrons pode ser observada em soro pacientes que tiveram uma refeição e, em seguida, coletaram sangue (embora também possa ser vista em pacientes que coletam em jejum por algum problema metabólico). A amostra sérica do paciente fica lipêmica, ou seja, leitosa. No tecido adiposo e no músculo esquelético, a lipase lipoproteica extracelular é sintetizada e ativada em resposta à insulina. Assim, os ácidos graxos não esterificados resultantes são capturados pelo tecido e utilizados para a síntese de triacilglicerol. O glicerol permanece na corrente sanguínea, sendo captado pelo fígado e utilizado para a gliconeogênese, síntese de glicogênio ou lipogênese. Os ácidos graxos que permanecem na corrente sanguínea são captados pelo fígado e reesterificados. Os remanescentes de quilomícrons com menor quan- tidade de lipídeos são depurados pelo fígado, e o triacilglicerol remanescente é exportado, com aquele sintetizado no fígado, na lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL). Os ácidos graxos livres plasmáticos aumentam durante o jejum, mas ocorre pouca elevação adicional deles na inanição. Quando o jejum é prolongado, a concentração plasmática de corpos cetônicos (acetacetato e 3-hidroxibutirato) aumenta acentuadamente (RODWELL et al., 2017). Em condições normais, a velocidade do catabolismo proteico tecidual é mais ou menos constante. Há catabolismo proteico líquido no jejum, quando a taxa de síntese de proteínas cai, e uma síntese líquida de proteínas no estado alimentado, quando a taxa de síntese aumenta. A velocidade aumentada da síntese em resposta à maior disponibilidade de aminoácidos e combustível metabólico também decorre da ação da insulina. Esse processo consome energia, sendo responsável por até 20% do gasto energético em repouso após a refeição, mas 9% no jejum. Observam-se uma pequena queda da glicose plasmática no estado de jejum e também pouca alteração à medida que o jejum se prolonga até o estado de inanição (RODWELL et al., 2017). O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo4 No jejum, à medida que a concentração de glicose no sangue, absorvida no intestino delgado, diminui, a secreção de insulina consequentemente também diminui, e o músculo esquelético e o tecido adiposo captam menos glicose. Desse modo, há aumento na secreção de glucagon pelas células alfapancreá- ticas que inibe a glicogênio-sintase e ativa a glicogênio-fosforilaseno fígado. A glicose-6-fosfato é hidrolisada pela glicose-6-fosfatase, e glicose é liberada na corrente sanguínea para ser utilizada pelo encéfalo e pelos eritrócitos. O glicogênio muscular não pode contribuir diretamente para aumento da gli- cemia, pois os músculos são carentes de glicose-6-fosfatase e o principal uso do glicogênio muscular consiste em fornecer energia para o próprio músculo. Então, a acetil-CoA formada pela oxidação dos ácidos graxos nesse tecido inibe a piruvato-desidrogenase, resultando no acúmulo de piruvato. A maior parte desse piruvato sofre transaminação no aminoácido alanina, à custa de outros aminoácidos provenientes da degradação da proteína muscular. A alanina e grande parte dos cetoácidos resultantes são exportadas do músculo e captadas pelo fígado, no qual a alanina é transaminada novamente para a produção de piruvato. A maioria dos aminoácidos resultantes é exportada de volta para o músculo para fornecer grupamentos amino para a formação de mais alanina. O músculo não pode suprir todas as necessidades energéticas pela betaoxidação; contudo, o fígado apresenta maior capacidade de betaoxidação do que precisa para suas necessidades. Assim, conforme o jejum se prolonga, o fígado forma mais acetil-CoA do que pode ser oxidada. Esse metabólito é utilizado na síntese de corpos cetônicos, que constituem os principais combustíveis metabólicos para os músculos esquelético e cardíaco, em pequena parcela para o encéfalo. Na inanição prolongada, a glicose pode chegar a representar menos de 10% do metabolismo gerador de energia. Se não houvesse nenhuma outra fonte de glicose, o glicogênio hepático e muscular estaria esgotado após cerca de 18 horas de jejum (RODWELL et al., 2017). No tecido adiposo, o jejum provoca a diminuição da insulina e o aumento do glucagon resultando em inibição da lipogênese, inativação e internalização da lipase lipoproteica e ativação da lipase sensível ao hormônio intracelular. Isso libera quantidades aumentadas de glicerol (substrato para a gliconeogênese no fígado) e de ácidos graxos livres, utilizados pelo fígado, pelo coração e pelo músculo esquelético como seus substratos energéticos metabólicos, mantendo a glicose preservada. No Quadro 1, você pode observar as principais vias metabólicas que ocorrem nos principais órgãos e tecidos metabólicos e, na Figura 2, a variação dos substratos metabólicos e hormônios nos estados pré e pós-absortivos (RODWELL et al., 2017). 5O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo Órgão Principais vias Principais substratos Principais produtos exportados Enzimas es- pecializadas Fígado Glicólise, gliconeogênese, lipogênese, be- taoxidação, ciclo do ácido cítrico, cetogênese, metabolismo das lipoproteínas, metabolismo de fármacos, síntese de sais biliares, ureia, ácido úrico, colesterol, proteínas plasmáticas Ácidos graxos livres, glicose (no estado alimentado), lactato, glicerol, frutose, aminoácidos, álcool Glicose, triacilglicerol em VLDL*, corpos cetônicos, ureia, ácido úrico, sais biliares, colesterol, proteínas plasmáticas Glicocinase, glicose-6- fosfatase, glicerol-cinase, fosfoenol- piruvato- -carbo- xicinase, frutocinase, arginase, HMG-CoA- -sintase, HMG- -CoA-liase, álcool-desi- drogenase Encéfalo Glicólise, ciclo do ácido cítrico, metabolismo de aminoácidos, síntese de neu- rotransmissores Glicose, aminoácidos, corpos cetônicos na inanição prolongada Lactato, pro- dutos finais do metabo- lismo dos neurotrans- missores Enzimas para a síntese e para o cata- bolismo dos neurotrans- missores Coração β-oxidação e ciclo do ácido cítrico Corpos cetônicos, ácidos graxos livres, lactato, quilomícrons e triacilglicerol das VLDL, alguma glicose — Lipase lipoproteica, cadeia de transporte de elétrons muito ativa Quadro 1. Principais vias metabólicas atuantes em órgãos e tecidos (Continua) O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo6 Fonte: Adaptado de Rodwell et al. (2017). Quadro 1. Principais vias metabólicas atuantes em órgãos e tecidos Órgão Principais vias Principais substratos Principais produtos exportados Enzimas es- pecializadas Tecido adiposo Lipogênese, esterificação de ácidos graxos, lipólise (no jejum) Glicose, quilomícrons e triacilglicerol das VLDL Ácidos graxos não esterificados, glicerol Lipase lipoproteica, lipase sensível a hormônio, enzimas da via das pentoses- -fosfato Con- tração mus- cular rápida Glicólise Glicose, glicogênio Lactato (alanina e cetoácidos em jejum) — Con- tração mus- cular lenta Betaoxidação e ciclo do ácido cítrico Corpos cetônicos, quilomícrons e triacilglicerol das VLDL — Lipase lipoproteica, cadeia de transporte de elétrons muito ativa Rins Gliconeogênese Ácidos graxos não esterificados, lactato, glicerol, glicose Glicose Glicerol-cinase, fosfoenol- piruvato- -carboxicinase Hemá- cias Glicólise anaeróbia, via das pentoses-fosfato Glicose Lactato Hemoglobina, enzimas da via das pentoses- fosfato *VLDL, lipoproteína de densidade muito baixa. (Continuação) 7O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo Figura 2. Variação dos substratos metabólicos e hormônios nos estados pré e pós-absortivos. Fonte: Rodwell et al. (2017, p. 149). Hormônios reguladores do fluxo metabólico A coordenação do metabolismo nos mamíferos é realizada pelo sistema neuro- endócrino. Grande parte dos hormônios tem origem hipotalâmica. O hipotálamo é uma pequena região do encéfalo que tem como função principal controlar o sistema endócrino, ou seja, estimular ou inibir a produção hormonal. Os hor- mônios são substâncias químicas que possibilitam a comunicação celular para a regulação de inúmeras funções metabólicas, produzidos em determinadas glândulas, órgãos ou tecidos e com a capacidade de exercer ação no local em que foram produzidos ou bem distantes da origem. As principais glândulas e tecidos endócrinos são hipófise (adeno-hipófise e neuro-hipófise), pineal, tireoide (maior glândula endócrina do organismo), paratireoides, suprarrenais, O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo8 pâncreas, tecido adiposo, ovários e testículos (NELSON; COX, 2019; ZIERI, 2014). O hipotálamo recebe e integra mensagens (fome, refeição recente, medo, etc.) do sistema nervoso, e, em resposta, produz hormônios que estimularão a hipófise. A hipófise divide-se em neuro-hipófise — que secreta os hormô- nios vasopressina (hormônio antidiurético [ADH]) e ocitocina (estimula o trabalho de parto e cria sensações reconfortantes — “hormônio do amor”) — e adeno-hipófise, que produz e secreta diversos hormônios (Figura 3), como os descritos a seguir (NELSON; COX, 2019). � Hormônio do crescimento (GH — somatotrofina): atuará em diversas células do organismo e estimulará o desenvolvimento de um indivíduo, mantendo-se em altas concentrações, por exemplo, na infância (todas as fases de crescimento). � Prolactina: atua sobre as glândulas mamárias para a produção de leite na gestação. � Hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH): atuam sobre as gônadas e estimulam a produção de outros hormônios associados a características sexuais e funções reprodutivas, como tes- tosterona e estradiol. � Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH): estimula o córtex das glân- dulas suprarrenais (localizadas logo em cima do rim) a liberarem cortisol e a medula dessas glândulas a liberarem aldosterona (manutenção do equilíbrio eletrolítico). � Cortisol (“hormônio do estresse”): age em muitas células, alterando o metabolismo celular. Está muito envolvido no metabolismo dos carboi- dratos. Nos hepatócitos, por exemplo, ativa a gliconeogênese. Em casos de liberação de cortisol com altos níveis de insulina, ocorre síntese de lipídeos e o indivíduo acaba tendo dificuldades de emagrecer. Os hormônios corticosteroides (adrenocortical) e os hormônios sexuais são con- siderados hormônios esteroides, pois derivam do colesterol, que se deslocamaté suas células-alvo pela corrente sanguínea, ligados a proteínas carregadoras. No córtex da glândula suprarrenal, são produzidos mais de 50 hormônios corticosteroides, por reações que removem a cadeia lateral do anel D do colesterol e introduzem oxigênio, 9O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo formando grupos cetona e hidroxila. Os corticosteroides são de dois tipos gerais, definidos por suas ações: glicocorticoides, como o cortisol; e mineralocorticoides, como a aldosterona. Dois tipos de hormônios sexuais, os androgênios (incluindo a testosterona) e estrogênios (incluindo o estradiol), são sintetizados nos testículos e nos ovários. Todos os hormônios esteroides atuam por meio de receptores nucleares e alteram o nível de expressão de genes específicos, e também podem ter efeitos mais rápidos, mediados por receptores na membrana plasmática. � Hormônio tireoestimulante (TSH): tem ação sobre a tireoide, estimu- lando-a a secretar três hormônios, T4 (tiroxina), T3 (triiodotironina) e calcitonina (atua no metabolismo do cálcio). Os dois primeiros estimu- lam o metabolismo energético, principalmente no fígado e no músculo. Não apresentam ações apenas sobre o baço, os testículos e o útero. Quando há diminuição na produção desses hormônios, chamamos essa condição de hipotireoidismo, quando se observa que o metabolismo fica mais lento e, entre outras consequências, o indivíduo apresenta aumento do peso corporal; já quando a produção desses hormônios aumenta, tem-se o hipertireoidismo, quando o metabolismo fica acelerado. Além da hierarquia de sinalização hormonal do hipotálamo à hipófise e das demais glândulas como citado anteriormente e que você pode visualizar na Figura 3, alguns hormônios são produzidos no sistema digestório, no sistema muscular e no tecido adiposo. Esses hormônios apresentam a capacidade de comunicar o estado metabólico atual do indivíduo ao hipotálamo, quando uma resposta neuronal ou hormonal apropriada é induzida. A ação da enzima proteína-cinase ativada por AMP (adenosina monofosfato) no hipotálamo representa um dos mecanismos integradores desse processo (NELSON; COX, 2019). A seguir, são apresentados alguns desses hormônios. � Adipocinas: produzidas no tecido adiposo, sinalizam a adequação das reservas de gordura, ou seja, quando há esgotamento das reservas de gordura, elas estimulam a alimentação (sentir fome). � Leptina: produzida pelo tecido adiposo, é liberada quando esse tecido está repleto de triacilgliceróis, atuando, assim, no cérebro para inibir o comportamento alimentar (indica saciedade). Esse hormônio está envolvido no metabolismo da glicose, dos lipídeos e ósseo, além da reprodução e da imunidade. O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo10 Fi gu ra 3 . H ie ra rq ui a de s ec re çã o ho rm on al a ss oc ia da a o sis te m a ne rv os o. Fo nt e: N el so n e Co x (2 01 9, p . 9 16 ). 11O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo � Grelina: produzida quando o estômago está vazio, atua no hipotálamo para estimular o comportamento alimentar. Quando o estômago está cheio, a liberação de grelina cessa. � Incretinas: produzidas no intestino após a ingestão de uma refeição, provocam aumento da secreção de insulina e diminuição da secreção de glucagon pelo pâncreas. As incretinas mais estudadas são o peptídeo tipo glucagon 1 (GLP-1) e o polipeptídeo insulinotrófico dependente de glicose (GIP), também conhecido como polipeptídeo inibidor gástrico. � Insulina: trata-se de um dos principais hormônios que atuam no metabo- lismo em estado alimentado (como você viu no título anterior). Consiste em uma proteína pequena com duas cadeias polipeptídicas, sintetizada no pâncreas como um precursor inativo de uma cadeia única, a pré-pró- -insulina, com uma porção amino-terminal que direciona sua passagem para as vesículas secretoras. A remoção proteolítica dessa porção e a formação de três ligações dissulfeto produzem pró-insulina, armazenada em grânulos secretores nas células betapancreáticas. Quando a glicose sanguínea se eleva consideravelmente, desencadeia-se a secreção da insulina. A pró-insulina é convertida em insulina ativa por proteases específicas, que hidrolisam duas ligações peptídicas e formam a mo- lécula de insulina madura e o peptídeo C, liberados por exocitose no sangue. A insulina estimula a captação de glicose e a síntese de gor- dura, e o peptídeo C age por meio de receptores acoplados à proteína G em vários tecidos para abrandar os efeitos da redução da síntese de insulina. Todos os hormônios peptídicos agem pela ligação aos recep- tores na membrana plasmática, e muitos hormônios são regulados por retroalimentação. Na Figura 4, você pode ver a relação dos hormônios associados ao controle do apetite. � Glucagon: também é um hormônio peptídico sintetizado pelas células alfapancreáticas. Sua atuação é oposta à da insulina, ou seja, é secretado em situações de baixo nível de glicose (hipoglicemia) sérica, normal- mente em estado de jejum. Estimula a gliconeogênese e a glicogenólise, além de inibir a síntese de glicogênio e a glicólise. � Neuropeptídeo Y (NPY): produzido no hipotálamo e nas glândulas suprarrenais, sua liberação estimula a alimentação e reduz o gasto de energia para atividades não essenciais. O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo12 Figura 4. Hormônios do estado alimentado de controle do apetite. Fonte: Voet e Voet (2013, p. 1100). � Peptídeo YY (PYY3-36): produzido no intestino, sinaliza saciedade. � Irisina: produzida no músculo como resultado do exercício, age para converter o tecido adiposo branco em tecido adiposo marrom ou bege. Esses tecidos são responsáveis por dissipar a energia como calor. 13O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo Outra categoria de hormônios refere-se aos catecolamínicos. A adrenalina (epinefrina) e a noradrenalina (norepinefrina) são catecolaminas produzidas no cérebro e em outros tecidos neurais que atuam como neurotransmissores e hormônios, sendo sintetizadas e secretadas pelas glândulas suprarrenais. As catecolaminas também se estão altamente concentradas nas vesículas secretoras, são liberadas por exocitose e atuam por meio de receptores de superfície para gerar segundos-mensageiros intracelulares. Elas controlam uma ampla variedade de respostas fisiológicas ao estresse agudo. A adrena- lina age principalmente nos tecidos muscular, adiposo e hepático, ativando a glicogênio-fosforilase e inativando a glicogênio-sintase, estimulando a conversão do glicogênio hepático em glicose sanguínea. A adrenalina promove a degradação anaeróbica do glicogênio muscular pela fermentação em ácido láctico, estimulando a formação glicolítica de ATP, estimula a mobilização de gordura no tecido adiposo, ativando a lipase sensível a hormônios, e a secreção de glucagon, além de inibir a secreção de insulina. Como hormônios derivados de lipídeos, além dos esteroides, têm-se os eicosanoides, como prostaglandinas, tromboxanos, leucotrienos e lipoxinas, derivados do ácido graxo poli-insaturado de 20 carbonos araquidonato e ácido eicosapentanoico. São produzidos apenas quando necessário, ou seja, não ficam armazenados. As enzimas da via que leva às prostaglandinas e aos tromboxanos estão amplamente distribuídas nos tecidos; a maioria das células pode produzir esses sinais hormonais e muitas podem responder a eles por meio de receptores específicos na membrana plasmática da célula. Esses hormônios são parácrinos (agem em células próximas) e são secretados no líquido intersticial (não no sangue). Algumas prostaglandinas promovem a contração da musculatura lisa, incluindo a do intestino e do útero, além de mediar dor e inflamação em alguns tecidos. Os tromboxanos regulam a função das plaquetas. Os leucotrienos estimulam a contração da musculatura lisa no intestino, nas vias respiratórias pulmonares e na traqueia. São mediadores da anafilaxia, resposta imune exageradaque pode incluir constrição das vias respiratórias, frequência cardíaca alterada, choque e até mesmo morte. As lipoxinas são derivados eicosanoides de vida curta com efeitos potentes na função imune (aparecem na circulação no final da inflamação). Um dos hormônios que tem sido bastante estudado é o calcitriol (1-alfa,25- -di-hidroxicalcitriol), produzido a partir da vitamina D por hidroxilação ca- talisada por enzimas no fígado e nos rins. A vitamina D é obtida da dieta ou por fotólise do 7-desidrocolesterol na pele exposta à radiação solar (principal fonte de vitamina D). O calcitriol atua com o hormônio paratireóideo (PTH) na homeostasia do cálcio, regulando a concentração desse íon no sangue e o O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo14 equilíbrio entre o armazenamento e a mobilização do tecido ósseo. O calcitriol, agindo por receptores nucleares, ativa a síntese da proteína intestinal ligadora de cálcio para a captação desse íon na alimentação. Ingestão inadequada da vitamina e defeitos na biossíntese de calcitriol resultam em doenças graves, como o raquitismo (NELSON; COX, 2019). Principais doenças relacionadas à falta e ao excesso de substratos energéticos Quando ocorrem desequilíbrios no metabolismo provocados por alterações hereditárias ou hormonais, surgem as doenças. A partir de agora, você co- nhecerá as principais doenças associadas à falta ou ao excesso de substratos. Diabetes melito Trata-se de uma doença bastante prevalente na população mundial, na qual o organismo do indivíduo não consegue captar de forma eficiente a glicose sérica por algum problema associado à secreção de insulina (insuficiência, ausência, resistência). Como a insulina tem a função de provocar o deslocamento dos transportadores de glicose (GLUT-4) para a membrana plasmática no mús- culo e no tecido adiposo, defeitos em qualquer etapa relacionada resultam em excesso de glicose sérica por não poder ser metabolizada pelas células. Sem a metabolização da glicose, os ácidos graxos tornam-se o combustível principal para uso pelo organismo, o que leva a outra alteração metabólica característica: a oxidação excessiva, mas incompleta, dos ácidos graxos no fígado. A acetil-CoA produzida pela betaoxidação não pode ser completamente oxidada pelo ciclo do ácido cítrico (acaba sendo acumulada), pois há alta relação [NADH]/[NAD1] produzida por essa via, inibindo o ciclo. O acúmulo de acetil-CoA leva à produção aumentada de corpos cetônicos, acetoacetato e beta-hidroxibutirato, que não podem ser usados pelos tecidos extra-hepáticos na mesma velocidade de produção. Ainda, forma-se a cetona, que é volátil e exalada pelo diabético, especialmente nos casos não controlados (hálito cetônico, às vezes confundido com etanol). Em geral, a produção dos corpos cetônicos (cetose) resulta em uma concentração muito aumentada desses compostos no sangue (cetonemia) e na urina (cetonúria). Por isso, no diabetes não controlado, pode ocorrer redução no pH sanguíneo, chamada de acidose, ou, em combinação com a cetose, cetoacidose. Nessa situação, o diabético pode entrar em coma, e algumas situações são letais (NELSON; COX, 2019). 15O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo Os sintomas principais da diabetes são polidipsia e poliúria, em razão da excreção de grande quantidade de glicose na urina, condição conhecida como glicosúria. O termo “diabetes melito” significa “excreção excessiva de urina doce”, uma doença que pode ser classificada em: diabetes tipo 1, também denominada diabetes melito insulina-dependente (DMID), e diabetes tipo 2, ou diabetes melito não insulina-dependente (DMNID) ou diabetes resistente à insulina. O tipo 1 geralmente se manifesta cedo na vida do indivíduo com sintomas que rapidamente podem se tornar graves, exigindo tratamento por aplicação de insulina por toda a vida, pois o defeito metabólico se caracteriza pela destruição autoimune das células betapancreáticas e pela consequente incapacidade na produção de insulina suficiente. O diabetes tipo 2 apresenta desenvolvimento lento e geralmente surge em indivíduos com mais idade e sobrepeso/obesos, com sintomas mais brandos e, frequentemente, não reconhe- cidos no início da doença. A atividade reguladora da insulina está perturbada, ou seja, a insulina é produzida pelas células pancreáticas, porém o sistema de resposta ao hormônio está defeituoso; consequentemente, os indivíduos são resistentes à insulina (NELSON; COX, 2019; OLIVEIRA; MONTENEGRO JUNIOR; VENCIO, 2017). Em relação ao diagnóstico do diabetes melito com utilização da glicemia, há três critérios principais aceitos pela Sociedade Brasileira de Diabetes (OLIVEIRA; MONTENEGRO JUNIOR; VENCIO, 2017): 1. Sintomas de poliúria, polidipsia e perda ponderal acrescidos de glicemia casual ≥ 200 mg/dL. Glicemia casual é aquela realizada a qualquer hora do dia. 2. Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL. Em caso de pequenas elevações da glicemia, o diagnóstico deve ser confirmado pela repetição do exame em outro dia. 3. Glicemia de 2 h pós-sobrecarga de 75 g de glicose ≥ 200 mg/dL. Após uma refeição ou ingestão de 75 g de glicose, uma pessoa saudável assimila a glicose rapidamente, e o aumento no sangue não é limitado; pouca ou nenhuma glicose aparece na urina. Já no diabetes, o indivíduo assimila muito pouco de glicose, o nível do açúcar no sangue aumenta exageradamente e o retorno ao nível do jejum é muito lento. Uma vez que os níveis sanguíneos de glicose excedem o limiar do rim, ela aparece também na urina (NELSON; COX, 2019). O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo16 Segundo Sumita e Pimazoni-Netto (2016), a determinação da hemoglobina glicada (HbA1c) também constitui um dos aspectos mais importantes no con- trole do diabetes e na avaliação de risco das complicações crônicas, podendo também ser utilizada para fins diagnósticos. Esse teste avalia a quantidade de açúcares ligados à hemoglobina A, considerando-se: � menor que 5,7% (normal): valor esperado para não diabéticos; � 5,7% a 6,5% (pré-diabetes): risco aumentado para o desenvolvimento de diabetes; � maior que 6,5% (diagnóstico de diabetes): necessidade de confirmação em uma segunda dosagem; � maior que 7% (controle do diabetes): meta a ser atingida pelos diabéticos. No link a seguir, você tem acesso ao material sobre diabetes melito organizado pela Sociedade Brasileira de Diabetes. https://qrgo.page.link/j7gAV Diabetes insípido Ocasionado pela deficiência do ADH ou pela insensibilidade dos rins a esse hor- mônio, caracteriza-se por sede pronunciada e excreção de grandes quantidades de urina muito diluída. Nessa doença, a diluição da urina não diminui quando a ingestão de líquidos é reduzida, denotando a incapacidade renal de concentrar a urina. Para a confirmação diagnóstica desse tipo de diabetes, pode-se fazer a avaliação da glicemia, mais como critério de exclusão do diabetes melito, visto que, no insípido, a glicemia é normal, além de determinação do volume urinário, do ADH e de eletrólitos (sódio e potássio principalmente) séricos em urina de amostra ou de 24 horas e ressonância magnética (MCPHERSON; PINCUS, 2012). 17O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo Síndrome metabólica e obesidade A síndrome metabólica (SM), conhecida também como síndrome X, é um distúrbio do metabolismo caracterizado por resistência à insulina (determinada a partir do índice de HOMA — cálculo realizado pela dosagem da glicemia e da insulina) e alterações nas proteínas sanguíneas, associadas a coagulação anormal (alta concentração de fibrinogênio), inflamação (alta concentração de peptídeo C reativo, que aumenta com a resposta inflamatória), alterações no perfil lipídico e uma predisposição a várias doenças, como diabetes tipo 2, hipertensão, aterosclerose e demais doenças cardiovasculares. A obesidade, o sedentarismo e possivelmente determinantes genéticos têm sido implicados no desenvolvimento dessa síndrome (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013).As manifestações iniciam na idade adulta ou na meia-idade e aumentam muito com o envelhecimento, é mais frequente em homens, embora mulheres com a síndrome dos ovários policísticos, pela associação com a resistência à insulina, estejam sujeitas a desenvolver a SM, mesmo não sendo obesas. Segundo a Oliveira, Montenegro Junior e Vencio (2017), os critérios diagnós- ticos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) são: � obesidade central (relação cintura/quadril) > 0,90 cm para homens e > 0,85 para mulheres; � índice de massa corpórea (IMC) > 30 kg/m2; � triglicérides > 150 mg/dL; � colesterol HDL < 35 em homens e < 39 em mulheres; � pressão arterial > 140 × 90 mmHg; � glicemia > 110 mg/dL ou diabetes diagnosticado. Exercícios, redução das calorias e do peso, adiponectina, leptina e metfor- mina têm sido utilizados com sucesso no tratamento da síndrome metabólica (VOET; VOET, 2013). A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo. Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro utilizado mais comumente é o do IMC, calculado dividindo-se o peso do indivíduo por sua altura elevada ao quadrado. Valores de IMC entre 30 e 39 classificam o indivíduo como obesidade, e valores acima de 40 indicam obesidade grave. As prováveis causas dessa doença são o excesso de peso, que pode estar ligado ao patrimônio genético da pessoa e a maus hábitos alimentares (ingestão de mais calorias nas refeições do que as gastas pelas atividades corporais), ou disfunções endócrinas (hipotireoidismo, resistên- O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo18 cia a leptina, altos níveis de cortisol, etc.). O organismo lida de três formas com o excesso de calorias administradas nas refeições: converte o excesso em gordura e a armazena no tecido adiposo; precisa queimar o excesso em exercício extra; e dissipa os excessos para a produção de calor (termogênese) pelas mitocôndrias desacopladas. O indivíduo obeso tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, câncer, etc. (NELSON; COX, 2019). Síndrome de Cushing Surge pela secreção exagerada de ACTH e, consequentemente, de cortisol, apresentando sintomas e complicações sérias, como obesidade centrípeta, isto é, ocorre na face e no abdome, mas não nos membros, que, ao contrário, são finos e com atrofia da musculatura, o que causa fraqueza muscular. Aparecem estrias largas e de cor violeta (geralmente no abdome e na raiz dos membros) e equimoses (manchas roxas). Pode levar ao diabetes e à hipertensão e ser causada por uso excessivo de corticosteroide, via oral, injetável ou mesmo tópica, como nasal ou pela pele, embora também possa decorrer de produção excessiva de cortisol (corticoide produzido nas suprarrenais), seja por tumor das adrenais, seja por tumor produtor de ACTH (MCPHERSON; PINCUS, 2012). Erros inatos do metabolismo Geralmente, são distúrbios que correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica dos carboidratos, lipídeos ou aminoácidos e afetam o organismo como um todo. Podem ocorrer por alguma falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. De modo geral, consistem em casos raros, mas podem promover dano cerebral irreversível e mortalidade precoce se não detectados logo no início da vida do indivíduo (no pré-natal, pela análise do líquido amniótico, ou, no pós-natal, pelo teste do pezinho) em virtude da toxicidade dos substratos em excesso (RODWELL et al., 2017). O teste do pezinho, bastante utilizado para detectar essas alterações, con- siste na coleta de algumas gotas de sangue do recém-nascido, normalmente do calcanhar, com papel-filtro específico e análise de alterações genéticas, infecciosas e de catabólitos sugestivos de determinado defeito metabólico, por atividade reduzida ou ausente de determinada enzima. Mutações de um gene ou de regiões reguladoras do DNA associadas podem resultar tanto em falha na síntese da enzima codificada quanto na síntese de uma enzima parcial 19O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo ou completamente não funcional. Algumas mutações não afetam a atividade enzimática de maneira negativa, entretanto as mutações que comprometem a estrutura tridimensional da enzima ou que perturbam sítios catalíticos ou reguladores dela podem ter consequências metabólicas graves. A baixa eficiência catalítica de uma enzima mutante pode resultar do posicionamento inadequado de resíduos envolvidos na catálise ou na ligação de um substrato, uma coenzima ou um íon metálico. As mutações também podem comprometer a capacidade de determinadas enzimas responder apropriadamente aos sinais que modulam sua atividade, alterando a afinidade da enzima por um regulador alostérico. Diferentes mutações podem produzir efeitos semelhantes sobre qualquer um dos fatores já mencionados, e várias mutações são capazes de promover os mesmos sinais e sintomas clínicos. O tratamento da maioria dos distúrbios consiste, basicamente, em dietas com baixo teor do aminoácido cujo catabolismo está comprometido (RODWELL et al., 2017). A seguir, você pode conferir alguns exemplos de erros inatos do metabolismo. � Fenilcetonúria: decorrente do defeito na enzima fenilalanina hidroxilase, responsável por converter fenilalanina em tirosina. Como consequência, tem-se um aumento elevado de fenilalanina no organismo do indivíduo afetado. � Doença da urina de xarope de bordo: deficiência do complexo da desidrogrenase dos alfacetoácidos de cadeia ramificada em que não possível o processamento correto de certos aminoácidos, como leucina, isoleucina e valina. Esses aminoácidos não metabolizados passam para a urina, conferindo-lhe um odor semelhante a xarope de bordo. � Deficiência de biotinidase: consiste na deficiência da enzima biotinidase, responsável pela absorção e a regeneração orgânica da biotina, uma vitamina existente nos alimentos que compõem a alimentação normal, indispensável para a atividade de diversas enzimas. � Hipoadrenocorticismo: também chamado de síndrome de Addison, resultante da secreção hormonal adrenocortical insuficiente para manter as necessidades fisiológicas básicas do organismo. � Hipotireoidismo congênito: causado pela incapacidade da tireoide do recém- -nascido em produzir quantidades adequadas de hormônios tireoidianos, resultando na redução generalizada dos processos metabólicos. O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo20 Acesse o link a seguir e saiba mais sobre as doenças metabólicas que podem ser detectadas pelo teste do pezinho. https://qrgo.page.link/LyV4J MCPHERSON, R. A.; PINCUS, R. M. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos labo- ratoriais de Henry. 21. ed. Barueri: Manole, 2012. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. OLIVEIRA, J. E. P.; MONTENEGRO JUNIOR, R. M.; VENCIO, S. (org.). Diretrizes da Socie- dade Brasileira de Diabetes 2017-2018. São Paulo: Clannad, 2017. Disponível em: https:// www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018. pdf. Acesso em: 29 jul. 2019. RODWELL, V. W. et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017. SUMITA, N. M.; PIMAZONI-NETTO, A. Hemoglobina glicada: aspectos clínicos e labora- toriais. 2016. Disponível em: https://www.labnetwork.com.br/noticias/hemoglobina- -glicada-aspectos-clinicos-e-laboratoriais/. Acesso em: 29 jul. 2019. VOET, D.; VOET, J. G. Bioquímica. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. ZIERI, R. Anatomia humana I. São Paulo: Pearson, 2014. 21O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo
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