Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Administração da Produção TROL Administração da Produção Marco Aurélio Gaspar Lessa 2ª E di çã o Administração da Produção DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Assessora Andrea Jardim FICHA TÉCNICA Texto: Marco Aurélio Gaspar Lessa Revisão Ortográfica: Natália Barci de Souza e Marcus Vinicius da Silva Projeto Gráfico: Andreza Nacif, Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos, Marcos Antonio Lima da Silva e Ruan Carlos Vieira Fausto Editoração: Antonia Machado Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói. L638a Lessa, Marco Aurélio Gaspar. Administração da produção / Marco Aurélio Gaspar Lessa ; revisão de Natália Barci de Souza e Marcus Vinicius da Silva. – Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2013. 151 p. : il. 1. Administração da produção. 2. Controle de processos. 3. Planejamento d produção. 4. Planejamento estratégico. I. Souza, Natália Barci de. II. Silva, Marcus Vinicius da. III. Título. CDD 658.5 Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins – CRB 7/4990 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se responsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensino a Distância - Universidade Salgado de Oliveira. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Administração da Produção Pa l av ra da Rei tora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO Virtual! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora. Administração da Produção Administração da Produção Sumário 1. Apresentação da disciplina.................................................................................... 07 2. Plano da disciplina.................................................................................................... 09 3. Unidade 1 – Sistemas de Produção Sustentáveis ........................................... 13 4. Unidade 2 – Administração Estratégica da Produção..................................... 31 5. Unidade 3 – Tecnologia de Processos ............................................................... 53 6. Unidade 4 - Planejamento e Controle da Produção ....................................... 80 7. Unidade 5 - Planejamento de Demanda ........................................................... 108 8. Unidade 6 - Sistemas de Administração da Produção (SAP)........................ 124 9. Considerações finais ............................................................................................... 142 10. Conhecendo o autor .............................................................................................. 144 11. Referências................................................................................................................ 146 12. Anexos........................................................................................................................ 148 Administração da Produção 6 Administração da Produção 7 A pr esentação da Di sciplina Caro aluno, seja bem-vindo à disciplina Administração da Produção. A área de Administração da Produção trata da maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços. Nesta disciplina, serão trabalhados os conteúdos relacionados com a administração da produção e que constantemente estão mudando para enfrentar os novos e excitantes desafios do atual mundo dos negócios. Este mundo sempre evolutivo é caracterizado pela crescente competição global, pelos avanços da tecnologia, pelos padrões de qualidade cada vez mais exigentes, pelo minucioso planejamento e controle das operações e, ainda, pela responsabilidade social que deve inspirar e pautar as decisões dos gestores. Esta disciplina pretende propiciar ao aluno, a oportunidade de compreender como uma empresa pode produzir em um ambiente competitivo, por intermédio de um sistema de produção sustentável, valendo-se da elaboração de uma estratégia de produção que contemple tecnologia em seus processos, planejamento e controle em sua produção, ajustada a uma demanda real que possibilite reduzir seus custos e maximizar seus resultados. Didaticamente, os conteúdos serão apresentados em seis unidades as quais estarão acompanhadas de seus respectivos objetivos. Após a exposição do material teórico, serão oferecidas atividades de revisão e fixação dos conteúdos trabalhados. Estaremos sempre presentes no sentido de auxiliá-los em suas tarefas. Bons estudos! Administração da Produção 8 Administração da Produção 9 Pl a n o da Di sciplina A disciplina Administração da Produção tem por objetivo fazer com que o administrador compreenda como uma empresa pode produzir mais e melhor, alcançando seus objetivos estratégicos. Para o alcance dos objetivos desta disciplina, dividimos os conteúdos em unidades que serão apresentadas a seguir: Unidade 1 – Sistemas de Produção Sustentáveis Nesta unidade você estudará o conceito e a tipologia básica de sistemas. As características básicas de um sistema de produção, bem como sua classificação e sua dinâmica de funcionamento. Objetivos: • Conceituar sistemas; •Conhecer os tipos de sistemas existentes em produção; • Identificar as características básicas dos sistemas de produção; • Classificar dos sistemas de produção; • Compreender a dinâmica dos sistemas de produção sustentáveis. Unidade 2 – Administração Estratégica da Produção Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprender como uma empresa planeja sua produção em longo prazo. Objetivos: • Compreender a globalização de mercados e de produção; • Conhecer a filosofia da Excelência de produção e da produção com responsabilidade social; • Verificar as vantagens competitivas associadas à produção; • Identificar os tipos de arranjos físicos. Administração da Produção 10 Unidade 3 – Tecnologia de Processos Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprender como a tecnologia pode ajudar a produção a atingir seus objetivos. Objetivos: • Definir planejamento da capacidade; • Conhecer a tecnologia de processamento de materiais; • Conhecer a tecnologia de processamento de informações; • Analisar o desenvolvimento e transferência de tecnologia; • Avaliar o impacto ambiental dos processos produtivos. Unidade 4 – Planejamento e Controle da Produção Nesta unidade, você terá a oportunidade de compreender a importância do Planejamento de Controle de Produção (PCP), ou seja, de se definir antecipadamente o que deve ser produzido e acompanhar como o processo produtivo pode ajudar a empresa a atingir seus objetivos. Objetivos : • Identificar objetivos e finalidades do PCP; • Compreender o PCP e sistemas de produção personalizada; • Compreender o PCP e sistemas de produção padronizada; • Compreender o PCP e sistemas de produção de projetos. Administração da Produção 11 Unidade 5 – Planejamento de Demanda Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprender como uma empresa pode projetar suas vendas e a partir daí, estabelecer as quantidades a produzir. Objetivo: • Compreender as etapas de um modelo de previsão, técnicas de previsão, previsões baseadas em séries temporais e em correlações, manutenção e monitoração do modelo. Unidade 6 – Sistemas de Administração da Produção (SAP) Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprender o que são e como funcionam os sistemas que coordenam as atividades de produção de uma empresa. Objetivo: • Compreender os sistemas de administração da produção, relacionando-os com os custos, com a qualidade, com a velocidade e a confiabilidade de entrega, com a flexibilidade e com a gestão da rede de suprimentos. Bons Estudos! Administração da Produção 12 Administração da Produção 13 Sistemas de Produção Sustentáveis Noções Básicas de Sistemas: Conceito e Tipologia. Características Básicas dos Sistemas de Produção. Sistema de Produção Contínua (fluxo em linha). Sistema de Produção Intermitente (fluxo intermitente). Sistema de Produção para Grandes Projetos Classificação Cruzada de Schroeder Dinâmica dos Sistemas de Produção 1 Administração da Produção 14 Caro aluno, começaremos agora os nossos estudos nessa fascinante disciplina chamada administração da produção. Estamos certos de que a partir de agora e no decorrer das outras unidades você irá desenvolver uma nova forma de compreender a produção de bens e serviços. Objetivos da Unidade: • Conceituar sistemas; • Conhecer os tipos de sistemas existentes em produção; • Identificar as características básicas dos sistemas de produção; • Classificar dos sistemas de produção; • Compreender a dinâmica dos sistemas de produção sustentáveis. Plano da Unidade: • Noções Básicas de Sistemas: Conceito e Tipologia. • Características Básicas dos Sistemas de Produção. • Sistema de Produção Contínua (fluxo em linha). • Sistema de Produção Intermitente (fluxo intermitente). • Sistema de Produção para Grandes Projetos • Classificação Cruzada de Schroeder • Dinâmica dos Sistemas de Produção Bem vindo à primeira Unidade de Estudo. Administração da Produção 15 Noções Básicas de Sistemas: Conceito e Tipologia Para Oliveira apud Chiavenato (1993): sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, forma um todo unitário com determinado objetivo e que efetua determinada função. Para Alvarez apud Chiavenato (1993): sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interdependentes que interagem com objetivos comuns formando um todo, e onde cada um dos elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema cujo resultado é maior do que o resultado que as unidades poderiam ter se funcionassem independentemente. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o comportamento do todo sejam o foco de atenção. Já para Chiavenato (1993): sistema é um conjunto de elementos inter- relacionados. Assim, um sistema é uma entidade composta de pelo menos dois elementos e uma relação estabelecida entre cada elemento e pelo menos um dos demais elementos do conjunto. Cada um dos elementos de um sistema é ligado a todos os outros elementos, direta ou indiretamente. Para as ciências administrativas, o pensamento sistêmico é muito importante, pois as organizações envolvem vários aspectos: • Transformações físicas necessárias à fabricação dos produtos e prestação dos serviços; • Comunicação entre os agentes e colaboradores para desenvolver, produzir e entregar o produto ou serviço atendendo as expectativas e necessidades do cliente; • Envolvimento das pessoas para que elas se empenhem no processo cooperativo; • Desenvolvimento de competências, habilidades e conhecimentos, para que as pessoas tenham condições de realizar o trabalho da maneira esperada; Administração da Produção 16 • Por esses motivos, as organizações podem ser entendidas como sistemas sociotécnicos abertos. A teoria de sistemas foi proposta em meados de 1950 pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy (ALVAREZ, 1990). Para efeito de direcionarmos nossos estudos para os sistemas de produção, podemos utilizar a tipologia adotada por Chiavenato (1993), onde os sistemas podem ser classificados como abertos ou fechados. Os sistemas abertos são aqueles que sofrem interações com o ambiente onde estão inseridos. Desta forma, a interação gera realimentações que podem ser positivas ou negativas, criando assim uma auto regulação regenerativa, que por sua vez cria novas propriedades que podem ser benéficas ou maléficas para o todo independente das partes. Já os sistemas fechados são definidos como aqueles sistemas que não sofrem influência do meio ambiente no qual estão inseridos, de tal forma que ele se alimenta dele mesmo. Características Básicas dos Sistemas de Produção Cada empresa adota um sistema de produção para realizar as suas operações e produzir seus produtos ou serviços. Busca fazê-lo da melhor maneira possível e, com isso, garantir sua eficiência e eficácia. Por tal foco, o sistema de produção é a maneira pela qual a empresa organiza seus órgãos e realiza suas operações de produção, para tanto adota uma interdependência lógica entre todas as etapas do processo produtivo, desde o momento em que os materiais e matérias-primas saem do almoxarifado até chegar ao depósito como produto acabado. Na realidade, para que isso aconteça, as entradas e os insumos que vêm dos fornecedores ingressam na empresa por meio do almoxarifado de materiais e matérias-primas, sendo ali estocados até a sua eventual utilização pela produção. A produção processa e transforma os materiais e matérias-primas em produtos Administração da Produção 17 acabados para serem estocados no depósito até a sua entrega aos clientes e consumidores. A interdenpendência entre o almoxarifado, a produção e o depósito é muito grande, por isso qualquer alteração em um deles provoca influênciassobre os demais, como se fossem vasos comunicantes. Eles são os três subsistemas do sistema de produção intimamente inter-relacionados e interdependentes. Assim, um sistema de produção tradicional possuirá como características básicas, os três subsistemas de produção: o almoxarifado, a produção e o depósito . Logo, devem trabalhar de maneira coordenada, balanceados e ajustados entre si. Sistema de Produção Contínua (fluxo em linha). Classificação Tradicional A classificação dos Sistemas de Produção, principalmente em função do fluxo do produto, reveste-se de grande utilidade na classificação de uma grande variedade de técnicas e outras ferramentas gerenciais, isso em função do particular tipo de sistema, possibilidade essa que racionaliza a apresentação didática. Tradicionalmente, segundo Moreira (1993), os sistemas de produção são agrupados em três grandes categorias: a) sistema de produção contínua ou de fluxo de linha; b) sistema de produção por lotes ou por encomenda (fluxo intermitente); c) sistema de produção de grandes projetos sem repetição. Sistema de Produção Contínua (fluxo em linha) Os sistemas de produção contínua ou fluxo em linha apresentam uma sequência linear para se fazer o produto ou serviço. Os produtos são bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro numa sequência prevista. Administração da Produção 18 As diversas etapas do processamento devem ser balanceadas para que as mais lentas não retardem a velocidade do processo. Às vezes, os sistemas de fluxo em linha aparecem subdivididos em dois grupos: • a produção em massa, para linhas de montagem de produtos variados; • produção contínua propriamente dita, abarca processos contínuos altamente automatizados para manufatura de produtos com alto grau de padronização, sendo indesejada qualquer diferenciação ou, mesmo, não permitida. Produção contínua: classificação para as chamadas indústrias de processo, como química, papel etc. De uma forma geral, os sistemas de fluxo de linha são também caracterizados por uma alta eficiência e acentuada inflexibilidade. A eficiência é derivada de uma substituição maciça de trabalho humano por máquinas, bem como a padronização do trabalho restante em tarefas altamente repetitivas. Grandes volumes de produção devem ser mantidos para recuperar o custo de equipamentos especializados, o que requer um conjunto padrão de produtos estabilizados ao longo do tempo. Desta forma, é problemático modificar tanto a linha de produtos como o volume de produção, fator este que justifica a inflexibilidade. É quase certo, portanto, que se as condições favoráveis ao alto volume e produção estiverem presentes, a competição forçará o uso da produção contínua por causa da eficiência. Administração da Produção 19 Sistema de Produção Intermitente (fluxo intermitente) Aqui a produção é feita em lotes. Logo, ao término da fabricação do lote de um produto, outros produtos tomam o seu lugar nas máquinas. O produto original só voltará a ser feito depois de algum tempo, caracterizando-se assim uma produção intermitente de cada um dos produtos. No sistema de produção intermitente, a mão- de-obra e os equipamentos são tradicionalmente organizados em centros de trabalhos por tipo de habilidades, operação ou equipamento. Dito de outra forma, os equipamentos e as habilidades dos trabalhadores são agrupados em conjunto, definindo um tipo de arranjo físico conhecido como funcional ou por processo. O produto flui, de forma irregular, de um centro de trabalho a outro. O equipamento utilizado é do tipo genérico, ou seja, equipamentos que permitem adaptações dependendo das particulares características das operações que estejam realizando no produto. A própria adaptabilidade do equipamento exige uma mão-de-obra mais especializada, devido as constantes mudanças nas calibragens, ferramentas e acessórios. Embora esses equipamentos permitam uma grande facilidade de mudança no produto ou no volume de produção, o tempo que se perde nos constantes rearranjos de máquinas leva a uma relativa ineficiência. A flexibilidade conseguida com o uso de equipamentos genéricos leva também a outros problemas, principalmente com o controle de estoques, com a programação da produção e com a qualidade, por isso, se a fábrica ou o centro de trabalho estiverem operando próximo da capacidade limite, haverá muito estoque de material em processamento, o que fatalmente aumentará o tempo das rodadas de produção, pois vários trabalhos irão requerer as mesmas máquinas ou a mesma mão-de-obra ao mesmo tempo. Quando os clientes apresentam seus próprios projetos de produto, devendo a empresa fabricá-lo segundo essas especificações, temos a chamada produção intermitente por encomenda. Administração da Produção 20 Sistema de Produção para Grandes Projetos O sistema de produção para grandes projetos diferencia-se bastante dos tipos anteriores. Na verdade, cada projeto é um projeto único, não havendo, rigorosamente falando, um fluxo do produto. Nesse caso, tem-se uma sequência de tarefas ao longo do tempo, geralmente de longa duração, que apresentam com baixo índice de repetitividade. Uma característica marcante destes projetos é o seu alto custo e a dificuldade gerencial no planejamento e controle. Por exemplos desses projetos temos a produção de navios, aviões, grandes estruturas, etc. Classificação Cruzada de Schroeder Este modelo de classificação, devido à Schroeder (1981), torna claro que a tipologia clássica, apresentada anteriormente, leva em conta apenas uma dimensão associada aos sistemas: o tipo de fluxo do produto. Essa dimensão geralmente é suficiente para os sistemas industriais, mas incompleta se aplicada aos serviços. Por isso, a classificação cruzada é mais completa e ajuda a entender um maior número de casos práticos. A classificação cruzada dá-se ao longo de duas dimensões. De um lado, temos a dimensão “por tipo de fluxo do produto” que coincide com a tipologia clássica, já apresentada. De outro, temos a dimensão “por tipo de atendimento ao consumidor”. Na dimensão “por tipo de atendimento ao consumidor” existem os seguintes tipos de sistemas: sistemas orientados para estoque e sistemas orientados para a encomenda. Um sistema orientado para o estoque oferece serviço rápido (atendimento ao consumidor) e a baixo custo; no entanto, a flexibilidade do cliente Administração da Produção 21 na escolha do produto é evidentemente menor que no caso de um sistema orientado diretamente para encomenda do cliente. Num sistema orientado para a encomenda, as operações são ligadas a um cliente em particular, com o qual se discute o preço e o prazo de entrega da mercadoria em questão. Em tal situação, a medida chave do desempenho é o prazo de entrega, que o cliente deseja saber de antemão. E, nível de acompanhamento interno, pois a empresa pode usar a porcentagem de pedidos entregues dentro dos prazos como uma medida viável de competência. No caso ainda de um sistema orientado para estoque, certas atividades, como a previsão da demanda, a gerência de estoques e o efetivo planejamento da capacidade de produção são cruciais. A empresa deve prover o cliente com produtos padronizados, tirados do estoque, com certo nível de atendimento. O estoque é criado antes da demanda e é usado para atender às necessidades dessa demanda ou para suavizar as necessidades de capacidade segundo o que foi determinado pelo planejamento agregado da produção (geralmente o planejamento anual, levando em conta a demanda de todos os produtos agregados em função da capacidade). O foco dos sistemas que operam orientados para o estoque está, pois, na reposição desses estoques. É difícil identificar o cliente no processo de produção: os pedidos atuais são atendidos pelo estoque e a produção atualvai atender à demanda futura. As medidas de desempenho estão ligadas à utilização dos ativos alocados à produção – basicamente estoques e capacidades – e também à presteza no atendimento ao cliente, ou seja, ao nível de atendimento obtido na prática. As medidas de desempenho podem incluir ainda a rotação (giro) do estoque, o grau de utilização da capacidade, o uso de horas extras para atender às necessidades, etc. Em suma, o grande objetivo é o de atender ao cliente com o mínimo custo. Na classificação cruzada, os exemplos devem ao mesmo tempo atender aos requisitos das duas dimensões que são levadas em conta. O quadro abaixo fornece alguns casos, tanto na área industrial como no setor de serviços, vejamos: Administração da Produção 22 Classificação Cruzada de Schroeder Exemplos: Orientação para estoque Orientação para encomenda Fluxo em linha - Refinaria de petróleo; - Indústrias químicas de grandes volumes; - Fábrica de papel. - Veículos especiais; - Companhia telefônica; - Eletricidade. Fluxo intermitente - Móveis; - Metalúrgicas; - Restaurante fast food. - Móveis sob medida; - Peças especiais; - Restaurante. Projeto - Casas pré-fabricadas. - Edifícios; - Navios; - Aviões. (MOREIRA, 1993, p. 13) Como vocês puderam notar, os exemplos tornaram mais claros alguns aspectos da tipologia clássica (por fluxo). A produção contínua, ou fluxo em linha leva tipicamente a sistemas orientados para estoque, enquanto a produção ou fluxo intermitente, por sua vez, leva tanto a um como a outro tipo de sistema, tanto que essa distinção, muito clara, foi apresentada logo de início na tipologia clássica. A vantagem da classificação cruzada é extremamente a de mostrar que, embora um sistema seja mais característico de produção para estoque ou para encomenda, ele pode se adaptar a casos especiais. Dinâmica dos Sistemas de Produção Na prática, como os sistemas de produção funcionam? A seguir veremos como os recursos fluem e as variáveis se comportam, dentro de um processo dinâmico de interação. Administração da Produção 23 Segundo Moreira (1993) podemos definir Sistemas de Produção como o conjunto de atividades e operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens (caso de indústrias) ou serviços. Distinguem-se no sistema de produção alguns elementos constituintes fundamentais que interagem constantemente em sua dinâmica. São eles: os insumos, o processo de criação ou conversão, os produtos ou serviços e o subsistema de controle. Os insumos são os recursos a serem transformados diretamente em produtos, como as matérias-primas, e mais os recursos que movem o sistema, como a mão- de-obra, o capital, as máquinas e equipamentos, as instalações, o conhecimento técnico de processos, etc. O processo de conversão, em manufatura, muda o formato das matérias- primas ou muda a composição e a forma dos recursos. Em serviços, não há propriamente transformação: o serviço é criado. Em serviços, diferentemente da manufatura, a tecnologia é mais baseada em conhecimento (Know-How) do que em equipamentos. Comparativamente, dizemos que em geral as atividades de serviços são mais intensivas em mão-de-obra (pessoal) enquanto que as atividades industriais são mais intensivas em máquinas e equipamentos (capital físico). O Sistema de Controle é a designação genérica que se dá ao conjunto de atividades que visa assegurar que programações sejam cumpridas, que padrões sejam obedecidos, que os recursos estejam sendo usados de forma eficaz e que a qualidade desejada seja obtida. O sistema de controle, pois, promove a monitoração dos três elementos da produção. O Sistema de Produção não funciona no vazio, isoladamente. Ele sofre influências, de dentro e de fora da empresa, que podem afetar seu desempenho. Em outras palavras, ele sofre a influência de um ambiente externo e de um ambiente interno. Administração da Produção 24 No caso do ambiente interno, o sistema de produção encontra-se na esfera de influência de outras áreas funcionais da empresa (Marketing, Finanças, Recursos Humanos, etc.) e tem sobre elas um impacto. A área de Finanças é responsável pela obtenção de recursos financeiros, controle do seu uso e análise das oportunidades de investimento, assegurando ou tentando assegurar que a firma opere numa base eficaz de custos e geralmente com lucro. O lucro é crucial, pois a sua ausência por algum tempo significa a morte da organização, a menos de organizações não lucrativas (como certos serviços governamentais). Muita coisa é afetada no sistema de produção devido às decisões da área de Finanças: a escolha dos equipamentos, o uso de horas extras, as políticas de controle de custos, as decisões preço-volume, etc. A área de Marketing responsabiliza-se pela geração e manutenção da demanda para os produtos da empresa, assegurando (tentando assegurar) satisfação para os consumidores e o desenvolvimento de novos mercados e produtos potenciais. Sua coordenação com o sistema de produção é fundamental para o efetivo uso de recursos produtivos e manutenção de níveis adequados de atendimento ao consumidor, tanto em termos de qualidade como quantidade. Finalmente, a área de Recursos Humanos é responsável pelo recrutamento, alocação e treinamento da mão-de-obra, negociação de salários, negociações sindicais, etc. Trata-se de uma função essencial para se assegurar o suprimento adequado (quantidade/qualidade) de mão-de-obra para a produção. Vários fatores exercem influência externa sobre a empresa como um todo e o sistema de produção em particular. Quatro dos mais importantes são: as condições econômicas gerais do país, as políticas e regulações governamentais, a competição e a tecnologia. Os fatores econômicos por sua vez incluem taxa de juros, a inflação, a maior ou menor disponibilidade de crédito e assim por diante. Taxas de juros altas, bem como restrições ao crédito tendem a inibir os investimentos e brecar o crescimento dos sistemas produtivos. Administração da Produção 25 Dentre as políticas do governo, podem estimular ou desestimular a produção, conforme o caso, a política fiscal e a política monetária, além da política cambial. Ao início da década de 50, essas três políticas, particularmente a cambial, permitiram o crescimento do parque industrial brasileiro. Atualmente, as leis ambientais têm tido, em vários países, severos efeitos sobra a produção. Esses efeitos perduraram por algum tempo, absorvendo capital (para o controle e manejo da poluição) que de outra forma iria diretamente para a produção. Em qualquer país civilizado, porém, essa legislação é considerada como absolutamente necessária. A natureza da competição, a fatia de mercado da empresa e como ela reage às estratégias competitivas dos concorrentes têm marcada influência nas linhas de produtos e nos processos afetos ao sistema de produção. Novas tecnologias em processos de manufatura, equipamentos e materiais podem afetar drasticamente projetos de produtos e métodos de produção. Frequentemente a empresa é obrigada à introdução dessas novas tecnologias (como acontece hoje com os microprocessadores) para continuar em atividade. Vamos refletir Nos dias de hoje, qual será a importância da Administração de Produção no projeto de instalação de uma nova unidade produtiva na empresa? Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer o conceito e a tipologia básica de sistemas. Você aprendeu também quais são as características básicas de um sistema de produção, bem como sua classificação e sua dinâmica de funcionamento. Administração da Produção 26 LEITURA COMPLEMENTAR Aprofunde seus conhecimentos lendo: CAPRA, Fritjof; A Teia da Vida; Ed. Cultrix; 1997; MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Thompson Learning, 2006. Na próxima unidadevamos estudar alguns temas relacionados com a administração estratégica da produção, tais como a globalização de mercado, a filosofia de excelência da produção, a competitividade e os tipos de arranjos físicos dos sistemas de produção. É HORA DE SE AVALIAR! Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Administração da Produção 27 Exercícios – Unidade 1 1 -É um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, forma um todo unitário com determinado objetivo e efetua determinada função. a) Processo. b) Atividade. c) Sistema. d) Programa. e) Função. 2 - É a maneira pela qual a empresa organiza seus órgãos e realiza suas operações de produção, adotando uma interdependência lógica entre todas as etapas do processo produtivo, desde o momento em que os materiais e matérias- primas saem do almoxarifado até chegar ao depósito como produto acabado. a) Rotina. b) Sistemática. c) Roteiro produtivo. d) Estudo dos fluxos. e) Sistemas de produção. 3 –Apresentam uma sequência linear para se fazer um produto ou serviço. a) Sistemas de produção contínua. b) Sistemas de produção por lotes. c) Sistemas de produção por encomenda. d) Sistema de produção de grandes projetos. e) Sistemas de produção alternativos. Administração da Produção 28 4 – Nos Sistemas de ______________________ a mão-de-obra e os equipamentos são tradicionalmente organizados em centros de trabalhos por tipo de habilidades, operação ou equipamento. a) produção contínua. b) produção por lotes. c) produção por fluxo de linha. d) produção de grandes projetos. e) produção alternativos. 5 – No Sistema de _________________ se tem uma sequência de tarefas ao longo do tempo, geralmente de longa duração, com pouca ou nenhuma repetição. a) produção contínua. b) produção por lotes. c) produção por fluxo de linha. d) produção de grandes projetos. e) produção alternativos. 6 – Na dimensão “por tipo de atendimento ao consumidor” existem os seguintes tipos de sistemas orientados para: a) Estoque e demanda. b) Produção e encomenda. c) Fluxo e estoque. d) Projeto e demanda. e) Encomenda e estoque. Administração da Produção 29 7 –É a designação genérica que se dá ao conjunto de atividades que visa assegurar que programações sejam cumpridas, que padrões sejam obedecidos, que os recursos estejam sendo usados de forma eficaz e que a qualidade desejada seja obtida. a) Sistema de produção. b) Sistema de controle. c) Sistema de informações. d) Sistema de auto-avaliação. e) Sistema de qualidade. 8 – Dentro do ambiente interno de uma empresa, a área de _____________________ responsabiliza-se pela geração e manutenção da demanda para os produtos da empresa, assegurando (ou tentando assegurar) satisfação para os consumidores e o desenvolvimento de novos mercados e produtos potenciais. a) Finanças. b) Recursos humanos. c) Marketing. d) Materiais. e) Qualidade. Administração da Produção 30 9 – Conceitue insumos. ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 10 – Conceitue Sistema de Controle. ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Administração da Produção 31 Administração Estratégica da Produção O que é estratégia da produção? Globalização de mercado e de produção; Filosofia da excelência da produção; Produção com responsabilidade social; Desenvolvimento de vantagens competitivas associadas a produção; Tipos de arranjos físicos dos sistemas de produção. 2 Administração da Produção 32 Caro aluno, começaremos agora os nossos estudos a cerca da administração estratégica da Produção. Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprender como uma empresa planeja sua produção a longo prazo. Objetivos da Unidade: • Compreender a globalização de mercado e de produção; • Conhecer a filosofia da Excelência de produção e da produção com responsabilidade social; • Verificar as vantagens competitivas associadas à produção; • Identificar os tipos de arranjos físicos. Plano da Unidade: • O que é estratégia da produção? • Globalização de mercado e de produção; • Filosofia da excelência da produção; • Produção com responsabilidade social; • Desenvolvimento de vantagens competitivas associadas a produção; • Tipos de arranjos físicos dos sistemas de produção. Bons estudos Administração da Produção 33 O que é estratégia da produção? Segundo Davis (2001), a estratégia de produção está preocupada com o desenvolvimento de um planejamento de longo prazo para determinar como melhor utilizar os principais recursos da empresa, de modo que haja um alto grau de compatibilidade entre esses recursos e a estratégia corporativa de longo prazo da companhia. A estratégia de produção aborda questões muito amplas sobre como nesses grandes recursos deveriam ser configurados, a fim de se alcançar os objetivos corporativos desejados. Nenhuma organização pode planejar pormenorizadamente todos os aspectos de suas ações atuais ou futuras, mas todas as organizações podem beneficiar-se de ter noção para onde estão dirigindo-se e de como podem chegar lá. Em outras palavras, todas precisam de alguma direção estratégica. Ocorre o mesmo com a função produção. Uma vez que a função produção entendeu seu papel dentro do negócio e determinou os objetivos de desempenho que definem sua contribuição para a estratégia, ela precisa um conjunto de princípios gerais que guiarão seu processo de tomada de decisões. Isso é a estratégia de produção da empresa. Ainda assim, o conceito de estratégia não é imediato; e tampouco o é a estratégia da produção. Nigel (2002) afirma que um dos papéis da produção é programar a estratégia empresarial. A maioria das empresas possui algum tipo de estratégia, mas é a produção que a coloca em prática. Afinal, você não pode tocar uma estratégia; não pode vê-la; tudo o que você pode ver é como a produção se comporta na prática. Por exemplo, se uma linha aérea possui estratégia de atrair maior proporção de passageiros que viajam a negócio, é a parte produção de cada função que tem a tarefa de operacionalizar a estratégia. É a produção de marketing que deve organizar as atividades de promoção e estabelecer preço apropriado. A produção de recursos humanos precisa treinar sua tripulação e equipe de terra para atingir níveis elevados de serviços aos consumidores. E, o que é mais importante: sua Administração da Produção 34 função produção terá que supervisionar a manutenção das aeronaves, organizar os serviços de bilhetes, o manuseio de bagagem e as instalações de espera, orientar a preparação de alimentos e bebidas especiais e o entretenimento durante os vôos. A implicação desse papel para a função produção é muito significativa: mesmo a estratégia mais original e brilhante pode tornar-se totalmente ineficaz por causa de uma função produção inepta. Globalizaçãode Mercado e de Produção A globalização é um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural, política, com o barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI. É um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia global que permita maiores mercados para os países centrais (ditos desenvolvidos) cujos mercados internos já estão saturados. O processo de Globalização diz respeito à forma como os países interagem e aproximam pessoas, ou seja, interliga o mundo, levando em consideração aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos. Com isso, gerando a fase da expansão capitalista, onde é possível realizar transações financeiras, expandir seu negócio até então restrito ao seu mercado de atuação para mercados distantes e emergentes, sem necessariamente um investimento alto de capital financeiro, pois a comunicação no mundo globalizado permite tal expansão, porém, obtêm-se como consequência o aumento acirrado da concorrência. Para Nigel (2002), o mundo é um lugar menor para se fazer negócio. Mesmo muitas empresas médias estão buscando fornecedores e vendendo seus produtos e serviços globalmente. Um website bem desenhado e uma atitude de risco podem transformar mesmo pequenas empresas em atores globais. O comércio entre partes muito distantes do globo continua a crescer, tanto em produtos como em serviços. Oportunidades consideráveis surgiram para gerentes de produção Administração da Produção 35 desenvolver relações tanto com fornecedores como com consumidores em novas partes do mundo. Algumas pessoas consideram a globalização como a causa principal da exploração e corrupção de muitos países em desenvolvimento. Outros a entendem como a única maneira de espalhar pelo mundo os níveis de prosperidade desfrutados pelos países desenvolvidos. O que é claro, no entanto, é que esse assunto que não pode ser ignorado pelos gerentes de produção que produzem produtos e serviços com, e para, parceiros que, cada vez mais, são globais. Filosofia da excelência da produção A excelência tem origem na incorporação de uma filosofia que evita o erro e o desperdício em todos os níveis de uma empresa, por todos os seus funcionários e em todos os seus processos e está relacionada diretamente aos padrões de qualidade de uma linha de produção. Davis (2001) afirma que a qualidade pode ser dividida em duas categorias: qualidade do produto e qualidade do processo. O nível qualidade na elaboração de um produto irá variar com relação ao mercado específico que ele almeja atender. Obviamente, a primeira bicicleta de duas rodas de uma criança é de qualidade significativamente diferente de uma bicicleta de um ciclista mundialmente conhecido. O uso de chapas de metal mais espessas e a aplicação de camadas extras de pintura são algumas características de qualidade do produto que diferenciam um produto de mais qualidade de outro com menos qualidade. um Hyundai de um Mercedez Benz Não é melhor evitar nomes?. Uma vantagem de oferecer produtos de maior qualidade é exigir preços mais altos no mercado. A meta no estabelecimento do nível adequado de qualidade de um produto consiste em enfocar as exigências do cliente. Produtos elaborados, com excessiva qualidade serão vistos como proibitivamente caros. Produtos pouco elaborados, por outro lado, perderão clientes para produtos que custam pouco mais, mas são percebidos pelos clientes com benefícios maiores. Administração da Produção 36 A qualidade de processo é crítica em qualquer segmento de mercado. Sem considerar se o produto é a primeira bicicleta de duas rodas de uma criança, ou a de um ciclista que compete mundialmente, ou se trata de um Hyundai ou de uma Mercedes, os clientes querem produtos sem defeitos. Assim, a meta da excelência da qualidade de processo é produzir produtos livres de erros. Produção com responsabilidade social Segundo Slack (2002), a sociedade é composta por organizações, grupos e indivíduos. Cada uma é mais que simples unidade econômica de troca. Organizações e suas funções de produção têm responsabilidade pelo bem-estar geral da sociedade que vai além dos interesses econômicos em curto prazo. No nível do indivíduo, isso significa pensar tarefas e padrões de trabalho que permitam a indivíduos contribuir com seus talentos sem serem submetidos a situações de stress desnecessárias. No nível do grupo, significa reconhecer e tratar honestamente os representantes dos empregados. Qualquer negócio tem responsabilidade de não causar danos conscientemente a indivíduos de seus fornecedores ou demais parceiros comerciais. Os negócios são também parte de uma comunidade maior, geralmente, integrada no tecido econômico e social de uma região. Cada vez mais as organizações estão reconhecendo sua responsabilidade social com as comunidades locais, ajudando-as a promover seu bem-estar social e econômico. Thompson (1992) considera a responsabilidade social pode ser vista como aplicação ampla de ética no processo de decisão. Para nossos propósitos, a ética pode ser considerada como a estrutura de comportamento moral que determina se julgamos uma decisão específica como correta ou errada. Administração da Produção 37 Desenv olvimento de v antagens competitivas associadas a produção O que significa para uma empresa ser competitiva? A resposta a essa pergunta tem sido objeto dos mais variados estudos, trabalhos acadêmicos, seminários, workshops, etc., e com certeza muito ainda será dito e escrito sobre o tema, não sendo nossa pretensão esgotá-lo. Ao contrário, queremos abrir novas perspectivas para discuti-lo e enriquecê-lo. Assim, ser competitivo é ter condições de concorrer com um ou mais fabricantes e/ou fornecedores de um produto/serviço em um determinado mercado. Essa condição de concorrência é caracterizada pelo fato de não existir um fornecedor que domine de forma absoluta o mercado (ou um grupo de poucos fornecedores que, em conjunto, o domine de forma absoluta). Essa capacidade de competir normalmente varia ao longo do tempo e não são raros os exemplos de empresas que perdem tal capacidade e são expulsas do mercado. Para Martins (2003), à medida que crescem as vantagens competitivas de uma empresa, aumenta sua parcela de mercado. Assim, em uma situação normal de mercado oligopolista, uma empresa só sobrevive enquanto mantém alguma vantagem competitiva sobre os seus concorrentes. É evidente que uma empresa pode ser competitiva em um mercado e não o ser em outro. Uma das formas de caracterizar uma empresa dita de classe mundial é dizer que ela é capaz de ser competitiva em mercados globais, a exemplo das empresas japonesas Sony, Toshiba, Toyota, da holandesa Philips, das americanas Motorola e Xerox etc. Para ser competitiva, a empresa deve estabelecer uma estratégia de ação para atuar em mercados locais, regionais ou globais. Quanto maior o raio de sua atuação, tanto maior deverá ser sua capacidade competitiva ou, vale dizer, suas vantagens competitivas. Administração da Produção 38 O planejamento estratégico das empresas tem, entre outros, o objetivo de fixar diretrizes de atuação nas áreas: administrativa, financeira, de marketing e de manufatura. Visando dar a empresa uma ou mais vantagens competitivas. Assim, uma empresa pode obter uma vantagem competitiva a partir de uma estratégia financeira adequada, o mesmo valendo para marketing ou manufatura. Segundo Martins (2003), uma empresa pode estabelecer uma ou mais estratégias competitivas, como, por exemplo: • Informatização. Dispor de um sistema de informações altamente computadorizado que permita agilidade e precisão nas informações, antecipando-se aos concorrentes nas suas decisões. • Desmobilizações. Vender imóveis e/ou empresas a fim de aumentarseu capital de giro ou concentrar-se em um menor número de produtos ou processos produtivos. É uma seleção de vocações. • Qualidade total. Obter vantagem competitiva através da comercialização de produtos de alta qualidade. • Aquisições. Obter vantagem competitiva através da aquisição de empresas que disponham de melhor tecnologia ou algum outro tipo de vantagem. • Incentivos. Obter vantagem através do envolvimento maciço de seus colaboradores, por meio de uma maior motivação para obtenção de resultados. • Projeção de demanda. Obter vantagem através da utilização de técnicas precisas de projeção de demanda que lhe permitam conseguir margens de erro de estimativas muito baixas, propiciando- lhe indiretamente um menor custo. • Robotização. Obter vantagem através da automação das linhas de produção, como robôs, manufatura integrada por computadores, etc. Administração da Produção 39 Martins (2003) ainda afirma que toda empresa existe para produzir um produto/serviço final que tenha valor para o consumidor. Assim, obter esse diferencial na fabricação e/ou prestação de um serviço constitui o objetivo das operações da empresa. No estabelecimento de uma estratégia de manufatura, ou de operações, para ser mais abrangente, devem ser analisados e formulados objetivos e diretrizes quanto a: • Custos. A produção de um bem e/ou serviço ao menor custo possível é um objetivo permanente de toda e qualquer organização. • Qualidade. A melhoria contínua da qualidade foi o trunfo das empresas japonesas, na conquista de mercados cada vez maiores e sofisticados. A dedicação de esforços na área da qualidade dos produtos/serviços tem um duplo efeito no aumento da vantagem competitiva, pois está demonstrado que a melhoria da qualidade, ao contrário do que sempre se imaginou, traz uma consequente redução de custos da produção. • Prazos de entrega. Quanto menor o prazo de entrega de um produto/serviço, tanto mais satisfeito ficará o consumidor. Além disso, quanto menor o prazo de entrega, tanto menores serão os estoques intermediários, tanto maior será o giro de estoques de matérias-primas, mais cedo será realizada a receita e menores serão os desperdícios e as perdas. • Flexibilidade. É a capacidade que a empresa deve ter para rapidamente adaptar-se às mudanças nas tendências de mercado • Inovação. É a capacidade da empresa de antecipar-se às necessidades dos consumidores. • Produtividade. É uma dimensão que deve estar presente em todas as ações da empresa, sob pena de perder competitividade, em que pese sua capacidade de inovar, sua flexibilidade, qualidade, etc. Administração da Produção 40 Como você pode ver, a estratégia competitiva global da empresa está intimamente relacionada com a estratégia manufatureira, sofrendo aquela uma influência marcante desta. Suponha uma empresa com uma grande vantagem competitiva; por exemplo, uma fábrica de cimento localizada próxima das jazidas de calcário e do mercado consumidor. Em situações como essa é comum as estratégias financeira, de marketing, etc. serem fixadas levando em conta a vantagem citada. Vantagem Competitiva é um conceito desenvolvido por Michael E. Porter no seu best-seller “Vantagem Competitiva” e que procura mostrar a forma como a estratégia escolhida e seguida pela organização pode determinar e sustentar o seu sucesso competitivo. A vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma determinada empresa consegue criar para os seus clientes e que ultrapassa os custos de produção. O termo valor aqui aplicado representa aquilo que os clientes estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço; um valor superior resulta da oferta de um produto ou serviço com características percebidas idênticas aos da concorrência, mas por um preço mais baixo ou, alternativamente, da oferta de um produto ou serviço com benefícios superiores aos da concorrência que mais do que compensam um preço mais elevado. Segundo Porter (1989), há dois tipos básicos de vantagem competitiva: a liderança no custo e a diferenciação, as quais, juntamente com o âmbito competitivo, definem os diferentes tipos de estratégias genéricas. Porter descreve ainda o instrumento básico para diagnosticar a vantagem competitiva e para encontrar formas de intensificá-la: a cadeia de valores. Através da cadeia de valores, a organização é dividida nas suas atividades básicas (investigação e desenvolvimento, produção, comercialização e serviço) o que facilita a identificação das fontes de vantagem competitiva. Vasconcelos (2000) elenca alguns exemplos de características de empresas que poderiam constituir uma vantagem competitiva: • Foco no cliente, valor para o cliente; • Qualidade superior do produto; Administração da Produção 41 • Distribuição ampla; • Alto valor de marca e reputação positiva da empresa; • Técnicas de produção com baixo custo; • Patentes, direitos autorais e de propriedade industrial; • Proteção do governo (subsídios e monopólio); • Equipe gerencial e de funcionários superior. Entretanto, há estudiosos que defendem que em um mundo competitivo que muda rápido, nenhuma destas vantagens pode ser mantida em longo prazo. Eles alegam que a única vantagem competitiva sustentável é construir uma empresa que esteja tão alerta e ágil que sempre irá encontrar uma vantagem, não importa que mudanças ocorram. Tipos de arranjos físicos dos sistemas de produção. Segundo Davis (2001), há muitos fatores a serem levados em consideração ao projetar o arranjo físico para uma instalação, seja ela de manufatura ou de serviços. Decisões feitas a essa altura têm consequências em longo prazo, não apenas em termos de custos como também em termos da capacidade da firma em atender a seus mercados. É, portanto, importante que a administração dedique bastante tempo na identificação adequada e na avaliação de soluções alternativas para fazer o arranjo físico da instalação. Davis complementa que o objetivo geral no desenho de um arranjo físico é proporcionar um fluxo de trabalho de materiais fluindo através da fábrica, ou um padrão de tráfego que não seja complicado tanto para clientes como para trabalhadores em uma organização de serviços. Administração da Produção 42 Para Slack (2002), o arranjo físico de uma operação produtiva preocupa-se com o posicionamento físico dos recursos de transformação. Colocado de forma simples, definir o arranjo físico é decidir onde colocar todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção. O arranjo físico é uma das características mais evidentes de uma operação produtiva porque determina sua forma e aparência. É aquilo que a maioria de nós notaria em primeiro lugar quando entrasse pela primeira vez em uma unidade produtiva. Também determina a maneira segundo a qual os recursos transformados – materiais, informação e clientes – fluem pela operação. Mudanças relativamente pequenas na localização de uma máquina numa fábrica ou dos produtos em um supermercado ou a mudança de salas em um centro esportivo podem afetar o fluxo de materiais e pessoas por meio da operação. Isso, por sua vez, pode afetar os custos e a eficácia geral da produção. O tipo de arranjo físico que uma operação deve escolher será aquele que, a princípio, disponha da melhor maneira possível os recursos produtivos da referida operação. Um arranjo físico bem estruturado pretende alcançar um melhor posicionamento fixo dos recursos produtivos, racionalizando os processos (menor tempo e custo e maior produtividade). Cada tipo básico de arranjo físico deve indicar a posição física de todos os recursos de transformação. A seguir, utilizaremos a tipologia básica, segundo Slack (2002), para apresentar os tipos de arranjos físicos. Arranjo Físico Posicional Também conhecido como arranjo físico de posição fixa, é de certa forma, uma contradição emtermos, já que os recursos transformados não se movem entre os recursos transformadores. Em vez de matérias, informações ou clientes fluírem por uma operação, quem sofre o processamento fica estacionário, enquanto equipamento, maquinário, instalações e pessoas movem-se na medida do Administração da Produção 43 necessário. A razão para isso pode ser o produto ou o sujeito do serviço seja muito grande para ser movido de forma conveniente, ou por ser (ou estar em um estado) muito delicado para serem movidos, ou ainda objetar-se a ser movidos, Por exemplo: • Construção de uma rodovia – o produto é muito grande para ser movido; • Cirurgia de coração – pacientes estão em estado muito delicado para serem movidos; • Restaurante de alta classe – clientes se negariam em mover-se para onde a comida é preparada; • Estaleiro – produto muito grande para mover-se; • Manutenção de computador de grande porte – produto muito grande e provavelmente muito delicado para ser movido e o cliente poderia negar-se a trazê-lo para manutenção. Um canteiro de obra é tipicamente um exemplo de arranjo físico posicional, já que existe uma quantidade de espaço limitada que deve ser alocada aos vários recursos transformadores. Arranjo Físico por Processo O arranjo físico por processo é assim denominado porque as necessidades e conveniências dos recursos transformadores que constituem o processo na operação dominam a decisão sobre o arranjo físico. No arranjo por processo, processos similares (ou processos com necessidades similares são localizados juntos um do outro). A razão pode ser que seja conveniente para a operação mantê-los juntos, ou que dessa forma a utilização dos recursos transformadores Administração da Produção 44 seja beneficiada. Isso significa que, quando produtos, informações ou clientes fluírem pela operação, eles percorrerão um roteiro de processo a processo, de acordo com suas necessidades. Diferentes produtos ou clientes terão diferentes necessidades e, portanto, percorrerão diferentes roteiros na operação. Por essa razão, o padrão de fluxo na operação poderá ser bastante complexo. Exemplos de arranjo físico por processo incluem: • Hospital – alguns processos (ex.: aparelho de RX e laboratórios) são necessários a um grande número de diferentes tipos de pacientes; • Usinagem de peças utilizadas em motores de aviões – alguns processos (ex.: tratamento térmico) necessitam de instalações especiais (para exaustão da fumaça, por exemplo); • Supermercado – alguns processos, como a área que dispões de vegetais enlatados, oferecem maior facilidade na reposição dos produtos se mantidos agrupados. Arranjo Físico Celular O arranjo físico celular é aquele em que os recursos transformados, entrando na operação, são pré-selecionados (ou pré-selecionam-se a si próprios) para movimentar-se para uma parte específica da operação (ou célula) na qual todos os recursos transformadores necessários a atender a suas necessidades imediatas de processamento se encontram. A célula em si pode ser arranjada segundo um arranjo físico por processo ou por produto. Depois de serem processados na célula, os recursos transformados podem prosseguir para outra célula. De fato, o arranjo físico celular é uma tentativa de trazer alguma ordem para a complexidade de fluxo que caracteriza o arranjo físico por processo. Administração da Produção 45 Exemplos de arranjo físico celular incluem: • Algumas empresas manufatureiras de componentes de computador – a manufatura e a montagem de alguns tipos de peças para computadores podem necessitar de alguma área dedicada à produção de peças para clientes em particular que tenham requisitos especiais como, por exemplo, níveis mais altos de qualidade. • Área para produtos específicos em supermercados – alguns clientes usam o supermercado apenas para comprar lanches, salgadinhos, refrigerantes, iogurte, etc. para consumo, Poe exemplo, em seu horário de almoço. Estes, em geral, são localizados juntos, de forma que o cliente que está apenas comprando seu almoço não necessite procurá-lo pelo supermercado todo. • Maternidade em um hospital – clientes que necessitam de atendimento em maternidade formam um grupo bem definido que pode ser tratado em conjunto; eles têm probabilidade pequena de necessitar de cuidados de outras partes do hospital ao mesmo tempo em que requerem cuidados específicos de maternidade. Arranjo Físico por Produto O arranjo físico por produto envolve localizar os recursos produtivos transformadores inteiramente segundo a melhor conveniência do recurso que está sendo transformado. Cada produto, elemento de informação ou cliente segue um roteiro predefinido no qual a sequência de atividades requerida coincide coma sequência na qual os processos foram arranjados fisicamente. Esse é o motivo pelo qual, ás vezes, esse tipo de arranjo físico é chamado de arranjo físico em “fluxo” ou em “linha”. O fluxo de produtos, informações ou clientes é muito claro e previsível no arranjo físico por produto, o que faz dele um arranjo relativamente fácil de controlar. De fato, em algumas operações de processamento de clientes, um Administração da Produção 46 arranjo físico por produto é adotado ao menos em parte para ajudar a controlar o fluxo de clientes ao longo da operação. Predominantemente, entretanto, é a uniformidade dos requisitos que leva a operação a escolher um arranjo físico por produto. • Exemplos de arranjo físico por produto incluem: • Montagem de automóveis – quase todas as variantes do mesmo modelo requerem a mesma sequência de processos. • Programa de vacinação em massa – todos os clientes requerem a mesma sequência de atividades burocráticas (preenchimento das cadernetas de vacinação), médicas e de aconselhamento (possível resguardo necessário, por exemplo). • Restaurante self-service – geralmente, a sequência de serviços requeridos pelo cliente (entrada, prato principal, sobremesa, bebidas) é comum para todos os clientes, mas o arranjo físico auxilia também a manter controle sobre o fluxo de clientes. Arranjos Físicos Mistos Muitas operações ou projetam arranjos físicos mistos, que combinam elementos de alguns ou todos os tipos básicos de arranjo físico, ou usam tipos básicos de arranjo físico de forma “pura” em diferentes partes da operação. Por exemplo, um hospital normalmente seria arranjado conforme os princípios do arranjo físico por processo – com cada departamento representado um tipo particular de processo (departamento de radiologia, salas de cirurgia, laboratório de processamento de sangue, entre outros). Ainda assim, dentro da cada departamento, diferentes tipos de arranjos físicos são utilizados. O departamento de radiologia provavelmente é arranjado por processo, as salas de cirurgia, segundo um arranjo físico posicional, e o laboratório de processamento de sangue, conforme um arranjo físico por produto. Administração da Produção 47 LEITURA COMPLEMENTAR THOMPSON, A.. Gerenciamento Estratégico. 6 ed. Irwin, 1992. PORTER, Michael E. Vantagem Competitiva. Campus, Rio Janeiro, Campus, 1989. VASCONCELOS, Flávio C.. Vantagem Competitiva: os modelos teóricos atuais e a convergência entre estratégia e teoria organizacional. RAE - Revista de Administração de Empresas • Out./Dez. 2000 Nesta unidade, você estudou como uma empresa planeja sua produção a longo prazo. Na próxima unidade vamos estudar alguns temas relacionados com a tecnologia de processos, tais como: o planejamento da capacidade, o processamento de materiais e de informações, o desenvolvimento e transferência de tecnologia e, por último, a avaliação do impacto ambiental dos processos produtivos. É HORA DE SE AVALIAR! Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo a fixaro conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Administração da Produção 48 Exercícios – Unidade 2 1 –Está preocupada com o desenvolvimento de um planejamento de longo prazo para determinar como melhor utilizar os principais recursos da empresa, de modo que haja um alto grau de compatibilidade entre esses recursos e a estratégia corporativa de longo prazo da companhia. a) Estrutura da produção. b) Alavancagem da produção. c) Priorização da produção. d) Tática da produção. e) Estratégia da produção. 2 – É um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural, política, com o barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI. a) Terceirização. b) Globalização. c) Verticalização. d) Estratégia de produção. e) Excelência da Produção. 3 – A qualidade pode ser dividida em duas categorias: a) Qualidade do produto e qualidade efetiva. b) Qualidade da produção e qualidade dos funcionários. c) Qualidade do processo e qualidade do produto. d) Qualidade do produto e qualidade de fabricação. e) Qualidade de fabricação e qualidade de distribuição. Administração da Produção 49 4 – Ter condições de concorrer com um ou mais fabricantes e/ou fornecedores de um produto/serviço em um determinado mercado, representa o conceito de: a) Superioridade. b) Padronização. c) Alavancagem. d) Competitividade. e) Responsabilidade. 5 – Estratégia competitiva caracterizada por obter vantagem através do envolvimento maciço de seus colaboradores, por meio de uma maior motivação para obtenção de resultados: a) Informatização. b) Desmobilização. c) Aquisições. d) Projeção de demanda. e) Incentivos. 6 - Estratégia competitiva caracterizada por vender imóveis e/ou empresas a fim de aumentar seu capital de giro ou concentrar-se em um menor número de produtos ou processos produtivos. É uma seleção de vocações: a) Informatização. b) Desmobilização. c) Aquisições. d) Projeção de demanda. e) Qualidade total. Administração da Produção 50 7 – Arranjo físico que em vez de matérias, informações ou clientes fluírem por uma operação, quem sofre o processamento fica estacionário, enquanto equipamento, maquinário, instalações e pessoas movem-se na medida do necessário: a) Posicional. b) Por processo. c) Celular. d) Por produto. e) Misto. 8 – Arranjo físico que envolve localizar os recursos produtivos transformadores inteiramente segundo a melhor conveniência do recurso que está sendo transformado: a) Posicional. b) Por processo. c) Celular. d) Por produto. e) Misto. 9 – Cite 3 (três) exemplos de arranjo físico posicional. ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Administração da Produção 51 10 – Defina arranjo físico celular. ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Administração da Produção 52 Administração da Produção 53 Tecnologia de Processos Tecnologia de Processos; O que é tecnologia de processo? Planejamento da capacidade Expansão da capacidade Tecnologia de processamento de materiais; Tecnologia de processamento de informação; Desenvolvimento e transferência de tecnologia; 3 Administração da Produção 54 Caro aluno, começaremos agora os nossos estudos a cerca do assunto tecnologia de processos. Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprender como a tecnologia pode ajudar a produção a atingir seus objetivos. Objetivos da Unidade: • Definir planejamento da capacidade; • Conhecer a tecnologia de processamento de materiais; • Conhecer a tecnologia de processamento de informações; • Analisar o desenvolvimento e transferência de tecnologia; • Avaliar o impacto ambiental dos processos produtivos. Plano da Unidade: • Tecnologia de Processos; • O que é tecnologia de processo? • Planejamento da capacidade • Expansão da capacidade • Tecnologia de processamento de materiais; • Tecnologia de processamento de informação; • Desenvolvimento e transferência de tecnologia; • Avaliação do impacto ambiental dos processos produtivos. Bons Estudos Administração da Produção 55 Tecnologia de Processos Segundo Slack (2002) seja sua tecnologia de processo um humilde processador de texto ou a mais complexa e sofisticada das fábricas automatizadas, a operação terá escolhido usar a tecnologia porque espera tirar proveito dela. Algumas vezes, a tecnologia de processo ajuda a produção a atender uma clara necessidade do mercado; em outras ocasiões, torna-se disponível e uma operação escolhe adotá-la na expectativa de que possa explorar seu potencial de alguma forma, mesmo que ainda não de forma predefinida. Qualquer que seja a motivação, todavia, todos os gerentes de produção precisam entender o que as tecnologias emergentes podem fazer, que vantagens podem ser dadas e que limitações ela pode impor à operação produtiva. O Que é Tecnologia de Processo? Slack (2002) define tecnologia de processo como sendo as máquinas, equipamentos e dispositivos que ajudam a produção a transformar materiais, informações e consumidores de forma a agregar valor e atingir os objetivos estratégicos da produção. Todos os processos produtivos utilizam tecnologia, desde o telefone barato e flexível até máquinas mais caras e especializadas, como processadores integrados de correio. Essas são máquinas usadas por centrais de correio que podem examinar e selecionar 30.000 cartas e cartões por hora. Estamos abordando o tema tecnologia de processo – as máquinas e dispositivos que criam e/ou fornecem bens e serviços – em contraponto à tecnologia de produto. Ordenhadeiras mecânicas, por exemplo, desempenham a tarefa de vários fazendeiros ao ordenhar e alimentar as vacas, liberando o leite para a próxima etapa do processo. Máquinas de tomografia computadorizada Administração da Produção 56 oferecem serviço que não pode ser desempenhado por pessoas, ao usar forças magnéticas para criar fotografias do tecido mole interno do corpo. Grandes complexos de entretenimento como a Disney World usam simuladores de vôo a fim de criar a emoção de uma viagem espacial. Em manufatura, as tecnologias de processo são máquinas-ferramentas, normalmente computadorizadas, que dão forma ao metal, montam componentes eletrônicos em placas de circuito e montam todos os outros componentes de uma televisão, um aparelho de DVD ou uma secadora. Algumas tecnologias são periféricas para a criação real de bens e serviços, mas desempenham papel central, facilitando o processo. Por exemplo, sistemas de computador que planejam e controlam atividades, sistemas de contabilidade e sistemas de controle de estoque podem ser usados para ajudar os gerentes e operadores a controlar e melhorar os processos produtivos. Planejamento da Capacidade Para Moreira (1993), chamamos de capacidade à quantidade máxima deprodutos e serviços que podem ser produzidos numa unidade produtiva, num dado intervalo de tempo. Por unidade produtiva entendemos tanto uma fábrica, como um departamento, um armazém, uma loja, um posto de atendimento médico, uma simples máquina ou posto de trabalho, etc. Assim, por exemplo, se num determinado departamento de montagem de uma empresa tivermos 5 empregados, cada qual trabalhando 8 horas diárias, realizando a montagem de um componente à razão de 20 montagens por hora e por empregado, a capacidade do departamento, expressa em número de montagens do componente por dia, será: Administração da Produção 57 Algumas vezes a unidade produtiva trabalha com a capacidade total. Por exemplo, uma loja pode estar dimensionada para atender a 200 clientes em média por dia, mas, presentemente, estar atendendo a apenas 120. Neste caso, dizemos que o uso da capacidade é de 120/200 x 100 = 60% ou, ainda, que a loja está operando com 60% de sua capacidade. Outras vezes podemos encontrar que “certa unidade está operando com 110% de sua capacidade”. Isto só tem sentido se a referência básica de capacidade, ou seja, as condições nas quais ele foi definida, estiver sendo violada. No nosso exemplo da loja, digamos que a capacidade de atendimento de 200 clientes por dia foi definida levando-se em conta 8 horas diárias de trabalho, com 10 atendentes e supondo-se um certo tempo médio de atendimento por cliente. Se essa quantidade de horas, atendentes e tempo médio de atendimento foi a referência básica para o cálculo dos 200 clientes por dia, e alguém alegar que a loja está trabalhando com 110% de sua capacidade, saberemos imediatamente que essa referência básica foi alterada: ou se aumentou o número de atendentes, ou o número diários de horas de atendimento de cada cliente. Sem violar as referências básicas da definição da capacidade, não é possível ter uma capacidade maior que 100%. Moreira (1993), afirma que há muitos fatores dos quais depende a capacidade de uma unidade produtiva. Se quisermos aumentar a capacidade de uma unidade, deveremos alterar pelo menos um dos fatores determinantes dessa capacidade. Alguns deles não impõem grandes dificuldades para isso, enquanto que outros dependem de mudanças mais custosas ou que tomam tempo ou ambas as coisas simultaneamente. Voltando ao caso da loja, pode ser fácil contratar um funcionário a mais ou trabalhar em horas extras, mas seguramente será mais complicado aumentar a área construída da loja. Administração da Produção 58 Fatores que Influenciam na Capacidade de Produção • Instalações – O tamanho da unidade produtiva é obviamente importante. Sempre que possível, ao projetar a unidade, tenta-se deixar um espaço vago para expansões futuras, de forma a adiar a mudança de local para novas instalações; • Composição dos Produtos ou Serviços – Em geral, a diversidade reduz a capacidade. Produtos uniformes (relativamente padronizados) dão oportunidade para padronização dos métodos e materiais, reduzindo tempos de operação e aumentando a capacidade. Produtos diferentes podem exigir, e geralmente o fazem, constantes preparações das máquinas quando se passa de um produto a outro. Tais preparações, evidentemente, deixam as máquinas paradas por algum tempo e assim reduzem a capacidade, sendo que esse efeito pode ser substancial, dependendo dos tempos de preparação de máquinas: o aproveitamento do capital é muito melhor; • O Projeto do Processo – Os processos de produção, em teoria, variam desde aqueles totalmente manuais até os totalmente automatizados. É claro que na prática existem graus de “manualização” ou de “automação” que se situam numa dimensão contínua, sendo as vezes difícil de distinguir o grau em que um processo é mais fortemente manual do que o outro, por exemplo; • Fatores Humanos – Dada certa quantidade e composição de recursos técnicos, o quadro e a habilidade dos funcionários pode aumentar a capacidade. O corpo de funcionários é o que se costuma chamar de “capital humano” da organização. O capital humano pode ser melhorado através de treinamento, aumento da habilidade dos funcionários e a experiência; Administração da Produção 59 • Fatores Operacionais – Os fatores operacionais, ou seja, aqueles ligados mais de perto à rotina de trabalho dos setores produtivos da empresa podem ser organizados de forma a conduzir a capacidades maiores ou menores, ou pelo menos de maneira a facilitar ou dificultar o aproveitamento da capacidade existente em potencial. Um exemplo de tais fatores operacionais encontra-se na capacidade dos próprios equipamentos. Havendo diferenças sensíveis na capacidade de processamento de um equipamento para outro, observar-se-á que os equipamentos ou setores mais lentos acabarão por determinar a velocidade dos demais; • Fatores Externos – Algumas vezes a capacidade pode ser afetada por fatores que nascem fora das fronteiras da própria empresa, mas que nem por isso deixam de exercer sua influência, às vezes até de forma mais marcante que os fatores internos. Um bom exemplo são os padrões de qualidade e desempenho exigidos dos produtos por parte dos clientes. Tais exigências podem acabar se constituindo numa barreira ao aumento da capacidade ou mesmo o uso da capacidade atual. Importância das Decisões sobre Capacidade Segundo Moreira (1993), os estudos de mercado e a previsão da demanda em longo prazo alimentam as decisões sobre a capacidade necessária no futuro para a unidade de produção. Essas decisões sobre capacidade influenciam diretamente no planejamento das instalações produtivas e, consequentemente, no planejamento das necessidades de mão de obra e equipamentos. Desta forma, os efeitos das decisões tomadas no presente sobre a capacidade acabam por se fazer sentir por muito tempo no futuro, ou seja, no longo prazo. Derivamos daí uma primeira razão para a importância das decisões sobre a capacidade: a capacidade planejada dá o limite de atendimento possível. Além disso, existe o compromisso dos recursos em longo prazo: modificações drásticas na capacidade dificilmente são viáveis sem que incorra em novos custos, forçosamente substanciais. Administração da Produção 60 Uma segunda razão diz respeito à relação entre capacidade e custos operacionais. Se, a cada momento, a capacidade igualar a demanda, não haverá excesso de custo. Esse excesso acontece quando a capacidade supera ou fica abaixo da demanda, que varia no curto prazo devido aos fatores sazonais e no longo prazo devido às condições gerais dos negócios, às quais se dá a designação genérica de ciclos de negócios. Uma terceira razão – o alto custo inicial que se segue às decisões sobre a capacidade – também justifica a importância de um estudo bem feito da capacidade. Essa razão interliga-se às demais, sendo que uma acaba reforçando a outra. Em síntese, as decisões sobre capacidade merecem muita atenção pelo seu caráter essencialmente estratégico, que se reflete no envolvimento de grandes somas de dinheiro, na imobilização forçada de recursos, nas dificuldades posteriores de mudança e no grande impacto sobre os custos de operação. Medidas de Capacidade Existem duas formas de se medir a capacidade de uma unidade produtiva: • Através da produção; • Através dos insumos. Medida através da Produção Nesse caso, as unidades de medida devem ser comuns ao tipo de produto produzido. Em outras palavras, é impraticável misturar medidas, tais como metros com toneladas e assim por diante. Medida através dos Insumos Em organizações de serviços, frequentemente a maneira mais viável de se medir a capacidade é por meio dos insumos utilizados, já que existe dificuldade, em muitos casos, de se identificar o que seja a produção e consequentemente de realizar sua medição. Administração da Produção 61 Expansão da
Compartilhar