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Exame do estado mental Apresentação Aparência física do paciente. Atitude Alguns pacientes adotarão atitude ativa e colaborativa, respondendo às perguntas adequadamente. Outros, irão se colocar de forma negativista, seja ignorando intencionalmente as perguntas e solicitações do examinador (negativismo ativo), seja por se encontrarem alheios e indiferentes ao que lhes é solicitado ou perguntado (negativismo passivo). Contato Foi fácil a realização da entrevista? Foi difícil estabelecer empatia com o mesmo? Quais sentimentos contra transferenciais foram experimentados pelo examinador? Consciência Consciência neurológica: diz respeito ao grau de vigília de um paciente, ou seja, à nitidez das vivências psíquicas (eixo vertical) e à amplitude desta vigília. Ela poder estar preservada (paciente lúcido, consciente ou vígil) ou rebaixada. O termo “confusão mental” corresponde a qualquer grau de rebaixamento do nível de consciência, excetuando se o coma. No eixo horizontal, encontram-se os estreitamentos da consciência, estados crepusculares habitualmente de natureza epiléptica ou dissociativa. Alterações: ● Obnubilação/sonolência: está alterada a capacidade de pensar claramente, para perceber, responder e recordar os estímulos comuns, com a rapidez habitual. O paciente tende a cair em sono quando não estimulado. Às vezes é necessário falar alto ou tocá-lo para que compreenda uma pergunta; ● Confusão: a face de um doente confuso apresenta uma expressão ansiosa, enigmática e às vezes de surpresa. É um grau mais acentuado que a obnubilação; ● Estupor: estado caracterizado pela ausência ou profunda diminuição de movimento espontâneos, mutismo. O paciente somente responde a estímulos vigorosos, após os quais retorna ao estupor; ● Coma; ● Hiperalerta. Atenção Distinguem-se a atenção voluntária (tenacidade), a atenção espontânea (vigilância), a qual é determinada pelas características dos estímulos em questão, e a concentração (capacidade de manter a atenção voluntária em processos internos do pensamento ou em alguma atividade mental). Alterações: ● Desatenção: incapacidade de voltar o foco para um determinado estímulo; ● Distração: incapacidade de manter o foco da atenção em determinado estímulo. Orientação Capacidade de um indivíduo de conseguir situar-se tempo-espacialmente (em relação ao ambiente) e quanto a si mesmo. Divide-se em autopsíquica (identidade do eu) e alopsíquica (quanto ao mundo externo, subdividida em orientação temporal e orientação espacial). Memória Alterações: ● Amnésia: incapacidade parcial ou total de evocar experiências passadas; ● Amnesia imediata; ● Amnésia anterógrada: o paciente esquece tudo o que ocorreu após um fato ou acidente importante; ● Amnésia retrógrada: esquecimento de situações ocorridas anteriormente a um trauma, doença ou fato importante; ● Amnésia lacunar: esquecimento dos fatos ocorridos entre duas datas. Eventualmente, o paciente pode criar inverdades ou situações não ocorridas, sem dar se conta (confabulação); ● Amnésia remota: esquecimento de fatos ocorridos no passado. Sensopercepção As sensações resultam dos efeitos produzidos por estímulos externos sobre os órgãos dos sentidos, enquanto as percepções correspondem a fenômenos psíquicos relacionados ao reconhecimento e significado subjetivo das sensações. Nas ilusões, o paciente vivencia uma representação mental distorcida de um objeto externo presente. Alucinações: ● Visuais: sinalizam para a existência de alterações orgânicas; ● Auditivas: altamente sugestivas de psicoses não- orgânicas, tais como quadros esquizofrênicos; ● Táteis; ● Vestibulares; ● Olfativas; ● De presença: sensação de presença de outra pessoa ou ser vivo que permanece invisível; ● Somáticas: experiências sensoriais irreais envolvendo o corpo do paciente ou seus órgãos internos (sentir o fígado apodrecido). Tipos específicos de alucinações: ● Cinestesias: escutar cores, cheirar músicas; ● Pseudoalucinações: são reconhecidas, percebidas como irreais; ● Despersonalização: esquisita impressão de que o corpo está mudando, perda da identidade corporal, com sensação de estranheza em relação a ele; ● Desrealização: sensação de que o ambiente está mudando ou mudou. Pensamento Três dimensões: ● Curso: velocidade do pensamento. Pode estar lentificado, acelerado ou normal; ● Forma: a forma como as ideias se encadeiam umas nas outras. A forma habitual do pensamento normal é chamada de agregada. ● Conteúdo: as ideias prevalentes são conteúdos que, em função de sua carga afetiva, ocupam a maior parte do conteúdo do pensamento do indivíduo no momento do exame. As ideias delirantes consistem em crenças irreais não removíveis mediante a argumentação lógica. As ideias obsessivas são pensamentos reconhecidos pelo próprio paciente como absurdas, porém de difícil controle. Crítica e noção de doença Aqui, avalia-se o grau de insight do paciente, ou seja, o quanto de compreensão o mesmo apresenta em relação a seu próprio estado mental. Crítica: percepção da inadequação ou da gravidade de suas vivências ou de seu comportamento. Noção de doença: se refere a quanto o paciente admite que tais vivências ou comportamento anormais são decorrentes de doença mental. Humor e afeto O humor pode ser classificado como depressivo, eufórico, irritado (disfórico) ou ansioso. O afeto pode ser classificado como: ● Segundo a sintonia com o conteúdo do pensamento: congruente ou incongruente (“dissociado”); ● Segundo as variações do estado emocional durante a entrevista: pouco móvel ou lábil; ● Segundo a intensidade da expressão emocional: hipermodulante, estável ou plano; ● Segundo o grau de sintonia com o ambiente e o examinador: ressoante ou pouco ressoante. Psicomotricidade Oscila entre dois polos: o da inibição psicomotora, ou abulia, e o da agitação psicomotora. O paciente poderá estar inquieto, acelerado, lentificado, apático. Quadros de extrema agitação psicomotora são denominados estados de furor, enquanto estados de extrema inibição psicomotora são chamados de estados de estupor, onde se observa imobilidade e mutismo.
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