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Auditoria e Perícia Contábil Isabella Christina Dantas Valentim Artigo científico AUDITORIA E PERÍCIA CONTÁBIL: UMA ANÁLISE DE SUAS CARACTERISTICAS E APLICAÇÕES Isabella Christina Dantas Valentim1 RESUMO O objetivo deste artigo é descrever o processo de desenvolvimento das áreas de auditoria contábil e perícia contábil, no que envolve os seus aspectos profissionais e técnicos. Para isso, foi descrito através da literatura das áreas em estudo e com base nas normas e legislações aplicáveis às profissões de auditor e perito contábil, que envolvem uma minuciosa e cautelosa análise dos fatos envolvidos no processo a ser executado. Assim, ambas áreas em estudo necessitam do envolvimento e da atuação de profissionais contábeis, devidamente registrados no conselho de classe e com conhecimento técnico sobre a área pretendida. Também pode ser percebido que ambas áreas de atuação precisam desenvolver o planejamento prévio das atividades a serem executadas, assim como adotar procedimentos adequados para obtenção das evidências e provas que sejam suficientes para sustentar as opiniões que serão dadas. Com isso, cada um desses profissionais, seja auditor ou perito, deverá elaborar as suas conclusões. O auditor por meio do seu relatório de auditoria e o perito ou assistente técnico deve elaborar o laudo e o parecer pericial contábil, respectivamente. Palavras-chave: Auditoria Contábil. Perícia Contábil. Procedimentos. Normas de Contabilidade. Profissional Contábil. INTRODUÇÃO O presente artigo busca analisar a Auditoria Contábil e a Perícia Contábil no que diz respeito às suas sustentações legislativas e às suas aplicabilidades práticas. Para tanto, será necessária a discussão sobre as perspectivas introdutórias, trazidas pelas discussões dos conceitos básicos que envolvem as duas áreas, como específicas da contabilidade. Para isso, serão feitas pontuações quanto aos seus conteúdos normativos, os quais estabelecem diretrizes e as suas aplicações enquanto ramo do conhecimento contábil necessário para desempenho das áreas. Na mesma toada, a partir de uma análise teórica e prática, busca-se apontar como a auditoria contábil é segregada e como a sua execução afeta a legitimação e a segurança das informações contábeis geradas. Para isso, compreende-se que esse profissional irá avaliar, de acordo com suas responsabilidades e ainda dentro da avaliação de risco aceitável, se as demonstrações contábeis e os demais documentos, elaborados pela administração ou membros da governança da entidade, foram elaborados a partir do que determina as normas geralmente aceitas. Do mesmo modo, serão levantadas algumas pontuações sobre o perfil profissional do perito contador, que se envolve nas causas judiciais ou extrajudiciais 1 Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora dos cursos de Graduação em Ciências Contábeis e Gestão Financeira. Professora dos cursos de Pós-Graduação em Gestão Financeira e Controladoria, Auditoria Contábil e Fiscal, Perícia Contábil e Planejamento Tributário. para resolução de conflitos. A sua atuação será percebida, dentro de um contexto amplo, o qual envolve diversas varas e esferas judiciárias, elevando tal especialidade a uma grande responsabilidade e importância. Assim, faz-se necessário ainda compreender como devem ser expressas as conclusões obtidas pelo perito contador, elaborando um laudo pericial contábil ou um parecer pericial contábil, este último com a denominação atualizada pela NBC TP 01, em março de 2020, que trata sobre as atividades técnicas da perícia. Este artigo, tem como objetivos descrever o processo de desenvolvimento das áreas de Auditoria e Perícia Contábil, assim como compreender os aspectos profissionais e práticos que envolvem cada uma dessas áreas específicas da contabilidade. Para isso, faz-se necessária a busca na literatura pertinente sobre o tema, assim como na junção dos conhecimentos práticos e técnicos do autor. 1. AUDITORIA CONTÁBIL É notório a crescente importância da atividade empresarial nas economias modernas. De fato, grande parte do crescimento econômico, das inovações e da criação de riqueza decorre de atividades empresariais. No entanto, o empreendedorismo traz consigo a noção de risco: as empresas podem passar por crises motivadas por fatores internos e externos, nas quais os investidores podem ser privados de obter retornos sobre os seus investimentos e os credores podem não receber o que contribuíram para uma entidade comercial. Tudo isso, em princípio, é uma consequência natural dos mecanismos de mercado. No entanto, deve-se lembrar que as pessoas, especialmente, como entidades comerciais, que financiam atividades comerciais no mercado (por exemplo, comprando ações, títulos ou outros valores mobiliários), buscam pelo menos algum grau de previsibilidade e segurança em suas decisões. Para garantir um nível razoável de segurança sobre os investimentos realizados, faz-se necessária a obtenção de uma série de informações sobre a atividade na qual os recursos serão aplicados. Assim, essas informações destinam-se, principalmente, a fornecer aos investidores condições para avaliar e mensurar, embora, aproximadamente, a área a ser enfrentada e até para estimar a remuneração necessária para investir os seus recursos nessa atividade em particular, mas não basta ter apenas acesso à informação, é necessário ter credibilidade, segurança e imparcialidade. Em relação a essa situação, surge uma necessidade básica de auditoria, levando em consideração apenas uma auditoria externa, realizada por um único profissional ou empresa independente, a fim de garantir a confiabilidade das informações fornecidas pelos gerentes de negócios aos financiadores do mercado. 1.1 Conceitos Básicos De forma básica, Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 4) definem auditoria como “o levantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos, operações, rotinas e das demonstrações financeiras de uma entidade”. Dessa forma, por se classificar como uma atividade de essência crítica, resulta na emissão da opinião do auditor sobre as atividades de verificações (CREPALDI; CREPALDI, 2019, p. 4). Do mesmo modo, o Conselho Federal de Contabilidade - CFC, por meio da Resolução nº 820 de 1997 determina que a natureza da auditoria consiste no “conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão da opinião sobre a adequação das demonstrações contábeis, consoante os Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação específica”. Contribuindo de forma igual, Brito e Fontenelle (2015) definiram também que a atividade de auditar, como a de testar a eficiência e a eficácia do controle patrimonial, de maneira geral, não se limita apenas aos aspectos contábeis. Nesse sentido, observa-se que a opinião apropriada do auditor deve ter por objetivo avaliar por meio de procedimentos técnicos adequados sobre as demonstrações contábeis, as quais devem ser elaboradas de acordo com os padrões estabelecidos pelas Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC. Vale ressaltar ainda que a atividade de auditoria controla áreas-chave nas organizações, com o objetivo de averiguar e prevenir situações que desencadeiem fraudes, desfalques e subornos, utilizando, dessa forma, testes de auditoria para detecção dessas ações (CREPALDI; CREPALDI, 2019). A Norma Brasileira de Contabilidade Técnica de Auditoria – NBC TA 200, a qual retrata os objetivos do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em Conformidade com Normas de Auditoria, destaca que as demonstrações contábeis, sujeitas à auditoria, devem ser elaboradas pela administração da entidade, com supervisão geral dos responsáveis pela governança,que consistem em: balanço patrimonial, demonstrações do resultado, demonstração das mutações do patrimônio líquido, demonstração dos fluxos de caixa e notas explicativas. Nessa linha de pensamento, entende-se que a profissão do contador, quanto ao desenvolvimento específico da auditoria, surgiu a partir das necessidades dos usuários de informações seguras sobre os dados divulgados pelas empresas. Dessa forma, com o objetivo de assegurar e dar credibilidade às informações que eram elaboradas e divulgadas pelas empresas, surgiu a figura do auditor que, por meio da emissão de sua opinião, expressa o quão confiáveis são as informações contidas no conjunto de demonstrações contábeis. Dessa forma, assegura aos usuários, através de uma análise de um profissional independente - conhecedor das técnicas contábeis - se aquelas informações divulgadas são seguras ou não. Para Consenza e Grateron (2003), o crescimento da área de Auditoria e o desenvolvimento de suas funções fazem, de maneira geral, que as normas que regulam as atividades inerentes à profissão sejam revistas. Essas atualizações devem ser feitas com o objetivo de garantir aos usuários das informações que todos os padrões sejam atendidos. Avaliando a perspectivas de responsabilidade do auditor perante os seus trabalhos de auditoria, existe a NBC TA 210, a qual descreve as responsabilidades do auditor quanto aos trabalhos de auditoria com a administração da entidade e os responsáveis pela governança. Vale ressaltar que, dentro dos trabalhos de auditoria, algumas considerações e procedimentos prévios devem ser aplicados, com o objetivo de garantir a independência e a relevância do trabalho a ser realizado. Essas considerações devem ser tratadas logo no início da auditoria, salvaguardando o auditor quanto às suas responsabilidades e a empresa quanto aos serviços que serão contratados. Ao avaliar o papel a ser desenvolvido pela área de Auditoria, vale descrever os objetivos referentes à aceitação do trabalho pelo auditor. Considerando que o profissional auditor poderá aceitar ou não o desenvolvimento da auditoria a partir da avaliação dos riscos envolvidos no processo, que podem afetar as suas responsabilidades e sua conduta profissional. Considerando tal abordagem, Brito e Fontinelle (2015) relatam que as condições prévias de auditoria, de acordo com as normas de auditoria aplicáveis, devem corresponder ao uso pela administração de uma estrutura de relatório financeiro aceitável na elaboração das demonstrações contábeis e a concordância da administração em relação ao pressuposto em que a auditoria é conduzida. Para Crepaldi e Crepaldi (2019), o objetivo da auditoria consiste avaliar as informações contábeis, em especial, aquelas contidas nas demonstrações contábeis e aquelas previstas em legislação, devendo ainda propiciar revelação suficiente sobre a entidade. Dessa forma, tais informações devem facilitar a concretização dos propósitos do usuário, revestindo-se de atributos informacionais, entre os quais, são indispensáveis: a confiabilidade, a tempestividade, a compreensibilidade e a comparabilidade. A NBC TA 200, que retrata os objetivos gerais do auditor independente e a sua condução, determina que para atendimento da proposta de auditoria, o auditor enquanto profissional deve-se valer de: Julgamento profissional: consiste na aplicação de treinamento, conhecimento e experiência relevantes, dentro do contexto fornecido pelas normas de auditoria, contábeis e éticas, na tomada de decisões informadas a respeito dos cursos de ação apropriados nas circunstâncias do trabalho de auditoria; Evidências de auditoria: consistem nas informações utilizadas pelo auditor para fundamentar as suas conclusões em que se baseia a sua opinião. As evidências de auditoria incluem informações contidas nos registros contábeis subjacentes às demonstrações contábeis e outras informações; Asseguração razoável: é a segurança considerada no contexto da auditoria de demonstrações contábeis, um nível alto, mas não absoluto. Por fim, vale compreender sobre o objeto da auditoria, o qual Crepaldi e Crepaldi (2019) descreve como o conjunto de elementos que irá controlar o patrimônio da entidade e, dentro deste, consideram-se os registros contábeis, os papéis, documentos, as fichas, os arquivos e as anotações que comprovem e garantam a legitimidade dos atos desempenhados pela administração. Cabe ressaltar ainda que fatos, os quais não puderam ou não foram documentados pela administração, também podem ser objeto de auditoria, com a finalidade de assegurar sua veracidade, de acordo com as evidências obtidas (CREPALDI; CREPALDI, 2019). Desse modo, a auditoria contábil consiste, em relação ao seu campo de atuação, na adequada fiscalização do cumprimento das normas contábeis e internas da empresa em relação à emissão de informações e relatórios com relação às suas falhas ou irregularidades que possam surgir por meio de ações fraudulentas. 1.1.1 Auditoria Interna versus Auditoria Externa A Auditoria interna é uma atividade independente de assessoramento a um conselho gerencial ou uma parte de uma organização, com o objetivo de examinar e avaliar a adequação, eficiência e eficácia dos sistemas de controle interno e a qualidade dos resultados das áreas em relação às atribuições, bem como planos, metas, objetivos e princípios definidos para elas, além de fornecer suporte à gerência na tomada de decisões. Enquanto a Auditoria externa é realizada por auditores independentes que não estão relacionados à empresa auditada, portanto, não há risco de interferência no conteúdo de suas opiniões. O objetivo é emitir uma opinião sobre as declarações da empresa auditada, dando aos acionistas e investidores segurança quanto à confiabilidade dos dados apresentados, assim atende aos interesses de terceiros. O auditor lida apenas com a detecção e prevenção de erros e fraudes que afetam as demonstrações financeiras. Isso é feito periodicamente nas empresas obrigadas, de grande porte, e será executado por esses profissionais devidamente registrados na Comissão de Valores Mobiliários - CVM. 1.2 Normas Técnicas e Profissionais de Auditoria Os padrões de auditoria aceitos orientam os auditores a realizar exames e a preparar relatórios. Alguns padrões são descritos como padrões gerais, padrões de desempenho no trabalho e padrões de opinião (padrões de relatório). Essas normas determinam a estrutura exigida pelo auditor para decidir, preparar a auditoria das demonstrações financeiras, conduzir a auditoria e redigir o relatório. Eles também são usados para medir a qualidade dos objetivos da auditoria e as medidas tomadas para alcançá-los. Desde 1972, possuímos os padrões de auditoria implementados pelo Banco Central do Brasil (BACEN), além da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Comissão Federal de Contabilidade (CFC), o Instituto de Auditores Independentes (IBRACON) e o Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Os padrões de auditoria são padrões que controlam a qualidade dos exames e relatórios, já os procedimentos de auditoria descrevem as tarefas que os auditores realmente executam na realização dos exames. Os padrões de auditoria são claramente estabelecidos e, se o objetivo é realizar inspeções satisfatórias, não são permitidos desvios. Por outro lado, os procedimentos de auditoria geralmente aceitos são descritos em termos gerais e podem ser modificados para se adequar ao trabalho de auditoria específico. Os padrões comuns se referem, principalmente, à personalidade, atitude e treinamento dos auditores, também conhecidos como padrões pessoais. Referem-se ao treinamento técnico, à capacidade dos auditores, à experiência, ao entusiasmo profissional e ao espírito de atitude independente. As normas brasileiras de contabilidade (NBC) emitidas pelo CFC devem obedecer aos padrões internacionais e incluir esses padrões, essas explicações técnicase trocas técnicas. Os padrões de auditoria independente são aprovados pelo CFC por meio de resoluções e são divididos em padrões profissionais (NBC PA) e padrões técnicos (NBC TA). A AP da NBC formulou regras de conduta e procedimentos. Como requisito da prática profissional de contabilidade, a AT da NBC descreve os conceitos, princípios e procedimentos da doutrina que devem ser adotados ao executar o trabalho. De acordo com a Resolução 1.828/2011 do CFC (18 de março de 2011), que estipula a estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade, a resolução determina a estrutura das normas contábeis brasileiras da seguinte forma: As Normas Profissionais que podem ser aplicadas aos auditores são: 1. Geral – NBC PG: aplicadas indistintamente a todos os profissionais de contabilidade; 2. Do Auditor Independente – NBC PA: aplicadas, especificamente, aos contadores que atuam como auditores independentes; 3. Do Auditor Interno – NBC PI: aplicadas especificamente aos contadores que atuam como auditores internos. As Normas Técnicas aplicadas aos trabalhos de auditoria são: 1. Geral – NBC TG: são as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes com as normas internacionais emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB); e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais; 2. De Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica – NBC TA: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria, convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Independente emitidas pela IFAC; 3. De Revisão de Informação Contábil Histórica – NBC TR: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Revisão, convergentes com as Normas Internacionais de Revisão emitidas pela IFAC; 4. De Auditoria Interna – NBC TI: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Auditoria Interna; 5. De Auditoria Governamental – NBC TAG: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria Governamental, convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Governamental emitidas pela Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI). As normas de auditoria são entendidas como as regras formuladas por todas as instituições de rotina do setor contábil nacional, o objetivo é regular o exercício das funções do auditor e estabelecer as diretrizes que esses profissionais devem seguir ao exercer as suas funções. Elas estabeleceram os conceitos básicos de requisitos do auditor, de desempenho do auditor e as opiniões que os auditores devem expressar. Embora na maioria dos casos, os padrões de auditoria sejam apenas padrões gerais e não um manual de análise de procedimentos que os auditores devem seguir, eles estabelecem limites claros de responsabilidade e fornecem informações úteis para o comportamento dos auditores em relação aos auditores, à formação profissional e aos aspectos técnicos necessários para realizar o trabalho (CREPALDI; CREPALDI, 2019). Considerando a diversidade de projetos desenvolvidos na área e os métodos personalizados específicos para cada trabalho, a criação de padrões de auditoria é uma tarefa complexa. A tarefa se torna mais difícil, devido à necessidade de criar padrões que se apliquem ao trabalho realizado por pessoas que foram treinadas em várias disciplinas. Os profissionais de engenharia, transporte etc., que podem ajudar a realizar auditorias, devem orientar a sua implementação com os mesmos padrões. As normas de auditoria e os seus procedimentos de implementação estabelecem a ordem e a disciplina da execução. Mais importante ainda, a conformidade com esses padrões pode alcançar uma auditoria completa e objetiva e fornecer resultados e recomendações tangíveis. Assim, esses requisitos básicos são razoáveis. 1.3 Planejamento de Auditoria Ao executar o seu planejamento de auditoria, o auditor deve considerar o ceticismo profissional, ou seja, manter sempre uma mente questionadora quanto às questões a serem avaliadas pela sua atividade. Para Crepaldi e Crepaldi (2019), o ceticismo profissional deve incluir as evidências de auditoria que contradigam outras evidências obtidas; as informações que coloquem em dúvida a confiabilidade dos documentos e respostas às indagações a serem usadas como evidências de auditoria; as condições que possam indicar possível fraude; e as circunstâncias que sugiram a necessidade de procedimentos de auditoria, além dos exigidos pelas NBCs TA. Para definir planejamento de auditoria, Lins (2017, p. 235) detalha que: O planejamento da auditoria é a etapa do trabalho na qual o auditor independente estabelece a estratégia geral dos trabalhos a executar na entidade a ser auditada, elaborando-o a partir da contratação dos serviços, estabelecendo o alcance, a época e a direção da auditoria, para orientar o desenvolvimento do plano de auditoria de modo que possa desempenhar um trabalho eficiente e eficaz. Nessa mesma linha de raciocínio, “planejar”, segundo a perspectiva de Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 332), “é pensar o modo de se realizar a auditoria, de acordo com os meios disponíveis, tempo, pessoal, recursos financeiros, a fim de se alcançar os objetivos definidos para o trabalho”. Para Almeida (2019), o trabalho de auditoria deve ser adequadamente planejado, de acordo com as normas de auditoria geralmente aceitas. Para isso, o auditor define que “planejar significa estabelecer metas para que o serviço de auditoria seja de excelente qualidade e ao menor custo possível” (ALMEIDA, 2019, p.32). Dessa forma, os objetivos dentro do planejamento devem ser adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios e da forma de organização da empresa; planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares; obter maior cooperação do pessoal da empresa; determinar a natureza, amplitude e datas dos testes de auditoria; e identificar previamente problemas relacionados com contabilidade, auditoria e impostos (ALMEIDA, 2019). Brito e Fontinelle (2015) relatam que o auditor deve, de forma escrita, documentar o seu planejamento geral, além de preparar os seus programas de trabalho, devendo, ainda, detalhar o que for necessário à compreensão dos procedimentos que serão aplicados, em termos de natureza, oportunidade e extensão. Assim, o planejamento deve ser detalhado de maneira que possa servir como um guia e meio de controle de sua execução. Dessa forma, deve ser o primeiro passo para execução da auditoria, como mostra o seguinte fluxo: Fonte: Brito e Fontinelle (2015). Ademais, deve-se considerar dentro do planejamento todos os fatores relevantes na execução dos trabalhos, para Lins (2017, p. 237) principalmente os que se relacionam aos seguintes: Planejamento (avaliação inicial de riscos) Testes de controle Avaliação de riscos Procedimentos analiticos substantivos Testes de detalhes Relatório de auditoria a) O conhecimento detalhado das práticas contábeis adotadas pela entidade e as alterações procedidas em relação ao exercício anterior; b) O conhecimento detalhado do sistema contábil e de controles internos da entidade e seu grau de confiabilidade; c) Os riscos de auditoria e identificação das áreas importantes da entidade, quer pelo volume de transações, quer pela complexidade de suas atividades; d) A natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos de auditoria a serem aplicados; e) A existência de entidades associadas, filiais e partes relacionadas; f) O uso dos trabalhos de outros auditores independentes, especialistas e auditores internos; g) A natureza, o conteúdo e a oportunidade dos pareceres, relatórios e outros informes a serem entregues à entidade; e h) A necessidade de atender a prazos estabelecidos por entidades reguladoras ou fiscalizadoras e para a entidade prestar informações aos demais usuários externos. Assim,de forma adicional, deve-se, dentro do planejamento da auditoria, existir a designação dos trabalhos a serem desenvolvidos pela equipe técnica, com a segregação das funções de cada um dos componentes. Para Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 336), “a utilização de equipe técnica deve ser prevista de maneira a fornecer razoável segurança de que o trabalho venha a ser executado por pessoa com capacitação profissional, independência e treinamentos requeridos nas circunstâncias”. Se eventualmente, nos desenvolvimentos do planejamento e dos programas de trabalho, for necessário, estes devem ser revisados e atualizados sempre que novos fatos o recomendarem (CREPALDI; CREPALDI, 2019). Enfim, a partir das informações obtidas, de forma preliminar, o auditor deverá elaborar a sua proposta de serviços, de forma a expressar as suas responsabilidades, como a da administração, além de estabelecer os valores e as horas de trabalho que serão despendidas. Essas informações devem constar no planejamento de auditoria, pois ele deverá comprovar no final do processo que todas as etapas iniciais das propostas foram atendidas e executadas. Dessa forma, observa-se que muitas são as informações que compõe o planejamento de auditoria, devendo sempre o profissional atentar-se à necessidade de revisão e atualização, sempre que um novo fato, durante o seu trabalho de campo, surgir. Para eficiente condução e o restrito seguimento do planejamento de auditoria, Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 334) relatam que: O auditor deve estabelecer como apropriados os termos do trabalho de auditoria com a administração e os responsáveis pela governança. Esses termos estabelecidos devem ser formalizados na carta de contratação de auditoria ou outra forma adequada de acordo, por escrito. Os itens devem incluir as responsabilidades do auditor, as responsabilidades da administração. Finalmente, percebe-se que o planejamento de auditoria é ferramenta-chave no processo bem-sucedido da execução da auditoria, pois além de assegurar o auditor quanto às suas responsabilidades, auxilia na segurança e na organização das informações para desenvolvimento de sua opinião final. Isso deve ser desenvolvido por meio de uma equipe, a qual deverá estar ciente de todo o processo e de suas determinadas funções, a partir dos aspectos descritos no planejamento. Para isso, o auditor ainda deve considerar, dentro de seu planejamento, as propostas de serviços, com valores, horas e funções a serem desempenhados a partir das informações coletadas. Para tanto, será necessário, então, avaliar os aspectos ligados à seleção das informações que serão avaliadas e os riscos nestas envolvidos. 1.4 Seleção da Amostra e Avaliação do Risco Levando em consideração o fluxo e a quantidade de informações contidas nas demonstrações contábeis e nos diversos documentos societários que envolvem o trabalho de auditoria, faz-se necessária a seleção de itens de uma amostra que serão avaliados pelo auditor. Esse procedimento de seleção, por sua vez, exige que dentro desse processo todos os itens que compõem as informações tenham as mesmas possibilidades de serem escolhidos ou selecionados na amostra. Por isso, o profissional deve-se valer de conhecimentos técnicos, de forma a aplicá-los sobre tal seleção. Nessa perspectiva, tais seleções devem evidenciar, segundo Crepaldi e Crepaldi (2019): o grau de confiança sobre os sistemas de controle internos da entidade, as bases de seleção, as fontes utilizadas na seleção e, ainda, o número de itens a ser selecionado. Além disso, na seleção da amostra, deve-se considerar a seleção de forma aleatória e sistêmica, através das transações realizadas e a seleção casual, de forma a utilizar os critérios estabelecidos pelo auditor, a partir de suas experiências, explica Crepaldi e Crepaldi (2019). A partir da seleção da amostra a ser avaliada pelo auditor, adota-se, a partir de então, os procedimentos relativos à avaliação dos riscos que envolvem o trabalho de auditoria. Assim, primeiramente dentro dessa perspectiva, deve-se considerar o risco do negócio, que consiste no risco que resulta de condições, eventos, circunstâncias, ações ou falta de ações significativas que possam afetar adversamente a capacidade da entidade de alcançar os seus objetivos e executar as suas estratégias ou de estabelecer objetivos ou estratégias inadequadas. Depois, deve-se avaliar os riscos que envolvem as demonstrações contábeis, que consistem nos riscos de que os relatórios contábeis apresentem distorções materialmente relevantes, derivadas de vários fatores, como os problemas inerentes à gestão da entidade auditada, ao volume e à complexidade das transações lançadas na contabilidade, à inexistência, à falha, à burla ou à omissão nos controles internos. No objetivo de orientar os auditores na coleta de evidências, para que possam emitir uma opinião, com uma segurança razoável, é necessário que sejam trabalhados os tipos de riscos de auditoria. Nesse contexto, os riscos inerentes (RI), segundo Lins (2017), são aqueles que são comuns em qualquer tipo de atividade empresarial, pois têm a sua ênfase no processo operacional. Nesse sentido, o autor acredita que tal risco é suscetível a respeito das transações, dos saldos contábeis e, até mesmo, das divulgações que podem levar a uma distorção, que seja considerada relevante. Outro risco, avaliado por Lins (2017), é o risco de controle (RC). Este é considerado pela sua capacidade de avaliar a possibilidade de erro material de um determinado saldo ou transação, que não pôde ser evitado pelos controles internos pertencentes à empresa. Por fim, existe o risco de detecção (RD), referente à avaliação dos procedimentos, os quais foram adotados pela auditoria e não são capazes de detectar um erro ou uma fraude, considerados materiais sobre a avaliação feitas nos itens. Assim, acredita-se que para quantificar os riscos de auditoria (RA), boa parte da doutrina contábil emprega modelos matemáticos. O modelo de risco de auditoria, conceitua risco de auditoria (RA), de modo que combine em seu conceito o risco inerente (RI), o risco de controle (RC) e o risco de detecção (RD), segundo a seguinte fórmula matemática: RA = RI x RC x RD Em que: RI é o risco inerente; RC será o risco de controle; e RD é o risco de detecção. Assim, já destacavam Castro et al. (2015) os indicadores de risco de auditoria, que afetarão dois quadrantes: o horário de trabalho e os honorários. Quanto maior o risco, maior o nível de procedimentos que o auditor deve executar para obter segurança. Ao mesmo tempo, o auditor pode considerar cobrar uma taxa mais alta como prêmio pelo risco assumido. 1.5 Papéis de Trabalho A NBC TA 230 trata da responsabilidade do auditor na elaboração da documentação de auditoria para a auditoria das demonstrações contábeis. Para tanto, são necessárias algumas definições prévias. A documentação de auditoria consiste no registro dos procedimentos de auditoria executados, da evidência de auditoria relevante obtida e das conclusões alcançadas pelo auditor. Assim, usualmente, utiliza- se a expressão “papéis de trabalho” para esses tipos de documento. Já os arquivos de auditoria compreendem, em uma ou mais pastas ou outras formas de armazenamento, em forma física ou eletrônica, os registros que constituem a documentação de trabalho específico da auditoria. Por considerar a sua natureza e a sua finalidade, a partir da norma geralmente aceita, os papéis de trabalho utilizados na Auditoria, devem atender a essa norma, além de suas exigências específicas, pois tais procedimentos fornecem ao profissional evidências suficientes para o auditor concluir e cumprir os objetivos globais propostos em seu planejamento. Além de evidenciar como a auditoria foi planejada e executada, de acordo com as normas aplicáveis e os regulamentos específicos. Para Ribeiro e Ribeiro (2017), os documentos deauditoria servem para dentro do contexto do planejamento e execução da auditoria, assistir à equipe de trabalho, determinar das responsabilidades que envolvem a assistência dos membros da equipe que supervisionam e dirigem o trabalho de auditoria, podendo permitir, ainda, que a equipe se responsabilize pelo seu respectivo trabalho. Ademais, acredita-se que os papéis de trabalho de auditoria auxiliam no mantimento dos registros sobre os assuntos considerados relevantes, até mesmo para consultas futuras, através de inspeções e revisões, que podem ser realizadas para manter o controle de qualidade, mantendo, ainda, os padrões estabelecidos pelas normas e exigências legais. Além disso, Ribeiro e Ribeiro (2019) acreditam que a preparação dos papéis de trabalho deve ser suficiente para que um auditor experiente, que não possua nenhum envolvimento na auditoria, consiga entender os trabalhos desenvolvidos. Vale-se compreender sobre a divisão que existe em relação aos papéis de trabalho e, geralmente, compreende o programa de auditoria, que se refere aos papéis de trabalho padronizados, por exemplo: checklist, formulários, entre outros. Os papéis elaborados pelo auditor consistem nos papéis/documentos elaborados ao longo da auditoria pelo próprio profissional. Por fim, existe ainda os outros papéis de trabalho que se referem aos documentos diversos, como as circularizações, as cópias de estatuto social, os contratos, entre outros. A doutrina contábil, relacionada à auditoria, classifica, ainda, os papéis de trabalho quanto à sua natureza, tais como: correntes e permanentes. Assim, os papéis de trabalho, considerados correntes, são aqueles utilizados apenas no exercício social do objeto da auditoria, por exemplo: caixa e bancos; contas a receber, estoques, investimentos, imobilizados, contas a pagar, receitas e despesas, demonstrações financeiras e questionários de controle interno. Por sua vez, os papéis classificados como permanentes referem-se àqueles utilizados em mais de um período, por exemplo, o estatuto social ou contrato social, as cópias de contratos bancários de financiamentos a longo prazo, os manuais de procedimentos internos e as cópias de atas de reuniões. Para Ribeiro e Ribeiro (2017), todos esses procedimentos de elaboração e organização dos papéis de trabalho irão servir para preparação do arquivo final da auditoria. De maneira que o auditor deverá montar a sua documentação de auditoria por meio dos arquivos, após a emissão do relatório final. Deverá o auditor atentar-se, ainda, para que mesmo depois de concluído o trabalho de auditoria e elaborados os papéis de trabalho, não deverá apagar ou descartar os documentos levantados pela auditoria, seja qual for sua natureza, devendo guardá-los. Nesse contexto, os papéis de trabalho desenvolvidos pelos auditores são de sua propriedade, pois refletem o trabalho executado e utilizado para base de sua opinião final. Por isso, recomenda-se que tais documentos sejam guardados de forma segura, para que evitem qualquer desvio ou manipulação de informações. O Comitê de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) orientam os profissionais de auditoria à guarda dos papéis de trabalho por um período de cinco anos, a contar a partir da publicação da opinião do auditor para a administração da empresa auditada (RIBEIRO; RIBEIRO, 2017). 2. AUDITORIA APLICADA O plano de auditoria é o plano de trabalho a ser executado no local. Esse plano deve ser elaborado de acordo com o objetivo da auditoria e as características da empresa a ser auditada. Ele definirá os objetivos do exame em uma área específica, o escopo e a profundidade do exame, os pontos de controle interno a serem verificados, os procedimentos a serem utilizados, o tempo estimado gasto, a equipe de trabalho e outros aspectos. Nesse sentido, será necessário a compreensão sobre os procedimentos a serem executados nos trabalhos de auditoria sobre as demonstrações contábeis, pois são a partir desses procedimentos e de sua adequada aplicabilidade que as evidências, que sustentaram a opinião do auditor, serão adequadas e suficientes. Avaliando essas perspectivas, faz-se necessário, assim, conhecer a aplicação da auditoria sobre as contas patrimoniais e de resultado, para que consequentemente o auditor consiga emitir a sua opinião através do relatório de auditoria. 2.1 Procedimentos de Auditoria Para desempenhar as suas funções de maneira eficiente, além de entender as características do próprio negócio, os auditores também devem ter um entendimento suficiente do mercado, clientes e fornecedores, obrigações legais e controles internos existentes da entidade auditada, afirma Pereira (2018). Esses detalhes desempenham um papel fundamental no trabalho inicial de tomada de decisão e na auditoria do serviço de emprego, porque permitem ao auditor entender claramente os motivos que constituem o posicionamento físico do mercado e a tomada de decisão econômica. Além disso, o conhecimento dos detalhes acima também permite que os auditores mensurem os riscos dos negócios e, assim, gerenciem os riscos da auditoria (PEREIRA, 2018). Para obter segurança razoável, o auditor deve obter evidência de auditoria suficiente para reduzir o risco de auditoria para um nível baixo aceitável, para que ele possa obter uma conclusão razoável e emitir uma opinião baseada em objetivos, com base na NBC TA 200, de acordo com o auditor independente; e da auditoria, de acordo com as normas de auditoria. Castro et. al (2015, s/n) destacam que “a métrica de governança tem uma tendência natural à redução da quantidade de horas. Uma empresa com governança e bons controles permite ao auditor testar controles internos e reduzir, consideravelmente, os procedimentos analíticos de auditoria.” Para o levantamento adequado e técnico das evidências de auditoria e para que estas sejam adequadas e suficientes é necessário que auditor adote procedimentos para tal objetivo e, assim, fundamentar sua opinião. Dessa forma, os procedimentos que podem ser adotados pelo auditor no decorrer de seu trabalho são: contagem física, confirmação de terceiros, recálculos, inspeções, observação e outros procedimentos analíticos. A contagem física, consiste no procedimento que utiliza as contas do ativo e consiste em identificar fisicamente o bem declarado nas demonstrações financeiras, como o dinheiro em caixa; os estoques; os títulos, como as ações; os títulos de aplicações financeiras; e bens do ativo imobilizado. O procedimento de confirmação de terceiros é utilizado pelo auditor para confirmar, por meio de carta, os bens de propriedade da empresa em poder de terceiros, direitos a receber e obrigações, por exemplo, o dinheiro em conta corrente bancária, as contas a receber de clientes, os estoques e os títulos em poder de terceiros, as contas a pagar a fornecedores e os empréstimos e financiamentos a pagar. Esse procedimento é estabelecido pela NBC TA 505. O procedimento do recálculo é feito através dos diversos cálculos realizados no decorrer da auditoria, a partir da elaboração das demonstrações financeiras, assim são exemplos dos tipos de recálculos: os de valorização de estoques, os cálculos de amortização de despesas antecipadas, de depreciações dos bens do ativo imobilizado, a realização de cálculos de variação monetária e cambial de empréstimos a pagar e os cálculos dos juros provisionados. A inspeção é um procedimento que envolve a análise de registros ou documentos internos ou externos, documentos em papel, formulários eletrônicos, outras mídias ou inspeção física de ativos. Fornece graus variados de evidência de auditoria com base em sua confiabilidade. A natureza e a fonte, em termos de registros e documentos internos, controlam a eficácia de sua produção. Exemplos desses documentos a serem inspecionados são os relatórios de despesas; boletins de caixa; desenhos derelatórios, como a apropriação de custos, depreciação, amortização etc.; requisições, desenhos de ofertas; registros de funcionários; folha de pagamento; livros sociais, como as atas de reuniões de acionistas, conselho de administração e ata da reunião do diretor executivo e do comitê de finanças. No que diz respeito ao procedimento da observação, este é o exame de processo ou procedimento executado por outros, por exemplo, a observação pelo auditor da contagem do estoque pelos empregados da entidade ou da execução de atividades de controle, por isso, esses procedimentos fornecem evidência de auditoria a respeito da execução de processo ou procedimento, mas é limitada ao ponto no tempo em que a observação ocorre e pelo fato de que o ato de ser observado pode afetar a maneira como o processo ou procedimento é executado. Os procedimentos analíticos estão expostos na NBC TA 520 e consistem na avaliação das informações feitas por meio de estudo das relações plausíveis entre dados financeiros e não financeiros. Além disso, devem ser incluídas a investigação de flutuações e as relações identificadas que sejam inconsistentes com outras informações relevantes ou que se desviem significativamente dos valores previstos. Assim, será necessário conhecer a aplicabilidade dos procedimentos sobre as demonstrações contábeis, a partir da execução da auditoria sobre cada conta específica. 2.2 Auditoria das Contas Patrimoniais Ao avaliar o balanço patrimonial, observa-se que ele mostra o valor correspondente ao saldo dos dois grupos de contas correspondentes aos ativos, aos passivos e ao patrimônio líquido. Além disso, o balanço patrimonial obteve finalmente o valor final dos resultados da demonstração dos resultados acumulados (finalmente, transferidos para a reserva de lucros) no patrimônio líquido, fato que permite à demonstração exibir as contas e os resultados do patrimônio líquido. Embora essa não seja a única maneira de apresentar o relatório analisado, geralmente, a representação gráfica do balanço patrimonial é a conta do ativo à esquerda, enquanto a conta do passivo ainda está no canto superior direito e a conta do patrimônio líquido está no canto superior direito do balanço. Compreendendo a estrutura do balanço, faz-se, então, necessária a observação quanto à aplicação da auditoria sobre as contas que compõem o balanço patrimonial, visto que a sua composição se deve ao equilíbrio entre os recursos da empresa sobre as suas fontes de captação. 2.2.1 Contas de Ativo Além da observação ou confirmação pessoal dos dados, as auditorias de contas de ativos também são baseadas em inspeções e evidências da existência e valor de ativos tangíveis ou intangíveis. Dessa maneira, o auditor pode reunir evidências satisfatórias sobre a existência e suficiência do valor registrado. Embora os objetivos da auditoria possam variar um pouco de um tipo de atividade para outro, eles geralmente são aplicáveis a quase todos. Assim, deve-se focar nos escopos básicos que geralmente estão relacionadas aos itens individuais do ativo. Aspectos relacionados à existência, incluindo a verificação de projetos de ativos, devem ser o principal objetivo da auditoria. Esse objetivo propõe um procedimento, principalmente, em termos de ativos tangíveis, o auditor inspeciona pessoalmente a propriedade. A confirmação (consulta por escrito), geralmente, fornece evidências da existência da propriedade, bem como documentos de consulta e inspeção verbais. Em alguns casos, são necessárias evidências qualitativas e quantitativas para determinar a existência de mercadorias. Nesse caso, geralmente, são necessários procedimentos especiais para dar ao auditor a certeza necessária. Esses procedimentos podem envolver a contratação de especialistas para inspecionar ativos. O aspecto da qualidade dos produtos está intimamente relacionado ao objetivo da avaliação. A função de avaliação usada para determinar o valor dos ativos é outro objetivo importante das auditorias, em que são necessários procedimentos específicos para reunir evidências sobre seu valor. O auditor deve garantir que os ativos incluam ativos obtidos por meio de autorização, ou seja, autorização de avaliação. Por exemplo, essa autorização deve ser expressa: a estratégia de determinar que o estoque seja necessário apenas pelo departamento de produção e que o departamento de compras adquira depois de competir para selecionar o melhor preço. A autorização de contas a receber também é geralmente geral, devido ao fato de a política de crédito autorizar a venda de crédito a clientes que atendem a determinados requisitos. Em geral, requer autorização especial para comprar itens e investimentos muito importantes em outras entidades. Nesse caso, o conselho de administração e até o comitê de investimentos, nomeado pelo conselho de administração, votaram pela aprovação ou reprovação da aquisição mencionada. Os auditores devem usar o método de verificar os manuais de procedimentos da entidade e outros documentos para entender as suas políticas oficiais e ler as atas das conferências, reuniões do conselho ou outros grupos, para entender mandatos específicos. A avaliação de ativos inclui observação precisa dos auditores e determinação da propriedade dos projetos de ativos. Em muitos casos, a posse de ativos lastreados em notas ou faturas é suficiente para provar a propriedade, especialmente, para ações, títulos, máquinas etc. A propriedade do veículo também pode ser comprovada por meio de certificados de propriedade, documentos de registro e recibos de impostos. Os imóveis podem ser estabelecidos verificando contratos, recibos e formulários de impostos sobre propriedades. Além disso, as restrições devem ser avaliadas, especialmente, ao identificar projetos de ativos, que estão intimamente relacionados a outra meta, ou seja, para verificar se o projeto em questão tem algum passivo ou restrição de qualquer tipo. Se houver, eles devem ser divulgados nas demonstrações financeiras. Portanto, o auditor deve se esforçar para descobrir quaisquer restrições ou encargos. Na auditoria da conta do balanço, quando se refere aos ativos, também é necessário avaliar a precisão do valor. O objetivo comum de se verificar qualquer tipo de ativo é verificar se o valor relatado é preciso. Esse objetivo está intimamente relacionado à determinação da quantidade de mercadorias, mas se concentra mais especificamente na precisão matemática. O processo usado para atingir esse objetivo inclui a verificação física, como contagem, confirmação e verificação de registros contábeis e documentos qualificados. No entanto, precisa-se, ainda, avaliar a utilidade, porque, em alguns casos, haverá muitos itens de ativos; portanto, o objetivo da auditoria é tirar conclusões sobre o uso potencial da propriedade. Já foi dito que, no caso de ativos fixos, o valor de mercado é mais relevante na maioria dos casos. Para os auditores, os dados mais importantes são que um item está desatualizado ou usado para produzir produtos que podem ser produzidos off-line. Além disso, por qualquer outro motivo, o estoque desatualizado ou não vendável é quase inútil. Além disso, os profissionais devem avaliar a apresentação nas demonstrações financeiras, inclusive, verificando se os ativos no balanço estão listados corretamente. Isso é alcançado analisando as características de cada ativo e aplicando criteriosamente as suas regras de classificação constituintes, descrições elaboradas, métodos de avaliação, divulgação entre parênteses de valores substitutos, referência às notas explicativas e descrições de encargos e restrições. O auditor deve estar ciente de que erros de classificação ou descrições inadequadas podem ser tão graves quanto erros de valor. Portanto, cada auditoria deve incluir procedimentos para garantir o envio fiel das demonstrações financeiras. Os ativos são divididos em duascategorias: ativo circulante e ativo não circulante. Desde 2008, as manifestações em grupo "permanentemente ativas" deixaram de existir. Se houver evidência clara de que o ativo está incluído na provisão para redução ao valor recuperável no futuro, a entidade deve confirmar imediatamente a redução ao valor recuperável através da criação de uma provisão para perda. As contas a examinar, de acordo com a sua representatividade, são basicamente: caixa e equivalentes de caixa, duplicatas a receber, estoques, investimentos, imobilizado e intangível. A auditoria eficaz e eficiente tira proveito do controle interno para minimizar os testes diretos de caixa. A maioria das organizações de médio ou grande porte possui um bom controle interno de caixa. Nesse caso, a auditoria se concentra no teste dos controles e na determinação de defeitos imprecisos ou maiores. Se não houver defeitos maiores, o teste menos substancial será realizado. No entanto, se houver pelo menos defeitos significativos ou conteúdo substantivo no controle, o auditor deve determinar que tipos de imprecisões podem existir e estabelecer testes de auditoria substantivos para confirmar a existência (GRAMLING et al., 2012). 2.2.2 Contas de Passivo De muitas maneiras, a auditoria da dívida requer um conceito diferente do uso de ativos. Nas auditorias de ativos, com base na confirmação ou observação pessoal direta, os auditores têm um método mais eficaz de provar a existência. Não é fácil obter essa evidência específica na verificação da dívida. Os auditores devem reconhecer que a dívida constitui uma enorme área de risco, devido à sua forte tendência de relatar um valor abaixo da realidade. Devem, assim, introduzir as Leis 11.638/07 e 11.941/09 como critérios para avaliação de passivos, ajustar as obrigações, custos e riscos do passivo a longo prazo pelo valor presente e ajustar outros passivos quando tiverem um impacto relevante. De acordo com as Leis 11.638/07 e 11.941/09, em termos de passivos, as contas serão divididas nas seguintes categorias: passivo circulante, passivo não circulante e patrimônio líquido, divididos em capital, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de patrimônio Lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. De acordo com a Lei nº 11.941/09, as obrigações da empresa (incluindo financiamento para obtenção de direitos a ativos não circulantes) serão classificadas como passivo circulante, quando expirarem no segundo ano ou como passivo não circulante, se expirarem dentro de um período mais longo. Se o ciclo de negócios de uma entidade continuar além do ano fiscal para classificá-lo como um passivo circulante, o ciclo de negócios da entidade deve ser observado. De acordo com a Lei nº 11.941/09, o resultado fixado para os próximos anos foi revogado e o "arrendamento financeiro" deve ser considerado. De maneira geral, os objetivos na auditoria de passivos devem ser aplicados em casos, como a verificação da adequação do controle interno. O sistema de controle interno do passivo deve garantir que todas as dívidas sejam comunicadas com precisão. Todas as dívidas da entidade são registradas nos registros contábeis. Todos os itens registrados no passivo são os direitos e interesses legítimos da entidade da dívida e baseiam-se na administração da entidade, uma política a resolver. Ao determinar a razoabilidade e propriedade dos passivos registrados, o auditor deve adotar todos os procedimentos julgados necessários para chegar ao saldo apresentado como um passivo no balanço patrimonial, incluindo: a listagem correta dos passivos contingentes reais; todas essas dívidas são certificadas pela entidade; garantir a sua correta divulgação nas notas explicativas; avaliação e aplicação uniforme dos passivos, de acordo com os princípios contábeis. Deve garantir que todos os passivos sejam registrados, ou seja, não há obrigações não registradas. O programa permite que os auditores adotem uma abordagem sistemática para verificar os dados, o que pode revelar a existência de itens potencialmente não registrados. Na medida do possível, deve ser aplicada no último dia da pesquisa de campo para cobrir o valor máximo do período subsequente e corresponder à data da submissão. Os auditores devem estar cientes de outros sinais de passivos não registrados. Ao verificar as evidências do aumento na propriedade registrada, ele precisa garantir que todos os itens de responsabilidade relacionados tenham sido registrados corretamente. Determine se os itens do passivo são exibidos corretamente nas demonstrações financeiras. Dois aspectos muito importantes na apresentação de passivos nas demonstrações financeiras são a classificação correta e a divulgação adequada. O primeiro requisito divide as contas em categorias regulares e não recorrentes. Nessas categorias, pode haver critérios de classificação com base na data de vencimento, na subordinação ou em qualquer outro critério. As parcelas de curto prazo, das contas a pagar de longo prazo, devem normalmente ser calculadas como passivo circulante. Assim, as principais contas a examinar são: empréstimos e financiamentos, fornecedores, debêntures, obrigações tributárias, salários e encargos sociais, contas, encargos a pagar e provisões. 2.2.3 Contas do Patrimônio Líquido A auditoria da conta do patrimônio líquido inclui o auditor verificando as transações que ocorreram durante a auditoria e observando se a empresa e os regulamentos estatutários são cumpridos. Entre as empresas listadas, essa é uma das auditorias mais importantes, porque envolve muitos aspectos de grande valor para os investidores, como a distribuição de dividendos (CREPALDI; CREPALDI, 2019). Os aspectos mais importantes nesse campo são o cumprimento de leis e procedimentos estatutários, como determinar se o direito de emitir ações ou capital social foi devidamente autorizado e emitido, bem como determinar todas as regras estipuladas nos estatutos, cumprir obrigações sociais e legais, garantir a organização e atualização dos livros da empresa, atas das assembleias gerais e da comissão executiva e/ou do conselho de administração, determinando se o patrimônio líquido foi adequadamente contabilizado e classificado nas demonstrações financeiras, conforme descrevem Crepaldi e Crepaldi (2019). Com o advento da Lei nº 10.303/2001 (principalmente a Lei nº 11.638/2007), a prática de sociedades anônimas foi eliminada, ou seja, as contas que costumam ser chamadas de "lucros acumulados" por muitos anos foram usadas pelas empresas com o objetivo de reter lucros. Quando a Lei nº 10.303 inseriu o parágrafo 6, do Artigo 202, da Lei das Sociedades por Ações (LSA), foi determinado que "lucros não realizados", de acordo com parâmetros legais, deveriam ser distribuídos como dividendos. A Lei nº 11.638 fez outras alterações a respeito desse assunto, alterando o Artigo 178 da LSA, que exclui a referência a "lucros acumulados" do patrimônio líquido, causando, assim, uma meta de lucro para empresas públicas de responsabilidade limitada e até grandes empresas, também, de responsabilidade limitada. De acordo com a lei, elas devem adotar os regulamentos da LSA sobre contabilidade e preparação de demonstrações financeiras. O Decreto nº 10.303 concede dois talentos importantes: primeiro, incluído no Artigo 202, parágrafo 2, da LSA, sendo que esse decreto permite que as empresas decidam sobre distribuições de dividendos "menos que obrigatórias" e, até mesmo, distribuições de dividendos sobre "todo o lucro líquido", mas a premissa é que "nenhum acionista não tem objeções na assembleia”. E a segunda, contida no parágrafo seguinte do mesmo Artigo, prevê a não obrigatoriedade da distribuição do dividendo obrigatório no exercício social em que os órgãos da administração informarem à assembleia geral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira da companhia. Portanto, tudo issomostra que embora seja inegável que a partir da promulgação das Leis nº 10.303 e 11.638, não será mais possível distribuir legalmente os resultados do ano, em um determinado período, após o final do ano fiscal, para contas de lucros acumulados, em que essa conta deve ser zerada, o fato é que a empresa ainda pode usar várias ferramentas para evitar a distribuição de todos os resultados do ano. 2.3 Auditoria das Contas de Resultado Os resultados econômicos dessa entidade são refletidos na demonstração do resultado e são críticos para a administração, os acionistas, os bancos, os fornecedores, os funcionários, os investidores e os potenciais fornecedores, bem como o próprio governo. O objetivo da auditoria, na conta de resultados, é analisar o ciclo operacional da entidade e os seus resultados econômicos. O auditor deve ter em mente que, para a existência de documentos justificativos relacionados à transação, é viável a verificação simples dos procedimentos de trabalho. Na perspectiva de sua principal atividade (ou seja, obtenção de lucros), a precisão dos princípios contábeis utilizados em seu registro não significa necessariamente que a entidade opere da maneira mais recomendável. Para Gramling et al. (2012), na maioria das auditorias, as contas de receita e contas a receber relacionadas devem ser consideradas de alto risco, pois são extremamente propensas a erros. O auditor precisa entender o relacionamento entre as contas e a melhor maneira de resolver a auditoria abrangente da conta e os controles relacionados. As contas de receita (vendas à vista) e de despesas afetam diretamente as contas de caixa e equivalentes à caixa (caixa e banco). Portanto, são mais suscetíveis a fraudes. No entanto, não se limitando a essa área, a inspeção será limitada. Também se aplica a depreciação e amortização, devedores duvidosos ou reservas para despesas financeiras vencidas e não pagas. Portanto, todas as contas que interferem nos resultados do exercício são incluídas no exame. Agora, o problema é que a reflexão acerca dos resultados da implementação será inevitavelmente afetada pela composição desses regulamentos. O processo de receita pode variar para um cliente e cada cliente pode ter vários processos de receita. No entanto, aspectos comuns do ciclo de receita podem ser usados para estabelecer procedimentos de auditoria para os processos de receita da maioria das organizações. Para tanto, Gramling et al. (2012, p. 377) exemplificam esta situação da seguinte forma: Uma transação de venda de uma camisa em uma loja de departamentos difere da venda de livros pela internet. A venda pela internet e a realizada na loja, provavelmente, exigem pagamento à vista ou por cartão de crédito. A venda de equipamento de construção muito provavelmente envolve uma conta a receber, ou talvez seja obtido um empréstimo com outra parte. Algumas transações de venda envolvem arranjos contratuais de longa duração que determinam quando e como a receita será́ contabilizada. Algumas organizações geram documentação detalhada de vendas; outras mantém um histórico de auditoria somente em formato computadorizado. Os objetivos dos controles são semelhantes entre processos de receita e clientes diferentes, mas os controles específicos e os modos pelos quais eles são implantados tendem a variar. Assim, na auditoria da demonstração do resultado, o objetivo é determinar se todas as receitas, os custos e as despesas atribuídos ao período foram devidamente certificados e contabilizados, e se toda a receita atribuível ao período ou anos futuros foi entregue adequadamente. Isso para determinar se as receitas, os custos e as despesas são contabilizados de acordo com os princípios contábeis e se as divulgações apropriadas estão listadas na descrição. O principal objetivo das auditorias nessas contas é encontrar evidências ou descobrir fraude, desvio, evasão, apropriação indébita ou outros tipos de crimes cometidos por administradores ou gerentes nos ativos da empresa intencionalmente ou devido a erros de controle. O relatório do auditor sobre os resultados dessas inspeções é de extrema importância para a administração da empresa auditada, pois pode ter um impacto positivo ou negativo nos métodos de gestão e administrativos e nos funcionários. A auditoria da demonstração do resultado deve permitir que o auditor tire as seguintes conclusões: receita, despesa e custos estão relacionados às atividades da empresa e são suportados por documentos qualificados e se as operações foram devidamente autorizadas e adequadamente contabilizadas, de acordo com os princípios contábeis. Ao realizar transações com partes relacionadas, deve-se verificar se as opiniões aplicáveis foram acompanhadas de notas explicativas, se as normas regulatórias aplicadas uniformemente no ano anterior estão corretamente classificadas nas demonstrações financeiras e divulgadas, de acordo com os princípios e normas contábeis da CVM, e não são apropriadamente alocadas às demonstrações contábeis. Os projetos que se beneficiarem nesse período ou no próximo ano devem ser adiados adequadamente e deve-se determinar se os custos e despesas compensam corretamente os recebíveis. O controle de despesas é quase inteiramente baseado no princípio da separação de tarefas. Todos os documentos devem ser rigorosamente verificados por um caixa independente e cancelados no momento do pagamento, o que só pode ser feito sob a autorização do titular responsável. O controle não deve se limitar ao departamento puramente físico da inspeção de despesas. O saldo deve ser analisado e comparado com anos anteriores ou previsões de orçamento. Todas as deformações devem ser verificadas e explicadas corretamente. 2.4 Relatórios de Auditoria O relatório de auditoria independente é o resumo de um trabalho prestado à empresa auditada, mas também aos investidores e, até mesmo, à sociedade. Portanto, o entendimento da estrutura dessa peça é de fundamental importância para todos aqueles que estão inseridos no meio empresarial. Já para você, auditor, esse conhecimento é de fundamental importância para o exercício da profissão. Relatório de auditoria é a fase final do processo de auditoria e consiste em uma narração ou descrição escrita, ordenada e minuciosa dos fatos que foram constatados, com base em evidências concretas, durante o transcurso dos exames de auditoria. Representa a fase mais significativa do trabalho e se constitui no seu produto. O relatório é o meio técnico pelo qual o auditor comunica ou apresenta resultados do trabalho, comentários, opiniões, conclusões, opiniões, sugestões e medidas necessárias que a administração deve adotar. O relatório consiste numa narração ou descrição escrita, ordenada e minuciosa dos fatos que foram constatados e constitui o produto final da auditoria. O novo relatório de auditoria independente foi reformulado, no Brasil, em 2016, segundo o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), devido à insatisfação dos usuários das informações contábeis ao modelo anteriormente adotado. A falta de atualização das mudanças internacionais tornou o parecer do auditor obsoleto, ocasionando insegurança dos usuários ao posicionamento do auditor. As Normas de Auditoria que tratam desse assunto são: NBC TA 700, que trata da formação da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis; NBC TA 701, que relata a comunicação dos principais assuntos de auditoria no relatório do auditor independente; NBC TA 705, que trata das modificações na opinião do auditor independente; e NBC TA 706, que orienta sobre os parágrafos de ênfase e de outros assuntos no relatório do auditor independente. De acordo Attie (2018, p. 51) “o auditor precisa, neste momento, avaliar a suficiência dos elementos comprobatórios obtidos; deve considerar, portanto, a origem, a forma e o grau de credibilidade dos referidoselementos”. No desenvolvimento do relatório, deve-se conter basicamente os seguintes parágrafos: relacionados à opinião do auditor; a base para sua opinião; os principais assuntos de auditoria (NBC TA 701); as outras informações que acompanham as demonstrações contábeis e o relatório do auditor (NBC TA 720); as responsabilidades da administração e da governança pelas demonstrações contábeis; e as responsabilidades do auditor pela auditoria das demonstrações contábeis. Além disso, vale ressaltar que existem tipos distintos de relatórios, a partir de sua segurança e de seus atendimentos às normas geralmente aceitas para elaboração das demonstrações contábeis. Dessa forma, os tipos de relatórios são: a) Relatório sem ressalva; b) Relatório com ressalva; c) Relatório com opinião adversa; d) Relatório com abstenção de opinião; e e) Relatório com parágrafo de ênfase. Segundo Perez Júnior (2018), o relatório sem ressalvas é um parecer limpo que, após aplicar todos os procedimentos cabíveis ao auditor e não forem encontrados acontecimentos que possam influenciar na opinião emitida, torna-se um relatório sem modificação. Nessa perspectiva, compreende-se que existam três tipos de opiniões modificadas que são: “opinião com ressalva”, “opinião adversa” e “abstenção de opinião”. A decisão sobre qual tipo de opinião modificada é apropriada depende, principalmente, da natureza do assunto que deu origem à modificação, ou seja, se as demonstrações contábeis apresentam distorção relevante ou, no caso de impossibilidade de se obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, podem apresentar distorção relevante; e do julgamento do auditor sobre a disseminação de forma generalizada dos efeitos ou possíveis efeitos do assunto nas demonstrações contábeis (ARRUDA; ARAUJO, 2017). Após a obtenção de evidência de auditoria apropriada e suficiente, o auditor independente conclui que as distorções, isoladamente ou em conjunto, estão relacionadas, mas não generalizadas nas demonstrações financeiras e devem expressar opiniões com ressalvas. Todavia, existe evidência de auditoria suficiente para apoiar o seu ponto de vista, mas ele concluiu que os possíveis efeitos de distorções não detectadas (se houver), nas demonstrações contábeis, podem ser relevantes, mas não generalizados. Após obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, o auditor conclui que quando distorções individuais ou combinadas estão relacionadas às demonstrações contábeis e são generalizadas, o auditor deve emitir "opiniões adversas", como propõe a NBC TA 705. Quando os auditores não puderem obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para apoiar as suas opiniões, devem abster-se de expressar opiniões e concluir que os possíveis efeitos (se houver) de distorções não detectadas, nas demonstrações financeiras, podem ser relevantes e generalizados, conforme a NBC TA 705. Se o auditor acreditar que é necessário chamar a atenção do usuário para os assuntos levantados ou divulgados nas demonstrações contábeis e considerar a sua importância, já que o entendimento dos usuários das demonstrações contábeis é essencial, assim, ele deve incluir um parágrafo de ênfase no relatório. A premissa é que, de acordo com os regulamentos da NBC TA 705, o assunto não exige que o auditor modifique a opinião e o assunto não foi determinado como o principal assunto de auditoria a ser comunicado no relatório do auditor. De acordo com Dantas, Barreto e Carvalho (2017), a auditoria torna-se um instrumento fundamental para o andamento dos mercados de capitais. O auditor independente assume a responsabilidade de revisar as demonstrações financeiras da entidade, devendo avaliar e opinar se tais demonstrações permanecem livres de erros relevantes. Os autores ainda inteiram que esse processo aumenta o grau de credibilidade da empresa, pois gera um alicerce confiável na divulgação das informações utilizadas pelos usuários externos das demonstrações contábeis. A emissão do relatório adequado do auditor torna-se bastante significativo diante dos vários escândalos de corrupção, fraudes e desvios de informações no mercado financeiro. Considerado um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil, em 2014, a Operação Lava Jato deflagrou um esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina a terceiro, o que sucedeu várias denúncias feitas em diferentes áreas da empresa. O marco significativo para tal processo foi devido à recusa da empresa responsável pela auditoria a assinar as demonstrações contábeis daquele ano e de anos anteriores, ocasionado, assim, grande impacto na publicação das demonstrações contábeis (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2018). 3. PERÍCIA CONTÁBIL O conhecimento profissional é composto por diferentes espécies, que podem ser identificadas de acordo com o ambiente e as características. Existem quatro tipos de conhecimento profissional: perícia judicial, perícia semijudicial, perícia extrajudicial e perícia em arbitragem (LOPES SÁ, 2000). A perícia judicial é realizada dentro dos procedimentos processuais do poder judicial quando o tribunal solicita o tratamento do assunto e o objetivo é fornecer aos juízes questões técnicas ou científicas que estão fora de sua jurisdição. A experiência semijudicial é implementada no ambiente nacional, mas fora do judiciário. É semelhante à perícia judicial. O conhecimento profissional extrajudicial refere-se ao conhecimento profissional que as partes executam voluntariamente fora do âmbito judicial. Especialização em arbitragem é um tipo especial de especialização implementado em um tribunal arbitral. As partes na disputa determinam as regras a serem aplicadas. Esse tipo de conhecimento é inconsistente aos modelos anteriores, porque parte dele serve como uma característica do comportamento judicial e extrajudicial (SOUZA, 2004). 3.1 Perfil Profissional do Perito O Perito Contábil, segundo Souza (2004), é um promotor ativo do conhecimento profissional, responsável por moldar os resultados da investigação e verificação da verdade e incorporá-los ao documento final da perícia, que constituirá a própria prova e um importante meio de solução de problemas. Logo, percebe-se, as responsabilidades que o profissional de perícia tem diante de si. Dessa forma, faz-se, então, necessário fazer algumas considerações sobre o perfil exigível desse profissional. Então, do perito é exigido profundos conhecimentos técnico-científicos para o exercício de sua função. Isso se comprova no Código de Processo Civil (CPC, Artigo 145), que assim dispõe: “Artigo 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito”. O CPC, em seu Artigo 421, determina que os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo VI, seção VII, desse Código. Assim, os peritos deverão comprovar a sua especialidade na matéria sobre a qual deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. Vale ressaltar ainda que, nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. O seu trabalho é cuidadosamente projetado e revisado com base em dados e o seu compromisso com a verdade, a moralidade e a moralidade é a base dessa função, porque a competência moral é a base para estabelecer a ética profissional e os padrões éticos dos contadores. A competência ética do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) baseia-se nas atitudes e princípios pessoais dos profissionais. Dentro dessa perspectiva, o perito contábil pode atuar como: perito judicial, que é nomeado pelo Juiz e assistente técnico, que é contratado pelas partes. No escopo da perícia judicial, essa é a área de ação com maior demanda por especialistas em Perícia Contábil noBrasil. Nessa área, os juízes nomeiam especialistas em contabilidade para preparar relatórios contábeis e as partes envolvidas contratam os seus especialistas assistentes para preparar os seus relatórios. Em caso de desacordo parcial ou total com o relatório elaborado pelo especialista, há as respectivas opiniões técnicas. No entanto, a experiência extrajudicial é praticada fora do sistema judicial e quaisquer assistentes técnicos são fornecidos sem acordo entre as partes relevantes e recomendam a aceitação dos resultados apresentados por especialistas em contabilidade (MARTINS, 2018). Na esfera privada, ele é sempre empregado por todas as partes. De qualquer forma, ele é o agente responsável pelas atividades dos especialistas, as quais serão incorporadas no documentário e terão um alto grau de rigor científico, sendo uma prova necessária da solução do problema. O trabalho do perito é, portanto, elaborar essa peça fundamental, denominada de laudo ou parecer, dependendo da sua esfera de atuação (judicial ou não), com todos os meios permitidos para o exercício de sua função. Para um melhor desempenho do perito contábil diante do processo da perícia, para que os objetivos de seu trabalho sejam plenamente alcançados, é necessário que esse profissional seja orientado, no exercício de sua função, pelas Normas Contábeis aplicáveis à Perícia. A legislação profissional visa padronizar as técnicas a serem utilizadas no trabalho especializado e no desempenho do profissional especialista, a fim de padronizar os atos procedimentais, seja no âmbito judicial ou extrajudicial (SOUZA, 2004). Para isso, Souza (2004) subdivide o trabalho da perícia contábil em fases, tais como: planejamento, execução, procedimentos (exame, vistoria, diligências etc.) e elaboração do laudo ou parecer. Já na perspectiva de Zanna (2017), a perícia contábil não é, em si, uma profissão. É, por sua vez, uma especialização da profissão contábil em que um contador está envolvendo. Assim, os tribunais precisam contar com especialistas em assuntos contábeis, econômicos, financeiros, tributários, trabalhistas, previdenciários e de gestão de negócios e seus relacionamentos com parceiros, o Estado e outros relacionados às atividades econômicas e comerciais, o que significa que os contadores atendem especificamente a essas exigências. Do mesmo modo, Fonseca et al. (2000, p. 37-38), defendem que: A Perícia Contábil é uma área de especialização da Contabilidade que vem despontando como amplo e promissor campo de atuação do Contador.” ... É um importante ramo da Contabilidade, e, para sua realização, faz-se necessário profissional especializado, que esclarece questão sobre o patrimônio das pessoas físicas e jurídicas. Em 27 de março de 2020, foram alteradas as Normas Brasileiras de Contabilidade NBC TP 01 (Perícia Contábil) e NBC PP 01 (Perito Contábil), cujas últimas alterações foram realizadas em 27 de fevereiro de 2015. A nova redação dada a essas normas simplificou e alterou algumas definições, assim como acrescentou outras abordagens importantes para o entendimento da profissão e das técnicas de perícia. Os campos de atuação do Perito Contador, foram descritas por Zanna (2017) como: Perito oficial: nesse campo, o perito exerce sua especialidade no âmbito do serviço público e atua como funcionário do Estado. Normalmente, esse profissional pertence aos quadros da polícia técnico-científica; Perito judicial: nesse caso, o perito irá atender às nomeações realizadas pelos juízes e árbitros, que necessitam de uma prova contábil. Assim, exercerá a profissão contábil na condição de profissional autônomo; Perito extrajudicial: para o campo de atuação extrajudicial, o perito terá de atender à indicação de quaisquer pessoas físicas que necessitem de uma prova contábil independente, para esclarecer dúvidas suscitadas por algum tipo de suspeita sobre a economia da empresa da qual é sócio. Dessa forma, será aplicada na apuração de haveres em casos de inventário por falecimento do detentor de patrimônio vultoso e diversificado; Perito assistente: deve comparecer às partes que solicitam os seus serviços e acompanhar o trabalho de especialistas judiciais ou extrajudiciais para, finalmente, apresentar pareceres técnicos que possam ter convergência, desacordo parcial ou desacordo completo com os relatórios fornecidos por especialistas judiciais ou extrajudiciais; Consultor dos advogados: dá-se quando o perito contador está pronto para se preparar a "inicial" da ação. O "documento inicial" é uma ação tomada por alguém (autor) contra outra pessoa (réu) no tribunal. Nesse caso, o advogado contratará um contador especializado para preparar opiniões técnicas sobre questões econômicas, financeiras e comerciais, com antecedência, e submetê-las à sentença; Ainda, pode-se acrescentar como campo de atuação, a de professor da disciplina Perícia Contábil junto às faculdades de Ciências Contábeis e como professor em cursos de pós-graduação que tenham em sua grade curricular temas relacionados à perícia contábil. Pode-se observar que a especialidade da perícia contábil possui uma ampla gama de campos profissionais, exigindo conhecimentos técnicos em contabilidade, tributação, finanças, economia, regulamentos trabalhistas aplicáveis à solução de julgamentos, gestão de negócios, matemática e direito processual. Também é recomendável que se entenda o conhecimento do ramo jurídico que gera o trabalho de um especialista em contabilidade, especialmente, a lei de recuperação judicial de empresas e falências, lei geral das empresas, direito civil, direito tributário, legislação trabalhista e previdenciária, incluindo direitos e legislação relacionada aos direitos, certificação de obrigações e testamentos familiares (ZANNA, 2017). Assim, Zanna (2017) defende que a complexidade das relações comerciais produziu direitos e obrigações cada vez mais complexos, além de exigir que os peritos contábeis façam atualizações técnicas e profissionais permanentes, compreendam totalmente a linguagem contábil e jurídica, porque o relatório contábil deve estar vazando. Embora sejam técnicos, são termos claros para o magistrado e as partes. Portanto, o conteúdo do laudo pericial deve permitir que os juízes e as partes relevantes entendam de maneira completa, abrangente, clara e simples e, simplesmente, os fatos que são objetos de discussão. Além da discussão, é claro que, além da competência profissional técnica e das qualificações legais, os especialistas também devem ter as qualidades necessárias para garantir um trabalho digno, considerando o importante papel na busca por direitos e justiça abrangentes. O "Código de Processo Civil", o "Código de Ética Contábil" e "NBC PP 01 - Perito Contábil" listam algumas das qualidades e características essenciais para o exercício de conhecimentos contábeis, por exemplo: Imparcialidade e honestidade: somente o trabalho realizado com a verdade pode tirar conclusões justas. O comportamento justo e honesto dos especialistas executará justiça e verdade. Assim, o profissional perito contador deverá ser imparcial e honesto na execução de suas atividades; Independência: o perito contador deve manter total independência das partes para não se restringir, comprometendo, assim, o desempenho da perícia, restringindo- se apenas ao trabalho atribuído a ele. Esse atributo está descrito no Código de Processo Civil, em seu Artigo 423 e na NBC PP 01. Observador e Crítico: ao procurar evidências e provas suficientes para suas conclusões, os peritos contábeis devem ser críticos e perspicazes ao observarem cuidadosamente todos os fatos e dados ao seu alcance; Zelo: é de responsabilidade do perito contador ser cauteloso, dedicado e entusiasmado no desempenho das tarefas confiadas a ele, desde o cumprimento de todos os prazos até o desempenho de todos os seus privilégios profissionais; Sigilo: os peritos não podem divulgar
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