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Fundamentos da Psicologia da Saúde - Aulas EAD

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FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA DA SAÚDE
Apresentação da Disciplina
· A Psicologia da Saúde é uma área que se consolidou recentemente, porém é uma das que mais absorvem profissionais de Psicologia no Brasil. Fenômenos sociais, como a reforma psiquiátrica e a criação do SUS, abriram um vasto campo para a pesquisa e a atuação do psicólogo.
· Trata-se de um campo interligado a outras áreas da Psicologia, tais como: Psicologia Comunitária, Psicologia Clínica e Psicologia Hospitalar. Mas, ao mesmo tempo em que ressaltamos esta interseção, afirmamos a necessidade de diferenciar a Psicologia da Saúde e a abrangência de sua proposta, que engloba toda a reflexão e atuação nos diversos setores da saúde.
· Neste sentido, o psicólogo que atua no hospital psiquiátrico, por exemplo, está atuando na área da saúde. Mas a Psicologia da Saúde não se restringe àquela aplicada no contexto psiquiátrico. A Psicologia Preventiva comunitária, o atendimento a doentes terminais, o acompanhamento de pacientes com transtornos alimentares, por exemplo, são exercícios diferentes que estão inseridos nesta área da Psicologia.
· Esta disciplina tem como objetivo refletir sobre os principais conceitos associados à inserção do psicólogo na área da saúde. Abordaremos as principais características do Sistema Único de Saúde (SUS) e suas repercussões no campo da Psicologia. Também destacaremos as principais áreas de atuação que fazem parte da Psicologia da Saúde, assim como a importância da interdisciplinaridade para o cuidado com a saúde.
· Ao final desta disciplina o aluno será capaz de:
· Entender os fundamentos da Psicologia da Saúde;
· Conhecer a regulamentação e funcionamento da política pública de saúde;
· Identificar as principais áreas de atuação do psicólogo da saúde no Brasil.
Aula 1 – Psicologia da Saúde 
· O estudo da Psicologia é dividido em várias áreas, cada uma indicando um campo conceitual e uma área de aplicação específica. Psicólogos especializam-se, de acordo com o objeto de estudo, e atuam na saúde, na pesquisa social, no contexto hospitalar, na área jurídica, na clínica, entre outras.
· Antes de estudarmos os diversos desdobramentos de um dos campos da Psicologia, é fundamental compreender seus fundamentos. Nesse sentido, começamos a abordagem da Psicologia da Saúde explicando o significado deste termo, abordando seu desenvolvimento histórico e demarcando esta área de atuação em relação a outras que são relacionadas a ela.
O que é Psicologia da Saúde?
· A Psicologia da Saúde tem por objetivo a promoção e manutenção da saúde e a prevenção da doença. Trata-se de um campo multidisciplinar interligado a outras áreas da Psicologia, tais como: Psicologia Comunitária, Clínica e Hospitalar.
· Ao mesmo tempo em que ressaltamos esta interseção, afirmamos a necessidade de diferenciar a Psicologia da Saúde e caracterizar seu campo de atuação, que abrange toda a reflexão e atuação nos diversos setores da saúde.
· Nesse sentido, o psicólogo que atua no contexto hospitalar, por exemplo, está atuando na área da saúde. Mas a Psicologia da Saúde não se restringe à Psicologia aplicada a este contexto. A Psicologia Preventiva Comunitária, o atendimento a doentes terminais, o acompanhamento de pacientes com distúrbios alimentares são exercícios diferentes que também estão inseridos no objeto do nosso estudo.
Atuação do Psicólogo
· Conheça agora como que alguns teóricos abordam a atuação do psicólogo na psicologia da saúde.
· Para Matarazzo, a Psicologia da Saúde agrega conhecimentos que permitem ao psicólogo atuar: “Na promoção e na manutenção da saúde, na prevenção e no tratamento da doença, na identificação da etiologia e no diagnóstico relacionados à saúde, à doença e às disfunções, bem como no aperfeiçoamento do sistema de política da saúde” (MATARAZZO apud ANGERAMI, 2002, p.13).
· Angerami ressalta que as noções de saúde e doença englobam uma complexa interação entre aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais. É fundamental que as diversas abordagens dentro do campo da saúde possam se harmonizar “no sentido de promoverem uma compreensão que não deixe de fora nenhum dos aspectos desse processo” (ANGERAMI, 2002, p.12).
· A atuação do psicólogo no campo da saúde é, desta forma, orientada para uma prática multidisciplinar. Para isso, é importante assinalar que a formação do psicólogo deve contemplar conhecimentos que englobem as bases biológicas, sociais e psicológicas da saúde e da doença.
Breve Histórico da Psicologia da Saúde 
· A Associação Brasileira de Psicologia da Saúde (ABPSA) foi fundada em 2006. É uma associação com propósitos científicos e educacionais, que, além de incentivar a pesquisa, visa “facilitar a troca de informação, conhecimento e experiência entre seus membros, estimulando iniciativas que viabilizem redes de apoio mútuo” (ABPSA, 2012).
· Percebemos que é recente a preocupação em formalizar, dentro da Psicologia, um campo específico para estudos e intervenção no setor da saúde. Talvez por isso ainda haja certa dificuldade de definir estritamente o campo da Psicologia da Saúde, sem confundi-lo com outros afins.
· Apesar de recente do ponto de vista formal, o crescimento dessa área, no Brasil, é expressivo. Nos últimos vinte anos, aproximadamente, o setor de saúde pública foi o que mais absorveu psicólogos. Entretanto, a produção científica ainda é insuficiente, o que torna ainda mais instigante a pesquisa, ressaltando a importância de investigar e definir cuidadosamente os conceitos e práticas relativos à Psicologia da Saúde.
Psicologia da Saúde e sua relação com a Psicologia Hospitalar e a Psicologia Comunitária
· Vimos até aqui que atuar no campo da Psicologia da Saúde demanda uma visão multidisciplinar, que implica a intersessão entre diferentes abordagens sobre os fenômenos da saúde. Mas, além de estar preparado para atuar em uma equipe interdisciplinar, é importante que o psicólogo conheça outros campos da Psicologia que fazem interface com a Psicologia da Saúde. Nesse sentido, a seguir, faremos uma breve apresentação de duas que balizam a Psicologia da Saúde: a Psicologia Hospitalar e a Psicologia Comunitária. Essas duas áreas cresceram muito nos últimos anos, recebendo destaque na pesquisa teórica e social (de levantamento).
· É necessário conhecer suas especificidades para compreender as diferenças entre cada uma dessas propostas de atuação, assim como a relação delas entre si.
· Os desdobramentos conceituais, que envolvem a prática, merecem um estudo à parte, o que contemplaremos em aulas futuras. Mas, dentro dos objetivos desta primeira aula, faremos uma apresentação simplificada, com o intuito de demarcar a diferença entre as três áreas – Psicologia da Saúde, Psicologia Hospitalar e Psicologia Comunitária – bem como de indicar a relação entre elas no campo da saúde.
· Psicologia Hospitalar
· De acordo com Chiattone (2002), a Psicologia Hospitalar reúne estudos de cunho científico e educativo que se atualizam no trabalho do profissional de Psicologia, a partir dos mais variados enfoques. Trata-se de um esforço teórico e prático voltado para a inserção do psicólogo no hospital. Dentre as contribuições do psicólogo nesse âmbito, destaca-se a assistência de maior qualidade aos pacientes de qualquer faixa etária. A Psicologia Hospitalar visa, principalmente, trabalhar o sofrimento psíquico decorrente da doença e da internação, não só com o próprio paciente, mas também com seus familiares.
· No contexto hospitalar, o psicólogo deve atuar em conjunto com profissionais de outras áreas, tendo em vista que a saúde deve ser abordada a partir de uma prática interdisciplinar. Dependendo do caso, o psicólogo deve estabelecer contato não só com o médico, mas com o nutricionista ou o fisioterapeuta.
· A troca de saberes e experiências é que vai proporcionar ao paciente um atendimento de qualidade, abarcando os aspectos somatopsicossociais da doença (CHIATTONE, 2002). A prática integradora, nesse sentido, propicia o método adequado de intervenção em cada caso, tendo como enfoque a totalidadedos aspectos inter-relacionados à saúde e à doença.
· O objetivo, a prática e o trabalho interdisciplinar da Psicologia Hospitalar com profissionais das diversas áreas da saúde deixam clara a relação com a Psicologia da Saúde. No entanto, é importante distingui-las, ressaltando que a área da saúde é mais ampla do que a atuação no hospital, o que, em si, já é um campo fértil para pesquisas e reflexões que visem o aperfeiçoamento da prática do psicólogo.
· Psicologia Comunitária
· A Psicologia Comunitária é um viés da Psicologia que tem recebido grande atenção dentro da perspectiva contemporânea de buscar uma visão integrada do homem, da saúde e da doença. Trata-se de uma prática muito associada à Psiquiatria social e preventiva. O principal foco de interesse da Psicologia Comunitária, segundo Angerami (2002), é atuar junto a pessoas com algum tipo de capacidade reduzida, como as que viveram muito tempo em instituições. Nesse sentido, a Psicologia Comunitária no Brasil está associada à Psiquiatria social e preventiva, que se desenvolveu a partir da Reforma Psiquiátrica. A inclusão do doente mental na sociedade foi um ponto de partida para os estudos e prática no campo da Psicologia Comunitária.
· Como já foi identificado, o psicólogo hospitalar também é um profissional da área de saúde e atua no ambiente institucional. Trata-se, assim, de mais uma das áreas compreendidas no campo mais amplo dos cuidados desta área da Psicologia. Entretanto, para Ornelas (2008), esta área da Psicologia tem uma aplicação muito mais ampla. Seu objetivo é contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas distribuídas nos diversos grupos que compõem a grande cidade. Nesse sentido, as definições de Psicologia Comunitária, muitas vezes, confundem-na com a Psicologia da Saúde. Trata-se de uma abordagem que leva em conta os aspectos bio-psico-sociais, tem caráter preventivo, valoriza o trabalho em equipe interdisciplinar, intervém junto às famílias e visa à qualidade de vida de forma global. Todas essas características fazem parte dos objetivos da Psicologia da Saúde, mas esta não se resume à intervenção na comunidade.
A Formação do Psicólogo Para A Atuação Na Área da Saúde
· Para finalizar essa exposição introdutória sobre a Psicologia da Saúde, vamos ressaltar alguns aspectos importantes da formação do psicólogo para a atuação na área da saúde. Uma das preocupações do psicólogo da saúde é compreender como intervir levando em conta as demandas individuais, o sistema de saúde e os aspectos sociais.
· É comum o pensamento de que o psicólogo clínico, que pretende atender em consultório particular, não precisa compreender o funcionamento do sistema público de saúde no qual está inserida a sua prática. Entretanto, no contexto brasileiro contemporâneo, poucos são os psicólogos que trabalham apenas dentro dos consultórios. E, mesmo para os que têm apenas essa prática, é fundamental o conhecimento mais complô da carreira que escolheu.
· A formação do psicólogo, mais especificamente do psicólogo que pretende atuar na área da saúde, deve contemplar conhecimentos de bases biológicas, sociais e psicológicas da saúde (ARRUDE, 2003). Nesse sentido, é importante:
· 
· Estudo das bases orgânicas do comportamento;
· Ter uma boa noção de Psicologia Social e trabalho com grupos;
· Conhecimento da realidade brasileira;
· Entender sobre as políticas de saúde pública.
· 
· De fato, se a Psicologia da Saúde está inserida numa abordagem multidisciplinar da saúde e da doença, é fundamental que o psicólogo tenha conhecimentos básicos das áreas com as quais vai dialogar.
A Criação do SUS e A Atuação dos Psicólogos
· Quanto ao conhecimento do funcionamento e regulamentação da saúde pública, ressaltamos que a criação do Sistema Único de Saúde  (SUS) fez nascer um panorama diversificado para a atuação dos psicólogos, a partir da política dos níveis de atenção e da organização, acolhimento e classificação de risco. Para a inserção nesse contexto, que se afirma cada vez mais como mercado de trabalho para o psicólogo, é importante conhecer sua proposta, limites e facilidades proporcionados ao saber psicológico.
· As características de funcionamento do SUS, assim como a inserção da Psicologia nesse contexto, serão abordadas detalhadamente nas aulas 2 e 3. Assim, afirma-se a importância de uma formação que se desloca da ênfase na clínica tradicional e contempla a saúde em seus diversos aspectos: biológico, psicológico e social. O psicólogo está dentro de um campo maior do que os limites da Psicologia, mas deve atuar a partir de sua formação específica. Desta forma, não se trata de suprimir a formação clínica, mas de valorizar, na formação do psicólogo, a diversidade do conhecimento, preparando o profissional para o contexto multidisciplinar contemporâneo.
· 
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Aula 2 – A Saúde no Brasil 
A Saúde no Brasil até 1987
· Antes do Sistema Único de Saúde (SUS) ser criado no Brasil, em 1988, o cenário da saúde brasileira era o seguinte:
· Até 1987 apenas os trabalhadores com carteira assinada tinham acesso ao atendimento na rede pública de saúde, por serem segurados pela previdência privada.
· O setor público atuava beneficiando apenas uma camada da população: os trabalhadores que contribuíam com a Previdência Social e seus dependentes. Ou seja, a assistência à saúde não tinha caráter universal. Apenas os trabalhadores da economia formal podiam dispor do atendimento no setor público de saúde.
· A assistência médico-hospitalar era prestada pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), controlado pelo Ministério da Previdência e Assistência Social.
· As ações de promoção da saúde eram responsabilidade do Ministério da Saúde, que desenvolvia quase todas as campanhas que visavam à prevenção de doenças, como informação sobre o controle de endemias e vacinação.
A Reforma Sanitária Brasileira
· Para entender o que foi a Reforma Sanitária e sua repercussão no contexto atual da saúde pública, é importante compreendê-la como um movimento global, associado ao processo de consolidação da democracia no Brasil, iniciado na década de 1970. Trata-se de um movimento voltado para a ampliação dos direitos de cidadania à população, especialmente às camadas sociais marginalizadas. A limitação dos direitos civis, durante os anos de autoritarismo, agravou a desigualdade social com relação a direitos básicos, como o direito ao atendimento no setor de saúde pública. A proposta central da reforma sanitária brasileira era garantir o direito à saúde para todo cidadão, colocando em questão o dever do Estado nesse contexto.
· Podemos entender a Reforma Sanitária como um projeto dentro de uma trajetória maior – que englobou outros projetos econômico-sociais. Esse cenário de reivindicações contemplava a unificação do sistema de saúde através de uma nova política pública. Esse processo visava à universalização do atendimento e o acesso de toda a população, com extensão de cobertura de serviços.
· O movimento sanitarista brasileiro cresceu ao longo dos anos 1980 e ganhou representatividade através da participação de profissionais de saúde, políticos e lideranças populares. Com o objetivo de lutar pela reestruturação do sistema de saúde, este movimento teve como marco a 8ª Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em Brasília, em 1986.
· As discussões centralizadas nesta conferência, que contou com a participação de representantes da população, resultaram em propostas que foram contempladas no texto da Constituição Federal, promulgada em 1988. As ideias também se consolidaram nas leis orgânicas da saúde, garantindo a valorização de um conceito ampliado de saúde, que engloba a promoção, a proteção e a recuperação.
A Criação e Regulamentação do SUS
· Como resultante de um processo de mudanças sociais que englobou a saúde pública, o Sistema Único de Saúde é criado na Constituição Federal de 1988. 
· Mas, além da formalização garantidapela Constituição, outras leis são fundamentais para a compreensão da proposta de funcionamento do SUS. Vamos conhecê-las a seguir:
· A Lei 8.080/90 de 19.09.90
· O SUS é definido pelo artigo 198 da Constituição Federal Brasileira (1988) e regulamentado pela Lei 8080 promulgada em 19 de setembro de 1990. A lei estabelece a integração das ações e serviços de saúde, substituindo um sistema regionalizado e hierarquizado. A saúde é assegurada, na Constituição Brasileira, como um dever do Estado.
· Mas nesse contexto, o Estado não diz respeito apenas ao governo federal. O Poder Público, no que diz respeito à saúde, abrange a União, os Estados e os municípios. A implementação do SUS implica a integração das obrigações de todas as esferas do governo e a construção de políticas setoriais, adequadas às diferentes realidades regionais.
· A lei Orgânica da Saúde regulamenta as ações do SUS em todo o território nacional, estabelecendo diretrizes e detalhando as competências de cada esfera governamental. A lei:
· “Determina como competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade dos serviços. Trata da gestão financeira, define o Plano Municipal de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços nos atendimentos públicos” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
· Na lei 8.080/1990 estão formuladas a estrutura do SUS e as bases para 0 seu funcionamento. Faz parte da legislação que ampliou a definição de saúde, considerando-a também a partir de aspectos sociais, dentro da noção de qualidade de vida. Assim, são levados em conta diversos fatores determinantes, como: alimentação, moradia, saneamento básico, trabalho, educação, lazer e acesso a bens e serviços essenciais.
· A Lei 8.142/90 de 28.12/90
· A Lei 8.142/90 trata do papel e participação da comunidade na gestão do SUS e da transferência de recursos financeiros entre União, estados e municípios. Fica estabelecida a participação da comunidade, que deve ser concretizada através dos Conselhos de Saúde.
· O Conselho Nacional de Saúde (CNS) institui um espaço de participação social na administração do Sistema Público. O Conselho Nacional consolida o controle social por intermédio dos Conselhos Estaduais e Municipais.
· “O CNS é uma instância coletiva, com poder de decisão. Ligado ao Poder executivo, é composto por 50% de usuários, 25% de trabalhadores de saúde e 5% de prestadores de serviços. Representantes do governo, profissionais de saúde e usuários estão entre os participantes e o número de conselheiros varia entre 10 e 20 membros. O Presidente é eleito entre os membros e a representação depende da realidade existente em cada área, preservando-se o princípio da paridade em relação aos usuários” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
· Quanto ao funcionamento, as reuniões ordinárias do CNS ocorrem uma vez por mês, podendo haver reuniões extraordinárias por convocação do Presidente do Conselho ou por deliberação do plenário (fóruns deliberativos). Ente as atribuições dos Conselhos de Saúde, destacam-se:
· É de competência do Conselho Nacional de Saúde aprovar o orçamento da saúde, além de acompanhar a sua execução. O recebimento de recursos financeiros pelos municípios está condicionado à existência e funcionamento do Conselho Municipal de Saúde. Trata-se, assim, de garantir a participação efetiva da população nos planos de ação do governo com relação à elaboração e fiscalização das políticas de saúde.
· Propor a adoção de critérios que definam qualidade e melhor funcionamento do sistema de saúde;
· Fiscalizar a movimentação de recursos;
· Propor critérios para a execução financeira e orçamentária do Fundo de Saúde;
· Examinar propostas e denúncias;
· Estimular a participação social na administração do SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Novas Premissas
· As leis 8.080/90 e 8.142/90 preveem os princípios de funcionamento do SUS, baseados em premissas que modificam a concepção de saúde e, consequentemente, o modelo de assistência:
· O Sistema Único de Saúde é, por definição constitucional, um sistema público, nacional e de caráter universal, baseado na concepção de saúde como direito de cidadania e nas diretrizes organizativas de: descentralização, com comando único em cada esfera de governo; integralidade do atendimento; e participação da comunidade. A implantação do SUS não é facultativa e as respectivas responsabilidades de seus gestores – federal, estaduais e municipais – não podem ser delegadas. O SUS é uma obrigação legalmente estabelecida (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2012).
Política do SUS
· Dentro do programa de políticas públicas para a saúde, existem princípios (alguns já mencionados no tópico anterior) que são elementos fundadores da visão ampliada de saúde, associados às ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. São elementos doutrinários e de organização do SUS. Dentre eles, destacam-se:
· 
· Universalidade
· A saúde passa a ser vista como um direito de todos, como afirma a Constituição Federal de 1988. Promover e garantir a atenção à saúde para toda a população brasileira, sem distinção, torna-se obrigação do Estado. Esta foi a principal reivindicação do movimento sanitarista, que impulsionou a reformulação da política púbica no setor de saúde e a criação do SUS.
· Descentralização político-administrativa
· O processo de descentralização, como já foi visto, consiste na redistribuição do poder, estabelecendo uma nova relação entre os três níveis (esferas) do governo federal, estadual e municipal. Desta forma, cada uma das esferas tem atribuições próprias. Os municípios têm assumido papel cada vez mais importante no gerenciamento dos próprios recursos e demandas específicas da população.
· 
· Integralidade
· A partir da criação do SUS, a atenção à saúde inclui tanto o tratamento quanto a prevenção da doença, englobando os meios individuais e os coletivos. As necessidades de saúde das pessoas ou de grupos devem ser levadas em conta. Cabe ressaltar que, dentro da visão ampliada de saúde, a qualidade do serviço oferecido também é valorizada, e não apenas o número de atendimentos.
· Equidade
· O princípio da equidade refere-se à igualdade de oportunidades. Todos devem ter acesso ao sistema de saúde. Leva-se em conta a desigualdade de condições socioeconômicas que caracteriza o Brasil. A partir das disparidades regionais, que englobam fatores sociais e econômicos, as necessidades da população variam no que diz respeito à saúde. Porém, de acordo com a Lei Orgânica da Saúde, mesmo dentro da diversidade, é fundamental garantir a igualdade com relação ao acesso à saúde. Equidade, nesse contexto, é compreendida como sinônimo de igualdade, no sentido de "igualdade de condição" para o acesso à saúde.
· Participação da Comunidade
· Esse princípio também é chamado de controle social. É regulado pela lei n° 8.142, que garante o direito de participação dos usuários na gestão do SUS. Essa participação se dá através dos Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados organizados em todos os níveis (nacional, estadual e municipal) e também através das Conferências de Saúde, que acontecem a cada quatro anos. Trata-se de dispositivos que visam à democratização das decisões no campo da saúde, dando à população papel ativo na gestão e fiscalização da política pública da saúde. Esses princípios são elementos que fundamentam a proposta do SUS, de atenção à saúde de forma global da prevenção ao restabelecimento, promovendo a aproximação dos cidadãos às instâncias político-administrativas, com o objetivo de garantir a universalidade do acesso à saúde.
O SUS e A Cidadania
· O movimento que culminou na criação do SUS representa um avanço no que diz respeito à valorização da cidadania. Paim (2011) observa que, mesmo sendo visível a distância entre a formalização e a garantia concreta, a implementação do SUS representa um avanço e uma iniciativa que vai ao encontro do direito à cidadania. Segundo o autor, é um desafio manter uma gestão descentralizada num país com uma dimensão territorialdo Brasil.
· A gestão descentralizada é um tema que demanda reflexão constante por parte dos envolvidos no setor da saúde, assim como fiscalização e tomadas de decisão que avaliem a situação local e as especificidades de cada região. Ressaltamos, ao finalizar esta aula, a importância da difusão da informação, com o objetivo de promover para a população a consciência do direito à saúde.
· A educação em saúde é um tema fundamental, que pode ser compreendido como: "Processo que objetiva promover, junto à sociedade civil, a educação em saúde, baseada nos princípios da reflexão crítica e em metodologias dialógicas (ou seja, que tenham como base o diálogo). É instrumento para a formação de atores sociais que participem na formulação, implementação e controle social da política de saúde e na produção de conhecimentos sobre a gestão das políticas públicas de saúde, o direito à saúde, os princípios do SUS, a organização do sistema, a gestão estratégica e participativa e os deveres das três esferas de gestão do SUS" (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
· Dentro da concepção ampliada de saúde, a educação é contemplada como um dos fatores condicionantes. A educação em saúde, especificamente, faz parte da preocupação com a prevenção da saúde, seja levando informações sobre doenças e cuidados essenciais, seja propagando os direitos do cidadão assegurados pela política pública vigente. A conscientização é o primeiro passo para a participação efetiva dos usuários na gestão do SUS.
____________________________________________________________________________________________________________________
Aula 3 – Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)
Você Conhece a Política Nacional de Atenção Básica?
· A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) foi aprovada pela Portaria 648/GM, em 2006, pelo Ministério da Saúde. Ela direciona o olhar para a porta de entrada do SUS através da organização da atenção básica, ressaltando a importância do PSF – Programa de Saúde da Família – e do Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS).
Definição e Princípios da Atenção Básica
· O modelo de atenção básica utilizado no Brasil leva em consideração a regionalização, ou seja, cada município oferece serviços de atenção básica conforme as necessidades da sua população local. Os serviços da atenção básica são direcionados para crianças, adolescentes, mulheres, adultos, idosos e famílias. O objetivo é atender as prioridades que dizem respeito a cada público específico.
· O Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, por exemplo, pode oferecer serviços que vão desde a implantação de um Centro da Mulher com ações voltadas para exames até o planejamento familiar.
· O conjunto de ações - coletivas ou individuais - que engloba a prevenção de doenças, a promoção e a proteção da saúde denomina-se Atenção Básica. Suas características estendem-se também ao diagnóstico, tratamento, reabilitação, manutenção e tudo o que diz respeito à saúde que se relacione diretamente com os serviços oferecidos no que se denomina atenção primária.
· É relevante considerar que:
· Os princípios do SUS orientam suas bases de ações: universalidade, integralidade, equidade, participação social. O foco é o acesso a serviços de saúde que permitam o cuidado humanizado, a construção do vínculo e sua continuidade com o serviço de referência.
· As tecnologias básicas e os recursos humanos devem atender aos problemas de maior relevância na comunidade no qual o serviço está sendo oferecido.
· A Atenção Básica está voltada para a população territorializada, ou seja, que tem um território definido para seus programas e ações, o que se denomina população de referência e comunidade adscrita - aquela que está circunstanciada nas adjacências da comunidade onde está inserido um determinado programa ou serviço e que também recebe seus benefícios.
Fatores Sociais do Processo Saúde/Doença
· A principal estratégia da atenção básica é o Programa da Saúde da Família, que conta com uma equipe de profissionais que atuam em conjunto para avaliar as necessidades de saúde da comunidade em que a Unidade Básica de Saúde (UBS) que lhe dá suporte está inserida. Alguns pontos que o PSF utiliza como base de atuação são:
· 
· Redução de sofrimento e de danos;
· Prevenção de doenças e promoção de saúde;
· Qualidade de vida;
· Saúde mental.
· 
· Quando a atenção básica não tem serviços adequados para um determinado caso, este é encaminhado para a rede de saúde de nível de maior complexidade, como os hospitais gerais e especializados, por exemplo.
Diretrizes das Unidades Básicas de Saúde
· Há diretrizes preconizadas para as Unidades Básicas de Saúde no que diz respeito a:
· Equipe Profissional: Composta por médico, enfermeiro, cirurgião-dentista, auxiliar de consultório dentário ou técnico de higiene dental, auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde. Outros profissionais, como assistente social, psicólogo, fisioterapeuta, podem ser incluídos na equipe conforme a necessidade local.
· Espaço Adequado: Espaço para o atendimento à população pelos profissionais de saúde: consultórios específicos e apropriados para a prática profissional. A implantação de uma Unidade Básica de Saúde se dá conforme o número de habitantes, então, em grandes centros urbanos, é recomendado uma unidade de UBS sem o Programa de Saúde da Família para cada 30 mil habitantes. Já as Unidades Básicas de Saúde com o PSF devem ter como referência 12 mil habitantes cada.
· Organização do Espaço: Recepção, local para arquivos, sala para enfermagem, sala de vacinas, banheiros, equipamentos e materiais necessários à prática profissional de cada agente de saúde que atua no programa.
Diretrizes das Unidades Básicas de Saúde
· Conheça agora algumas características do trabalho das equipes de atenção básica:
· 
· Território de Atuação - O trabalho das equipes de atenção básica deve ter como referência seu território de atuação, ou seja, a população adscrita. Se uma unidade de saúde, que conta com os profissionais atuando no Programa de Saúde da Família, oferece serviços de saúde básicos, o esperado é que os problemas de saúde sejam atendidos com prioridade, conforme a demanda existente na comunidade.
· Grupos de Risco - As ações voltadas para os grupos de risco também são muito valorizadas, pois fatores comportamentais, alimentares, ambientais, hábitos de higiene, podem prevenir ou acelerar o aparecimento de doenças. Para tal, se faz necessário a utilização de parcerias com outras secretarias do Município que possam contribuir para uma educação sanitária, para a prática de exercícios físicos, para hábitos saudáveis que permitam uma saúde biopsicossocial.
· 
· Educadores - Os agentes de saúde são também educadores, pois todo o processo de promoção de saúde e prevenção de doenças passa pelo desenvolvimento de ações educativas que devem envolver a comunidade de forma participativa na construção da qualidade de vida.
· 
· Assistência Integral - É importante ressaltar que as ações do SUS, incluindo aqui a atenção básica, devem estar pautadas em uma assistência integral que garanta acesso aos outros níveis de atenção à saúde. O atendimento humanizado, preconizado pelo HumanizaSUS, deve ser uma referência para atuação dos gestores e agentes de saúde. É na Unidade Básica de Saúde que deve ser realizado o primeiro atendimento à urgência odontológica e médica e, dependendo da gravidade do caso, pode haver encaminhamentos diversos. Política Nacional de Humanização do SUS. Existe desde 2003 para efetivar os princípios do SUS no cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil  e incentivando trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários.
· Planejamento e Avaliação - As equipes devem participar do planejamento e avaliação das ações voltadas para as demandas existentes, ressaltando a promoção de saúde através de ações que envolvam diversos setores, integrando projetos que estejam diretamente relacionados com o desenvolvimento da saúde biopsicossocial.
Diretrizes dos Pactos· A saúde no Brasil depende de modelos de gestão que priorizem a qualidade do atendimento e a busca por resultados satisfatórios tanto para o usuário do sistema quanto para a própria unidade de saúde, a integração de diretrizes do SUS que preconizam um atendimento universal e igualitário. Conheça alguns desses modelos a seguir:
· O Pacto pela Vida reforça esses preceitos e ressalta a movimentação no sentido de uma gestão pública de referência em qualidade. A Portaria GM/MS n° 325, de fevereiro de 2008, valida o Pacto pela Vida. Conheça alguns objetivos e metas:
· 
· Atenção à saúde do idoso;
· Controle do câncer de colo de útero e de mama;
· Redução da mortalidade infantil e materna;
· 
· Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária, influenza, hepatite, AIDS;
· 
· Fortalecimento da atenção básica;
· Saúde mental;
· Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência;
· 
· O Pacto em Defesa do SUS tem como principais características: 
· 
· Valorizar compromissos entre gestores da saúde com a reforma sanitária;
· Articular ações que qualifiquem o SUS enquanto política pública.
· 
· O Pacto de Gestão do SUS define responsabilidades dos gestores e ressalta as relações solidárias entre aqueles que estão à frente da gestão de cada unidade de saúde. Segundo o Ministério da Saúde, são eixos estruturantes do Pacto de Gestão do SUS (disponível em Pacto de Gestão: garantindo saúde para todos http:/bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pacto_gestao.pdf): 
· 
· Regionalização solidária – cooperativa;
· Planejamento;
· Programação pactuada e integrada;
· Regulação, controle, auditoria e avaliação;
· Financiamento;
· Participação social e controle público.
Os Níveis de Atenção e O Papel do Psicólogo
· A saúde pública é dividida em três níveis de atenção à saúde:
· Primário - Incorpora pequena densidade de tecnologia, com perfil de morbidade relacionado às doenças mais corriqueiras, com capacitação profissional simples, isto é, formação médica básica. É considerada a porta de entrada do SUS. Neste nível estão as UBS, onde são realizadas as ações dos programas de saúde (postos de saúde, PSF, Programa de Prevenção e Controle de Hipertensão, Programa de Saúde da Mulher, Programa de Saúde do Idoso, Programa Atenção Integral à Criança e Adolescente etc.).
· Secundário - Incorpora média densidade de tecnologia, com perfil de morbidade relacionado às doenças com padrão mais complexo que do nível primário, com capacitação profissional intermediária, isto é, formação médica específica, pois abarca as especialidades básicas: clínica, pediatria, ginecologia-obstetrícia e cirurgia geral. Neste nível estão os hospitais gerais.
· Terciário - Incorpora alta densidade de tecnologia, com perfil de morbidade relacionado às doenças muito complexas, com alta capacitação profissional, isto é, formação em subespecialidade, como neurocirurgia, por exemplo. Neste nível estão os hospitais altamente especializados.
· E o papel do psicólogo nos níveis de atenção? - Para os psicólogos, pela sua relativa recente inserção no setor da saúde, há a necessidade de uma formação que valorize a atuação em unidades de saúde nos três níveis de atenção, com possibilidades de estágios que permitam a clarificação do seu papel em cada um desses níveis, o que resulta em possibilidades de atuação mais concretas. Essencialmente, a atuação na atenção básica se caracteriza pelo desenvolvimento de um trabalho da equipe de saúde na – e com a – comunidade, através do modelo da vigilância da saúde, focando, sobretudo, em ações de promoção à saúde e trabalhando também com prevenção e atenção curativa. A atuação da Psicologia nos níveis secundário e terciário vem crescendo muito com a prática da Psicologia Hospitalar, que permite ao psicólogo uma abrangência de serviços e ações nos mais diversos setores hospitalares, trabalho em equipe multidisciplinar ou interdisciplinar, através de práticas que envolvem a equipe de saúde, os pacientes e seus familiares.
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Aula 4 – O Psicólogo e O Atendimento a Pessoas com DST, HIV e AIDS
Dimensão Ético-política do Atendimento a Pessoas com DST, HIV e AIDS
· A AIDS surgiu, no Brasil, no início da década de 1980, no exato momento em que o país sofria transformações político-sociais importantes para o direcionamento das ações políticas no campo da saúde e, no caso em particular, da AIDS. Nesta ocasião, podemos ressaltar o surgimento de alguns marcos históricos na área de saúde do país: a reforma sanitária, a Conferência Nacional de Saúde, a criação do SUS e todas as conquistas do movimento de saúde na elaboração da Constituição Federal Brasileira, de forma a garantir que o direito dos cidadãos brasileiros à saúde fosse assegurado, como citado no Art. 196:
· A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).
Eixos da Política Nacional do programa brasileiro
· Com o intuito de dar respostas políticas ao momento de epidemia do HIV/AIDS, a Política Nacional do programa brasileiro compreende três eixos principais, para que venham a funcionar de forma integrada e com base nos princípios do SUS:
· Promoção à saúde, proteção dos direitos fundamentais das pessoas vivendo com HIV e AIDS e prevenção da transmissão das DST, do HIV/AIDS e do uso indevido de drogas.
· Esse componente articula suas diretrizes, estratégias e ações, tendo em vista a redução da incidência da infecção pelo HIV/AIDS e por outras DST (BRASIL, 1999, p.13).
· Diagnóstico e Assistência
· Visa garantir o acesso a procedimentos de diagnóstico e tratamento à população em geral e a pessoas vivendo com DST/HIV/AIDS. Lei Federal n” 9.313, de 13/11/1996, que dispõe sobre a obrigatoriedade do acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretrovirais pelo sistema público de saúde, que contribui significativamente para a maior sobrevida e qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS (BRASIL, 1999, p.46).
· Desenvolvimento Institucional e Gestão do Programa
· Esse terceiro componente tem relação, principalmente, com o princípio de descentralização do SUS no que se refere aos vários aspectos de gestão do programa nacional, da execução de políticas e do seguimento de diretrizes pelos programas estaduais e municipais.
A Psicologia e O Campo DST/AIDS
· O trabalho do psicólogo no campo das políticas públicas relativas às DST/AIDS respeita, praticamente, os mesmos compromissos sociais subjacentes às práticas profissionais que estabelecem os parâmetros a serem buscados nas ações desenvolvidas nesse campo.
· O psicólogo atuando no campo da AIDS deve:
· Ajudar - Ajudar no processo de ressignificação pessoal e coletiva das pessoas envolvidas no processo em especial na sua relação com o dia a dia.
· Atuar - Atuar de modo auxiliar na recuperação das pessoas fragilizadas pela doença, buscando sua recolocação no processo social e melhora na condição de vida.
· Observar - Observar o contexto histórico particular de cada indivíduo, para que este não seja descolado do seu ambiente natural e zona de conforto neste processo de recuperação. Cada indivíduo é um mundo particular e isto deve ser respeitado.
· O psicólogo está incluído nas políticas públicas no campo da AIDS, dentro das equipes multidisciplinares. Sua atuação, no campo da AIDS, tem ocorrido em três dimensões diferentes:
· 
· Atuação na formulação das políticas e programas;
· Execução das ações programáticas previstas;
· Avaliação e acompanhamento das ações.
Capacitação do Psicólogo
· O psicólogo deve ter como referência a epidemiologia e os programas de saúde (federal, estaduais e municipais), pois essas informações fornecerão elementos para decidir quais serão as áreas prioritárias e as demandas da população.· Três itens devem ser observados na capacitação de um psicólogo para este ambiente:
· Conhecimento teórico e prático sobre DST, HIV, AIDS e hepatites, além de informações básicas na área de saúde em geral e capacidade de controle de grupos.
· Conhecimento específico do conteúdo programático do sistema.
· Conhecimento sobre suporte pessoal, ou seja, como cuidar daquele que também cuida.
Atuação do Psicólogo em Programas de DST/AIDS
· Dentro do sistema promotor de saúde pública, principalmente nas equipes multidisciplinares, existe uma série de atividades onde a responsabilidade pertence a todos os profissionais de saúde que, na maioria das vezes, não é reconhecida como própria de uma ou outra profissão.
· É comum, nestes casos, ver o psicólogo questionar a pertinência de dirigir uma ação educativa, uma vez que “não se formou para isso”. As ações comuns à equipe, no entanto, se inserem no paradigma da prevenção e da promoção da saúde, e estas constituem campo de atuação de todos os indivíduos envolvidos com as questões da saúde.
· Há relevância em como o profissional psicólogo deve se portar, em sua ação diante da fragilidade ao vírus HIV ou a qualquer DST, não só pela vulnerabilidade social – que desfavorece em maior ou menor grau o indivíduo em análise –, mas também pela exposição a transtornos ou desordens emocionais.
· A forma como o sujeito reage a condição de portador determina maior ou menor propensão a instabilidades emocionais, e a forma de reação não é apenas individual: é também coletiva – tanto social como institucional. Um serviço que não oferece suporte emocional aos portadores de HIV pode estar corroborando para o aumento da fragilidade emocional dos usuários ali cadastrados.
Sistema de Prevenção de Saúde
· De acordo com a lógica de atenção proposta pelo SUS, além de desenvolver as noções de campo, núcleo e vulnerabilidade, as ações deverão estar organizadas em atividades de prevenção, promoção e assistência. O sistema de prevenção de saúde é divido em três níveis de complexidade:
· Prevenção Primária - Esta seria a primeira linha de defesa contra determinados agentes patógenos. São ações que visam à divulgação dos cuidados de prevenção ao DST/AIDS, e o psicólogo também se enquadra neste trabalho de palestras, aconselhamento individual e coletivo pré e pós-teste, oficinas e qualquer atividade que vise o esclarecimento a respeito do tema.
· Prevenção Secundária - As ações da prevenção secundária devem ser exercidas pelo psicólogo e visam impedir o avanço da doença ou a sua cronicidade. Neste ponto, é importante a escuta psicológica e o aconselhamento com monitoramento da situação psicológica do sujeito atendido. 
· Prevenção Terciária - É a última linha de defesa e trabalha buscando a reabilitação, além de evitar ou diminuir o risco de invalidez total ou parcial, logo após a doença ter sido curada ou estabilizada, como no caso da AIDS. As ações da prevenção terciária constituem em intervenções na comunidade com o intuito de:
· 
· Diminuir o preconceito e a discriminação;
· Cuidar da reinserção no mercado de trabalho ou na comunidade do sujeito que acaba de travar uma luta contra a doença;
· Manter uma relação de atendimento com a família e comunicantes;
· Preparar a construção de uma rede de apoio social dentro da comunidade onde o sujeito está instalado.
O Psicólogo no Sistema de Prevenção de Saúde
· 
· O psicólogo, no sistema de prevenção de saúde, pode atuar nos três níveis. As necessidades de saúde que não podem ser resolvidas no nível da atenção básica são encaminhadas à atenção especializada, no nível de média complexidade ou atenção secundária. 
· Os serviços de alta complexidade – atenção terciária – estão no mais alto nível de recursos tecnológicos para o atendimento à necessidade de saúde do usuário, como, por exemplo, no serviço de transplante de órgãos ou nas unidades de tratamentos intensivos.
Gestão do Trabalho nos Programas de DST/AIDS
· A função do psicólogo é mais completa do que apenas o foco no atendimento individual ou coletivo. Ele deve primar pela capacitação dos profissionais desta área, seja ele da iniciativa privada ou do sistema SUS.  Estando envolvido no trabalho dos conselhos, o leque de contato se amplia, possibilitando um toque maior na sociedade ligada à prevenção.
· No trabalho de gestão no ambiente DST/AIDS, o trabalho do profissional psicólogo deve observar três pontos como principais:
· Descentralização dos Serviços - De acordo com Lei nº 8.080/1990 dispõe sobre a descentralização político-administrativa nas três instâncias do poder público e dá ênfase à municipalização de todos os serviços e ações de saúde pública. Também observa como se dá a redistribuição de poder, responsabilidades e recursos financeiros para os municípios.
· Princípio da Integralidade - Antes separadas, as ações de saúde agora devem manter o princípio de integralidade em todo o sistema SUS. Isto se faz para dar organicidade ao sistema, tornando cada vez mais unificadas as ações nos Ministério da Saúde e da Previdência.
· Controle Social - Os psicólogos envolvidos no sistema de prevenção de DST e AIDS podem participar dos Conselhos locais, municipais, estaduais e nacionais como profissionais da área de saúde. Assim, ampliam o toque da informação participativa aos membros da comunidade, principalmente em dois pontos específicos:
· Prover o preparo de novos profissionais capazes de atuar dentro dos projetos de DST/AIDS no Brasil;
· Investir na capacitação para atuar de forma mais eficiente no processo de gestão, utilizando métodos integrativos e participativos no planejamento, programação, vigilância e avaliação, melhorando a capacidade de autonomia gerencial e tornando o processo de decisão mais rápido, adaptativo e participativo, capaz de ter sustentabilidade das ações, que é um subcomponente de gestão.
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Aula 5 – Saúde Mental e Os CAPS
Você Sabe O Que É Saúde Mental? 
· A saúde mental equivale ao nível de qualidade de vida psíquica, que engloba a interação mente, corpo e vida em sociedade. Sabemos que a saúde não é apenas a ausência de doença, mas um equilíbrio entre os diversos setores da vida que implicam na qualidade da saúde e na capacidade do indivíduo de ser resiliente, ou seja, de se adaptar e/ou superar as situações de crises da vida.
· Os valores culturais e a subjetividade humana afetam diretamente o modo como a saúde mental é entendida. A interpretação dos fatos e as cobranças sociais afetam diretamente o modo como as pessoas lidam com as mais diversas situações cotidianas.
A Desospitalização e A Inclusão Social do Doente Mental
· Conheça agora como aconteceu a inclusão social do doente mental no Brasil:
· 
· Década de 70 - No final da década de 70 surge a Reforma Psiquiátrica, mobilizada através de forças que reuniram os profissionais da saúde mental, a divulgação da violência em hospitais psiquiátricos e a comercialização da loucura.
· Década de 80 - Na década de 80, em São Paulo, foi criado o 1º Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Na década de 90 foram implantadas as primeiras normas para a regulamentação da atenção diária em saúde mental.
· 
· 1990 - A Declaração de Caracas, aprovada em 1990, ressalta que o hospital psiquiátrico, como única modalidade assistencial:
· Isola o doente em seu meio, gerando maior incapacidade social;
· Cria condições desfavoráveis que põem em perigo os direitos humanos e civis do enfermo.
· A Declaração dispõe sobre a reestruturação da atenção psiquiátrica ligada ao atendimento primário da saúde, que incentiva modelos alternativos, centrados na comunidade e dentro de suas redes sociais. Ressalta ainda os cuidados com os enfermos:
· Dignidade pessoal e direitos humanos e civis;
· Estar baseado em critérios racionais e tecnicamente adequados;
· Propiciar a permanência do enfermo em seu meio comunitário.
· 1999 - A Legislação Federal – Lei 9.867, de 10 de novembro de 1999 - dispõe sobre a criação e funcionamentode Cooperativas Sociais, visando à integração social dos cidadãos. A finalidade das Cooperativas é inserir pessoas em desvantagem  no mercado econômico, por meio do trabalho. Pessoas em desvantagem social:
· 
· Deficientes físicos e sensoriais;
· Deficientes psíquicos e mentais;
· Dependentes químicos;
· Egressos de prisões;
· Condenados a penas alternativas à detenção;
· Adolescentes em idade adequada ao trabalho e situação familiar difícil do ponto de vista econômico, social ou afetivo.
· 
· 2001 - A Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 (Lei Paulo Delgado), dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, ressaltando a não discriminação. Direitos valorizados:
· 
· Ter acesso ao melhor tratamento no sistema de saúde;
· Ser tratada com humanidade e respeito;
· Ser protegida de abuso e exploração;
· Ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
· Ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
· Ter direito a presença médica;
· Ser tratada em serviços comunitários de saúde mental;
· Internação só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes;
· É vedada a internação de pacientes em instituições com características asilares;
· Alta planejada com reabilitação psicossocial assistida;
· Internação voluntária e involuntária (deve ser comunicada ao Ministério Público Estadual, no prazo de 72 horas, pelo responsável técnico do estabelecimento).
O Que São Os CAPS
· Ministério Público - De acordo com o Ministério da Saúde, o CAPS é “um serviço de saúde aberto e comunitário do SUS, local de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e persistentes e demais quadros que justifiquem sua permanência num dispositivo de atenção diária, personalizado e promotor da vida”. 
· Característica - O CAPS tem como principal característica ser um serviço de saúde comunitário e aberto do SUS (Sistema Único de Saúde)  que serve de local de referência, acompanhamento e tratamento para aqueles que apresentam algum tipo de transtorno mental.
· Diretrizes e Princípios - Os Centros de Atenção Psicossocial obedecem a diretrizes e princípios, como:
· 
· Responsabilidade pelo acolhimento de toda a demanda dos portadores de transtornos de saúde mental do município em que está inserido;
· Garantia do plantão técnico – presença do profissional responsável para o funcionamento da unidade de saúde;
· Inclusão de pacientes graves com dificuldade de acompanhar as atividades desenvolvidas no CAPS;
· Ações voltadas aos familiares;
· Planejamento e implantação de projetos de inserção social;
· Gerenciamento de casos;
· Projetos e atividades personalizadas;
· Atividades de inclusão e de permanência diária do paciente em acompanhamento na unidade.
Principais Objetivos dos CAPS
· De acordo com o Ministério da Saúde, os principais objetivos do CAPS consistem em: oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
· Os CAPS, entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental, têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se a organização de uma rede substitutiva aos hospitais psiquiátricos no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários, que oferecem atendimento diário. 
· Os serviços de saúde mental no CAPS devem priorizar a reinserção social através da desinstitucionalização. Há o enfoque na produção de autonomia, que ressalta a responsabilidade do usuário e de seus familiares sobre os processos de tratamento. 
· O CAPS dispõe de projetos e serviços que vão além de seus muros, com parcerias que potencializam a rede de suporte social, valorizando cada pessoa e sua subjetividade.
· É função dos CAPS:
· 
· Prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos.
· Acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território.
· Promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais.
· Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação.
· Dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica;
· Articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território, como por exemplo organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios.
· Promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
Atividades Terapêuticas
· De acordo com as diretrizes do SUS para a saúde mental, as atividades oferecidas pelos CAPS podem ser:
· 
· Tratamento medicamentoso
· Atendimento a grupo de familiares
· Orientação
· Atendimento psicoterápico
· Atividades de suporte social: projetos de inserção no trabalho, articulação com serviços residenciais terapêuticos, atividades de lazer, encaminhamentos para a entrada na rede de ensino e para a obtenção de documentos.
· Oficinas culturais.
· Visitas domiciliares.
· Desintoxicação ambulatorial: conjunto de procedimentos destinados ao tratamento da intoxicação/ abstinência decorrente do uso abusivo de álcool e outras drogas.
Formas de Atividades Terapêuticas
· Os CAPS oferecem diversos tipos de atividades terapêuticas:
· 
· Individual - O atendimento individual se dá através de psicoterapia, orientação e prescrição de medicamentos. 
· Grupo - O atendimento em grupo ocorre através de diversas oficinas (geração de renda, alfabetização, musicalidade, esportivas, ocupacionais etc.).
· 
· Familiar - O atendimento familiar é voltado para o acolhimento familiar, atividades de ensino, lazer, cultura e outras que possam contribuir para a valorização da família no processo de tratamento em saúde mental.
· Comunidade - As atividades comunitárias visam às trocas socioculturais e a integração do paciente da saúde mental com sua família e a comunidade da qual faz parte. Alguns exemplos de atividades: festas comunitárias, formação de grupos de interesse, etc.
Atuação de Psicólogos
· Os psicólogos que atuam nos CAPS realizam grande diversidade de atividades e buscam desenvolver novas estratégias de ação para lidar com os desafios e as dificuldades que permeiam o cotidiano. Sua atuação dependerá dos seguintes cenários:
· 
· Quando o profissional é referência para esse usuário - Ao entrar no CAPS, os usuários são acolhidos, e em alguns casos, são realizados por psicodiagnóstico e triagem. Os profissionais, em equipe multidisciplinar, traçam um Plano de Intervenção Terapêutico e selecionam um profissional que atuará como referência para esses usuários dentro do CAPS.
· Quando atuam atendendo os recém-chegados ao CAPS - No momento de entrada do usuário no CAPS, os profissionais atuam visando a garantir um bom acolhimento e a avaliação dos motivos do encaminhamento ou da procura espontânea. Esse tipo de atendimento é realizado de diferentes formas: triagem, acolhimento, entrevista inicial, anamnese, avaliação, escuta, encaminhamentos ou admissões, entre outros.
Diferentes Tipos de CAPS e Implementação
· O Ministério da Saúde dividiu os Centros de Atenção Psicossocial em cinco modalidades diferentes, conforme a clientela específica.
· 
· CAPS I - São serviços para cidades de pequeno porte, que devem dar cobertura para toda a clientela com transtornos mentais severos durante o dia (adultos, crianças, adolescentes e pessoas com problemas devido ao uso de álcool e outras drogas).
· CAPS II - São serviços para cidades de médio porte e atendem, durante o dia, clientela adulta.
· CAPS III - São serviços 24h, geralmente disponíveis em grandes cidades, que atendem clientela adulta.
· CAPSi - São serviços para crianças e adolescentes, em cidades de médio porte, que funcionam durante o dia.
· CAPSad - São serviçospara pessoas com problemas causados pelo uso de álcool ou outras drogas, geralmente disponíveis em cidades de médio porte. Funciona durante o dia. Para sua implantação, deve-se primeiro observar o critério populacional, cujos parâmetros são definidos da seguinte forma (ref.: Portaria GM n°. 336, de 19/02/02):
A Composição das Equipes e Oficinas Terapêuticas
· Além de outros profissionais da área da saúde, conforme o tipo de CAPS.
· As equipes dos CAPS são multiprofissionais, com a presença obrigatória de:
· 
· Enfermeiro
· Psiquiatra
· Psicólogo
· Assistente social
· 
· O enfoque é o tratamento terapêutico, com direcionamento para a reinserção social. Por isso, temos CAPS que possuem profissionais das áreas de pedagogia, terapia ocupacional, professor de educação física, arteterapia, dentre outros.
· As oficinas terapêuticas visam promover novos modos de agir social, de interação com o meio e com a cultura na qual cada usuário está inserido. A promoção de saúde também se dá pela via da reinserção sociocultural, como por exemplo, oficinas:
· 
· de música;
· de poesia;
· de bijuteria;
· de artes;
· de dança;
· literária etc.
 A Relação dos CAPS Com A Rede de Saúde Básica
· Por sua proximidade com famílias e comunidades, as equipes da atenção básica são um recurso estratégico para o enfrentamento de agravos vinculados ao uso abusivo de álcool, drogas e diversas formas de sofrimento psíquico (Ministério da Saúde, 2003).
· A realidade das equipes de atenção básica demonstra que, cotidianamente, elas se deparam com problemas de saúde mental: as equipes de saúde da família estão sempre se deparando com questões de saúde mental e acabam por realizar ações nesta área.
A Relação dos CAPS Com A Comunidade
· 
· Se a história da loucura revela que os considerados doentes mentais viviam em reclusão e exclusão completa da sociedade em outra época, atualmente, a comunidade valoriza as unidades de CAPS como um recurso valioso para cuidar das pessoas com desestruturação mental.
· Os CAPS são territorializados, atendem a uma população adscrita, que está ao seu entorno e deve ser um espaço para a convivência social, a discussão de temas relevantes para a saúde mental da população, a construção de projetos que promovam cidadania e inserção social.
· A comunidade na qual o CAPS está inserido deve ser convidada a integrar seus espaços físicos e construídos socialmente através de ações para além de suas portas. A saúde mental é uma questão biopsicossocial e deve ser abordada em todos os seus aspectos.
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Aula 6 – A Psicologia da Saúde e A Atuação do Psicólogo
A Psicologia da Saúde  
· A Psicologia da Saúde é uma junção de conhecimentos, atuando desde a promoção e manutenção da saúde até à prevenção da doença. Ela surge da integração de diferentes áreas da Psicologia:
· 
· Psicologia clínica
· Psicologia comunitária
· Psicologia Social
· Psicobiologia
· 
· Todas ligadas à promoção de saúde e a prevenção de doenças em todos os níveis
· 
· Desta forma, chamamos de Psicologia da Saúde o espectro desta ciência que trabalha a visão biopsicossocial da população, sempre buscando uma melhoria na qualidade de vida, seja montando campanhas de informação ou atuando diretamente no indivíduo, na prevenção das doenças mentais e/ou psicopatologias.
· O trabalho pode ser percebido como vitorioso a partir do momento em que a população consegue ganhos como diminuição de internações e utilização medicamentosa, ou seja, uma utilização mais criteriosa dos recursos dos serviços do sistema de saúde pública.
Problemas Estudados
· No livro "Psicologia hospitalar: teoria, aplicações e casos clínicos" de Makilim Nunes e Rosana Righetto, encontramos nas páginas 18 e 19 alguns dos problemas estudados pelos psicólogos clínicos da saúde:
· 
· Condições psicológicas derivadas da doença (ex.: depressão pós-infarto do miocárdio e sequelas psicológicas de derrame cerebral);
· Representações somáticas de disfunções psicológicas (dor no peito em ataques de pânico);
· Desordens psicofisiológicas (dor de cabeça em decorrência de tensão);
· Sintomas físicos em decorrência de intervenções comportamentais (incontinência fecal, náuseas antecipatórias);
· Complicações somáticas associadas a fatores comportamentais (gerenciamento inadequado do diabetes, falha em adesão medicamentosa do hipertensivo);
· Consequências psicológicas de problemas orgânicos, como depressão associada ao hipotireoidismo e psicose induzida por esteroides;
· Prevenção de complicações físicas e psicológicas em consequência de procedimentos médicos estressantes, como cateterismo cardíaco e cirurgias;
· 
· Fatores de risco comportamental em decorrência de doença ou incapacidade (fumo, peso excessivo);
· Problemas decorrentes de planos de saúde, como relacionamento profissional-paciente ou burnout (espécie de esgotamento do sujeito no trabalho) da equipe de saúde.
Psicologia Comunitária
· A Psicologia Comunitária é a atuação da Psicologia da Saúde focada nas comunidades, promovendo o bem-estar e respeitando os grupos em suas origens, cultura e costumes, ou seja, trabalhando a prevenção e a manutenção da saúde sem perturbar a ordem cultural onde cada grupo social está inserido. Dentre as formas de ação, podemos destacar:
· 
· Campanhas educativas
· Série de palestras sobre prevenção
· Ações de porta e porta
· Participação em projetos multidisciplinares do sistema de saúde pública para comunidades carentes.
· 
· Embora o objetivo seja o mesmo, no geral, a Psicologia Comunitária difere das demais por estar focada no grupo social, e não especificamente em um único sujeito.
A Psicologia da Saúde ao Redor do Mundo
· 
· EUA - Nos Estados Unidos, podemos obter relatos sobre o tema em 1982, em revistas especializadas como o Journal of Health Psychology.
· Brasil - No Brasil, já em 1987, esta área da saúde pública já estava em desenvolvimento. Embora fosse uma fase inicial e sem a denominação específica, o Ministério da Saúde já lançava programas de prevenção em campanhas voltadas para o trânsito, alcoolismo, câncer etc.
· 
· Espanha - Na Espanha, a Psicologia da Saúde começa a ter força e destaque a partir dos anos 80. Nesta década, ela começa a ser reconhecida por ter características próprias para atuação em um campo altamente diferenciado. Em 1987, várias universidades criaram um departamento exclusivo para a Psicologia da Saúde. Em 1990, surge uma revista especializada na área: Revista de Psicologia de La Salud.
· 
· Alemanha - Na Alemanha, a Psicologia da Saúde é formalmente estabelecida em 1992.
· Áustria - Neste mesmo período, a Áustria também estabeleceu a Psicologia da Saúde como uma área especializada da Psicologia Científica.
· 
· Em todo o mundo, encontramos a Psicologia da Saúde atuando em temas como:
· 
· Relação das doenças físicas com o comportamento. Exemplo: como o estresse pode agir na supressão do sistema imunológico;
· Relação entre hábitos alimentares e obesidade. Como o estilo de vida pode gerar riscos para a saúde;
· 
· Promoção da saúde através de campanhas e programas de educação. Atuação em grupos como escolas, comunidades alertando para comportamento de risco sexual, abuso de substâncias, gravidez indesejada etc.
A Pesquisa Como Ponto de Partida e Chegada
· O Brasil ainda carece de pesquisas na área de atuação da Psicologia da Saúde. Estas pesquisas poderiam validar a atuação com dados de resolução de problemas e, com isto, sensibilizar os órgãos responsáveis para dirigir mais recursos financeiros, por exemplo.
· No entanto, os principais interessados os psicólogos não são incentivados durante sua formação acadêmica a buscar a pesquisa como fonte primeira de conhecimento. Provavelmente, pelo perfil brasileiro de ter uma cultura mais voltada para a Psicologia Clínica de atendimento no consultório. Desta forma, no que tange à Psicologia Social no Brasil, a pesquisa ainda está nascendo, com os novos profissionais que se lançam no mercado em busca de uma basemais sólida para suas atuações.
· Em um futuro próximo, poderemos ter respostas que norteiem com maior precisão as campanhas do sistema SUS para a prevenção em manutenção da saúde pública.
· Hoje, o que temos, na maioria das vezes, são atividades baseadas em reações de combate a algo já existente (como câncer e alcoolismo, por exemplo). Com dados estatísticos, a Psicologia da Saúde poderia hoje ajudar a impedir surgimentos de males, físicos ou mentais, ainda por vir no ambiente social.
Qualidade de Vida e Promoção da Saúde
· No quesito qualidade de vida e promoção da saúde, o Brasil tem diretrizes estipuladas pelo Ministério da Saúde na política nacional de prevenção à saúde, que são aplicadas nas três instâncias onde o SUS atua.
Saúde da Família
· Contamos no Brasil com o Programa de Saúde da Família (PSF), uma estratégia de ação coordenada pelo Ministério de Saúde (MS) que oferece uma atenção básica mais direta à população, com ação resolutiva e humanizada.Dentro do perfil de atenção básica, essas ações de saúde ocorrem no âmbito individual e coletivo, abrangendo:
· 
· Promoção e proteção da saúde;
· Prevenção de agravos;
· Diagnóstico;
· Tratamento;
· Reabilitação e manutenção da saúde.
· 
· Estratégia de ação trata-se de uma primeira ação, que prepara o sistema para ações superiores, em outros níveis de atenção, quando necessário.
· O Programa Saúde da Família - em suas Unidades Básicas de Saúde  - funciona com uma equipe composta por:
· 
· Um médico
· Um enfermeiro
· Dois auxiliares de enfermagem
· Seis agentes comunitários de saúde (ACS)
· 
· UBS, mais conhecidas pela população como “postinhos de saúde”.
· A formatação deste programa prediz que cada equipe será responsável pelo atendimento de mil famílias, sendo que cada unidade pode conter até oito equipes de Saúde da Família, dependendo do número de habitantes da área onde estiver instalada.
· A primeira cidade, no Brasil, a contar de forma isolada com este programa no âmbito municipal, foi Niterói, no estado do Rio de Janeiro. No ano de 1991, decisões políticas adaptaram o sistema público de saúde de Niterói para uma experiência similar, feita em Cuba, de medicina familiar.
· A partir dessa etapa, foram desenvolvidos estudos preliminares que culminaram com a inauguração do primeiro módulo do município, em setembro de 1992. Na ocasião, foram inaugurados 14 UBS e 13 módulos do programa Médico de Família.
Atuação do Psicólogo no CRAS (Centro de Referência da Assistência Social)
· O CRAS é um programa criado pelo Governo Federal e implantado pelos estados e municípios com o objetivo de desenvolver serviços socioassistenciais. Sua localização incide em áreas de vulnerabilidade e risco social. É chamado de Casa da Família, pois sua ação visa combater a miséria e oferecer a proteção básica através da política de assistência social. Dentre as ações do CRAS, estão:
· 
· Acolhimento das famílias e seus membros;
· Acompanhamento das famílias a partir de serviços socioeducativos;
· Espaço de convivência;
· Ações socioassistenciais;
· Articulação e fortalecimento da rede de proteção social básica local;
· Prevenção das situações de risco;
· Apoio às demandas sociais;
· Promoção do fortalecimento dos vínculos familiares;
· Acessibilidade aos direitos de cidadania.
· 
· O CRAS está vinculado ao PAIF (Programa de Atenção Integral à Família). O número de unidades do CRAS em cada município depende do número de habitantes e de famílias em situação de risco social.
· O funcionamento do CRAS deve ser de no mínimo cinco dias na semana, oito horas diárias, totalizando 40 horas semanais. A equipe do CRAS é composta minimamente por um coordenador, dois técnicos de nível superior – assistente social e psicólogo – e dois técnicos de nível médio.
A Atuação do Psicólogo 
· 
· As ações do CRAS podem envolver a organização e desenvolvimento de grupos com objetivos específicos, como grupo de apoio a gestantes, grupo de adolescentes para inserção no mercado de trabalho, grupo de mulheres com foco em geração de renda, dentre outros.
· “A atuação do psicólogo, como trabalhador da Assistência Social, tem como finalidade básica o fortalecimento dos usuários como sujeitos de direitos e o fortalecimento das políticas públicas” (referências técnicas para atuação do psicólogo no CRAS/SUAS, 2007, p. 22).
· 
· A atuação do psicólogo deve estar voltada para:
· 
· Construção de cidadania
· Emancipação social das famílias
· Potencializar a dimensão subjetiva dos indivíduos
· Desenvolvimento de autonomia
· Compreender e intervir nos processos e recursos psicossociais
· Valorização dos aspectos histórico-sociais que constituem a base da interação e do comportamento humano
· Promoção de recursos que valorizem a família e as afastem de situações de risco social, como vulnerabilidade a doenças, drogas etc.
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Aula 7 – Saúde do Trabalhador
Aspectos Essenciais da Saúde do Trabalhador
· O trabalho, as obrigações, as máquinas manuseadas e os ruídos frequentes, dentre outros fatores, são situações constantes para os trabalhadores de fábricas, instituições, organizações e outros espaços do trabalho, que lhes causam doenças. Com o passar do tempo, e com as discussões estabelecidas em Congressos e encontros de profissionais da área da saúde, percebeu-se a necessidade de criar políticas públicas que viessem a amparar o trabalhador nas suas atividades laborais e de sobrevivência. 
· A saúde do trabalhador configura um campo de conhecimentos e de práticas que têm como objetivo o estudo, a análise e a intervenção nas relações entre trabalho e saúde-doença, mediante propostas programáticas desenvolvidas na rede de serviços de saúde pública (LACAZ, 1996 apud CREPOP, 2008, p.17). Em meados da década de 1980, foram criados os primeiros Programas de Saúde do Trabalhador (PST) por alguns municípios e estados, e, em 1988, essa proposta foi incluída na Constituição Federal, que, em seu art. 200, estabeleceu que ‘ao Sistema Único de Saúde (SUS) compete (...) executar as ações de Saúde do Trabalhador (...) e colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho’. A saúde do trabalhador inclui-se, assim, no âmbito do direito à saúde, que deve ser garantido pelo Estado por meio do SUS (CREPOP, 2008, p. 19). A partir de então, a saúde do trabalhador não passa a ser apenas uma atenção, mas sim uma obrigação do estado e dos municípios com aqueles que exercem suas funções diariamente.
Lei Orgânica da Saúde
· 
· A Lei Orgânica da Saúde (nº 8080/90), no seu parágrafo 3°, regulamenta a saúde do trabalhador da seguinte forma:
· Entende-se por Saúde do Trabalhador, para fins desta lei, o conjunto de atividades que se destina, através de ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho (CREPOP, 2008, p.21).
· Hoje, a preocupação não é somente com o atendimento a esses trabalhadores. Os órgãos estaduais e municipais preocupam-se em dar assistência e vigilância aos trabalhadores em atividade. O CREPOP (2008, p.23) ressalta muito claramente que:
· Deve-se, ainda, ressaltar que a Saúde do Trabalhador, enquanto política de saúde pública, não focaliza apenas a saúde dos trabalhadores com vínculos formais de trabalho. Ela se ocupa de qualquer tipo de atividade de trabalho, formal e informal, que ofereça riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores.
· 
· O Ministério da Saúde criou em 2002 a Rede Nacional de Atenção Integrada à Saúde do Trabalhador (RENAST), que integra a rede de serviços SUS. Depois disso, foi possível criar, com a ajuda dos municípios, os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CERESTs), “que devem desempenhar a função de suporte técnico, de coordenação de projetos e de educação em saúde para a rede do SUS da sua área de abrangência” (CREPOP, 2008, p.22). 
· Os únicos profissionaisconsiderados obrigatórios nos CERESTs são médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, sendo o restante de contratação facultativa. Sabe-se, no entanto, que apenas com os profissionais determinados obrigatórios pela lei não se pode oferecer um serviço de qualidade. Desta forma, deve haver uma conscientização nos líderes desses centros para um trabalho que traga de fato a saúde para o trabalhador. Apesar de o psicólogo não ser um profissional obrigatório nos CERESTs, muitos destes têm contrato, pois consideram a saúde mental como primordial ao bem-estar do trabalhador.
Qual É A Atuação do Psicólogo na Saúde do Trabalhador?
· Atuação do Psicólogo em Saúde do Trabalhador - Pode parecer que o psicólogo que trabalha com saúde do trabalhador se posicione somente dentro das organizações, vinculados ao processo de seleção, treinamento, avaliação de desempenho, dentre outras funções. Mas esta não é uma verdade, além de ser pouco esclarecida aos alunos. Em diversos contextos de atuação, o psicólogo se deparará com problemas voltados à saúde do trabalhador. No ambulatório, poderá chegar um paciente em surto devido ao alto estresse no trabalho; na saúde coletiva, você pode atender uma comunidade que sofre dos mesmos problemas devido ao mercado que movimenta o capital daquela cidade, e assim por diante.
Saúde do Trabalhador
· O psicólogo voltado para a saúde do trabalhador pode atuar nas unidades de atenção básica, ambulatórios de especialidades, CAPS, hospitais e serviços de vigilância em saúde. Portanto, saúde do trabalhador não está vinculada ao psicólogo que quer trabalhar com Psicologia Organizacional, mas sim àquele que quer trabalhar com saúde. Então, pode-se dizer que está vinculada à ciência psicológica como um todo. Ainda se deve ressaltar que “a atuação do psicólogo nesse âmbito pode estar delimitada por determinações legais (como no caso da vigilância) e pode subsidiar a concessão de benefícios previdenciários (auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, por exemplo) e trabalhistas (direito à reintegração)” (CREPOP, 2008, p.29).
· Para classificar sintomas de doenças no âmbito do trabalho, o Ministério da Saúde publicou em 2001 o Manual de doenças relacionadas ao trabalho, que no capítulo 10, fala dos transtornos mentais e comportamentais relacionados ao trabalho, e da Portaria nº 777/GM, de 28 de abril de 2004, que institui a notificação (CREPOP, 2008).
· É importante destacar que o psicólogo deve estar preocupado com a saúde do paciente como um todo, mas que, para facilitar o atendimento, têm-se agrupado pacientes conforme suas queixas para atendimentos grupais. Essas queixas podem ser por estresse, LER (lesão por esforço repetitivo), DORT (distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho), lombalgia, dentre outras.
· Em tais atividades, são adotadas diversas perspectivas teóricas. De modo geral, os grupos têm caráter informativo-terapêutico, valorizam o conhecimento e a subjetividade dos trabalhadores e visam à ressignificação do processo de adoecimento, além de legitimar o seu discurso, estimular a sua participação e autonomia em relação ao tratamento, o que propicia o autoconhecimento (CREPOP, 2008, p.31).
O Psicólogo e A Vigilância em Saúde
· Outro trabalho desenvolvido pelo psicólogo que trabalha com a saúde do trabalhador é o de vigilância com a saúde. Ele consiste em conhecer os procedimentos técnicos e científicos de algumas atividades e identificar quais podem causar mais danos aos trabalhadores.
· “As ações de vigilância em saúde do trabalhador incluem a identificação, o controle e a eliminação dos riscos nos locais de trabalho” (CREPOP, 2008, p. 33).
· Promove, assim, um trabalho de conscientização e fiscalização, com o intuito de saber se as práticas saudáveis e de prevenção estão sendo cumpridas.
· Pode-se citar ainda que o psicólogo tem o dever de promover a educação desses trabalhadores, por meio de palestras, simpósios, encontros e congressos. Nesses encontros, deve esclarecer dúvidas sobre a saúde mental e física desses que desempenham atividades cotidianamente. A partir das queixas e dos dados obtidos nos seus atendimentos e encontros, o psicólogo deve publicar manuais, artigos e periódicos, dentre outros materiais científicos, com a intenção de produzir conhecimento e tornar as informações mais acessíveis à população que trabalha.
Aspectos Éticos do Psicólogo
· Quanto aos aspectos éticos do psicólogo que trabalha com a saúde do trabalhador, este deve priorizar o bem-estar dos seus pacientes, denunciando organizações e instituições que não forneçam condições dignas para o funcionário exercer suas funções.
· “Quando atua na vigilância em saúde do trabalhador no SUS, o psicólogo deve priorizar a adequação das condições do ambiente e da organização dos processos de trabalho ao trabalhador, e não o contrário” (CREPOP, 2008, p.40).
· Nestas denúncias, não devem ser privilegiados os interesses políticos e dos empregadores. O psicólogo deve respeitar seu código de ética e zelar pela integridade biopsicossocial dos trabalhadores.
Formação do Psicólogo
· Para o psicólogo que queira ter formação e preparo para este tipo de atuação, é muito importante que procure cursos de especialização ou de extensão, reconhecidos pelo CFP, que abordem os seguintes assuntos:
· Reflexão 
· Percebe-se, portanto que a formação nesta área não é tão simples como se pode pensar. Os currículos da graduação apenas oferecem um conhecimento sobre esta área de atuação, mas não preparam o aluno para se tornarem futuros profissionais capacitados para esta área. Para isso, é preciso ter conhecimento das legislações, da ética e das obrigações do psicólogo que escolhe atuar nesta área.
1) 
2) A criação de disciplinas que tematizem adequadamente a relação subjetividade/objetividade, evitando dicotomias ou vieses que impeçam a visão adequada de como se efetiva tal relação e, sobretudo, o lugar ocupado pelo trabalho na integração sujeito/objeto;
3) O enfoque nos processos de individuação, levando sempre em conta o seu caráter histórico e processual;
4) 
5) O enfoque nas diferentes possibilidades de atuação do psicólogo do trabalho, superando a visão estreita de uma atuação restrita ao contexto das organizações empresariais;
6) 
7) A ênfase na formação interdisciplinar, possibilitando ao profissional o acesso a conhecimentos proporcionados por disciplinas afins, tais como a Ergonomia, a Sociologia, a Filosofia, a Epidemiologia Social, a Antropologia, a Saúde Coletiva, a Economia etc.;
8) A criação de instrumentos que permitam a melhor compreensão das vivências subjetivas no trabalho, conciliando a clínica com a análise da atividade (CLOT, 2006);
9) 
10) O desenvolvimento de habilidades que permitam ao profissional apreender as reais necessidades dos trabalhadores, ao assumir o compromisso com a preservação da saúde nos contextos laborais;
11) O conhecimento de políticas públicas, sobretudo aquelas voltadas para a saúde;
12) 
13) A aquisição de noções/conceitos sobre o mundo do trabalho (inserção no trabalho, relações de trabalho, processo, organização e condições);
14) A ênfase em pesquisas, “visando ao avanço da disciplina e à resposta mais adequada às demandas sociais em torno da saúde do trabalhador, propondo um psicólogo como investigador prático, e não como mero aplicador de técnicas” (CREPOP, 2008, pp.45-46
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Aula 8 – O Psicólogo no Âmbito Hospitalar 
Inserção do Psicólogo no Âmbito Hospitalar
· Vamos iniciar esta aula com um breve histórico do cenário hospitalar no século XVII. 
· Meados do Século XVIII - Até meados do século XVIII, o psicólogo era visto no hospital como um profissional que “tratava os loucos”, focado apenas nas psicopatologias e em intervenções em pacientes psiquiátricos que apresentavam casos graves. Nesta mesma época, os hospitais eram interpretados como depósitos de insanos nas suas mais diferentes patologias. Todos aqueles que tinham um comportamento considerado desviante

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