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Psico-oncologia

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Utiliza-se de conhecimentos provenientes da psicologia da saúde. Tem como objetivo
na área clínica oferecer assistência ao paciente com câncer, sua família e profissionais em
todos os estágios da doença. Como pesquisa, a psico-oncologia visa o estudo das variáveis
somáticas, psicológicas e sociais relevantes para a compreensão dos mesmos em relação
ao câncer. Como serviço, propõe o atendimento multiprofissional ao paciente oncológico.
-Prevenção
-Nível primário: busca ou retomada de um estilo de vida saudável, minimizar situações
de distress e cuidado com riscos ambientais.
-Nível secundário: busca de detecção precoce.
-Nível terciário: intervenções durante o tratamento para facilitar a adesão, desenvolver
estratégias de enfrentamento e busca de qualidade de vida.
O desenvolvimento de tratamentos oncológicos promove o fascínio pelo
prolongamento da vida, o que por sua vez pode acarretar tomadas de decisões em que os
efeitos colaterais ultrapassam os possíveis benefícios de alguns tratamentos. É importante
permitir o espaço de autonomia e decisão dos pacientes, além de oferecer dignidade para
aqueles no processo de morrer.
-Aspectos psicossociais
A psico-oncologia pediátrica preocupa-se em adequar a compreensão da doença e do
tratamento para as crianças. É preciso ajustes nos tratamentos e oferecimento de um
programa pedagógico para adequar a sua escolaridade nos hospitais ou reinserção na
escola.
Adolescentes se beneficiariam da criação de serviços específicos para sua faixa
etária. Necessitam de cuidados que envolvam interferências na imagem corporal,
desenvolvimento psicossexual, atividades escolares e relacionamentos afetivos. Também é
preciso um cuidado especial na sua reinserção na escola pelo risco de bullying.
Doenças oncológicas têm aumento significativo com o envelhecimento, trazendo
medo do sofrimento, dor e associação com a morte. O medo dos idosos é ter seu
sofrimento subtratado, ver a degeneração de seu corpo, morrer solitário e abandonado.
Alguns sintomas do câncer são exacerbados pela idade, e em idosos com limitações
cognitivas, há dificuldade para compreender o diagnóstico e os tratamentos. O risco de
prolongamento do processo de morrer, a distanásia, é mais frequente entre idosos.
Os pedidos para morrer podem se expressar no decorrer da doença oncológica. É
necessário entender a legitimidade do pedido e tentar conhecer suas motivações. Uma das
motivações mais frequentes é sentir-se pouco cuidado nas suas dores e nos seus
sofrimentos, uma vez que dores são consideradas naturais no caso do câncer, mas precisa
ser tratada. Uma queixa frequente de pacientes é o sentimento de solidão, abandono e de
ser sobrecarga para os familiares, o que faz com que considerem a morte como um alívio
para eles.
É preciso ajudar no processo de morrer com qualidade e dignidade. O estresse
intenso e a longa duração é um dos fatores que levam ao adoecimento. O estresse
prolongado e além do que a pessoa consegue suportar é chamado de distresse. O
estresse prolongado pode levar à depressão de imunidade e adoecimento, resultando na
doença oncológica.
A dor está entre os medos mais frequentes do paciente com câncer. O fenômeno da
dor tem dimensões físicas, psíquicas, sociais e espirituais; e todas devem ser consideradas.
Dependendo de sua intensidade e características pessoais, pode provocar grandes
alterações psicológicas, como a depressão e desesperança. Do ponto de vista social, a dor
intensa pode levar à necessidade de abandono das atividades laborais e de lazer, ao
isolamento e a problemas econômicos. Na dimensão espiritual, surgem questionamentos
existenciais e motivações por ter de passar pelo sofrimento. O que pode aumentar o
sofrimento é sua naturalização, que todos os pacientes terão dor, já é esperado, e os
mesmos devem suportar. Um desdobramento dessa ideia é o adiamento do tratamento com
opiáceos só ser iniciado no final da vida por conta do risco de adição. A dor tem também
como função comunicar que algo não está bem na vida da pessoa, e a dimensão física
pode ser a melhor forma de comunicação.
Os tratamentos são cada vez mais direcionados a alvos específicos, afetando menos
o organismo como um todo e promovendo maior qualidade de vida. A comunicação é
essencial para a qualidade de vida, que deve levar em conta as necessidades e limitações
da pessoa. Distorção de informações e conspiração do silêncio provocam sofrimento. A
comunicação de más notícias, apesar de difícil, deve ser realizada para que os pacientes e
seus familiares possam participar de forma mais ativa no tratamento e recuperação. A
conspiração do silêncio é uma tentativa de evitar sofrimento e oferecer proteção, mas pode
não ser eficiente. Muitos pacientes pedem esclarecimentos sobre seu diagnóstico e seus
tratamentos, e não os receber é uma forma de sofrimento adicional.
Garantir qualidade de vida é tarefa fundamental no trabalho em psico-oncologia.
Deve-se entender o que cada paciente entende como qualidade de vida, contribuir com o
desenvolvimento da resiliência, da busca pelo sentido da vida e uma boa rede social de
suporte. Um aspecto importante da qualidade de vida é tratar o paciente como ser
competente, autônomo e qualificado para saber sobre a sua vida.
O enfrentamento ou coping envolve mobilização comportamental e emocional para
se adaptar a situações de crise e de perigo. Não se propõe um padrão, sim o que é mais
adaptativo para cada paciente. O espírito de luta envolve a busca de conhecimento do
diagnóstico e de tratamento, e cabe ao profissional ajudar o paciente nessa busca. O
estoicismo traz a aceitação e adesão ao que é proposto sem questionamentos como lado
positivo, mas como negativo há o não questionamento, com o tratamento sendo aceito com
resignação. Alguns modos de enfrentamento podem ser prejudiciais, como a negação, a
desesperança e o desamparo.
A espiritualidade, não atrelada a nenhuma religião especial, estimula a possibilidade
de transformação pessoal, levando a menos depressão, maior adesão ao tratamento e
melhor qualidade de vida. Por outro lado, a fé excessiva pode atrapalhar, retardando a
busca ou trazendo o abandono de tratamento.
-Aproximação da morte - luto antecipatório
É entendido como processo de elaboração de perdas ocasionadas pelo processo de
adoecimento antes da morte. Tal luto acomete familiares, amigos e o próprio paciente. A
comunicação aberta sobre a morte deve apresentar-se como oposição à negação presente
na cultura atual. Acompanhar o processo da doença e ter a sensação de ter feito o melhor
possível para o paciente pode oferecer o conforto necessário nos momentos em que a
tristeza pela ausência está presente.
Existem estágios pelos quais pode passar o paciente: negação, raiva, barganha,
depressão e aceitação. Não se manifestam de forma padronizada, sendo uma forma de
guiar um contato com a família e o paciente. O estágio da depressão é uma forma de
preparação para a morte, não tendo relação com a doença psiquiátrica registrada no DSM.
O paciente parece mais recolhido, coincide com o agravamento dos sintomas e traz a
necessidade de silêncio e uma presença acolhedora e sem abandono.
-Cuidados paliativos
Os cuidados paliativos implicam abordagens que promovam qualidade de vida de
pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, por
meio da prevenção e alívio do sofrimento. Tem como princípios: deixar a morte acontecer,
cuidar da dor total, favorecer a morte com dignidade, permitir término de assuntos
inacabados, facilitar despedidas e outras tarefas importantes. Propõe-se os cuidados no
processo de morrer, lidando com o medo de sofrimento atrelado ao processo. É essencial o
alívio de sintomas incapacitantes, sem apressamento da morte. Caso o paciente esteja na
UTI, é fundamental oferecer cuidados mais voltados ao alívio de sintomas e à qualidade de
vida.
-Cuidados no final de vida, agravamento da doença, questões
bioéticas
Implicam na busca de qualidade de vida até a morte, promovendo alívio de sintomas
incapacitantes, mantendoa pessoa contente e com independência funcional, garantindo
uma vida ativa até a morte. Os tratamentos podem ser interrompidos, o cuidado nunca.
A bioética humanista traz um foco principal na pessoa, com responsabilidade, direito
de escolha e autonomia. A bioética envolve respeito, dignidade, diminuição de sofrimento e
a garantia de qualidade de vida.
-Questões familiares
O adoecimento afeta o equilíbrio familiar pelas perdas em várias dimensões. Há
necessidade de reorganização, reequilibração com redistribuição de papéis e
responsabilidades familiares. Pode-se favorecer a comunicação entre pacientes e
familiares, estimular decisões compartilhadas para os tratamentos. O luto antecipatório é
uma forma de elaborar perdas da doença e se preparar para o luto após o óbito.
É importante também o trabalho com familiares após o óbito do paciente. Os
encontros com os enlutados pode ser de forma grupal ou individual, podendo ser
encaminhados para clínica-escola ou instituições
-Profissionais de Psico-oncologia
Esses profissionais trabalham com pessoas com câncer em instituições hospitalares,
ambulatórios ou em domicílio. É fundamental a organização do trabalho em equipe para
garantir a saúde mental de seus profissionais. Esses profissionais estão em situações onde
têm que tomar decisões difíceis e esclarecer os familiares sobre os procedimentos e
diminuindo sua ansiedade.
Profissionais de saúde que trabalham com oncologia estão sujeitos a várias situações
estressantes. Pode-se resultar em colapso e em Burnout com sintomas físicos, psíquicos,
levando ao adoecimento. Esses profissionais por vezes entram em processo de luto com a
morte de alguns pacientes com os quais estabelecem vínculo, mas observa-se que esse
luto não é reconhecido nas instituições, aumentando o sofrimento. O trabalho em equipe é
essencial, e grupos de apoio para o cuidado desses profissionais podem trazer uma
diminuição do estresse.
-Trabalho do psicólogo em serviços de psico-oncologia
Pode-se citar a psicoterapia individual, grupo terapêutico, cuidados psicológicos,
programas psicoeducativos, cuidados com a família e preparação para procedimentos
invasivos como propostas de atendimento psicológico para pacientes com câncer e
familiares. Os atendimentos psicológicos têm como principais objetivos: desenvolver
consciência de necessidades pessoais, conhecer recursos internos, sentimentos e
possibilitar expressão de emoções. Todos são passos importantes na busca da qualidade
de vida e exercício da autonomia.
Os grupos temáticos podem desenvolver trabalhos com imagens mentais,
visualizações do sistema imunológico, estilo de vida, padrões de relacionamentos; além de
rodas de compartilhamento de experiências pessoais vinculadas ao tema. Os grupos de
intervenção psicossocial tem as seguintes propostas: busca de novo enquadre à vida,
formas de enfrentamento, mudança de crenças e comunicação franca.
É importante resolver assuntos inacabados que vão sendo postergados e tornam-se
prioridade durante o adoecimento e aproximação da morte. Reconciliação é uma das
questões fundamentais trabalhadas nessas situações.
É importante avaliar o conhecimento que o paciente tem da doença e sua força de
Ego para poder rever a vida e enfrentar os percalços da doença. Se há fragilidade de ego, o
processo psicoterápico deve ser baseado no oferecimento de apoio e suporte. Os
atendimentos devem ser flexíveis de acordo com as necessidades do paciente, da família e
as características que os cercam. O psicólogo pode ser um mediador importante nos
processos de comunicação do paciente, familiares e profissionais.

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