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Órgãos linfoides- imunologia

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GUIA DE 
ESTUDO 
 
Órgãos linfoides 
 
 
Profa. Ana Paula Peconick 
Karlos Henrique Martins Kalks 
(Atualizações: Janina de Sales Guilarducci e Lorraine Gonçalves 
Milagres) 
 
Lavras, 2020 
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Índice 
 
UNIDADE 1 3 
1.1 Introdução 4 
1.2 Órgãos linfoides primários 6 
1.2.1 Medula óssea 7 
1.2.2 Timo 10 
1.3 Órgãos linfoides secundários 12 
1.3.1 Linfonodos 13 
1.3.2 Baço 16 
1.3.3 Tecido linfoide associado às mucosas 19 
1.3.4 Sistema imunológico cutâneo 22 
1.4 Conclusão 23 
1.5 Bibliografia 24 
 
 
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UNIDADE 1 
 
 
 
 
 
OBJETIVO: Conhecer os órgãos do sistema imune, destacando as 
particularidades de cada órgão relacionadas com o desenvolvimento da 
resposta imunológica. 
 
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1.1 Introdução 
 
As células do sistema imunológico estão 
amplamente distribuídas no corpo, estando presente 
no sangue, linfa, tecidos epitelial, conjuntivo e no 
interior de vários órgãos. Estas células podem ainda 
estarem organizadas em órgãos linfoides – figura 1 
(linfonodo, baço, timo, medula óssea e tecido linfoide 
associado às mucosas- MALT) ou formarem 
estruturas menores designadas como nódulos 
linfóides (tonsilas, placas de Peyer, apêndice) sendo 
estes pertencentes ao MALT. 
Todo antígeno desconhecido pelo organismo é 
transportado para locais onde a resposta imunológica 
específica é gerada, através da exposição destes 
antígenos a células especializadas no 
desenvolvimento da resposta imune. Estas células, 
linfócitos e células acessórias, se concentram nos 
tecidos linfoides possibilitando a formação da 
resposta. 
Os tecidos linfoides são geralmente 
classificados em uma hierarquia sendo: órgãos 
linfoides primários, secundários e terciários. Dentre 
os órgãos linfóides primários encontram-se o timo e 
a medula óssea. O timo é o local onde as células T se 
desenvolvem e atinge sua competência funcional, já 
a medula óssea é o órgão responsável pela produção 
de todos os leucócitos e amadurecimento dos 
linfócitos B. Entre os órgãos linfoides secundários 
encontram-se os linfonodos, baço, o sistema 
imunológico cutâneo e o sistema imunológico 
associado às mucosas, onde os linfócitos são 
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expandidos devido a exposição para o antígeno, 
produzindo células de memória e efetoras. 
Geralmente, agregações de células linfoides mal 
definidas podem ocorrer em praticamente todos os 
órgãos e tecidos conjuntivo, exceto no sistema 
nervoso central. Por fim, os órgãos linfóides terciários 
são um novo aglomerado de células linfóides em 
locais inesperados, tecido linfoide ectópico, formado 
a partir do estímulo excessivo e recorrente da 
resposta imunológica recorrente ou exacerbada. 
Ocorrem geralmente em rejeição a transplantes, 
inflamações crônicas como em caso de sinusite, em 
doenças autoimunes, podendo, também ocorrer em 
indivíduos fumantes. 
 
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Figura 1. Órgãos linfóides e os principais vasos 
linfáticos (modificado de Junqueira's Basic Histology Text 
& Altas. The McGraw-Hill Companies, 12Th ed. 2010). 
 
1.2 Órgãos linfoides primários 
 
São considerados órgãos linfoides primários a 
medula óssea e o timo. Estes dois órgãos são 
definidos como primários, pois são neles que os 
linfócitos expressam inicialmente os receptores de 
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antígenos, se desenvolvem fenotipicamente e 
funcionalmente. Sendo assim, órgãos linfoides 
primários podem também serem definidos como 
órgãos geradores. 
 
1.2.1 Medula óssea 
 
A medula óssea é encontrada nos canais 
medulares dos ossos chatos e nas cavidades dos 
ossos esponjosos. Ela consiste em uma estrutura 
reticular esponjosa localizada entre longas 
trabéculas. Existem dois tipos de medula óssea com 
base em sua aparência no exame macroscópico: 
medula óssea de formação do sangue, cuja cor 
vermelha é produzida por uma abundância de sangue 
e de células hematopoiéticas e medula óssea 
amarela, que está cheia de adipócitos excluindo-se 
essencialmente as células hematopoiéticas. 
Após o desenvolvimento embrionário todas as 
células sanguíneas são derivadas de células-tronco 
localizadas na medula óssea, sendo o processo de 
produção destas células designado como 
hematopoese. Durante a hematopoese células-tronco 
pluripotentes dão origem a células-filhas com 
potencial restrito chamadas células progenitoras ou 
unidades formadoras de colônia (CFU). Estas são 
comprometidas com a diferenciação em uma 
linhagem particular, isto é, eritroide, megacariocítica, 
granulocítica, monocítica e linfocítica, a qual dá 
origem aos linfócitos B e células natural killers (NK) 
que se desenvolvem na própria medula, e aos 
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linfócitos imaturos que se desenvolverão em 
linfócitos T no timo. 
Durante o desenvolvimento celular na medula 
óssea moléculas químicas chamadas citocinas são 
responsáveis em estimular a expansão e o 
desenvolvimento de várias colônias leucocíticas ou 
eritroides, fornecendo um ambiente favorável para a 
hematopoese. Estas substâncias são produzidas por 
células do estroma e macrófagos presentes na 
medula. 
 
 
Tabela 1: Pesquise e descreva quais citocinas 
estão envolvidas no processo hematopoese 
destacando sua função: 
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A medula óssea também é reconhecida por ser 
o local de produção de anticorpos. Este fato deve-se 
a presença de plasmócitos, que são gerados nos 
tecidos linfoides periféricos a partir de linfócitos B 
que reconheceram um antígeno específico. Estas 
células estimuladas migram para a medula e lá 
executam sua função por muitos anos, pois 
encontram um ambiente favorável para a sua 
sobrevivência. 
 
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1.2.2 Timo 
 
O timo é um órgão bilateral (dois lobos) 
localizado no mediastino. Da mesma forma que a 
medula óssea, ele é considerado um órgão linfoide 
primário, pois é nele que os linfócitos T se 
desenvolvem. 
Cada lóbulo do timo é subdividido em vários 
outros lóbulos, sendo que cada um possui uma 
região mais externa denominada córtex (zona 
escura) e uma mais interna denominada medula 
(zona clara). O córtex é mais rico em pequenos 
linfócitos do que a medula, característica que faz esta 
região ser mais corada quando utilizada técnica 
histológica de coloração. Outros tipos celulares estão 
espalhados pelo timo como macrófagos e células 
dendríticas. Estruturas conhecidas como corpúsculos 
de Hassal, que são formados por células epiteliais 
compactadas em espirais são visíveis na medula do 
timo, pesquisadores sugerem que esses corpúsculos 
secretam citocinas que auxiliam as células 
dendríticas a diferenciar linhagens de linfócitos T 
reguladores (WATANABE et al., 2005). Elas podem 
ser provenientes de células em degeneração (figura 
2). 
O timo é um órgão amplamente irrigado por 
vasos sanguíneos e vasos linfáticos eferentes que 
drenam para os linfonodos do mediastino. Ele não 
possui nenhum vaso linfático aferente como ocorre 
com os linfonodos. Este órgão possui origem 
embrionária dupla. Seus linfoblastos precursores 
originam-se na medula óssea, migrando e invadindo, 
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posteriormente, o epitélioque se desenvolve vindo 
do endoderma dos terceiro e quarto bolsos 
faringianos do embrião. Este fato difere dos demais 
órgãos linfoides que se desenvolvem exclusivamente 
do mesoderma. 
 
 
Figura 2 – Morfologia do timo. Lado direito – Corte 
histológico do timo demonstrado o córtex e a medula; 
Lado esquerdo – Diagrama esquemático demonstrando os 
vários lóbulos dividindo o lobo do timo (modificado de 
Imunologia Celular e Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 
6ed. 2008) 
 
Como órgão linfóide primário o timo é o local 
de amadurecimento dos timócitos ,gerando linfócitos 
T. Sendo assim, é nele que ocorre a diferenciação 
dos linfócitos T e a remoção dos linfócitos T reativos 
contra autoantígenos, ou seja, antígenos do próprio 
organismo, uma questão importante para a indução 
de tolerância aos antígenos próprios. Células 
imaturas, timócitos, começam seu processo de 
amadurecimento no córtex, e conforme vão se 
desenvolvendo migram para a região medular que 
contém apenas células T desenvolvidas, que deixam 
o timo e ganham a circulação sanguínea, 
posteriormente alcançando os tecidos linfoides 
periféricos. 
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 Ainda aprenderemos sobre maturação 
das células T (seleção positiva e negativa) 
O timo atinge o seu máximo desenvolvimento 
em relação ao peso corporal imediatamente após o 
nascimento. No entanto, apresenta seu maior 
tamanho na puberdade e após esta fase, ele começa 
a involuir até não ser mais detectado na velhice. 
 
1.3 Órgãos linfoides secundários 
 
Os órgãos linfoides secundários são tecidos 
anatomicamente distintos que eficientemente 
concentram antígenos estranhos para que neles 
ocorra o início da resposta imune adaptativa. Sendo 
assim, para eles migram as células apresentadoras 
de antígenos, possibilitando a interação delas com as 
células efetoras da resposta imune. Alguns destes 
órgãos estão espalhados por todo o corpo, dessa 
forma facilitam uma reação adaptativa rápida. Dentre 
estes órgãos incluem-se os linfonodos, baço, tecido 
linfoide associado às mucosas e o sistema 
imunológico cutâneo. 
 
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1.3.1 Linfonodos 
 
O desenvolvimento dos linfonodos ocorre de 
uma maneira altamente ordenada durante a 
embriogênese. Estudos histológicos e moleculares 
possibilitaram a divisão da organogênese dos 
linfonodos em fases distintas. Na primeira delas, 
ocorre a formação dos vasos linfáticos. 
Posteriormente, uma estrutura primordial análoga 
dos linfonodos é colonizada por células progenitoras 
hematopoiética circulantes, CD45+CD4+CD3-, 
chamadas de células indutoras do tecido linfoide. 
Estas provêm um sinal para a indução da 
organogênese dos linfonodos. As células indutoras 
organizam-se e então se acumulam no linfonodo 
formando um grupo de células residentes, 
possibilitando o inicio da cascata de eventos 
intracelulares e extracelulares responsáveis pela 
maturação do linfonodo. 
Estruturalmente os linfonodos são pequenos 
agregados de tecidos em forma de feijão, cujo 
diâmetro em humanos geralmente alcança de 2-
10mm. Eles estão distribuídos por todo o corpo ao 
longo dos vasos linfáticos. Podem ser encontrados 
nas axilas, virilha, pescoço, tórax, abdome e 
principalmente no mesentério. Cada um deles é 
cercado por uma cápsula fibrosa na qual vasos 
linfáticos aferentes penetram liberando a linfa em um 
seio subcapsular. Válvulas presentes nos vasos 
linfáticos garantem que o fluxo da linfa ocorra em 
apenas uma direção. A linfa então é filtrada no 
córtex, penetra nos seios medulares e 
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posteriormente sai do linfonodo através do vaso 
linfático eferente pelo hilo – Figura 3. Os linfonodos 
consistem então em uma série de filtros em linha que 
são importantes para a defesa do organismo. 
 
Figura 3. Estrutura esquemática de um linfonodo 
(modificado de Junqueira's Basic Histology Text & Altas. 
The McGraw-Hill Companies, 12Th ed. 2010). 
 
Toda linfa derivada do fluido tecidual é filtrada 
em pelo menos um linfonodo antes de retornar a 
circulação sanguínea. 
O córtex dos linfonodos contém alta densidade 
de células B e células dendríticas foliculares, 
organizadas em grupos discretos chamados de 
folículos primários, enquanto o paracórtex é 
composto por estas células de maneira mais espaça. 
Os linfócitos entram nos linfonodos por diapedese 
através das vênulas de endotélio alto (HEVs), 
enquanto antígenos solúveis e células apresentadoras 
de antígeno entram pelos vasos linfáticos aferentes. 
Alguns folículos possuem uma área central chamada 
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de centro germinativo. Estes se desenvolvem quando 
ocorre uma resposta à estimulação antigênica. Nos 
centros germinais ocorre uma proliferação acentuada 
e seleção de células B, como também a produção de 
anticorpos de alta afinidade e geração de células B de 
memória. 
O posicionamento dos linfócitos e células 
dendríticas nos linfonodos é direcionado pela 
expressão de quimiocinas linfoides, conhecidas 
também como quimiocinas homeostáticas. A família 
destas substâncias incluem três ligantes, CCL19, 
CCL21 e CXCL13, e dois receptores CCR7 e CXCR5. A 
CCL19 e constitutivamente expressa pelas células do 
estroma da zona das células T, as quais 
compartilham o receptor CCR7, que orquestra a 
migração de células T naive, memória central e 
células dendríticas para a zona de células T. Já a 
CCL21 é expressa pelas HEVs e endotélio dos vasos 
linfáticos. Ela participa da migração de células 
dendríticas maduras para fora dos tecidos periféricos 
direcionando-as para os vasos linfáticos aferentes. A 
quimiocina CXCL13 é constitutivamente expressa 
pelas células estromais foliculares. Ela é necessária 
para o direcionamento das células B CXCR5+ para os 
folículos, assim como também para um pequeno 
grupo de células T. 
As características estruturais dos linfonodos 
aumentam a chance de interação entre as células 
apresentadoras de antígenos e os poucos linfócitos 
específicos para um dado antígeno. Sendo assim, os 
linfonodos contribuem para o desenvolvimento de 
uma resposta imune adaptativa mais eficiente. Duas 
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células têm papel fundamental na geração desta 
resposta nos linfonodos, as células dendríticas (DCs) 
e as células dendríticas foliculares (FDCs),sendo que 
estas são especializadas na apresentação de 
antígenos. 
 
1.3.2 Baço 
 
O baço é o maior dos órgãos linfoides do 
organismo e está envolvido na filtragem do sangue 
contra antígenos provenientes deste fluído. Portanto, 
qualquer partícula inerte no sangue é fagocitada por 
macrófagos ativos neste órgão. Nele também ocorre 
o processo denominado hemocaterese, ou seja, 
destruição das hemácias antigas do corpo. Da 
mesma forma que em outros órgãos linfoides, no 
baço, ocorre a produção de linfócitos ativados e 
anticorpos, os quais são entregues para o sangue, 
podendo assim alcançar todo o organismo. 
Em mamíferos, o baço está localizado sobre o 
lado esquerdo do corpo, entre o diafragma e o fundo 
do estômago. Ele é delimitado por uma cápsula de 
tecido conjuntivo denso, da qual emergem as 
trabéculas que subdividem o parênquima ou polpa 
esplênica. Do hilo, originam trabéculas grandes, que 
carregam nervos e artérias para a polpa esplênica. 
Veias que levam o sangue de volta para a circulação 
deixam o baço também pelo hilo. 
O baço é composto de tecido reticular que 
contém células reticulares, muitos linfócitos e outras 
células do sangue, macrófagos e células 
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apresentadoras de antígenos (APCs).Sua polpa pode 
ser dividida em dois compartimentos, polpa branca e 
vermelha. A polpa branca está relacionada com a 
função do desenvolvimento da resposta imunológica 
no baço. Ela é dividida em bainha linfoide 
periarteriolar (PALS), e folículos, os quais são zonas 
bem caracterizadas de células T e B, 
respectivamente. De forma semelhante a que ocorre 
nos linfonodos, as diferentes classes de linfócitos são 
distribuídas no baço por mecanismos de segregação 
simililares. Quimiocinas têm então um papel 
fundamental na distribuição dos linfócitos para 
determinadas regiões. Já a polpa vermelha contém 
macrófagos com a função de retirar microrganismos 
e outras partículas do sangue (figura 4). 
Apesar de o baço possuir importantes funções 
para o corpo, ele não é essencial para a vida. Quando 
o baço deve ser removido por alguma situação 
(doenças, ruptura, etc), outros órgãos como o fígado 
e a medula óssea, assumem muitas das funções 
deste órgão. Mesmo assim, ocorre um aumento 
significativo do risco de infecções em indivíduos que 
tiveram o baço retirado. 
 
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Figura 4. Visão esquemática da circulação 
sanguínea e estrutura do baço (modificado de Junqueira's 
Basic Histology Text & Altas. The McGraw-Hill Companies, 
12Th ed. 2010). 
 
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1.3.3 Tecido linfoide associado às mucosas 
 
O Tecido linfoide associado às mucosas (MALT) 
pode ser encontrado em uma grande diversidade de 
locais anatômicos, como o trato digestivo, 
respiratório e genitário. Ele é composto pelos 
microcompartimentos como as placas de Peyer, os 
nódulos mesentéricos linfáticos, o apêndice e os 
folículos solitários no intestino, além das tonsilas e 
adenoides no trato aéreo-digestivo. Nas mucosas que 
ocorrem os contatos entre o ambiente externo e o 
hospedeiro, o que demonstra a importância destes 
sítios para a proteção do organismo, envolvendo para 
isso uma rede de mecanismos imunológicos e não 
imunológicos. 
O MALT contém grandes números de células 
linfoides no parênquima dos órgãos mucoides, nos 
quais formam sítios efetores onde a resposta imune é 
manifestada. Estas superfícies mucosas apresentam 
um grande número de APCs, especialmente células 
dendríticas, que são responsáveis pela captação de 
antígenos e estimulação das células T. Também 
estão presentes células secretoras de IgA, células T 
CD4+ auxiliares, linfócitos B e linfonodos. 
Coletivamente, o MALT é uma dos maiores órgãos 
linfoides, contendo até 70% de todas as células 
imunes do corpo. Vasos linfáticos por onde as células 
do sistema imune e os antígenos são transportados 
estão presentes nele também. Destes vasos, estes 
componentes ganham acesso aos linfonodos 
regionais, onde a resposta é amplificada (figura 5). 
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As tonsilas são tecidos linfoides parcialmente 
encapsulado localizado abaixo do epitélio da cavidade 
oral e faringeana. Dependendo de sua localização 
elas são chamadas de palatinas, faringe ou tonsilas 
linguais. Tonsilas palatinas estão localizadas na parte 
posterior do palato macio. Elas possuem cerca de 10-
20 invaginações epiteliais, que formam as criptas. 
Seu tecido linfoide contém linfócitos livres e nódulos 
linfoides geralmente com centros germinativos. 
As placas de Peyer são coleções de linfócitos 
organizadas presentes na lâmina própria do intestino. 
Elas possuem uma semelhança anatômica com os 
órgãos linfoides secundários, com áreas claramente 
definidas de células T e B. O epitélio simples 
associado ao folículo (FAE), que recobrem as placas 
de Peyer, contém células especializadas em tomar 
amostras de antígenos e microrganismos do lúmen 
do intestino. Dessa forma, possibilitando a passagem 
desses imunógenos através da própria célula. Assim, 
é possível que APCs processem este material e 
interajam com linfócitos dando inicio a resposta 
imune adaptativa. Existem no apêndice folículos 
semelhantes às placas de Peyer, estes são 
encontrados em grande quantidade neste local. 
É interessante citar que a resposta imunológica 
aos antígenos orais possui a tendência de gerar 
tolerância nas células T, além de gerar altos níveis de 
produção de IgA nos tecidos mucoides. 
O MALT pode ainda ser subdividido em várias 
estruturas de acordo com sua localização anatômica. 
Dentre elas estão: 
• Tecido linfoide associado à conjuntiva – CALT; 
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• Tecido linfoide associado ao canal lacrimal - 
LADLT; 
• Tecido linfoide associado às glândulas 
salivares - SALT/DALT; 
• Tecido linfoide associado às 
narinas/nasofaringe - NALT; 
• Tecidos linfoides do anel de Waldeyer; 
• Tecido linfoide associado à laringe e traquéia - 
LTALT; 
• Tecido linfoide associado aos brônquios – 
BALT; 
• Tecido linfoide associado à mucosa gástrica - 
Gastric MALT); 
• Tecido linfoide associado ao intestino – GALT; 
 
 
Figura 5. Esquema da estrutura celular do 
tecido linfoide associado ao intestino – GALT 
(modificado de Junqueira's Basic Histology Text & 
Altas. The McGraw-Hill Companies, 12Th ed. 2010). 
 
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Alguns pesquisadores sugerem que o GALT é a 
parte do MALT, por ser uma importante via de 
entrada para muitos antígenos e agentes infecciosos. 
Ele compreende as placas de Peyer, os nódulos 
mesentéricos e um grande número de células 
espalhadas por toda a lâmina própria. 
1.3.4 Sistema imunológico cutâneo 
 
A pele compreende cerca de 1,5 a 2m2 de área 
total nos humanos. Isso a torna o maior órgão do 
corpo, o qual fornece a maior barreira física contra o 
ambiente. Muitos antígenos estranhos entram no 
organismo através de seu contato com a pele. Isso 
leva a uma resposta do organismo que muitas vezes 
é iniciada no próprio local de infecção. A evolução 
possibilitou desenvolver na pele um específico 
ambiente imunológico conhecido como tecido linfoide 
associado à pele – SALT. Este consiste 
principalmente de células de Langerhans (LC) e 
células apresentadoras de antígenos, as quais 
circulam entre a pele e os linfonodos; queratinócitos 
e células endoteliais, que produzem uma grande 
quantidade de citocinas e fatores de crescimento; e 
linfócitos, os quais saem da circulação e entram na 
pele. 
Durante a resposta imunológica da pele, células 
de Langerhans imaturas capturam o antígeno e 
estimuladas pelas citocinas inflamatórias, retraem 
seus processos membranosos, perdendo assim sua 
adesividade. Assim elas podem migrar para a derme 
e posteriormente para os linfonodos através dos 
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vasos linfáticos. Dessa forma possibilitando a 
ativação da resposta imune adaptativa. 
 
 
Pesquise e escreva sobre as vias de 
recirculação dos linfócitos T naïve. 
Sugestão: Trabalhe em equipe com os colegas 
nessa pesquisa. 
1.4 Conclusão 
 
Os órgãos do sistema imunológico são divididos 
em órgãos geradores (medula óssea e timo) onde as 
células do sistema imunológico se desenvolvem, 
órgãos secundários, onde efetivamente ocorre a 
resposta imunológica (linfonodos, baço, tecido 
linfoide associado às mucosas e o sistema 
imunológico cutâneo) e órgãos terciários, gerado a 
partir da resposta recorrente em lugares não 
esperados, como nos órgãos linfóides citados 
anteriormente. Como o exposto, existem várias 
estruturas anatômicas envolvidas no 
desenvolvimento da resposta imunológica. Nestas 
estruturas estão organizados vários tipos celulares 
com funções variadas e inter-relacionadas, as quais 
determinarão a resposta imune, seja ela do tipo inata 
ou adaptativa, que o organismo irá desenvolver 
contra a invasão de um determinado patógeno. 
 
 
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1.5 Bibliografia 
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