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Gastrite e Gastropatias Lara Parente Plano de aula: Conceito Classificação endoscópica Classificação histológica Classificação etiológica: - Gastrite crônica - Gastrites infecciosas - Gastrites granulomatosas; - Gastrites distintas; - Gastropatia química e reativa; - Gastropatias hiperplásicas; Introdução Gastrite: Lesão celular, processo regenerativo e infiltração inflamatória, associada a hiperplasia dos folículos linfóides (por exemplo: H.pylori). Gastropatia: Injúria e regeneração epitelial, edema e vasodilatação, não acompanhado de infiltrado linfocitário, não há lesão celular, é uma toxicidade. (por exemplo: AINES). Gastrites - classificação endoscópica • Gastrite não é um sintoma clínico, é um achado endoscópico – da histopatologia. • Sistema Sidney – reunião de especialistas que definiram a classificação da gastrite Gastrite e Gastropatias Lara Parente Classificação histológica • A1 e A2: Região do antro. • A3: Incisura angular - Região importante de infecção pelo Helicobacter Pylori • C1 e C2: Região da classificação de OLGA é a mais importante: Presença ou não de atrofia e o seu grau. Atrofia: perda das glândulas especializadas da mucosa gástrica que são produtoras do ácido clorídrico. A atrofia é uma lesão pré-cancerígena. Como uma gastrite evolui para o câncer de estômago? Gastrite e Gastropatias Lara Parente • Quando os fatores externos continuam agredindo a mucosa gástrica, ocorre o que chamamos de metaplasia intestinal (agressão aprofundada) é uma transformação do epitélio gástrico em um epitélio intestinal. • Com o tempo, ocorre uma alteração estrutural que é denominada de Displasia • Avaliar sempre se há atrofia ou metaplasia • Displasia gástrica: carcinoma in situ • Chance de gastrite evoluir pra câncer: 5-10% • Fig.1: Edema é o ingurgitamento dos vasos da submucosa, as pregas são mais espessadas. • Fig.2: Enantema que é um “pontilhado" avermelhado da mucosa gástrica, normalmente é a típica gastrite. • Fig.3: Exsudato com a mucosa com presença de um líquido meio esbranquiçado com aspecto de muco, bem comum em lesões encontradas nas infecções por H. Pylori. Friabilidade: é quando a mucosa está tão sensível que ela tem uma facilidade muito grande de iniciar um sangramento, mesmo com um toque mínimo do aparelho endoscópico. Sensibilidade maior da mucosa. Gastrite e Gastropatias Lara Parente • Erosões não são úlceras. São pequenas raladuras na mucosa. • Pode ser considerada como uma perda da solução de continuidade da mucosa. • As erosões atingem no máximo uns 5 mm e cometem apenas a mucosa, e esse é um aspecto que diferencia da úlcera • Na úlcera existe um acometido da submucosa e lesões maiores do que 5 mm • Ulcera: Até 5 erosões é considerado leve, de 5-10 é moderado e maior que 10 erosões é considerado grave. • Na foto da direita (primeira foto), podemos ver uma erosão plana, pois é rente a mucosa. • Na segunda foto, temos erosões elevadas que podem até se assemelhar a pólipos, mas é perceptivel a pequena raladura no ápice da lesão e a perda de solução decontinuidade. • Nodosidade é típico de infecções por H.pylori e consequentemente da hiperplasia de folículos linfóides, é a chamada gastrite nodular. Mucosa mais regurgitada, “caraquenta”. Gastrite e Gastropatias Lara Parente • Hemorragia intramural ou submucosa que são lesões típicas de gastropatias causadas por AINES.Há sangramento ativo, hematinas que são pquenas erosões de forma mais difusa. Classificação etiológica • A foto apresenta uma Gastrite crônica, normalmente causada por H.pylori. • H.pylori é uma bactéria gram negativa (bastonete) flagelar que é considerada como um microorganismo comensal, ou seja, “mora” no estômago da maioria das pessoas sem causar danos. • Uma pequena parcela dessa população é que desenvolver alguma doença relacionada a essa bactéria. A incidencia da bacteria é maior do que a incidencia da gastrite. • Quando essa bactéria causa dano, ela pode levar a 3 tipos de acometimento: • 1. Na região do antro - Gastrite antral: ✓ Em que se tem um aumento das células G, que são produtoras de gastrina. ✓ A gastrina eleva a acidez e desenvolve processo inflamatório. ✓ Esse processo está relacionado com até 15% dos casos de des envolvimento de úlcera duodenal. 2. Na região do corpo - Gastrite corporal: ✓ Em que se têm alterações na produção do pepsinogênio. ✓ Isso pode levar a infiltrado inflamatório na região do corpo do estômago. ✓ No corpo do estômago existe pouca secreção ácida. Gastrite e Gastropatias Lara Parente ✓ Nessa região, existe um maior envolvimento com fatores genéti cos e isso pode levar a atrofia gástrica. ✓ Assim, os fatores genéticos associados a virulência da bactéria vão levar a perda das células especializadas da mucosa e por fim causando a atrofia. ✓ Essa atrofia está relacionada com o maior desenvolvimento de adenocarcinoma – são mais perigosas. 3. Na região do corpo e do antro – pangastrite: ✓ Em que se tem um processo inflamatório dessas duas regiões. ✓ Na maioria dos casos, os pacientes desenvolvem um tipo de gastrite crônica que é assintomática. (Às vezes há um quadro leve) Ainda sobre a gastrite crônica… ➢ Infecção de infância, pois a contaminação da H. Pylori é via fecal-oral. ➢ Maioria assintomática. ➢ EDA inespecífica. ➢ Bx: infiltrado de neutrófilos e aumento das células inflamatórias da lâmina própria e folículos linfóides. ➢ Risco de úlceras, pólipos e neoplasias. ➢ A classificação histológia não tem correlação com os sintomas. ➢ Gastrite crônica é subdividida em: o Gastrite Crônica Simples – apenas inflamação, sem atrofia e sem metaplasia (Mais comum). ✓ Tratamento: IBP e antibióticos para Gastrite Crônica Simples o Gastrite crônica metaplásica ambiental – depende do meio, por exemplo, por drogas, H.Pylori e alimentação. ✓ Completa: Tipo I ✓ Incompleta: Tipo IIA, IIB, III. ✓ Acometimento do antro e do corpo. Gastrite e Gastropatias Lara Parente ✓ H.pylori presente em 85% das pessoas. ✓ Fatores genéticos e ambientais. ✓ Fator de risco para displasia e câncer gástrico. ✓ Tratamento: antibióticos para HP para Gastrite Crônica Metaplásica Ambiental o Gastrite atrófica metaplásica autoimune: ✓ Destruição autoimune de glândulas do corpo e do fundo do estômago. ✓ < 5% dos casos. ✓ Anticorpos contra células parietais e fator intrínseco – leva destruição das glandulas do corpo e fundo do estômago causando atrofia (visualizada por endoscopia e tem que ser cofirmada por biópsia). ✓ Associação com outras doenças autoimunes (ex: Diabetes tipo 1, vitiligo, doenças reumáticas e etc) ✓ Deficiência de vitamina B12 e anemia perniciosa ✓ H.pylori cagA+/vacA +, que são cepas de maior virulência. ✓ EDA ✓ Risco de desenvolver tumor carcinóide. ✓ Risco para adenocarcinoma 3-18x. ✓ Não há tratamento específico, se tiver H. Pylori tratar! Deficiência de vitamina B12 e anemia perniciosa ocorre devido a Vitamina B12 para ser absorvida no Íleo Terminal precisa se ligar ao fator intríseco na mucosa gástrica, se não tenho fator intríseco a vitamina B12 não é absorvida. Gastrite Crônica atrofiada. Gastrites Ifecciosas ❖ Ocorre mais em pacientes imunodeprimidos ❖ Citomegalovírus – que tem uma predileção pelo esôfago do que pelo estômago, mas apresenta um aspecto celular diferente (“olho de coruja”- que é uma inclusão citomegalica) na biópsia: Gastrite e Gastropatias Lara Parente ❖ Herpes simples e varicela zoster. ❖ Gastrite flegmonosa e enfisematosa (Gastritegrave causada por S. Aureus- leva a necrose gastrica e ate obito) – Apresenta uma lesão profunda, ulcerada, com fibrina em base: ❖ Micobactérias. ❖ Sífilis. ❖ Candidíase, histoplasmose e aspergilose (Na foto, Candidíase) ❖ Criptosporidiose, estrongiloidíase e ascaridíase. ❖ Aspectos não especificos, apenas biópsia define. Gastrites Granulomatosas: ▪ Granulomas não caseoso transmurais. ▪ Espessamento de parede e estreitamento da luz – que causam obstrução de saída gástrica no piloro: dor, desconforto, vômito e distensão. ▪ Acomete com maior frequência o antro. ▪ Crhon (acomete boca ate o ânus e pode acometer estômago) e sarcoidose. ▪ Tratamento: corticóide (prednisona) e cirurgia. Gastrite e Gastropatias Lara Parente Gastrites Distintas: ❖ Gastrite linfocítica: ✓ Associada a doença celíaca, doença de Ménétrier, colite colagenosa. ✓ Sintomas e EDA inespecíficos ✓ Hiperprolifeção de linfócitos. ❖ Gastrite varioliforme - variante ou de rosário ✓ Corpo e fundo ✓ Bx: > 30 LIE/100 célula ✓ Tratamento: Misoprostol ✓ Na endoscopia, vemos areas polipas elevadas e papulas umbilicais – se assemelha a contas de um rosário ( Por isso o nome gastrite linfocitica de rosário) ✓ Também chamada de varioliforme, porque se assemelha as pústulas da varíola na pele. ✓ EDA pode sugerir mas a biópsia que confirma. l ❖ Gastrite Eosinofílica: ✓ Intenso infiltrado de eosinófilos. ✓ Alergia e eosinofilia periférica. ✓ EDA: espessamento de mucosa, úlcera, quadros obstru9vos. ✓ Ma absorção e enteropatia perdedora de proteínas. ✓ Tratamento: corticóide (prednisona) ✓ Normalmente em crianças Gastrite e Gastropatias Lara Parente Gastropatias Química e Reativa: ➢ Gastropatia Aguda Hemorrágica: ▪ Causada por AINES – quando há diminuição das PG2 há diminuição das barreiras de proteção da mucosa. ▪ Álcool, cocaína, KCL, flúor, quimioterápicos, bifosfonatos. – agridem também ▪ Estresse metabólico – politraumatizado, uso de multiplas drogas vasoativas, pacientes graves em UTI que podem levar a uma isquemia gástrica. ▪ Predomínio em antro e duodeno. ▪ Lesão aguda de mucosa gástrica (LAMG) – Microlesões devido aos fatores externos ▪ Há pontilhado petequial e hemorragia intramurais: ➢ Gastropatia biliar: ▪ Esfíncter pilórico incompetente ou pós-operatório de reconstrução de trânsito – refluxo da bile para dentro do estômago (causa os sintomas devido a bile ser básica no ambiente ácido) ▪ Dor epigástrica, vômitos biliosos e perda de peso. ▪ Risco para metaplasia e atrofia gástrica. ▪ Não há tratamento eficaz, contudo, o tratamento é feito com IBP e sulcralfato. ➢ Gastropatia hipertensiva portal: ▪ Hepatopatia crônica: 50% ▪ Ocorre nos pacientes com cirrose – que aumenta pressão no território porta e nas veias da circulação colateral e isso inclui veias gastricas e esofágicas. Gastrite e Gastropatias Lara Parente ▪ Bx: congestão vascular com dilatação e tortuosidade das veias submucosas, fibrose perivascular. (é o fator confirmatório) ▪ Tratamento: beta-bloqueador - Diminui pressão. ▪ Na foto de baixo há o aspecto em favo de mel – vergões vermelhos no antro gástrico ➢ Ectasia vascular antral (GAVE) ▪ Raras ▪ Presentes em pacientes com cirrose ▪ Esclerodermia ▪ Pacientes reumáticos crônicos ▪ Outras doenças autoimunes ▪ São estrias avermelhadas que convergem até a região do piloro – aspecto watermelon stomach. ▪ Pacientes evoluem com anemia crônica ▪ Tratamento: Endoscópico – ligadura elástica ou cauterização desses vasos Gastrite hiperplásica: ➢ Doença de Ménétrier. ▪ Pregas gigantes no corpo e fundo + hipoalbuminemia + hiperplasia faveolar. ▪ Etiologia desconhecida, porém, pode ser causada por H.pylori e CMV. Gastrite e Gastropatias Lara Parente ▪ Associação com Síndrome de Zollinger Ellison – É um tumor de gastrina que leva hipergastrinemia, causando proliferação de ulcera. ▪ Pólipos hiperplásicos: maior risco de transformação neoplásica. ▪ Tratamento: antisecretores, corticóides e cirurgia (retirada de pólipos)
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