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AIM 7 Bases moleculares do câncer Lara Parente Robbins – cap. 7 INTRODUÇÃO ● O dano genético não letal encontra-se no cerne da carcinogênese. ● O dano inicial (ou mutação) pode ser causada por exposições ambientais, pode ser herdada na linhagem germinativa, ou pode ser espontânea e aleatória, caindo na categoria de “má sorte”. ● O termo ambiental, utilizado neste contexto, refere-se a qualquer mutação adquirida causada por agentes exógenos, tais como os vírus ou produtos químicos ambientais, ou por produtos endógenos do metabolismo celular. ● Um tumor é formado pela expansão clonal de uma única célula precursora que sofreu dano genético (ou seja, os tumores são clonais) ● A carcinogênese resulta do acúmulo de mutações complementares de forma gradual ao longo do tempo ● Mutações com perda de função em genes que mantêm a integridade genômica parecem ser um passo inicial comum no caminho para a malignidade, especialmente em tumores sólidos. ● As neoplasias malignas possuem vários atributos fenotípicos referidos como: o Marcas registradas de câncer o Crescimento excessivo o Invasividade local o Capacidade de formar metástases distantes Resultam de alterações genômicas que alteram a expressão e função de genes, formando um fenótipo maligno SUBCLONES AIM 7 Bases moleculares do câncer Lara Parente Robbins – cap. 7 FENÓTIPO MALIGNO As mutações que contribuem para o desenvolvimento do fenótipo maligno são referidas como mutações condutoras. 1.AUTOSSUFICIÊNCIA NOS SINAIS DE CRESCIMENTO Os tumores apresentam a capacidade de proliferação sem estímulos externos, em geral como consequência da ativação de oncogenes. 2.INSENSIBILIDADE AOS SINAIS INIBIDORES DO CRESCIMENTO Os tumores podem não responder a moléculas que inibem a proliferação de células normais, devido à inativação de genes supressores de tumores que codificam componentes dessas vias inibitórias de crescimento. AIM 7 Bases moleculares do câncer Lara Parente Robbins – cap. 7 3.METABOLISMO CELULAR INALTERADO As células tumorais são submetidas a uma mudança metabólica para a glicólise aeróbica (chamada de efeito Warburg), que permite a síntese de macromoléculas e organelas que são necessárias para o crescimento celular rápido 4.EVASÃO DA APOPTOSE Os tumores são resistentes à morte celular programada. 5.POTENCIAL DE REPLICAÇÃO ILIMITADO (IMORTALIDADE) Os tumores possuem capacidade proliferativa irrestrita, uma propriedade similar às células-tronco que permite que as células tumorais evitem a senescência celular e a catástrofe mitótica. 6.ANGIOGÊNESE MANTIDA As células tumorais, assim como as células normais, não são capazes de crescer sem um suprimento vascular para trazer nutrientes e oxigênio e remover os produtos do catabolismo. Portanto, os tumores devem induzir a angiogênese. 7.CAPACIDADE DE INVADIR E METASTATIZAR As metástases tumorais são a causa da grande maioria das mortes por câncer e surgem da inter-relação de processos que são intrínsecos às células tumorais e sinais que são iniciados pelo ambiente tecidual. 8. CAPACIDADE DE EVADIR DA RESPOSTA IMUNE DO HOSPEDEIRO Células do sistema imune inato e adaptativo podem reconhecer e eliminar células que apresentam antígenos anormais (p. ex., uma oncoproteína com mutação). ● As células cancerígenas exibem inúmeras alterações que lhes permitem evadir a resposta imune do hospedeiro. ● Aquisição das alterações genéticas e epigenéticas que conferem essas marcas pode ser acelerada pela instabilidade genômica e pela inflamação promotora do câncer. ● Essas são características consideradas capacitoras pois promovem a transformação celular e a progressão subsequente do tumor. INFLAMAÇÃO PROMOTORA DO TUMOR AIM 7 Bases moleculares do câncer Lara Parente Robbins – cap. 7 Células isquemiadas morrem por necrose devido irrigação ruim por danos genéticos INSTABILIDADE GENÔMICA Pode gerar acumulo de danos e mutações no material genético, tem sido estudada ara desenvolvimento de fármacos que promovam estabilidade genômica. QUATRO CLASSES DE GENES REGULADORES NORMAIS ● São os principais alvos de mutações causadoras de câncer. PRONTO-ONCOGÊNES Promotoras do crescimento ● As mutações que ativam proto-oncogenes Causam um aumento excessivo em uma das funções do produto genético codificado, ou,confere uma função completamente nova para o produto genético afetado que é oncogênica. ● Como essas mutações causam um “ganho de função”, elas podem transformar células apesar da presença de uma cópia normal do mesmo gene. ● Assim, no jargão genético, oncogenes são dominantes em relação a suas contrapartes normais. GENES SUPRESSORES DO TUMOR Geram proteínas que conseguem inibir o ciclo celular (conseguem frear proteínas que fazem a produção dos pronto-oncogenes) ● As mutações que afetamos genes supressores de tumor geralmente causam uma “perda de função” e, na maioria dos casos, ambos os alelos devem ser danificados antes que a transformação possa ocorrer. ● Os genes supressores de tumor com mutação normalmente se comportam de uma forma recessiva. ● No entanto, existem exceções a essa regra; algumas vezes, a perda de um simples alelo de um gene supressor de tumor (um estado denominado haploinsuficiência) reduz a atividade da proteína codificada suficientemente para que os freios sobre a proliferação e sobrevida celular sejam liberados. AIM 7 Bases moleculares do câncer Lara Parente Robbins – cap. 7 ● Essa descoberta indica que duas “doses” do gene são essenciais para a função normal. GENES QUE REGULAM A MORTE CELULAR PROGRAMADA Genes que regulam a apoptose ● Podem adquirir anomalias que resultam em menos mortes e, portanto, maior sobrevida das células ● . Essas alterações incluem mutações de ganho de função em genes cujos produtos suprimem a apoptose e mutações de perda função em genes cujos produtos promovem a morte celular. ● Mutações de perda de função que afetam genes de reparo de DNA contribuem indiretamente para a carcinogênese, prejudicando a capacidade da célula de reconhecer e reparar danos genéticos não-letais em outros genes. ● Como resultado, as células afetadas adquirem mutações a uma taxa acelerada, um estado designado por um fenótipo mutante que é marcada pela instabilidade genômica GENES ENVOLVIDOS NO REPARO DO DNA AUTOSSUFICIÊNCIA NOS SINAIS DE CRESCIMENTO: ONCOGENES Os genes que promovem o crescimento celular autônomo nas células cancerígenas são chamados de oncogenes Suas contrapartes celulares não mutadas são chamadas de proto-oncogenes. Os oncogenes são criados por mutações nos proto-oncogenes AIM 7 Bases moleculares do câncer Lara Parente Robbins – cap. 7 o Codificam proteínas chamadas de oncoproteínas que possuem a capacidade de promover o crescimento celular na ausência de sinais promotores de crescimento normais. o Sua atividade nas células não depende de sinais externos. Células que expressam oncoproteína liberadas dos pontos de verificação e controles normais que limitam o crescimento Se proliferando excessivamente Para ajudar na compreensão da natureza e das funções das oncoproteínas e do seu papel no câncer, é necessário descrever brevemente como as células normais respondem aos fatores de crescimento. Sob condições fisiológicas, as vias de sinalização do fator de crescimento podem ser explicadas nos seguintes passos: 1. Aligação de um fator de crescimento ao seu receptor específico. 2. Ativação transitória e limitada do receptor do fator de crescimento, que, por sua vez, ativa a várias proteínas de transdução de sinal citoplasmáticas. 3. Transmissão do sinal transduzido para o núcleo através de proteínas efetoras citoplasmáticas adicionais e segundos mensageiros, ou por uma cascata de moléculas transdutoras de sinal. 4. Indução e ativação dos fatores nucleares reguladores que iniciam a transcrição do DNA. 5. Expressão de fatores que promovem a entrada e progressão da célula no ciclo celular, resultando, finalmente, na divisão celular. 6. Alterações na expressão de outros genes que suportam a sobrevivência celulare alterações metabólicas que são necessárias para o crescimento ideal. Aberrações em múltiplas vias de sinalização foram identificadas em vários tumores; muitos componentes destas vias atuam como oncoproteínas quando sofrem mutação PONTOS-CHAVES PARA DESENCADEAR PROLIFERAÇÃO AIM 7 Bases moleculares do câncer Lara Parente Robbins – cap. 7 ● Fator de crescimento ● Proteínas receptoras ● Auto-ativação de segundos mensageiros (transdutores de sinais) ● Fatores de transcrição ● Componentes do ciclo celular ● Proteínas finais (aumento de proteínas oncogênicas e diminuição de células supressoras de tumor BAX, BAD, BIM) FATORES DE CRESCIMENTO ● A produção aumentada de fatores de crescimento não é suficiente, por si só, para a transformação neoplásica. ● Aumento do risco de mutações espontâneas ou induzidas nas populações celulares em proliferação. ● Algumas vezes o gene do fator de crescimento não está aumentado ou multado, e sim os transdutores de sinal. ● As células normais requerem uma estimulação pelos fatores de crescimento para proliferarem. ● A maioria dos fatores de crescimento solúveis são produzidos por um tipo celular e agem em uma célula adjacente para estimular a proliferação (ação parácrina). ● Contudo, muitas células cancerígenas adquirem a habilidade de sintetizar os mesmos fatores de crescimento a que são responsivas, criando uma alça autócrina. ● Por exemplo, muitos tumores cerebrais chamados glioblastomas expressam o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e tirosinas cinases receptoras do PDGF, enquanto muitos sarcomas superexpressam tanto o fator de transformação α (TGF-α) quanto seu receptor cognato, o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), outro membro da família de receptores tirosina cinase. ● Nos tumores em que uma alça autócrina é um elemento patogênico importante, o próprio gene do fator de crescimento normalmente não é alterado nem sofre mutação. ● O mais comum é que os sinais transduzidos por outras oncoproteínas causem superexpressão e secreção aumentada de fatores de crescimento, desse modo inciando e amplificando a alça autócrina RECEPTORES DE FATORES DE CRESCIMENTO AIM 7 Bases moleculares do câncer Lara Parente Robbins – cap. 7 ● Dimerização do receptor ● Constitutivamente ativado ● Superexpressão de formas normais do receptor – amplificação gênica ● TTO* – anticorpos antireceptor. ❖ O ERBB1 codifica o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), que é acometido por mutações pontuais em determinados cânceres. Várias mutações pontuais diferentes de ERBB1 o Encontradas em um subconjunto de adenocarcinomas do pulmão são de grande importância clínica. o Essas mutações resultam na ativação constitutiva da tirosina-cinase do EGFR. ❖ O ERBB2 codifica um membro diferente da família de receptores tirosina cinase, o HER2. AIM 7 Bases moleculares do câncer Lara Parente Robbins – cap. 7 o Em vez de ser ativado por mutações pontuais, o gene ERBB2 é amplificado em certos carcinomas da mama, levando à superexpressão do receptor HER2 e atividade constitutiva da tirosina cinase. o Rearranjos gênicos ativam outros receptores tirosina cinases, como ocinase ALK Por exemplo, uma deleção no cromossomo 5 funde parte do gene ALK com a parte de um outro gene chamado EML4 em um subconjunto de adenocarcinomas do pulmão. O gene de fusão resultante EML4-ALK codifica uma proteína quimérica EML4-ALK, novamente com atividade constitutiva de tirosina ccinase PROTEÍNA TRANSDUTORAS DE SINAIS A maioria (e possivelmente todos) os cânceres humanos possuem defeitos moleculares que afetam um ou mais componentes dessas vias; RAS É uma família de proteína, elas se ligam ao GDP/GTP e torna RAS ativada que tem uma ação enzimática catalítica que vai ativando a via MAP-cinase. ✔ Também passa a ter afinidade pela proteína GAP, porém só se liga RAS se tiver GDP/GTP. ✔ As mutações pontuais dos genes da família da RAS são o tipo mais comum de anomalia isolada envolvendo proto-oncogenes em tumores humanos AIM 7 Bases moleculares do câncer Lara Parente Robbins – cap. 7 FATORES DE TRANSCRIÇÃO ● Oncogenes: ♥ MYC ♥ MYB ♥ JUN ♥ FOS ♥ REL ● Principais fatores de TRANSCRIÇÃO que regulam a expressão de genes promotores do crescimento – ciclinas ● MYC: ♥ Proliferação ♥ Redução da adesão ♥ Aumento da motilidade ♥ Aumento da atividade de telomerase ♥ Diminuição da atividade de proteinase ♥ Aumento da síntese proteica.
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