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UNIDADE III GUIA DE ESTUDO Gestão de Compras e Logística 2 GESTÃO DE COMPRAS E LOGÍSTICA UNIDADE III PaLavras do Professor Olá aluno(a)! Vimos na unidade passada que uma boa gestão de compras proporciona um diferencial competitivo, permitindo que a organização alcance, por exemplo, maior participação de mercado, vendendo seus produtos/serviços a preços mais baixos do que seus concorrentes e, assim, obtendo maior lucratividade. Nesta unidade, você irá compreender o conceito de cadeia de suprimentos e de gerenciamento da cadeia de suprimentos. Também irá estudar o conceito de logística integrada e as principais decisões envolvidas nas diferentes etapas do fluxo de materiais. A essa altura, você irá perceber a importância da logística empresarial como diferencial competitivo para qualquer tipo de organização. Espero que os assuntos vistos nas unidades I e II tenham sido bem assimilados, pois iremos precisar deles para o entendimento desta unidade. Se ainda houver dúvidas, recomendo que você faça uma revisão das aulas anteriores e consulte o seu tutor, ele está a sua disposição para orientá-lo no que for necessário. Então, vamos começar? Bons estudos! 3 ConCeitos da LoGístiCa emPresariaL Como diferenCiaL ComPetitivo Antes de você compreender o conceito de Suply Chain Management (SCM) (do inglês, gerenciamento da cadeia de suprimentos), você precisa entender o que significa uma cadeia de suprimento (CS), também chamada de Suply Chain ou rede logística. A cadeia de suprimentos, também chamada Rede Logística, consiste em fornecedores, centros de produção, depósito, centros de distribuição, varejistas, além das matérias-primas, estoques de produtos em processos e produtos acabados que se deslocam entre instalações. A CS é uma rede de companhias autônomas, ou semiautônomas, que são efetivamente responsáveis pela obtenção, produção e liberação de um determinado produto e/ou serviço ao cliente final. Podemos dividir a cadeia de suprimentos em três fases: - Cadeia interna - Cadeia imediata - Cadeia total A cadeia interna são as operações e atividades que ocorrem dentro de uma empresa, a exemplo de compras e estoques. A cadeia imediata representa os fornecedores diretos e os clientes distribuidores (varejo, atacado, etc). A cadeia total contempla os fornecedores dos fornecedores até a origem da matéria-prima e os clientes dos clientes, até o consumidor final. A partir desses conceitos, fica claro que a cadeia de suprimentos consiste na integração das empresas. Uma cadeia de suprimentos que funciona bem é aquela em que há uma integração eficiente entre fornecedores, fabricantes, depósitos e clientes. Para que ocorra uma integração eficiente, a organização pode adotar um projeto de melhoria em logística que busque identificar os principais problemas dentro da empresa e classificá-los por grupo de oportunidades, tais como: clientes, fornecedores, tecnologia, técnicas, equipamentos e processos, e, em seguida, priorizá-los, completando a lista de problemas com os demais agentes da cadeia (clientes, fornecedores, transportadora, etc). É necessário analisar as oportunidades de melhorias na cadeia de suprimentos buscando responder perguntas do tipo: precisamos desses processos? A forma como são realizados? Prazo? Qualidade, com essa tecnologia? O que poderíamos melhorar? Mas o que vem a ser, então, gerenciamento da cadeia de suprimento (SCM)? Segundo o Conselho dos Profissionais de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (CS-CMP, 2004), o gerenciamento da cadeia de suprimentos abrange o planejamento e gestão de todas as atividades envolvidas na busca de fontes e compras, além de todas as atividades de gestão logística. Importante também é que inclui a coordenação e colaboração com os parceiros no canal, que podem ser fornecedores, intermediários, fornecedores de terceiros e clientes. Em essência, o gerenciamento da cadeia de suprimentos integra a gestão de suprimentos e da demanda dentro e entre empresas. Em outra definição, podemos dizer que a gestão da cadeia de suprimentos é a administração integrada 4 dos processos principais de negócios com fluxos físicos, financeiros e de informações, englobando desde os produtores originais de insumos básicos até o consumidor final, no fornecimento de bens, serviços e informações, de forma a agregar valor para todos os clientes - intermediários e finais - e para outros grupos de interesse legítimos e relevantes para a cadeia (acionistas, funcionários, gestores, comunidade e governo). A concorrência hoje não é mais entre empresas, mas entre cadeias de suprimentos, mesmo quando grande parte dos elementos das cadeias concorrentes seja comum a várias e compartilhadas. Embora se compartilhem muitos dos parceiros, o nível de competência com que essas empresas conseguem integrar-se aos seus parceiros compartilhados pode ser completamente diferente. Imaginemos que a Unilever (dona de marcas como OMO) esteja mais bem integrada com um grande varejista como o Walmart, Pão de Açúcar ou Carrefour, do que a Procter & Gamble (concorrente dona da marca Ariel). Neste exemplo, a cadeia da Unilever será mais eficaz que a cadeia da P&G, embora ambas estejam relacionando-se com os mesmos varejistas. Não restam dúvidas que a gestão da cadeia de suprimentos pode ser uma arma competitiva importante, na medida em que gera impactos relevantes no resultado financeiro das organizações. A gestão da cadeia de suprimentos envolve mais que apenas a gestão de custos, pois afeta também outros aspectos de desempenho, como a velocidade das entregas, a confiabilidade das entregas, a qualidade dos produtos, a flexibilidade com que a cadeia pode adaptar-se a mudanças internas ou ambientais e o nível de inovação da cadeia. Para o sucesso na implementação do SCM, podemos considerar 7 processos-chaves da cadeia de suprimentos que são: relacionamento com os clientes (1), serviço aos clientes (2), administração da demanda (3), atendimento de pedidos (4), administração do fluxo de produção (5), compras/suprimentos (6), desenvolvimento de novos produtos (7). O quadro a seguir resume os objetivos principais de cada processo de negócio: Processo de negócio-chave Objetivos Principais Relacionamento com os clientes. Desenvolver equipes focadas nos clientes estratégicos, que busquem um entendimento comum sobre características de produtos e serviços, a fim de torná-los atrativos para aquela classe de clientes. Serviço aos clientes. Fornecer um ponto de contato único para todos os clientes, atendendo de forma eficiente a suas consultas e requisições. Administração da demanda. Captar, compilar e continuamente atualizar dados de demanda, com o objetivo de equilibrar a oferta com a demanda. Atendimento de pedidos. Atender aos pedidos dos clientes sem erros e dentro do prazo de entrega combinado. Administração do fluxo de produção. Desenvolver sistemas flexíveis de produção que sejam capazes de responder rapidamente às mudanças nas condições do mercado. Compras/suprimentos Gerenciar relações de parceria com fornecedores para garantir respostas rápidas e a contínua melhoria de desempenho. Desenvolvimento de novos produtos. Buscar o mais cedo possível o envolvimento dos fornecedores no projeto de produtos e a sua colaboração nos níveis de inovação. 5 Para uma empresa ser competitiva e bem-sucedida não basta que seja eficiente e eficaz nas suas operações internas, suas parcerias empresariais também precisam ser eficientes e eficazes, e isso só se obtém com adequada gestão integrada da cadeia de suprimentos. exemPLo A Dell Computers é uma empresa que tem obtido resultados extraordinários no crescimento e na lucratividade, a partir da reconfiguração de sua cadeia de suprimentos. É uma das empresas que mais avançaram no conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos quando aprimorou a distribuição direta, oferecendo customização em massa, ou seja, respondendo quase imediatamente aos pedidos customizadosde seus clientes, e, ainda, conseguiu um grau tão avançado de parceria nas terceirizações que poderíamos chamar de integração virtual. Leituras ComPLementares Convido você a acessar o livro texto “Compra estratégica” (páginas 96 a 98). Os autores do e-book abordam o assunto: Suprimento Global. Esta leitura não é obrigatória para responder as atividades, mas complementa o seu conhecimento sobre gestão de compras e gerenciamento da cadeia de suprimentos. Não deixe de ler também as páginas (122 a 132), cujo tema é: “Cadeia de suprimentos e Desempenho logístico - Supply Chain Management”. Agora que você entendeu o que significa o gerenciamento da cadeia de suprimentos e a sua importância como diferencial competitivo, vamos estudar o que é logística integrada. A logística integrada pode ser vista como uma ferramenta gerencial capaz de agregar valor às atividades de marketing. Assim, a logística integrada pode ser compreendida como um instrumento de marketing, pois é capaz de agregar valor por meio dos serviços prestados. A política de serviço ao cliente é um componente central da estratégia de marketing que se transforma em uma missão a ser cumprida pela logística. Todavia, a logística integrada não é apenas o braço operacional do marketing. Para que seja gerenciada de forma integrada, a logística deve ser tratada como um sistema, ou seja, um conjunto de componentes (compras ou vendas, estoques, processamento de pedidos, armazenagem, e transporte). Qualquer tentativa de otimizar um componente isoladamente não levará a otimização do sistema, pois existe o que se denomina trade-off ou princípio das compensações ou perdas e ganhos. Tomemos como exemplo a diminuição dos custos de transporte por meio da consolidação de cargas. Tal decisão afetaria a quantidade de estoques, o custo de armazenagem e o processamento de pedidos, uma vez que os prazos de entrega ficariam mais dilatados. Assim, a logística integrada deve atender aos níveis de serviço ao cliente, estabelecidos pela estratégia de marketing, ao menor custo total de seus componentes. Ou seja, o somatório dos custos de transporte, compras, estoque, armazenagem, processamento de pedidos, vendas. Qualquer decisão em um dos componentes isoladamente pode gerar aumento de custos de outros componentes ou deteriorar o nível de serviço. 6 A excelência logística é exatamente conseguir ao mesmo tempo redução de custos e melhoria no nível de serviço. O paradigma segundo o qual melhores níveis de serviço implicam necessariamente em maiores custos é quebrado pelas organizações por meio das seis dimensões de excelência logística, abaixo: 1. Sucesso do cliente 2. Integração interna 3. Integração externa 4. Processos baseados no tempo 5. Mensuração abrangente 6. Benchmarking As organizações que atingem a excelência logística entendem que seu sucesso depende do sucesso dos clientes, pois ambos fazem parte da mesma cadeia de suprimentos. Assim, procuram conhecer bem o negócio de seus clientes para poder oferecer um serviço de alta qualidade, contribuindo, dessa maneira, para o sucesso de ambos. Enquanto na integração interna, a empresa busca conhecer muito bem os seus trade-off e possuir sistemas e organização adequados para tomar decisões de forma integrada; na integração externa, as organizações buscam desenvolver relacionamentos cooperativos com os diversos participantes da cadeia de suprimentos. Uma iniciativa de integração externa que vem sendo adotada no Brasil desde a década de 90 e é muito utilizado por redes de supermercados e operadores logísticos, é o Efficient Consumer Response (ECR). O ECR é um modelo estratégico de negócios nos quais fornecedores e varejistas trabalham de forma integrada. A dimensão “processos baseados no tempo” significa que a empresa tem processos que permitem oferecer respostas rápidas às exigências do mercado. Essa capacidade de respostas rápidas representa uma flexibilidade importante para a produção por encomenda, atendimento de pedidos, desenvolvimento e lançamento de produtos, etc. É na mensuração abrangente que a empresa desenvolve sistemas de monitoramento de desempenho das operações de forma adequada, e, toma decisões corretas e no tempo certo. Por último, a excelência logística pode ser alcançada por meio de programas de benchmark. Identificar as melhores práticas de outras empresas e adaptá-las as condições do próprio negócio deve ser uma prioridade das organizações. A excelência logística que tem como estratégia fundamental ter um desempenho melhor que o dos concorrentes, pode ser alcançado de algumas formas, como por exemplo: • Manter um estoque exclusivo em proximidade geográfica de um cliente importante; • Manter uma frota de caminhões em estado constante de prontidão para realizar entregas; • Consignar estoques, pois essa estratégia elimina a necessidade de realizar operações logísticas quando um produto é solicitado. A logística necessária para apoiar a consignação é realizada antes do surgimento da necessidade do produto por parte do cliente. É o que se chama de grau de prontidão logística. 7 Evidentemente que essas decisões de localização, transporte e estoques são adotadas após análise de trade-off e dos recursos/capacidades disponíveis na organização. veja o vídeo! Assista ao vídeo “Palestra sobre Logística Integrada”. Acesse o link. Duração: (39:31) Esse vídeo não é obrigatório e não será abordado nas nossas atividades. Principais decisões envolvidas nas etapas do fluxo de materiais Chegou a hora de você estudar as principais decisões envolvidas nas diferentes etapas do fluxo de materiais de uma organização. Mas antes, para compreender melhor esse assunto, é necessário que você conheça bem o conceito de logística. voCê sabia? A logística pode ser conceituada como a arte de comprar, receber, armazenar, separar, expedir, transportar e entregar o produto/serviço certo, na hora certa, no lugar certo, ao menor custo possível. É também a parte do gerenciamento da cadeia de abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes. Percebeu como é grande a quantidade de atividades e informações envolvidas na logística, bem como sua complexidade? Não restam dúvidas que a logística pode se tornar um diferencial competitivo para as organizações. Todavia, fatores ambientais, econômicos, jurídicos, políticos e sociais vem proporcionando aos profissionais da área inúmeros desafios. Mas como conseguir esse diferencial competitivo? Para que você possa responder a essa pergunta, eu te apresento as principais decisões tomadas no âmbito da logística e que constituem verdadeiros desafios para qualquer profissional da área, mas também oportunidades para fazer da logística um diferencial competitivo para sua empresa. Essas decisões estão agrupadas em: 1. Gestão de Pessoas 2. Gestão de Armazenagem 3. Gestão de Estoques 4. Gestão de Transportes 5. Infraestrutura 6. Gestão de Compras 7. Gestão da Tecnologia 8. Gestão da Demanda Vejamos então, cada uma delas: ??? https://www.youtube.com/watch?v=10HBAvyKXsU 8 Gestão de Pessoas O desafio do profissional de logística inicia-se no recrutamento e seleção de profissionais para sua equipe e continua com as atividades relacionadas à retenção, avaliação de desempenho, capacitação, motivação e liderança de suas equipes multifuncionais. Gestão de armazenagem Podemos olhar os desafios logísticos envolvidos no processo de armazenagem do ponto de vista estratégico como, por exemplo, a identificação da melhor localização do armazém e o processo de planejamento da rede; e, do ponto de vista operacional (planejar, organizar e controlar as atividades envolvidas nos processos de estocagem (guarda), movimentação e atendimentodos pedidos pelo armazém (picking)). Armazenagem envolve a administração dos espaços necessários para manter os materiais estocados na própria fábrica ou em locais externos (centro de distribuição). Essa atividade envolve localização, dimensionamento, arranjo físico, equipamentos e pessoal especializado, recuperação de estoques, projeto de docas ou baías de atracação, embalagens, manuseio, necessidade de recursos financeiros e humanos, entre outros. A função do armazém não se limite ao simples recebimento, conservação e expedição de materiais. Também existem as tarefas administrativas e contábeis. O fim principal da armazenagem de abastecimento é alimentar o processo produtivo. O fim principal da armazenagem de fornecimento de produtos acabados é a constituição de um sistema de alimentação do mercado que permita à área de vendas proporcionarem um serviço oportuno, contínuo e eficiente ao consumidor. A finalidade de um armazém é a de contribuir para eficiência da produção e da distribuição. O papel dos armazéns contemporâneos não é a armazenagem de estoques, pois apresentam uma proposta de benefícios econômicos e de serviços que incluem consolidação e fracionamento de carga, separação, armazenamento sazonal e logística reversa. Como a armazenagem representa um verdadeiro complexo de atividades inerentes ao conjunto das operações logístico, a armazenagem é fundamental para o bom desempenho das cadeias de suprimentos que atuam de forma cada vez mais enxuta, com estoques baixos e, em alguns casos, aplicando a técnica do Just in Time. Para que a armazenagem consiga atender a expectativa do mercado, é necessário que as atividades sejam executadas com perfeição para diminuir, por exemplo, os índices de avarias. Um dos grandes desafios da armazenagem está na capacidade de melhor aproveitar os espaços, razão pela quais muitas empresas resolvem implantar a metodologia 5S no armazém e, utilizar as ferramentas de qualidade total em todos os processos. Algumas organizações que buscam focar na eficiência logística como saída para contornarem um cenário político e econômico ruim estão considerando a decisão de migrar de um armazém próprio para um alugado. Os condomínios logísticos apresentam vantagens que permitem a redução de custos fixos e facilidade de estocagem, com o compartilhamento de uma infraestrutura completa (restaurantes, posto de combustível, borracharia, sistema de segurança, iluminação e ventilação, vestiário para os motoristas e pátio de estacionamento de carretas), além de facilitar a distribuição de produtos em função da sua localização estratégica. 9 Gestão de estoques A manutenção de estoques agrega valor de tempo ao produto/serviço, permitindo assim a disponibilidade do mesmo na hora desejada pelo cliente, o que gera um resultado favorável para os quesitos relacionados ao nível de serviço. Todavia, os custos com a manutenção de estoques é uma razão para que a organização atue com a menor quantidade possível de estoque e realize o seu gerenciamento de forma eficaz. A redução de custos de aquisição e transporte em decorrência de descontos obtidos pela compra em grandes quantidades devem compensar o custo com a manutenção de estoque. Os custos envolvidos no gerenciamento dos estoques podem ser divididos em dois grandes grupos: os custos de aquisição (custo de pedido ou de pedir), e os custos de manutenção. Os custos de aquisição envolvem todas as despesas que a empresa teve para colocar o produto dentro do armazém, tais como: custo do processamento e transmissão do pedido ao fornecedor, o custo de transporte da mercadoria e o custo de inspeção para verificar a qualidade da mercadoria. Os custos de manutenção englobam todos os custos de propriedade da mercadoria (custo de posse), durante o ano e pode ser dividido em: custo de espaço, custo de capital, custos dos serviços de estocagem e custos dos riscos da armazenagem. Nos custos de espaço está incluída a iluminação do local, condições especiais de armazenamento como gastos para controle de temperatura, por exemplo, custo da área do prédio que está sendo usada e que pode ser própria (custo de construção) ou de aluguel. O custo de capital refere-se ao valor financeiro imobilizado na estocagem. Representa o ativo de curto e longo prazo da empresa e taxa de juros e de oportunidade de mercado em que a empresa está inserida. Os custos de serviços de estocagem referem-se ao cálculo do seguro e dos impostos da mercadoria armazenada. Os custos dos riscos da armazenagem englobam os custos relacionados à deterioração, roubos, danos e obsolescência do material. Lotes econômicos de compra ou produção, tempos de ciclo e lead times (tempo entre o pedido e a entrega do material no estoque), resultam em níveis de estoque (capital de giro) que muitas vezes não são recalculados por ponto de armazenagem e com a frequência apropriada. Mesmo que a empresa possua um Enterprise Resource Planning (ERP), provavelmente esse sistema, não foi concebido para recalcular dinamicamente os estoques, com base nas projeções de demanda que muitas vezes são erradas, o que acaba gerando estoques aumentados ou raramente reduzidos e consequentemente acabam gerando aumento de custos ou comprometendo o nível de serviço ao cliente. Apesar de existirem sistemas de otimização de estoque que podem gerar melhores decisões, a experiência mostra que são difíceis de parametrizar, ou os seus operadores não conhecem, suficientemente bem, a variabilidade da demanda e o lead time. Com isso, não é raro que boas ferramentas acabem sendo abandonadas ou subutilizadas. A verdade é que poucas empresas têm conseguido aperfeiçoar a performance do capital investido em estoque, muitas estão perdendo dinheiro ao deixar o capital parado. 10 Gestão de transporte A gestão de transportes adiciona valor de lugar ao produto/serviço. Devido à importância do custo do transporte no custo logístico e a relação direta desta atividade com o recebimento dos insumos e o nível de serviço prestado aos clientes quando da entrega, a atividade de transportes demanda muita atenção dos profissionais de logística. Do ponto de vista de custos, o transporte chega a representar 60% das despesas logísticas, o que representa de duas a três vezes o lucro das companhias, como é o caso do setor de distribuição de combustíveis. Dentre as iniciativas para reduzir custos e melhorar o serviço ao cliente, destacamos os investimentos em tecnologias da informação, como a utilização de TMS (sistema de gerenciamento de transportes), que suporta decisões no nível estratégico, tático e operacional. Alguns exemplos de decisões no nível estratégico são: decisões de utilização de modais e definição da rede logística. As decisões táticas estão relacionadas à seleção e contratação de transportadoras e a análise de frete retorno, para citar alguns exemplos. No nível operacional, basicamente, as decisões dizem respeito à programação de transporte. As buscas por soluções intermodais possibilitam também redução significativa nos custos. Empresas como AMBEV, Coca-Cola e Alcoa, adotam há muito tempo iniciativas desse tipo. infraestrutura Além dos problemas internos, relacionados ao atendimento de toda a cadeia de abastecimento, ainda é preciso saber lidar com as limitações criadas pela falta de infraestrutura, decorrentes da corrupção e da má gestão no setor público. Assim, muitos dos desafios logísticos são agravados pela precariedade de nossa infraestrutura logística. Nosso país ainda não dispõe de ferrovias e hidrovias suficientes e, as péssimas condições das estradas acabam prejudicando o fluxo de produtos entre os diversos pontos da cadeia logística. É necessária muita criatividade para driblar essa ameaça. Gestão de Compras Neste item, os desafios são relacionados à identificação, seleção, negociação e avaliação de fornecedores. Como podemos perceber, o processo de aquisição é de grande complexidade e por isso, estudamos com maior profundidadena unidade 2. Gestão da tecnologia A necessidade de tratar um grande número de informações envolvidas no processo de planejamento, organização e tomada de decisões aliada aos avanços tecnológicos cada vez mais frequentes, demandam do profissional de logística um foco nesta área, pois tecnologia da informação e logística andam lado a lado. Esse assunto foi tratado na unidade I e será retomado na unidade IV. Gestão da demanda Previsão de Vendas é a mesma coisa que Planejamento da Demanda? Uma boa gestão da cadeia de suprimentos começa com uma boa gestão da demanda. O objetivo do planejamento da demanda é muito maior do que simplesmente prever corretamente as 11 vendas. É tomar decisões consensadas, entre as diferentes áreas funcionais da empresa de como alocar os seus recursos pra atender a demanda do mercado de forma a maximizar o valor entregue aos seus acionistas. Uma parte considerável, dos desafios logísticos, surge devido à ausência de processos organizados que visem o correto entendimento do comportamento da demanda do mercado com relação aos itens comercializados pela organização. O bom planejamento da demanda reduz significativamente os custos das operações através da antecipação dos fluxos de produtos e do balanceamento dos recursos. Entretanto, isso não é uma tarefa simples, uma vez que, decisões de planejamento envolvem diversos setores-chaves da empresa. Quanto maior a complexidade das operações, maior é a dificuldade de gerenciar e maiores também são os custos envolvidos. Torna-se necessária a estruturação de processos com diferentes agentes envolvidos na tomada de decisão. O planejamento da demanda possui, portanto, um papel estratégico essencial para o desempenho de toda a organização. Esse importante papel exige maior eficiência na condução dos processos para balancear todos os recursos com a demanda da empresa. Abaixo, são apresentados alguns benefícios do planejamento da demanda: 1. Reduz significativamente os custos das operações. 2. Possibilita a otimização do uso dos ativos (máquinas, instalações e veículos). 3. Melhora na acurácia da previsão de vendas. 4. Redução dos níveis de estoques. 5. Melhoria no atendimento ao cliente (redução de faltas de itens no pedido). 6. Melhora a relação com fornecedores participantes da cadeia produtiva que são impactados pela ausência de planejamento. 7. Possibilita maior integração entre as diversas áreas internas que passam a trabalhar com o mesmo objetivo de satisfazer clientes, empregados e acionistas. exemPLo A Toyota, um dos maiores fabricantes de carros do mundo, se diferencia dos seus concorrentes, não apenas pelas práticas de manufatura, mas também pela sua competência em gerenciar sua demanda, o que inclui a demanda de veículos por clientes finais e a gestão dos seus canais de distribuição (concessionárias), que são os seus clientes direto. A Toyota mede o desempenho das concessionárias periodicamente usando um sistema de ranqueamento e de recompensas, analisando a venda de carros novos e usados (unidades e fatias de mercado), as vendas de serviços e peças pós-venda (unidade e fatia de mercado), a satisfação do cliente, o número de lojas, pessoal e oficinas e a lucratividade. O seu contrato com a concessionária que duram três anos, prevê a suspensão ou desligamento da concessionária da cadeia em caso de mau desempenho repetido. 12 As organizações podem adotar ações para reduzir a variabilidade da demanda. Se for possível reduzir a variabilidade da demanda através de ações, isso deve ser feito sempre que os custos das ações forem menores que os custos de lidar com a variabilidade. Um exemplo de cadeia de suprimentos que tem demanda bastante variável ao longo do ano é a cadeia de fabricantes de sorvetes. A resposta a qualquer variação requer recursos adicionais. Mesmo que a cadeia de suprimentos trabalhe no sentido de manterem seus níveis de produção mais estáveis ao longo do tempo, os custos disso serão maiores para as cadeias que apresentam maior variabilidade de demanda, pois os níveis de estoques necessários serão maiores. Existem duas causas para a variabilidade de demandas. A primeira diz respeito às variações da demanda do consumidor final, que são variações nos padrões de compra e consumo dos produtos e serviços oferecidos; e, a segunda são as variações causadas pelo efeito chicote. Grande parte da variabilidade não é causada pelas variações da demanda do consumidor final, mas pelas práticas e decisões tomadas por outros membros da cadeia. Guarde essa ideia! O efeito chicote é um fenômeno dinâmico que faz com que pequenas variações de demanda no nível do consumidor final de uma cadeia de suprimentos sejam amplificadas crescentemente na medida em que as informações sobre essa demanda (normalmente na forma de pedidos) são transmitidas e distorcidas sequencialmente ao longo das relações cliente-fornecedor. As variações causadas pelo efeito chicote são variações na demanda de partes da cadeia de suprimento que são causadas por ações evitáveis e condições controláveis internas à cadeia de suprimentos. O maior desafio na gestão da demanda é como conduzir bem um processo de planejamento da demanda. Neste sentido, deve-se atentar para quem deverá ser escalado para as reuniões de tomada de decisão e quais funções cada integrante da equipe terá. É necessário também o conhecimento das ferramentas de planejamento e de modelos de previsão de vendas. Leitura ComPLementar Você quer saber mais sobre Gestão da Demanda? Então acesse o link. Este estudo apresentado nos Anais do SIMPOI 2013 traz um referencial teórico sobre um modelo de previsão de vendas genérico e sobre métodos de previsão de vendas. visite a PáGina Se quiser se aprofundar mais sobre o tema “Técnicas de Previsão de Vendas”, acesse o link. http://www.simpoi.fgvsp.br/arquivo/2013/artigos/E2013_T00356_PCN37906.pdf http://www.feg.unesp.br/dpd/cegp/2011/LOG/arquivos%20pdf/Tecnicas%20de%20Previs%F5es.pdf 13 PaLavra finaL Prezado(a) aluno(a)! Chegamos ao final do nosso terceiro guia de estudo! Nesta unidade, você conheceu os conceitos da logística empresarial como diferencial competitivo, as principais etapas do fluxo de materiais, as dimensões da excelência logística e os tipos de gestão e seus diferenciais competitivos. Agora é hora de você dedicar um tempo aos seus exercícios e à leitura do seu livro texto. Então não deixe de acessar os links mencionados neste guia, pois eles ajudam no aprofundamento do seu conhecimento com exemplos práticos. E caso tenha alguma dúvida, entre em contato com o seu tutor! Ele está à sua disposição para orientá-lo! Espero você na próxima unidade para finalizarmos esta disciplina. Até lá!
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