Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.esab.edu.br Logística EmpresarialCURSO DE ADMINISTRAÇÃO Logística Empresarial Vila Velha (ES) 2016 Escola Superior Aberta do Brasil Diretor Geral Nildo Ferreira Diretora Acadêmica Ignêz Martins Pimenta Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância Ignêz Martins Pimenta Coordenadora do Curso de Administração EAD Giuliana Bronzoni Liberato Coordenador do Curso de Pedagogia EAD Custodio Jovencio Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD David Gomes Barboza Produção do Material Didático-Pedagógico Escola Superior Aberta do Brasil Design Educacional Bruno Franco Design Gráfico Bruno Franco Diagramação Bruno Franco Equipe Acadêmica da ESAB Coordenadores dos Cursos Docentes dos Cursos Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840 Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES CEP 29102-040 Apresentação Caro estudante, O módulo, Logística Empresarial, tem como principal objetivo abordar os conceitos e princípios do gerenciamento de cadeia de suprimentos e logística. A logística empresarial é uma área da administração que tem recebido diferentes nomenclaturas, como distribuição física, administração de materiais, gerenciamen- to de transportes e, por último, gerenciamento da cadeia de suprimentos. Contudo, independente da nomenclatura, é relevante compreendermos a importância do processo logístico na administração das empresas, seja fomentando as vendas, como estratégia competitiva, ou geração de receita da empresa. Para a compreensão dos estudos a cerca da logística empresarial, é necessário compreendermos a evolução histórica da logística, pois ao longo do tempo vem evoluindo, passando de uma etapa isolada para a integralização dos processos administrativos. Neste módulo, iremos abordar conceitos como: Origem histórica da logística, evo- lução e inserção da logística no mundo empresarial, cadeia de suprimento, recursos logísticos, posicionamentos logísticos e gerenciamento da logística empresarial. Não há mais como um administrador ignorar a importância da logística empresa- rial, principalmente em tempos de globalização que tem impactado diretamente nas cadeias de suprimentos. Para isso, selecionamos algumas fontes consagradas a respeito do tema as quais nortearão nossos estudos: Ballou (2010), Chopra e Meindl (2014), Novaes (2015), entre outros. Bons estudos! Equipe Acadêmica da ESAB Objetivo O objetivo desse módulo é desenvolver uma visão ampla da Logística empresarial, do seu processo, evolução e estruturação. Habilidades e competências • Compreender a origem histórica da logística e sua evolução. • Entender os fundamentos da Logística Empresarial, cadeia de suprimentos e recursos logísticos. • Compreender a inserção da logística no mundo empresarial. • Estabelecer posicionamentos logísticos e gerenciamento da logística empresarial. Ementa Origem histórica da logística. Evolução e inserção da logística no mundo empresarial. Cadeia de suprimento. Recursos logísticos. Posicionamentos logísticos. Gerenciamento da logística empresarial. Sumário 1. CONCEITO E ORIGEM HISTÓRICA DA LOGÍSTICA ................................................................7 2. INSERÇÃO DA LOGÍSTICA NO MUNDO EMPRESARIAL ......................................................11 3. A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA EMPRESARIAL ...............................................................19 4. ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO DA LOGÍSTICA EMPRESARIAL ........................................22 5. RECURSOS LOGÍSTICOS ..................................................................................................26 6. POSICIONAMENTOS LOGÍSTICOS ....................................................................................31 7. CADEIA DE SUPRIMENTOS ..............................................................................................35 8. ORGANIZAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS .................................................................39 9. FATORES-CHAVE E MÉTRICAS DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ...........................................45 10. PROJETO DE REDE NA CADEIA DE SUPRIMENTOS ............................................................52 11. PROJETANDO REDES GLOBAIS DE CADEIA DE SUPRIMENTOS ..........................................58 12. PREVISÃO DE DEMANDA ................................................................................................62 13. ESTRATÉGIAS PARA MAXIMIZAR O DESEMPENHO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ............66 14. LOGÍSTICA REVERSA. .....................................................................................................69 15. CONTROLE DE UMA CADEIA DE SUPRIMENTOS ..............................................................73 Glossário ..............................................................................................................................79 Referências ..........................................................................................................................85 www.esab.edu.br 7 1 Conceito e origem histórica da logística Objetivo Apresentar os principais conceitos e origem histórica da logística. 1.1 Principais conceitos É comum ouvirmos expressões do tipo: temos que melhorar a logística da empresa, a logística foi fundamental para o sucesso desse evento, o problema foi a falta de logística. Muito bem, mas você sabe o que é logística? Qual a sua origem? O termo logística tem sido bastante relevante para o mundo empresarial e pode ser definido de muitas formas, portanto, iremos abordar alguns conceitos estabelecidos por autores da área como: NOVAES (2015), BALLOU (2010), ROZZOLINI FILHO(2007), VITORINO 2012. Noves (2015) defende que logística compreende o processo de planejamento, implementação e controle do processo no fluxo e armazenamento de produtos, assim como a eficiência nos serviços e informações, cobrindo desde o ponto de origem até o consumo, objetivando atender aos requisitos do consumidor. Processo de planejar, operar, controlar Fluxo e Armazenagem Matéria- prima Produtos em processo Produtos acabados Informações Dinheiro de forma econômica, e�ciente e efetiva satisfazendo as necessidades e preferências dos clientes do ponto de origem ao ponto de origem FIGURA 1 – Elementos básicos da Logística Fonte: NOVAES (2015, p. 58) www.esab.edu.br 8 A logística também é vista como um conjunto de atividades funcionais dentro do canal de suprimentos, por meio das matérias-primas que são transformadas em produtos acabados, agregando valor aos olhos do consumidor (BALLOU, 2010). Corroborando com os autores supracitados, ROZZOLINI FILHO(2007) estabelece que a logística é parte do processo de gestão da cadeia de suprimentos que objetiva planejar, implementar e controlar, de maneira eficiente e eficaz, o fluxo bidirecional físico e de informações, armazenamento de produtos e serviços, da origem ao ponto de consumo, sempre tendo em mente os objetivos da empresa e dos clientes. Sendo assim, a cadeia de suprimentos consiste na relação entre fornecedores, fabricantes, distribuidores e varejistas. Para tanto, os fatores que devem ser observados na construção e na gestão de cadeia de suprimentos são: a colaboração entre os elos da cadeia; a extensão da empresa, que atualmente se tornou mais difusa e permite a gestão conjunta dos elos de algumas atividades; e os serviços integrados, executados pelos elos especializados da cadeia de suprimentos(MORAES, 2015). Por outro lado, Vitorino (2012) salienta que logística não se limita à armazenagem, muito menos à distribuição ou transporte de mercadorias, estabelece a importância dela na integração de clientes, consumidores, fabricantes, distribuidores e transportadores, alinhando o conceito à vantagem competitiva para as organizações que efetivamente compreendem seu papel estratégico. Logo, a logística é responsável pelo processo que faz com que o produto final ou serviçochegue ao consumidor na hora e lugar corretos, ao menor custo possível e respeitando os padrões de qualidade exigidos pelos clientes (CAMPOS e BRASIL, 2007). Uma vez abordados os diferentes e pertinentes conceitos de logística, faz- se necessário conhecermos sua origem. 1.2 Origem histórica da logística O termo logística originou-se das operações militares, quando logistique denominava o posto existente no exército francês, onde o soldado que ocupasse tal posto, era responsável pelas atividades inerentes www.esab.edu.br 9 ao deslocamento, alojamento e acampamento das tropas, além de responsável pelos materiais (munições, equipamentos médicos), assim como outros recursos humanos (equipe médica, enfermeiros e auxiliares), necessários para as atividades de campo de batalha (NOVAES 2010). Contudo, Vitorino (2012) resgata o fato de que Alexandre, o Grande, foi um dos primeiros a perceber que a guerra não é vencida somente com armas, mas com estratégias inteligentes para suprir as necessidades das tropas. Ele enviava grupos na frente dos soldados com a missão de comprar suprimentos e montar armazéns mais adiante, ao longo do caminho. Assim, os soldados focavam somente nas batalhas. Dessa forma, a estratégia de Alexandre inspirou outros líderes famosos, como Napoleão e Luís XIV. Segundo a literatura, a partir da Segunda Guerra Mundial, a logística ganhou maior visibilidade, devido às operações militares, abrangendo as atividades relativas à provisão e administração de materiais, pessoal e instalações. A logística empresarial é um campo relativamente novo do estudo da gestão integrada, das áreas tradicionais de finanças, marketing e produção, visto que durante muitos anos as atividades logísticas eram exercidas por indivíduos (BALLOU, 2010). O autor ressalta que entre as décadas de 50 e 70 houve um representativo desenvolvimento nesta área, devido às alterações na demanda e comportamento dos consumidores e avanços tecnológicos. Dessa forma, a partir dos anos 70, a logística empresarial ganhou forma, entrando para o contexto da administração de empresas. Mais recentemente, o termo Gerenciamento da cadeia de suprimentos (GCS, ou SCM, do inglês supply chain management) tem sido utilizado como a essência da logística empresarial (BALLOU, 2010). Este assunto que será tratado de forma mais detalhada nas próximas unidades. www.esab.edu.br 10 Agora, você já sabe o que é logística e conhece sua origem. Na unidade 2, abordaremos a evolução e inserção da logística no mundo empresarial. Saiba mais Nesta unidade, você estudou os principais conceitos e origem histórica da logística. Agora, para aprofundar seus conhecimentos, convido você a conhecer a Revista Mundo Logística, disponível em <http://www.revistamundologistica.com.br>. Bom estudo! http://www.revistamundologistica.com.br www.esab.edu.br 11 2 Evolução e inserção da logística no mundo empresarial Objetivo Abordar a evolução e inserção da logística no mundo empresarial. Na unidade 1, apresentamos alguns conceitos de logística e sua origem. Nesta unidade, iremos abordar sua evolução e inserção no mundo empresarial, mediante as literaturas de NOVAES (2015), MORAES (2015), VITORINO (2012), BALLOU (2010), RAZZOLINI FILHO (2009), CAMPOS e BRASIL (2007) 2.1 Evolução da logística Pudemos perceber, na Unidade 1, que a logística é um processo incipiente no mundo empresarial. Novaes (2015, p. 63-73) divide o processo de evolução da logística em quatro fases, como veremos a seguir. • Primeira Fase: Atuação Segmentada As empresas procuravam formar lotes econômicos para transportar seus produtos, dando menor importância aos estoques. Ou seja, o enfoque era centrado nas possíveis economias que podiam ser obtidas com o uso de modos de transportes de menor custo, no emprego de veículos de maior capacidade, e na busca de empresas transportadoras com fretes mais reduzidos. No que diz respeito aos métodos de controle de estoques, adotava-se o critério EOQ (Economic Order Quantity, Quantidade Econômica do Pedido), que considerava que os estoques eram renovados para minimizar a soma do custo de inventário, do custo de transporte e do custo de elaboração do pedido. www.esab.edu.br 12 FIGURA 2 – Primeira fase da logística (Atuação segmentada) Fonte: NOVAES (2015, p. 64) Nessa fase, havia também uma preocupação das empresas com os custos logísticos, mas a visão era estritamente corporativa, cada empresa tentando reduzir ao máximo seus custos, mesmo que em detrimento dos outros elementos da cadeia de suprimento. • Segunda Fase: Integração Rígida É caracterizada como uma busca inicial de racionalização integrada da cadeia de suprimentos, mas ainda muito rígida, pois não permitia a correção dinâmica, em tempo real, do planejamento ao longo do tempo. Embora haja uma certa integração de planejamento entre os elementos da cadeia de suprimento, essa integração ainda não é flexível, assemelhando-se a um “duto rígido de PVC” ligando as partes, como mostra a Figura 3. www.esab.edu.br 13 FIGURA 3 – Segunda fase da logística (Integração rígida) Fonte: NOVAES (2015, p. 67) Não havia nenhuma flexibilidade no processo, porque a manufatura sempre que precisava alterar a programação da produção, fazia-o, trazendo transtornos às demais áreas da empresa. Mas não era somente a manufatura a responsável por tais alterações. O setor de vendas muitas vezes alterava as programações de vendas ou contratos com clientes e não comunicava à manufatura. Fornecedores, por sua vez, atrasavam a entrega de componentes ou matéria-prima, e assim por diante. • Terceira Fase: Integração flexível Esta fase começou em fins da década de 80 e ainda está sendo implementada em muitas empresas. A terceira fase da evolução da logística é caracterizada pela integração dinâmica e flexível entre os agentes da cadeia de suprimento, em dois níveis: dentro da empresa e nas inter-relações da empresa com seus fornecedores e clientes. A integração das empresas, no entanto, ainda se dá duas a duas, e esta evolução foi possibilitada graças aos avanços da informática. www.esab.edu.br 14 FIGURA 4 – Terceira fase da logística (Integração flexível) Fonte: NOVAES (2015, p. 69) Nota-se que se passa a observar maior preocupação com a satisfação do cliente, não somente com o consumidor final, mas também com todos os elementos intermediários, que por sua vez são clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento. • Quarta Fase: Integração Estratégica (SCM) Nas três primeiras fases da logística, a integração entre os vários agentes da cadeia de suprimento se dava basicamente em termos puramente físicos e operacionais: troca de informações, fluxo de produtos e de dinheiro, acerto de preços e de responsabilidades. Na quarta fase da logística, ocorre um salto qualitativo,pois as empresas da cadeia de suprimento passam a tratar a questão logística de forma mais estratégica, em lugar de otimizar pontualmente as operações, focalizando os procedimentos logísticos como meros geradores de custo, as empresas participantes da cadeia de suprimento passaram a buscar soluções novas, usando a logística para ganhar competitividade e para induzir novos negócios. www.esab.edu.br 15 O intercâmbio de informações na quarta fase é intenso: (NOVAES, 2015): • Ênfase absoluta na satisfação plena do consumidor final; • Formação de parcerias entre fornecedores e empresas clientes, ao longo da cadeia de suprimento; • Abertura plena entre parceiros, possibilitando acesso mútuo às informações operacionais e estratégicas; • Aplicação de esforços de forma sistemática e continuada, visando agregar o máximo valor para o consumidor final e eliminar os desperdícios, reduzindo custos e aumentando a eficiência. FIGURA 5 – Quarta fase da logística (Integração Estratégica – SCM) Fonte: NOVAES (2015, p. 72) Como demonstrado na Figura 5, a quarta fase da logística se distingue das outras, principalmente, pelo surgimentode uma nova concepção no tratamento dos problemas logísticos. Trata-se do SCM – Supply Chain Management (Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos). Nessa nova abordagem, a integração entre os processos ao longo da cadeia de suprimento continua a ser feita em termos de fluxo de materiais, de www.esab.edu.br 16 informação e de dinheiro, mas, agora, os agentes participantes atuam de forma estratégica, buscando os melhores resultados possíveis em termos de redução de custos, eliminação de desperdícios e agregação de valor para o consumidor final. Nas outras fases, cada elemento da cadeia de suprimento tinha um papel bem delineado: o fornecedor entregava a matéria-prima para o fabricante, a indústria fabricava o produto e o entregava ao varejista, e este o comercializava em suas lojas. Na quarta fase, essa separação já não é tão nítida, havendo uma interpenetração de operações entre elementos da cadeia. 2.2 Inserção da logística no mundo empresarial Vimos que, após a Segunda Guerra Mundial, a indústria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor(automóveis, eletrodomésticos, bebidas), aproveitando a capacidade ociosa e os novos processos de produção em série (NOVAES, 2015). A logística empresarial é um campo relativamente novo do estudo de gestão integrada, das áreas tradicionais das finanças, marketing e produção. O primeiro livro-texto considerando os benefícios da gestão logística coordenada foi publicado em 1961, o que de certa forma explica por que a consolidação dos estudos sobre logística empresarial é tão incipiente (BALLOU, 2010). Nos últimos 20 anos, as maiores histórias de sucesso são das organizações que conseguiram atender de forma rápida e barata aos clientes (VITORINO, 2012). Ao final da década de 70, o mundo foi assolado pelos produtos japoneses, baratos e de qualidade, levando a uma preocupação crescente das organizações atuantes em mercados globais. A concorrência acirrada, a globalização dos mercados, o poder de barganha dos consumidores (que não permitiram o repasse do custo de ineficiências ao preço dos produtos) tudo isso exigiu dos sistemas logísticos maior agilidade e visão mais ampla dos mercados em que as organizações estavam inseridas (RAZZOLINI FILHO, 2009). www.esab.edu.br 17 A inserção da logística no mundo empresarial se dá pela interação com outras áreas da empresa na busca por melhores resultados e alcance de objetivos, como relato de MORAES (2015, p. 26-27): • Com o marketing – a logística garante que os produtos oferecidos estejam disponíveis nos pontos de venda e, ao fazer isso pelo menor custo, torna-os mais competitivos. Além disso, identifica a melhor forma de realizar a distribuição e assegura que os prazos de entrega sejam cumpridos. • Com as finanças – garante que os produtos permaneçam no estoque o menor tempo possível (giro de estoque), define políticas de investimento (renovação de frotas, compra de novos equipamentos, softwares de gestão) e reduz os custos operacionais. • Com a produção – garante a disponibilidade de recursos, reduzindo o risco de uma interrupção da produção, e o controle das operações, evitando desperdícios. • Com os recursos humanos – define a política de recrutamento, traçando o perfil adequado dos profissionais que se busca, além de estruturar uma política de formação e treinamento de pessoal que assegure a atualização em novas técnicas e ferramentas aplicadas à própria logística. O conceito de logística no Brasil é muito recente, uma vez que sua difusão começou timidamente no início da década de 1990, a partir da abertura econômica que o país começava a vivenciar, ganhando maior notoriedade a partir de 1994, com a estabilização econômica propiciada pelo Plano Real (ROZZOLINI FILHO, 2009). Campos e Brasil (2007) destacam que as abordagens a respeito da logística vêm se tornando cada dia mais comuns nos meios empresariais, abordando áreas relativas ao planejamento (geral, de produção e de materiais), à administração (estoques de materiais, manuseio e controle) à distribuição física (movimentação e transporte), além das operações locais e globais. Nesse contexto, os autores ressaltam que as empresas que estão voltadas à otimização dos processos e dos seus respectivos custos podem fazer uso da logística empresarial de forma adequada, pois a competência logística decorre da avaliação relativa à capacidade de uma empresa para fornecer ao cliente um serviço competitivamente superior ao menor custo total possível. www.esab.edu.br 18 Conhecida a evolução e inserção da logística no mundo empresarial, faz- se necessário compreendermos a importância da logística empresarial. Saiba mais Para aprofundar mais seus conhecimentos, faça uma visita ao site da IBRALOG (Instituto Brasileiro de Logística) disponível em <www.ibralog.org.br>. http://www.ibralog.org.br www.esab.edu.br 19 3 A importância da logística empresarial Objetivo Compreender a importância da logística empresarial e seus objetivos. Na unidade 2, abordamos a evolução e inserção da logística no mundo empresarial. Nesta unidade, iremos compreender a sua importância para o contexto empresarial, sob a visão de autores como BALLOU (2010), ROZZOLINI FILHO (2007), CAMPOS e BRASIL (2007), NOVAES (2015) e VITORINO (2012). Ballou (2010) defende que a logística trata da criação de valor para os clientes e fornecedores da empresa, e para todos aqueles que têm nela interesses diretos. Nesse sentido, o autor explica que o valor/importância da logística é evidenciado principalmente em termos de tempo e lugar. Produtos e serviços não têm valor, a menos que estejam em poder dos clientes quando (tempo) e onde (lugar) eles pretendem consumi-los. A boa administração logística interpreta cada atividade da cadeia de suprimentos como contribuinte do processo de agregação de valor (BALLOU, 2010 p. 33). Por outro lado, Rozzolini Filho (2009) estabelece que as práticas logísticas modernas podem ser um fator fundamental para gerar a diferenciação e a competitividade empresarial por meio de resposta rápida, tendo em vista três fatores essenciais: • Sistemas puxados – é aquele em que as atividades de produção ou de logística são desenvolvidas com base na existência de uma demanda dos clientes ou de atividades subsequente ou posterior. Esses sistemas originam-se da aplicação dos princípios da filosofia de produção just in time (JIT). www.esab.edu.br 20 • Compressão do tempo – significa gerenciar os tempos de execução das atividades, visando a sua redução; busca reduzir os tempos de ciclo (lead times) das operações para fazer as coisas de maneira mais rápida. O principal benefício da compressão de tempo é reduzir as chances de erros operacionais, pois o tempo para o erro também é reduzido, quando as operações são sincronizadas ao longo da cadeia de suprimentos. • Velocidade – A velocidade é o principal fator da logística contemporânea, e o seu objetivo consiste em executar as atividades essenciais mais rapidamente e com maior precisão, aumentando o giro de estoques, uma vez que existe uma relação direta entre a estrutura da cadeia logística e a redução do tempo de entrega. Isso significa que, uma vez iniciado o movimento físico de produtos, ele deve continuar sem interrupções, até chegar ao destino final. Campos e Brasil (2007, p. 108-115) relacionam a importância da logística à capacidade de interferir no desempenho das empresas e em seu lucro. Contudo, os autores explicam que para compreender melhor esta relação, faz-se necessário conhecer a cadeia de suprimentos onde ela esteja integrada, o qual destacam: • A integração da cadeia de suprimentos – como o próprio nome diz, a cadeia ou rede de suprimentos é formada por elos ou nós, ou seja, por seus integrantes, que participam tanto da formação do lucro geral (bom desempenho) como dos resultados negativos (mau desempenho). Agilidade, disponibilidade, preço, lead time, qualidade e fidelizaçãosão algumas das muitas características que marcam os interesses dos que investiram (dinheiro e esforços) na melhoria do desempenho junto ao gerenciamento da cadeia de suprimentos. • Movimentação (interna) de materiais - é de consenso nos meios empresariais, assim como nos acadêmicos, que quando falamos em movimentação, está implícita a ideia de “interna”; e quando abordamos transporte, a situação reflete o contexto “externo”.Uma correta movimentação de materiais deve significar um processo adequado de coordenar o fornecimento dos suprimentos necessários à produção, juntamente com as exigências que tal operação requeira, isto é, utilidade com custos compatíveis. www.esab.edu.br 21 • O papel do transporte (externo) na logística - embora o transporte seja tratado por alguns como um fator que gera custos, tem sido observado por outros como possibilidade de ganhos, não somente financeiros como também de participação em um mercado cada vez mais exigente e competitivo. Para tanto, NOVAES (2015) destaca que o papel da distribuição física, como meta ideal, é o de levar os produtos certos, para os lugares e momentos certos e com nível de serviço desejado, pelo menor custo possível. • Embalagens – A embalagem tem um impacto relevante sobre o custo e a produtividade dos sistemas logísticos, visto que compreende três principais funções: utilidade e eficiência de manuseio, proteção contra avarias, bem como identificação. • Controle e manutenção de estoques – a influência da logística faz-se presente devido à ligação dos estoques com os mais variados processos produtivos. Uma adequada gestão de estoques deve considerar alguns parâmetros como: produto certo (material que atenda às especificações feitas), local certo (entregar no local correto em função das necessidades dos processos produtivos), tempo certo (no momento adequado, nem antes, nem depois do necessário), estado certo ( na forma adequada de acondicionamento, mantendo- se assim as características físico-químicas do item), e por fim, custo correto (com valores adequados dentro dos orçamentos feitos). Dentro desse contexto, Vitorino (2012) corrobora com os demais autores, argumentando que o objetivo principal da logística é o gerenciamento de suprimentos, organizando o vaivém dos materiais e produtos, desde a extração da matéria-prima até a chegada do produto às mãos do cliente. BALLOU (2015) complementa que a logística empresarial procura atingir metas de processos de cadeia de suprimentos que venham a conduzir a organização para os objetivos globais. Logo, podemos perceber que a logística empresarial vai muito além de transporte e distribuição física, mas é uma ferramenta indispensável à gestão, impactando diretamente no desempenho das empresas, assim como em sua competitividade. www.esab.edu.br 22 4 Estratégia e planejamento da logística empresarial Objetivo Abordar a estratégia e planejamento da logística empresarial. Na unidade anterior, compreendemos a importância da logística empresarial e seus objetivos. Nesta unidade, iremos abordar a estratégia e planejamento da logística empresarial sob a perspectiva de autores como CAMPOS e BRASIL (2007), MORAES (2015), TAYLOR (2005), ROZZOLINI (2009), BALLOU (2010). 4.1 – Estratégia de logística A estratégia corporativa começa com uma definição clara dos objetivos da empresa, mediante estabelecimento de metas para realização de lucros, retorno do investimento, participação no mercado ou crescimento. Traçados os objetivos, a empresa, normalmente, passa por um processo de estabelecimento de visão, implicando voltar-se por inteiro para os quatro componentes de uma boa estratégia: clientes, fornecedores, concorrentes e a empresa propriamente dita (BALLOU, 2010). Nesse contexto, o autor salienta que a estratégia corporativa impulsiona as estratégias funcionais, porque estas são englobadas na primeira, como é o caso da estratégia logística. A escolha de uma boa estratégia de logística exige o emprego de grande parte dos mesmos processos inerentes ao desenvolvimento de uma boa estratégia corporativa. Para isso, a estratégia logística inclui três objetivos principais: redução de custos, redução de capital e melhoria de serviços, conforme detalhado por BALLOU (2010, p. 51): www.esab.edu.br 23 • Redução de custos – é a estratégia voltada para o enxugamento dos custos variáveis relacionados ao transporte e armazenagem. A melhor estratégia é quase sempre aquela derivada da avaliação das opções disponíveis – por exemplo, escolher um entre os vários locais de armazenagem apresentados como alternativas, ou selecionar o melhor modal de transporte. Os níveis dos serviços normalmente são mantidos constantes, à medida que as alternativas de menores custos vão sendo encontradas. A maximização dos lucros é o objetivo maior. • Redução de capital – é a estratégia voltada para o enxugamento do nível dos investimentos nos sistemas logísticos. Maximizar o retorno sobre os ativos logísticos é a motivação dessa estratégia. Embarcar diretamente para o cliente, a fim de evitar armazenamento, optar por armazenamento público em lugar das opções privadas, por uma abordagem just-in-time em lugar de manter estoques, ou usar provedores terceirizados de serviços logísticos. Essas estratégias podem conduzir a custos variáveis maiores do que as estratégias que exigem um nível maior de investimento; no entanto, o retorno sobre o investimento pode ser incrementado. . • Melhoria de serviços – normalmente admitem que os lucros dependem do nível dos serviços logísticos proporcionado. Embora os custos aumentem rapidamente com a melhoria dos níveis logísticos dos serviços ao cliente, os lucros igualmente maximizados podem ser mais significativos que o aumento dos custos. Para ser eficiente, a estratégia de serviços é desenvolvida sempre tendo como parâmetro os serviços proporcionados pelos clientes. Conforme estudado na unidade 1, o processo logístico está diretamente ligado à cadeia de suprimentos que busca atingir um objetivo comum, por meio do alinhamento das atividades de várias empresas, chamadas de elos da cadeia. Nesse sentido, MORAES (2015, p. 44) classifica as estratégias da cadeia de suprimentos em: • Cadeia de suprimentos eficiente – é a estratégia voltada para a reposição de estoques, independente de ocorrer uma solicitação por parte do consumidor. É baseada em volumes (lotes econômicos de produção e de compras, estoques de produtos acabados, grandes embarques, processamento por lotes) e utiliza ferramentas de previsão de demanda para definir esses volumes. Por exemplo, uma www.esab.edu.br 24 indústria alimentícia que precisa ter seus produtos disponíveis no ponto de venda, por meio da reposição de seus estoques, de acordo com previsões de demanda. • Cadeia de suprimentos responsiva – essa estratégia é voltada para o atendimento individual de pedidos, ou seja, produz-se conforme ocorra solicitação por parte do consumidor da cadeia. A cadeia apresenta um excesso de capacidade instalada, uma vez que não há sistemas de previsão, e procura-se não limitar o número de atendimentos. Por enfocar o atendimento de pedidos, o processo deve ser flexível para absorver a entrada de novos pedidos, com exigências de tipo de produto, quantidade e/ou prazos de entrega que exija uma alteração na programação de produção. O transporte também é diferenciado, uma vez que a entrega também será processada de forma individual. Por exemplo, temos os fabricantes de aeronaves, que somente iniciam a produção após a confirmação da compra pelo cliente. Dependendo do tipo de problema abordado, as estratégias podem variar entre prazos longos e curtos. 4.2 - Planejamento logístico O planejamento é importante nas diversas áreas da administração e no âmbito da logística não é diferente, uma vez que esta é responsável por uma gama de decisões que são tomadas nas mais diferentes ocasiões em que seuserviço é requisitado (CAMPOS e BRASIL, 2007). Ballou (2010, p. 52) adverte que o planejamento logístico busca responder perguntas sobre o quê, quando e como, e se desenvolve assim como o planejamento corporativo, em três níveis: estratégico, tático e operacional, sendo a diferença entre eles determinada mediante o horizonte temporal do planejamento. O planejamento estratégico é considerado de longo prazo, com o horizonte temporal de mais ou menos um ano (localização de estoques e seleção de modal). O planejamento tático (níveis de estoques de segurança e regras de priorização de pedidos) tem um horizonte temporal intermediário, geralmente inferior a um ano. O planejamento operacional (execução de tarefas, separação de pedidos e despacho) é o processo decisório de curto prazo, com decisões normalmente tomadas a cada hora, ou diariamente. www.esab.edu.br 25 O planejamento logístico normalmente gira em torno de quatro áreas fundamentais: serviços ao cliente, localização, estoques e transporte, conforme Figura 6 (BALLOU, 2010): FIGURA 6: Triângulo de tomadas de decisões logísticas Fonte: BALLOU (2010, p. 54) Assim, cada vez mais as empresas reconhecem a importância da logística para serem mais competitivas para alcançarem o nível de serviço desejado por seus clientes. Contudo, embora seja inegável a grande transformação ocasionada pela implementação estratégica de sistemas logísticos e o consequente despertar da atenção das organizações para o enfoque da logística integrada (materializada pelo SCM), os administradores dos sistemas logísticos têm um desafio enorme nesse ambiente: desenvolver o planejamento da logística em consonância com a estratégia organizacional (ROZZOLINI FILHO, 2009). Estudo complementar Para entender melhor, na prática, o conceito de logística como estratégia, sugiro que leia o Estudo de Caso: Wal-Mart:reduzindo custos por meio da estratégia logística, por Tádzio Estevam, disponível em <https://cenariologistico. wordpress.com/2009/11/09/estudo-de-caso-wal- mart-reduzindo-custos-por-meio-da-estrategia- logistica/>. Boa leitura! https://cenariologistico.wordpress.com/2009/11/09/estudo-de-caso-wal-mart-reduzindo-custos-por-meio- https://cenariologistico.wordpress.com/2009/11/09/estudo-de-caso-wal-mart-reduzindo-custos-por-meio- https://cenariologistico.wordpress.com/2009/11/09/estudo-de-caso-wal-mart-reduzindo-custos-por-meio- https://cenariologistico.wordpress.com/2009/11/09/estudo-de-caso-wal-mart-reduzindo-custos-por-meio- www.esab.edu.br 26 5 Recursos logísticos Objetivo Conhecer as atividades e os recursos logísticos necessários para uma empresa realizar suas operações. Na unidade 4, abordamos a estratégia e planejamento da logística empresarial. Nesta unidade, iremos conhecer as atividades logísticas e os recursos necessários para a empresa realizar suas operações, por meio de literaturas como MORAES (2015), CAMPOS e BRASIL (2007), NOVAES (2015). 5.1 Atividades logísticas A logística empresarial contemporânea baseia-se em dois pilares: eficiência e eficácia das informações referentes aos dois pontos básicos da cadeia de negócios – demanda e oferta- de forma que a empresa possa atender às necessidades do mercado em que atua, a um custo adequado (ARBACHE et. al 2006). Para tanto, Moraes (2015, p. 22-23) apresenta as atividades que compõem o processo logístico: • Transportes – consiste em movimentar materiais de sua origem até o destino, utilizando um único meio ou a combinação de vários, por exemplo, caminhões para o transporte até o porto, onde os produtos serão embarcados em navios que os levarão até o ponto de destino, local em que novamente serão utilizados caminhões para a entrega ao destinatário final. NOVAES (2015) salienta que há diversas modalidades de transportes como por exemplo: transporte rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo, mas que a melhor opção dependerá da relação menor custo de transporte, respeitados os limites mínimo e máximo de tempo. www.esab.edu.br 27 • Manutenção de estoques - consiste em identificar os itens que devem ser estocados, em que quantidades e seus intervalos de reposição. • Processamento de pedidos – é o recebimento e análise dos pedidos dos clientes, a separação e a expedição dos itens que compõem o pedido. • Compras – consiste em adquirir no mercado fornecedor tudo o que não seja possível ou interessante de se produzir dentro da empresa. Essa atividade também engloba a pesquisa de novos materiais, o desenvolvimento de fornecedores e as negociações de contratos. • Embalagem e unitização – os objetivos da embalagem são proteger o produto e facilitar seu manuseio, movimentação, armazenagem e transporte, além de informar as características do produto e chamar a atenção do consumidor. A unitização consiste em reunir várias unidades de produto ou embalagens em um volume maior. Algumas vantagens da unitização de cargas são a menor utilização de mão de obra, menor número de manuseios de carga, reduzir volume, redução de custo no embarque e desembarque, ganho de tempo e redução de custo com embalagens. • Armazenagem – é um conjunto de processos que visam guardar os produtos, para que sua integridade seja preservada e ocupem o espaço disponível da melhor forma possível. • Manuseio e movimentação de materiais – visam garantir o fluxo interno de materiais, tornando os custos dessa atividade os menores possíveis, com a utilização de força humana ou motorizada. • Manutenção de informações – visa garantir que os cadastros de materiais, de fornecedores e de clientes estejam sempre atualizados, para que a qualidade do serviço seja sempre a maior possível. Essas atividades estão inter-relacionadas e devem ser alinhadas com os objetivos corporativos, de forma a alcançar os melhores resultados possíveis (MORAES, 2015 p. 24). 5.2 Recursos logísticos Para que a empresa consiga implementar suas operações mediante as atividades logísticas, é necessário dispor de alguns recursos classificados por MORAES (2015, p. 24-25) como: www.esab.edu.br 28 • Recursos financeiros – são necessários para que a empresa honre suas obrigações com seus parceiros, originadas a partir de recebimento de materiais ou de serviços. • Recursos materiais – são os recursos físicos necessários para a operação da empresa. E são divididos em: a. Materiais diretos – são todos os materiais que farão parte do produto final, como matérias-primas, componentes ou subconjuntos adquiridos de terceiros. b. Materiais indiretos – são aqueles necessários para a execução das diversas atividades da empresa, mas que não compõem o produto final. Por exemplo, máquinas e suas peças de reposição, material de informática, produtos de higiene e limpeza. • Recursos humanos – são as pessoas que executam as diversas atividades da empresa. • Recursos tecnológicos – correspondem a toda a tecnologia utilizada na execução das atividades, como computadores e softwares, máquinas operatrizes, utilidades e sistemas de comunicação. • Recursos intelectuais – é a capacidade que a empresa tem para produzir soluções de processos e produtos que atendam às necessidades dos clientes internos e externos. Moraes (2015) ainda dividi os recursos materiais em: • Recursos transformados (materiais) – são os recursos materiais que são tratados, convertidos ou transformados de alguma forma: matérias-primas, clientes, informações. • Recursos de transformação (patrimoniais) – são aqueles que agem sobre os recursos transformados: máquinas operatrizes, equipamentos auxiliares, instalações de utilidades (eletricidade, água, ar condicionado, etc.). Essas classificações de recursos são importantes para definição da forma de gestão a que estarão sujeitos. www.esab.edu.br 29 Resumo Na primeira unidade, apresentamos os principais conceitos e a origem histórica da logística. Vimos que a logística não se limita à armazenagem muito menos à distribuição ou transporte de mercadorias. Estabelecemosa importância dela na integração com clientes, consumidores, fabricantes, distribuidores e transportadores, alinhando o conceito à vantagem competitiva para as organizações que efetivamente compreendem seu papel estratégico (CAMPOE e BRASIL, 2007). Vimos que o termo logística originou-se das operações militares, quando logistique denominava o posto existente no exército francês, onde o soldado que ocupasse tal posto, era responsável pelas atividades inerentes ao deslocamento, alojamento e acampamento das tropas, além de responsável pelos materiais (munições, equipamentos médicos), assim como outros recursos humanos (equipe médica, enfermeiros e auxiliares), necessários para as atividades de campo de batalha ( NOVAES 2010). Dando continuidade, abordamos, na Unidade 2, a evolução e inserção da logística no mundo empresarial. Nesse contexto, NOVAES (2015) dividi a evolução logística em quatro fases: Atuação segmentada, Integração rígida, Integração flexível e Integração estratégica (SCM). Com relação à inserção da logística no mundo empresarial, vimos que se dá pela interação com outras áreas da empresa como: marketing, finanças, produção e recursos humanos. Na Unidade 3, compreendemos a importância da logística empresarial e seus objetivos. Quanto à sua importância, vimos que ela pode gerar diferenciação e competitividade empresarial, interferir no desempenho das empresas e em seu lucro. Quanto ao objetivo, VITORINO (2012) defende que a logística tem como principal objetivo o gerenciamento de suprimentos, organizando o vaivém dos materiais e produtos, desde a extração da matéria-prima até a chegada do produto às mãos do cliente. www.esab.edu.br 30 A estratégia e planejamento da logística empresarial foram abordados na Unidade 4. Percebemos que a escolha de uma boa estratégia de logística exige o emprego de grande parte dos mesmos processos inerentes ao desenvolvimento de uma boa estratégia corporativa. Para isso, a estratégia logística inclui três objetivos principais: redução de custos, redução de capital e melhoria de serviços. Estudamos que o planejamento é importante nas diversas áreas da administração e no âmbito da logística não é diferente, uma vez que esta é responsável por uma gama de decisões que são tomadas nas mais diferentes ocasiões em que seu serviço é requisitado (CAMPOS e BRASIL, 2007). Por fim, na Unidade 5, conhecemos as atividades logísticas e os recursos logísticos necessários para uma empresa realizar suas operações. As atividades logísticas estão inter-relacionadas e devem ser alinhadas com os objetivos corporativos, de forma a alcançar os melhores resultados possíveis. Para que a empresa consiga implementar suas operações mediante as atividades logísticas, é necessário dispor de alguns recursos como: recursos financeiros, recursos materiais, recursos humanos, recursos tecnológicos e recursos intelectuais www.esab.edu.br 31 6 Posicionamentos logísticos Objetivo Abordar os posicionamentos logísticos e sua implicações. Na Unidade 5, conhecemos as atividades e os recursos logísticos necessários para uma empresa realizar suas operações. Nesta unidade, iremos abordar os posicionamentos logísticos e suas implicações, sob a visão de BALLOU (2010), e WANKE (2001). Segundo Wanke (2006), o posicionamento logístico consiste na integração de processos de produção e logística, de modo a minimizar o custo total para um determinado nível de serviço. O autor salienta que existem diversos fatores que levam a uma crescente busca pela integração das operações de produção e logística, como: • Pressão para reduzir os níveis de estoque, em função dos elevados custos de oportunidade de manter os estoques. • Pressão para agilizar o atendimento ao cliente, reduzindo o prazo de entrega e aumentando a disponibilidade. • Pressão para customizar em massa, ou seja, oferecer para uma grande variedade de clientes produtos desenhados exclusivamente, visando atender suas necessidades específicas. Nesse sentido, Wanke (2001) estabelece que o posicionamento logístico é composto de cinco categorias de decisão que devem ser articuladas e coerentes entre si ao longo do tempo, de modo a permitir uma empresa alcançar seus objetivos de custo e nível de serviço: coordenação de fluxo de produtos, política de produção, alocação de estoques, política de transportes e dimensionamento da rede. www.esab.edu.br 32 6.1 Coordenação do fluxo de produtos A decisão de coordenação do fluxo de produtos é básica para a estratégia de posicionamento logístico, afetando fortemente as outras decisões, inclusive a política de produção (WANKE, 2001). A coordenação de fluxo de produtos está relacionada a qual estágio da cadeia vai acionar o fluxo: mais próximo do cliente final (PUXAR), mais próximo do fornecedor inicial (EMPURRAR). O método de coordenação de fluxo de produtos com a filosofia de empurrar é um método adequado sempre que a produção ou as compras excederem as necessidades de curto prazo dos estoques aos quais se destinam tais quantidades. Por outro lado, a coordenação do fluxo de produtos puxado resulta em níveis reduzidos de estoque nos pontos de armazenagem devido à sua reação às condições de demanda, especificamente, será estabelecido um contraste entre 1) demanda única, altamente sazonal, ou perpétua; 2) ordens de compras desencadeadas por um determinado nível de estoque ou por um processo de revisão de nível de estoque; 3) o grau de incerteza em demanda e no tempo médio de reposição (BALLOU, 2010 p. 282). Wanke (2001) estabelece que a decisão entre puxar ou empurrar depende da análise conjunta de dois fatores: • Visibilidade da demanda – refere-se ao fato de uma empresa da cadeia de suprimento ter acesso às informações da demanda do consumidor/cliente final em tempo real. • Tempos do ciclo de suprimento e distribuição – referem-se aos tempos médios de recebimento do insumo mais demorado para a produção e de entrega do produto para o cliente. Enquanto a visibilidade de demanda permite que os fluxos de produtos sejam puxados, ou seja, coordenados pelo estágio mais próximo do consumidor final, com base nas informações de venda em tempo real capturadas pela tecnologia de informação; Os tempos do ciclo de suprimento e distribuição permitem responder à seguinte questão: “se não houvesse mais estoques na cadeia de suprimentos, quanto tempo levaria para o cliente ter o produto em mãos?” (WANKE, 2001). www.esab.edu.br 33 6.2 Política de produção A política de produção consiste em definir se vai ser contra-pedido ou para estoque. Produzir contra-pedido significa que a compra e a transformação de insumos em produto acabado ocorrerão mediante a realização do pedido pelo cliente final. Por outro lado, produzir para estoque significa comprar e transformar insumos em produtos acabados antecipadamente à demanda, baseado em previsões de demanda. Para definir a política de produção mais adequada, deve ser observada não apenas a decisão sobre a coordenação do fluxo de produtos, mas também outras características do produto e do processo. WANKE (2001) esclarece que, dentre as características do produto, destacam-se o custo adicionado total, que pode ser medido na contabilidade de custos como o CPV(custo dos produtos vendidos), o grau de obsolescência (reflexo do ciclo de vida do produto) e o grau de perecibilidade(reflexo do prazo de validade do produto). 6.3 Alocação de estoques Outra decisão de posicionamento logístico é referente à alocação dos estoques, se vão ser centralizados ou descentralizados. A centralização dos estoques significa postergar ao máximo o transporte dos produtos, só sendo movimentados quando o cliente final colocar seu pedido. Por outro lado, descentralizar os estoques significa antecipar seu transporte/ movimentação por outras instalações intermediárias no presente momento, com base em previsões de vendas futuras. Para decidir com relação à alocação dos estoques, devem serobservadas características do produto e da demanda, além da decisão de coordenação do fluxo de produtos (WANKE, 2001). 6.4 Política de transportes Para Wanke (2001), existem dois critérios adotados por um embarcador na escolha do modal de transporte: preço/custo e desempenho. Normalmente, a dimensão desempenho é medida através do tempo médio de entrega, de sua variabilidade absoluta e percentual e do nível médio de perdas e danos que ocorrem no transporte. As empresas estão dispostas a incorrer num nível de preço ou custo de frete compatível com www.esab.edu.br 34 um dado desempenho. Além desses elementos, devem ser consideradas as características do produto e da demanda na escolha dos modais. Por outro lado, (BALLOU, 2010 p. 187) defende que a escolha de um modal de transporte depende de uma variedade de características dos serviços, como: tarifas dos fretes, confiabilidade, tempo em trânsito, perdas, danos, processamento das respectivas reclamações – e rastreabilidade; considerações de mercado do embarcador; considerações relativas aos transportadores. 6.5 Dimensionamento de redes O dimensionamento da rede de instalações está fortemente associada as mesmas características que influenciam a alocação dos estoques. Entretanto, devem ser feitas algumas considerações com relação ao impacto do aumento da quantidade de instalações sobre diferentes componentes do sistema logístico: nível de serviço, gastos com transporte, custos de oportunidade e gastos com armazenagem (WANKE, 2001). BALLOU (2010) acrescenta que uma organização precisa avaliar o impacto sobre o serviço ao cliente e custo, enquanto compara diferentes opções de rede de distribuição. www.esab.edu.br 35 7 Cadeia de suprimentos Objetivo Discutir os conceitos de Cadeia de Suprimentos sob a percepção de diferentes autores da área , fases de decisão em uma cadeia de suprimentos e visões de processo de uma cadeia de suprimentos. Na Unidade 6, abordamos os posicionamentos logísticos e suas implicações. Nesta unidade, discutiremos os conceitos de cadeia de suprimentos, seu processo e as fases de decisão, sob as definições de CHOPRA e MEINDL (2014), BALLOU (2010), CAMPOS e BRASIL (2007). Chopra e Meindl (2014) estabelecem que a Cadeia de Suprimentos consiste em todas as partes envolvidas, direta ou indiretamente, na realização do pedido de um cliente, incluindo não somente o fabricante e os fornecedores, mas também transportadoras, armazéns, varejistas e até mesmo os próprios clientes. Por outro lado, Ballou (2010, p. 29) alinha o conceito de Cadeia de Suprimentos ao de logística, como sinônimos. O autor defende que ambos se referem a um conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de estoques, etc.) que se repetem inúmeras vezes ao longo do canal pelo qual matérias-primas vão sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor. Contudo, CAMPOS e BRASIL (2007) defendem que a Cadeia de suprimentos num enfoque geral está relacionada à visão estratégica da empresa. Salientam, também, que a logística é um dos fatores que auxiliam no processo de operacionalização do gerenciamento da cadeia de suprimentos, assim como outros fatores: cadeia produtiva, canais de distribuição, aliança empresarial, parceria empresarial e ferramentas logísticas. Assim definidos pelos autores: www.esab.edu.br 36 • Cadeia produtiva – um conjunto de atividades das diversas etapas de transformação de matérias-primas básicas em produtos finais acabados; • Canais de distribuição – as formas usadas por uma empresa para escoar seus produtos até outras empresas e/ou clientes finais. Isso pode acontecer, por exemplo, por meio de atacadistas, varejistas, distribuidores, representantes, etc. • Logística – é responsável por comprar, armazenar e distribuir materiais e produtos acabados por toda a linha de produção e pela cadeia produtiva, ao menor custo possível e no prazo necessário. • Aliança empresarial – para que duas empresas sejam aliadas, primeiramente devem ser parceiras. Sendo assim, pode-se comparar uma aliança empresarial ao processo de casamento, em que pessoas diferentes constroem objetivos comuns. Autores como Chopra e Meindl (2014) e Ballou (2010) têm abordado a importância das relações empresariais e os resultados das operações logísticas. • Parceria empresarial – esta ocorre quando duas ou mais empresas mantêm um bom relacionamento, a partir de certo tempo, gerando uma maior confiabilidade entre os envolvidos, respeitando prazos, quantidades, níveis de desenvolvimento e de qualidade estabelecidos entre si, mantendo, porém, cada uma delas, a sua individualidade, em especial quanto às informações de ordem estratégica. • Ferramentas logísticas - são formas de melhor controlar e gerenciar o processo logístico como um todo, tais como gerenciamento de estoques, de armazenagem, de distribuição, de transporte, entre outros. Diante do exposto, podemos perceber que a cadeia de suprimentos é dinâmica e envolve o fluxo constante de informações, produtos e fundos entre diferentes estágios (CHOPRA E MEINDL, 2014) 7.1 Fases de decisão em uma cadeia de suprimentos. O sucesso do gerenciamento da cadeia de suprimentos requer muitas decisões relacionadas ao fluxo de informações, produtos e fundos. Dentro desse contexto, Chopra e Meindl (2014, p. 8) classificam as decisões de uma cadeia de suprimentos em três categorias,dependendo do período durante o qual elas se aplicam: www.esab.edu.br 37 • Estratégia ou projeto de cadeia de suprimentos – se relaciona à configuração da cadeia de suprimentos e tem um impacto em longo prazo, durando vários anos; • Planejamento da cadeia de suprimentos – aborda um período de alguns meses a um ano e inclui decisões como planos de produção, subcontratação e promoções durante o período; • Operação da cadeia de suprimentos – se estende de minutos até dias, e inclui o arranjo da produção e o atendimento a pedidos específicos. Os autores também salientam que as decisões de projeto definem as restrições para decisões de planejamento e decisões de planejamento definem as restrições para decisões de operações. 7.2 Visões de processo de uma cadeia de suprimentos Sendo a cadeia de suprimentos uma sequência de processos, há duas maneiras diferentes de ver os processos realizados em uma cadeia de suprimentos (CHOPRA E MEINDL 2014): • Visão cíclica – os processos são divididos em uma série de ciclos, cada um realizado na interface entre dois estágios sucessivos de uma cadeia. Cada ciclo inicia com um pedido feito por um estágio da cadeia de suprimentos e finaliza quando o pedido é recebido pelo fornecedor. Conforme figura 7, abaixo. FIGURA 7 – Ciclos do processo da cadeia de suprimentos Fonte: CHOPRA E MEINDL (2014, p. 10): www.esab.edu.br 38 Cada ciclo consiste em seis subprocessos, e começa com o fornecedor comercializando o produto a clientes. Um comprador, então, faz um pedido, que é recebido pelo fornecedor. O fornecedor atende ao pedido, que é recebido pelo comprador. O comprador pode retornar parte do produto ou outro material reciclado ao fornecedor ou a um terceiro. O ciclo de atividades, então, recomeça (CHOPRA E MEINDL 2014, p. 9). O autor salienta que uma visão cíclica da cadeia de suprimentos é útil quando levamos em conta as decisões operacionais, pois especifica claramente os papéis de cada membro da cadeia de suprimentos. Visão empurrar/puxar – Os processos em cada cadeia de suprimentos são divididos em duas categorias, dependendo se eles são executados em resposta aos pedidos de cliente ou em antecipação a eles. Processos tipo puxar são iniciados por um pedido de cliente, enquanto processo do tipo empurrar são iniciados e realizados em antecipação a pedidos de clientes (CHOPRA E MEINDL 2014, p. 9): Sendo assim, no momento da execução de um processo do tipo puxar, a demanda do cliente é conhecida com certeza, por esse motivo também são chamados de processos reativos,uma vez que reagem à demanda do cliente. O contrário ocorre com o processo do tipo empurrar, em que a demanda do cliente é desconhecida, por isso podem ser chamados de processos especulativos, uma vez que respondem à previsão de demanda, em vez da demanda real. Uma visão do tipo empurrar/puxar da cadeia de suprimentos é muito útil quando se consideram decisões estratégicas relacionadas a projeto de cadeia de suprimentos. O objetivo é identificar uma fronteira apropriada entre empurrar e puxar, de modo que a cadeia de suprimentos possa combinar oferta e demanda de maneira eficiente (CHOPRA E MEINDL 2014, p. 13). www.esab.edu.br 39 8 Organização da cadeia de suprimentos Objetivo Tratar das questões básicas da organização da cadeia de suprimentos. Na Unidade 7, discutimos os conceitos de cadeia de suprimentos, seu processo e as fases de decisão. Nesta unidade, iremos tratar das questões básicas da organização da cadeia de suprimentos e da melhor forma de conseguir coordenação e cooperação entre as atividades. Para tanto, utilizaremos a bibliografia de Ballou (2010). 8.1 Importância da Organização da cadeia de suprimentos No âmbito da gestão, a organização administrativa é a estrutura que cria condições para a criação, a implementação e a avaliação de planos. Trata- se de um mecanismo formal ou informal para a alocação dos recursos humanos da empresa, visando ao cumprimento de suas metas. Entretanto, sob a ótica da organização da cadeia de suprimentos e esforços logísticos, colocar as pessoas responsáveis pelas atividades logísticas em posições na organização que facilitem e incentivem a organização plena entre elas é uma questão primordial para a organização da cadeia de suprimentos e sistema logístico. Nesse sentido, BALLOU (2010, p. 542-543) estabelece três pilares para a organização dos esforços logísticos e cadeia de suprimentos: • Necessidade de estrutura organizacional - a logística/CS é uma atividade essencial que deve ser desenvolvida por todos os tipos de empresas ou instituições, o que significa a necessidade de algum arranjo organizacional, seja de ordem formal ou informal. www.esab.edu.br 40 • Fragmentação organizacional - Tradicionalmente a organização adotada pelas empresas é a centralização das atividades em torno das três funções primárias de finanças, operações e marketing. Sob a ótica logística, essa distribuição resultou em uma fragmentação das atividades logísticas entre essas três funções, em que o transporte pode ser atribuído às operações, o estoque dividido entre as três funções, e o processamento de pedidos inseridos tanto no contexto do marketing, quanto ao de finanças. Por exemplo, o marketing pode visar à entrega mais rápida, a fim de dar sustentação às vendas, enquanto que a produção, uma vez tendo a responsabilidade pelo tráfego, pode pretender impor o roteiro de menor custo. Logo, a necessidade de uma estrutura organizacional para a coordenação do processo decisório de atividades logísticas separadas se faz necessária. • Gerenciamento – o equilíbrio entre o serviço ao cliente e os custos deste serviço é fundamental para a operação da empresa. Dessa forma, é necessário o gerenciamento logístico para coordenar as operações combinadas como processamento de pedidos, tráfego e armazenagem. A necessidade de um determinado tipo de organização dependerá de como os custos logísticos ocorrem e de onde as necessidades de serviço são maiores. A forma organizacional pode estar centrada em gestão de materiais, distribuição física ou na cadeia de suprimentos (BALLOU, 2010). Contudo, no futuro, a organização logística/CS em todos os níveis optará pela cooperação como um tema geral da eficiência organizacional em lugar de simplesmente escolher estruturas organizacionais formais ( BALLOU, 2010). 8.2 Opções organizacionais Uma vez estabelecida alguma forma de estrutura organizacional, as empresas têm várias opções disponíveis, não havendo uma forma dominante, podendo ser categorizadas, conforme BALLOU (2010): www.esab.edu.br 41 • A organização informal – se estabelece quando há um clima favorável na empresa. Elas não dependem de qualquer mudança na estrutura organizacional existente, mas requerem coerção ou persuasão para obter a coordenação entre os agentes responsáveis pelas atividades logísticas. • A organização semiformal - parte do pressuposto de que o planejamento e logísticos encurtam o caminho entre as várias funções da estrutura organizacional da empresa. Nesse modelo, o profissional de logística passa a coordenar projetos que abrangem diversas áreas funcionais, numa estrutura conhecida como organização matricial. Nesse tipo de organização, o gerente de logística é responsável pelo conjunto do sistema logístico, mas não tem autoridade direta sobre as atividades que o integram. Nesse contexto, a estrutura organizacional tradicional da empresa permanece inalterada, mas o gerente de logística/CS compartilha a autoridade e responsabilidade pela decisão com o gerente da área da atividade envolvida. Embora a utilidade dessa modalidade de organização seja reconhecida, o fato de as linhas de autoridade e responsabilidade ficarem um tanto quanto indistintas, surgem, eventualmente, conflitos de difícil resolução. • A organização formal - são estabelecidas linhas transparentes e definidas de autoridade e responsabilidade para a logística/CS. Para tanto, é preciso instalar um gerente para que ele possa trabalhar de forma efetiva com as outras grandes áreas funcionais da empresa (finanças, operações e marketing), criando um equilíbrio de poder que colabora com os resultados econômicos da empresa como um todo. É importante salientar que , para compreender a adoção desses modelos, a organização logística/CS precisa estabelecer a coordenação entre as atividades logísticas para o seu planejamento e controle. 8.3 Orientação organizacional A escolha do tipo de estrutura organizacional de uma empresa depende de estratégia. Para tanto, BALLOU (2010) estabelece que o projeto organizacional, geralmente, segue três estratégias corporativas: www.esab.edu.br 42 • Estratégia de processo – é aquela que tem por objetivo atingir a eficiência máxima na transformação de matérias-primas em produtos acabados, passando pelo estágio de produtos em processo. O projeto de organização tende a focar-se nas atividades que criam aumento de custos. Isto é, atividades como compra, programação da produção, estocagem, transporte e processamento de pedidos serão concentradas e gerenciadas coletivamente. • Estratégia de mercado – empresas que têm uma forte orientação para o serviço ao cliente. Buscam principalmente tanto vendas quanto coordenação logística. A organização logística não deve em princípio integrar as atividades logísticas que são inerentes à estratégia de processo. A estrutura organizacional tende a expandir- se ao longo de unidades de negócios com vistas a um alto nível de serviço ao cliente. Nesse caso, os custos logísticos não serão facilmente mantidos no seu menor nível. • Estratégia de informação - empresas que focam na estratégia de informação são aquelas dotadas de uma significativa rede de representantes e organizações de distribuição a frente na cadeia com estoques relevantes. As empresas não são propensas a focar em uma única estratégia. Sendo assim, é comum existir estratégias mistas na mesma empresa, uma variedade de projetos poderá aparecer para empresas essencialmente similares (BALLOU, 2010). 8.4 Posicionamento organizacional O estabelecimento da estrutura organizacional que suportará as atividades logísticas deve iniciar-se com a definição do posicionamento dessas atividades. O termo posicionamento, segundo Ballou (2010, p. 551), refere-se ao ponto em que devem ser situadas essas atividades na estrutura organizacional. As principais questões a esse respeito envolvem decidir sobre: • Centralização versus descentralização – refere-se ao agrupamentodas atividades perto da cúpula administrativa, ou mantê-las dispersas ao longo das divisões das grandes empresas. Existem vantagens organizacionais na adoção de ambas as possibilidades, de forma que não são poucas as empresas que constituem formas organizacionais, mesclando aspectos de cada uma delas. www.esab.edu.br 43 A vantagem na adoção da forma centralizada assegura a manutenção de um rígido controle sobre as atividades logísticas para auferir as vantagens decorrentes do aumento de eficiência relativas aos ganhos de escala das atividades logísticas sob o comando de um único diretor. Esses ganhos de escala ocorrem, por exemplo, com sistemas de tráfego centralizados, armazenamento centralizado e compras centralizadas. Por sua vez, o emprego de uma organização descentralizada permite reação logística mais rápida e mais padronizada às necessidades dos clientes. Esse tipo é mais conveniente quando as linhas de produtos possuem características distintas de marketing, de logística e de manufatura, bem como em situações nas quais não é possível obter expressivos ganhos de escala. • Assessoria versus linha - quanto a adotar a assessoria ou localizar as atividades em linha, Ballou (2010, p. 552) ressalta que são muitas as empresas que não criam organizações dotadas de responsabilidade de linha, sobre a movimentação ou estocagem de produtos. Nessas empresas, há a ideia de que é mais interessante o estabelecimento de uma organização de assessoria, ou consultoria, para o atendimento das questões logísticas. Nessa configuração, o profissional de logística é alocado numa função de consultoria para as outras funções de linha, como marketing e operações. A adoção dessa concepção é bastante adequada nas seguintes situações: sempre que a opção por uma organização em linha puder causar conflitos indesejáveis entre as equipes existentes; nos casos em que as atividades logísticas forem menos importantes do que as atividades de venda e produção; quando o planejamento for mais relevante do que a condução das operações; quando a logística for tratada como um serviço compartilhado pelas divisões de produtos. • Utilizar modelos para uma empresa grande ou uma empresa pequena – deve-se reconhecer que há problemas logísticos tanto nas pequenas empresas, quanto nas grandes corporações. Aliás, de certo modo, para as pequenas empresas, as atividades logísticas são até mais importantes, uma vez que elas não tiram proveito das compras e remessas em grandes volumes, ao contrário do que ocorre www.esab.edu.br 44 com as grandes organizações. Ademais, sob a ótica organizacional, a pequena empresa se configura de maneira centralizada, porque, em razão de maior praticidade, ela não possui divisões de produtos. Como uma alternativa ao desempenho de todas as funções logísticas internas e , portanto, das organizações logísticas/CS extensivas necessárias, muitas empresas têm buscado terceirizar as atividades logísticas ou formar sociedades e compartilhar seus sistemas logísticos com outras companhias. Defensores dessas práticas argumentam que elas podem conduzir à redução dos custos e ao aperfeiçoamento do serviço ao cliente, permitindo, ao mesmo tempo, que a empresa se concentre em suas competências principais. Os que se opõem a essas práticas argumentam que há riscos de perda de controle das atividades logísticas e de uma consequente deterioração do serviço ao cliente (BALLOU, 2010, p. 565) Estudo complementar Nesta unidade, você estudou brevemente alguns elementos pertinentes à organização da cadeia de suprimentos. Para maior aprofundamento sobre o tema, sugiro que você acesse o site da Endevor Brasil e baixe o e-book: Logística Eficiente: Menos custos, mais entrega, disponível em <http://info. endeavor.org.br/ebook-logistica-eficiente>. http://info.endeavor.org.br/ebook-logistica-eficiente http://info.endeavor.org.br/ebook-logistica-eficiente www.esab.edu.br 45 9 Fatores-chave e métricas da cadeia de suprimentos Objetivo Identificar os principais fatores-chave de desempenho de cadeia de suprimentos, e conhecer as principais métricas que definem o desempenho da cadeia de suprimentos. Na unidade 8, tratamos das questões básicas da organização da cadeia de suprimentos. Nesta unidade, abordaremos os fatores-chave e métricas da cadeia de suprimentos. Para tanto, iremos estudar mediante as literaturas de CHOPRA e MEINDL (2014) e BALLOU (2010). 9.1 Fatores-chave de desempenho da cadeia de suprimentos Para compreendermos como uma empresa pode melhorar o desempenho de cadeia de suprimentos em termos de responsividade, ou seja, capacidade de atender prontamente e eficiência, temos de examinar os fatores-chave logísticos e interfuncionais de desempenho de cadeia de suprimentos. Dentro desse contexto, definimos cada fator-chave de desempenho da cadeia de suprimentos (CHOPRA e MEINDL, 2014): • Instalações – são os locais físicos reais na rede da cadeia de suprimentos onde o produto é armazenado, montado ou fabricado. Os dois principais tipos de instalações são locais de produção e locais de armazenamento. Decisões com relação à função, localização, capacidade e flexibilidade das instalações têm um impacto significativo sobre o desempenho da cadeia de suprimentos. Ter mais instalações geralmente resulta em uma cadeia mais responsiva, por outro lado, ter menos instalações resulta em maior eficiência. • Estoque – abrange todas as matérias-primas, o trabalho em processo e os produtos acabados dentro de uma cadeia de suprimentos. Os estoques continuam sendo um bom investimento de capital no www.esab.edu.br 46 canal de suprimentos, e a boa gestão significa mantê-los no nível mais baixo possível consistente com um equilíbrio de custos diretos e custos indiretos atribuídos ao seu nível e com a necessidade de manter um nível adequado de disponibilidade do produto (BALLOU, 2010). Manter níveis de estoque maiores aumenta a responsividade de uma cadeia de suprimentos, enquanto manter estoque baixo aumenta a sua eficiência (CHOPRA e MEINDL, 2014) • Transporte – envolve a movimentação de estoque de um ponto para o outro na cadeia de suprimentos. O transporte pode tomar a forma de muitas combinações de modais e rotas, cada uma com suas próprias características de desempenho. O uso de modos de transporte mais rápidos aumenta a responsividade de uma cadeia, enquanto o uso de modos mais lentos geralmente aumenta sua eficiência. • Informação – consiste em dados e análise referentes a instalações, estoque, transporte, custos, preços e clientes por toda a cadeia de suprimentos. A informação é de longe o maior fator-chave de desempenho na cadeia, pois afeta diretamente cada um dos outros fatores. Investimentos em informação podem melhorar bastante o desempenho da cadeia de suprimentos, desde que seja feito com base na posição estratégica sustentada pelos outros fatores-chave. • Sourcing – é a escolha de quem realizará uma determinada atividade na cadeia de suprimentos, como produção, armazenamento, transporte ou gestão da informação. Em nível estratégico, essas decisões determinam que funções a empresa realiza e que funções ela terceiriza. Decisões de sourcing adequadas elevam os lucros da cadeia de suprimentos, atribuindo funções da cadeia à parte correta, e traz maiores economias de escala ou um nível mais alto de agregação de incertezas. • Precificação (pricing) – determina o quanto uma empresa cobrará por bens e serviços que ela torna disponíveis na cadeia de suprimentos. Preços afetam o comportamento do comprador do bem ou serviço, afetando, assim, o desempenho da cadeia de suprimentos. A precificação pode ser utilizada para atrair determinado segmento de cliente-alvo. É importante salientar que esses fatores-chave não atuam independentemente, mas interagem entre si para determinar o desempenho geral da cadeia de suprimentos. www.esab.edu.br 47 A cadeia de suprimentos pode, então, ser estruturada para oferecerresponsividade a alguns clientes enquanto melhora a eficiência como um todo (CHOPRA e MEINDL, 2014). 9.2 Métricas relacionadas aos fatores-chave de desempenho da cadeia de suprimentos Vimos que há fatores-chave que impactam no desempenho da cadeia de suprimentos, seja no âmbito da responsividade e/ou eficiência. Contudo, cada fator-chave possui métricas que determinam esse impacto. Sendo assim, autores como Chopra e Meindl (2014) e Ballou (2010) apresentam as respectivas métricas de cada fator-chave: • Métricas relacionadas à instalação – capacidade (mede o volume máximo que uma instalação pode processar); utilização (mede a fração de capacidade que atualmente está sendo usada na instalação); custo de produção por unidade (mede o custo médio para produzir uma unidade de saída); tempo de fluxo/ciclo teórico de produção (mede o tempo exigido para processar uma unidade, se não houver absolutamente quaisquer atrasos em qualquer estágio); tempo de fluxo/ciclo médio real( mede o tempo médio real usado por todas as unidades processadas por uma duração específica, como uma semana ou um mês); eficiência de tempo de fluxo (é a razão entre o tempo de fluxo teórico e o tempo de fluxo médio real); variedade de produtos (mede o número de produtos/famílias de produtos processados em uma instalação); contribuição de volume das 20% maiores SKUs e clientes (mede a fração do volume total processado por uma instalação representado por 20% maiores unidades de manutenção de estoque (stock keeping units – SKUs) ou clientes. Um resultado 80/20, em que as 20% maiores contribuem com 80% do volume, indica prováveis benefícios de focar a instalação onde os procedimentos são usados para processar, de forma separada, as 20% maiores e as 80%restantes); tempo ocioso de processamento/ preparação/parada (mede a fração de tempo em que a instalação estava processando unidades, sendo preparada para processar unidades, indisponível porque estava inoperante ou ociosa, porque não tinha unidades para processar; perda de qualidade ( mede a www.esab.edu.br 48 fração da produção perdida em decorrência de defeitos); tamanho médio de lote de produção (mede a quantidade média produzida em cada lote de produção, sendo que grandes quantidades por lote diminui o custo de produção, mas aumentam os estoques na cadeia de suprimentos); nível de serviço de produção (mede a fração de ordens de produção concluídas em tempo e por completo). • Métricas relacionadas a estoque – tempo de capital circulante ou de giro (é uma métrica de alto nível que inclui estoques, contas a pagar e contas a receber); estoque médio (mede a quantidade média de estoque mantido. O estoque médio deve ser medido em unidades, dias de demanda e valor financeiro); giro de estoque (mede o número de vezes que o estoque gira em um ano. É a razão entre o estoque médio e o custo dos bens vendidos ou das vendas); produtos com mais de um número específico de dias de estoque (identifica os produtos para os quais a firma está mantendo um alto nível de estoque); tamanho médio de lote de reposição (mede a quantidade média em cada pedido de reposição. Pode ser estimado mediante o cálculo da média do estoque disponível mínimo em cada ciclo de reposição ao longo do tempo); estoque sazonal (mede a quantidade de estoque cíclico e de segurança que é adquirida unicamente em razão de mudanças sazonais na demanda); taxa de atendimento (mede a fração de pedidos/demanda que foram atendidos(a) prontamente com base em estoque; fração de tempo sem estoque (mede a fração de tempo que determinado SKU teve estoque zero. Essa fração pode ser utilizada para estimar a demanda durante o período sem estoque); e finalmente estoque obsoleto (mede a fração de estoque mais antigo que uma data de obsolescência específica. • Métricas relacionadas a transporte – custo médio de transporte de recebimento (normalmente mede o custo de trazer o produto para uma instalação como uma porcentagem das vendas ou custo dos bens vendidos. O ideal é que este custo seja medido por unidade trazida, embora isso não seja fácil; tamanho médio de recebimento ( mede o número médio de unidades ou dólares de cada recebimento em uma instalação; custo médio de transporte de recebimento por embarque (mede o custo médio do transporte de cada entrega que www.esab.edu.br 49 chega. Junto com o tamanho do embarque que chega, essa métrica identifica oportunidades para maiores economias de escala no transporte de chegada); custo médio de transporte do embarque (mede o custo de enviar o produto de uma instalação para o cliente. O ideal é que essa custo seja medido por unidade entregue, mas normalmente é medido como uma porcentagem das vendas. É útil separar essa métrica por clientes); tamanho médio de embarque (mede o número médio de unidade ou dinheiro em cada embarque em uma instalação); custo médio de transporte de envio por embarque (mede o custo médio do transporte de cada embarque. Junto com o tamanho do embarque, essa métrica identifica oportunidades para maiores economias de escala no transporte de saída); fração transportada por modal (mede a fração de transporte (em unidades ou dólares), usando cada modo de transporte. Essa métrica pode ser utilizada para estimar se certos modais são usados excessivamente ou subutilizados. • Métricas relacionadas à informação – horizonte de previsão (identifica até que ponto antes do evento real uma previsão é feita. O ideal é que seja igual ao tempo de execução da decisão que é controlada pela previsão); frequência de atualização (identifica com que frequência cada previsão é atualizada. A previsão deverá ser atualizada com mais frequência do que uma decisão será revisada, de modo que grandes mudanças possam ser sinalizadas e uma ação corretiva seja feita); erro de previsão (mede a diferença entre a previsão e a demanda real. O erro de previsão é uma medida da incerteza e controla todas as respostas à incerteza, como o estoque de segurança ou a capacidade em excesso); fatores sazonais (medem a extensão a qual a demanda média em uma determinada estação está acima ou abaixo da média do ano); variância ao plano (identifica a diferença entre os valores de produção/estoque planejados e os valores reais. Essas variâncias podem ser usadas para emitir avisos que identificam escassez ou excesso); razão entre variabilidade da demanda e variabilidade do pedido (mede o desvio-padrão da demanda recebida e os pedidos de suprimento que foram feitos). www.esab.edu.br 50 • Métricas relacionadas a sourcing – são métricas relacionadas à contratação, que influenciam no desempenho de cadeia de suprimentos: dias pendentes de contas a pagar (mede o número de dias entre quando um fornecedor realizou uma tarefa de cadeia de suprimentos e quando ele foi pago); preço médio de compra (mede o preço médio em que o bem ou serviço foi comprado durante o ano); faixa de preço de compra (mede a flutuação no preço de compra durante um período especificado. O objetivo é verificar se a quantidade comprada está correlacionada com o preço); quantidade média de compra (mede a quantidade média adquirida por pedido); fração de entregas de imediato (mede a fração de entregas do fornecedor que foram feitas prontamente); qualidade do fornecimento (mede a qualidade do produto fornecido); tempo de execução de fornecimento (mede o tempo médio entre quando um pedido é feito e quando o produto chega); confiabilidade de fornecedor (mede a variabilidade do tempo de execução do fornecedor, além da quantidade entregue em relação à planejada). • Métricas relacionadas à precificação – margem de lucro (mede o lucro como uma porcentagem da receita. Uma firma precisa examinar uma grande variabilidade de métricas de margem de lucro para otimizar sua precificação, incluindo dimensões como tipo de margem (bruta, líquida, etc.), escopo (unidade, linha de produtos, divisão, firma), tipo de cliente e outras); dias de vendas pendentes (mede
Compartilhar