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NUTRIÇÃO, ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE Professor Esp. Jefferson Cristiano Jacinto dos Santos Reitor Márcio Mesquita Serva Vice-reitora Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Pró-Reitor Acadêmico Prof. José Roberto Marques de Castro Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitor Administrativo Marco Antonio Teixeira Direção do Núcleo de Educação a Distância Paulo Pardo Coordenadora Pedagógica do Curso Fabiana Arf Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico B42 Design *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Universidade de Marília Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 CEP 17.525–902- Marília-SP Imagens, ícones e capa: ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia F385m sobrenome, nome nome livro / nome autor. nome /coordenador (coord.) - Marília: Unimar, 2021. PDF (00p.) : il. color. ISBN xxxxxxxxxxxxx 1. tag 2. tag 3. tag 4. tag – Graduação I. Título. CDD – 00000 BOAS-VINDAS Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR – Universidade de Marília. Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino superior bem feito. A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade, capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio, a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização e da solidariedade humanas. A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos sonhos, conquistas e desafios. A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de 350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR. Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa está ligada de forma indissociável à educação. Nós nos comprometemos com essa educação transformadora, investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja ofertada e esteja acessível a todos. Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos parceiros neste momento e não mediremos esforços para o seu sucesso! Não vamos parar, vamos continuar com investimentos importantes na educação superior, sonhando sempre. Afinal, não é possível nunca parar de sonhar! Bons estudos! Dr. Márcio Mesquita Serva Reitor da UNIMAR Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida! Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado em um curso de ensino superior em uma Universidade de excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino, a pesquisa e a extensão universitária. Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as oportunidades, faça amizades e viva as experiências que somente um ensino superior consegue proporcionar. Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede do campus universitário localizado na cidade de Marília, navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR! Muito obrigada por escolher esta Universidade para a realização do seu sonho profissional. Seguiremos, juntos, com nossa missão e com nossos valores, sempre com muita dedicação. Bem-vindo(a) à Família UNIMAR. Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são as pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam se estiverem capacitadas para isso. Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo, inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso, que você possa desenvolver as competências e habilidades necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu presente, neste momento mágico em que vivemos. A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você tem a gente para seguir junto com você. Sucesso sempre! Profa. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária da UNIMAR Prof. Me. Paulo Pardo Coordenador do Núcleo EAD da UNIMAR 007 Aula 01: 019 Aula 02: 032 Aula 03: 039 Aula 04: 046 Aula 05: 052 Aula 06: 060 Aula 07: 067 Aula 08: 074 Aula 09: 085 Aula 10: 097 Aula 11: 102 Aula 12: 107 Aula 13: 113 Aula 14: 124 Aula 15: 135 Aula 16: Guia Alimentar para População Brasileira Bioenergética Proteínas Carboidratos Lípidios Vitaminas Minerais Hidratação Alimentos Funcionais Suplementos Alimentares Suplementação em Exercícios de Força Suplementação em Exercícios Endurance Suplementação para Atletas Adaptados Suplementação para Hipertrofia Muscular Suplementação para Redução de Gordura Corporal Alimentação e Suplementação para Vegetarianos no Exercício Introdução Caro aluno (a), nessa disciplina, vamos ter a oportunidade de estudar a pirâmide dos alimentos, o guia alimentar para a população brasileira e noções básicas sobre alimentação saudável de acordo com a realidade da nossa população. Lembrando que o guia alimentar será de grande valia para sua vida pro�ssional, tendo em vista que os alimentos em quantidade adequada fazem o combustível para o funcionamento perfeito da máquina humana. Bons estudos! 6 01 Guia Alimentar para População Brasileira 7 Olá, aluno, seja bem-vindo a esta disciplina! Como sabemos, nossos hábitos alimentares são adquiridos lentamente, com o tempo, a partir dos nossos primeiros contatos com os alimentos. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os bebês sejam alimentados exclusivamente no peito da mãe até os 6 meses e até 2 anos ou mais junto com outros alimentos, pois o leite materno reduz o risco de o bebê contrair doenças infecciosas e alergias, de subnutrição e de de�ciência de vitaminas, ferro e outros sais minerais, além de proporcionar hábitos alimentares mais saudáveis para essa criança no futuro (VARELLA e JARDIM, 2009). Pirâmide Alimentar do UEDA e de Harvard Em 1992, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (UEDA) desenvolveu a pirâmide alimentar a �m de guiar as pessoas em relação à quantidade e à qualidade dos alimentos consumidos pela população em geral. Trata-se de um grá�co com informações para estimular uma boa alimentação e reduzir o risco de desenvolvimento de doenças crônicas. A pirâmide do UEDA foi bastante criticada, principalmente pelos nutricionistas, que alegavam que os óleos e as gorduras foram colocados na posição de vilão alimentar, enquanto algumas dessas substâncias não são prejudiciais, como é o caso do azeite de oliva. 8 Figura 1 - Pirâmide alimentar original do UEDA Fats, Oils & Sweets USE SPARLING milk, yogurt & Cheese group 2 -3 SERVINGS Meet, poultry, fish, dry beans eggs & nuts group 2 - 3 SERVINGS Vegetable Group 3 - 5 SERVINGS Fruit Group 3 - 5 SERVINGS Bread, cereal, rice & pasta group 5 - 11 SERVINGS KEY Fat (Naturally occurring and added) Sugars (added) Fonte: Wikipedia Disponível aqui Em substituição à pirâmide alimentar da UEDA, em 2005, especialistas da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard criaram um novo modelo para substituir a pirâmide da UEDA, que �cou conhecido como pirâmide fundamental. 9 https://pt.wikipedia.org/wiki/Pir%C3%A2mide_alimentar#/media/Ficheiro:USDA_Food_Pyramid.gif Nem toda gordura é vilã! “Enquanto a pirâmide anterior condenava todos os tipos de gordura e as colocava lá no topo do consumo, os pesquisadores de Harvard valorizaram as gorduras mono e poli-insaturadas presentes nos óleos vegetais, sendo a principal o ômega 6. Essas gorduras atuam controlando os níveis de colesterol no sangue e ajudando a proteger o coração de doenças, sendo que a estrela desse grupo é o azeite. Outro nutriente muito importante presente nesse grupo é a vitamina E, que está de�ciente em 99,7% dos brasileiros, de acordo com o The Brazilian Osteoporosis Study (BRAZOS). Esse nutriente é abundante nos óleos vegetais, ovos e sementes. De acordo com esse modelo, o consumo de óleos vegetais deve ser de 60 g por dia. Uma dica é usá-los para temperar a sua salada ou um sanduíche, tentando ao máximo consumir os óleos crus - isso porque, quando expostos a altas temperaturas, os óleos vegetais sofrem uma alteração em sua composição, podendo se transformar em gordura trans.” Leia mais sobre o assunto e sobre a pirâmide de Harvard em: 10 https://go.eadstock.com.br/uD Pirâmide Alimentar (PA) Brasileira Em 1999, com base nos modelos americanos, foi criada a primeira pirâmide alimentar para a população brasileira, elaborada por pesquisadores da USP liderados por Sônia Philippi. O modelo dividia as dietas em valores energéticos (kcal - calorias): 1600 kcal, 1800 kcal e 2800 kcal. Seis anos depois, Philippi atualizou a pirâmide, adaptando-a para uma dieta única com 2.000 kcal dividida em refeições – café da manhã (25%), lanche da manhã (5%), jantar (25%) e ceia (5%) – e entre os macronutrientes (carboidrato, proteína e gorduras), com intervalo de 3 em 3 horas entre elas. No ano seguinte, em 2006, o Ministério da saúde desenvolveu o Guia Alimentar para População Brasileira. Guia Alimentar para a População Brasileira O Guia Alimentar para População Brasileira foi elaborado com base nas mudanças políticas, sociais, econômicas, culturais e principalmente demográ�cas, epidemiológicas e nutricionais que evidenciaram as transformações no modo de vida da população, um novo comportamento alimentar e maior expectativa de vida do brasileiro. 11 CONTEXTO BRASILEIRO Transição alimentar, nutricional e epidemiológica Múltipla carga de má nutrição Carências nutricionais Desnutrição Excesso de peso Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são consideradas um dos maiores problemas de saúde pública. No Brasil, o percentual de mortes prematuras por DCNT corresponde a 74%. A elevada prevalência de obesidade é fator de risco para o desenvolvimento de DCNT e também associada à perda de qualidade de vida e maiores custos ao sistema de saúde. Fonte: SISVAN, 2019. O Brasil vem enfrentando um aumento expressivo de sobrepeso em todas as faixas etárias, e as doenças crônicas resultantes da obesidade são a principal causa de morte entre adultos. O excesso de peso acomete um em cada dois adultos e uma em cada três crianças brasileiras, e para enfrentar desse cenário, é preciso ampliar as ações intersetoriais que repercutam positivamente sobre os diversos determinantes da saúde e nutrição. Nesse contexto, o setor da saúde tem importante papel na promoção de alimentação adequada e saudável (BRASIL, 2014). Analise os esquemas seguintes: 12 1.567.532 homens acompanhados 11.209.406 mulheres acompanhadas 0 20 40 60 80 100 36,8% 1,8% 37,5% 23,9% 61,4% de excesso de peso 0 20 40 60 80 100 34,2% 2,6% 34,1% 29,1% 63,2% de excesso de peso Estado nutricional de adultos no Brasil estratificado por sexo Eutrofia Magreza Sobrepeso Obesidade Fonte: SISVAN, 2019. Em 2014, o guia foi atualizado e acrescidas recomendações de 2.000 kcal para adultos e idosos e os demais níveis energéticos para crianças e adolescentes. O número de porções, entretanto, mantiveram-se, e os 8 grupos básicos de alimentos foram subclassi�cados de acordo com a densidade energética e de nutrientes. As recomendações fornecidas pela PA brasileira têm como intuito melhorar a qualidade da dieta no país, além de abordar e dar ênfase à importância das refeições, das preparações culinárias, dos estilos de vida e dos hábitos. 13 Fonte: Disponível aqui A Organização Mundial Da Saúde (OMS), por meio da Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, recomenda que os governos formulem e atualizem periodicamente diretrizes nacionais sobre alimentação e nutrição, levando em conta mudança nos hábitos alimentares, nas condições de saúde da população e no progresso do conhecimento cienti�co. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014), alimentação diz respeito à ingestão de nutrientes e de alimentos que contêm e fornecem esses nutrientes, além de como os alimentos são combinados entre si e preparados, as características do modo de comer e as dimensões culturais e sociais das práticas alimentares. Todos esses aspectos in�uenciam na nossa saúde e bem-estar. 14 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira O Guia Alimentar deve ser usado como uma ferramenta de informações con�áveis sobre alimentação adequada e saudável. A Escolha dos Alimentos Quando pensamos em uma dieta balanceada, de imediato nos vêm à mente quais são os alimentos que devemos ingerir. Mas a grande di�culdade é saber quanto e em que horário deve-se comer determinado alimento, não é mesmo? A busca do homem pela alimentação equilibrada é antiga, porém, é recente a preocupação por uma alimentação segura e saudável, preparada com técnicas culinárias adequadas e integrada ao meio ambiente sustentável (Philippi, 2014; Philippi, 2017). Essa questão da “alimentação saudável” emerge mais fortemente com as altas prevalências das DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis tais como problemas cerebrovasculares e cardiovasculares, neoplasias, obesidade, diabetes e hipertensão. – nas últimas duas décadas. Segundo o Conselho Regional de nutricionistas da 7 ª região, o tipo de processo que o alimento é submetido determina seu per�l de nutrientes, o gosto e o sabor do alimento, suas possíveis combinações, em quais circunstâncias – quando, onde, com quem, etc. – e em quais quantidades. Veja seguir quatro categorias de alimentos de�nidas pelo NUPENS – o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde Pública – de acordo com o tipo de processamento empregado na sua produção. In natura ou minimamente processados – são aqueles alimentos obtidos diretamente de plantas ou animais tais como folhas, frutos, ovos e leite e adquiridos para o consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração depois de deixarem a natureza. São alimentos que antes da sua aquisição, foram submetidos a alterações mínimas. Exemplos: grãos secos, polidos e empacotados ou moídos na forma de farinhas, raízes e tubérculos lavados, cortes de carne resfriados ou congelados e pasteurizado. Alimentos in natura ou minimamente processados incluem legumes e verduras, frutas, leite, ovos, peixes e até água. Extraídos de alimentos in natura ou diretamente da natureza: são produtos usados para temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias. Exemplos: óleos, gorduras, açúcar e sal. 15 Alimentos in natura, processadeos ou ultraprocessados: entenda a diferença Veja exemplos de cada categoria de aliemtno, de acordo com o Guia Alimentar, do ministério da Saúde Abacaxi fresco In naturaAbacaxi em calda Processado Suco de caixinha Ultraprocessado Trigo, milho e outros cereais In natura Pão caseiro Processado Bisnaguinha Ultraprocessado Vitamina de leite com morango Preparação culinária com alimentos in natura Geleia de morango Processado Sobremesa láctea tipo petit suisse Ultraprocessado Por que evitar: Oficialmente chamado néctar, o suco de caixinha apresenta muito açucar adicionado e baixa proporção e polpa da fruta. “O efeito no organismo é comparável aos refrigerantes”, informa Bortoletto. Por que evitar: A maciez é obtida por meio de adição de gorduras, inclusive saturadas e trans. Por que evitar: Tem excesso de açúcar além de substâncias aromatizantes e corantes. Fonte: Disponível aqui Fabricados essencialmente com adição de sal ou açúcar a um alimento in natura ou minimamente processado – produtos tais como legumes em conserva, frutas em calda, queijos e pães. Produtos cuja fabricação envolve diversas etapas – envolve também técnicas de processamento e vários ingredientes, muitos deles de uso exclusivo da indústria de alimentos. Incluem refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos e macarrão instantâneo. E como caracterizar alimentação saudável, de acordo com Philippi (2014), alimentação saudável é aquela que faz bem, promove saúde e deve ser orientada e incentivada desde a infância. Porém, nem sempre comer de forma saudável depende apenas de uma opção individual: questões tais como faixa renda, exclusão social, 16 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira escolaridade inadequada, preferências alimentares e falta ou má qualidade da informação disponível podem restringir a escolha, a adoção e a prática de uma alimentação saudável. O hábito alimentar dos brasileiros mudou ao longo do tempo, contribuindo para o aumento da obesidade, e a educação para escolhas alimentares mais equilibradas e inteligentes são essenciais no combate à obesidade. As refeições em família, por exemplo, com a presença de alimentos de todos os grupos da pirâmide alimentar, devem ser incentivadas. Na primeira publicação da Pirâmide Brasileira (Philippi, et al., 1999), os grupos alimentares receberam tradicionalmente as seguintes denominações: cereais, pães, tubérculos e raízes; hortaliças; frutas; leguminosas; leite e produtos lácteos; óleos e gorduras; açúcares e doces. Em vários estudos realizados para avaliar como as pessoas entendiam a Pirâmide Alimentar, constatou-se que uma das di�culdades mais comuns era relacionada aos nomes dos grupos. 17 https://go.eadstock.com.br/uE Em função desses resultados, passaram a ser denominados diferentemente. O grupo dos cereais passou a ser denominado grupo do arroz, pão, massa, batata, mandioca. Apesar de a batata (feculento) e mandioca (raiz) não pertencerem ao grupo dos cereais, �caram na base da pirâmide, junto aos cereais, por serem também fontes de carboidratos. O grupo das hortaliças passou a ser denominado verduras (folhosos ou folhudos) e legumes (não folhosos). O grupo dos leites e produtos lácteos recebeu a denominação leite, queijo e iogurte. O grupo das leguminosas, em razão de o nome ser muito semelhante aos legumes, recebeu a denominação grupo dos feijões, como representativo também das demais leguminosas: soja, grão-de-bico, lentilha. Atualmente, nesse grupo incluem-se também as oleaginosas: nozes e castanhas. Para ler mais coisas a respeito da pirâmide alimentar, acesse: 18 https://go.eadstock.com.br/uF Bioenergética 02 19 Olá, alunos! Podemos de�nir bioenergética como a capacidade do organismo humano de extrair energia dos alimentos/nutrientes. Essa energia é obtida através de milhares de reações bioquímicas utilizando os nutrientes extraídos dos macros e micronutrientes, com o uso contínuo de oxigênio (WILLIAM D. MCARDLE, 2019). Na prática de atividades físicas, temos dois sistemas de fornecimento de energia: o aeróbio e o anaeróbio. O termo aeróbio descreve as reações energéticas que dependem de oxigênio, e as reações químicas anaeróbias geram energia rapidamente para atividades de curta duração sem a necessidade de oxigênio. Na realização de qualquer tipo de atividade física, há uma grande demanda energética, o que gera alteração na homeostase celular. A principal molécula orgânica responsável pela energia química celular é o ATP (adenosina trifosfato), que armazena energia química nos seres vivos, cuja hidrólise, catalisada pela enzima ATPase, promove grande liberação de energia livre e tem como produtos �nais adenosina difosfato (ADP) e fosfato inorgânico (WILMORE E COSTILL, 2010). A energia livre para a contração muscular depende da quantidade de ATP e da oxidação de outros substratos que podem estar estocados ou não no organismo. Desse modo, a literatura vem discutindo diferentes estratégias nutricionais para que a ressíntese de ATP ocorra de maneira satisfatória à demanda energética imposta pela atividade física. O entendimento dos mecanismos responsáveis pela ressíntese de ATP celular poderá auxiliar na compreensão das diversas propostas de ingestão de moléculas orgânicas para potencializar a manutenção da prática de atividade física e/ou de energia livre para que os processos adaptativos advindos da sinalização pela contração muscular sejam e�cazes (LANCHA JR, 2019). 20 Figura 1 - Estrutura química e modelo tridimensional da molécula de ATP Fonte: Disponível aqui Fonte: Disponível aqui 21 https://pt.wikipedia.org/wiki/Trifosfato_de_adenosina#/media/Ficheiro:ATP_chemical_structure.png https://pt.wikipedia.org/wiki/Trifosfato_de_adenosina#/media/Ficheiro:Atp_space_filling_ray_trace.jpg Os processos responsáveis pela ressíntese da molécula de ATP são profundamente in�uenciados pela intensidade e duração do esforço físico quando comparados à situação de repouso. Outro ponto importante se refere à oferta de substratos como a fosforilcreatina (PCr), o glicogênio muscular, a glicose sanguínea, o lactato e os ácidos graxos livres (AGL) provenientes tanto dos estoques de triacilglicerol (TAG) intramuscular como do tecido adiposo. Tais substratos são fundamentais para o metabolismo celular à medida que participam de processos especí�cos para a ressíntese de ATP. O organismo humano dispõe de três sistemas energéticos que respondem à demanda de energia (imediato ou fosfagênico, glicolítico e oxidativo), que serão abordados a seguir. Sistema ATP-CP O sistema mais simples é o sistema ATP-CP. Além da ATP, as células possuem outra molécula de fosfato de alta energia. Essa molécula é denominada creatina fosfato ou CP (também chamada de fosfocreatina). ao contrário da ATP, a energia liberada pela degradação de creatina fosfato não é utilizada diretamente para o trabalho de realização celular. Em razão disso, ela forma ATP para manter um suprimento relativamente constante (WILMORE E COSTILL, 2001). A liberação de energia da creatina fosfato é facilitada pela enzima creatina quinase (CK), qual atua sobre a creatina fosfato para separar o fosfato inorgânico (Pi) da creatina. A energia liberada pode então ser utilizada para ligar o Pi a uma molécula de adenosina difosfato (ADP), formando ATP. Esse processo não exige a presença de oxigênio e, por essa razão, o sistema ATP-CP é anaeróbio. 22 Figura 2 - Liberação de energia livre a partir da molécula de adenosina trifosfato (ATP). Pi: fosfato inorgânico ATPase Adenosina grupos fosfato Adenosina trifosfato Adenosina difosfato Pi Energia livre+ + Fonte: Lancha Jr e Patrícia Soares (2019, p. 2) Figura 3 - Conteúdo de adenosina trifosfato (ATP) e fosforilcreatina (PCr) de acordo com duração do exercício físico. 100 80 60 40 20 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (s) Exaustão % d e va lo r d e re po us o ATP PCr Fonte: Lancha Jr e Patrícia Soares (2019, p. 3) Durante os primeiros segundos de atividade muscular intensa,como a corrida de curta distância (sprint),a ATP é mantida numa concentração relativamente constante, mas a concentraçãode creatina fosfato diminui de maneiraconstante à medida que é utilizada pararepor ATP depletada (WILMORE E COSTILL, 2001). 23 Assim, a capacidade para manter as concentrações de ATP com energia derivada de da creatina fosfato é limitada. Tanto os estoques de ATP quanto os de creatina fosfato podem sustentar as necessidades energéticas dos músculos por apenas 3 a 15 segundos durante uma corrida de curta distância e esforço máximo. Além desse ponto, os músculos passam a depender de outros processos para formação de ATP: a via glicolítica e oxidativa. Sistema Glicolítico Outro método de liberação de ATP envolve a liberação de energia através da degradação (lise) da glicose. Esse sistema é denominado sistema glicolítico por envolver glicólise. Antes de a glicose ou o glicogênio poderem ser utilizados para gerar energia, eles devem ser convertidos num composto denominado glicose-6-fosfato. A conversão de uma molécula de glicose exige uma molécula de ATP. Na conversão do glicogênio, a glicose -6-fosfato é formada a partir da glicose-1-fosfato sem gasto energético. A glicólise começa quando a glicose-6-fosofato é formada e, em última instância, produz ácido pirúvico. Esse processo não exige oxigênio, mas o uso deste determina o destino do ácido pirúvico formado pela glicólise. A glicólise exige 12 reações enzimáticas para a degradação do glicogênio em ácido lático. Todas essas reações acontecem no citoplasma celular. O ganho do processo é de 3 moles de ATP formados por cada mol de glicogênio degradado. Se a glicose for usada no lugar do glicogênio, o ganho é de apenas 2 moles de ATP porque 1 mol [é utilizado para a conversão da glicose em glicose-6-fosfato (WILMORE E COSTILL, 2001). 24 Figura 4 - Reações enzimáticas na via glicolítica. Glicose ATP ADP ATP ADP 2 ATP 2 ADP 2 ATP 2 ADP Glicose-6-fosfato Frutose-6-fosfato Frutose-1,6-bifosfato 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Di-hidroxiacetona 3-fosfato (2) Gliceraldeído 3-fosfato 2Pi 2NAD+ 2NAD+ 2NADH 2NADH (2) 1,3-Bifosfogicerato (2) 3-Bifosfogicerato (2) 2-Bifosfogicerato (2) Fosfoenolpiruvato (2) Piruvato (2) Lactato H2O 1. Hexoquinase 2. Glicose fosfato imerase 3. Fosfoftoquinase I 4. Aldolase 5. Triose fosfato imerase 6. Gliceraldeido 3-fosfato desidrogenase 7. Fosfoglicerato quinase 8. Fosfoglicerato mutase 9. Enolase 10. Piruvato quinase 11. Lactato desidrogenase Fonte: Lancha Jr e Patrícia Soares (2019, p. 4) A glicose representa 99% de todos os açúcares circulantes no sangue. A glicose sanguínea é originaria da digestão de carboidratos e degradação do glicogênio hepático. O glicogênio é sintetizado a partir da glicose por meio de um processo chamado glicogênese. O glicogênio é armazenado no fígado e no musculo até que seja solicitado. Nesse momento o glicogênio é quebrado em glicose 1 fosfato através do processo de glicogenólise. Esse sistema energético não produz grandes quantidades de ATP. Apesar dessa limitação, as ações combinadas do sistema glicolítico e ATP-CP permitem que os músculos gerem força mesmo quando o suprimento de oxigênio é limitado. 25 Outra limitação importante da glicólise anaeróbia é que ela causa um acumulo de ácido lático nos músculos e líquidos corporais. Nos eventos de explosão máxima durando um a dois minutos, o sistema glicolítico é altamente solicitado e as concentrações de ácido láctico podem aumentar de um valor de repouso de cerca de 1 mmol/kg de músculos para 25 mmol/kg (milimol por quilo). Essa acidi�cação das �bras musculares inibe ainda mais a degradação do glicogênio, uma vez que ela compromete a função da via glicolítica. A taxa de uso de energia da �bra muscular durante o exercício pode ser 200 vezes maior que no repouso. Os sistemas ATP-CP e glicolítico sozinhos não podem fornecer toda energia necessária. Sem outro sistema energético nossa capacidade de realizar exercícios é limitada a apenas alguns minutos. Sistema Oxidativo Em atividades físicas leves e moderadas, a ressíntese de ATP resulta predominantemente da via oxidativa. O sistema oxidativo depende de oxigênio e da interação, nas mitocôndrias, do ciclo do ácido tricarboxílico (ciclo de Krebs) e da cadeia transportadora de elétrons. Seus principais substratos são o ácido pirúvico, a acetilcoenzima A (acetil-CoA) e os íons H+. O ácido pirúvico, produto da via glicolítica, na matriz mitocondrial pode gerar oxaloacetato (ação da enzima piruvato carboxilase) ou acetil-CoA (ação da enzima piruvato desidrogenase), intermediários importantes do ciclo de Krebs. Ambos devem estar presentes em concentrações equivalentes para que as reações catalisadas pela enzima citrato sintase possam ser realizadas e gerar citrato, primeiro intermediário do ciclo de Krebs (LANCHA JUNIOR 2007, 2019). 26 Figura 5 - As vias do ciclo do ácido tricarboxílico (ciclo de Krebs) Glicose Piruvato Lactato Acetil-CoA Isocitrato NADH α-cetoglutarato Succinil-CoA Succinato FADH2 Fumarato Malato Oxaloacetato Aminoácidos Ácidos graxos Citrato Trifosfato de guanosina Fonte: Lancha Jr e Patrícia Soares (2019, p.06) Interessantemente, oxaloacetato e acetil-CoA, além de serem sintetizados pelo ácido pirúvico, podem ser produzidos por lactato, glicerol e aminoácidos glicogênicos, e por ácidos graxos e aminoácidos cetogênicos, respectivamente. Os aminoácidos, provenientes das proteínas, são constituídos de átomos de C, H, O (semelhante à glicose e aos ácidos graxos) e o nitrogênio que, ao ser clivado por desaminação, possibilita à cadeia carbônica remanescente, denominada alfacetoácido, contribuir como substrato energético, ou seja, intermediário anaplerótico do ciclo de Krebs. 27 Figura 6 - As vias anapleróticas provenientes de aminoácidos: fornecimento de intermediários do ciclo do ácido tricarboxílico (ciclo de Krebs) a partir de cadeias carbônicas derivadas de aminoácidos glicogênicos e cetogênicos. Alanina Piruvato Acetil-CoA Isocitrato NADH α-cetoglutarato Succinil-CoA Succinato FADH2 Fumarato Malato Oxaloacetato Ácidos graxos Citrato Aspartato Asparagina Isoleucina Leucina Isoleucina Valina Glutamato Glutamina Fonte: Lancha Jr e Patrícia Soares (2019, p. 45) As reações do ciclo de Krebs promovem diretamente baixa ressíntese de ATP, porém, ao longo das ações enzimáticas das ações enzimáticas, ocorre liberação de íon hidrogênio (H+). As reações do ciclo de Krebs promovem, diretamente, baixa ressíntese de ATP, porém ao longo das ações enzimáticas ocorrem liberações de íons hidrogênio (H+). Na matriz mitocondrial, estes íons H+ são transportados pelas moléculas especí�cas NAD (nicotinamida adenina dinucleotídio) e FAD (�avina adenina dinucleotídio), formando NADH e FADH2, respectivamente, para a membrana interna das cristas mitocondriais, onde ocorre a cadeia de transporte. Tal processo promove elevação do gradiente eletroquímico do espaço intermembrana mitocondrial, ativando a enzima ATP síntese e promovendo, assim, maior número de moléculas de ATP ressintetizadas (LANCHA JUNIOR, 2019). 28 Quoeficiente respiratório ou razão de troca respiratória O quociente respiratório (QR), ou razão de troca respiratória, obtido por calorimetria indireta, compreende a relação direta entre a produção de dióxido de carbono (VCO2) e o volume de consumo de oxigênio (VO2) e é muito utilizado para avaliar o percentual de contribuição de carboidratos e lipídios como fonte de energia em diferentes condições. Como a mensuração da utilização de substratos depende da relação VCO2/VO2, é de suma importância observar na avaliação do QR durante o exercício físico se o indivíduo está no estado estável, pois hiperventilação, por exemplo, pode alterar a relação VCO2/VO2 e invalidar a predição da oxidação de substratos a partir do QR. A determinação da participação destes substratos ocorre devido a quantidade de átomos de carbono (C) e hidrogênio (H) na composição de suas moléculas ser diferente, e da quantidade de oxigênio (O2) utilizado e gás carbônico (CO2) produzido durante a oxidação também ser distinta. Quando a glicose e/ou o ácido graxo são oxidados,o O2 mitocondrial se liga aos átomos de carbono e hidrogênio provenientes do ácido graxo para formar CO2 e moléculas de água (H2O), respectivamente, produtos �nais do ciclo de Krebs. Com os resultados elucidados anteriormente, podemos inferir que houve predominâncias das oxidações de glicose (QR = 1,0) e de ácidos graxos (QR = 0,70) como substratos energéticos para a ressíntese de ATP em uma dada condição. Portanto, é importante salientar que os valores de QR referem-se à predominância e que o metabolismo de carboidratos tende a deslocar-se para lipídios com a prática de exercícios físicos de longa duração assim como, à medida que a intensidade do exercício físico aumenta, o metabolismo de lipídio desvia-se para carboidratos como fonte de energia, conceito denominado de cruzamento. Cabe ressaltar que, ao utilizar o QR para mensurar a utilização de substratos energéticos no exercício físico, o papel das proteínas para a ressíntese de ATP é ignorado, uma vez que a sua contribuição como fonte de energia é muito reduzida, comparada à utilização de glicose e ácidos graxos, e não alteraria tais resultados (WILMORE E COSTILL, 2001). 29 Liberação de energia a partir dos macronutrientes A energia liberada na degradação dos macronutrientes tem um objetivo crucial – fosforilar o ADP para ressintetizar o composto de alta energia ATP. O catabolismo dos macronutrientes favorece a geração da energia na ligação fosfato, mesmo que as vias especí�cas de degradação sejam diferentes, dependendo dos nutrientes metabolizados. Liberação de energia a partir dos carboidratos A principal função do carboidrato é fornecer energia para o trabalho celular. A degradação completa de um mol de glicose (180 g) em dióxido de carbono e água gera uma quantidade máxima de 686 kcal de energia química livre disponível para o trabalho. No corpo, a degradação completa da glicose conserva apenas uma parte dessa energia na forma de ATP. A síntese de um mol de ATP a partir de ADP e do íon fosfato requer 7,3 kcal de energia. Portanto, a junção de toda a energia na oxidação da glicose à fosforilação poderia formar teoricamente 94 moles de ATP por mol de glicose (686 kcal ÷ 7,3 kcal/mol). Entretanto, no músculo as ligações de fosfato conservam apenas 34%, ou 233 kcal, da energia, com o restante sendo dissipado na forma de calor. Consequentemente, a degradação da glicose regenera 32 moles de ATP (233 kcal ÷ 7,3 kcal/mol), com um ganho de energia livre de 233 kcal (LANCHA JR, 2019). A glicose é degradada rapidamente em dois estágios: Estágio 1: a glicose é degradada a duas moléculas de piruvato. A transferência ocorre sem a presença de oxigênio (anaeróbia) Estágio 2: o piruvato é degradado ainda mais em dióxido de carbono e água. As transferências energéticas dessas reações requerem transporte de elétrons e fosforilação oxidativa (aeróbias). 30 Figura 7 - Fornecimento de ATP por modalidade Percentual na contribuição para a geração de ATP Glicogênio Evento 100m 200m 400m 800m 1.500m 5.000m 10.000m Maratona Ultramaratona (80km) Corrida de 24h Fosfocreatina 50 25 12,5 6 º º º - - - Anaeróbico 50 65 65,5 50 25 12,3 3 - - - Aeróbico - 10 25 44 75 87,5 97 75 35 10 Glicose sanguínea (glicogênico hepático) - - - - - - - 5 5 2 Triglicerídios (ácidos graxos) - - - - - - - 20 60 88 Fonte: Newsholme EA et al. Physical and mental fatigue. Br Med Bull 1922;48:477 º Nesses eventos a fosfocreatina será usada nos primeiros segundos e, se for ressintetizada durante a corrida, no sprint final. Fonte: MCARDLE, 2019 31 Proteínas 03 32 Olá, prezados alunos! Iniciando nossos estudos sobre os macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), vamos falar primeiro sobre a proteína, nutriente mais usado por praticantes de exercícios e atletas com o objetivo ganhar massa muscular. É comum observarmos em academias e clubes as pessoas com garrafas nas mãos durante e depois da prática de exercícios. Na maioria das vezes, essas garrafas contêm suplementos à base de proteínas (whey protein, BCAA) ou bebidas à base de carboidratos. Proteína Proteína pode ser de�nida como polímero de aminoácidos, ou seja, a proteína é composta de muitas pequenas partículas a qual chamamos de aminoácidos. A proteína tem como principais funções a construção e a autorreparação de tecidos, e está presente em várias partes do corpo humano: no plasma sanguíneo, tecidos viscerais unhas, cabelos e músculos. Também são necessárias para o transporte de vitaminas, produção de enzimas, hormônios, imunidade e coagulação sanguínea. Durante a prática de exercícios, apenas alguns aminoácidos são utilizados para a produção de energia, em torno de 5 a 10% dependendo da modalidade praticada. O corpo humano produz mais células proteicas do que as perde, principalmente na infância, na gestação e na formação de massa muscular. 33 Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte 2009 American College of Sport Nutrition 2009 American College of Sport Nutrition 2016 Atletas Sedentários 0,8 - 1,2 g/kg/dia 1,2 - 1,6 g/kg/dia 1,6 - 1,7 g/kg/dia 1,2 - 1,4 g/kg/dia 1,2 - 1,7 g/kg/dia 1,2 - 2,0 g/kg/dia Exercícios de resistência Exercícios de força Exercícios de resistência Exercícios de força Fonte: O autor. A de produção de células pode ocorrer por dois processos independentes: Redução no processo de degradação de proteínas Aumento da síntese proteica Para que ocorra o processo de crescimento muscular ou síntese proteica, é necessário o balanço proteico positivo, ou seja, a disponibilidade de aminoácidos su�cientes. Outra coisa que contribui para que a síntese proteica aconteça é o treinamento de força, lembrando que precisa estar associado à disponibilidade su�ciente de aminoácidos. A recomendação de proteína deve ser individualizada de acordo com a idade, sexo, gasto calórico, nível de atividade física e modalidade praticada. Essa recomendação é feita baseadas em evidências cientí�cas e diretrizes, como mostram as tabelas abaixo: 34 O consumo excessivo de proteínas pode causar sobrecarga renal, ao contrário dos outros macronutrientes o corpo humano não armazena proteínas, o que não é absorvido é excretado através da urina. Dietas hiperproteicas e com baixo carboidrato causam desidratação, irritabilidade dores de cabeças e problemas hepáticos. Metabolismo das Proteínas Durante o catabolismo, a proteína primeiramente é degradada em aminoácido. A molécula de aminoácido perde o nitrogênio (grupo amina) no fígado pelo processo de desaminação. O composto de carbono é excretado pelos rins e pode seguir três destinos: (MC ARDLE, WILLIAM D, 2019). 1. Síntese de um novo aminoácido 2. Conversão em carboidrato ou gordura 3. Catabolismo direto para formação de energia Veja na imagem a seguir as principais vias metabólicas dos aminoácidos após a remoção do grupo contendo nitrogênio por desaminação ou transaminação. Após a remoção do grupo amino, todos os aminoácidos formam intermediários reativos do ciclo do ácido cítrico ou compostos relacionados. Algumas das moléculas maiores de aminoácido (p. ex., leucina, triptofano, isoleucina [no boxe colorido]) geram compostos contendo carbono, que entram nas vias metabólicas em lugares diferentes. 35 Isoleucina Leucina Triptofano Leucina Lisina Fenilalanina Triptofano Tirosina Acetoacetil-CoA Alanina Cisteína Glicina Serina Triptofano Asparagina Aspartato Fenilalanina Tirosina Isoleucina Metionina Treonina Valina Arginina Glutamina Histidina Prolina Ciclo do ácido cítrico Acetil-Coa Piruvato Citrato Isocitrato Glutamato α-cetoglutarato Succinil-CoA Succinato FumaratoMalato Oxaloacetato Fonte: (MC ARDLE et al., 2019) 36 Balanço Nitrogenado O balanço nitrogenado ocorre quando a ingestão de nitrogênio a partir das proteínas é igual à excreção de nitrogênio. No balanço nitrogenado positivo, a ingestão de nitrogênio excede sua excreção, com proteínas adicionais sendo utilizadas para a síntese de novos tecidos. O balanço nitrogenado positivoocorre em crianças em fase de crescimento, durante a gestação, durante a recuperação de algumas doenças e durante o treinamento com exercícios de resistência, em que as células musculares sobrecarregadas promovem a síntese de proteínas. Uma excreção de nitrogênio maior do que a ingestão (balanço nitrogenado negativo) indica que a proteína está sendo utilizada para a geração de energia e que há uma possível diminuição das reservas de aminoácido, principalmente no músculo esquelético. Para garantir a síntese proteica com o treinamento de resistência (massa muscular), é necessário montar uma estratégia alimentar – lembrando que temos capacidade máxima de absorção e não armazenamos proteína! 37 As mais recentes recomendações destacam que a adaptação muscular pode ser maximizada pela ingestão de 0,3g de proteína por quilo de peso corporal após o exercício e a cada 3 a 5 horas por meio de múltiplas refeições. As proteínas do soro do leite (whey protein) parecem ser superiores a outras fontes testadas devido à maior concentração de aminoácido de cadeia rami�cada (BCAA) Leucina, Isoleucina e Valina. Leia mais em: 38 https://go.eadstock.com.br/uG Carboidratos 04 39 Olá a todos! Continuando nosso estudo sobre os macronutrientes, vamos falar sobre os carboidratos, conhecidos como o “vilão” da alimentação. Ao longo desta aula, porém, teremos a oportunidade de ver que não é bem assim! Os carboidratos são fundamentais para o exercício físico e para o desempenho esportivo. Os estoques de carboidratos do corpo são limitados e muitas vezes são menores que as necessidades para o treinamento atlético e competição. A taxa de oxidação de carboidratos durante o exercício é regulada, com a disponibilidade de glicose combinada às necessidades dos músculos em exercício. Combustíveis à base de carboidratos predominam no treinamento de intensidade moderada a alta, com a utilização exponencial ao relativo aumento da taxa de glicogênio muscular e da glicose plasmática (BIESEK, ALVES e GUERRA, 2015). Sua composição contém carboidrato, hidrogênio e oxigênio (CHO). Estão presentes em alimentos como açúcares, amido e �bras. No organismo, são encontrados como glicose e glicogênio, em que glicose é o açúcar no sangue, e glicogênio é a forma de armazenamento encontrado nos músculos e fígado. Principais funções dos carboidratos: Fornece energia para atividade física Preservação de proteínas Ativador metabólico Combustível para o Sistema Nervoso Central Reserva de glicogênio muscular Açúcares encontrados naturalmente em alimentos incluem frutose (açúcar de frutas) e lactose (açúcar do leite). O açúcar sacarose (açúcar branco ou de mesa) também é acrescentado aos alimentos. Amiláceos são longas cadeias de glicose, abundantes em grãos como trigo, arroz e cereais, além de produtos produzidos com grãos, como pães, massas e biscoitos. Outros exemplos de amido são grãos, como soja e feijão, e vegetais amiláceos como batata, mandioca e inhame. Enzimas no trato gastrointestinal degradam os amidos em glicose, que pode então ser absorvida. Em contra partido, o trato intestinal humano é capaz de degradar as �bras (DunforD e Marie, 2012). 40 Fontes de Carboidrato Já foi demonstrado em vários experimentos o efeito ergogênico na ingestão adequada antes, durante e após o exercício. Em exercícios de longa duração, esse efeito reduz o nível de glicogênio muscular, exigindo constante preocupação com a reposição, pois quanto maior a intensidade do exercício realizado, maior será a participação dos carboidratos como fornecedores de energia (SBME, 2009). Observe as recomendações de acordo com a intensidade e o tempo de prática: 41 Situação Recomendação Leve Baixa intesidade ou atividadesbaseadas na habilidade 3-5 g/kg/dia 5-7 g/kg/dia 6-10 g/kg/dia 8-12 g/kg/dia Moderada Alta Muito alta Programa moderados de exercícios (~ 1 horas/dia) Exercícios de resistência (1-3 h/d de exercício moderado e alta intensidade) > 4-5 h/dia de exercício moderado e de alta intensidade Fonte: Thomas et al., 2016, p. 543-68 Abaixo, veja a recomendação de carboidratos antes de competição e durante a prática de exercícios: 42 Fonte: Thomas et al., 2016, p. 543-568. PRÉ-EVENTO TEMPO DE EXERCÍCIO QUANTIDADE <90 min 7-12g/kg por 24h >90 min 10-12g/kg por 36-48h >60 min ANTES do exercício 1-4g/kg consumido entre 1 – 4 antes do exercício DURANTE <45 min Não há necessidade Exercício continuo e de alta intensidade 45 – 75 min Pequenas quantidades de enxague bucal (contendo mistura de glicose + frutose) Exercício de resistência ou intermitente 1,2 – 5 h 30 – 60g/h Exercício de ultra resistência 2,5 – 3h Até 90g/h 43 Figura 1 - Recomendação do uso de carboidrato após o exercício: PÓS EVENTO 1 - 1,2 g/kg/h nas primeiras 4h, após retornar as necessidades energéticas diárias Fonte: Thomas et al., 2016, p. 543-68 Estratégia Inovadora Tem se proposto a restrição de carboidratos na fase que antecede a competição para potencializar a adaptação ao treino. Programa com uma disponibilidade reduzida de carboidratos, de modo a garantir a adaptação e melhoria na oxidação de lipídeos. Alta disponibilidade de carboidrato antes e durante a competição para promover desempenho máximo (CLOSE, 2016). 44 Recomendação para otimizar a síntese de glicogênio muscular, hepática e síntese proteica. Após evento ou prática de treinamento, recomenda-se a ingestão de 1,0 a 1,2 gramas de carboidrato por quilo de peso a cada hora, associada a 0,3 gramas de proteína por quilo de peso de 3 a 5 horas. 45 Lípidios 05 46 Olá, estudantes! As gorduras – ou lipídios – é o último dos nutrientes que vamos estudar, mas pode ter certeza que não é o menos importante. De maneira simples, podemos de�nir gorduras como uma longa cadeia de moléculas de carbono. As gorduras são amplamente utilizadas pela indústria de alimentos, em especial biscoitos chocolates e doces, e são responsáveis por dar sabor às refeições. Em nosso organismo, a gordura está presente de várias formas, como os triglicerídeos, ácidos graxos livres, os fosfolipídios e esteróis. Um triglicerídeo são três ácidos graxos ligados a um glicerol. Um ácido graxo saturado é saturado com hidrogênio. A gordura monoinsaturada possui uma dupla ligação e, portanto, ela é menos saturada com hidrogênio. Ácidos graxos poli-insaturados são aqueles que possuem duas ou mais ligações duplas entre carbonos, assim, são menos saturadas com hidrogênio (Dunford e Marie, 2012). Absorção As absorções das gorduras são complexas e demoradas, principalmente se comparadas aos carboidratos. Sua digestão leva horas, pois ela se move lentamente para o estômago, intestino delgado e corrente sanguínea. O excesso de ingestão de gorduras é armazenado como triglicerídeos no tecido adiposo, pois as gorduras são absorvidas em menor quantidade pelas células musculares. Lipólise A quebra dos lipídios do tecido adiposo intramuscular ocorre por um processo denominado lipólise. Esse processo é iniciado quando o sistema nervoso simpático estimula a produção de hormônio lipase sensível (HSL) e da epinefrina. Com o início da atividade física, há um momento transitório normal de queda nos níveis de ácidos graxos livres (AGL) circulantes na corrente sanguínea, devido ao aumento de sua captação pelas células musculares que, excedem a produção de ácidos graxos pela lipólise nos adipócitos. Isso acontece após 20 a 30 minutos de exercício de baixa a moderada intensidade. 47 Figura 1 - Reserva de energia da gordura de um homem médio de 80 kg Total 12.304g (110.740 kcal) Tecido adiposo 12.000 g (108.000 kcal) Triglicerídios intramusculares 300 g (2.700 kcal) Triglicerídios plasmáticos 4,0 g (36 kcal) AGL plasmáticos 0,4 g (3,6 kcal) Fonte: MACARDLE e KATCH, 2011 Funções Os lipídios são responsáveis por fornecer energia em períodos de jejum prolongado e exercícios de longa duração, bem como: Proteção e isolamento Carreador das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) Depressor da fome Precursor de hormônios(progesterona, estrogênio e testosterona) Reserva de energia para exercícios 48 Durante a prática de exercícios, as necessidades de ácidos graxos livres podem aumentar de 10 a 20 vezes de acordo com a intensidade e duração das atividades. Quando falamos de recomendações de macronutrientes, pensamos que as proteínas e os carboidratos são os mais valorizados, entretanto, os lipídios são muito importantes para garantir ao indivíduo a quantidade de ácidos graxos essências. As recomendações de lipídios são de 15 a 30% do valor energético total (VET), mas é muito comum atletas não atingirem a recomendação mínima, principalmente em modalidades cujas categorias são divididas por peso como as lutas. É consenso na comunidade cientí�ca a necessidade de ingestão adequada dos lipídios para melhora do desempenho em modalidades esportivas. Campanholi (2020) nos explica que durante o exercício físico, a gordura e o carboidrato são substratos importantes para suprir a demanda energética da atividade, pois o nosso corpo é capaz de armazenar esses dois nutrientes para servir como um estoque de energia: o carboidrato, na forma de glicogênio, e a gordura, na forma de triglicerídeos (aquela “gordurinha” que muitas pessoas gostariam de se livrar). 49 O fato é que essas reservas são essenciais para a nossa sobrevivência, pois parte da energia obtida em nosso corpo em situações de privação alimentar e/ou jejum são fornecidas a partir delas. Agora é hora de colocarmos o exercício físico nesta contextualização, pois muito provavelmente você já ouviu algo como: consumir gordura no pré-treino é importante para melhorar o rendimento, uma vez que o exercício utiliza gordura como fonte de energia. Primeiro, entenda o seguinte: quanto mais alta a intensidade, maior a contribuição de carboidrato como substrato energético. Portanto, essa recomendação já não se aplica para exercícios de musculação, Cross�t, HIIT, entre outros, uma vez que esses são considerados de intensidade alta a moderada. (CAMPANHOLI, 2020, on-line) A imagem a seguir ilustra os três tipos de gordura fornecida pelos alimentos que ingerimos em nosso dia a dia. As gorduras insaturadas são, sem dúvida, as menos consumidas pela população brasileira, e muitas vezes precisam ser ingeridas na forma de suplementos. 50 Diga não ao Fake News em Nutrição OS TRÊS TIPOS DE GORDURA GORDURA INSATURADA (peixes, óleos vegetais linhaça e azeite de oliva) CONSUMO MODERADO GORDURA SATURADA (carne, frango, leite, iogute, queijos e ovos) CONSUMO BAIXO GORDURA TRANS (alimentos industrializados) NÃO DEVE SER CONSUMIDA Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS). Leia mais sobre os tipos de gordura e quais você deve ingerir ou não em 51 https://go.eadstock.com.br/uH Vitaminas 06 52 Olá, alunos! Vamos falar de vitaminas? As vitaminas são essenciais para o organismo produzir coenzimas, antioxidantes e hormônios corporais. Estão divididas em lipossolúveis e hidrossolúveis: as lipossolúveis, ou seja, solúveis em gordura – A, D, E e K – são armazenadas no tecido adiposo e fígado. Por ser armazenada, di�cilmente temos ausência ou falta dessas vitaminas, e seu uso excessivo pode comprometer a capacidade de armazenamento. Já quanto às hidrossolúveis – C e complexo B – a ausência dessas vitaminas são mais frequentes porque não são armazenadas, e seu excesso causa toxicidade. Funções Algumas vitaminas do complexo tais como a tiamina (B1), ribo�avina (B2), niacina (B3), ácido pantotênico (B5) e biotina (B7) são importantes no processo de energia no ciclo de Krebs. O ácido fólico (B9) e a cobalamina (B12) são essenciais no processo de renovação celular e processo de renovação do sangue (hematopoese). Embora a maioria das pesquisas que avaliam o consumo de vitaminas no exercício não comprove a necessidade de suplementação desses nutrientes, muitos atletas (e indivíduos não atletas) têm consumido uma grande variedade de suplementos, incluindo vitaminas e minerais, visando a benefícios ergogênicos. Os produtos mais consumidos em nosso meio são a vitamina C, com a propaganda de atenuar a ação de radicais livres e de melhorar o sistema imunológico, e os complexos vitamínicos, com a alegação de recuperação da energia do organismo (BIESEK et al., 2012). 53 Tabela 1 - Resumo das principais funções das vitaminas hidrossolúveis Vitamina Funções Efeitos adversos por excesso de consumo Fontes Considerações especiais Vitamina A, inclui a provitamina A, carotenoides precursores do retinol Necessária para visão normal, a expressão genética, a reprodução, o desenvolvimento embrionário e a função imunológica. Efeitos teratológicos, toxidade do fígado. Obs.: somente da vitamina A pré-formada Fígado, derivados do leite, peixes. Indivíduos com alta ingestão alcoólica, doença hepática preexistente, hiperlipidemia ou severa desnutrição proteica podem ser suscetíveis ao efeito tóxico do excesso da ingestão de vitamina A pré- formada. Vitamina D, também conhecida como colecalciferol Manutenção das concentrações séricas de cálcio e fósforo. Elevação nas concentrações plasmáticas do 25 (OH)D, causam hipercalcemia. Leite e cereais forti�cados, gema de ovo, fígado, óleo de fígado de peixe, peixes como sardinha, atum e salmão. Pacientes em terapia com glicocorticoides podem necessitar de quantidades adicionais de vitamina D. Vitamina E, Funciona como Não existem Óleos Pacientes em 54 também conhecida como alfa- tocoferol antioxidante, prevenindo o dano das membranas celulares. evidências de que o consumo de vitamina E naturalmente encontrada nos alimentos possa apresentar efeitos adversos. Entretanto, suplementação com vitamina E pode levar a hemorragias. vegetais (soja, milho, algodão), grãos integrais, hortaliças folhosas verdes, nozes, feijões, ervilhas, lentilhas, margarinas, carnes. terapia anticoagulante devem ser monitorados quanto à suplementação com vitamina E. Vitamina K (�loquinona) Essencial coagulação do sangue (envolvido na formação da protrombina). Não tem sido veri�cado efeito adverso associado ao consumo de vitamina K em alimentos ou suplementos. Isso não signi�ca que não possa haver efeitos adversos com o uso excessivo. Como os dados são limitados, recomenda-se cautela no uso aumentado. Hortaliças folhosas (espinafre, couve, repolho), couve-�or, soja, fígado, óleos de plantas e margarinas. Pacientes em terapia anticoagulante devem monitorar a ingestão de vitamina K. Fonte: BIESEK SIMONE, 2012 página 65. 55 Tabela 2 - Resumo das principais funções das vitaminas hidrossolúveis Vitamina Funções Efeitos adversos por excesso de consumo Fontes Considerações especiais Tiamina (vitamina ) Coenzima envolvida no metabolismo de carboidratos e dos aminoácidos de cadeia rami�cada Não há relatos de efeitos adversos associados ao consumo. Isso não signi�ca que ingestões excessivas não possam trazer efeitos negativos à saúde dos indivíduos Arroz, pães e cereais integrais, vísceras, carne suína, aves, peixe, gema de ovo, leite, frutas, hortaliças, feijões, ervilhas, soja, amendoim, nozes Indivíduos submetidos à hemodiálise e pacientes com síndrome de má absorção podem necessitar de maiores quantidades de tiamina Ribo�avina (vitamina ) Constituinte de duas coenzimas envolvidas no metabolismo energético (FAD e FMN) Nenhum efeito adverso por consumo excessivo tem sido relatado. Isso não signi�ca que não haja riscos potenciais consequentes de uma ingestão excessiva Derivados do leite, fígado, rim, coração, aves, cernes, ovos, frutas, pães e cereais integrais forti�cados, gérmen de trigo Nenhuma Niacina (vitamina ) Constituintes de duas enzimas envolvidas em reações Não há evidências de que o consumo excessivo de niacina em alimentos apresente algum Fígado, aves, carnes, peixes, ovos, ervilhas, feijão, Consumo elevado de niacina pode ser necessário para pacientes B1 B2 B3 56 Fonte: BIESEK SIMONE, 2012 página 65. de oxirredução (NAD e NADP), necessária no metabolismo energético efeito adverso à saúde. A suplementaçãocom niacina pode resultar em alterações gastrointestinais e rubor facial lentilhas, frutas, hortaliças folhosas verdes, batata, levedo de cerveja, amendoim, cereais e pães integrais ou enriquecidos em hemodiálise e para indivíduos com síndrome de má absorção Piridoxina (vitamina ) Coenzima envolvida no metabolismo dos aminoácidos e do glicogênio Não há relatos de efeitos adversos associados ao consumo de nos alimentos ou suplementos. Isso não signi�ca que ingestões excessivas não possam trazer efeitos negativos à saúde dos indivíduos. A ingestão excessiva dessa vitamina por suplementação tem sido associada ao aparecimento de neuropatia periférica Leite, fígado, carnes, carne de porco, peixe, pães e cereais integrais, hortaliças folhosas verdes, soja, amendoim e milho Nenhuma B6 B6 57 De todas as vitaminas, a única recomendação feita pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte são as de vitaminas C e E. Para atletas em regime de treinamento intenso, tem sido sugerido, o que tem gerado controvérsia, o consumo de vitamina C entre 500 e 1.500mg/dia (proporcionaria melhor resposta imunológica e antioxidante) e de vitamina E (aprimoraria a ação antioxidante). A documentação cientí�ca permite que os pro�ssionais quali�cados, nutricionistas e médicos, prescrevam de forma sistemática vitamina C e E para atletas, com a ressalva de que esta atitude se baseia em baixo grau de evidência cientí�ca. (SBME, 2009). Veja o estudo na íntegra em: O atleta é mais propenso a desenvolver de�ciências nutricionais devido às diversas condições a que são submetidos, como a rotina de treinamento, a intensidade da atividade física e o ambiente em que se exercitam, bem como aos fatores �siológicos que os acompanham nas mais diversas modalidades esportivas, como a sudorese excessiva e o estresse metabólico. O acompanhamento do status nutricional, principalmente ao que se refere aos minerais, é de suma importância para assegurar aos atletas saúde e desempenho físico. Entretanto, preconiza-se a 58 https://go.eadstock.com.br/uI suplementação desses minerais de maneira pontual, prioritariamente para a correção de de�ciências nutricionais, enquanto a suplementação para �ns ergogênicos é pouco fundamentada na literatura cientí�ca (Lancha Jr, 2019). Antes do século XX, as doenças causadas por falta ou excesso de vitaminas (pelagra, anemia perniciosa, escorbuto) não eram conhecidas. Em 1905, William Fletcher descobriu que arroz não descascado prevenia a beribéri. Em 1906, Frederick Gouland Hopkins postulou que os alimentos continham “fatores acessórios”. Em 1912 Casemir Funk isolou a substancia que Fletcher identi�cou. Como a substância era uma amina ele a denominou “vital amine“ (amina vital), que acabou sendo modi�cada para “vitamine”. 59 Minerais 07 60 Olá, estudantes! Os minerais são componentes inorgânicos essenciais para o funcionamento �siológico adequado. Juntos com as vitaminas, são chamados de micronutrientes porque as quantidades demandadas diariamente são relativamente pequenas, em miligramas (mg) ou microgramas (µg). Foram identi�cados 21 minerais como essências em humanos (DUNFORD e MARIE, 2012) tais como cálcio, magnésio, ferro, cromo, zinco e iodo. Nesta aula, vamos sintetizar o conhecimento disponível sobre os minerais no contexto do exercício físico, abordando temas relacionados à biodisponibilidade, ao metabolismo, às recomendações dietéticas e aos aspectos funcionais desses micronutrientes. Classificação Os minerais podem ser classi�cados pela quantidade encontrada em nosso corpo. Os minerais encontrados em maior quantidade são chamados de macrominerais, e incluem cálcio, sódio, potássio e cloro. Os encontrados em menor quantidade são chamados microminerais, como magnésio, ferro, iodo e zinco. Os minerais podem ser classi�cados também de acordo com sua função, como formação de ossos, produção de hemácias ou suporte para o sistema imune. 61 Dos minerais mais importantes, podemos destacar o cálcio, ferro, zinco, sódio, potássio e cloro. O cálcio se destaca devido seu papel fundamental na formação óssea. O ferro participa na formação de hemácias e transporte de oxigênio. O zinco é fundamental para o sistema imune, e o sódio, potássio e cloro são eletrólitos, indispensáveis para contração muscular, transmissão nervosa e manutenção do equilíbrio hídrico e hidroeletrolítico. (LANCHA JR, 2019). Magnésio O magnésio (Mg) desempenha um papel vital no metabolismo da glicose, ajudando a formar o glicogênio muscular e hepático a partir da glicose sanguínea. Os 20 a 30 gramas de magnésio no corpo também participam degradando glicose, ácidos graxos e aminoácidos durante o metabolismo energético. O magnésio afeta a síntese de lipídios e proteínas contribui para o funcionamento adequado do sistema neuromuscular e também age como um eletrólito que, junto com potássio e sódio, ajuda a estabilizar a pressão sanguínea dentro da faixa normal. Por meio da regulação da síntese de DNA e RNA, o magnésio regula o crescimento e a reprodução celulares e a estrutura das membranas plasmáticas. Por causa de seu papel como um bloqueador dos canais de cálcio, uma diminuição nas concentrações de magnésio pode causar hipertensão arterial e arritmias cardíacas (WILLIANS e WILKINS, 2016). 62 Figura 1 - Alimentos ricos em magnésio (Mg) Fonte: Freepik. Ferro Cerca de 80% do ferro (Fe) presente em nosso corpo está na forma de hemoglobina, um composto proteico que aumenta 65 vezes a capacidade de transportar oxigênio no sangue. O ferro desempenha outras funções importantes relacionadas ao exercício além de seu papel no transporte sanguíneo de oxigênio. Ele age como um componente estrutural da mioglobina (cerca de 5% do ferro total), um composto com algumas semelhanças com a hemoglobina e que ajuda no armazenamento e no transporte de oxigênio dentro da célula muscular. Pequenas quantidades de ferro também existem nos citocromos, a substância especializada que facilita a transferência de energia dentro da célula. 20% do ferro corporal não estão combinados com compostos funcionalmente ativos e existem como hemossiderina e ferritina armazenadas no fígado, no baço e na medula óssea. Essas reservas restabelecem o ferro perdido pelos compostos funcionais e fornecem uma reserva de ferro durante períodos de ingestão dietética inadequada desse mineral (WILLIANS e WILKINS, 2016). 63 Figura 2 - Alimentos ricos em ferro (Fe) Fonte: Freepik. Sódio e potássio Os eletrólitos modulam a troca de líquidos entre os compartimentos corporais, permitindo uma troca bem regulada de nutrientes e produtos metabólicos entre a célula e seu ambiente �uido externo. O potássio (K) é o principal mineral intracelular. A ingestão adequada de potássio também pode causar benefícios para a saúde, particularmente por contrabalancear o aumento da pressão sanguínea causado pelo excesso da ingestão de sódio (Na). Esse efeito bené�co do potássio pode ser causado porque ele pode tornar os vasos sanguíneos maiores mais �exíveis e dilatar os vasos sanguíneos menores, reduzindo a resistência periférica ao �uxo de sangue (WILLIANS e WILKINS, 2016). 64 Figura 3 - Alimentos ricos em potássio (K) Fonte: Freepik. A ingestão baixa de sódio faz o hormônio aldosterona agir para conservar o sódio, enquanto o excesso de sódio dietético inibe a liberação de aldosterona. Qualquer sódio em excesso é excretado na urina. Consequentemente, o equilíbrio de sal permanece geralmente normal em uma ampla faixa de ingestão. Isso não ocorre em indivíduos que não conseguem regular adequadamente o excesso de ingestão de sódio. O acúmulo anormal de sódio nos líquidos corporais aumenta o volume de líquidos e eleva a pressão sanguínea até níveis que representam um risco para a saúde. A hipertensão induzida pelo sódio ocorre em cerca de um terço dos indivíduos hipertensos. 65 Uma dieta com baixo teor de sódio associada à transpiração excessiva, vômitos persistentes ou diarreia, pois gera um potencial para depleção do conteúdo de sódio do corpo aténíveis críticos, em uma condição chamada de hiponatremia. Essa emergência médica em potencial causa um amplo espectro de sintomas que variam desde cãibras musculares, náuseas, vômitos e tontura até, em casos extremos, choque, coma e morte. A maioria das pessoas apresenta um risco mínimo de hiponatremia porque respostas renais às baixas concentrações de sódio disparam uma resposta de conservação desse íon. Além disso, a disponibilidade de sódio em tantos alimentos faz com que seja improvável que seus níveis caiam até valores criticamente baixos. 66 Hidratação 08 67 Olá! Certamente você sabe que nosso corpo é formado, em sua maior parte, por água, certo? Vamos aos dados: O corpo de um homem corresponde de 57 a 65 % de água e de 46 a 57% do corpo das mulheres. Em recém-nascidos, chega a 75%. De toda essa quantidade de água, 20% estão presentes no tecido adiposo. A ingestão adequada de água é de 0,2% do peso corporal para indivíduos sedentários, e pode ser maior em praticantes de exercícios e atletas. A insu�ciência de água está associada à di�culdade de perder peso, a cálculo renal e outros prejuízos para a saúde. Função da água corporal A água é um nutriente onipresente. Sem ela, a morte ocorre em geral após sete dias. Ela age como um meio de transporte e reativo do corpo: a difusão dos gases sempre ocorre através de superfícies umidi�cadas pela água. Os nutrientes e os gases viajam por meio de uma solução aquosa e os produtos metabólicos saem do o corpo por meio da água na urina e nas fezes. A água, junto com várias proteínas, lubri�ca articulações e protege uma variedade de órgãos tais como coração, pulmões, intestinos e olhos. A água tem enormes qualidades de estabilização de calor, pois absorve uma quantidade considerável de calor com apenas pequenas variações na temperatura. Essa qualidade, junto com o alto calor de ebulição da água (a energia necessária para passar 1 g de um líquido para o estado gasoso no ponto de ebulição), facilita a manutenção de uma temperatura corporal relativamente constante durante um estresse de calor ambiental e durante o aumento de calor intenso gerado pelo exercício (WILLIANS & WILKINS, 2016). O teor de água corporal permanece relativamente estável ao longo do tempo. Uma eliminação considerável de água ocorre em indivíduos �sicamente ativos, enquanto a ingestão adequada de líquidos normalmente restabelece qualquer desequilíbrio nos níveis de líquidos corporais. 68 Fontes Existem três fontes que fornecem água ao nosso corpo: líquidos, alimentos e água metabólica. A seguir, vamos saber melhor como a água metabólica é produzida: Dióxido de carbono e água são formados quando as moléculas de alimentos são catabolizadas para a geração de energia. Chamada de água metabólica, esse líquido fornece 14% das necessidades diárias de água de um indivíduo sedentário. A degradação completa de 100 g de carboidratos, proteínas e gorduras gera 55, 100 e 107 g de água metabólica, respectivamente. Adicionalmente, cada grama de glicogênio se une a 2,7 g de água por intermédio da junção de unidades de glicose; subsequentemente, o glicogênio libera essa água que foi incorporada durante seu catabolismo para a geração de energia (WILLIANS e WILKINS, 2016). Veja abaixo o balanço hídrico corporal em temperatura considerada normal e em alta temperatura: 69 Ingestão diária de água Excreção diária de água Temperatura normal (pouco ou nenhum exercício) Ingestão diária de água Excreção diária de água Ambiente quente (exercício extenuante) Fonte Alimentos Líquidos Metabolismo Total ml 1.000 1.200 350 2.550 Fonte Urina Fezes Pele Pulmões Total ml 1.250 100 850 350 2.550 Fonte Alimentos Líquidos Metabolismo Total ml 1.000 1.200 350 2.550 Fonte Urina Fezes Pele Pulmões Total ml 500 100 5.000 700 6.300 Fonte: (WILLIANS e WILKINS, 2016) O volume de água perdido diariamente é determinado por fatores ambientais, tamanho do indivíduo, taxa metabólica e volume excretado de líquidos, que podem ser eliminado pela urina, pele, fezes e suor. Em esportes de alto rendimento, a perda de peso após o treino é utilizada para saber a quantidade de suor perdida pelo indivíduo. Recomendação de ingestão As recomendações a seguir são de acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME), a Associação Americana de Dietética (ADA), a Faculdade Americana de Medicina do Esporte e as Ações Integradas de Saúde (AIS): Antes do exercício: 70 SBME : 2 horas antes – 250 a 500ml de água para garantir que o indivíduo inicie o exercício bem hidratado AIS: antes de o exercício começar, consumir 200 a 600 ml de �uído. ADA/ACSM : 4h antes do exercício consumir 5 a 7 ml/kg de peso corporal de água ou uma bebida desportiva para otimizar o tempo su�ciente para o estado de hidratação e de excreção de qualquer �uido como urina (300 a 700 ml). Durante o exercício: SBME: No início (15 primeiros minutos), depois com intervalos de 15 a 20 minutos. As quantidades variam de acordo com a taxa de sudorese (500 a 2000 ml/h). Mais de 1 hora ou intensa = CH e Na (carboidrato e sódio) AIS: ingestão de �uídos em todas as sessões de exercícios com mais de 30 minutos objetivando empatar as perdas prévias (dentro de 1% da massa corporal). Isotônico e água são as melhores opções. ADA/ACSM: reposição hídrica de acordo com as perdas. Mais de 1 hora = bebidas com carboidrato (6 a 8%) cerca de 30 a 60 g de carboidrato/hora ou 0,7 g/kg de peso por hora. Sódio e potássio estimulam a sede e a retenção hídrica. Depois do exercício: SBME : continuar a re-hidratação e utilizar cerca de 50 g de glicose nas primeiras duas horas depois do exercício para que se promova a ressíntese do glicogênio muscular e o rápido armazenamento de glicogênio muscular e hepático. AIS: repor na quantidade equivalente a 150% do dé�cit nas 4 a 6 horas depois do exercício. ADA/ACSM: rápida e completa recuperação pós-exercício: pelo menos 450 a 675 ml de líquido para cada 0,5 kg de peso perdido durante o exercício. Carboidrato: 1 a 1,5 g/ kg peso corporal durante os primeiros 30min após o treino, em intervalos de 2 a 6 horas. 71 Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Muitas causas de morte na história do esporte foram resultados de desequilíbrio hídrico e eletrolítico, dentre elas, a de Jordan Coe, lutador escocês de Muay Thai que tentava perder peso para lutar. Em 2017, Coe entrou em choque devido a uma desidratação severa por correr sob o sol escaldante antes de uma luta. E durante a maratona de Boston, a mais importe do circuito mundial, no ano de 2002, a corredora equatoriana Cynthia Lucero, de 28 anos, morreu por hiponatremia, condição que ocorre quando o nível de sódio no sangue está muito baixo. 72 https://esporte.ig.com.br/lutas/2017-03-27/luta-morte-perda-de-peso.html%20https://bostonmarathoncoach.wordpress.com/2011/04/28/remembering-dr-cynthia-lucero/ https://bostonmarathoncoach.wordpress.com/2011/04/28/remembering-dr-cynthia-lucero/ O princípio fundamental do organismo humano é a homeostasia. A palavra é a união dos termos gregos homeo, que signi�ca “o mesmo”, e stasis, “permanecer”. Para sobreviver, o nosso corpo deve manter a capacidade de “permanecer o mesmo”. Todos os sistemas do organismo estão sujeitos a alterações, mas o equilíbrio hídrico é o melhor exemplo das mudanças que podem ocorrer em nosso corpo. 73 Alimentos Funcionais 09 74 Você já deve ter ouvido falar em alimentos funcionais, certo? Pois são alimentos ou ingredientes que produzem efeitos metabólicos e/ou �siológicos bené�cos à saúde, além de suas funções nutricionais básicas (CARDOSO & OLIVEIRA, 2008). Esse efeito ocorre geralmente quando são consumidos como parte de uma dieta habitual, e é seguro consumi-los com esses objetivos sem necessidade de supervisão médica, como no caso de um medicamento. Acrescentando, de acordo com Kalil (2016), são alimentos – sólidos ou líquidos – que, além das propriedades nutricionais básicas, ajudam nosso corpo a funcionar melhor (porisso, o nome “funcional”), pois devido à presença de substâncias biologicamente ativas, são capazes de regular algumas funções corporais e auxiliar na proteção do organismo contra hipertensão arterial, diabetes, câncer, osteoporose e constipação (prisão de ventre), entre outros. A relação da alimentação com a saúde já era observada desde os tempos antigos, quando Hipócrates (460-377 a. C.) sugeria que era preciso fazer do seu alimento o seu medicamento, e do seu medicamento o seu alimento. Porém, foi com o surgimento de doenças e epidemias que se revelou a importância de uma dieta equilibrada e diversi�cada. Na década de 1980, o termo “alimento funcional” passou a ser adotado pelos Japoneses. Na década seguinte, em 1997, teve início a produção e a comercialização dos alimentos funcionais, conhecidos como FOSHU – "Foods for Speci�ed Health Use”, e em junho do mesmo ano, o Japão elaborou leis para regulá-los e o selo de aprovação do Ministério da Saúde e Bem-estar. Aqui no Brasil, em 1998, o Ministério da Saúde instituiu uma legislação que a indústria de alimentos funcionais deveria seguir. Já a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabeleceu normas e procedimentos para o registro de alimentos e/ou ingredientes funcionais. 75 Por que Consumir Alimentos Funcionais? No nosso dia a dia, nós geralmente consumimos alimentos funcionais sem pensar especi�camente nisso, mas para realmente aproveitar seus benefícios, o consumo precisa ser frequente. Frutas, legumes e cereais integrais, por exemplo, contêm grande parte das propriedades funcionais; logo, devem ser consumidos diariamente (KALIL, 2016). O importante, dizem especialistas da Fiocruz (2016), é substituir parte da ingestão de carne de vaca, embutidos e outros produtos à base de carne vermelha por soja e derivados (bebidas com proteína da soja, queijo de soja (tofu) e missô) ou então por peixes ricos em ômega 3. 76 Tofu, o queijo de soja Fonte: Freepik. Sabemos que existem vários alimentos industrializados que teoricamente possuem propriedades funcionais, mas será que eles substituem o consumo dos alimentos in natura? Bem, durante o processo de produção industrial, esses alimentos recebem compostos bioativos e com propriedades funcionais, mas eles não substituem o consumo de alimentos in natura, mas, quando consumidos regularmente, podem trazer resultados bené�cos na prevenção de doenças (KALIL, 2016). 77 Existe algum cuidado no consumo de alimentos funcionais? Antes do consumo, é importante veri�car se a concentração dos compostos bioativos nesses alimentos é su�ciente para garantir suas propriedades bené�cas. Eles também devem ser consumidos de maneira equilibrada e associada à prática de atividades físicas regulares (FIOCRUZ, 2016). Estude alguns alimentos funcionais de fácil acesso e suas principais propriedades: 78 Abacate (betasistosterol) Rico em vitaminas E e C, potentes antioxidantes, promove a saúde dos dentes e gengivas e protege os tecidos do corpo dos radicais livres. Seus �tonutrientes reduzem o colesterol sanguíneo; Alho e cebola (alicina e compostos derivados) Muitos compostos desses alimentos exercem atividades que estimulam a função imunológica e favorecem a redução do colesterol "ruim"; Chá verde (compostos fenólicos) Tem ação antioxidante, que reduz o risco de câncer (particularmente o de estômago) e doenças cardíacas, impedindo a formação e desenvolvimento de tumores, e ajuda a diminuir a gordura abdominal; Couves, brócolis, repolho e nabo, entre outros vegetais crucíferos (glicosinolatos) Previnem câncer e doenças cardiovasculares por sua ação antioxidante nas célular. Ricos em �bras, ajudam no funcionamento do intestino; Aveia, trigo e arroz integral, entre outras �bras (glucanas) Resistentes à quebra pelas enzimas que atuam na digestão, promovem a sensação de saciedade e retardam a absorção de carboidratos, açucar e gordura. Também reduzem o risco de câncer, particularmente do trato alimentar (colorretal e gástrico); Leites fermentados (probióticos) Previnem o câncer intestinal e colorretal e participam do controle da glicemia. Colaboram com o funcionamento e o equilíbrio dos organismos bené�cos da �ora intestinal; Peixes e óleos vegetais (ômega 3) Reduzem as concentrações de colesterol sanguíneo e o risco de doenças cardiovasculares e da maior parte das doenças crônicas não transmissíveis (hipertensão, diabetes etc.); 79 Fonte: Fiocruz, 2016. Disponível aqui Pimenta (capsaicinóides) São boas fontes de antioxidantes e podem atuar como anticoagulantes, prevenindo a formação de coágulos que causam ataques cardíacos ou derrames cerebrais; Soja e derivados (iso�avona) Reduzem a frequência e intensidade dos sintomas da menopausa, previnem osteoporose, protegem contra o câncer (principalmente mama e próstata) e doenças cardíacas, diminuem o colesterol "ruim" e combatem os radicais livres; Tomate vermelho, amora e goiaba vermelha (carotenóide licopeno) Protegem contra o câncer de próstata e doenças cardiovasculares e neutralizam os radicais livres. INGREDIENTES FUNCIONAIS APROVADOS PELA ANVISA Ácidos graxos ômega 3, carotenoides, licopeno, luteína, zeaxantina, �bras alimentares, dextrina resistente, goma guar parcialmente hidrolisada, lactulose, polidextrose, betaglucana, frutooligossacarideos, inulina, psilium, quitosana, �toesteróis, proteína de soja, probióticos e polióis. 80 https://portal.fiocruz.br/noticia/alimentos-funcionais-substancias-auxiliam-na-protecao-contra-doencas Propriedades Funcionais de Ingredientes Mais Acessíveis Ácidos graxos ômega 3 – o consumo de ácidos graxos ômega 3 auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos (MORAES & COLLA, 2006). Estudos têm demonstrado que ingerir peixes regularmente tem efeito favorável sobre: os níveis de triglicerídeos, pressão sanguínea, mecanismo de coagulação e ritmo cardíaco; a prevenção do câncer (mama, próstata e cólon); a redução da incidência de arteriosclerose. Ademais, a substituição de gordura saturada por gordura monoinsaturada na dieta reduz os níveis de colesterol total e de LDL – a lipoproteína de baixa densidade, o chamado “colesterol ruim” – sem alterar signi�cativamente os níveis de HDL – a lipoproteína de alta densidade, ou o “colesterol bom”. O ômega 3 ode ser encontrado em peixes de água fria (salmão, atum, sardinha, bacalhau), óleos vegetais, sementes de linhaça, nozes e alguns tipos de vegetais ou sob a forma de suplemento. 81 Carotenoides (licopeno, luteína e zeaxantina) Têm ação antioxidante e protegem as células contra os radicais livres. Tanto os carotenoides precursores de vitamina A como os não precursores, tais como a luteína, a zeaxantina e o licopeno, apresentam ação protetora contra o câncer, sendo que os possíveis mecanismos de proteção são por intermédio do sequestro de radicais livres. Devido à sua estrutura, os carotenoides que não oferecem vitamina A atuam protegendo as estruturas lipídicas da oxidação ou por sequestro de radicais livres gerados no processo oxidativo e são encontrados em alimentos in natura de cor vermelha. Já a vitamina A é encontrada em fígado, gema de ovo, leite, vegetais folhosos verdes e amarelos, frutas amarelo-alaranjadas, espinafre, couve, manga, mamão, cenoura, dendê e pequi, entre outros. Fibras alimentares As �bras alimentares auxiliam no funcionamento do intestino, e devem ser sempre consumidas junto com a ingestão de líquidos. Vejamos a seguir as �bras mais comuns: 82 Inulina: é um polissacarídeo da frutose com uma unidade de glicose terminal. O polímero da frutose é particularmente abundante nas raízes da chicória e da alcachofra de Jerusalém, de onde é extraída pela indústria de alimentos. Por não ser digerida pelas enzimas do intestino humano, é considerada como �bra alimentar insolúvel. Desta maneira, a inulina alcança o cólon, onde é utilizada pela �ora microbiana. Psillium: a fração ativa é extraída da casca de semente do Psyssilium. É constituída de arabinoxilano altamente rami�cada, consistindo de um suporte
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