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Stephane D’arc 5º semestre - Medicina Antivirais Introdução Os vírus são um dos principais agentes infecciosos relacionados a doenças com significativa morbimortalidade mundial. Eles podem ser formados por DNA ou RNA e são envoltos por uma estrutura denominada capsídeo. São parasitas celulares obrigatórios, ou seja, necessitam da célula para se replicar, podendo até integrar fragmentos do seu material genético à célula do hospedeiro. O tratamento das infecções virais é realizado por fármacos que inibem eventos relacionados à adesão e replicação viral. As seguintes viroses são evitadas por meio de vacinas: rubéola, sarampo, caxumba, poliomielite, hepatite A, hepatite B, HPV, varicela, febre amarela e gripe. ✓ O antiviral ideal deve interromper a replicação viral, sem interferir no metabolismo celular. A facilidade com que ocorrem mutações é responsável pela dificuldade em estabelecer estratégias de tratamento. Essas medicações podem ser classificadas de acordo com o mecanismo de ação. INIBIDORES DA TRANSCRIPTASE REVERSA ANÁLOGOS DE NUCLEOSÍDEOS OU NUCLEOTÍDEOS (ITRNS) USADOS NO TRATAMENTO DA INFECÇÃO PELO HIV Mecanismo de ação: Os ITRNs são análogos dos nucleotídeos contendo ribose desprovidos do grupo 3′-hidroxila. Uma vez dentro das células, eles são fosforilados por enzimas celulares ao análogo trifosfato correspondente, que é preferencialmente incorporado ao DNA viral pela transcriptase reversa (TR). Como o grupo 3′- hidroxila não está presente, não se forma a ligação 3′5′-fosfodiéster entre o trifosfato nucleosídeo e a cadeia de DNA em formação, interrompendo o alongamento do DNA. A afinidade dos fármacos por várias das células DNA-polimerases do hospedeiro é menor do que pela TR do HIV, embora a DNA-polimerase mitocondrial pareça suscetível em concentrações terapêuticas. 2. Farmacocinética: Os ITRNs são excretados principalmente por via renal, e todos exigem ajuste da dosagem em caso de insuficiência renal, exceto o abacavir, que é biotransformado pela álcool desidrogenase e pela glicuroniltransferase. 3. Efeitos adversos: Várias das toxicidades do ITRNs são creditadas à inibição da DNA-polimerase mitocondrial em certos tecidos. Como regra, os didesoxinucleotídeos, como a didanosina e a estavudina, têm maior afinidade pela DNA- polimerase mitocondrial, causando toxicidades como neuropatia periférica, pancreatite e lipoatrofia. Quando se administra mais de um ITRN, deve-se ter o cuidado de evitar sobreposição de toxicidades. Todos os ITRNs têm sido associados à toxicidade hepática potencialmente fatal, caracterizada por acidose lática e hepatomegalia com esteatose. Stephane D’arc 5º semestre - Medicina Zidovudina A zidovudina é também conhecida como retrovir, AZT, ZDV ou 3'-azido-3'-desoxitimidina. AZT é um análogo da timidina que possui um grupamento 3'-azido em lugar da 3'-hidroxila. A zidovudina é rapidamente absorvida, e sua biodisponibilidade varia de 60 a 70%. Nos pacientes infectados com HIV, a absorção varia amplamente e é retardada após a ingestão de alimentos. A zidovudina atravessa a barreira hematoencefálica, propriedade importante se houver lesão neurológica associada à AIDS. Uso clínico A zidovudina, ou AZT, é usada no tratamento de adultos infectados pelo vírus HIV-I e cuja imunidade tenha sido reduzida, como se verifica pela contagem de linfócitos T CD4 abaixo de 500/mm3. Também usada no tratamento de crianças aidéticas com mais de 3 meses de idade e imunocomprometidas. A zidovudina pode ser usada para evitar a transmissão materno-fetal de HIV. Em associação com a zalcitabina, é indicada no tratamento de adultos infectados por HIV e que apresentam contagens de linfócitos T CD4 abaixo de 300/mm3. Na AIDS e no ARC (complexo sintomático relacionado com a AIDS), a zidovudina prolonga a sobrevida, reduz as infecções oportunistas, promove ganho de peso, melhora o estado funcional geral e aumenta as contagens de linfócitos T CD4. A associação de zidovudina com zalcitabina ou didanosina promove melhores aumentos de linfócitos T CD4 do que a monoterapia. Quando se utilizava a zidovudina como monoterapia, o seu efeito benéfico em retardar a progressão da AIDS era temporário, durando aproximadamente 2 anos. Depois se verificou que a zidovudina exercia ações aditivas ou sinérgicas quando era associada a outros fármacos antivirais como didanosina, zalcitabina, lamivudina, com diversos inibidores da transcriptase reversa não nucleosídicos e também com os inibidores de protease. Essas associações múltiplas representam o tratamento atual da AIDS, com resultados muito promissores. Por outro lado, a zidovudina e a estavudina, quando associadas, apresentam efeitos antagônicos. Reações adversas Podem ocorrer reações hematológicas tais como neutropenia, leucopenia e anemia macrocítica. A supressão da medula óssea depende da dose e da reserva medular do paciente. A mielossupressão é rara (4%) em pacientes que recebem 500-600 mg/m2/dia de zidovudina se a infecção pelo HIV ainda não lesou a medula óssea. Ainda podem ser observadas cefaleia, insônia e mialgia. O metabólito 3'-amino-3'- desoxitimidina pode ser responsável por algumas reações adversas do AZT. Didanosina A didanosina ou 2',3'-didesoxi-inosina, ou ddl, é um análogo da inosina que encerra hidrogênio nas posições 2' e 3' em lugar de um grupamento hidroxila. A didanosina é um sólido btanco que se funde a 160- 163°C, solúvel em água na proporção de 27,3 mg/mL. Uso Clínico A didanosina é usada no tratamento de adultos com doença avançada pelo HIV-I que receberam tratamento prévio e prolongado com zidovudina. É também indicada naqueles pacientes que não toleram AZT ou que tenham piorado com o AZT. Não se recomenda a didanosina para tratamento inicial de aidéticos porque foi demonstrado que o AZT melhorava a sobrevida dos pacientes e reduzia a incidência de infecções oportunistas. Quando se usa a didanosina em associação com outros antivirais, os resultados clínicos são melhores do que quando se usa a monoterapia. Reações adversas As mais graves são pancreatite e neuropatia periférica. A pancreatite pode ser grave ou fatal e ocorre em 7 a 13% dos pacientes estudados. Nesses estudos, também foi comum a neuropatia sensório-motora periférica, ocorrendo em 34% dos pacientes. Insuficiência hepática raramente ocorre, assim como a despigmentação retiniana. Outros efeitos colaterais incluem cefaleia, diarreia, insônia, náusea, vômito, exantema, prurido, dor abdominal, depressão, estomatite, mialgia, boca seca, tontura, alopecia. Stephane D’arc 5º semestre - Medicina Zalcitabina A zalcitabina, ou ddC, ou 2',3'-didesoxicitidina, é um análogo da desoxicitidina que encerra um hidrogênio no carbono 3' em lugar da hidroxila. A ddC é um sólido cristalino branco que se funde a 215-217°C e se dissolve na água na proporção de 78 mg/mL. Uso clínico Usa-se a zalcitabina, em associação com zidovudina em adultos, no tratamento de infecção avançada por HIV e em contagens de linfócitos T CD4+ menores do que 300/mm3. Nos aidéticos que não toleram ou pioram com zidovudina, pode-se usar zalcitabina isolada. Nesse caso, a zalcitabina é tão eficaz quanto a didanosina em retardar o avanço da doença. Até 40% dos pacientes podem desenvolver resistência à zalcitabina. Reações adversas A reação adversa mais importante é a neuropatia sensório-motora em 17 a 37% dos pacientes. Pode surgir pancreatite, mas é muito menos comum que com a didanosina. Também foram observadas úlceras orais e esofagianas, com o uso isolado de zalcitabina. Os pacientes que usam a associação de zalcitabina com zidovudina podem apresentar queixas gastrointestinais, vômito, náuseas, úlceras orais, dor abdominal, diarreia, anorexia, prurido,exantema, cefaleia, fadiga e febre. Estavudina Trata-se de um análogo da timidina que perdeu a 3'- hidroxila e os hidrogênicos 2' e 3', formando desse modo uma dupla ligação 2', 3'. É estável ao calor, à luz, à umidade elevada e em meio ácido e muito solúvel em água (90 mg/mL). Uso clínico A estavudina é usada do tratamento de infecção avançada por HIV-I em adultos que não toleram outros antivirais. Em aidéticos com doença avançada e contagens de linfócitos T CD4 inferiores a 400/mm\ a estavudina provocou melhora significativa nas contagens de linfócitos T CD4, nos níveis de antígenos p24 e nos sintomas clínicos. Reações adversas A principal reação adversa da estavudina é uma neuropatia periférica sensorial dolorosa, que aparece em 15% a 20% dos pacientes. A neuropatia é reversível com a suspensão da droga, e o tratamento pode ser retomado com o uso de doses menores. Observam-se também pancreatite, anemia, artralgia, febre, exantema e elevação das transaminases. Abacavir O abacavir é um análogo da guanosina que é bem absorvido por via oral. Quando se associa o abacavir à zidovudina e lamivudina ou a qualquer inibidor de protease, observa-se maior queda da concentração plasmática do RNA do HIV, que dura até pelo menos 16 semanas de tratamento. O abacavir é, em geral, bem tolerado. Reações adversas Náuseas, cefaleia, fraqueza, insônia e dor abdominal. Seu efeito adverso mais grave é constituído por uma reação de hipersensibilidade que ocorre em cerca de 3% dos pacientes. Os sintomas aparecem 1 a 3 semanas após início do tratamento, e incluem mal- estar, náusea, vômito, diarreia, mialgia, artralgia e, às vezes, exantema. As anormalidades laboratoriais são representadas por linfopenia, elevação das provas de função hepática e da concentração de creatinina fosfocinase. Nesses casos, a droga deve ser suspensa e não mais usada. Tenofovir O tenofovir é um inibidor da transcriptase reversa e, como tal, não necessita de fosforilação intracelular para formar uma molécula ativa da droga. O tenofovir possui diversas propriedades favoráveis: potência, conveniência (uma dose diária), perfil de resistência praticamente nula e excelente tolerabilidade. Em ensaios clínicos, o Lenofovir demonstrou atividade durável de até 48 semanas, com pouca resistência à droga, mesmo em pacientes com supressão Stephane D’arc 5º semestre - Medicina incompleta da replicação viral Recentemente, o tenofovir foi estudado em pacientes não tratados anteriormente, demonstrando ser tão eficaz quanto a estavudina, ao reduzir a replicação vira], em regime terapêutico combinado com lamivudina e efavirenz. INIBIDORES DA TRANSCRIPTASE REVERSA NÃO ANÁLOGOS DE NUCLEOSÍDEOS (ITRNNS) Os inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa incluem compostos de diferentes composições químicas. São representados por: nevirapina, delavirdina e efavirenz. Esses inibidores de RT não necessitam de fosforilação ou de processamento intracelular para se tomarem ativos. São inibidores de RT não competitivos e provocam inibição alostérica da função enzimática, através da ligação em locais distintos dos locais de ligação dos nucleosídios. A nevirapina e a delavirdina provocam a disrupção do local catalítico da RT e bloqueiam a atividade da DNA polimerase e da RT. Todos esses derivados exercem excelente atividade contra HIV-1 mas nenhum deles possui atividade contra HIV-2. Neviparina É bem absorvida, por via oral, com uma biodisponibilidade superior a 90%. Sua absorção não é alterada pelos alimentos. Tem a meia vida plasmática de mais de 24 horas. Usada isoladamente, a nevirapina reduz o RNA viral em 2 semanas de tratamento. O rápido aparecimento de resistência tem limitado o uso de nevirapina em monoterapia. In vitro, apresenta atividade aditiva e sinérgica contra HIV-1, quando associada a zidovudina, didanosina, estavudina e saquinavir. A nevirapina pode apresentar benefícios clínicos potentes e duráveis, quando associada a análogos nucleosídicos inibidores da RT. O efeito adverso mais frequente da nevirapina é um exantema que apresenta uma erupção maculopapular eritematosa. Têm sido observados níveis enzimáticos hepáticos elevados com o uso da nevirapina. Delavirdina A delavirdina é bem absorvida por via oral e tem uma biodisponibilidade de 85%. Para absorção total, esse.antiviral necessita de meio ácido. O uso de antiácidos dentro de 1 hora da administração de delavirdina ou o uso de bloqueadores da bomba de hidrogênio podem reduzir sua absorção. A meia-vida da delavirdina é de 58 horas, e sua ligação proteica atinge 98%, com pouca penetração no sistema nervoso central. A delavirdina tem maior eficácia quando usada em associação a outros antivirais. Como acontece com a nevirapina, pode ocorrer exantema em cerca de 18% dos pacientes, nas primeiras 3 semanas de tratamento. Na maioria dos casos, o exantema é transitório, atinge seu máximo em 2-3 dias e depois desaparece gradualmente. Foram também observadas elevações dos níveis de transaminases hepática. Efavirenz O efavirenz é bem absorvido por via oral, e sua absorção não é prejudicada pelos alimentos. Sua meia- vida é de mais de 24 horas, o que permite posologia diária de I vez. Quando associado ao indinavir, o efavirenz pode provocar a redução do nível plasmático de RNA do HIV-1 e essa redução pode ser mantida durante 60 semanas de tratamento, como observaram Kahn e cols. Esta associação de efavirenz e indinavir também produziu um aumento médio na contagem de linfócitos T CD4+ de 267 células/mm3 nas 60 semanas de tratamento. A associação de efavirenz com zidovudina e larnivudina no tratamento de aidéticos proporcionou também resultados favoráveis, até 24 semanas de tratamento, como verificaram Hicks e cols. Efeitos adversos Queixas neurológicas de cabeça oca, tontura, síndrome de desinteresse e cefaleia. Também foi observado exantema, mas de pouca gravidade. Os efeitos adversos neurológicos diminuem com a continuação do tratamento e quando se aplica o medicamento na hora de dormir. INIBIDORES DA PROTEASE USADOS PARA TRATAR INFECÇÃO POR HIV A protease ou proteinase do HIV é uma enzima aspartílica que é essencial para a clivagem pós- tradução da poli proteína gag e gag-pol. Os inibidores de protease são ativos contra HIV-I e HIV-2. Os atuais inibidores de protease são extensamente metabolizados no fígado pelo complexo enzimático do citocromo P450, principalmente pela isoenzima P450 III A 4. Os inibidores de protease podem interferir com o metabolismo de outras drogas, agindo como Stephane D’arc 5º semestre - Medicina indutores ou inibidores do citocromo P450, podendo surgir efeitos adversos devido a essa interação. O uso crônico de inibidores de protease pode provocar os seguintes efeitos adversos: hiperglicemia, síndrome de distrofia gordurosa, elevação dos níveis de glicerídios, depósitos anormais de gordura na base posterior do pescoço e nas vísceras abdominais. ➢ Os inibidores de protease usados atualmente no tratamento da AIDS são: saquinavir, ritonavir, indinavir, nelfinavir e amprenavir. Saquinavir Esse antirretroviral é apresentado em duas formas farmacêuticas: cápsula de invólucro rígido e cápsula de gel mole. A forma em gel mole melhorou substancialmente a biodisponibilidade do saquinavir. O saquinavir deve ser tomado com refeição rica em gordura para facilitar a absorção do fármaco. A droga tem elevada ligação proteica (97%). As seguintes drogas aumentam o metabolismo do saquinavir, reduzindo consideravelmente seus níveis plasmáticos: rifampicina, rifabutina, nevirapina, efavirenz, anticonvulsivantes. Por outro lado, as seguintes drogas inibem o metabolismo do saquinavir, elevando de modo pronunciado os seus níveis plasmáticos: cetoconazol, claritromicina,ritonavir, indinavir, nelfinavir e delavirdina. O uso de saquinavir na terapia combinada com outros antivirais produz efeitos mais duráveis do que a monoterapia. A associação de saquinavir com ritonavir exerce potente atividade antirretroviral. Os efeitos adversos do saquinavir são representados por diarreia, náusea, desconforto abdominal e dispepsia. Foram também observados níveis elevados de triglicerídios, de enzimas hepáticas e da creatinina fosfocinase. Ritonavir O ritonavir é bem absorvido por via oral, possui biodisponibilidade de 70% e se liga às proteínas plasmáticas na elevada percentagem de mais de 98%. Tem uma meia-vida de 3,2 horas. Várias drogas alteram o metabolismo do ritonavir, elevando seus níveis plasmáticos, como a claritromicina, o tluconazol e a tluoxetin ou então reduzindo seus níveis plasmáticos, como a rifampicina e alguns anticonvulsivantes.O ritonavir deve ser guardado em geladeira e ao abrigo da luz. Na terapia antirretroviral associada, o ritonavir apresenta benefícios clínicos potentes e duráveis. Os efeitos adversos provocados pelo ritonavir são representados por náuseas, vômitos e diarreia em até 52% dos pacientes e, menos frequentemente, anorexia, dor abdominal, fraqueza, parestesias, gostos alterados e cefaleia e, às vezes, elevação dos níveis de transaminases hepática. Indinavir O indinavir necessita de meio ácido para boa solubilidade. O alimento rico em proteína ou em gordura interfere com a sua absorção, devendo a droga ser administrada em jejum ou 2 horas após uma refeição. Quando usado em associação com outros antirretrovirais, o indinavir proporciona benefícios potentes e duráveis. O efeito adverso mais sé1 provocado pelo indinavir é representado pela nefrolitíase, com cálculos formados de indinavir cristalizado, causando sintomas em 4% a 9% d pacientes. A nefrolitíase causada pelo indinavir é tratada com hidratação e analgesia, e usualmente sem suspensão da medicação. Pode-se também observar irritação gastrointestinal, insônia, garganta seca, pele seca e hiperbilirrubinemia indireta. Nelfinavir O nelfinavir tem boa disponibilidade, e sua absorção é facilita pelo alimento. A droga apresenta elevada ligação proteica (acima de 98%) e meia vida de 3,5 a 5 horas. A associação com estavudina ou zidovudina e lamivudina proporciona os mais potentes e duráveis efeitos antivirais. De modo geral nelfinavir é bem tolerado. São comuns as queixas gastrointestinais, que incluem flatulência e diarreia moderada. Amprenavir O amprenavir é bem absorvido, e o alimento não interfere na sua absorção. Sua meia-vida é de 9 horas. Quando usado 1 associação com zidovudina e lamivudina, mais de 60% dos pacientes não apresentam níveis detectáveis de RNA viral até 24 semanas de tratamento, de acordo com Murphy e cols. Em estudo realizado por :>n e cols., com associação de amprenavir e saquinavir ou indinavir 1elfinavir, Stephane D’arc 5º semestre - Medicina verificou-se redução dos níveis de RNA do HIV-I, que permaneceu até a 14' semana de tratamento. Em monoterapia, o amprenavir proporcionou queda da carga vira! que não se manteve após a semana de tratamento. O amprenavir usualmente é bem tolerado. Os efeitos adversos mais comuns são: cefaleia, queixas gastrointestinais náuseas, diarreia e exantema. Azanavir Trata-se de uma droga geralmente bem tolerada, de dose diária única, que parece não elevar o colesterol nem os triglicerídios, como se observa com os outros inibidores de protease. Pode surgir resistência a essa droga. A toxicidade principal e única dessa droga consiste em hiperbilirrubinemia. Esse efeito tóxico se relaciona com a dose e é reversível com redução da dose ou a suspensão do tratamento. INIBIDORES DE ENTRADA USADOS CONTRA A INFECÇÃO POR HIV Enfuvirtida A enfuvirtida é um inibidor de fusão. Para que o HIV entre na célula do hospedeiro, ele deve fundir sua membrana com a da célula do hospedeiro. Isso é possibilitado por mudanças na conformação da glicoproteína viral transmembrana gp41, o que ocorre quando o HIV se liga à superfície da célula do hospedeiro. A enfuvirtida é um polipeptídeo que se liga à gp41, evitando a mudança conformacional. Em associação a outros antirretrovirais, a enfuvirtida é aprovada para o tratamento de pacientes “experientes” que apresentam evidências de replicação viral, apesar do tratamento com antirretroviral. Como peptídeo, a enfuvirtida deve ser administrada por via SC. A maioria dos efeitos adversos se relaciona com a injeção, incluindo dor, eritema, endurecimento e nódulos, que ocorrem em praticamente todos os pacientes. A enfuvirtida deve ser reconstituída antes da administração. Maraviroque O maraviroque é outro inibidor de entrada. Como ele é bem absorvido por via oral, ele é formulado como comprimido. O maraviroque bloqueia o correceptor CCR5, que atua junto com a gp41, facilitando a entrada do HIV através da membrana da célula. O HIV pode expressar preferência pelo correceptor CCR5 ou pelo CXCR4, ou por ambos (dual-trópico). Antes de usar o maraviroque, é necessário um teste para determinar o tropismo viral e diferenciar entre cepas de vírus que usam o correceptor CCR5, o correceptor CXCR4 ou se é dual. Somente as cepas de HIV que usam o correceptor CCR5 para ter acesso às células são tratadas com maraviroque com sucesso. O maraviroque é biotransformado pela CYP450, e a dosagem precisa ser reduzida quando for administrado junto a outros IPs ou inibidores fortes de CYP450. Ao contrário, ele deve ser aumentado em pacientes que recebem efavirenz, etravirina ou indutores fortes de CYP450. O maraviroque é, geralmente, bem tolerado. Referência: Penildon Silva. Farmacologia - 8ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
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