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RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO DO CONSUMIDOR - PARECER JURIDICO

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PARECER JURÍDICO Nº XXX 
 
 
 
Requerente: XXX 
 
 
1. Ementa. DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. 
RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO DO CONSUMIDOR. 
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS CONCESSÕES DE SERVIÇOS PÚBLICOS. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CABIMENTO DE DANOS MORAIS CONTRA 
COMPANHIA TELEFÔNICA. 
 
2. Relatório. 
 
Trata-se de parecer em relação a responsabilidade civil nas relações de consumo, por 
serviços públicos realizados pelas concessões de telefonia em casos em que há a má 
qualidade na prestação do serviço. A presente análise envolve as diretrizes da 
responsabilidade civil, que constitui, como uma relação obrigacional cujo objeto é o 
ressarcimento, bem como a Responsabilidade pelo fato do Produto e do Serviço, que é 
derivada de danos do produto ou serviço, também chamada de acidentes de consumo. 
 
É o relatório, passo a opinar. 
 
3. Fundamentação. 
 
O direito relacionado ao objeto do presente parecer vem primordialmente estruturado na 
Lei n° 8078/90 - CDC, em especial em seu Art. 22, que dispõe: 
“Art. 22 – Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias 
ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços 
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. 
Parágrafo único – Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas 
neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos 
causados, na forma prevista neste Código”. 
 Tanto quanto a Lei 8.987/95, que dispõe em seu Art. 6 e 7: 
 “Art. 6º. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao 
pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes 
e no respectivo contrato. 
§ 1º. Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, 
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e odicidade das 
tarifas. 
Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, são direitos 
e obrigações dos usuários: 
I – receber serviço adequado”; 
E, a Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, Art. 3º que assim dispõe: 
“Art. 3º. O usuário de serviços de telecomunicações tem direito: 
I – de acesso aos serviços de telecomunicações, com padrões de qualidade e regularidade 
adequados à sua natureza, em qualquer ponto do território nacional; 
XII – à reparação dos danos causados pela violação de seus direitos”. 
Portanto, por força de lei, as concessionárias de serviços públicos estão obrigadas a 
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos, ou 
seja, as concessionárias de serviços públicos são obrigadas a fornecer serviços adequados 
que devem satisfazer as condições de regularidade, de continuidade, de eficiência, de 
segurança, de atualidade, de generalidade e de cortesia na sua prestação, mediante a 
cobrança de tarifas justas. As concessionárias de serviços públicos são obrigadas a 
permitir o acesso aos serviços de telecomunicações, com padrões de qualidade e 
regularidade, adequados à sua natureza, e, as concessionárias de serviços públicos ficam 
também obrigadas à reparação dos danos causados ao consumidor ou usuário pela 
violação de seus direitos. 
Na hipótese de má qualidade nas prestações de serviços, com notória negligência e desídia 
da parte das concessionárias quanto à adoção de medidas ao seu alcance para prestar um 
serviço com padrões de qualidade e regularidade adequados à sua natureza, inclusive e 
especialmente, aquelas que viessem a preservar o consumidor de elevados e consideráveis 
prejuízos. 
A responsabilidade objetiva, consubstanciada no princípio contido no art. 37, parágrafo 
6º, da Constituição Federal, não depende da comprovação da culpa ou dolo do agente; 
ainda que não exista culpa ou dolo, as pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de 
serviço público, responderão pelo dano causado por seus agentes, uma vez comprovada, 
simplesmente, a relação de causalidade. 
O caráter objetivo da responsabilidade, seja pelo fato do produto ou do serviço, seja pelo 
vício do produto ou do serviço, sendo assim, o Código de Defesa do Consumidor acolheu 
o postulado da responsabilidade objetiva, uma vez que, no plano probatório, desconsidera 
quaisquer investigações relacionadas à conduta do fornecedor. 
Por fim, cumpre destacar que a pertinência da inclusão do dano moral em sede de ação 
indenizatória, por ato ilícito, restou consagrada pela atual Constituição Federal, em face 
da redação cristalina no inciso X, do artigo 5º; e, ademais, o Eg. Superior Tribunal de 
Justiça editou sobre o tema a Súmula nº 37, segundo a qual a indenização por dano 
material e moral é cabível ainda que em decorrência do mesmo fato, e, na espécie, não há 
dúvida nenhuma de que esse dano moral pode ser pago a título de pretium doloris. 
Caio Mário da Silva Pereira ressalta: “é preciso entender que, a par do patrimônio, como 
‘complexo de relações jurídicas de uma pessoa, economicamente apreciáveis’ (Clóvis 
Beviláqua, Teoria Geral de Direito Civil, § 29), o indivíduo é titular de direitos integrantes 
de sua personalidade, o bom conceito de que desfruta na sociedade, os sentimentos que 
exornam a sua consciência, os valores afetivos, merecedores todos de igual proteção da 
ordem jurídica” (“Responsabilidade Civil”, pág. 66, ed. 1990). 
 Diante disto, vejamos precedentes sobre o exposto: 
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.227.263 - SP (2017/0328118-1) RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA 
AGRAVANTE : TELEFÔNICA BRASIL S.A ADVOGADOS : ARYSTOBULO DE OLIVEIRA FREITAS - SP082329 RICARDO 
BRITO COSTA E OUTRO (S) - SP173508 SILVIA LETICIA DE ALMEIDA - SP236637 LAURA ARRUDA E SÁ DOLCE - 
SP330481 LUIZ GUSTAVO RAMOS NOGUEIRA - SP329800 AGRAVADO : FUNDAÇAO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO 
CONSUMIDOR PROCON PROCURADOR : TATIANA DE FARIA BERNARDI E OUTRO (S) - SP166623 DECISÃO Trata-se 
de agravo interposto pela TELEFÔNICA BRASIL S.A. contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que não admitiu 
recurso especial fundado nas alíneas a e c do permissivo constitucional, e que desafia acórdão assim ementado (e-STJ fl. 756): AÇÃO 
ORDINÁRIA - Autuação e imposição de multa decorrentes da interrupção, no dia 29/07/09,do fornecimento do serviço de internet 
(Speedy), em diversas regiões do Estado - Cerceamento de defesa não configurado, pois as provas que a autora pretendia produzir não 
guardam relação com a fundamentação da r. sentença - Legitimidade do PROCON para autuar a empresa de telefonia - No caso, o 
serviço prestado pela autora, que ora apela, apresentou falha, impedindo rápido acesso à internet, produto que a operadora fornece sob 
o nome de Speedy. A ocorrência, que se deu no dia 02/07/2009, prejudicou milhares de consumidores, espalhados em diversas regiões 
do Estado, com o que ficou configurada a hipótese prevista na regra do artigo 20, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor. Apurada 
a falha na relação de consumo, legítima a atuação do PROCONSP, diante da regra do artigo 3º, XI, da Lei Estadual nº 9.192/95 - No 
que se refere ao valor supostamente desproporcional da multa, cabe salientar que o Judiciário não pode invadir quer função legislativa 
quer função executiva para excluir ou fixar a multa em percentual distinto daquele previsto na norma, a menos que vulnerada estivesse 
a regra do artigo 111 da CE - Recurso não provido. Embargos de declaração foram rejeitados (e-STJ fls. 818/821). No especial 
obstaculizado, a ora agravante, além de divergência jurisprudencial, apontou violação dos seguintes dispositivos: a) arts. 535, I e II, 
do CPC/1973, em razão de supostas omissões e contradição no acórdão impugnado; b) arts. 5º, 63, parágrafo único, 79, caput e § 2º, 
e 126 da Lei n. 9.472/1997 e art. 22 do CDC, ao argumento de que o Serviço de Comunicação Multimídia SCM, modalidadede 
serviço no qual o Speedy se inclui, é prestado sob o regime privado, não estando sujeito às obrigações de universalização e 
continuidade, mas aos princípios constitucionais da atividade econômica; c) arts. 19, parágrafo único, do Decreto n. 2.338/1997, arts. 
5º, 8º, 19 e 127 da Lei n. 9.472/1997 e art. 334, I, do CPC/1973, alegando que a ANATEL é o órgão competente para regular, fiscalizar 
e impor penalidades às empresas atuantes no setor de telecomunicações, inclusive no que tange à defesa do consumidor, devendo 
prevalecer sobre a competência do PROCON, esta meramente supletiva. Nesse ponto, ressaltou que a autuação da empresa em razão 
do mesmo fato pelos dois órgãos configurou bis in idem e que era desnecessária a juntada de documentos para comprovar que também 
foi autuada pela ANATEL, por tratar de fato notório. d) arts. 130, 165, 332, 400 e 420 do CPC/1973, pois, não reconhecida a 
notoriedade do fato pelos julgadores, não lhe foi oportunizado produzir provas nesse sentido, além de terem sido indeferidas as provas 
pericial e oral requeridas, configurando cerceamento de defesa. e) art. 6º, § 3º, da Lei n. 8.987/1995 e art. 20 do CDC, aduzindo que, 
ainda que se admita tratar-se de serviço prestado sob o regime público, não se caracteriza como descontinuidade a sua interrupção em 
situação de emergência ou motivada por razões de ordem técnica; f) art. 127 da Lei n. 9.472/1997, ao argumento de que deveria haver 
isonomia de tratamento a todas as prestadoras de serviço, o que não foi observado pelo PROCON; g) art. 57 do CDC, pois os critérios 
para fixação da multa não foram observados, razão pela qual defendeu, subsidiariamente, a necessidade de redução da multa imposta 
(e-STJ fls. 836/880). Depois de contra-arrazoado, o apelo nobre recebeu juízo negativo de admissibilidade pelo Tribunal de origem 
(e-STJ fls. 1.010/1.011), o que desafiou a interposição do presente agravo (e-STJ fls. 1.041/1.058) Contraminuta consta às e-STJ fls. 
1.069/1.075. Passo a decidir. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, "aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 
(relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, 
com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado Administrativo n. 2). Feita essa 
anotação, impõe-se afastar, desde logo, a indigitada ofensa ao art. 535 do CPC/1973, visto que o acórdão impugnado apreciou 
fundamentadamente a controvérsia, apontando as razões de seu convencimento, não se observando, na espécie, nenhuma contrariedade 
da norma invocada. Ademais, consoante entendimento jurisprudencial pacífico, o órgão julgador não está obrigado a se manifestar 
sobre todos os argumentos levantados pelas partes para expressar a sua convicção, notadamente quando encontrar motivação suficiente 
ao deslinde da causa. Nesse sentido: AgRg no AREsp 750.650/RJ, Relator Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, 
DJe 30/9/2015, e AgRg no AREsp 493.652/RJ, Relator Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe 20/6/2014. Na 
hipótese, o Tribunal de origem dirimiu a controvérsia nos termos da seguinte motivação (e-STJ fls. 757/763): Suscita a autora a 
ocorrência de cerceamento de defesa, pois formulara pedido de produção de provas pericial e oral, o que não foi apreciado pelo juízo 
monocrático. Pretendia a TELESP demonstrar que adotou todas as providências para sanar rapidamente a falha na prestação do 
serviço, procedendo, 
posteriormente, ao desconto dos valores correspondentes ao período de interrupção nas faturas de todos os assinantes. Buscava 
demonstrar, outrossim, que o aumento do tráfego, que gerou a queda das conexões à internet, era imprevisível. É bem de ver que as 
provas que a autora pretendia produzir não guardam relação com a fundamentação da r. sentença, de maneira que em nada alterariam 
o convencimento do magistrado e, portanto, a sorte do processo. Cabe ressaltar, de outra banda, que a própria TELESP reconheceu, 
em informações prestadas ao PROCON, logo após o chamado 'apagão da internet' a necessidade de multiplicar o número de roteadores 
e de servidores, tanto quanto a necessidade de investir na melhor capacitação dos empregados e de criar mecanismos de prevenção 
daquele tipo de ocorrência (fls. 102). Quanto à alegada ilegitimidade do PROCON para autuar a empresa de telefonia, veja-se que o 
objetivo da Fundação PROCON é elaborar e executar políticas de proteção e defesa dos consumidores, não se podendo confundir 
essas atribuições com as da ANATEL, consistentes na definição da estrutura do setor, normatização e na fiscalização da atividade de 
telecomunicação, o que envolve, por exemplo, a elaboração do plano de metas, o monitoramento da prestação do serviço, além da 
preparação de processos a serem enviados ao CADE. E o fato de existirem eventuais pontos de intersecção entre as finalidades 
institucionais da Fundação PROCON e aquelas que integram o plano de ação da agência de regulação nem de longe autoriza concluir 
que o órgão de defesa do consumidor estaria invadindo esfera de atribuição da ANATEL. Com efeito, a regulação econômica presente 
na autorização de reajuste de preços, na expansão da planta de serviços (para acabar com os monopólios), tudo isto interfere com as 
relações de consumo do serviço público. E tanto é verdade que a Lei Geral de Telecomunicações, em algumas normas esparsas, faz 
menção à defesa do consumidor. Mas aquele regramento está voltado mais ao direito de participação e à informação permanente sobre 
a gestão da agência reguladora, do ponto de vista de uma regulação do mercado, do que propriamente à defesa do consumidor, defesa 
essa que exige uma atitude assumidamente parcial por parte do Estado. De fato, a Lei Federal nº 8.078/90, no seu artigo 6º, 'traz um 
tratamento diferenciado em relação ao consumidor, assumindo isto com muita clareza ao estabelecer, por exemplo, o princípio da 
vulnerabilidade; isto é, o Código do Consumidor parte do princípio de que o consumidor é vulnerável no mercado de consumo e que, 
portanto, esta legislação surge para reequilibrar direitos e deveres' (Ronaldo Porto Macedo Jr., A regulação e os direitos do 
consumidor, in Carlos Ari Sundfeld, org., Direito Administrativo Econômico, SP. Malheiros, 2000, p. 250). E o fato de existirem 
referências esparsas, na Lei Federal nº 9.472/97, à defesa do consumidor, mais não quer dizer senão que a legislação consumerista se 
aplica subsidiariamente àquelas hipóteses previstas na Lei Geral de Telecomunicações (idem, ibidem). E nem se venha argumentar 
com os termos do Decreto Federal nº 2.338/97, que não tem competência para revogar a Lei Estadual nº 9.192, de 23/11/95, que 
instituiu a Fundação de Direito Público PROCON. No caso, o serviço prestado pela autora, que ora apela, apresentou falha, impedindo 
o rápido acesso à internet, produto que a operadora fornece sob o nome de Speedy. A ocorrência, que se deu no dia 02/07/2009, 
prejudicou milhares de consumidores, espalhados em diversas regiões do Estado, com o que ficou configurada a hipótese prevista na 
regra do artigo 20, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor. Apurada a falha na relação de consumo, legítima a atuação do PROCON-
SP, diante da regra do artigo 3º, XI, da Lei Estadual nº 9.192/95. E a empresa não foi autuada apenas com fundamento no fato de não 
ter garantido a continuidade na prestação do serviço, como diz a apelante (fls. 503, item 94), mas também pelo prejuízo causado aos 
consumidores, que ficaram sem acesso à rede por quase sete horas, como bem destacou o PROCON, ao lavrar o Auto de Infração (fls. 
102). De fato, são incalculáveis as perdas que os assinantes sofreram com a queda do sistema, de maneira que o simples abatimento 
de valores na fatura mensal, proporcionalmente ao período em que o serviço deixou de ser prestado, nem de longe recompõe as perdas 
suportadas pelos consumidores. (...)Afirma a autora que foi autuada, sob mesmo fundamento, pela ANATEL, mas não junta, com a 
inicial, qualquer documento em condições de comprovar o alegado. E destituída de sentido se mostra a tese de que tal fato prescindiria 
de qualquer comprovação (fls. 489, item 43). A doutrina adverte que o conceito de fato notório é relativo, podendo-se dizer, em linhas 
gerais, que o fato dispensa prova diante da possibilidade do conhecimento por meio da ciência pública ou comum. Entretanto, no caso 
concreto, não se está diante de questão que a máxima da experiência possa resolver, porquanto a análise do fato depende de prova 
documental, aplicando-se aqui a regra do artigo 333,I, do Código de Processo Civil. Quanto a dizer que a ocorrência era imprevisível, 
veja-se que se o mercado de consumidores do serviço aumenta, a base tecnológica tem de acompanhar esse crescimento. Isto parece 
intuitivo, dispensando maiores considerações, pelo que desnecessária - por refugir ao âmbito da discussão que importa para a solução 
da controvérsia - a realização de perícia. A razão do lucro, na empreitada capitalista, é remunerar o risco nela envolvido. O que não 
se admite é o fato de a empresa realizar ganhos, atribuindo a falha do serviço ao imponderável ou a forças irresistíveis, que 'a 
capacidade de seus servidores' não estaria em condições de vencer. Fosse assim, viver em uma sociedade tecnológica seria situação 
de risco iminente e constante, uma verdadeira aventura, o que, bem se sabe, não corresponde aos fatos. A ciência e a técnica 
representam o domínio do homem sobre a natureza. Os outros argumentos desenvolvidos pela TELESP são igualmente, sem exceção, 
irrelevantes para o deslinde da causa. Se o serviço de banda larga (SCM) não se ajustasse ao dever de continuidade, admitindo 
interrupções, então a ANATEL teria agido de maneira arbitrária ao determinar, como de fato determinou (fls. 399), que a TELESP 
suspendesse a comercialização do Speedy. E o argumento de autoridade aqui é utilizado de forma legítima, pois se está tratando de 
agência reguladora e fiscalizadora do serviço de telecomunicações. No concernente às providências 'para corrigir a falha', vê-se que 
as medidas adotadas (remanejamento de recursos, aumento de investimentos, importação de equipamentos, anunciadas à imprensa, 
com se vê a fls. 125) somente reforçam a percepção de que havia déficit na prestação do serviço, corrigido, de maneira emergencial, 
diante do 'apagão' (fls. 105). No que se refere ao valor supostamente desproporcional da multa, cabe salientar que o Judiciário não 
pode invadir quer função legislativa quer função executiva para excluir ou fixar a multa em percentual distinto daquele previsto na 
norma, a menos que vulnerada estivesse a regra do artigo 111 da Constituição do Estado, o que não é o caso, pois para quem investe 
R$ 750 milhões, em um ano (fls. 126), naquele rentável segmento tecnológico, o valor da multa imposta, que não chega a 0,5%, é 
muito próximo de zero. Por fim, não cabe a alegação de que o PROCON-SP deixou de fundamentar o ato ora atacado, pois o Auto de 
Infração nº 2752 descreve, com clareza, as irregularidades praticadas pela TELESP, que levaram a Fundação a aplicar a pena, bem 
como a capitulação da infração (fls. 102). Da leitura do excerto, observa-se, inicialmente, que o Tribunal de origem não emitiu juízo 
de valor acerca das teses relativas ao regime sob o qual o serviço é prestado e ao caráter supletivo da competência do PROCON e os 
respectivos dispositivos apontados como violados, apesar de ter sido provocado via embargos de declaração, circunstância que atrai 
a aplicação da Súmula 211 do STJ. Ainda, carecem do devido prequestionamento os arts. 130, 165, 332, 400 e 420 do CPC/1973 e o 
art. 127 da Lei n. 9.472/1997. Quanto à legitimidade do PROCON para autuar as empresas de telefonia, o aresto guerreado concluiu 
que o órgão estadual não invadiu a esfera de competência da ANATEL. Nesse ponto, cotejando os fundamentos do acórdão com as 
razões recursais, tem-se que a parte não se desincumbiu de demonstrar de forma clara e objetiva em que medida o Tribunal a quo teria 
contrariado os artigos arrolados, o que denota a deficiência na fundamentação, atraindo a aplicação, por analogia, da Súmula 284 do 
STF . Ademais, a Corte local entendeu, a partir da interpretação do art. 3º, XI, da Lei Estadual n. 9.192/95, que a atuação do órgão 
estadual foi legítima, de modo que a revisar essa conclusão esbarraria na Súmula 280 do STF. No que tange ao cerceamento de defesa 
pelo indeferimento das provas requeridas, o acórdão recorrido lastreou-se em circunstâncias do caso concreto, concluindo que "as 
provas que a autora pretendia produzir não guardam relação com a fundamentação da r. sentença", e, ainda, afastou a alegação de 
prescindibilidade de comprovação do fato tido como notório por entender que seria necessária prova documental, da qual não se 
desincumbiu a parte nos termos do art. 333, I, do CPC/1973. Pois bem, em face das premissas fáticas assentadas no acórdão objurgado, 
a modificação do entendimento firmado 
demandaria, induvidosamente, o reexame de todo material cognitivo produzido nos autos, desiderato incompatível com a via especial 
nos termos da Súmula 7 do STJ. O mesmo óbice sumular incide em relação à pretendida revisão do quantum da multa imposta, posto 
que, no caso, o Tribunal a quo entendeu que inexistiu desproporcionalidade no valor fixado administrativamente a autorizar a análise 
pelo Judiciário. A propósito: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. 
MULTA ADMINISTRATIVA. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 458 E 535 DO CPC/73. INEXISTÊNCIA. PROCON. ANÁLISE 
DE CONTRATOS E APLICAÇÃO DE MULTAS E OUTRAS PENALIDADES. COMPETÊNCIA. PRECEDENTES DO STJ. 
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. CONTROVÉRSIA RESOLVIDA, PELO TRIBUNAL DE ORIGEM, À LUZ DAS 
PROVAS DOS AUTOS. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DE CLAUSULA CONTRATUAL. IMPOSSIBILIDADE. 
SÚMULAS 5 E 7 DO STJ. PROPORCIONALIDADE DA MULTA APLICADA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO 
INTERNO IMPROVIDO. I. Agravo interno aviado contra decisao publicada em 04/12/2017, que, por sua vez, julgara recurso 
interposto contra decisum publicado na vigência do CPC/73. II. Na origem, trata-se de ação proposta por Omint Serviços de Saúde 
Ltda. em desfavor da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON, objetivando a anulação do auto de infração que lhe 
impôs multa de R$ 500.498,67 (quinhentos mil, quatrocentos e noventa e oito reais e sessenta e sete centavos), ou, subsidiariamente, 
a redução do seu valor. (...) VI. No que tange à proporcionalidade da multa aplicada, o Tribunal a quo, à luz das provas dos autos, 
concluiu que "o critério para a aplicação das multas estipulado pela Portaria nº 06/2000, do PROCON, está de acordo com o principio 
da proporcionalidade. A forma de apuração das multas obedece ao subprincípio da adequação, por obedecerem aos critérios e 
graduações estabelecidos pelo legislador consumerista, ou seja, a gravidade da infração, vantagem auferida e condição econômica do 
fornecedor". Acrescentou que "a pena se mostra apta a atingir a sua função, qual seja, a de proteger os direitos básicos do consumidor, 
sendo imprescindível que ela efetivamente tenha um caráter intimidativo e desmotivador, a fim de coibir praticas abusivas e ilegais e 
competir o fornecedor a gerenciar melhor o seu estabelecimento, estabelecendo-se uma regular. relação de consumo". Assim, a 
alteração do entendimento do tribunal de origem, a fim de aferir a proporcionalidade da penalidade atribuída ao autor, ensejaria a 
incursão nos aspectos fático-probatórios dos autos, procedimento vedado, em sede de Recurso Especial, ante a incidência da Súmula 
7 do STJ. VII. Agravo interno improvido. (AgInt no REsp 1.211.793/SP, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA 
TURMA, julgado em 03/04/2018, DJe 10/04/2018). Por fim, em relação à tese de que não se configurou a descontinuidadeda 
prestação do serviço, extrai-se que o fundamento utilizado no acórdão não foi expressamente rebatido nas razões recursais, as quais 
se mostraram dissociadas das premissas jurídicas apontadas pelo TJSP. Forçosa, mais uma vez, a aplicação da Súmula 284 do STF. 
Ante o exposto, com base no art. 253, parágrafo único, II, a e b, do RISTJ, CONHEÇO do agravo para CONHECER 
PARCIALMENTE do recurso especial e, nessa extensão, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Sem arbitramento de honorários 
sucumbenciais recursais (art. 85, § 11, do CPC/2015), em razão do disposto no Enunciado n. 7 do STJ. Publique-se. Intimem-se. 
Brasília (DF), 31 de agosto de 2018. MINISTRO GURGEL DE FARIA Relator 
(STJ - AREsp: 1227263 SP 2017/0328118-1, Relator: Ministro GURGEL DE FARIA, Data de Publicação: DJ 04/09/2018) 
 
4. Conclusão. 
 
Diante do exposto, entende-se que pode, perfeitamente, a concessionária ser condenada a 
indenização por danos morais, num valor apreciável, uma vez comprovada a sua 
culpabilidade, e que não cumpriu a mesma com suas obrigações, nos termos do art. 159 
do Código Civil. 
 É o parecer. 
 
 
 
Rio de Janeiro, ___ de _________ de 2020. 
 
Advogado 
OAB/UF

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