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Arqueologia de campo

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A Pesquisa de Campo em Arqueologia
A arqueologia de campo praticada até a década de 1960 enfatizava a escavação de sítios arqueológicos isolados, produzindo um inventário da cultura material com o objetivo de estabelecimento de cronologias. O sítio arqueológico é entendido enquanto um calendário, a ênfase é a descrição e classificação dos artefatos (monografia de sítio) e a perspectiva analítica é intra-sítio. A partir da Nova Arqueologia as pesquisas de campo passam a ser orientadas pelo conceito de sistema de assentamento, representando os sítios arqueológicos produtos de um sistema cultural dinâmico, cuja interpretação se dá a partir da comparação de conjuntos de sítios (análise inter-sítio) em sua relação com a paisagem (arqueologia regional). A pesquisa de campo é orientada por um projeto de pesquisa, escavando-se os sítios para testar hipóteses e problemas de pesquisa.
Escavações em Shanidar, Israel (1920)
No contexto da arqueologia regional, as prospecções destacam-se enquanto ferramentas metodológicas na arqueologia de campo, permitindo compreender qual o padrão de implantação dos sítios na paisagem e como este é influenciado pelo sistema cultural que o gerou. As prospecções geram um inventário de informações a partir dos quais se pode escolher quais sítios escavar em função do problema de pesquisa que se quer resolver.
De acordo com esta perspectiva, a escavação se torna a última etapa do trabalho de campo: só se escava para resolver um problema de pesquisa, pois é destrutiva e demanda altos investimentos em recursos humanos e financeiros.
Escavações em Star Carr, Inglaterra (2000)
Os estágios da pesquisa de campo em arqueologia são definidos por Redman (1973) em 4 etapas:
1) Reconhecimento Geral: Inventário prévio das condições do ambiente e expectativas do registro arqueológico a ser estudado. O universo de pesquisa é a região total e o método é o levantamento bibliográfico e cartográfico que permite a avaliação do universo empírico e planejamento das estratégias de campo subsequentes e escolha dos métodos de campo que serão empregados. 
 2) Prospecção Intensiva: Inventário dos sítios de uma dada região. O universo é a amostragem probabilística da região total e o método é o levantamento total de sítios na área amostrada. Complementa o reconhecimento geral e permite uma primeira interpretação o sistema de assentamento.
3) Coleta de Superfície Controlada: Permite selecionar sítios que apresentem maiores condições de responder ao problema de pesquisa que orienta o projeto de campo na etapa seguinte. O universo é uma amostragem dos sítios localizados e o método a coleta sistemática e controlada das evidencias registrando a densidade e tipo de materiais, o grau de preservação do sítio e sua possível cronologia. Permite avaliar os métodos de prospecção e eleger os métodos de escavação.
4) Escavação: última etapa da pesquisa de campo. O universo são os sítios que sofreram coleta e o método é, através de sondagens, definir áreas para escavação mais ampla a fim de testar hipóteses surgidas nas etapas de campo anteriores. Permite testar hipóteses levantadas nas etapas anteriores.
I. PROSPECÇÃO
Na arqueologia tradicional as prospecções resumiam-se a busca de sítios para escavar. Na Nova Arqueologia, transformam-se no método da arqueologia regional para o estudo de sistemas de assentamento, estudando a relação entre variabilidade funcional inter-sítios e sua relação com ambiente. No entanto, oferecem poucas informações sobre muitos sítios: para análise de variabilidade intra-sítio necessita-se de escavações. 
Também é o principal instrumento para avaliação de impactos ambientais em Arqueologia de Contrato ou Estratégias de Cultural Resource Management (CRM). O método utilizado em geral é por amostragem que oferece o máximo de informação com mínimo tempo e custo.
Região abrangida pelo Projeto Arqueológico
Arqueologia Guarani: Territorialidade e
Cultura Material (em destaque alguns sítios 
Pré-coloniais identificados nas prospecções em 
Viamão e Barra do Ribeiro, RS)
O método de prospecção é o caminhamento ou método pedestre, identificando a presença de sítios pelo afloramento de material em superfície. A identificação de sítios em sub-superfície pode correr através da realização de sondagens ou através do uso de outros recursos como:
a) Fotos Aéreas: Pode ser considerada uma das etapas do reconhecimento geral, sendo realizada a análise de fotos de satélite (Google Earth) e fotos aéreas. Permite a localização de sítios com estruturas ou alterações de terreno de grande porte (sistemas de estradas, canais, etc.). No caso de uso de fotos aéreas, estas podem ser de dois tipos: verticais ou oblíquas (como na foto de Chaco Canyon, US – ao lado). 
b) Teledetecção (sondagens geofísicas): permite mapeamento prévio de estruturas subterrâneas para planejamento de escavações através do uso de equipamentos que detectam condução diferencial de energia (acústica, elétrica ou magnética) no solo. Podem ser de vários tipos: 
1) Métodos Acústico/Sísmicos – Medem princípio de reflexão diferencial de som. Exemplo de sua aplicação: uso de Emissores de Ondas Acústicas Verticais (ondas raylight) onde mede-se a velocidade de propagação do som (maior velocidade = materiais duros, como pedra; menor velocidade = materiais moles, como argila), atingindo profundidades entre 10-20 m; uso do Radar Acústico de Solo (ondas de rádio), cuja resistência de propagação permite mapear estruturas tridimensionais em programas de computador; uso de Sonar para localização de sítios subaquáticos.
2) Métodos Eletro-magnéticos – Medem princípio de reflexão ou condução diferencial de energia elétrica ou magnética como é o caso do geo-radar (energia se reflete na intersecção de dois materiais, sendo a profundidade medida pelo tempo de reflexão), do magnetrômetro (mede alterações no campo magnético na presença de determinados materiais) e da resistividade elétrica (mede a condução de eletricidade em diferentes tipos de solos e materiais. Por exemplo, pedra = maior resistividade; cerâmica = menor resistividade).
As atividades de Prospecção dividem-se variadas etapas:
Estabelecimento de Unidades Amostrais: Toda área a ser prospectada deve ser dividida em unidades amostrais equivalentes para controle e registro das informações. As unidades amostrais são plotadas em mapas podem ser arbitrárias, seguindo a forma de quadrados ou grades, ou naturais seguindo limites topográficos. No interior das unidades amostrais a prospecção pode se dar de forma intensiva, sendo a unidade dividida em linhas eqüidistantes (transects) de mesma orientação, cujo distanciamento é ditado pelo grau de intensidade da prospecção e tamanho das unidades amostrais (2 em 2 m, 2 em 2 km, etc), ou de forma extensiva, onde os transects abrangerão somente locais com visibilidade de solo (áreas aradas, erodidas, clareiras, etc). Em acompanhamento aos transects pode realizar-se sondagens de sob-solo também em espaçamento regular (shovel test) para localização de sítios em sub-superfície ou em áreas de baixa visibilidade de solo. 
O sítio Açutuba situa-se próximo a Manaus e corresponde a uma extensa aldeia fortificada de mais de 3 km de extensão situada às margens do rio Negro. Embora o material em superfície fosse diagnóstico (esq) somente as sondagens (dir) em transects permitiram mapear nas prospecções as dimensões do sítio. 
2) Escolha do Sistema de Amostragem mais Adequado à Área Estudada e ao Problema de Pesquisa que Orienta o Projeto: Os sistemas de em prospecção podem ser de dois tipos:
 a) Método Oportunístico: parte de informações previas sobre o contexto arqueológico da região. É indutivo e por vezes orientado pela casualidade das informações (busca de relatos de informantes locais) e facilidade de acesso.
b) Método Probabilístico: parte de um problema de pesquisa. É dedutivo, sendo derivado de levantamento prévio sobre as pesquisas e características ambientais da região estudada. Segue uma orientação estatística, selecionando para prospecçãoáreas com maior probabilidade de apresentar sítios arqueológicos. Uma prospecção probabilística deve abranger no mínimo entre 10-30% da região total, para a amostra ter validade estatística. 
	As Prospecções Probabilísticas podem ser de 2 tipos:
	Sistemáticas: Também chamadas de cobertura total ou full coverage abrange toda a região estudada. Geralmente aplicável a áreas de pequenas dimensões.
	Assistemáticas: Abrange somente áreas com maior probabilidade de apresentar sítios. Neste tipo de prospecção podem ser empregados diferentes sistemas de amostragem de acordo com as características ambientais da região, do contexto arqueológico e da problemática de pesquisa.
3) Registro Padronizado sobre os Sítios Amostrados –Os procedimentos padrões no Brasil seguem as determinações do IPHAN devem conter as seguintes informações mínimas sobre os sítios identificados: 
a) Registro de coordenadas geográficas (GPS ou triangulação por bússula) e plotagem em carta. 
b) Descrição do local de implantação (características ambientais – topografia, hidrografia, condições de uso atual do local, grau de preservação). 
c) Delimitação das evidencias em superfície e medida de dimensões, com realização de mapas planimétricos e, se possível, mapas topográficos (croqui). Pode-se realizar transects de sondagens com intervenções regulares em caso de baixa visibilidade em superfície.
d) Avaliação estratigráfica através de sondagens (poços testes ou tradagens) que determinarão a espessura da camada arqueológica, as características da estratigrafia, os processos de formação natural e cultural do sítio, a densidade de vestígios em sub-superfície e a cronologia da ocupação (material para datação).
e) Registro de sítio no Cadastro Nacional de Sítios (CNS) do IPHAN – O registro pode variar de acordo com o catalogo da instituição que dá salvaguarda ao projeto, mas em geral segue as instruções do PRONAPA: Sigla do Estado, seguida de sigla do principal recurso hídrico e de numero sequencial de sítios registrados na região, acompanhado por uma designação local. Ex: RS-LN-01: Cerrito Dalpiaz.
II. ESCAVAÇÃO:
Quando David Clark sugere que “não há uma maneira certa, mas muitas erradas de escavar um sítio arqueológico”, ele refere-se a idéia de que escavar é analisar simultaneamente problemáticas associadas à sincronia das atividades, representadas nos níveis horizontais da ocupação arqueológica, e à diacronia dos eventos, representada pela seqüência temporal de deposição vertical da estratigrafia.
Sendo o sítio arqueológico um conjunto de evidencias culturais imerso em uma matriz de natureza geológica, toda escavação arqueológica orienta-se pelos princípios de estratigrafia definidos por Charles Lyell (1833): a) o processo de deposição não é aleatório; b) a deposição dos sedimentos se ordena em seqüência (princípios de sobreposição); c) camadas sedimentares na mesma profundidade possuem a mesma cronologia (princípios de simultaneidade). Podemos definir estratigrafia arqueológica como a relação vertical entre diferentes camadas estratigráficas e níveis de ocupação arqueológicos a partir das suas características de deposição horizontal. Portanto, uma mesma camada estratigráfica (formação geológica) pode conter vários níveis de ocupação arqueológicos de cronologia distinta.
Estratigrafia sítio Santa Elina, com manchas de fogueiras (MT)
Detalhe da estratigrafia do sítio Pilger (RS). Este acampamento de caçadores coletores em abrigo sob rocha está situado no vale do rio Caí e foi ocupado entre 8.400 e 3.000 AP. As variações climáticas determinaram as variações de coloração e composição química das camadas estratigráficas. Em destaque, perfil de fogueira.
Os componentes que formam a estratigrafia de um sítio podem também ser predominantemente de natureza cultural como é o caso de estruturas como os sambaqui da costa de SC. Sambaqui Jabuticabeira II (acima), constitui-se em um monumento funerário construido ao longo de mais de 1000 anos pelo acúmulo de conchas.
Perfil sítio Jacuticabeira II, onde destacam-se linhas de carvão e estacas marcando as sepulturas
Estruturas funerárias do sítio Jabuticabeira II. Na imagem seguinte, reconstituição do método de construção.
Os métodos de escavação podem variar de acordo com as problemáticas da pesquisa e o tipo de sítio, podendo ser:
1) Métodos de Escavação Verticais - privilegia as variações temporais dos níveis de ocupação arqueológica do sítio ao longo da estratigrafia (ênfase na diacronia). As técnicas de escavação subdividem o sítio em quadrículas e a estratigrafia arqueológica em níveis artificiais ou arbitrários de profundidade regular (5 cm, 10 cm, 15 cm, etc), sem considerar as variações da topografia do sítio ou da relação contextual dos vestígios no nível. O problema deste tipo de técnica é que um nível artificial pode misturar níveis arqueológicos ou camadas sedimentares distintas. A fim de minimizar estas deficiências pode ser acompanhado do registro da variação das camadas sedimentares no perfil da escavação. 
2) Escavações Horizontais - Privilegia a relação espacial entre as evidências arqueológicas contemporâneas nos níveis de ocupação arqueológica (ênfase na sincronia). As técnicas de escavação se dão em áreas amplas (sem subdivisão de quadrículas) e por camada sedimentar ou níveis naturais, documentando a topografia de deposição dos vestígios através do registro individual (plotagem) em mapas de distribuição (decapagens) da posição horizontal e vertical das evidencias arqueológicas a partir de um ponto de referencia (marco zero, ponto zero ou datum).
3) Escavações Verticais/Horizontais - Combinam ambas abordagens ao empregar quadrículas e níveis artificiais para a retirada dos sedimentos, associado ao registro tridimensional individual das evidencias arqueológicas e da variação da composição das camadas sedimentares através da documentação dos perfis da escavação.. 
Decapagem de oficina lítica com técnica de relevé no sítio Santa Elina 
Método Wheeler ou Tabuleiro de Xadrez – Idealizado por Mortimer Wheeler nos anos 1930/40 em suas escavações de sítios da Idade do Bronze na Índia e Paquistão, consiste na combinação de princípios verticais (uso de quadrículas e níveis artificiais) e horizontais (manutenção de testemunhos ou bermas entre as quadrículas para registro estratigráfico). O padrão da escavação representa um tabuleiro de xadrez.
Método de Depagem - Idealizado por André Leroi-Gourhan nos anos 1950 em suas escavações de sítios do Paleolítico Superior na França, consiste na escavação horizontal por camada sedimentar ou nível ocupacional em áreas amplas (sem quadrículas), com registro tridimensional das peças. O controle vertical se dá pela manutenção de um testemunho ou perfil diretor sem ser escavado (imagem Santa Elina – MT)
Método de Trincheiras – Ideal para investigação exploratória de sítios extensos ou com alta densidade de material em sub-superfície. Seu objetivo é estabelecer um perfil diretor para controle estratigráfico e planejamento de escavações subseqüentes, que podem se dar através de metodologia vertical, horizontal ou combinada. O método se dá através de quadrículas interconectadas formando trincheiras que atravessam o sítio, sendo a técnica empregada os níveis artificiais. 
Exploração de aterro Marajoara (Pará) através de trincheiras
Método Escalonado – Ideal para escavação de sítios muito profundos, pois evita o desmoronamento dos perfis das quadrículas ou do perfil diretor. Independente da técnica empregada, o sítio é escavado em quadrículas, deixando-se em profundidades regulares quadriculas sem escavar. Desta forma, tem-se um perfil em degraus, possuindo a base da escavação uma dimensão menor que a das camadas superficiais (acima sítio Pilger, RS).
Método de Desenterramento – Ideal para sítios históricos ou urbanos que apresentem construções e estruturas de grandes dimensões. Trata-se de desentulhar as estruturas arquitetônicas, com registro dos artefatos mais típicos (imagem Chichen Itza, Mexico,quando descoberto na decada de 1830 e hoje)
Independente das opções metodológicas, toda escavação arqueológica segue algumas regras gerais:
1) Registro Geral das Evidências – O sítio arqueológico é também um “artefato, destruído pelo ato de escavar”. Assim, quanto maior a quantidade de informações registradas ao longo da escavação, maiores as possibilidades de interpretação. Os instrumentos de registro de campo são:
a) Plantas Topográficas e Planimétricas do Sítio (croquis) – Devem ser realizadas em escala, registrando a posição e altura do marco zero ou datum, a distribuição da malha de quadrículas, a localização de todas as intervenções e a presença de outras evidencias como estruturas arquitetônicas ou painéis rupestres (abaixo, registro arte rupestre em Santa Elina, MT).
b) Planos de Plotagem das Quadrículas (por nível artificial ou camada natural escavada) - Devem ser realizados em escala, durante a escavação, registrando individualmente a posição tridimensional de todos os vestígios e estruturas identificadas, bem como alterações sedimentares deposicionais e pós-deposicionais identificadas (acima, Santa Elina, MT).
c) Desenhos dos Perfis Estratigráficos (das quadrículas ou perfis diretores) – Caracterizam a variação da composição estratigráfica do sítio, registrando a variação granulométrica (tipo de sedimento = argila, areia, cascalho) e de cor (de acordo com o código Munsell de sedimentos), bem como a presença de alterações pós-deposicionais (galerias de tatu, marcas de raízes, etc.). Também é registrado a retirada de amostras de sedimentos, pólen, etc (desenho de perfil estratigráfico no sítio Pilger, RS).
 
d) Diário de Campo – contém anotações diárias sobre o tipo de intervenção, evolução do trabalho, membros da equipe responsáveis por cada atividade desenvolvida, “acidentes” eventuais ao longo da escavação como desmoronamentos de perfis, alterações sedimentares, registro de amostras coletadas, etc. 
e) Fotografias – Registram os planos gerais das escavações em sua evolução diária, detalhes das estruturas e demais evidencias identificadas, detalhes dos perfis estratigráficos, devendo ser registradas também no diário da escavação.
2) Controle da Profundidade – O controle da posição vertical (profundidade) das evidencias em uma escavação é dado a partir de um ponto de referencia fixo e arbitrário, designado marco zero, ponto zero ou datum. A partir deste são tomadas com o uso de um nível ou teodolito ou estação total (gera em computador mapa 3D) todas as medidas de altura para topografia e de profundidade para escavação, podendo também servir como ponto de referencia para o estabelecimento da malha de quadrículas. Deve situar-se em um ponto fixo da paisagem, fora do sítio e ser visível em toda área escavada, tendo sua posição registrada no diário de campo e croquis dos sítios para ser reutilizado em futuras intervenções (fotos do sitema de medições no sítio Pilger, RS – datum marcado na parede esquerda do abrigo com tinta vermelha).
3) Delimitação das Unidades de Intervenção - O controle da posição horizontal das evidencias em uma escavação é dado pelo registro de sua distancia do datum e sua relação com o Norte magnético. Em caso de escavações através do uso de sistemas de quadrículas este registro é feito pela distância da evidência dos limites norte e leste da quadrícula. As quadrículas são coordenadas de controle estabelecidas a partir do datum, formando uma malha que recobre o sítio, com ângulos de 90° entre suas paredes para não haver distorções no registro. O estabelecimento de um sistema de quadrículas pode se dar de duas formas: 
a) Quadrículas Básicas ou Finitas: usada para sítios pequenos ou em abrigos sob rocha. O sítio situa-se no ângulo de 90° da intersecção das coordenadas norte/sul (y ou meridiano) e leste/oeste (x ou absisas ou linha base), estabelecidas a partir do datum.
b) Quadrículas de União ou Infinitas: usada para sítios grandes ou de dimensões indeterminadas e também para coletas controladas, sondagens ou trincheiras e estabelecimento de topografia. O datum situa-se no centro da área de intervenção que também representará o testemunho da escavação. A área de intervenção é subdividida em quadrantes (NE,NW,SE, SW), dentro dos quais se estabelece as quadrículas, podendo estas serem distribuídas de forma amostral (aleatória ou estratificada).
4) Destino dos Sedimentos – Todos os sedimentos provenientes da escavação devem ser peneirados para resgate de evidências não identificadas durante a escavação. Para resgate de micro-vestígios, a malha da peneira deve ser fina (2 mm), podendo também utilizar água para lavagem dos sedimentos (total ou amostral) ou para suspensão de partículas (flotação). Após peneirar, os sedimentos não devem ser descartados na área do sítio para não afetar a estratigrafia e ao termino da escavação, é recomendável que a área escavada seja coberta a fim de proteger os perfis diretores da erosão (pode-se utilizar lonas plásticas e soterrar a escavação com sedimentos distintos dos do sítio).

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