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1 EPISTEMOLOGIAS POPULARES E A DESCOLONIALIDADE DO SABER NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS João Batista de Albuquerque Figueiredoi - UFC O propósito deste artigo é tecer uma articulação entre epistemologias populares e políticas públicas inspirado em Paulo Freire, Boaventura de Sousa Santos e os Estudos da Modernidade/Colonialidade, referenciado por Quijano (1991; 2005), Walsh (2008; 2009), Lander (2005), Dussel (2005) e Mignolo (2005; 2008); para finalmente tratar de epistemologias descolonializantes. Terei como suporte o diálogo intercultural com os povos indígenas ancestrais. Neste intuito me inspiro na teia da aranha e utilizo os fios formulados na relação entre compreensões anteriores e entendimentos atuais decorrentes do contexto global. Os nós que entrelaçam os fios na extraordinária arquitetura da teia epistêmica podem ser reconhecidos pela própria crise civilizatória que vivemos e que resulta, dentre outros aspectos, na maneira como a modernidade-capitalismo-colonialidade instituiu-se no contraponto que se estabelece por meio da oposição entre uma Europa civilizada e moderna e a América bárbara, habitada por seres sem alma – ‘os índios’, pronta para ser apropriada, dominada e explorada na criação do mundo moderno. Para compreender melhor estas correlações, proponho articular um diálogo entre a experiência exitosa de um projeto alternativo de sociedade que nos demonstra concretamente que é possível conectar outras epistemologias às outras políticas que de fato representem interesses e aspirações populares. Atualmente, em meu entendimento, encontramos no Equador uma das Constituições mais avançadas que se tem notícia na história da humanidade. Disso se tem poucas notícias, por sinal, dentro da moderna lógica hegemônica integrada a uma globalização gerada e impulsionada desde o “norte” planetário. Em diálogo com parceiros acerca das mudanças efetivas que se deram no contexto do Equador, conforme nos relata Walsh (2009), constatamos que, para acontecer algo tão auspicioso, fez-se necessário cenário propício para as transformações sociais que se deram. Esta constituição traz como eixo a ideia de ‘sumak kawsay’ – o ‘buen vivir’. Evito traduzir simplesmente sem antes destacar que este “bem viver” traz muito mais do que o viver bem ou um bem viver de uma lógica moderna, capitalista, neoliberal, colonialista. Na língua equatoriana, a ideia implica em uma abrangência e complexidade muito interessante, inclusive por integrar relações sociais equânimes, interculturalidade, plurinacionalidade e cuidado com a vida. Eis como aparece no preâmbulo da atual 2 Constituição Equatoriana: “Decidimos construir uma nova forma de convivência cidadã, na diversidade e harmonia com a natureza para alcançar o buen vivir, o sumak kawsay1. Imagine, uma constituição que traz como principal referencia o respeito a vida, a natureza, a diversidade étnico-racial numa proposta de respeito mútuo e mútua aprendizagem, intercultural portanto. No Brasil ancestral temos uma situação muito exemplar para compreendermos o quanto estamos imersos num planeta marcado por uma lógica única e cerceadora de outras lógicas; por um modelo único de sociedade e que subordina outras alternativas; numa pirâmide que elenca e define o certo, o bom e o belo e transforma tudo em mercadoria e a maioria em clientes consumidores. Para os Guarani havia uma terra na qual não existiam males, Yvy marã ey, conforme a lenda lá não acontecem guerras, fomes nem doenças. Este é um mundo integrado. Este reconhecimento, de uma utopia – um lugar a ser alcançado, estabelece para esta sociedade princípios bastante adequados à manutenção equilibrada das relações internas e externas, particularmente por manter as expectativas em níveis satisfatórios e as metas produtivas ficam restritas a um grau aquém do limite possível de rendimento pelo sistema produtivo. As interpretações mais recentes apresentam uma explicação sócio-ambiental e uma alternativa ecológica à procura deste lugar lendário... O mito de yvy marã ey sobreviveu entre os Guarani mais aguerridos em suas crenças e sua cultura. Foi um dos principais instrumentos de resistência utilizados pelos povos Guarani contra o domínio dos espanhóis e portugueses. Os movimentos pela busca da "terra sem males" era articulado pelos pajés, que se intitulavam Karaís. Apenas para ilustrar as conseqüências dessa relação colonizadora, lembro que 15.000 indígenas Guarani, em 1549, ao sofrerem com a colonização portuguesa, partiram do litoral rumo aos Andes, na busca da "terra sem males". Apenas 300 chegaram à Chachalpoyas, no Peru, onde, ao invés de bonança, foram capturados e presos2. No contexto desse mito temos subsídios para justificar a lógica do Mborayu, cujo sentido original seria o de "solidariedade tribal". Isto é um verdadeiro fato social total, implicando na circulação de prestações e contraprestações estabelecidas entre os "seres" humanos, e, desses para com pedras, plantas, animais, espíritos e demais deidades do universo guarani. 1 Constituição do Equador, 2008 (trecho - tradução livre do autor). O texto foi aprovado pela maioria dos equatorianos em referendo realizado no dia 28 de setembro e publicado no "Diário Oficial" de 20/10/2008. O documento, endossado pelo presidente Rafael Correa, torna-se a 20ª Carta Magna do país. 2 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Acessada em outubro de 2009. 3 Havia verdadeiras relações sociais entre seres humanos e demais seres da natureza, reconhecidos todos pelos Guarani como seres espirituais. E tudo estava envolto pela aura do divino, do sagrado. As dimensões sociais, que na modernidade são fracionadas, para este povo se encontravam associadas e integradas; o econômico, o espiritual, o familiar, o comunitário, a natureza, o lazer, o político, todos eram elementos de yvy marã ey. E possibilitavam o Mborayu. Esta reflexão trata muito mais do que apenas dos Guarani. Para estes povos, tal como para muitos povos ancestrais, o mundo é experimentado e vivido como repleto de vida a ser respeitada em si, de ‘espíritos’ e suas influências mágicas que interagem em todos os níveis de suas realizações coletivas. A vivência e o simbolismo religiosos eram fatores determinantes, mais do que qualquer outro, à restrição do "desenvolvimento" econômico comprometedor da resiliência sócio-ambiental. Pode-se afirmar, então, que foi uma intencionalidade colonizadora, ingenuidade ou perversidade antropológica dos primeiros missionários, dos colonizadores, que não os permitiu verem os Guarani originais vivenciando uma religiosidade que, para os representantes europeus, eram apenas crendices e fantasias exóticas. Aliás, uma das razões, para explicar o sucesso do processo reducional da colonialidade, foi a falta de condições para entender a interação, quase simbiose, entre a práxis total dos Guarani (sócio-ecológica-cultural-política-artística-econômico-religiosa), de um lado, e a teoria metafísica e a prática utilitária implantadas pelos colonializadores de outro. Iniciar o artigo com esta experiência concreta é interessante para compreender os fundamentos daquilo que Aníbal Quijano (1991) chama de colonialidade. Esta por sua vez se identifica com a compreensão da ‘monoepistemologia’, da monocultura científica moderna, que subsidia as normas hegemônicas e validadas no planeta globalizado em que vivemos. Colonialidade foi idealizada por Quijano, com o intuito de explicitar seu entendimento de que, para além de uma colonização que perdura ainda hoje numa outra configuração, temos um processo ainda mais perverso que implica em colonizar as mentes e as idéias, o imaginário e as culturas. Entendo que Colonialidade significa o colonialismo no território das ideias, uma imposição de valores, uma nova conformação que impõem seu domínio sobreas ideologias por meio da colonialização. Nesta lógica colonializante encontramos um conjunto de estratégias e propostas que inculcam a noção de um mundo unificado em torno da Europa, seu único centro e matriz. Isto se manifesta com as grandes invasões marítimas que justificam um novo 4 mapa-múndi e uma história afirmada como universal numa versão eurocêntrica que se torna única (Dussel, 2005; Mignolo, 2005). Nesta via, posso afirmar, juntamente com Quijano (2005) e Lander (2005), que o atual padrão de poder mundial se define com: a idéia de “raça” como fundamento do padrão universal de classificação social básica e de dominação social; o capitalismo, como padrão universal de exploração social; o Estado-Nação como forma central universal de controle da autoridade coletiva; o Eurocentrismo como forma hegemônica de controle da subjetividade / intersubjetividade, em particular no modo de produzir conhecimento científico (Epistemologia única), que marginaliza ou nega a existência de outros conhecimentos. Neste nó da teia, retomo os objetivos desse trabalho no qual entrelaço as epistemologias populares que carregam em si potencia descolonializante e políticas que se afirmam públicas, porém, nem sempre são populares ou decorrentes de suas demandas ou que atendam efetivamente estas necessidades. Parece-me aceitável reconhecer, no caso dos Guarani, um exemplo que redundou ou potencializou a colonialidade que disto pode ter decorrido, pois que a racialidade do projeto colonializante moderno se constitui com base na hierarquização das raças. Associada a espiritualidade eurocêntrica os colonializadores afirmaram que os indígenas, depois os africanos e asiáticos, seriam seres sem alma, pois que não cultuavam a divindade como os europeus, tanto quanto não possuíam conhecimentos ditos civilizados, o que permitiria entendê-los como seres sem cultura. Daí foi um passo para classificá-los como inferiores e identificar esta inferioridade com as características raciais. Num breve relance quero justificar a relação existente entre o tema central desse artigo e sua vinculação com a interligação entre religiosidade e colonialidade. Para tanto me apoio em Santos (2010) quando afirma que, muito embora as duas manifestações mais exitosas do pensamento abissal3 moderno seja o conhecimento e o direito, existe em seu âmbito, além do conhecimento válido e poderoso da ciência, conhecimentos marginais, tais como a filosofia e a teologia. Nesta argumentação, Santos afirma que foi no campo da teologia, na ordem cristã medieval, que a modernidade colonial justificou a posse das terras nas Américas e a soberania sobre o ‘novo mundo’. 3 Santos (2010) afirma que pensamento abissal é um pensar distintivo que nega a existência do que a ele se contraponha. 5 Em nosso caso específico esta inter-relação se justifica em decorrência da negação desses outros conhecimentos na lógica mesma da modernidade que reconhece estes como de menor valor. Mais grave ainda é que os conhecimentos oriundos das classes populares, dos colonializados, sequer possuem existência, visibilidade ou estatuto de conhecimento válido sob a ótica dos colonializadores, no âmbito do pensar abissal da modernidade/colonialidade, por estar do outro lado da linha divisória que demarca o que visível, legitimo, verdadeiro ou existente. Avanço ainda, na direção potencializada por Santos (2010), por se tratar de povos indígenas que, segundo ele, podem ser caracterizados como habitantes paradigmáticos do outro lado da linha, da zona colonializada, por apresentarem concepções e práticas pós-abissais, representarem o cosmopolitismo subalterno de oposição por serem portadores de ações descolonializantes. Lander (2005), Quijano (1991) e Figueiredo (2009a; 2009b), Santos (2010), afirmam que o colonial estabeleceu a marca inicial sobre a qual se constituiu as modernas e colonializantes concepções de conhecimento e de direito. Saliento ainda, com estes aportes, que toda e qualquer experiência social produz e/ou reproduz conhecimento e, portanto, pressupõe epistemologia. Portanto, enfatizo com Santos e Meneses (2010) que se faz necessário questionar os sentidos e explicações epistemológicas dominantes num intuito de problematizar as fundações epistêmicas modernas, colonializantes. Com o desvelamento dessas arbitrariedades que se impõem podemos contribuir com a descolonialidade do saber, do poder, do ser (Walsh, 2009), com a descolonialidade ambiental (Figueiredo, 2009a), visibilizando alternativas epistemológicas na ambiência do sul global (Santos, 2008). Reconheço o necessário cuidado epistemológico, ao apontar os limites interpretativos das categorias científicas aplicadas ao simbolismo religioso Guarani. Porém, esses limites são dados pela moderna oposição analítica entre a esfera religiosa e econômica, o que traduz uma abstrata dicotomia entre a vivência religiosa e econômica. Aqui proponho uma rearticulação, que existe efetivamente, na contextualidade do cotidiano dos oprimidos e colonializados desse Brasil. Lembro que se pode reduzidamente analisar o mito da terra sem males, porém cabe lembrar que tal aspecto só tem potencia quando relacionado a uma práxis social, geratriz da solidariedade excluída da modernidade colonializante. Atualmente vemos vários conflitos sociais decorrentes dessas diferentes interpretações da vida, do fracionamento do mundo, das relações destituídas em si de 6 significado. Observemos o debate acerca da Usina de Belo Monte, que está na agenda nacional. Para muitas pessoas é apenas mais um dilema entre os “índios” e o governo brasileiro, que pensa o desenvolvimento do Brasil. As ditas ‘políticas públicas’, os interesses do Estado devem ter prioridade sobre os dos pequenos grupos, talvez digam alguns. Este tema oportuniza o reconhecimento das diferentes maneiras de ler o mundo, de interpretá-lo. Ao mesmo tempo salienta o predomínio de poder, que se explicita em pseudo-saber superior que determinados grupos sociais possuem sobre o todo da sociedade, do povo. Para os povos tradicionais que habitam estes recantos do Brasil, há ali muito mais do que o resultado de uma análise científica dos impactos ecológicos e sociais da obra. Para estes povos a terra em que habitam é sagrada e nela há vida que não se classifica pelos padrões modernos de ciência. A tecnociência moderna, consolidada na epistemologia moderna, é incapaz de vislumbrar os fios invisíveis que integram tudo o que ali existe e que significam a própria existência desses povos. Isto apenas para citar um detalhe numa conjuntura mais ampla que envolve a lógica hegemônica que define as prioridades das políticas públicas. Há um jogo perverso de interesses nos quais o lobby dos que possuem mais capital implica diretamente nos que são considerados possuidores de mais ‘razão’ no que afirmam e defendem. Há um conflito de interesses do povo que mora naquele lugar e dos empresários que afirmam pensar o ‘bem comum’ e os ‘interesses da nação’. A quem interessa problematizar as questões indígenas? A quem interessa discutir quem são as ‘minorias’ em poder, maiorias em quantidade, que vivem no Brasil e em todos os lugares do planeta? Que políticas são pensadas para estas comunidades excluídas? A quem interessam as políticas públicas? Quem as define? Que fundamentos epistemológicos legitimam as políticas públicas? Enfim, muitos questionamentos são negados. Por quê? Estamos imersos no contexto da globalização e a ‘maioria das pessoas’ acredita que não adianta estrebuchar diante do que está posto e imposto como “alternativa única”. Isto representa uma ausência de alternativa. Isto indica uma imposição da única forma de se fazer algo. Assim vem acontecendo habitualmente na elaboração do conhecimento e, conseqüentemente, de como se elaboram as leisque deveriam ser de interesse comum à sociedade e dela emanar como demanda pública. Ao retomar a discussão acerca de Belo Monte, vamos nos deparar com questões implícitas neste contexto ideológico/imaginário. Senão, verifiquemos como se 7 estabelece a idéia de que deve predominar o interesse da ‘nação brasileira’ diante das necessidades da comunidade do entorno, principalmente os indígenas kayapó. Ao se observar mais detidamente verifica-se que a polêmica em torno da usina de Belo Monte já dura mais de 20 anos. A hidrelétrica de Belo Monte é considerada a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, de grandes empresários. Por outro lado, os movimentos sociais e as lideranças indígenas da região são contrários à obra porque consideram que os impactos socioambientais não estão suficientemente dimensionados. A Funai liberou a obra sem saber exatamente que impactos causaria sobre os índios. Para agravar, em fevereiro de 2010, o Ministério do Meio Ambiente concedeu a licença ambiental, também sem esclarecer questões centrais em relação aos seus impactos socioambientais. Desse modo adentro noutro conceito fundante desse estudo. O que se pode entender por Políticas Públicas? Para muitos estudios@s dessa temática, políticas públicas são entendidas como um conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais. Configurariam um compromisso público para atender determinada demanda social (Guareschi et al, 2004). No dicionário, “Políticas Públicas” designam certo tipo de orientação para a tomada de decisões em assuntos públicos, políticos ou coletivos (Ferreira 2008). Entendo que política pública está relacionada com questões fundamentais, tais como: liberdade e igualdade, direito à satisfação das necessidades básicas, emprego, educação, saúde, habitação, acesso à terra, meio ambiente, transporte etc. Políticas públicas compreendem ações e procedimentos que pretendem a resolução pacífica de conflitos em torno da alocação de bens e recursos públicos. Neste contexto pergunto: a quem interessam políticas públicas que viabilizam obras como a da Usina de Belo Monte? Quem define estas políticas públicas? Em que medida estas políticas se encontram impregnadas de colonialidade, de submissão a lógica do capital, dos interesses de certos grupos majoritários quanto ao poder social? Como estas políticas públicas se relacionam com epistemologias? Para refletir acerca desta história, penso que é preciso dialogar acerca da epistemologia no rol da modernidade/colonialidade. Busco então Santos, Quijano, Walsh, Lander; Dussel e Mignolo, para interagir também com Paulo Freire e sua Teoria Dialógica da Ação, que integra de maneira muito pertinente a relação entre 8 epistemologia popular e educação libertadora/opressora, numa potencia de práxis descolonializante. Começo por compreender que Santos (2008), numa leitura crítica e descolonializante da Gramática do Tempo e do espaço da modernidade/ capitalismo, propõe elaborar uma crítica à sociedade do norte com sua lógica, por meio do que ele intitula de ‘pós-modernidade de oposição’. Em seguida, agrega a idéia de um pós- colonialismo de oposição, mobilizado, no meu entender, pelas críticas que recebe de Mignolo, bem como por diálogos com Dussel, por ele citados (Op. cit.). No cerne de seu pensamento, Santos formula uma crítica aos dois grandes motores da racionalidade moderna ocidental, a ciência e o direito, com os quais pretende dialogar por meio de outras racionalidades alternativas, a partir das experiências sociais, políticas e culturais, por ele denominadas, do “Sul global”. Afirma que deveria haver alternativa não só à ciência e à epistemologia modernas, mas também ao direito e à política modernas. Lander (2005) nos alerta que isto decorre da naturalização das relações sociais, da noção de que a sociedade moderna expressa o desenvolvimento histórico da sociedade. Walsh (2008), por sua vez, informa que a modernidade/colonialidade traz embutida a noção de subalternidade do ‘outro’, negado em seus direitos. Desse modo, há um esvaziamento de uma capacidade de elaborar conhecimentos, saberes, leis, princípios de direito e de justiça, cultura, estética e ética válidas e legítimas. Santos destaca, em sua crítica, a premência de aprendizagens com o Sul não imperial que se contrapõe a modernidade ocidental capitalista e colonialista. Neste rumo destaca inquirições baseadas na sociologia das ausências e das emergências e na ecologia dos saberes. Os estudos da Modernidade/Colonialidade apontam, nesta direção, com a pertinência de se resgatar as epistemologias dos povos tradicionais, com a necessidade de se colocar na pauta contemporânea os debates acerca da complexidade e abrangência da realidade que não pode ser reduzida aos pensamento moderno/colonializante. Neste conjunto reflexivo, reconheço a possibilidade de reafirmar que a epistemologia moderna tem oferecido justificativa para a negação dos saberes locais como relevantes para definir políticas e ações do estado. Ao mesmo tempo, encontro possibilidade para propor a articulação dialógica entre saberes múltiplos e conhecimentos científicos, que emergem como engajados com o popular. 9 Faz urgente uma racionalidade que dê conta da diversidade epistemológica, superando a razão indolente que desperdiça a experiência social. Por sua vez, as sociologias das ausências nos falam que muito do inexistente social, econômico, político e cultural é produzido ativamente. A colonialidade informa que o metarrelato da modernidade é um dispositivo de conhecimento em que se articula tempo e espaço como parte da organização colonial/imperial do mundo. Nele, outras formas de ser, de organização da sociedade, conhecimento, são transformadas em carentes, arcaicas, primitivas, pré-modernas. Os diferentes recursos históricos (evangelização, civilização, modernização, desenvolvimento, globalização) sustentam a farsa de que há um padrão civilizatório que é simultaneamente superior, normal, universal dos conhecimentos científicos eurocêntricos (Lander, 2005). É possível identificar duas dimensões constitutivas dos saberes modernos que contribuem para explicar sua eficácia neutralizadora: A primeira refere-se às sucessivas separações ou partições do mundo “real” que se dão historicamente na sociedade ocidental. A segunda dimensão é a forma como se articulam os saberes modernos com a organização do poder, especialmente as relações coloniais/imperiais de poder constitutivas do mundo moderno (Op. cit.). O desaparecimento ou derrota das principais oposições políticas que historicamente se confrontavam com esta sociedade moderna, capitalista, colonializante, bem como a riqueza e o poderio militar inigualáveis adquiridos pelas sociedades industriais do Norte, contribuem para a ideia de que esta sociedade é a única opção desejável. Desse modo, para manter vivo o sonho de outro mundo, precisa-se articular outro modo de legitimação do saber que implica em novas tessituras de conhecimentos e saberes. Ao caracterizar a modernidade ocidental, Santos (2008) diz que esta se funda sobre um paradigma constituído pela tensão entre regulação e emancipação social. Em sua concepção pós-colonial de oposição, ele reforça seu entendimento da regulação ser pensada no contexto da emancipação, o que contribui para a superação do colonialismo. Isto favorece reconhecer a pertinência de outra cultura política, proposta que considero deva ser pensada desde as bases populares. Por outro caminho, Lander (2005) ressalta a premência de alternativas ao pensamento eurocêntrico-colonial no cerne mesmo da América Latina hoje. É possível 10 falar da existência de outras maneiras de ler o mundo, de interpretá-lo e de agir sobre ele, que constitui propriamente epistemes latino-americanas. Santos (2008), ao tratardos direitos humanos destaca que a política se revela como cultura política resultante do embate entre as monoculturas hegemônicas e as aspirações interculturais, contra-hegemônicas. Encaminha assim a proposta de um universalismo concreto, construído de baixo para cima, através dos diálogos interculturais, que reconhece a incompletude de todas as culturas em busca de uma nova sociedade. Este projeto moderno foi consolidado em torno da elaboração de um método ‘universal’ para se produzir conhecimento. Por isto acredito poder afirmar que este modelo de sociedade moderna que se institui sobre um paradigma epistemológico assentado num modelo de racionalidade instrumental, cartesiana, pragmática, mercantil. Esta lógica hegemônica foi naturalizada como única possível e válida. Por meio desse paradigma epistemológico colonializante moderno se consolida a ciência e sociedade modernas. Parece-me central a questão do desvelamento dessa racionalidade moderna, dessa naturalização de uma universalidade do conhecimento colonializante que lhe garante o estatuto de validade e de verdade. Neste rumo, pode se realizar uma reflexão sobre as heranças colonializantes para intervir no discurso que é próprio das ciências modernas para configurar outro espaço para a elaboração de conhecimento, uma forma distinta de pensar esta questão e propor novas leituras de mundo. Isto pode se relacionar com a superação da subalternidade. A identificação da lógica da superioridade/inferioridade favorece problematizar as relações de poder/saber presentes no espaço da dimensão epistemológica. Isto ajuda a tomada de consciência da realidade possível de epistemologias plurais ou populares como possibilidade. Dialogo aqui, com algumas idéias de Montero (In: Lander, 2005), para pensar a articulação desses novos paradigmas descolonializantes. Nisto, reconheço a necessária concepção de comunidade e de participação, assim como do saber popular, como constituintes e constituídas por uma episteme de relação. Trago a idéia de libertação através da práxis e um sentido crítico que conduz à desnaturalização das formas canônicas de aprender-ser-tecer no mundo. Argumento acerca do papel social do pesquisador no reconhecimento do Outro como Si Mesmo, numa supra-alteridade, e de ser autor-parceiro do conhecimento. Destaco o caráter histórico, inacabado e relativo do 11 conhecimento. Priorizo a diferença e a multiplicidade de vozes e escutas afetivas, de mundos de vida, a pluralidade epistêmica. Para esta autora, as principais contribuições contemporâneas para epistemes latino-americanas são: a teologia da libertação e a filosofia da libertação de Dussel; a obra de Paulo Freire; Orlando Fals Borda e Alejandro Moreno. E neste caminho, trago Paulo Freire (1983) com sua Teoria Dialógica da Ação como essencial para estes passos na jornada. Acredito que este ensaio, favorecido pelo diálogo com Santos e os estudiosos da Modernidade/Colonialidade, contribui para integrar a relação entre episteme colonializante, políticas públicas subalternizantes e a descolonialidade decorrente da tessitura de epistemologias populares embasadas por uma Educação Libertadora, capaz de fomentar outra lógica para as políticas públicas/populares. Recordo que Freire elaborou uma proposta pedagógica assumidamente política. Para ele, o principal objetivo da educação é potencializar a conscientização dos estudantes. Isso significa, principalmente, contribuir com o povo oprimido, colonializado para o desvelamento de sua condição de opressão e para superá-la através de uma reflexão crítica sobre o mundo na relação com seus parceiros em favor da própria libertação. Ao propor uma práxis educativa impulsionadora da criticidade dos estudantes, Freire propunha uma alternativa a lógica hegemônica de uma educação bancária, mantenedora desse status colonializante. A tônica fundamental de sua proposta reside em instigar nos discentes a curiosidade epistêmica. Ele problematiza a colonialidade, a lógica da modernidade, por meio da relação opressão x libertação; humanização x desumanização; educação bancária x educação libertadora; teoria antidialógica de ação x teoria dialógica de ação. Freire dialoga em torno dos esfarrapados desse mundo; das potencialidades libertadoras, da superação da colonialidade. Reafirmo que a colonialidade legaliza juridicamente o arbítrio e controle do Estado-Moderno, que em última instância é o domínio de uma elite que se afirma superior qualificada, com o direito de posse, juízo, discriminação, criminalização. Porém, diante da situação de crise, se torna possível entrar noutro tempo, na era da descolonialidade. Reencontro então Paulo Freire e sua Teoria Dialógica da Ação, para com ela refletir acerca da descolonializAção, da necessária práxis superadora da opressão. A ‘Pedagogia do Oprimido’ se contrapõe fortemente ao discurso único na ciência em geral e, conseqüentemente, nas ciências humanas e sociais, no campo da 12 educação. A percepção desse discurso científico moderno demonstra este projeto de colonialidade do saber / poder que fundamenta o avanço civilizatório que descambou na sociedade moderna. Quero lembrar que, segundo Freire, os seres humanos são seres de práxis, ou seja, de ação-reflexão-ação. E por isso mesmo todo quefazer implica em uma teoria que ilumina a ação e por ela é iluminada. Portanto, da mesma maneira como há uma teoria que anima os processos opressores, faz-se necessária uma teoria que potencializa uma práxis dialógica: uma Teoria Dialógica de Ação. Esta se integra no contexto de um quefazer libertador, descolonializante. Ao tratar da Teoria Dialógica da Ação, destaco que a Teoria Antidialógica da Ação se funda em quatro vertentes: conquistar, dividir para dominar, manipulação e invasão cultural. Na busca da superação destes artifícios, Paulo Freire propõe quatro pilares dialógicos: Co-laboração; União; Organização e Síntese Cultural. Na TEORIA DIALÓGICA DA AÇÃO, CO-LABORAÇÃO é relação com o outro; parceiramente potencializa o reconhecimento da realidade, acima dos procedimentos fragmentadores; desvela criticamente o mundo e o quadro opressor; reconhece que é no encontro que podemos avançar. Descolonializa o Ser por meio das eco-relações, da supra-alteridade. UNIR PARA A LIBERTAÇÃO implica em comunhão entre os seres; entre cultura e natureza, entre as dimensões humanas; entre objetividade e subjetividade. Une o que vem se apresentando falsamente como separado. A relação integradora viabiliza a Descolonialidade do Poder. ORGANIZAÇÃO, na qual se busca unidade; interação orgânica revolucionária que contribui com deliberações democráticas e participativas; testemunho afetivo: radicalização quanto à busca das raízes de nosso ser mais inteiro; crença nos saberes populares; prática da liberdade não autoritária, nem licenciosa. Dessa forma se pode enfrentar com a Descolonialidade do Saber as estratégias manipulatórias. SÍNTESE CULTURAL visa à transformação; tenciona permanência-mudança; é emancipatória; favorece a criação parceira das pautas de ação; resolve a contradição entre o saber da liderança e dos grupos populares. Integra Descolonialidade do Saber com a Descolonialidade do Poder, do Ser na perspectiva da Descolonialidade Ambiental. 13 Nesse caminhar com Paulo Freire, se torna mais evidente o potencial das relações criadoras, é perceptível que ninguém se liberta sozinho, mas que a liberdade resulta de práxis compartilhada, inter-trans-sconscientização. Por isto, me sinto motivado a apresentar uma experiência comprobatória do potencial parceiro dos povos ancestrais quando se encontram em uma vivência da ação dialógica, pautada numa teoria de ação dialógica freireana. Ela decorre da reunião experienciada pelos povos indígenas durante o Fórum Social Mundial em Belém, no ano de 2009. Neste contexto tão profícuo de potencialidadesdescolonializadoras, estes ícones de uma epistemologia popular, puderam demonstrar outro conhecimento desde o sul global, uma epistemologia que teceu um conhecimento de superação, de integração das fronteiras por meio de uma postura contra-hegemônica de compatilhar de libertAção, ações que libertam. A teia de aranha desfecha um novo cenário, a visibilidade do invisível se corporifica na Declaração dos povos indígenas, em que afirmam: “a salvação do Planeta está na sabedoria ancestral dos povos indígenas da Amazônia”; “na luta global pela Mãe Terra contra a Mercantilização da Vida (...”); “na proposta de articular alternativas de Descolonialidade, Bem-Viver, Direitos Coletivos, Autodeterminação, Justiça Climática”. Diante disso, estes Povos Indígenas Originários propõem: a unidade entre a Mãe Terra, a sociedade e a cultura; criar e deixar-se criar pela pacha mama; conceber a água como direito humano fundamental e dizer não para a sua mercantilização; viabilizar a descolonialidade do poder com o “Mandar obedecendo”, que pode se dá através do autogoverno comunitário, Estados Plurinacionais; unidade na diversidade; equidade e complementaridade de gênero; viver a espiritualidade do cotidiano e do diverso e a libertação de toda a dominação ou discriminação racista/etnicista/sexista; decisões coletivas sobre a produção, mercados e economia; descolonialidade das ciências e tecnologias; expansão da reciprocidade na distribuição de trabalho, produtos e serviços. Com tudo isto tecer uma nova ética social alternativa ao mercado e ao lucro colonial/capitalista. O documento foi assinado pelo “Movimento Indígena de Abya Yala (Continente Americano)”, ao reassumir o fato de que “pertencemos à Mãe Terra: não somos seus donos, saqueadores, nem vendedores dela”. Ressaltam ainda que chegamos a uma encruzilhada: o capitalismo imperialista tem demonstrado ser não só perigoso por sua 14 dominação, exploração, violência estrutural. Essa exploração/opressão global capitalista produz o aquecimento global que nos leva ao suicídio planetário. Estes parceiros ainda vêm a destacar que tantas e tão profundas crises ao mesmo tempo configuram uma autêntica crise de civilização ocidental. Denominam esta crise que coloca em perigo todas as formas de vida como a ‘crise do desenvolvimento e modernidade capitalista’. Mas ainda existem os que querem manter este sistema e para isto circunscrevem a crise ao capitalismo, ao eurocentrismo etc. Assinaram efetivamente 390 povos, representando uma população de 2.779.478 habitantes, nos 10.268.471 km2 de Amazônia, segundo eles conduzidos por seus guias espirituais e inspirados por suas histórias, processos e experiências, se propõem manter e reforçar sociedades respeitosas da diversidade, dos direitos coletivos dos povos, e saberem renovar as iniciativas para a promoção, proteção e exigibilidade de seus direitos, contribuindo assim para a sobrevivência da humanidade. Esta experiência nos permite reconhecer a DesColonialidade Ambiental como potente neste enfrentamento, ao integrar uma reflexão que envolve a idéia de modernidade associada a da colonialidade, da crise paradigmática, do capitalismo, da episetmologia eurocêntrica como única. Esta grande teia epistêmica, integrada por estes eixos de estudos colonializantes numa síntese que aqui denominaremos de colonialidade ambiental, ao se identificar mais intensamente com a colonialidade da mãe natureza, volta-se para o re-ligar com o cosmo, para a sustentabilidade. É urgente expandir e alargar possibilidade e alternativas que favoreçam a superação da colonialidade/modernidade/capitalismo. A teia é o inédito viável que se materializa ponto a ponto, nó a nó. Para tanto a Descolonialidade ambiental, retratada pela ‘pacha mama’, é eixo transversal, pois que desnuda a lógica colonializante e favorece a transformação que se dá na tomada de consciência d@s autor@s sociais dessas outras histórias. Desse modo, ao ter em conta as experiências relatadas, ao refletir acerca das contribuições em torno da colonialidade/descolonialidade epistemológica, cabe propor uma compreensão que se tece numa relação de saberes parceiros. Considero que há uma urgência de se retomar as ausências epistemológicas populares, que oferecem outra lógica e leitura de mundo. Proponho que outras epistemologias possíveis sejam viabilizadas e reconhecidas em sua legitimidade e pertinência. Proponho que as políticas públicas sejam políticas populares numa evidente e explicita opção pelos oprimidos. Proponho que estas 15 políticas populares estejam subsidiadas por epistemologias populares. Proponho o diálogo, a dialógica como fundamento das ações políticas que podem se tornar práxis política com o povo a serviço do povo. Dessa maneira é possível materializar o sonho. O inédito-viável se viabiliza e o lugar dos sonhos pode se corporificar. Descolonialização é, portanto, motivAção e práxis essencial na qual a solidariedade tribal (Mborayu ) constitui a teia da vida, que é a teia de relações, para que o mundo sem males (yvy marã ey) e o bem viver (sumak kawsay) aconteça. Referencias Bibliográficas DUSSEL, Enrique. 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Vinculado a Linha de Pesquisa Movimentos Sociais, Educação Popular e Escola. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental Dialógica, Educação Intercultural, Descolonialidade, Educação e Cultura Popular. Endereço eletrônico: joaofigueiredo@hotmail.com.
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