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Antropologia, Ética e Cultura Material Dinâmico On-line

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  INTRODUÇÃO
Everton Luís Sanches
Para dar início ao estudo da disciplina Antropologia, Ética e Cultura, é imprescindível lembrar a
importância deste estudo para todos os cursos de graduação, em todas as grandes áreas de
formação, tais como a Saúde, Educação, Gestão e Administração, Engenharias etc.
O Ensino Superior é o passo mais complexo na educação formal, possível somente diante da
conclusão da Educação Básica, que, no Brasil, abrange desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio. Conforme a Base Nacional Comum Curricular (2018) define:
No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se,
ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo
e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações. Requer o
desenvolvimento de competências para aprender a aprender, saber lidar com a informação
cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das
culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar
decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções,
conviver e aprender com as diferenças e as diversidades.
Assim, guiando-nos pela legislação brasileira e de acordo com os desafios humanos que são
reconhecidos mundialmente, o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo pode ser
considerado o maior objetivo da Educação Básica, pela qual você passou para chegar até aqui –
isso tendo em vista tanto a sua participação responsável e cidadã quanto a preparação para o
mundo do trabalho.
Bom, mas quais são os objetivos da Educação Superior? E por que ela é chamada de “superior”?
O cenário descrito envolve inovação constante, o que requer ampla qualificação – plural e dinâmica,
de modo a alcançarmos o nível mais elevado, que é o da produção do conhecimento. “Produção do
conhecimento” refere-se às pesquisas científicas, que são realizadas desde a graduação até o pós-
doutorado, mas também diz respeito a produzir soluções para o dia a dia. O profissional graduado
será requisitado pela sociedade a ser aquele que resolve: ou porque possui conhecimento prévio ou
porque sabe onde e a quem consultar para obter as respostas de que necessita. De maneira
simples, podemos considerar que, depois de formado, você ouvirá, várias vezes, as pessoas
dizerem: “Você, que estudou, dê um jeito nisso!”. Portanto, não é à toa que o aluno é tão cobrado e
estimulado, pois, se o ensino é superior, requer, também, uma dedicação superior!
http://mdm.claretiano.edu.br/anteticul-g00146-2020-01-grad-ead/wp-content/uploads/sites/379/2020/01/AntEtiCul-GRAD.png
A universidade, por analogia, abrange um universo de saberes e deve ser o lugar dinâmico em que o
conhecimento alcança o seu nível mais elevado em todas as áreas. Diferentemente de um curso
profissionalizante, o curso universitário – a graduação – deve graduar seu aluno para superar o nível
meramente técnico, desenvolvendo aprendizado detalhado de sua área específica e também o
conhecimento mais universal.
Comparativamente, assim como seria estranho um pedreiro executar o projeto de uma casa sem
levar em conta que ela será habitada por pessoas, também não é razoável realizar um curso de
graduação sem conhecer o ser humano sob diversos aspectos – inclusive do ponto de vista da
Antropologia. Afinal, somos seres humanos integrais e precisamos de formação que permita nos
reconhecermos enquanto tais.
Como defende a Missão do Claretiano – Rede de Educação:
Capacitar a pessoa humana para o exercício profissional e para o compromisso com a vida,
mediante a sua formação integral; missão essa que se caracteriza pela investigação da
verdade, pelo ensino e pela difusão da cultura, inspirada nos valores éticos e cristãos e no
carisma Claretiano que dão pleno significado à vida humana (PEC, 2012, p. 17).
Ou seja: é desejado que os profissionais de nível superior sejam pessoas plenas, capazes de
propagar a plenitude da vida. Isso significa estabelecer-se no mercado de trabalho e na vida em
sociedade, mas mantendo e reforçando o compromisso humano e solidário.
Vale destacar que o princípio da solidariedade ofereceu a base para a construção de vários
instrumentos legislativos em todo o mundo ao longo da História Contemporânea – desde as
constituições da França, promulgadas após a Revolução Francesa (1789), a Constituição do México
de 1917, a Constituição da Alemanha de 1919 e a Constituição da Itália de 1948.
Não obstante, a solidariedade entre pessoas de todos os povos se tornou um dos principais
objetivos de todos os seres humanos com a promulgação da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, em 10 de dezembro de 1948.
A própria Constituição do Brasil de 1988 explicita este princípio, que orienta, em seu artigo terceiro:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1988).
Portanto, o estudo que realizaremos é de suma importância e se aplica a todos os contextos
possíveis da educação em nível superior.
Posto isso, gostaria de apresentar, de maneira resumida, algumas características desta disciplina.
A Antropologia, assim como a Sociologia, é uma área do conhecimento que surgiu no século 19,
como resultado das grandes transformações que abalaram a Europa e o mundo desde o início da
Idade Moderna. Contudo, enquanto a Sociologia se preocupava com os rumos da sociedade após a
Revolução Industrial (século 18), a Antropologia preocupava-se em estudar os agrupamentos
humanos considerados “primitivos” ou “selvagens”, que estavam cada vez mais escassos devido
aos processos de colonização europeia no continente americano e no continente africano.
Inicialmente, os antropólogos preocuparam-se em legitimar os massacres ocasionados pelo
colonialismo e imperialismo europeu. Analisando os povos “exóticos”, de acordo com a metodologia
oferecida pelo positivismo e pelo evolucionismo, suas concepções eram voltadas para “conhecer,
estudar, transformar, cristianizar e dominar os povos colonizados” (COLAÇO, 2011, p. 20). Ou seja, o
principal objetivo era tornar os povos colonizados “mais evoluídos”, de acordo com as concepções
europeias de progresso, deixando para trás aqueles que não se adaptassem. O intuito era contribuir
para a evolução natural da espécie humana. Desse modo, foram realizadas classificações de acordo
com características biológicas/raciais, assim como de seus padrões de comportamento social.
De acordo com Copans (1971, p. 18-20 apud COLAÇO, 2011, p. 21):
Neste contexto, as sociedades “primitivas” são consideradas os antepassados da
sociedade ocidental contemporânea. Há uma classificação dos diversos estágios que
obrigatoriamente todas as sociedades passariam, verificadas nas formas de produção
(Marx e Engels), nas formas de parentesco (Morgan, Banchofen) e nas formas de Direito
(Sumner Maine).
Nesse sentido, considerando, resumidamente, Henry Lewis Morgan (1818-1881) defendeu que o
desenvolvimento das sociedades acontece em três níveis ou etapas: selvageria, barbárie e
civilização. Já James Frazer (1854-1941) acreditou que o desenvolvimento das sociedades
acontece a partir das seguintes fases: da magia, da religião e da ciência. E Sir H. Sumner-Maine
(1822-1888) mostrou que as sociedades vão de um estágio arcaico (sem Direito), passando pelo
tribal (surge o Direito) e, saindo da condição nômade para a sedentária, desenvolve a noção do
pertencimento a um território e as primeiras codificações do Direito escrito (COLAÇO, 2011, p. 22).
Contudo, com o passar do tempo, no século 20, os antropólogos tornaram-se defensores da
diversidade cultural, livrando-se do juízo de valores estabelecido dentro do processo de colonização.
Assim,foi considerada a noção de etnocentrismo, que define o comportamento de quem toma a
própria etnia e cultura como superiores às demais. Em contraposição a essa forma etnocêntrica de
ser e agir, temos a compreensão da pluralidade cultural, que consiste no reconhecimento da
diferença entre diversas formas culturais, sem estabelecer distinção hierárquica entre elas,
julgamento ou juízo de valor. Trata-se, apenas, de situar cada qual em seu contexto.
Nesse sentido, Franz Boas (1858-1942) opôs-se ao evolucionismo e valorizou a cultura desenvolvida
e aplicada na vida cotidiana em relação a uma cultura oficial e que era considerada superior. Em sua
obra A mente do ser humano primitivo:
Boas desmonta definitivamente o conceito de raça e evolução ontogênica como paradigma
do pensamento antropológico e estabelece os métodos e os critérios para o trabalho de
campo que até hoje ajudam a guiar os antropólogos. Ele consegue reunir nesta obra os
principais temas da Antropologia e traz para a discussão afirmações como, por exemplo, a
não existência de raças humanas totalmente definidas, demonstrando que nenhum grupo
humano é biologicamente superior a outro (PEREIRA, 2011, p. 104).
A partir dos estudos de Bronislaw Malinowski (1884-1942), o trabalho de pesquisa de campo torna-
se essencial para o antropólogo. Assim, propunha a alteridade (colocar-se no lugar do outro) como
um elemento basilar para o estudo antropológico e para o entendimento da sociedade na qual
aquele que pesquisa vive. Em seu livro Crime e Costume na Sociedade Selvagem, ele reforça a
necessidade de uma “jurisprudência antropológica” nascida do contato com os “selvagens”,
tratando dos problemas, dos costumes, família, posses, ou seja, das questões básicas em que se
assenta o Direito.
Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955), por sua vez, relata que nem todas as sociedades se organizam
com uma relação passado e presente, ou seja, tomando uma história linear para pensar a própria
existência. Assim, a sociedade do outro deve ser pensada de acordo com os termos do outro, com
observação direta das ações cotidianas, descrição e comparação (COLAÇO, 2011, p. 23-24).
No Brasil, podemos destacar o trabalho de Darcy Ribeiro (1922-1997), elucidando as diversas
matrizes culturais que compõem a população brasileira, estabelecendo a diversidade como
característica que a define de maneira singular. Sem dúvida, trata-se de um dos maiores intelectuais
do País. Em seu estudo da cultura brasileira, procura estabelecer critérios que identifiquem esse
povo. Nas palavras do prefácio de seu livro O povo brasileiro (1995, p. 16):
Nos faltava, por igual, uma tipologia das formas de exercício do poder e de militância
política, seja conservadora, seja reordenadora ou insurgente. Toda politicologia
copiosíssima de que se dispõe é feita de análises irrelevantes ou de especulações
filosofantes que nos deixam mais perplexos do que explicados. Efetivamente, falar de
liberais, conservadores, radicais, ou de democracia e liberalismo e até revolução social e
política pode ter sentido de definição concreta em outros contextos; no nosso não significa
nada, tal a ambiguidade com que essas expressões se aplicam aos agentes mais diferentes
e às orientações mais desconexas.
Dito de outro modo, diante da grandiosidade territorial e da diversidade humana que há no Brasil,
diversas definições que figuram claras na política europeia e mesmo norte-americana não se
aplicam da mesma maneira ao nosso País. Esquerda e direita, progressista, liberal e conservador,
entre outros termos da política, precisam ser repensados de acordo com o contexto brasileiro, para,
então, podermos entender um pouco do que se passa no cenário político nacional.
O mesmo acontece no que diz respeito à cultura:
Faltava ainda uma teoria da cultura, capaz de dar conta da nossa realidade, em que o saber
erudito é tantas vezes espúrio e o não‐saber popular alcança, contrastantemente, atitudes
críticas, mobilizando consciências para movimentos profundos de reordenação social.
Como estabelecer a forma e o papel da nossa cultura erudita, feita de transplante, regida
pelo modismo europeu, frente à criatividade popular, que mescla as tradições mais díspares
para compreender essa nossa nova versão do mundo e de nós mesmos? Para dar conta
dessa necessidade é que escrevi O Dilema da América Latina. Ali, proponho novos
esquemas das classes sociais, dos desempenhos políticos, situando‐os debaixo da pressão
hegemônica norte-americana em que existimos, sem nos ser, para sermos o que lhes
convém a eles (RIBEIRO, 1995, p. 16).
Desse modo, mesmo no Brasil, a Antropologia debruçou-se sobre a definição de critérios hábeis
para permitir entender a produção cultural e as soluções para o cotidiano – neste caso, muitas
vezes, produzidas fora das universidades, nos saberes populares e cotidianos dentro do processo
histórico. Contudo, isso não diminui ou invalida a importância do conhecimento científico no País;
apenas o diferencia daquele produzido nas demais nações da Europa e do mundo.
Tais pensamentos e pensadores da Antropologia animam nossos estudos e ensejam um tipo de
atitude que é essencial ao educador e ao estudante, ao profissional e ao cidadão. Enfim, permitem
reafirmar, de maneira mais qualificada e consciente, nossos compromissos como seres humanos.
A partir da Antropologia e dessa atitude solidária, realizaremos um estudo interdisciplinar, que se
propõe a ancorar nossos entendimentos na ética, no respeito aos outros e a nós mesmos.
Se o conjunto de disciplinas específicas de cada curso remete ao fazer altamente qualificado, nesta
disciplina institucional, temos o desafio do aprimoramento do ser: sermos melhores – esse é o
resultado almejado. Mais que conteúdos programáticos a serem comprovados por meio de
instrumentos avaliativos, a proposta é que o aluno se aproprie de tais conhecimentos, seja
  
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desafiado pelas atividades e consiga gradativamente compor uma sabedoria de mundo útil para a
vida.
Assim sendo, desejamos excelentes estudos!
 
INFORMAÇÕES DA DISCIPLINA
Ementa
A Antropologia, Ética e Cultura, no contexto das disciplinas institucionais, ofertada nos cursos
de graduação do Claretiano – Rede de Educação, tem o propósito de subsidiar o corpo
discente quanto à importância da formação integral do ser humano na sua relação consigo
mesmo, com o outro, com a natureza e com o transcendente. A disciplina propõe a reflexão
sobre o ser humano como ser finito e, ao mesmo tempo, como ser de liberdade, de
consciência e de amor. Para isso, é discutido o conceito de pessoa, numa perspectiva
sincrônica e diacrônica, entendido nas suas dimensões biológica, psicológica, social e
espiritual. Os temas, tais como imanência, transcendência, alteridade, multiculturalidade,
ética, moral, cidadania, entre outros, serão apresentados dentro da área específica vinculada
ao curso em que a disciplina está alocada. E serão tratados, também, nessa mesma
perspectiva, alguns temas transversais, como os direitos humanos, as histórias e culturas
afrodescendentes e indígenas, as questões de gênero, sexualidade e família, as políticas
afirmativas, inclusão e acessibilidade e a educação ambiental numa dimensão ético-
planetária. A proposta, no seu conjunto, está fundamentada no Carisma Claretiano, no Projeto
Educativo e nos Princípios estabelecidos pela Instituição, visando uma educação pautada em
valores éticos e cristãos, aberta ao diálogo e crítica a toda forma de preconceito e
fundamentalismo.
Objetivos Gerais
Objetivos Especí�cos
TRILHA DE APRENDIZAGEM
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http://claretiano.edu.br/

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