Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Geslaine Janaina Bueno dos Santos Jaime Amador Soares Maria Izabel Rodrigues Severiano Massoterapia oriental Geslaine Janaina Bueno dos Santos Jaime Amador Soares Maria Izabel Rodrigues Severiano Massoterapia oriental Presidente da Divisão de Ensino Reitor Pró-Reitor Acadêmico Coordenação Geral de EAD Coordenação de Metodologia e Tecnologia Autoria Parecer Técnico Supervisão Editorial Layout de Capa Design Gráfico Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Everton Renaud Profa. Roberta Galon Silva Profa. Geslaine Janaina Bueno dos Santos Prof. Jaime Amador Soares Profa. Maria Izabel Rodrigues Severiano Profa. Débora Slompo Aline Scaliante Coelho Baggetti Valdir de Oliveira Carlos Henrique Stabile e Regiane Rosa *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Imagens de capa: © Peter Hermes Furian // merion_merion // Shutterstock. Ícones: © marigold_88 // Thinkstock. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Copyright Universidade Positivo 2018 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 DTCOM DIRECT TO COMPANY S/A Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Imagem de Capa, Design Gráfico e Revisão Textual Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR S237 Santos, Geslaine Janaina Bueno dos. Massoterapia oriental [recurso eletrônico] / Geslaine Janaina Bueno dos Santos, Jaime Amador Soares, Maria Izabel Rodrigues Severiano. – Curitiba : Universidade Positivo, 2018. 170 p. : il. Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader. Modo de acesso: <http://www.up.edu.br>. Título da página da Web (acesso em 31 jul 2018). ISBN 978-85-8486-369-3 1. Massagem terapêutica. I. Soares, Jaime Amador. II. Severiano, Maria Izabel Rodrigues. III. Título. CDU 615.821 » Afirmação: citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo. » Assista: indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofun- dadas sobre o conteúdo estudado. » Biografia: dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. » Conceito: definição, caracterização de um conceito específico da área de conhecimento trabalhada. » Curiosidade: informação que revela algo desco- nhecido e interessante sobre o assunto tratado. » Dica: um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privi- legiada sobre o conteúdo trabalhado. » Esclarecimento: explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhe- cimento trabalhada. » Exemplo: informação que retrata de forma obje- tiva determinado assunto. ASSISTA AFIRMAÇÃO ESCLARECIMENTO Ícones CONCEITO DICA BIOGRAFIA CURIOSIDADE EXEMPLO Apresentação .......................................................................................................................... 15 A Autoria ................................................................................................................................. 17 Capítulo 1 Introdução à Medicina Tradicional Chinesa (MTC) ................................................................. 21 1.1 Histórico ............................................................................................................................ 22 1.1.1 Gênese ............................................................................................................................................................................. 22 1.1.2 Diferença entre Ocidente e Oriente ................................................................................................................................. 23 1.1.3 Formulação das primeiras teorias médicas ..................................................................................................................... 24 1.1.4 Técnicas associadas .......................................................................................................................................................... 25 1.2 Teorias médicas chinesas .................................................................................................. 27 1.2.1 Substâncias básicas: Qi, Xue; Jin Ye, Jing e Shen ............................................................................................................. 28 1.2.2 Yin e Yang ......................................................................................................................................................................... 31 1.2.3 Wu Xing: a teoria dos 5 elementos ................................................................................................................................. 32 1.2.4 Cinco substâncias da natureza, Geração, Dominância, Excesso de dominância e contradominância .......................... 33 Sumário 1.3 Fatores exógenos .............................................................................................................. 35 1.3.1 Frio e vento ...................................................................................................................................................................... 36 1.3.2 Fogo e calor ..................................................................................................................................................................... 36 1.3.3 Umidade e secura ............................................................................................................................................................ 37 1.3.4 Sete sentimentos ............................................................................................................................................................. 37 Referências .............................................................................................................................. 39 Capítulo 2 Pontos tsubô ou keiketsu ........................................................................................................ 41 2.1 Definição ........................................................................................................................... 41 2.1.1 Fisiologia energética ........................................................................................................................................................ 43 2.1.2 Função dos pontos ........................................................................................................................................................... 43 2.1.3 Excesso e deficiência ....................................................................................................................................................... 46 2.1.4 Ponto ashi ........................................................................................................................................................................ 46 2.2 Pontos shu ........................................................................................................................ 47 2.2.1 Pontos dorsais .................................................................................................................................................................. 47 2.2.2 Tabela ponto shu / zang fu .............................................................................................................................................. 47 2.3 Pontos MU ........................................................................................................................ 49 2.3.1 Pontosfrontais (mu) ........................................................................................................................................................ 49 2.3.2 Tabela ponto MU / zang fu .............................................................................................................................................. 49 Referências .............................................................................................................................. 51 Capítulo 3 Meridianos – Anatomia energética ....................................................................................... 53 3.1 Definição ........................................................................................................................... 53 3.1.1 Meridianos e os órgãos energéticos ................................................................................................................................ 54 3.1.2 Pequena circulação energética ........................................................................................................................................ 55 3.1.3 Grande circulação energética .......................................................................................................................................... 57 3.1.4 Meridianos Yin e Yang (Zang Fu) ..................................................................................................................................... 60 3.2 Localização ........................................................................................................................ 61 3.2.1 Ciclo Circadiano ............................................................................................................................................................... 69 3.2.2 Profundidade e amplitude do meridiano ....................................................................................................................... 70 Referências ............................................................................................................................. 72 Capítulo 4 Shiatsu..................................................................................................................................... 73 4.1 Histórico ............................................................................................................................ 74 4.1.1 Contexto histórico do Shiatsu .......................................................................................................................................... 75 4.1.2 Ampuku ........................................................................................................................................................................... 76 4.2 Bases fisiológicas .............................................................................................................. 77 4.2.1 Ki, Kyo, Jitsu, Tsubó, Hará e Ampuku ............................................................................................................................... 79 4.2.2 Meridianos (Namikoshi e Zen shiatsu) ........................................................................................................................... 81 4.2.3 Appaku, tipo de pressão .................................................................................................................................................. 81 4.2.4 Padrões de desarmonia Kyo e Jitsu ................................................................................................................................. 84 4.3 Sequência ......................................................................................................................... 84 4.3.1 Namikoshi ........................................................................................................................................................................ 84 4.3.2 Zen Shiatsu ...................................................................................................................................................................... 91 Referências .............................................................................................................................. 95 Capítulo 5 Tuiná ........................................................................................................................................ 97 5.1 Histórico ............................................................................................................................ 98 5.1.1 Origem ............................................................................................................................................................................. 98 5.1.2 Definição .......................................................................................................................................................................... 99 5.2 Bases fisiológicas ............................................................................................................100 5.2.1 Efeitos do tuiná .............................................................................................................................................................. 100 5.2.2 Principais movimentos .................................................................................................................................................. 104 5.3 Sequência ....................................................................................................................... 109 5.3.1 Decúbito Frontal ............................................................................................................................................................ 110 5.3.2 Decúbito dorsal .............................................................................................................................................................. 112 5.3.3 Decúbito lateral ............................................................................................................................................................. 115 Referências ............................................................................................................................ 116 Capítulo 6 Massagem sentada ............................................................................................................... 117 6.1 Histórico .......................................................................................................................... 117 6.1.1 Origem ........................................................................................................................................................................... 118 6.1.2 Cadeira de quick ............................................................................................................................................................ 118 6.2 Bases fisiológicas ............................................................................................................ 120 6.2.1 Efeitos fisiológicos ........................................................................................................................................................ 120 6.2.2 Shiatsu X Tuiná ............................................................................................................................................................... 121 6.2.3 Indicações e contraindicações ....................................................................................................................................... 122 6.2.4 Ocidente X Oriente ........................................................................................................................................................ 124 6.2.5 Meridiano: B, Id e Vb ..................................................................................................................................................... 124 6.3 Sequência .......................................................................................................................126 6.3.1 Cabeça e região cervical ............................................................................................................................................... 128 6.3.2 Região dorsal ................................................................................................................................................................ 129 6.3.3 Membros superiores ..................................................................................................................................................... 130 6.3.4 Membros inferiores ....................................................................................................................................................... 130 Referência ............................................................................................................................. 132 Capítulo 7 Reflexoterapia podal chinesa ............................................................................................... 133 7.1 Histórico ......................................................................................................................... 134 7.1.1 Origem ........................................................................................................................................................................... 134 7.1.2 Reflexoterapia ................................................................................................................................................................ 137 7.2 Bases fisiológicas ............................................................................................................ 138 7.2.1 Macro e microssistema do ser humano ........................................................................................................................ 139 7.2.2 Efeitos............................................................................................................................................................................. 140 7.2.3 Teoria da terapia zonal ................................................................................................................................................... 141 7.2.4 Teoria dos meridianos .................................................................................................................................................... 143 7.3 Manobras básicas ...........................................................................................................144 7.3.1 Alongamento e avaliação .............................................................................................................................................. 144 7.3.2 Técnica de pressão ......................................................................................................................................................... 146 7.3.3 Fase ativa e passiva ........................................................................................................................................................ 147 7.3.4 Fricção alternada ........................................................................................................................................................... 148 Referências ............................................................................................................................ 150 Capítulo 8 Avaliação ............................................................................................................................... 153 8.1 Princípios da medicina tradicional chinesa .................................................................... 155 8.1.1 Localização e natureza ................................................................................................................................................... 156 8.1.2 Caráter e estado ............................................................................................................................................................. 159 8.2 Observação e palpação ................................................................................................... 159 8.2.1 Compleição .................................................................................................................................................................... 164 8.2.2 Palpação dos tsubôs e meridianos ................................................................................................................................ 165 8.3 Questionamento ............................................................................................................. 166 8.3.1 Queixa principal ............................................................................................................................................................. 167 8.3.2 História da doença atual ................................................................................................................................................ 168 Referências ............................................................................................................................ 169 O conhecimento desenvolvido na China é disponibilizado ao mundo ocidental com a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), patrimônio da humanidade, presente da cultura orien- tal a todos que almejam manter a saúde, a qualidade de vida, a funcionalidade corporal e tratar doenças. A MTC é um conjunto de práticas medicinais datado de milhares de anos, fundamentado na filosofia oriental. É uma ciência abrangente, sistemática e complexa que se baseia no funcionamento do organismo, nas leis que o regem, na integração com o ambiente e com os ciclos da natureza, combinando alimentação, massagem, fitoterapia, práticas corporais e acupuntura. O objetivo deste livro é sintetizar as principais teorias e conceitos da MTC e a relação destes conhecimentos como essenciais para a execução das técnicas de massagem Shiatsu, Tuiná, Reflexologia Podal Chinesa e a adaptação destas técnicas na cadeira de massagem. Apresentação A Autoria A professora Geslaine Janaina Bueno dos Santos é mestre em Distúrbios da Comunicação pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), especialista em Fisioterapia Dermato Funcional pela Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR), graduada em Fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e técnica em Massoterapia pela Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná (ET-UFPR). Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/1871270596752936> Dedicamos este trabalho aos mestres chineses que contribuíram no processo da criação e do desenvolvimento deste sofisticado sistema e a todos os praticantes das terapias relacionadas à MTC. O professor Jaime Amador Soares é mestre em Ciências da Saúde com foco em Neurociência pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), especialista em Acupuntura pela Faculdade de Tecnologia em Saúde (CIEPH), graduado em Fisioterapia pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e técnico em Massoterapia pelo Senac. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/6250898953200791> Dedicamos este trabalho aos mestres chineses que contribuíram no processo da criação e do desenvolvimento deste sofisticado sistema e a todos os praticantes das terapias relacionadas à MTC. A professora Maria Izabel Rodrigues Severiano é mestre em Distúrbios da Comunicação pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), especialista em Noergologia pela Faculdade Espíritas (UNIBEM), licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e técnica em Massoterapia pela Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná (ET-UFPR). Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/9664007539418707> Dedicamos este trabalho aos mestres chineses que contribuíram no processo da criação e do desenvolvimento deste sofisticado sistema e a todos os praticantes das terapias relacionadas à MTC. Capítulo 1 Introdução à Medicina Tradicional Chinesa (MTC) Abordaremos nestecapítulo os conhecimentos básicos sobre Medicina Tradicional Chi- nesa – denominada pela sigla MTC, essenciais ao entendimento desta ciência médica chinesa incluindo um breve histórico do desenvolvimento teórico filosófico que estrutura a MTC. Além de apresentar aos futuros profissionais em estética e cosmetologia os principais ter- mos chineses utilizados na MTC como: Qi, Yin, Yang, Xue, Shen, Xue Mai, Jing, Wu Xing, Zang, Fu, Zang Fu, Jin Ye e suas traduções, cuja compreensão dos significados mais apro- ximados das concepções chinesas em língua portuguesa é primordial para o entendimento teórico que fundamenta a MTC e a sua apropriação possibilita a aplicação prática das técni- cas de massagem associadas como a Shiatsu, Tui-Ná e a Reflexoterapia podal chinesa. Massoterapia oriental22 1.1 Histórico A MTC é uma ciência médica que incorporou em sua origem a essência do pensamento chinês na formulação de suas teorias fisiológicas. O mais antigo livro de MTC e usado até os dias de hoje é o Huang Di Nei Jing (770-476 a.C.), conhecido como o Clássico de Medicina do Imperador Amarelo, sua autoria é atribuída ao lendário imperador Huan Ti Nei Su Wenque descreveu as expe- riências médicas e sistematizou a fisiolo- gia e a patologia humana: órgãos, vísceras, meridianos, canais colaterais, patogenia e métodos de diagnóstico (CHUNCAI, 1999). O Imperador Amarelo é dotado de talentos divinos e descreve um “diá- logo” com seu mestre T’ien Shih, e é descrito como um Tratado sobre a Verdade Natural nos Tempos Antigos, livro reconhecido como um dos mais antigos relatos sobre acu- puntura e MTC. A experimentação continua de distin- tas formas de promover a saúde selecio- nou protocolos para avaliação das causas das doenças bem como elegeu as principais formas para o tratamento de patologias. A observação e a classificação de padrões fisiopatológicos foram sendo aprimoradas estruturando as teorias médicas chinesas, influenciadas diretamente pelo Budismo, Taoísmo e Confucionismo. Os conhe- cimentos foram passados de uma gera- ção para outra, os clãs (tribos formada por pessoas de origem comum) foram ficando especializados em uma ou mais técnicas (HUIHE; BAINE, 2012). O budismo, taoísmo e confucionismo são consideradas religiões chinesas, mas ambas começaram como filoso- fias. Para melhor entendimento recomenda-se a leitura sobre a civilização chinesa: O Confucio- nismo, Budismo, Taoismo e Cristianismo. O Direito chinês. (CAMPOS NETO, 2016). A MTC, acima de tudo, é um sistema de promoção da saúde e qualidade de vida, seu principal objetivo é a prevenção de doen- ças e hoje está presente em, praticamente, todo mundo ocidental e com a aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS). 1.1.1 Gênese O conjunto de fatos e elementos que contribuíram para compor o sofisticado sis- tema médico chinês compreende um con- junto de práticas clínicas, dentre as quais, a mais conhecida de todas no ocidente: Massoterapia oriental 23 acupuntura (aplicação de finas agulhas em pontos específicos do corpo com objetivo terapêutico). A MTC se fundamenta numa estrutura teórica sistemática e abrangente de natureza filosófica. Ao longo de sua mile- nar civilização, os pesquisadores chine- ses conceberam um sistema complexo que inclui um requintado protocolo de avaliação de sinais e sintomas, a comparação e analo- gias com as alterações climáticas, nuances de cores e ciclos da natureza e com opções de técnicas de tratamento de doenças e de manutenção da saúde empregando meios como: dietética energética chinesa; prá- tica regular de exercícios físicos (Kung-Fu e Tai Chi Chuan); exercícios respiratórios (Chi Kung); meditação; fórmulas fitoterápicas; Moxabustão; toque em forma de massa- gem, o TuiNá e as ventosas. A teoria mais importante para o entendimento da fisiologia e patologia dentro da MTC é a teoria do Yin e do Yang seguida da teoria dos cinco movimen- tos, assuntos que veremos adiante. O iní- cio de toda a fundamentação teórica, a base da metodologia usada para orientar o pensamento filosófico e a avaliação de sinais e sintomas corporais, os protocolos de medidas para a manutenção da saúde bem como o tratamento das patologias e desequilíbrios energéticos encontra se na teoria do Yin e Yang (CHUNCAI, 1999). Sem a compreensão e o entendi- mento destas duas teorias é impossível entender a fisiologia e transcrever os sinais e sintomas apresentados pelo paciente/ cliente em uma avaliação. 1.1.2 Diferença entre Ocidente e Oriente A maior diferença entre a forma de tratar a saúde e a doença no Ocidente e no Oriente é quanto à concepção do conceito de “energia “Qi“. A diferença é enorme, a ponto de não existir uma tradução literal de conceito Qi no Ocidente, geralmente, traduzimos de forma aproximada como energia, mas o conceito é mais amplo. Qi é a forma imaterial (não visualizamos a ener- gia) que promove o dinamismo e a ativi- dade do ser vivo. A presença da energia Qi é o que proporciona movimento, a fun- cionalidade corporal e as transformações fisiológicas. A ausência da energia Qi sig- nifica a morte (fim da vida, da energia). A inter-relação da oposição de Yin Yang e na concepção chinesa e a inter-relação entre: sono e vigília, expiração e inspiração, sís- tole e diástole entre estar vivo ou morto (HUIHE; BAINE, 2012). Massoterapia oriental24 A contração ventricular é conhecida como sístole e nela ocorre o esva- ziamento dos ventrículos. O relaxa- mento ventricular é conhecido como diástole e é nessa fase que os ventrículos recebem sangue dos átrios. Na MTC é uma comparação impor- tante de cheio e vazio. Ao observar as marcas de expressão no rosto é possível determinar por aspec- tos como localização e cor destas marcas, a inter-relação destas com um órgão que poderá ser estimulado gerando resultados nas marcas de expressão facial (HUIHE; BAINE, 2012). Particularmente aos profis- sionais de estética e dermatologia poderão tirar grande proveito desta forma diferen- ciada dos chineses utilizarem o conceito de energia Qi. 1.1.3 Formulação das primeiras teorias médicas A concepção da MTC tem como base o reconhecimento das leis da natureza e como estas influenciam o funcionamento do organismo humano, sua interação e esta compreensão é muito importante para a manutenção da saúde e o entendimento do processo da doença, ou melhor dizendo na MTC do desequilíbrio que causa a doença. O homem primitivo observou que a natureza é composta por dois aspectos que se complementam e um não existe sem a presença do outro, o Yang e o Yin. O pri- meiro padrão determinante para a manuten- ção da vida, observado e entendido, é trans- formado em teoria, conhecido como ciclo da luz e da sombra (HUIHE; BAINE, 2012). Ao observar a luminosidade do sol, a alvorada quebrando a escuridão da noite anterior este movimento classifica o termo chinês, sem tradução no Ocidente, como Yang e gradativamente vai atribuindo características como luminosidade, calor, ascensão ao novo termo. Ao observar o crepúsculo em que gradativamente a som- bra vai absorvendo a luz e implantando a penumbra, a agregação de atributos inverte a ordem do Yang propondo o termo Yin classificando os fenômenos como escu- ridão, frio, declínio e decesso. Na fisiolo- gia ao longo do tempo foi classificando o metabolismo humano em atividade e local Yang ou Yin (MACIOCIA, 2008). A teoria dos cinco elementos é uma adequação do modelo Budista dos quatro elementos: sólido, úmido, quente e móvel. Massoterapia oriental 25 Por meio deste conceito, procurava-se explicar os ciclos das estações a mudan- ças dos fatores climáticos e a influência dos processos naturais sobre o homem (HICKS; HICKS; MOLE, 2007). A teoria do Zang Fu (órgãos e vísceras) aborda a fisiologia energética, a inter-rela- ção funcional e constitui o alicerce para a compreensão da avaliação e do tratamento das doenças. Descreve órgãos e vísceras classificados em Yin e Yang pertencentesa uma das matérias básicas da natureza: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água (HICKS; HICKS; MOLE, 2007). A referência mais antiga aos termos Yin/Yang está contida no livro das muta- ções (Yi JING) datado de 700 a.C. A forma- tação das teorias do Yin e Yang e os cinco elementos e Zang Fu marcam a transição de um modelo xamânico no qual a causa das doenças era atribuída a demônios, para o modelo médico no qual a causa das pato- logias pode ser rastreada e relacionada a mais fatores como os nutricionais, emo- cionais e a exposição a fatores climáticos (MACIOCIA, 2014). O xamanismo é um termo generica- mente usado em referência a práti- cas etnomédicas, mágicas, religiosas (animista, primitiva), e filosóficas (metafísica), envolvendo cura, transe, transmutação e con- tato entre corpos e espíritos de outros xamãs, de seres míticos, de animais, dos mortos. As teorias do Yin e Yang, dos cinco elementos e Zang Fu são à base das teo- rias médicas da MTC e estas proporcionam ao profissional a forma de mapear sinto- mas e traçar um tratamento adequado de sinais ou da doença propriamente dita. 1.1.4 Técnicas associadas A civilização chinesa é uma das mais importantes do mundo, possui mais de 4000 anos, idealizaram um sistema com- plexo que inclui um protocolo de avaliação de sinais e sintomas, a comparação e analo- gias com as alterações climáticas, nuances de cores e ciclos da natureza e com opções de técnicas de tratamento de doenças e de manutenção da saúde empregando meios como: dietética energética chinesa; prática regular de exercícios físicos e exercícios res- piratórios; a meditação; fórmulas fitoterápi- cas; calor direto, o toque em forma de mas- sagem e o uso de ventosas. Massoterapia oriental26 A forma terapêutica mais aceita é sobre os movimentos intuitivos, observados em outros primatas como esfregar, coçar, dar pequenas pancadas de forma rítmica e cadenciada. Estes movimentos são associa- dos a uma forma rudimentar de massagem, portanto, a massagem foi à primeira aplica- ção terapêutica da MTC que evoluiu para o que, atualmente denominamos de massa- gem Tui Na (MACIOCIA, 2008). Com a descoberta do fogo, o homem primitivo observa que é possível cauterizar ferimentos e que obtém alívio de dores ao sentar próximo a fogueiras. Assim, passa a utilizar o calor das pedras quentes, a queima de ervas e das extremidades de galhos ardentes nos tratamentos de des- confortos corporais o que se denomina como moxabustão (CHONGHUO, 2011). Este termo na tradução literal é “longo tempo de aplicação do fogo”, é a combus- tão de uma erva chamada Artemísia. A necessidade do homem em extrair parasitas fez com que ele utilizasse chifres de animais com um pequeno orifício na extremidade superior para sugar estes parasitas e o veneno de picadas. Essa téc- nica evoluiu para sucção por pressão nega- tiva, com a queima do ar dentro do chifre, que foram substituídos por bambu e, pos- teriormente, por jarros de bronze e cerâ- mica. Atualmente, é utilizado o vidro e denominamos esta técnica como ventosa- terapia (CHONGHUO, 2011). A ventosaterapia consiste na aplica- ção de copos de vidro ou acrílico com a finalidade de criar um vácuo e fazer uma sucção da pele. Está ação possibilita mais oxi- gênio às células, acelera o metabolismo e auxilia a função linfática, na estética pode ser usada no tra- tamento da celulite. © L eo na rd o da / / S hu tt er st oc k © P or K ot in / / S hu tt er st oc k Massoterapia oriental 27 A forma mais rudimentar de acupun- tura está associada às agulhas de Silex denominadas Agulhas Bian (8.000 – 2100 a.C.), ou as agulhas de pedra. O livro da dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.), Shuo Wen Jie Zi (“Dicionário analítico de carac- teres”) descreve o uso de agulhas de pedra polidas para certas intervenções cirúrgicas. Elas evoluíram na forma e nos materiais como ossos, bambu, até o domínio da side- rurgia (produção, fundição e preparação do ferro e do aço) quando as agulhas passa- ram por materiais como cobre, ouro e prata. Atualmente o material mais utili- zado é o aço. No livro tratado médico Huandi Nei Jing (“Cânon Da Medicina“) (770-221 a.C.) prescreve o uso especifico para nove formas distintas de agulhas (CHONGHUO, 2011). A Era do bronze, em torno de 3300 a.C., proporcionou agulhas finas, a evolu- ção tecnológica facilitou a introdução das agulhas no corpo humano diminuindo a resistência fisiológica. Com elas foi possí- vel o aprimoramento da técnica de acupun- tura resultando na comprovação da teoria da circulação do “Qi” por trajetos, trilhos anatômicos denominados meridianos ou canais (CHONGHUO, 2011). 1.2 Teorias médicas chinesas A Medicina Tradicional Chinesa se baseia na teoria do Yin/Yang, dos cinco elementos, nas substancias vitais e fun- damentais e em meridianos e pontos e na relação entre os órgãos pela teoria Zang Fu. O aprendizado destes elementos é essencial ao tratamento baseado na MTC. Este tipo de medicina vê o corpo humano como um sistema muito pequeno em um sistema amplo, o universo, isto ori- gina as relações homem/natureza, e orien- tam para a compreensão da fisiopatologia dos órgãos(é o estudo das funções anor- mais ou patológicas dos vários órgãos e aparelhos do organismo) e da circulação da energia nos meridianos, resultado da inte- ração das energias Yin e Yang.© G oa m / / S hu tt er st oc k Massoterapia oriental28 1.2.1 Substâncias básicas: Qi, Xue; Jin Ye, Jing e Shen Na MTC o Qi (energia), o Xue (san- gue), o Jin Ye (líquidos orgânicos), o Jing (essência) e o Shen (espírito) constituem a base material para as atividades fisiológicas do organismo. Essas substâncias básicas do corpo influenciam o Zang-Fu (órgãos e vís- ceras), os tecidos e outros órgãos. A produ- ção de Qi, Xue, Jing, e Jin Yye e o Shen é rea- lizada mediante as permanentes ativida- des das respectivas funções dos diferentes Zang-Fu e suas relações de interdependên- cia. As substâncias básicas servem para a atividade funcional das vísceras e esta ativi- dade origina, desenvolve, faz circular e dis- tribui o Qi, o sangue e os líquidos orgânicos. O Qi (energia) O Qi é a energia vital, base de tudo e tem as mais variadas denominações: material, matéria, energia, poder da vida. – na China chama-se Qi, no Japão Chi e na Índia Prana. Para a MTC, tudo que existe, existe porque tem Qi, esta energia assume diver- sos tipos e funções, transporta o alimento, o sangue e os fluídos corporais. Todas as outras substâncias vitais são manifesta- ções do Qi em variados graus de materia- lidade, indo do completamente material para o totalmente imaterial (ROSS, 2003). O Qi se apresenta de dois modos: • Ele participa da constituição do cor- po e permite a manifestação da vida (Qi e pelo Qi da respiração e Qi da alimentação); • Pela atividade fisiológica dos tecidos or- gânicos (Qi dos órgãos e Qi dos vasos). O Qi tem diferentes funções, são elas: • Impulsão: coloca em movimento quan- do se refere ao crescimento do corpo, a atividade fisiológica dos órgãos e dos meridianos, a circulação sanguínea e a distribuição dos líquidos orgânicos; • Regulação: da temperatura do corpo; • Proteção: quando impede a entra- da de agentes patogênicos ou luta para expulsá-los; © N ik ki Z al ew sk i / / Sh ut te rs to ck Massoterapia oriental 29 • Controle: sobre o sangue, a transpira- ção, urina e, nos homens, também sobre o esperma; • Transformação: O Qi circula em ascen- são e descida; em entrada e saída do Qi quando se refere à atividade funcional de cada órgão e nas relações de coorde- nação entre os órgãos. O Xue (sangue) O Xue para a MTC é a substância que nutre e que circula nos vasos sanguíneos e auxilia na formação e na estruturação e suporte do corpo. Para os chineses, o Xue possui outra conotação, diferente da medicina Ociden- tal; o Xue corresponde ao Qi muito denso e material, sendo que o Xue e o Qi são inse- paráveis; o Qi proporcionavida ao Xue. O Xue (sangue) é o filho de Qi, Qi é a mãe do Xue (MACIOCIA, 2014). A fonte do sangue na MTC deriva do Qi e dos alimentos produzidos pelo baço – onde vai para o pulmão e deste para o cora- ção, local em que efetivamente é transfor- mado em sangue (CHONGHUO, 2011). Seguindo este raciocínio, o baço é a principal fonte de sangue, juntamente ao estômago, o qual inicia a depuração dos alimentos para iniciar a formação do Qi dos alimentos, que é empurrado pelo pul- mão para o coração (somente sua ener- gia), demonstrando o poder impulsor desta energia. Assim, pode-se afirmar que o Qi faz o Xue (sangue) se movimentar (MACIO- CIA, 2008). No processo de formação do Xue no coração, é importante relembrar a partici- pação do Qi original. Este tipo de Qi é deri- vado da Jing (essência) do rim, a qual, por sua vez produz a medula; porém, para os chineses esta medula é um dos principais componentes formadores da medula óssea, a qual representa um dos participantes na formação do sangue (visão Ocidental). Para a MTC, o sangue tem como principal função nutrir o organismo, bem como, complementar a ação nutriente do Qi, já o Xue possui uma função hidratante, não permitindo que os tecidos corporais sequem o Xue do fígado umedece os olhos e os tendões e, também, nutre a pele e os cabelos (ROSS, 2003). Jin Ye (líquidos orgânicos) Todos os líquidos dos órgãos e vísceras (secreções e excreções) e são muito impor- tantes na manutenção do corpo, provem dos alimentos e bebidas transformados pelo baço/pâncreas e estômago em várias fra- ções. Jin que quer dizer “fluido” circula com Massoterapia oriental30 mais facilidade, é a parte mais pura e leve o Jin nutre os pulmões e a pele. Ye é o mais espesso dos líquidos orgânicos, é menos puro e mais denso ele vai umedecer o interior do organismo, deve nutrir todos os Zang e Fu (órgãos e vísceras) com a finalidade de nutrir ossos e cérebro (ROSS, 2003). A função do Jin Ye é umedecer e ali- mentar o corpo, lubrificar os órgãos e dar viscosidade ao sangue. O Jing Ye alimenta e enriquecem o Jing (essência), a medula e o cérebro, mantém o equilíbrio do yin e do yang e da temperatura corporal, e o bom funcionamento dos órgãos. Jing (essência) O Jing é traduzido como essência, considerada como uma substância muito preciosa para ser cuidada e guardada. O Jing se apresenta em três aspectos: essên- cia pré-celestial ou pré-natal; essência pós celestial ou pós-natal e a essência do rim, e estes aspectos explicam este pro- cesso de refinamento. O Jing pré-celestial é formado no momento da concepção, a concentração nas células doadas, a essência da mãe con- densada no óvulo e do pai no esperma- tozóide. A união de uma célula Yin que entra em contato com um Yang gerando uma nova vida agora yin/yang unidos até o momento da separação do Yin e do Yang, o que significa a morte. A essência pré celes- tial é a constituição básica de cada pessoa e o que determina nossa individualidade, após o nascimento é administrada no sistema rim, para determinar os ciclos ao longo de toda a vida a diminuição desta essência está relacionada ao envelhecimento e o fim a morte física (CHUNCAI, 1999). O Jing dos alimentos bebidas e do ar fornece a essência pós-celestial, ou seja, depois da fase intrauterina em que o bebê alimenta-se do Yin da mãe este novo indi- víduo deve ser capaz de extrair do ar, água e cereais, o Qi contido nestas substâncias e transformar este Qi junto aos Zang e Fu correspondentes (CHUNCAI, 1999). A essência do rim deriva da pré celes- tial e é reabastecida pela pós celestial, ela é guardada no rim e circula por todo o orga- nismo. Esta essência determina o cres- cimento, reprodução, desenvolvimento, maturação sexual, concepção e gravidez, como a menopausa e o envelhecimento. Shen (espírito) Shen – O termo espírito deve ser entendido como consciência ou razão. Shen tem muitas traduções, neste texto aborda- remos a concepção chinesa em que a cons- ciência reside no coração e não no cérebro. Massoterapia oriental 31 Quando o coração está em equilíbrio, as emoções estão equilibradas e atuação do Shen evidencia uma pessoa equilibrada, consciente e lúcida. As alterações energé- ticas do coração desalojam o shen de sua morada. O coração, literalmente, deixa a pessoa fora de si. A razão, consciência, coe- rência de pensamentos e comportamento é relacionada ao coração e a qualidade do sangue presente nele. (MACIOCIA, 2014). 1.2.2 Yin e Yang Para o chinês o conhecimento resu- me-se a três palavras: yang, yin e o Tao. Um yang e um yin é o Tao, o yang e o yin só existem em relação ao outro. O mundo material só existe pela interação destas duas energias. As características físicas, a natureza das manifestações e os movimen- tos da natureza são interpretados pela teo- ria do yin e do yang. A fisiologia, a patolo- gia e o tratamento na MTC podem ser entendidos na relação yin-yang. Caracteres chineses indicam o lado sombrio e o lado ensolarado de uma colina. O fenômeno YIN-Yang vem da observação contínua da alternância de fenô- menos naturais como o dia e a noite e suas particularidades. Quanto às características físicas, tudo que é animado, em movimento, exterior ascendente, quente, luminosos, funcional, cujas capacidades se desenvolvem e a ação é yang. O que está em repouso, tranqüilo, interior, descendente, frio, sombrio, que decresce é yin. Yang significa a claridade do sol, o dia, a luz, o calor, a secura, a vida, a masculinidade, a atividade, o esplendor e a solidez. Yin é a ausência de claridade, sombra, escuridão, noite, frio, umidade, morte, terra, lua, feminino, passivo, terno, frágil e vazio (MACIOCIA, 2014). Quanto à natureza, o céu, que está no alto, e o fogo, que as chamas se ele- vam são yang. A terra, embaixo, e a água que escorre fria também é yin. No universo qualquer fenômeno manifestado pode ser yin ou yang, e a sua base é: © T ik ir i / / Sh ut te rs to ck Massoterapia oriental32 • Oposição do yin e yang: quando um pre- valece sobre o outro há a desordem, no ser humano este desequilíbrio irá gerar a doença. Em contrapartida, esta oposição constante mantém o equilíbrio e a trans- formação da energia vital (Qi). • Reciprocidade do yin e do yang: eles não se separam, esta relação é chama- da de raiz recíproca, um não existe sem o outro. O Yin está no interior e susten- ta o yang, O yang está no exterior. O yin determina a matéria e o yang a função. • Crescimento e decréscimo do yin e do yang: eles estão sempre em movimen- to, um cresce e o outro decresce. Para que uma atividade fisiológica yang se produ- za, é necessário que a matéria nutritiva yin seja consumida. O metabolismo da maté- ria nutritiva yin consome a energia yang. Este é o equilíbrio relativo, se um se eleva em demasia ou o outro declina em excesso e acarreta a doença (JIANPING, 2001). Teoria do yin/yang Estrutura orgânica Funções fisiológica Causa e evolução das doenças Diagnóstico Tratamento A teoria do yin e do yang na MTC ex- plica a estrutura orgânica do corpo humano, as suas funções fisiológicas, a causa e a evo- lução das doenças e a utilização para o diag- nóstico e tratamento destas. 1.2.3 Wu Xing: a teoria dos 5 elementos A teoria do Wu Xing ou teoria dos 5 elementos é mais recente que a teoria do Yin e Yang. Ela foi primeiramente docu- mentada na China, no Período dos Estados Guerreiros (221-476 a.C.) e coexistiu, inde- pendentemente, da teoria do Yin e Yang. Foi durante a Dinastia Song (960-1279 d.C.) que começou a fusão entre os dois sistemas e que o sistema dos 5 elementos foi utilizado para diagnóstico e tratamento de doenças pela primeira vez (HICKS; HICKS; MOLE, 2007). Segundo Maciocia (2008), a teoria dos 5 elementos é um sistema filosófico aplicável não só à medicina, mas a um modo de vida. Os chineses perceberam que, por meio da observação dos fenômenos naturais e suas evoluções de acordo com as estações,que o mundo se organizava em torno de cinco ele- mentos ligados ao tempo e espaço e a MTC classifica os fenômenos conforme a natu- reza, a função e a forma e os liga aos 5 ele- mentos: água, fogo, metal, madeira e a terra. © D TC O M Massoterapia oriental 33 A partir daí ocorre à sistematização entre a relação destes elementos com a constituição das vísceras (Zang Fu), o estado fisiológico ou patológico do organismo e como o meio circun- vizinho afetam a vida dos homens. Os elementos são usados não pela sua natureza, mas sim pelas suas características: Produção e flexibilidade, desbloqueio Calor yang, inflamação para o alto Desenvolvimento, transformação e alimento Pureza, robustez e armazenamento Frio, umidade, descrescimento e fluidez Madeira Fogo Terra Metal Água A Teoria dos Cinco Elementos é de vital importância para compreender a cons- tituição dinâmica de absolutamente tudo que existe. A cada um desses cinco elemen- tos estão associados um ponto cardeal ou direção, uma estação, um sabor, uma cor, um órgão (que é Yin), uma víscera (Yang), um meridiano, uma emoção, entre outros. 1.2.4 Cinco substâncias da natureza, Geração, Dominância, Excesso de dominância e contradominância A relação dos cinco elementos deve ser observada como as cinco fases do movimento das energias celestes em rela- ção às suas influências na terra, caracteri- zadas pelas cinco estações. As que conhe- cemos outono, verão, inverno e primavera, © D TC O M Massoterapia oriental34 mais o período do verão tardio ou fim do verão considerado pelos chineses. Ao observar o ciclo de luz e sombra, calor e frio, e os alimentos disponíveis em cada estação, os chineses foram classifi- cando os fenômenos nas cinco característi- cas da matéria: • Água − que gera a vida; • Madeira − que representa a vida que brotou de uma semente, gerando cres- cimento ascendente (para cima, que sobe) e é a substância básica geradora do fogo; • Fogo − que após queimar vira a cinza que volta à terra. • Terra − na qual encontramos o ouro e os metais preciosos. • Metal − onde surge a água e caracteriza o ciclo de crescimento. Podemos dizer que quem gera é a mãe e quem foi ge- rado é o filho. Assim se estabelece o ci- clo de geração ou dominância também conhecido como a teoria mãe e filho. Na figura as setas em vermelho no círculo externo (HICKS; HICKS; MOLE, 2007). Para controlar a hiperatividade de uma única fase (elemento) a setas internas (estrela) demonstram a relação de controle mútuo via: água apaga fogo; este derrete o metal, o metal corta a madeira e esta absorve os nutrientes da terra, que absorve a água e se estabelece o ciclo de controle ou dominância (CHUNCAI, 1999). M ETAL ÁG UA Quando existe um desequilíbrio crônico acontecem os ciclos de excesso de domi- nância e contradominância (linha pontilhada da figura abaixo). A relação que os chineses observaram é de uma família em desarmo- nia, em que a mãe dominadora em excesso ataca o filho e a contra dominância é o neto atacando os avós. Exemplo: água (neto) ataca terra (avó) com o objetivo de enfra- quecer a mãe (metal) (MACIOCIA, 2014). © D es ig nu a / / S hu tt er st oc k . ( A da pt ad o) . Massoterapia oriental 35 Os cinco elementos apresentam-se, dinamicamente, interligados em uma rela- ção de interdependência e movimento contínuo. Uns moderando, dominando, nutrindo ou inibindo outros. Pela sua pró- pria natureza órgãos e vísceras uns domi- nam outros. Mas tudo na natureza como no cosmos procura tender ao equilíbrio. Devemos entender os 5 Elementos den- tro de uma dinâmica de ciclos inteiros com predomínio de certas características. Exis- tem vários ciclos, mas dois principais: o de construção e o de destruição. É importante assinalar que esses termos não devem ser entendidos, literalmente, mas sim, no sen- tido de geração e inibição. 1.3 Fatores exógenos Na MTC, são consideradas múltiplas causas das doenças, no entanto, podem ser classificadas em três fatores: endógenos, exógenos e mistos. Existem seis fatores exógenos (climáticos), sete fatores endó- genos (emocionais) e outros fatores con- siderados mistos (fadigas, fatores nutri- cionais, bebidas, acidentes e atividades sexuais). Primeiro o fator patogênico ataca os canais depois ataca o Zang ou Fu (órgão ou víscera). Estes fatores em determinadas situa- ções podem causar desequilíbrios energé- ticos e podem causar enfermidades. Como tudo em MTC podem ser classificados em dois aspectos o Yin e o Yang (JIANPING, 2001). Os seis fatores exógenos são: vento, frio, umidade, secura e calor e calor de verão. Segundo Nakano e Yamamura (2008) a resistência natural a estes fatores é assegurada na energia Wei Qi (energia de defesa). Quando o corpo é exposto aos fatores exógenos em excesso vai provocar alterações fisiológicas e energéticas cau- sando doenças. Exemplo: morar em uma casa úmida provoca doenças de etiologia umidade (doenças com catarro, rouquidão, edema, fleuma na MTC). A manifestação de sinais e sintomas é um reflexo de algumas afecções corporais por influências da ação dos fatores etiológi- cos, o vento causa tremor e toda síndrome será causada por algum fator patogênico ou por mais de um. Exemplo: umidade e vento, além da dor articular, adiciona mais o sin- toma vento que é tremor. Os fatores exógenos atacam principal- mente o Yang com características de doen- ças agudas. Quando temos o ataque de dois fatores caracteriza-se uma síndrome bi, o que geralmente confunde a avaliação do terapeuta, pela soma dos sintomas. Massoterapia oriental36 Os fatores mistos ou extras são os de descontrole alimentar (fome ou excesso de alimentos, alimentos gordurosos, con- dimentada ou abuso de álcool); o excesso de trabalho ou a falta de descanso (traba- lho braçal ou mental em demasia); excesso de atividade sexual e a apatia e a falta de movimento vão causar alterações na pro- dução e circulação da energia Qi o que pode mais uma vez gerar estagnação ener- gética , sintomas ou doenças. A saúde depende do equilíbrio dos fatores externos, internos e mistos, quando o corpo não se adapta podem ocorrer as estagnações ou os excessos, o organismo pode não reagir por falta de resistência cor- poral explicada pela diminuição da ener- gia vital – Qi. Ou pela influência patogênica sobre o organismo, causada pelos fatores exógenos e o entendimento desta influência é de grande importância para o tratamento e a prevenção na MTC e serão explicados mais detalhadamente. Na MTC estes fatores são conhecidos como os “seis perversos”: frio e vento; fogo e calor; umidade e secura. 1.3.1 Frio e vento O frio é a energia do inverno e o vento a energia da primavera. O frio ataca o yang do organismo tornando-o incapaz de expulsar o frio. As características do frio são cólicas e a dor do frio ataca a parte inferior do corpo e a região do abdômen e é extremamente difícil aquecer o corpo. O vento ataca a parte superior do corpo, causa movimentos de tremor e a dor não fica limitada a uma articulação, ficam difu- sas as demais articulações, o vento é o grande responsável pelos edemas genera- lizados e o tratamento do mesmo é muito importante na área estética. 1.3.2 Fogo e calor O excesso de calor interno ou esterno que causará o desequilíbrio do fogo, preju- dicando os líquidos do corpo e esgotando o Qi. O fogo acende e aquece a parte supe- rior do corpo: olhos vermelhos, pressão alta, dor de cabeça, perda de cabelos e cabelos opacos. O calor também gasta facilmente a energia do corpo produzindo a sede, urina pesada, tontura, desmaio. O calor aquece, combate o frio, mas quando em excesso queima destrói os tecidos. O calor em excesso sobe de forma muito rápida con- sumindo de forma aguda tudo que ele tiver acesso, como exemplo paralisia facial e aci- dentes vasculares. Massoterapia oriental 37 1.3.3 Umidade e secura A umidade é a energia do verão pro- longado e a secura é a energiaprincipal do outono. A umidade e a secura são anta- gônicas e ambas são difíceis de tratar, a secura é caracterizada pelas doenças de pele, rachaduras, articulações com crepi- tações e a sua origem está relacionada ao baixo consumo de líquidos. A umidade está relacionada ao excesso de alimentos pasto- sos e úmidos, a obesidade abdominal, aos edemas e a flacidez. Ainda está presente em todos os pacientes com alterações do baço com propensão a obesidade. 1.3.4 Sete sentimentos A atividade emocional exerce grande influência no metabolismo do sistema Zang Fu. As doenças causadas pelas sete emoções são diferentes das doenças cau- sadas pelos seis excessos climáticos. Os fatores climáticos atacam o corpo de fora para dentro (Yang) penetram pela boca, nariz ou pele. As emoções agridem o organismo de dentro para fora (yin) pri- meiro deprimem o Qi dos órgãos e vísce- ras (Zang Fu) o desequilíbrio dos mesmos somente será percebido posteriormente (MACIOCIA, 2014). Os cinco órgãos metabolizam as cinco energias, o coração produz a alegria; o fígado gera a raiva; o pulmão – o pesar, o baço – a ansiedade, e o rim refere ao medo. As sete emoções são: Alegria (xi), Raiva (Nu), Preocupação (Si) Ansiedade (You), Mágoa (Bei), Medo (Kong) e o Susto (Jing) (CHUNCAI, 1999). A raiva faz o Qi subir, a alegria faz o Qi diminuir a intensidade, relaxando-o, ficando mais devagar; a tristeza consome Qi, o medo faz o Qi descer, já o susto per- turba o fluxo do Qi e o bloqueia. Os fatores endógenos ao contrário dos fatores exógenos climáticos atacam o yin, geralmente, de forma lenta e devastadoras sendo doenças crônicas de evolução silen- ciosa. Neste sentido a tristeza pode ser rela- cionada à queda de cabelo, cabelos bran- cos e a doenças de pele. A preocupação é a grande responsável pela obesidade. A raiva e a mágoa são as responsáveis pelas enxa- quecas e TPM. O medo está ligado a nossa sobrevivência e a nossa vontade de viver, a energia do rim está ligada a nossa libido, sexualidade e junto ao pulmão que refere à tristeza vão causar as quedas de cabelo. A ansiedade gerada por pensamentos obses- sivos também está relacionada à obesidade, Massoterapia oriental38 isto faz as alterações no estômago (gastrite) alterando a energia do sangue (Xue) que vai afetar o coração (risco de infarto). Para os chineses as alterações do Qi do estômago, inclusive os regimes alimentares podem ser a porta da loucura. As alterações de medo e ansiedade, seguida de susto pode gerar o que se conhece na medicina ocidental como síndrome do pânico (MACIOCIA, 2014). Unindo os conhecimentos das teo- rias do Yin e Yang e dos cinco movimen- tos podemos concluir que as teorias das cinco fases dos movimentos conseguem classificar quais as causas das patolo- gias quando conseguimos definir os fato- res etiológicos externos que foi exposto, a época do ano (estação) que os sintomas iniciaram e qual a emoção que está mais evidente; fatores nutricionais envolvidos; local da dor e da queixa caracterizando as questões mais materializadas do desequi- líbrio e que a teoria do yin e do yang é o referencial para verificarmos o desequilí- brio mais energético e sutil, muitas vezes antes da patologia se manifestar. Unindo as duas teorias podemos utilizá-las para prevenir, manter e restaurar a saúde. Massoterapia oriental 39 Referências CAMPOS NETO, A. A. M. de. O Confucionismo, Budismo, Taoismo e Cristianismo. O Direito chinês. Revista da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 110, p. 67-94, 2016. ISSN 2318-8235. Disponível em: <www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/ 115486>. Acesso em: 04/04/18. CHONGHUO, T. Tratado de Medicina Chinesa. 1. ed. São Paulo: Roca, 2011. CHUNCAI, Z. Clássico de Medicina do Imperador Amarelo – Tratado sobre a Saúde e a Vida Longa. 1. ed. São Paulo: Roca, 1999. HICKS, A.; HICKS J.; MOLE, P. Acupuntura Constitucional dos Cinco Elementos. São Paulo: Roca, 2007. HUIHE, Y.; BAINE, Z. Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2012. JIANPING, H. Metodologia da medicina tradicional chinesa. São Paulo: ROCA, 2001. MACIOCIA, G. Canais de Acupuntura: Uso Clínico dos Canais Secundários e dos Oito Vasos Extraordinários. São Paulo: Roca, 2008. MACIOCIA, G. Fundamentos de Medicina Chinesa. 2. ed. São Paulo: Roca, 2014. NAKANO, M.; YAMAMURA, Y. Livro dourado da Acupuntura em Dermatologia e Estética. 2ª Ed. São Paulo: Center AO – Centro de Pesquisa e Estudo da Medicina Chinesa, 2008. OMS. Estrategia de la OMS sobre medicina tradicional 2014-2023. Organización Mundial de la Salud. Ginebra; Organización Mundial de la Salud; 2013. 75 p. Livrotab, graf.Espanhol | CLASSIFICADO | ID: mis-37912 ROSS, J. Sistemas de Órgãos e Vísceras da Medicina Tradicional Chinesa. 1. ed. São Paulo: Roca, 2003. Capítulo 2 Pontos tsubô ou keiketsu A energia Qi circula por todo o organismo formando uma rede energética represen- tada pelos meridianos, que são linhas energéticas invisíveis interligando as diferentes estru- turas do corpo. Ao longo de cada meridiano situam-se pontos energéticos, que são chama- dos de tsubos. Estes pontos e suas funções são essenciais para a compreensão de como se pode tratar distúrbios do organismo e é o que veremos ao longo deste capítulo. 2.1 Definição Quando utilizamos a geometria, ponto nada mais é que uma localização no espaço, que, quando em conjunto, os pontos formam uma reta. Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) ponto é chamado de tsubos e o conjunto deles de meridiano. Na técnica de massagem shiatsu e na acupuntura local de aplicação de agulhas eles são denominados pontos de acupressão. Massoterapia oriental42 Os tsubos são traduzidos como poço ou cavidade de Qi, na qual a energia se condensa ao longo dos meridianos. Esses pontos são vórtices de energia, nos quais a energia vital aflora na superfície da pele e são bons condutores, quando podemos atuar com o calor, pela moxabustão (longo tempo de aplicação do fogo), com agulhas, pela acupuntura, e com os dedos, pelo shiatsu (JAHARA-PRADIPTO, 1986). O significado de vórtices é um escoa- mento giratório em que as linhas de corrente apresentam um padrão circu- lar ou espiral. São movimentos espirais ao redor de um centro de rotação. Os pontos apresentam diferentes fun- ções e quando manipulados produzem efei- tos terapêuticos no organismo. Alguns deles possuem a função de restaurar o equilíbrio e o fluxo energético do meridiano comprometido. Como nesses pontos a energia é concentrada, pode-se atuar sobre a energia Qi (WEN, 1985; DING, 1996). Para Maciocia (2008) a teoria dos canais e pontos iniciou de forma rudimen- tar com a massagem dos pontos e, com a intensa observação, os chineses desco- briram pontos na superfície da pele, que, quando estimulados, provocavam dife- rentes respostas como expansão da dor, formigamento ao longo de linhas e áreas e as relacionavam também com órgãos doen- tes, a primeira associação entre sintoma e o trajeto na superfície corporal. Dessa prática da acupuntura ao longo dos séculos observou-se a “chegada do Qi” ou o “movimento do Qi” e a relação com os órgãos internos, estabelecendo a teoria dos canais que evoluiu para a teo- ria dos meridianos. A inserção de agulhas era associada à sensibilidade dos pontos sob pressão e não recebiam nomes, nem tinham localização específica. Os terapeutas passaram a associar pontos com resultados terapêuticos para determinadas doenças. Estes pontos foram fixados e nomeados conforme localização anatômica e indicação, as indicações seme- lhantes tendiam a ficar localizadas em uma linha ao longo de determinadas regiões do corpo. Historicamente, em 200 d.C, tinha- -se o conhecimento de 349 pontos ao longo dos canais (MACIOCIA, 2008). Atual- mente, conhecemos mais de 1500 pontos. Cada meridiano é formado por um certo número de tsubos, que, quando esti- mulados, movimentam o Qi em sentido e ordem sempre constante, estespontos são locais onde a energia Qi será mais facil- mente atingida e manipulada. As funções terapêuticas se relacionam às patologias Massoterapia oriental 43 que afetam os meridianos e ao pressionar- mos um ponto situado num meridiano, res- tabelecemos o livre fluxo de Qi ao longo de todo o meridiano. (DING, 1996; JAHARA- -PRADIPTO, 1986), Esse é o princípio do funcionamento da acupuntura e de todos os tratamentos por pressão da MTC. 2.1.1 Fisiologia energética Os pontos energéticos conhecidos como tsubos estão distribuídos em todo corpo e organizados em linhas como um rio e cada um tem uma relação direta com um órgão interno. Em cada um desses meridia- nos podemos selecionar lugares para esti- mular a passagem do fluxo da energia Qi. Cada ponto apresenta uma função energé- tica comparada no ocidente com uma fun- ção fisiológica. Quando estimulamos o ponto com massagem ou outra forma de estímulo, estaremos interferindo na função do órgão associado a ele, portanto, além dos bene- fícios para a pele a massagem pode com- plementar outras formas de terapia. Quando associamos aos tratamentos esté- ticos poderemos associar, simultanea- mente, o estímulo externo ao interno com resultados melhores no externo. Como exemplo, ao estimular os pontos de intes- tino grosso, a profunda limpeza intestinal será facilitada e provocará o clareamento de manchas do rosto. Aos estudarmos a função de cada meridiano, bem como as indicações dos pontos, o profissional de estética poderá associar o tratamento estético à manutenção da saúde. 2.1.2 Função dos pontos Os pontos dos meridianos possuem muitas funções, desde uma função local, para tratar uma sensação de dor, até as funções sistêmicas, com ação em todo o organismo. A estimulação do ponto trata o meridiano em si e as regiões circunvizinhas. Cada ponto têm características próprias e é especifico para cada doença. Algumas literaturas relacionadas à acupuntura usam o termo de pontos regu- lares e não tsubos, para definir os pon- tos cuja conexão é direta aos órgãos e vís- ceras (teoria zang fu), mas estão localiza- dos na superfície da pele e regularizam os sistemas defensivos e nutritivos, e fazem a conexão com o meio externo, influência dos fatores exógenos, que podem alterar a energia Qi (DING, 1996). Massoterapia oriental44 Zang Fu refere-se aos órgãos e vísceras. Zang corresponde aos órgãos “cheios” que conservam a energia: rins, coração, pulmões, baço pâncreas e fígado e as vísceras que transformam, são “vazias”: intestino grosso, intes- tino delgado, estomago, vesícula e bexiga. Entre esses pontos há alguns com funções específicas e importantes, deno- minados pontos de comando e divididos em várias categorias (MACIOCIA, 2014): CATEGORIA FUNÇÃO 1. Pontos de tonificação. Seu estímulo provoca o aumento de energia nos meridianos e da função do órgão correspondente. 2. Pontos de sedação. Seu estímulo provoca a diminuição de energia nos meridianos e da função do órgão correspondente. 3. Doze pontos yuan (fonte). Pode produzir tanto tonificação quanto sedação direta nos órgãos yin, indicando anormalidades na função dos órgãos yin. Atuam restabele- cendo o equilíbrio da energia Qi, regularizando as funções fisiológicas dos órgãos internos e tonificam or órgãos yin e yang. 4. Quinze pontos LUO (conexão) ou saída de Qi. São pontos de conexão de dois meridianos, especialmente acoplados e podem ser usados em combinação com pontos fonte ou por si só. 5. Doze pontos de assentimento dorsal (Shu). Os Shu Dorsais são pontos específicos das costas, relacionados com os sistemas Zang-Fu, onde o Qi é fundido. 6. Doze pontos de assentimento ventral (Mu). Os MU Frontais são pontos reflexos situados na região do tórax e abdô- men, onde o Qi dos respectivos sistemas Zang Fu fundem-se. 7. Dezesseis pontos de alarme XI (Fissura). Estes pontos são locais onde o Qi do Meridiano se concentra num mesmo lugar, há acúmulo de Qi, trata padrões agudos e de excesso. 8. Pontos dos cinco SHU antigos (Jin, Ying, Shu, Jing e Ho/He). Pontos localizados ao longo dos 12 meridianos regulares e se situam entre o cotovelo e a ponta dos dedos, ou entre o joelho e a ponta dos artelhos. Fonte: MACIOCIA, 2014. Os pontos de comando são encontrados na literatura em forma de tabelas. Para o estudo da acupuntura. Além destas categorias, há ainda muitos outros pontos importantes classificados em pontos de união, pontos janela do céu, pontos estrelas celestiais, pontos fantasmas e pontos do sistema olho. Massoterapia oriental 45 Observe a figura abaixo, ela é usada pelos chineses para ilustrar a natureza dos pon- tos de transporte comparando a região entre os dedos e os cotovelos ou dos artelhos até o joelho com um rio: do ponto nascente na ponta dos dedos vão se tornando maiores grada- tivamente e mais profundos até o ponto mar, o tamanho e a profundidade independem da direção do fluxo do canal, yin descendente ou yang ascendente (MACIOCIA, 2008). Tere- mos então os cinco pontos de transporte: jin, ying, shu, jing e ho/he,ou nascente, manan- cial, riacho, rio e mar respectivamente. Canal como um rio Riacho Rio Manancial Nascente Qi super�cial Yin Qi acelerado Canal alargado Qi aprofundado Qi mergulhado profundamente no corpo Yang Mar Fonte: MACIOCIA, 2008, p. 118. (Adaptado). Cada um dos pontos de transporte terá uma dinâmica no canal, pois está rela- cionada aos cinco elementos e aos órgãos e vísceras – Zang Fu. A energia Qi flui de forma superficial no ponto nascente e irá se aprofundar no organismo, ponto mar. • No ponto nascente, temos a mudança de polaridade de yin para yang e vice- -versa, a energia é mais instável (ponta dos dedos) e pode ser facilmente e rapi- damente modificada, usado para expelir os fatores patogênicos. • No ponto manancial, a energia está mais forte, usado para desobstruir o calor. • No ponto riacho, o fluxo continua se aprofundando, o “Qi jorra” e é usado no transporte, neste ponto o Qi defensivo se concentra. Massoterapia oriental46 • No ponto rio, a profundidade é maior e mais profunda, os fatores patogênicos irão se desviar para as articulações e tendões. • No ponto mar o Qi flui mais devagar e cir- cula para o interior se unindo ao Qi Geral. Existem outras indicações de trata- mento dos pontos que devem ser estuda- das e aprofundadas em estudos de acupun- tura e, por isso, não serão vistas aqui. 2.1.3 Excesso e deficiência A situação de excesso e deficiência no organismo descreve um desequilíbrio Yin e Yang. Quando as características Yin estão elevadas os sintomas são: sensação de frio, cansaço físico, falta de força, falta de vitalidade, muito sono, flacidez etc. Quando os sintomas são de excesso eles são yang: calor, agitação, insônia, rigi- dez corporal. Podemos ter diferentes estados de excesso e deficiência relacionados ao yin e yang: teremos o equilíbrio (saúde); deficiência de yin, deficiência de yang, excesso de yin e excesso de yang; a preponderância de um dos fatores para a MTC causará o consumo, a depleção do outro fator (sintomas e doenças). Devemos usar as indicações dos pon- tos yang para tratar as deficiências e dos pontos yin para tratar os excessos bus- cando o equilíbrio homeostático. 2.1.4 Ponto ashi Estes pontos se diferenciam dos demais por não ter uma localização defi- nida, não pertencer a nenhum meridiano, nem se relacionam diretamente com algum sistema. Eles também não possuem nome próprio e não tratam uma variedade de sintomas. Basicamente pontos ashi são pontos de dor, sendo assim, resumida- mente, se existir dor ou um ponto sensibili- zado à pressão, temos pontos ashi. © S TU D IO G R A N D O U ES T / / S hu tt er st oc k Massoterapia oriental 47 A lógica na utilização desses pontos é se houver sensibilidade à palpação isto indica que existe a estagnação da energia Qi, do shue (sangue) ou de fatores patogê- nicos como o vento, frio ou umidade (fato- res exógenos). Estespontos são muito importantes nas desordens musculares. 2.2 Pontos shu Os pontos shu também são conheci- dos como pontos de transporte dorsal dor- sais, assunto que veremos a seguir. 2.2.1 Pontos dorsais Os pontos shu estão localizados em ambas as faces laterais da coluna vertebral, no meridiano da bexiga e estão relaciona- dos aos órgãos, pois transportam a ener- gia aos órgãos internos. Cada um dos 12 órgãos está associado a um ponto shu no meridiano da bexiga (MACIOCIA, 2008). Os pontos conduzem o Qi para os órgãos internos. Os pontos shu estão no meridiano da bexiga havendo para cada órgão energético um ponto correspondente, afetando os órgãos diretamente. A ação dos pontos shu dorsal é sedativa. Os pontos shu dorsal formam uma espécie de reflexologia do meridiano da bexiga, no qual é possível trabalhar todos os zang fu (órgãos e vísceras), e são relacionados em forma de tabela como veremos no subtópico a seguir. 2.2.2 Tabela ponto shu / zang fu Estes pontos podem ser usados sem- pre que o órgão interno referente a ele estiver afetado, conforme a tabela: ZANG FU PONTO SHU P – PULMÃO B13 CS – CIRCULAÇÃO SEXO B14 C – CORAÇÃO B15 F – FÍGADO B18 © o liv er om g/ / Sh ut te rs to ck Massoterapia oriental48 ZANG FU PONTO SHU VB – VESICULA BILIAR B19 BP – BAÇO PANCREAS B20 E – ESTÔMAGO B21 TA – TRIPLO AQUECEDOR B22 R – RIM B23 IG – INTESTINO GROSSO B25 ID – INTESTINO DELGADO B27 B – BEXIGA B28 Fonte: MACIOCIA, 2008. É muito importante observar alguns critérios para o uso dos pontos shu: • em doenças agudas acompanhadas de febre; • em excesso energético; • em estado avançado da doença, podem- -se usar simultaneamente os pontos shu e mu. Nesses casos, usa-se, primeiramente, os pontos shu-dorsais e, em seguida, os pontos mu-frontais (MACIOCIA, 2014). Os pontos shu sempre vão afetar os órgãos de forma direta por seguirem a linha da coluna vertebral. Coluna região cervical Anatomicamente, os pontos do meri- diano da bexiga estão localizados sobre a estrutura do sistema nervoso periférico. A figura acima da região cervical ilustra a saída dos nervos espinhais que irão fazer a cone- xão da medula e fazer a inervação do tronco, membros superiores e partes da cabeça. © Im ag e St ud io / / S hu tt er st oc k Massoterapia oriental 49 2.3 Pontos MU Os pontos mu também são conhecidos como pontos de coleta frontais, o que signi- fica coletar, assuntos que veremos a seguir. 2.3.1 Pontos frontais (mu) Os 12 pontos mu-frontais são pontos reflexos de natureza Yin (parte frontal do tórax e abdômen) e são usados para tonificar os órgãos internos e expelem o fator pato- gênico. O nível dos pontos Mu sob a região abdominal corresponde ao nível dos pontos Shu na região das costas e ambos se locali- zam no mesmo nível de seus sistemas Zang- -Fu. A associação dos pontos shu e mu tor- nam o tratamento mais forte. (MACIOCIA, 2008). Alguns pontos Mu estão localizados no meridiano vaso governador, como ilus- trado abaixo a localização deste meridiano. São considerados muito importan- tes no tratamento das doenças agudas, por exemplo, bronquite aguda, cistite aguda. 2.3.2 Tabela ponto MU / zang fu Da mesma forma que os pontos Shu, eles podem ser usados tanto no diagnós- tico quanto no tratamento, porém, não estão localizados sobre um mesmo meri- diano como os pontos Shu, o que signi- fica que um ponto Mu pode tratar direta- mente o órgão, entretanto, não tratará o meridiano. Segue a tabela dos pontos MU conforme Maciocia (2008). ZANG FU PONTO MU P – PULMÃO P1 CS – CIRCULAÇÃO SEXO VC17 C –CORAÇÃO VC 14 F – FÍGADO F14 VB – VESICULA BILIAR VB24 BP –BAÇO PANCREAS F13 E – ESTÔMAGO VC12 TA – TRIPLO AQUECEDOR VC05 R – RIM VB25 IG – INTESTINO GROSSO E25 ID – INTESTINO DELGADO VC4 B – BEXIGA VC3 Fonte: MACIOCIA, 2008. (Cheng Jiang) CV24 (Hu Yin) CV1 © e lle pi gr afi ca / / S hu tt er st oc k Massoterapia oriental50 O conjunto dos pontos Shu e Mu constituem um grupo de pontos específicos muito importantes, pois a energia Qi acionada nestes pontos Mu e Shu se comunicam direta- mente com seus respectivos sistemas Zang-Fu. O diagnóstico e tratamento podem ser avaliados pelas reações positivas como sensibili- dade e dor nestes pontos indicando importantes alterações no Zang-Fu, os fatores patogêni- cos podem ocasionar patologias tanto do sistema Zang-Fu como na superfície corpórea. A escolha dos pontos corretos e de forma criteriosa trará o sucesso no tratamento, não pelos pontos individuais, mas sim, pela ação sobre o fluxo energético do canal ao qual o ponto pertence. Para o acupunturista esta combinação ainda envolverá a inserção cor- reta da agulha e escolha da agulha apropriada. Para a aplicação do Shiatsu, mais especifi- camente do Zen Shiatsu, o conhecimento dos pontos é muito importante, mas mais do que isto a linha, ou canal que eles formam a teoria dos meridianos. Massoterapia oriental 51 Referências DING, L. Acupuntura,Teoria do Meridiano e Pontos de Acupuntura. São Paulo: Roca, 1996. JAHARA – PRADIPTO, M. Zen Shiatsu: Equilíbrio e Consciência do Corpo. São Paulo: Summus, 1986. MACIOCIA, G. Canais de Acupuntura: Uso Clínico dos Canais Secundários e dos Oito Vasos Extraordinários. São Paulo: Roca, 2008. WEN, T. S. Acupuntura Clássica Chinesa. São Paulo: Cultrix, 1985. Capítulo 3 Meridianos – Anatomia energética Entender a anatomia energética da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é compreen- der que os meridianos, que são os canais por onde correm as energias para a nutrição e defesa do organismo. O termo genérico que engloba os meridianos e suas ramificações é o Jiang Luo (Jiang significa caminho e Luo significa rede). 3.1 Definição A teoria dos meridianos levou muito tempo para ser elaborada e foram definidas por meio de experiências e pesquisas visando a acupuntura. Os pontos localizados ao longo dos meridianos se ligam, energeticamente, aos órgãos fazendo a circulação do Qi e do Xue, alterações nos órgãos podem ser tratadas pela estimulação destes pontos, por isso são tomados como base de cura e prevenção de doenças. Os meridianos são dispostos verticalmente, com ramificações diagonais que os ligam entre si, a cada ramificação eles ficam mais finos formando uma rede interligada. Massoterapia oriental54 3.1.1 Meridianos e os órgãos energéticos Os meridianos são canais de energia, retratam caminhos invisíveis por onde flui o Qi e o Xue, ou seja, circulam yin e yang para nutrir e equilibrar o corpo. Formam uma rede de energia que conecta todas as partes do corpo, assim como o corpo com o universo. Podem ser comparados à fiação de uma casa, porém os meridianos não têm estrutura física, os meridianos são parte da anatomia do corpo de energia sútil e não tem forma concreta. Os meridianos são caminhos localiza- dos tanto sob a superfície da pele quanto, profundamente, dentro do corpo, que car- regam a energia sútil denominada Qi. Os meridianos ligam o interior do corpo com o exterior/meio ambiente e parte superior com inferior do corpo. Eles propiciam liga- ções entre as estruturas para identificar a causa de problemas de saúde bem como o diagnóstico para a cura. Eles regulam as funções de energia do corpo e mantêm o mesmo em harmonia. A MTC entende que quando o sistema orgânico funciona bem, o Qi flui livremente através dos meridianos, os órgãos traba- lham em harmonia, os meridianos e o corpo (incluindo a mente, o espírito e as emoções), quando saudáveis, mantêm a homeostase, ou seja, uma condição dinâmica de harmo- nia interna, na qual as energias yin e yang funcionam harmoniosamente, o que evita doenças; quando o Qi não flui dizemos que a energia está estagnada. Esta estagnação reflete sinais e sinto- mas, o órgão afetado está em desequilíbrio e quando esta estagnação se mantém apa- rece a doença (MACIOCIA, 2008). Os meridianos disfuncionais tam- bém podem se tornar suscetíveis a fato- res patogênicos externos (calor,
Compartilhar