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D I F E R E N T E S P R E S S Õ E S A pressão atmosférica (ou barométrica) e a PO2 em diferentes altitudes, tendem a variar como mostrado na tabela a seguir: Ao nível do mar, a pressão barométrica é de 760 mmHg; a 3.000 metros, de apenas 523 mmHg; e a 15.000 metros, de 87 mmHg. Essa diminuição expressiva da pressão barométrica, é a principal causa de hipóxia (ausência de O2 suficiente nos tecidos) na fisiologia das altas altitudes, porque à medida que a pressão barométrica diminui, a PO2 na atmosfera reduz proporcionalmente, permanecendo por todo o tempo ligeiramente abaixo de 21% da pressão barométrica total -> a Po2 ao nível do mar é cerca de 159 mmHg, mas a 15.000 metros, é de apenas 18 mmHg. A PO2 nos alvéolos, por sua vez, é reduzida por causa do dióxido de carbono e do vapor d’água. Mesmo em altas altitudes, o CO2 continua sendo transportado do sangue pulmonar para os alvéolos e a água se vaporiza para o ar inspirado vindo das superfícies respiratórias. O CO2 e o vapor d’água diluem o O2 nos alvéolos reduzindo assim, sua concentração. Enquanto a temperatura corporal for normal, a pressão parcial do vapor d’água nos alvéolos continua em 47mmHg, independente da altitude. A PCO2, também é reduzida durante a exposição às elevadas altitudes (sai de 40mmHg e vai para valores bem mais baixos). Nas pessoas aclimatadas (acostumadas com o clima) que aumentam sua ventilação por cerca de 5 vezes, a PCO2 alveolar cai para cerca de 7mmHg. Como o CO2 e o vapor d’água afetam a PO2 alveolar? Suponhamos, por exemplo, que a pressão barométrica caia do valor normal de 760 mmHg ao nível do mar para 253 mmHg, que é o valor usualmente medido no topo do monte Everest, a 8.848 metros. Como 47 mmHg devem ser de vapor d’água, restam apenas 206 mmHg para todos os outros gases. Na pessoa aclimatada, 7 mmHg dos 206 mmHg devem ser de CO2, restando apenas 199 mmHg. Se não houvesse utilização do O2 pelo corpo, um quinto desses 199 mmHg seria O2 e quatro quintos nitrogênio; isto é, a Po2 nos alvéolos seria de 40 mmHg. Entretanto, parte desse oxigênio alveolar restante está continuamente sendo absorvida pelo sangue, deixando cerca de 35 mmHg de pressão de O2 nos alvéolos. No topo do monte Everest, apenas as pessoas mais bem aclimatadas são capazes, com dificuldade, de sobreviver respirando ar. Mas, o efeito é muito diferente quando a pessoa está respirando O2 puro. Ao nível do mar, a Po2 alveolar é de 104 mmHg. A 6.096 metros de altura, ela cai para cerca de 40 mmHg na pessoa não aclimatada, mas para apenas 53 mmHg na aclimatada. A razão da diferença entre esses dois casos é que a ventilação alveolar aumenta muito mais na pessoa aclimatada do que na pessoa não aclimatada. Saturação da Hemoglobina com Oxigênio em Diferentes Altitudes: até a altitude de cerca de 3.048 metros, mesmo quando é respirado ar, a saturação de O2 arterial permanece pelo menos em 90%. Acima de 3.048 metros, a saturação de O2 arterial cai rapidamente conforme mostrado pela curva azul da figura, até ficar ligeiramente abaixo de 70% a 6.096 metros, e muito menos em altitudes ainda mais altas. Quando a pessoa respira O2 puro em vez de ar, a maior parte do espaço nos alvéolos, antes ocupado por nitrogênio, é ocupado por O2. A 9.144 metros, um aviador poderia ter Po2 alveolar tão alta quanto 139 mmHg, em lugar dos 18 mmHg quando respira ar. A saturação permanece acima de 90% até que o aviador ascenda a cerca de 11.887 metros; a seguir, ela cai rápido para aproximadamente 50%, em torno de 14.325 metros. Efeito “teto” quando se respira ar e quando se respira O2 em aeroplano não pressurizado: quando o aviador respira O2 puro, ele pode ascender a altitudes muito mais altas do que alguém respirando ar, por exemplo, a saturação arterial a 14.325 metros, quando se está respirando oxigênio, é cerca de 50% e é equivalente à saturação de O2 arterial a 7.010 metros, quando se está respirando ar. Além disso, como a pessoa não aclimatada geralmente pode permanecer consciente até que a saturação de O2 arterial caia a 50% durante curtos tempos de exposição, o teto – “valor máximo” - para o aviador em aeroplano não pressurizado, quando respira ar, é de cerca de 7.010 metros, e quando respira O2 puro é em torno de 14.325 metros, contanto que o equipamento de fornecimento de O2 opere perfeitamente. Efeitos agudos da Hipóxia: na altitude de cerca de 3.657 metros na pessoa não aclimatada respirando ar os efeitos, são sonolência, lassidão, fadiga mental e muscular, algumas vezes dor de cabeça, ocasionalmente, náuseas e, às vezes, euforia. À medida que vai aumento a altitude, os efeitos vão progredindo para o estágio de abalos musculares ou convulsões, acima de 5.486 metros, e terminam, acima de 7.010 metros, na pessoa não aclimatada, em coma, seguido logo depois pela morte. Um dos efeitos mais importantes da hipoxia é a proficiência mental diminuída, que dificulta o julgamento, a memória e os movimentos motores individualizados. Por exemplo, se aviador não aclimatado permanecer a 4.572 metros durante 1 hora, a proficiência mental, em geral, cai para cerca de 50% do normal, e depois de 18 horas nesse nível, ela cai para aproximadamente 20% do normal. A C L I M A T A Ç Ã O “Costume” as elevadas altitudes. A pessoa que permanecer em altas altitudes durante dias, semanas ou anos ficará cada vez mais aclimatada à baixa Po2, assim, isso causa menos efeitos deletérios ao corpo. Após a aclimatação é possível que a pessoa trabalhe mais intensamente, sem efeitos hipóxicos, ou ascenda a altitudes ainda maiores. Por quais meios ocorre a aclimatação? - Grande aumento da ventilação pulmonar; - Número aumentado de hemácias; - Aumento da capacidade de difusão dos pulmões; - Vascularidade aumentada dos tecidos periféricos; - Capacidade aumentada das células teciduais usarem O2, apesar da baixa Po2. Ventilação pulmonar aumentada: Quando a pessoa é exposta à Po2 baixa, estimula os quimiorreceptores arteriais e isso causa o aumento da ventilação alveolar para cerca de 1,65 X o normal, gerando uma compensação (permite que a pessoa ascenda para altitudes ainda mais elevadas). Caso a pessoa continue nessas altitudes por vários dias, os quimiorreceptores aumentam ainda mais a ventilação alveolar até 5 vezes o normal. O aumento imediato da ventilação pulmonar com a subida para altas altitudes expele grandes quantidades de CO2, reduzindo a Pco2 e aumentando o pH dos líquidos corporais - inibem o centro respiratório do tronco cerebral e desse modo se opõem ao efeito da baixa Po2 de estimular os quimiorreceptores arteriais periféricos presentes nos corpos carotídeos e aórticos. Contudo, durante os 2 a 5 dias subsequentes essa inibição desaparece gradualmente, permitindo que o centro respiratório responda, com força completa ao estímulo dos quimiorreceptores pela hipóxia e a ventilação alveolar aumente para cerca de 5 vezes o normal. Admite-se que a causa dessa inibição, que desaparece gradativamente, seja em grande parte a redução da concentração de íon bicarbonato no líquido cefalorraquidiano, bem como nos tecidos cerebrais. Essa redução, por sua vez, diminui o pH nos líquidos que circundam os neurônios quimiossensíveis do centro respiratório, aumentando, assim, a atividade estimuladora respiratória do centro. O mecanismo importante para a diminuição gradual da concentração de bicarbonato é a compensação pelos rins da alcalose respiratória. Os rins respondem à Pco2 elevada, reduzindo a secreção de íon hidrogênio e aumentando a excreção de bicarbonato. Essa compensação metabólica da alcalose respiratória reduz, gradualmente, a concentração de bicarbonato e do pH plasmático e líquido cefalorraquidiano em direção aos valoresnormais e remove parte do efeito inibitório, sobre a respiração, da baixa concentração de íon hidrogênio. Assim, os centros respiratórios respondem muito mais ao estímulo dos quimiorreceptores periféricos causado pela hipoxia depois que os rins compensam a alcalose. Aumento do número de hemácias: A hipoxia é o principal estímulo para causar aumento da produção de hemácias. Quando a pessoa permanece exposta a pouco O2 durante semanas seguidas, o hematócrito se eleva lentamente do valor normal de 40 a 45 para média de cerca de 60, com aumento médio da concentração de hemoglobina do sangue total do normal de 15 g/dL para cerca de 20 g/dL. Além disso, o volume sanguíneo também aumenta muitas vezes, por 20% a 30%, e esse aumento, multiplicado pela concentração aumentada de hemoglobina sanguínea, produz aumento da hemoglobina corporal total por 50% ou mais. Capacidade de difusão pulmonar aumentada: A capacidade de difusão normal do O2, através da membrana pulmonar, é cerca de 21 mL/mmHg, e essa capacidade de difusão pode elevar por até o triplo, durante o exercício. Aumento semelhante da capacidade de difusão ocorre nas altas altitudes. Parte dessa elevação resulta do volume sanguíneo capilar pulmonar aumentado, o que expande os capilares e aumenta a área de superfície através da qual o O2 pode se difundir para o sangue. Outra parte resulta do aumento do volume de ar pulmonar, que expande ainda mais a área de superfície da interface alveolocapilar e a parte final resulta do aumento da pressão arterial pulmonar, o que força o sangue para o maior número de capilares alveolares do que normalmente — em especial nas partes superiores dos pulmões, que são pouco perfundidas nas condições usuais. Alterações no sistema circulatório periférico: O débito cardíaco frequentemente aumenta em até 30% logo após a pessoa ascender para altas altitudes, mas a seguir, diminui de volta ao normal ao longo de período de semanas à medida que o hematócrito sanguíneo aumenta, de modo que a quantidade de O2 transportada para os tecidos periféricos permanece aproximadamente normal. Além disso, ocorre o aumento do número de capilares circulatórios sistêmicos nos tecidos não pulmonares, o que é chamado capilaridade tecidual aumentada (ou angiogênese). Nos tecidos ativos, expostos a hipóxia crônica, o aumento da capilaridade é especialmente acentuado. Por exemplo, a densidade capilar, no músculo ventricular direito eleva acentuadamente em virtude dos efeitos combinados da hipoxia e da excessiva carga de trabalho sobre o ventrículo direito, causada pela hipertensão pulmonar nas altas altitudes. Aclimatação celular: Presume-se que as células teciduais de seres humanos aclimatados às altas altitudes, sejam mais eficientes no uso de O2 do que a das pessoas a nível do mar, visto que em animais nativos de altitudes de 3.962 metros a 5.181 metros, as mitocôndrias, nas células, e os sistemas enzimáticos oxidativos celulares são ligeiramente mais abundantes do que em habitantes de regiões ao nível do mar. Os nativos de elevadas altitudes, são superiores até aos mais bens aclimatados, em todos os aspectos da aclimatação, naturais de baixas altitudes, mesmo que estes últimos também possam ter vivido em altas altitudes durante 10 anos ou mais. A aclimatação dos nativos começa na infância. O tamanho do tórax, em especial, é muito aumentado, enquanto o tamanho do corpo é menor, dando alta proporção de capacidade ventilatória à massa corporal. Os corações dos nativos, que desde o nascimento bombeiam quantidades extras de débito cardíaco, são consideravelmente maiores que o dos naturais de baixas altitudes. A distribuição de O2 pelo sangue aos tecidos também é muito facilitada nesses nativos. As curvas de dissociação do O2-hemoglobina nos nativos que vivem a nível do mar e suas contrapartes que habitam a 4.572 metros. Observe que a Po2 do oxigênio arterial nos nativos de altas altitudes é de apenas 40 mmHg, mas, em virtude da maior quantidade de hemoglobina, a quantidade de O2 no seu sangue arterial é maior que a no sangue dos nativos em altitudes mais baixas. Observe também que a Po2 venosa nos nativos das altas altitudes é apenas 15 mmHg menor que a Po2 venosa dos habitantes de baixas altitudes, apesar da Po2 arterial muito baixa, indicando que o transporte de O2 para os tecidos é extraordinariamente eficiente nos nativos das altas altitudes, naturalmente aclimatados. Além da depressão mental causada pela hipoxia, a capacidade de trabalho de todos os músculos (não apenas os músculos esqueléticos, mas também os cardíacos) está bastante diminuída no estado de hipoxia. Em geral, a capacidade de trabalho é reduzida na proporção direta à diminuição da intensidade máxima de captação de O2 que o corpo é capaz de realizar. Assim, as pessoas naturalmente aclimatadas são capazes de realizar um trabalho diário, mesmo nas altas altitudes, quase igual ao de um habitante de baixas altitudes ao nível do mar; os habitantes de baixas altitudes bem aclimatadas quase nunca são capazes de alcançar este resultado. Em virtude das alterações rápidas da velocidade e da direção do movimento, em aeroplanos ou naves espaciais, diversos tipos de forças de aceleração afetam o corpo durante o voo. No começo do voo, ocorre aceleração linear simples; ao término do voo, desaceleração; e a cada vez que o veículo faz uma curva, aceleração centrífuga. Força de aceleração centrífuga: Quando o aeroplano faz uma curva, a força de aceleração centrífuga é determinada pela seguinte relação: 𝑓 = 𝑚𝑣2 𝑟 , na qual f é a força aceleradora centrífuga, m é a massa do objeto, v é a velocidade de viagem e r é o raio de curvatura da curva. Por essa fórmula, é óbvio que à medida que a velocidade aumenta a força de aceleração centrífuga aumenta na proporção do quadrado da velocidade. Também é óbvio que a força de aceleração é diretamente proporcional à intensidade da curva (quanto menor o raio, mais intensa a curvatura). Medida da força de aceleração – “G”: Quando o aviador está simplesmente sentado no seu assento, a força com a qual ele está fazendo pressão contra o assento resulta da tração da gravidade e é igual ao seu peso. A intensidade dessa força é dita +1 G porque é igual à tração da gravidade. Se a força com que ele pressiona contra o assento ficar cinco vezes o seu peso normal durante a recuperação de um mergulho, a força que atua sobre o assento é dita +5 G. Se o aeroplano fizer loop externo, de modo que a pessoa seja mantida presa pelo seu cinto de segurança, G negativa é aplicada ao seu corpo; se a força com a qual ela é retida pelo seu cinto for igual ao peso do seu corpo, a força negativa é −1 G. Efeitos da força de aceleração centrífuga sobre o corpo — (G positiva): - Sistema circulatório: efeito mais importante, visto que o sangue é móvel e pode ser deslocado pelas forças centrífugas. Quando o aviador é submetido a G positiva, o sangue é centrifugado em direção à parte mais inferior do corpo. Além disso, à medida que a pressão nos vasos da parte inferior do corpo aumenta, esses vasos se dilatam passivamente, de modo que parte importante do sangue, da região superior do corpo, é deslocada para os vasos inferiores. Outro ponto, é que o coração só consegue bombear sangue se retornar a ele, ou seja, quanto maior a quantidade de sangue “acumulada” nos membros inferiores, menor será o débito cardíaco. Esse gráfico mostra as alterações nas pressões sistólica (curva superior) e diastólica (curva inferior), quando a pessoa é submetida a aceleração de +3,3G. A recuperação da curva que ocorre em alguns segundos, é causada principalmente pela ativação dos barorreceptores. Aceleração maior que 4 a 6 G causa “escurecimento”da visão, em alguns segundos, e inconsciência logo depois. Se esse grande grau de aceleração continuar, a pessoa morrerá. - Vértebras: Forças de aceleração extremamente altas durante apenas fração de segundo podem fraturar as vértebras. O grau de aceleração positiva que a pessoa média é capaz de suportar na posição sentada, antes que ocorra fratura vertebral, é de cerca de 20 G. Os efeitos da G negativa sobre o corpo são em condições agudas, menos drásticos, porém com possibilidade de serem permanentemente mais lesivos do que os efeitos da G positiva. O aviador é capaz, geralmente, de passar por loops externos até forças de aceleração negativa de −4 a −5 G sem causar dano permanente, embora cause intensa hiperemia (acúmulo de sangue) momentânea da cabeça. Ocasionalmente, perturbações psicóticas durando de 15 a 20 minutos, ocorrem como resultado de edema cerebral. Às vezes, forças G negativas podem ser tão grandes (p. ex., −20 G,) e a centrifugação do sangue para a cabeça é tão grande que a pressão arterial cerebral alcança 300 a 400 mmHg, algumas vezes fazendo com que se rompam pequenos vasos na superfície da cabeça e no cérebro. Entretanto, os vasos no interior do crânio mostram menos tendência a se romper do que seria esperado, pela seguinte razão: o líquido cefalorraquidiano é centrifugado em direção à cabeça, ao mesmo tempo em que o sangue é centrifugado em direção aos vasos cranianos, e a pressão bastante aumentada do líquido cefalorraquidiano atua como acolchoamento amortecedor no lado de fora do cérebro, para prevenir ruptura vascular intracerebral. Uma vez que os olhos não são protegidos pelo crânio, intensa hiperemia ocorre durante forte G negativa. Como resultado, os olhos muitas vezes ficam cegos temporariamente, pelo “avermelhamento” dos campos visuais. Procedimentos e aparelhos específicos foram desenvolvidos para proteger os aviadores contra o colapso circulatório que poderia ocorrer durante a G positiva, como: - Contração dos músculos abdominais e inclinação para frente (evita parte do acúmulo de sangue nos vasos do abdome) - Vestes especiais “anti-G” (para impedir o acúmulo de sangue no abdome inferior e nas pernas. A mais simples delas aplica pressão positiva nas pernas e no abdome, inflando bolsas compressivas à medida que a G aumenta). Quando a pessoa não é puxada para o fundo, lados ou topo da espaçonave, mas simplesmente flutua dentro das suas câmaras, isso é chamado de Imponderabilidade ou Microgravidade (a força da gravidade atua simultaneamente sobre a pessoa e a espaçonave). Os efeitos causados no corpo por essa microgravidade não são tantos (quando expostos a curtos períodos), mas podem variar entre, tonturas e ânsia de vômito, durante os primeiros dias de viagem, translocação de líquidos dentro do corpo, em virtude da falta de gravidade, que causa pressões hidrostáticas normais e atividade física diminuída, porque nenhuma força de contração muscular é requerida para contrabalançar a força de gravidade. Os efeitos observados da permanência prolongada no espaço são os seguintes: diminuição do volume sanguíneo; redução da massa de hemácias; queda da força e da capacidade de trabalho muscular; diminuição do débito cardíaco máximo; e perda de cálcio e fosfato dos ossos, bem como perda de massa óssea – situações parecidas de quando a pessoa fica acamada por muito tempo. O “descondicionamento” cardiovascular é uma alteração muito perigosa, visto que ficam prejudicados, a capacidade de trabalho, volume sanguíneo, débito cardíaco, além de prejudicar os barorreceptores. M E R G U L H O Quando mais profunda a distância, maior a pressão existente naquele local, por esse motivo para impedir que os pulmões se colapsem, o ar tem que ser fornecido em pressão muito alta para mantê-los inflados. Quando uma pessoa se encontra a 33 pés (10metros) abaixo da superfície do oceano, ela está sendo submetida a 2 atmosferas de pressão (1 causada pelo peso do ar acima da água e a 2 pelo peso da própria água). A 66 pés (20 metros), a pressão é de 3 atmosferas, e assim por diante. Princípio da Lei de Boley: a pressão exercida pelos gases em um recipiente, é inversamente proporcional ao volume desse recipiente. É extremamente importante na fisiologia do mergulho, porque a pressão aumentada pode colapsar as câmaras de ar do corpo do mergulhador, em especial os pulmões, podendo causar séria lesão. Os gases individuais aos quais o mergulhador é exposto quando está respirando ar são nitrogênio, O2 e CO2, sendo que cada um deles pode causar importantes efeitos fisiológicos sob altas pressões (baixas altitudes). - Nitrogênio: sob altas pressões, ele pode ocasionar graus variados de narcose (estado de ‘inconsciência”) que aumenta os sintomas à medida que a pressão aumenta. A narcose por nitrogênio tem características semelhantes às da intoxicação alcoólica e, por essa razão, frequentemente foi chamada “êxtase das profundidades”. Admite-se que o mecanismo do efeito narcótico seja o mesmo que o da maioria dos outros gases anestésicos, isto é, ele se dissolve nas substâncias gordurosas das membranas neuronais e, em virtude do seu efeito físico de alterar a condutância iônica através das membranas, reduz a excitabilidade neuronal. - Oxigênio: quando a pressão de O2 se eleva muito, a quantidade de O2 dissolvido na água do sangue aumenta. Além do efeito da alta Po2 alveolar sobre a Po2 tecidual, que quando a Po2 alveolar se eleve acima do nível crítico, o mecanismo tampão da hemoglobina-O2 não é mais capaz de manter a Po2 na faixa segura normal, entre 20 e 60 mmHg. A Po2 tecidual extremamente alta que ocorre quando o O2 é respirado sob pressão de O2 alveolar muito alta pode ser deletéria para muitos tecidos do organismo e uns sintomas encontrados no envenenamento agudo pelo O2, incluem náuseas, abalos musculares, tontura, distúrbios da visão, irritabilidade e desorientação. Como o O2 molecular tem pouca capacidade de oxidar, ele precisa ser “convertido” em uma forma ativa – conhecida como radicais livres – que em condições normais de pressão são eliminados pelas enzimas específicas. Acima da Po2 alveolar crítica (isto é, acima de cerca de 2 atmosferas de Po2), o mecanismo tampão da hemoglobina-O2 falha, e a Po2 tecidual pode, então, subir para centenas ou milhares de milímetros de mercúrio. Nesses níveis altos, as quantidades de radicais livres oxidantes literalmente inundam os sistemas enzimáticos destinados a removê-los e agora podem exercer efeitos destrutivos sérios e mesmo letais sobre as células. Um dos principais efeitos é oxidar os ácidos graxos poli-insaturados, que são componentes essenciais de muitas das membranas celulares. Os tecidos nervosos são especialmente suscetíveis, por causa do seu alto conteúdo lipídico. Por essas razões, a maioria dos efeitos letais agudos da toxicidade aguda pelo O2 é causada por disfunção encefálica. O envenenamento crônico pelo O2 pode causar incapacidade pulmonar, devido principalmente a exposição as altas pressões que causam lesão dos revestimentos dos brônquios e alvéolos. - Dióxido de carbono: Se a aparelhagem de mergulho for adequadamente projetada e funcionar corretamente, o mergulhador não terá problemas devido à toxicidade porque a profundidade, por si só, não aumenta a pressão parcial de CO2 nos alvéolos. Em certos tipos de aparelhagem de mergulho, no entanto, como o escafandro e alguns tipos de aparelhos com reinalação, o CO2 pode acumular-se no ar do espaço morto do aparelho e ser novamente respirado pelo mergulhador. Até uma pressão alveolar de CO2 (Pco2) de cerca de 80 mmHg, o dobro dá nos alvéolos normais, o mergulhador geralmente tolera esse acúmulo aumentando o volume respiratório por minuto atéo máximo de 8 a 11 vezes, para compensar o CO2 aumentado. Além de 80 mmHg de Pco2 alveolar, a situação passa a ser intolerável e por fim o centro respiratório começa a ser deprimido, em vez de excitado, por causa dos efeitos metabólicos teciduais negativos da alta Pco2. A respiração do mergulhador então começa a ser insuficiente, em vez de compensar. Além disso, o mergulhador desenvolve acidose respiratória grave. Quando a pessoa respira ar sob alta pressão durante longo tempo, a quantidade de nitrogênio dissolvida nos líquidos do corpo aumenta. A razão para isso é que o sangue, que flui pelos capilares pulmonares, fica saturado com nitrogênio, sob a mesma alta pressão que na mistura da respiração alveolar. E, ao longo de várias horas, nitrogênio suficiente é transportado para todos os tecidos do corpo, para elevar a pressão parcial de nitrogênio tecidual até um nível igual à pressão de nitrogênio no ar respirado. Uma vez que o nitrogênio não é metabolizado pelo corpo, ele permanece dissolvido em todos os tecidos corporais até que a pressão do nitrogênio nos pulmões seja diminuída de volta para algum nível mais baixo, momento no qual o nitrogênio pode ser removido pelo processo respiratório inverso. A remoção, às vezes, leva horas para ocorrer e constitui a origem de múltiplos problemas chamados, coletivamente doença da descompressão. Se o mergulhador for trazido à superfície lentamente, parte suficiente do nitrogênio dissolvido pode, em geral, ser eliminada pela expiração dos pulmões, para evitar a doença da descompressão. Cerca de dois terços do nitrogênio total são liberados em 1 hora e em torno de 90% em 6 horas. Em mergulhos profundos, é substituído N2 por Hélio, visto que ele apresenta apenas cerca de um quinto do efeito narcótico do nitrogênio; apenas cerca da metade do volume de hélio se dissolve nos tecidos do corpo, em comparação com o nitrogênio, reduzindo, assim, o problema de doença da descompressão; e a baixa densidade do hélio (um sétimo da densidade do nitrogênio) mantém mínima a resistência das vias aéreas para respirar, o que é muito importante, porque o nitrogênio muito comprimido é tão denso que a resistência das vias aéreas fica extrema, às vezes colocando o trabalho de respirar além do suportável. Oxigenoterapia hiperbárica: As intensas propriedades oxidantes do O2 em alta pressão (oxigênio hiperbárico) pode ter valiosos efeitos terapêuticos em diversas condições clínicas importantes. Por essa razão, grandes tanques de pressão estão agora disponíveis em muitos centros médicos, dentro dos quais os pacientes podem ser postos e tratados com O2 hiperbárico. O O2 é geralmente administrado a valores de Po2 de 2 a 3 atmosferas de pressão por máscara ou tubo endotraqueal, enquanto o gás em torno do corpo é ar normal comprimido ao mesmo nível de alta pressão. Acredita-se que os mesmos radicais livres oxidantes responsáveis pela toxicidade do O2 também sejam responsáveis por pelo menos alguns dos benefícios terapêuticos. Seguem-se algumas das condições nas quais a oxigenoterapia hiperbárica foi especialmente benéfica. Um uso bem-sucedido do oxigênio hiperbárico foi para tratamento da gangrena gasosa. As bactérias que causam essa condição, os clostrídios, crescem melhor sob condições anaeróbicas e param de crescer sob pressões de O2 acima de cerca de 70 mmHg. Portanto, a oxigenação hiperbárica dos tecidos pode com frequência deter inteiramente o processo infeccioso e assim converter a condição, que antigamente era quase 100% fatal, em uma que é curada na maioria dos casos pelo tratamento precoce com terapia hiperbárica. O mergulho livre, também chamado erroneamente “em apneia” (pausa respiratória ao final de expiração, quando, na realidade, a parada respiratória se dá ao término de uma inspiração, ou seja, apneuse), pode resultar em aumento da pressão capilar transpulmonar, gerando edema não cardiogênico e/ou hemorragia alveolar. Além disso, durante o mergulho os pulmões e parede torácica são comprimidos pela crescente pressão da água, deslocando progressivamente mais gás dos alvéolos para o sangue. Já no retorno à superfície, ocorre o inverso, com consequente deslocamento de gases do sangue para os alvéolos. Na fase de descida, os mergulhadores são expostos à hipercapnia hiperóxia progressiva. A hipercapnia hipóxica ocorre apenas ao final do mergulho, justo abaixo da superfície (resultante da passagem de gás carbônico e oxigênio do sangue para os pulmões, em fase de expansão pela rápida queda da pressão circundante). O “apagamento”, descrito durante o mergulho livre, consiste na perda da consciência do indivíduo debaixo d’água. Antes do mergulho, a pessoa hiperventila voluntariamente, o que acarreta redução da PaCO2, principal fator estimulante da respiração. Isso permite ao mergulhador permanecer mais tempo submerso, até que a PaCO2 se eleve e haja estímulo para respiração, ou que a PaO2 se torne tão baixa que estimule a respiração. Ao iniciar a subida, o indivíduo estará exposto a uma pressão atmosférica progressivamente menor, fazendo com que a PaO2 se torne ainda mais baixa, o que acarreta perda da consciência e, consequentemente, morte, se não for resgatado a tempo por outro mergulhador. As alterações rápidas no volume pulmonar podem resultar em lesão pulmonar conhecida como barotrauma. Durante a descida pode ocorrer barotrauma compressivo, no qual a elevação da pressão externa supera 13 atm (profundidade aproximada de 125 m) e o volume de ar contido nos pulmões torna-se 1/13 do volume inspirado, provocando atelectasias alveolares. Ao longo do retorno à superfície, pode haver risco de barotrauma descompressivo pela expansão veloz dos espaços aéreos. Em outra modalidade de mergulho, o indivíduo utiliza o equipamento SCUBA (self-contained underwater breathing apparatus). Existem duas formas de lesão nas queimaduras por frio ou frostbite: a destruição tecidual por ação direta do frio e o desenvolvimento de lesão de reperfusão com o reaquecimento do paciente. Após a exposição a temperaturas abaixo de zero, são formados cristais de gelo no meio extracelular e, se o congelamento é rápido, isso pode ocorrer mesmo no meio intracelular. Os fluxos de íons como sódio e potássio causam lesões de membranas celulares e, posteriormente, apoptose. Pode ocorrer um processo inflamatório endotelial mediado pela cascata do ácido aracdônico com liberação de tromboxane A2, prostaglandinas, bradicinas e histamina vasoconstrição, agregação plaquetária, adesão leucocitária e eritrocitose, que resulta em trombose venosa e arterial e subsequente isquemia tecidual, necrose e gangrena seca. As áreas mais comumente afetadas por congelamento são a cabeça (31 a 39% dos casos), as mãos (20 a 28%) e os pés (15 a 25%). Os tecidos menos sensíveis à maioria são, por ordem, cartilagem, ligamento, vaso sanguíneo, cútis, epiderme, osso, músculo, nervo e medula óssea. A lesão por congelamento pode ser dividida em três zonas. A zona de coagulação é a mais severa e, geralmente, é distal, e o dano é irreversível. A zona de hiperemia é a mais superficial; é tipicamente proximal; tem o menor dano celular e, em geral, se recupera sem tratamento em <10 dias. A zona de estase é o meio termo, sendo caracterizada por danos celulares graves, mas possivelmente reversíveis. É essa zona intermediária na qual o tratamento adequado pode levar a um benefício se a circulação na área congelada puder ser restaurada. Grau 4: Ocorre cianose em ossos do carpo ou tarso. As lesões se estendem para os tecidos subcutâneos, o músculo, o osso e o tendão. Há pouco edema. A pele é mosqueada, com cianose e, eventualmente, forma uma cicatriz mumificada profunda, seca e negra. As vesículas frequentemente se apresentam de forma tardia, se aparecerem,com bolhas pequenas e sanguinolentas que não se estendem até as pontas dos dedos. O paciente pode se queixar de dor articular. As lesões são preditoras da necessidade de amputação do membro e sequelas funcionais. As áreas afetadas envolvem orelhas, nariz, bochechas, queixo, dedos e membros.
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