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EBOOK PACOTE ANTI CRIME - AS DEFENSORAS

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Prévia do material em texto

PACOTE
ANTICRIME
DAS DEFENSORAS
PACOTE
ANTICRIME" "
 
 
 
OBRA
 
PACOTE "ANTICRIME" DAS DEFENSORAS
 
 
 
AUTORAS
 
KEITY SATIKO
LÍDIA MARANGON
MAYARA TACHY
KAROLINE LEAL
 
PRODUÇÃO
 
SHINAYDA CABRAL
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de
19/12/1998. Proibido o compartilhamento, a reprodução, total ou parcialmente,
sem autorização prévia expressa por escrito das autoras. Se você conhece
algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo 
 asdefensoras.df@gmail.com.
SUMÁRIO
DIREITO PENAL 
                       
1. LEGÍTIMA DEFESA 
2. DAS PENAS 
2.1. DA PENA DE MULTA
2.2 TEMPO MÁXIMO DA PENA 
PRIVATIVA DE LIBERDADE NO CP 
3. LIVRAMENTO CONDICIONAL 
4. EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
5. PRESCRIÇÃO 
6. PARTE ESPECIAL 
6.1 HOMICÍDIO 
6.2 CRIMES CONTRA A HONRA 
6.3 ROUBO 
6.4 ESTELIONATO
6.5 CONCUSSÃO 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
                        
1. JUIZ DE GARANTIAS 
2.DIREITO DE DEFESA DE AGENTES
POLICIAIS 
3.ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO
POLICIAL 
4. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
5.RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS 
6. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS 
7. DAS PROVAS 
8.DA PRISÃO E DAS MEDIDAS
CAUTELARES
9. DA SENTENÇA 
10. DAS NULIDADES 
11.RECURSO EXTRAORDINÁRIO E
RECURSO ESPECIAL 
 
 
PACOTE ANTICRIME
02
@ASDEFENSORAS
4
6
6
8
 
9
10
13
15
15
15
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46
57
71
74
75
SUMÁRIO
ALTERAÇÕES NA LEI DE CRIMES HEDIONDOS 
ALTERAÇÕES NA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
ALTERAÇÕES NA LEI DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS 
ALTERAÇÕES NA LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS
ALTERAÇÕES NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO
ALTERAÇÕES NA LEI DE DROGAS 
ALTERAÇÕES NA LEI DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL 
ALTERAÇÕES NA  LEI DE COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO COLEGIADO EM PRIMEIRO
GRAU DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 
ALTERAÇÕES NA LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
ALTERAÇÕES NA LEI DO DISQUE DENÚNCIA
ALTERAÇÕES NA LEI DO RITO DE PROCESSOS NOS TRIBUNAIS
ALTERAÇÕES NA LEI DO FUNDO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA
ALTERAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR
ALTERAÇÕES NA LEI DE EXECUÇÃO PENAL 
ALTERAÇÕES NA LEI DE ESTABELECIMENTOS PENAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA
VETOS AO PROJETO DE LEI N. 13.964/19
QUADRO COMPARATIVO
PACOTE ANTICRIME
75
78
80
84
85
89
90
95
 
97
117
120
121
122
140
140
145
153
 
@ASDEFENSORAS - 03
 A Lei nº 13.964/19[1], denominada pela
imprensa como “Pacote Anticrime”, foi um
projeto de iniciativa do Ministro Sérgio
Moro, que buscou aumentar a repressão da
prática de crimes, em especial aqueles
chamados de “colarinho branco”.
 É considerada uma minirreforma do
sistema processual penal, na medida em que
alterou diversos diplomas, além do Código
Penal e do Código de Processo Penal, de
forma a harmonizar suas previsões.
 O projeto passou por inúmeras alterações
no Congresso Nacional, porém, foi aprovado
em tempo recorde. A quantidade de
modificações, entretanto, não permitiu que o
projeto possuísse uma identidade, ora se
mostrando mais garantista, ora endurecendo
o sistema vigente.
 Seus efeitos práticos e seus impactos
concretos serão dimensionados com o
tempo, com a análise jurisprudencial do
alcance e extensão de seus dispositivos, de
forma que qualquer análise atual será
preliminar e pode ser prematura.
 Antes mesmo de sua vigência, parcela
relevante das alterações inseridas no texto do
Código de Processo Penal foi alvo de Ações
Diretas de Inconstitucionalidade por
entidades representantes da magistratura e
de membros do Ministério Público.
 Em razão da curta vacatio legis, de apenas
30 (trinta) dias, o Supremo Tribunal Federal
foi instado a se manifestar cautelarmente,
oportunidade em que o Ministro Luiz Fux,
relator das ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305,
suspendeu com prazo indeterminado, até
ulterior decisão do Plenário, os seguintes
dispositivos:
•      Arts. 3º-A a 3º-F do Código de Processo
Penal, relacionados ao juiz de garantias;
•   Artigo 157, § 5º, CPP, que dispunha sobre o
impedimento do juiz decorrente da
contaminação pela prova ilícita;
•      Artigo 28, caput, Código de Processo
Penal, que alterava o procedimento de
arquivamento de inquérito, para retirar a
necessidade de homologação pelo juiz;
 
 
 
 Artigo 310, § 4°, Código de Processo
Penal, que declarava a ilegalidade da prisão
pela não realização da audiência de
custódia no prazo de 24 horas, com o seu
imediato relaxamento.
 Assim, ressalvados os dispositivos acima,
as demais alterações já estão em plena
vigência no nosso ordenamento jurídico.
Aguardemos, pois, a manifestação da nossa
Corte Constitucional nas ADIs em
tramitação.
 Feitas essas considerações iniciais,
gostaríamos de desejar que a leitura seja
produtiva. Construímos algumas ferramentas
para tentar facilitar a compreensão e a
memorização. Tentamos também antecipar
aquilo que pode ser objeto de prova para que
você já saia na frente! Iniciamos pelas
alterações no Código Penal, posteriormente
passamos às mudanças no Código de
Processo Penal e legislação penal esparsa. 
 
 
Forte abraço,
As Defensoras
Issue 27 | 234
INTRODUÇÃO
[1] A referida lei foi publicada dia 24/12/2019, com vacatio egis de 30 dias, tendo entrado em vigência em 23/1/2020.
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Art. 25 - Entende-se em legítima
defesa quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito
seu ou de outrem.
Art. 25 - Entende-se em legítima
defesa quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito
seu ou de outrem.
 
Parágrafo único. Observados os
requisitos previstos no caput deste
artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança
pública que repele agressão ou risco
de agressão a vítima mantida refém
durante a prática de crimes.” (NR)
DIREITO PENAL
1. LEGÍTIMA DEFESA
@ASDEFENSORAS - 04
CÓDIGO PENAL
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
de outrem.
Art. 144 - A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
 O texto original do art. 25 do Código Penal trata da hipótese de excludente
de ilicitude nominada legítima defesa, apresentando a seguinte redação:
 
 A alteração decorrente do pacote anticrime tem como objetivo proteger
determinados indivíduos enquadrados na categoria agente de segurança
pública, quando agem para evitar agressão a refém durante a prática de crimes. 
 A previsão não inova no ordenamento jurídico, tratando-se de hipótese
clássica de legítima defesa de terceiros, a qual já estaria protegida pelo caput
do artigo 25 em sua redação original.
 
 A Constituição Federal elenca os órgãos estatais responsáveis pela segurança
pública:
 
 
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
 
 Assim, nesse contexto, quando se tratar de algum dos integrantes
desses órgãos, na repressão de risco de agressão a vítima refém durante a
prática de crimes, aplica-se a excludente de ilicitude específica trazida pela
nova lei. 
 Cumpre reforçar que a disposição literal do parágrafo único não exigiria
que a agressão fosse injusta, segundo parcela doutrinária. Essa omissão, seria,
para tal corrente, um silêncio eloquente do legislador, admitindo que o agente
de segurança pública agisse quando a agressão daquele que mantém a vítima
refém fosse justa. 
            Como a questão não chegou aos tribunais, ainda há intensa controvérsia
doutrinária acerca desse tema, pois a despeitodo parágrafo único do art. 25 não
mencionar o adjetivo “injusta”, o referido parágrafo inicia sua redação fazendo
menção aos requisitos do caput do artigo, é dizer: invocando os requisitos da
legítima defesa (uso de meios moderados para repelir injusta agressão atual ou
iminente). 
        Para além da discussão indicada, tratando-se ou não de agentes de
segurança pública permanece admissível a legítima defesa de terceiro, com
base no caput do art. 25.
COMENTÁRIOS:
@ASDEFENSORAS - 05
CÓDIGO PENAL
 Durante a tramitação do chamado Pacote “Anticrime” foi intensa
a discussão acerca de propostas que objetivavam ampliar as hipóteses de
legítima defesa, de modo a contemplar as situações de excesso cometidas
por policiais no exercício da função. 
                Consoante proposta, que restou rejeitada, o juiz poderia reduzir a
pena de 1/3 até a metade ou deixar de aplicá-la, se verificar que a agressão
resultou de escusável medo, surpresa, susto ou perturbação de ânimo do
agente. 
                Você se lembra dessa importante discussão? Veja um breve vídeo
que explica a controvérsia: https://www.youtube.com/watch?
v=AIt4iliC2fY&feature=youtu.be
2. DAS PENAS
 
2.1 PENA DE MULTA
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Art. 51 - Transitada em julgado a
sentença condenatória, a multa será
considerada dívida de valor, aplicando-
se-lhes as normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda
Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da
prescrição.
Art. 51. Transitada em julgado a
sentença condenatória, a multa será
executada perante o juiz da execução
penal e será considerada dívida de
valor, aplicáveis as normas relativas à
dívida ativa da Fazenda Pública,
inclusive no que concerne às causas
interruptivas e suspensivas da
prescrição.
@ASDEFENSORAS - 06
CÓDIGO PENAL
COMENTÁRIOS:
 O texto anterior do Código decorria de alteração promovida pela Lei nº
9.268, de 1º.4.1996, a qual havia modificado o regime de cobrança das penas de
multa, passando a considerá-las dívida de valor, impedindo a sua regressão para
pena privativa de liberdade. Assim, não paga a pena de multa, ao Estado era
dada a sua cobrança por meio da dívida ativa, passando a ser regida pelas
normas referentes à Fazenda Pública. 
          O novo texto surgiu para esclarecer uma celeuma jurídica acerca da forma
de cobrança dos valores, tendo em vista a alteração da natureza da dívida.
Inicialmente, considerou-se atribuição do ente federativo realizar a cobrança
nas Varas de Fazenda Pública federal ou estadual, a depender da competência
do crime.
         O Supremo Tribunal Federal, na ADI 3150 proposta pela Procuradoria-Geral
da República, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ação
direta para, conferindo interpretação conforme a Constituição ao art. 51 do
Código Penal, explicitar que a expressão "aplicando-se-lhes as normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne
às causas interruptivas e suspensivas da prescrição" não exclui a legitimação
prioritária do Ministério Público para a cobrança da multa na Vara de Execução
Penal.
 Para o STF, portanto, a legitimidade inicial para a cobrança era do próprio
Ministério Público, titular da ação penal, o qual deveria realizar a cobrança na
Vara de Execução Penal, porém, utilizando-se das normas fazendárias. Segundo
a Corte, a multa não perde o caráter de sanção penal, decorrente do art. 5º,
XLVI, da CF/88. Estabeleceu, no entanto, prazo razoável para a atuação do
Parquet, que deve executar a dívida em até 90 dias, sob pena de inauguração
da competência subsidiária da Fazenda Pública, na Vara de Execução Fiscal,
diante do seu interesse evidente na cobrança do débito.
          Na ocasião, foram fixadas as seguintes teses:
“(i) O Ministério Público é o órgão legitimado para promover a execução da
pena de multa, perante a Vara de Execução Criminal, observado o
procedimento descrito pelos artigos 164 e seguintes da Lei de Execução
Penal; (ii) Caso o titular da ação penal, devidamente intimado, não
proponha a execução da multa no prazo de 90 (noventa) dias, o Juiz da
execução criminal dará ciência do feito ao órgão competente da Fazenda
Pública (Federal ou Estadual, conforme o caso) para a respectiva cobrança
na própria Vara de Execução Fiscal, com a observância do rito da Lei
6.830/1980.”
@ASDEFENSORAS - 07
CÓDIGO PENAL
 O texto do artigo 75 foi alterado para ampliar o tempo máximo de
cumprimento de penas de 30 (trinta) anos para 40 (quarenta) anos. A existência
de um limite máximo para o cumprimento das penas decorre da vedação às
penas de caráter perpétuo, constante do art. 5º, XLVII, b, da Constituição
Federal de 1988.
      CONSIDERANDO O PRINCÍPIO  DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO EM
DIREITOS HUMANOS E A INTANGIBILIDADE DOS DIREITOS ASSEGURADOS
NO ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, QUE PREVÊ DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS COMO CLÁUSULA PÉTREA, NOS TERMOS DO ART. 60, §4º, IV,
DA CF/88, A ALTERAÇÃO DO LIMITE MÁXIMO DE CUMPRIMENTO DAS PENAS É
DE QUESTIONÁVEL CONSTITUCIONALIDADE E PODE SER LEVANTADO PELO
ALUNO EM PROVAS SUBJETIVAS E ORAIS DE CONCURSOS PARA DEFENSORIA
PÚBLICA. ASSIM, HAVENDO VEDAÇÃO EXPRESSA NA CONSTITUIÇÃO À
ABOLIÇÃO DE DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS, LEI
INFRACONSTITUCIONAL COM ESSE OBJETO INCORRERIA EM VIOLAÇÃO
DIRETA AO DISPOSITIVO SUPRACITADO.
 
 
 Com a nova redação, fica esclarecido o foro de cobrança da pena de multa,
que será o juízo da Execução Penal respectivo.
 
2.2 TEMPO MÁXIMO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE CÓDIGO
PENAL
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Art. 75 - O tempo de cumprimento das
penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 30 (trinta) anos.
§ 1º - Quando o agente for condenado
a penas privativas de liberdade cuja
soma seja superior a 30 (trinta) anos,
devem elas ser unificadas para atender
ao limite máximo deste artigo.
Art. 75. O tempo de cumprimento das
penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 40 (quarenta) anos.
§1º Quando o agente for condenado a
penas privativas de liberdade cuja
soma seja superior a 40 (quarenta)
anos, devem elas ser unificadas para
atender ao limite máximo deste artigo.
COMENTÁRIOS:
ATENÇÃO: É possível que sejam fixadas penas
superiores a 40 (quarenta) anos. No entanto,
após 40 (quarenta) anos de encarceramento, o
condenado será imediatamente colocado em
liberdade.
@ASDEFENSORAS - 08
QUESTÃO DE PROVA - FULANO de tal, serial killer, praticou 18 (dezoito)
homicídios, num período de 4 (quatro) anos. Levado a julgamento perante o
Tribunal do Júri, foi condenado nos termos da denúncia. Nesse caso, de acordo
com previsão expressa do Código Penal, o juiz presidente não poderia fixar
pena privativa de liberdade superior a 40 (quarenta) anos, o que atende o
princípio constitucional da vedação às penas de caráter perpétuo).
VERDADEIRO OU FALSO?
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Requisitos do livramento condicional
Art. 83 - O juiz poderá conceder
livramento condicional ao condenado a
pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 (dois) anos, desde que:
 
III - comprovado comportamento
satisfatório durante a execução da
pena, bom desempenho no trabalho
que lhe foi atribuído e aptidão para
prover à própria subsistência mediante
trabalho honesto;
Requisitos do livramento condicional
Art. 83 - O juiz poderá conceder
livramento condicional ao condenado a
pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 (dois) anos, desde que:
 
III –comprovado:
a) bom comportamento durante a
execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos
últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que
lhe foi atribuído; e,
d) aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho
honesto;
RESPOSTA: Falso. É possível que o juiz  presidente fixe pena superior a 40
(quarenta) anos, não havendo qualquer limitação, desde que observados os
parâmetros legais de dosimetria da pena. Entretanto, esse é o período máximo
de cumprimento de pena,após o qual o condenado será colocado
imediatamente em liberdade. Por outro lado, a pena fixada na sentença, ainda
que superior a 40 (quarenta) anos, é a que será considerada para fins de cálculo
dos benefícios, como progressão de regime e livramento condicional.
 
 
 
3. LIVRAMENTO CONDICIONAL
@ASDEFENSORAS - 09
CÓDIGO PENAL
COMENTÁRIOS:
 Em relação ao livramento condicional, foram alterados apenas os requisitos
do inciso III, que contava com a seguinte redação anteriormente: III -
comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto; 
        A nova redação veda a concessão do livramento condicional ao condenado
que tenha cometido falta grave nos últimos 12 (doze) meses, requisito não
exigido anteriormente.
Com essa alteração legislativa, fica superada a
Súmula 441 do STJ, que possuía o seguinte teor:
"A falta grave não interrompe o prazo para
obtenção de livramento condicional.”.
 Assim, cometida a falta grave, o condenado somente poderá receber o
benefício do livramento condicional após 12 (doze) meses do
cometimento. 
      A lei fala em cometimento, portanto, é indiferente a data do resultado do
procedimento disciplinar ou mesmo a ocorrência de punição. Essa previsão, a
exemplo de outras da Lei de Execução Penal, representa afronta ao princípio
da presunção de inocência, tendo em vista não exigir o reconhecimento da
falta grave pela autoridade competente para seu aperfeiçoamento.
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
 
4. EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Art. 91-A. Na hipótese de condenação
por infrações às quais a lei comine
pena máxima superior a 6 (seis) anos
de reclusão, poderá ser decretada a
perda, como produto ou proveito do
crime, dos bens correspondentes à
diferença entre o valor do patrimônio
do condenado e aquele que seja
compatível com o seu rendimento
lícito.
§ 1º Para efeito da perda prevista no
caput deste artigo, entende-se por
patrimônio do condenado todos os
bens:
@ASDEFENSORAS - 10
I - de sua titularidade, ou em relação
aos quais ele tenha o domínio e o
benefício direto ou indireto, na data da
infração penal ou recebidos
posteriormente; e
II - transferidos a terceiros a título
gratuito ou mediante contraprestação
irrisória, a partir do início da atividade
criminal.
§ 2º O condenado poderá demonstrar
a inexistência da incompatibilidade ou
a procedência lícita do patrimônio.
§ 3º A perda prevista neste artigo
deverá ser requerida expressamente
pelo Ministério Público, quando do
oferecimento da denúncia, com
indicação da diferença apurada.
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz
deve declarar o valor da diferença
apurada e especificar os bens cuja
perda for decretada.
§ 5º Os instrumentos utilizados para a
prática de crimes por organizações
criminosas e milícias deverão ser
declarados perdidos em favor da União
ou do Estado, dependendo da justiça
onde tramita a ação penal, ainda que
não ponham em perigo a segurança
das pessoas, a moral ou a ordem
pública, nem ofereçam sério risco de
ser utilizados para o cometimento de
novos crimes.
COMENTÁRIOS:
 O artigo 91-A foi inserido no Capítulo VI - Dos efeitos da condenação, no
Título das Penas. Assim, os efeitos da condenação previstos no texto anterior
permanecem vigentes.
    Esse artigo trouxe disciplina diferenciada para infrações (crimes ou
contravenções) com pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão,
consideradas infrações de maior potencial ofensivo. Para esses delitos, não
haverá mais necessidade de comprovação da origem ilícita dos bens, quando
houver um descompasso entre o valor do patrimônio do condenado e aquele
que seria compatível com a sua ocupação lícita alegada. 
  Assim, criou-se uma presunção legal de ilicitude de bens, quando
supostamente o condenado não devesse possuir condições financeiras de
adquiri-lo de forma lícita, não cabendo à autoridade demonstrar de qualquer
forma que esses bens se tratam de produto ou mesmo de proveito do crime.
@ASDEFENSORAS - 11
CÓDIGO PENAL
 A legislação transferiu ao condenado o ônus de comprovar a licitude da
procedência do seu patrimônio ou a sua compatibilidade com seu rendimento
lícito declarado. Novamente, estamos diante de uma inversão do ônus da
prova em desfavor do réu, em contrariedade à lógica do ordenamento penal
que possui como corolário o in dubio pro reo como regra de interpretação.
         Consideram-se apenas os bens adquiridos a partir da data da infração
penal para fins da presunção legal de ilicitude, incluindo-se aqueles que
tenham sido transferidos para terceiros, ainda que estes os tenham recebido de
boa-fé, desde que evidenciada a tentativa de fraude pelo réu, seja pela
transferência gratuita ou por valor irrisório e desproporcional.
           Deve haver pedido expresso e minucioso de perda dos bens, não se
tratando de efeito automático da condenação. Não pode, portanto, o
magistrado decretar a perda ex officio, ainda que evidente a hipótese do art. 91-
A.
 Relembre os detalhes da nova figura do art. 91-A:
1) Pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão; 
2) Deve haver pedido expresso e minucioso de perda dos bens pelo Ministério Público na
denúncia;
3) Deve haver um descompasso entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que
seria compatível com a sua ocupação lícita alegada; 
4) O magistrado não pode decretar a perda ex officio, ainda que evidente a hipótese do art.
91-A.
5) Não se trata de efeito automático da condenação, devendo o magistrado declarar o valor
da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada.
 
CÓDIGO PENAL
 Mas, aqui, vale um lembrete: a perda prevista no inciso II do art. 91, referente
a instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito, ou do produto do crime
ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com
a prática do fato criminoso, constituem EFEITO AUTOMÁTICO DA
CONDENAÇÃO, diante da ilicitude comprovada desses bens. Aliás, os dois
incisos do art. 91 do CP (redação originária que não foi alvo de mudança) são
efeitos automáticos da condenação. Já o artigo 92 do CP (e agora também o
art. 91-A do CP) constituem efeitos que devem ser declarados pelo magistrado,
não sendo automáticos. 
    No caso de organizações criminosas e milícias, os instrumentos do crime
serão perdidos ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a
moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o
cometimento de novos crimes. Assim, os instrumentos não necessariamente
precisam ser ilícitos para que haja a decretação da perda pelo magistrado.
@ASDEFENSORAS - 12
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Causas impeditivas da prescrição 
Art. 116 - Antes de passar em julgado
a sentença final, a prescrição não
corre:
 
II - enquanto o agente cumpre pena no
estrangeiro.
Causas impeditivas da prescrição 
Art. 116 - Antes de passar em julgado
a sentença final, a prescrição não
corre:
 
II - enquanto o agente cumpre pena no
exterior;
II - na pendência de embargos de
declaração ou de recursos aos
Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis;
IV – enquanto não cumprido ou não
rescindido o acordo de não persecução
penal.
5. PRESCRIÇÃO
COMENTÁRIOS:
 O novo texto manteve o inciso I², não mudou em nada o conteúdo do inciso
II e incluiu os incisos III e IV. 
 Houve alteração textual no inciso II, porém, não há alteração de sentido ou
alcance. Já o inciso III tem como objetivo compatibilizar o instituto da
prescrição com a vedação constitucional à execução provisória da pena. Assim,
na existência de recursos meramente protelatórios, não há o decurso do prazo
prescricional de forma regular, a fim de assegurar o ius puniendi estatal. 
     Essa previsão tende a solucionar um grande problema nos casos em que há
recurso exclusivo da defesa. Nessas hipóteses, emborao trânsito em julgado
ocorresse apenas para a acusação, a legislação previa o curso normal do prazo
prescricional a partir desse momento, porém, ao Estado era vedado o início da
execução da pena, pois ainda não tinha havido o trânsito em julgado para
ambas as partes. Nesse contexto, era possível que o prazo prescricional para
determinado fato se esvaísse antes que o recurso defensivo fosse apreciado
pelo Tribunal Superior, o que acarretava grave prejuízo ao direito de punir do
Estado.
       A redação atual impede, portanto, que o prazo prescricional corra enquanto
pendentes recursos inadmissíveis (por inobservância de requisitos, tais como
prazo para interposição, legitimidade, interesse processual etc.), utilizados de
forma estratégica para ocasionar atrasos desnecessários no curso processual. A
contrario sensu, admitido o recurso, o prazo prescricional continua correndo,
independente de ser ele provido ou não.
 
 
 
 
²Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
@ASDEFENSORAS - 13
CÓDIGO PENAL
 Com relação à previsão do inciso IV, esta visa compatibilizar as regras de
prescrição com o novo instituto conhecido como acordo de não persecução
penal. Esse acordo constitui novo benefício, à semelhança da transação penal e
da suspensão condicional do processo, por meio da chamada justiça
negociada. 
          Esse acordo foi inicialmente idealizado na Resolução CNMP nº 181/2017,
tendo sido alterado pela Resolução CNMP nº 183/2018. Conforme previsto em
seu art. 18, o membro do Ministério Público poderá, desde a audiência de
custódia, "propor ao investigado acordo de não persecução penal quando,
cominada pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça a pessoa, o investigado tiver confessado formal
e circunstanciadamente a sua prática”, desde que atenda a algumas condições.
É uma mitigação ao princípio da obrigatoriedade da ação penal pública.
          A Lei nº 13.964/19 passou a prever o acordo de não persecução penal no
Código de Processo Penal, inserindo o art. 28-A ao seu texto, bem como nos
processos originários de Tribunais Superiores, por meio de alteração na Lei nº
8.038/90. As previsões novas serão analisadas de forma detalhada na parte
referente ao conteúdo de direito processual penal. Conforme é possível
perceber, à semelhança do acordo de colaboração premiada, é necessário que
o colaborador confesse a prática de delito, detalhando a sua prática. 
          Esse acordo de não persecução, por outro lado, somente ocorrerá antes
do oferecimento da denúncia, como o próprio nome (não persecução) deixa
claro. Assim, a prescrição da pena em abstrato continuaria correndo durante o
cumprimento do referido acordo, se não fosse a nova previsão de impedimento
da prescrição enquanto durar o acordo. Cumprido o acordo, resolvida a
questão. Porém, caso houvesse o descumprimento, restaria ao Ministério
Público apenas o oferecimento da denúncia, caso não houvesse sido extinta a
punibilidade.
 O risco de perecimento do direito de punir do Estado se mostrou tão
elevado, diante das baixas penas cominadas aos delitos que admitem o
benefício, que o CNMP, antes da inovação legislativa, entendeu por bem
incluir como impedimento para a celebração do acordo as hipóteses em
que "o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar a
prescrição da pretensão punitiva estatal”.
 Nesse contexto, a inovação legislativa veio sanar essa incongruência
jurídica. Assim, enquanto durar o acordo de não persecução, a prescrição não
correrá, permitindo ao Ministério Público, na hipótese de não cumprimento do
acordo, promover a denúncia sem qualquer risco de o fato já estar prescrito.
ATENÇÃO: Com relação à transação penal, não há previsão de
suspensão ou interrupção da prescrição na Lei n. 9.099/95. Essa
situação não foi sanada pela novel legislação. Assim, durante o
prazo para cumprimento da transação penal, a prescrição
continua a correr normalmente. Decorrido o prazo para
cumprimento da transação penal, se as condições não forem
cumpridas, o Ministério Público deverá avaliar se houve (ou não) a
prescrição antes de promover eventual denúncia, já que o prazo
prescricional continua a correr. Assim, o objetivo do novo inciso IV
do art. 116 do CP foi não reproduzir, no acordo de não persecução,
essa incongruência que ocorre com a transação penal.
@ASDEFENSORAS - 14
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
agente cumpre pena no estrangeiro
 
 
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
 
 
 
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
 
VIII – com emprego de arma de fogo
de uso restrito ou proibido: (VETADO)
 
Pena: reclusão, de doze a trinta anos.
 
6. PARTE ESPECIAL
 
6.1 HOMICÍDIO
COMENTÁRIOS:
 A disposição que havia sido alterada foi objeto de veto. Razões do veto:
"A propositura legislativa, ao prever como qualificadora do crime de homicídio
o emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, sem qualquer ressalva,
viola o princípio da proporcionalidade entre o tipo penal descrito e a pena
cominada, além de gerar insegurança jurídica, notadamente aos agentes de
segurança pública, tendo em vista que esses servidores poderão ser
severamente processados ou condenados criminalmente por utilizarem suas
armas, que são de uso restrito, no exercício de suas funções para defesa pessoal
ou de terceiros ou, ainda, em situações extremas para a garantia da ordem
pública, a exemplo de conflito armado contra facções criminosas."
 
 
 
 
6.2 CRIMES CONTRA A HONRA
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo
aumentam- se de um terço, se qualquer dos
crimes é cometido:
Art. 141 - As penas cominadas neste
Capítulo aumentam- se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
§2° Se o crime é cometido ou divulgado em
quaisquer modalidades das redes sociais da
rede mundial de computadores (internet)
aplica-se a pena em triplo. (VETADO)
@ASDEFENSORAS - 15
CÓDIGO PENAL
COMENTÁRIOS:
 A versão aprovada da lei criava uma causa de aumento de pena em
virtude de o crime ser cometido por meio de redes sociais. Contudo, tal previsão
foi vetada. Razões do veto: "A propositura legislativa, ao promover o incremento
da pena no triplo quando o crime for cometido ou divulgado em quaisquer
modalidades das redes sociais da rede mundial de computadores, viola o
princípio da proporcionalidade entre o tipo penal descrito e a pena cominada,
notadamente se considerarmos a existência da legislação atual que já tutela
suficientemente os interesses protegidos pelo Projeto, ao permitir o
agravamento da pena em um terço na hipótese de qualquer dos crimes contra
a honra ser cometido por meio que facilite a sua divulgação. Ademais a
substituição da lavratura de termo circunstanciado nesses crimes, em razão da
pena máxima ser superior a dois anos, pela necessária abertura de inquérito
policial, ensejaria, por conseguinte, superlotação das delegacias, e, com isso,
redução do tempo e da força de trabalho para se dedicar ao combate de
crimes graves, tais como homicídio e latrocínio."
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
 
6.3 ROUBO
Roubo Art. 157 - Subtrair coisa móvel
alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por
qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência: 
 
§2º A pena aumenta-se de 1/3 (um
terço) até metade:
VII – se a violência ou grave ameaça é
exercida com emprego de arma
branca;
 
§ 2º-B Se a violência ou grave ameaça
é exercida com emprego de arma de
fogo de uso restrito ou proibido, aplica-
se em dobro a pena prevista no caput
deste artigo.Roubo Art. 157 - Subtrair coisa móvel
alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por
qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
§ 2o A pena aumenta-se de 1/3 (um
terço) até metade:
@ASDEFENSORAS - 16
CÓDIGO PENAL
COMENTÁRIOS:
 Visando endurecer a penalização dos crimes contra o patrimônio com
violência ou grave ameaça à pessoa, a Lei nº 13.654/2018 ampliou a fração de
aumento de pena para os crimes de roubo praticados com emprego de arma
de fogo para 2/3 (dois terços) ao incluir o § 2º-A ao art. 157. Ademais, a lei
revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do CP, que aumentava a pena de um terço
à metade pelo uso de arma. 
 Ocorre que, por falha do legislador, excluíram-se da incidência das causas
de aumento de pena do roubo os crimes praticados com armas brancas. O
texto anterior falava em emprego de arma, porém, o novo texto especificou o
aumento apenas para emprego de arma de fogo.
 Essa inovação legislativa gerou uma novatio legis in mellius, sofrendo
aplicação imediata em todo o território nacional e retroagindo para beneficiar
réus condenados com a causa de aumento anterior que tivessem praticado o
fato com emprego de arma branca, pois essa causa de aumento deixou de
existir. Houve uma abolitio criminis quanto ao emprego de arma branca. Esses
condenados, portanto, passariam a responder por roubo simples, devendo ser
afastado o aumento decorrente da causa de aumento revogada.
 Acontece que a nova lei do “Pacote Anticrime” reinseriu causa de aumento
para crimes praticados com emprego de arma branca, devendo a pena ser
aumentada de 1/3 (um terço) até a metade. Para aqueles praticados com
emprego de arma de fogo, a pena será aumentada de 2/3 (dois terços).
 Embora restabelecido o aumento decorrente do uso de arma branca, cabe
salientar que essa lei não retroagirá para alcançar os fatos anteriores, por
configurar novatio legis in pejus. Assim, aqueles acusados que foram
beneficiados com a exclusão da causa de aumento da arma branca não mais
poderão ser alcançados. Desse modo, somente fatos ocorridos após a vigência
do “Pacote Anticrime”, ou seja, 23/1/2020, poderão ensejar a responsabilização
do roubo pelo uso de arma branca. Com relação à arma de fogo de uso restrito
ou proibido, a pena será aplicada em dobro. Como se pode perceber, para as
majorantes dos parágrafos 2º-A e 2º-B, não há margem de discricionariedade ao
julgador, que deverá aplicar exatamente a fração fixada no texto legal.
6.4 ESTELIONATO
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou
para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou
para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
§ 5º Somente se procede mediante
representação, salvo se a vítima for:
 .
@ASDEFENSORAS - 17
I – a Administração Pública, direta ou
indireta;
II – criança ou adolescente;
III – pessoa com deficiência mental; ou
IV – maior de 70 (setenta) anos ou
incapaz
COMENTÁRIOS:
 O crime de estelionato, a despeito das baixas penas previstas em seu
preceito secundário, o qual comina pena de reclusão de um a cinco anos, era
de ação penal pública incondicionada, independentemente da situação.
            A Lei nº 13.964/19 alterou a modalidade de ação penal para este tipo: a
regra agora é que a ação penal somente proceda mediante representação do
ofendido. Em alguns casos, entretanto, diante da relevância do bem jurídico
protegido, como no caso da Administração Pública, ou da vulnerabilidade das
vítimas, no caso dos incisos II a IV, a ação permanece sendo pública
incondicionada, não dependendo de qualquer manifestação das vítimas que
encontram mais dificuldade em buscar a atuação estatal.
            Essa postura decorre de um movimento de direitos humanos que visa
proteger indivíduos considerados vulneráveis ou hipervulneráveis, quando mais
de uma vulnerabilidade é identificada. No que tange à Administração Pública,
estamos diante da indisponibilidade dos bens públicos, o que torna dispensável
a representação por parte do ente estatal, especialmente ao se considerar que
o titular da ação penal possui como função institucional, prevista no art. 129, III,
da CF/88, a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos.
6.5 CONCUSSÃO
CÓDIGO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e
multa.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 12
(doze) anos, e multa.
@ASDEFENSORAS - 18
CÓDIGO PENAL
COMENTÁRIOS:
 Houve o aumento da pena máxima para o crime contra a Administração
Pública de concussão de 08 (oito) anos para 12 (doze) anos, mantendo-se a
pena mínima de 02 (dois) anos prevista no texto anterior.
            O crime de concussão ocorre quando o funcionário público exige, para si
ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.
            O endurecimento das penas tem como objetivo atender demanda social
de maior penalização dos chamados “crimes de colarinho branco”, que ficaram
em evidência após os escândalos do Mensalão e da operação Lava-Jato. A
medida também visa compatibilizar alteração já promovida pela Lei nº 10.763,
de 12.11.2003, que ampliou a pena cominada aos crimes de corrupção para esse
mesmo patamar de 02 (dois) a 12 (doze) anos.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Art. 3º-A. O processo penal terá
estrutura acusatória, vedadas a
iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da
atuação probatória do órgão de
acusação.
Art. 3º-B. O juiz das garantias é
responsável pelo controle da
legalidade da investigação criminal e
pela salvaguarda dos direitos
individuais cuja franquia tenha sido
reservada à autorização prévia do
Poder Judiciário, competindo-lhe
especialmente:
I - receber a comunicação imediata da
prisão, nos termos do inciso LXII do
caput do art. 5º da Constituição
Federal; 
II - receber o auto da prisão em
flagrante para o controle da legalidade
da prisão, observado o disposto no art.
310 deste Código;
 .
DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. JUIZ DAS GARANTIAS
@ASDEFENSORAS - 19
III - zelar pela observância dos direitos
do preso, podendo determinar que este
seja conduzido à sua presença, a
qualquer tempo;
IV - ser informado sobre a instauração
de qualquer investigação criminal; 
V - decidir sobre o requerimento de
prisão provisória ou outra medida
cautelar, observado o disposto no § 1º
deste artigo;
VI - prorrogar a prisão provisória ou
outra medida cautelar, bem como
substituí-las ou revogá-las,
assegurado, no primeiro caso, o
exercício do contraditório em audiência
pública e oral, na forma do disposto
neste Código ou em legislação
especial pertinente;
VII - decidir sobre o
requerimento de produção antecipada
de provas consideradas urgentes e
não repetíveis, assegurados o
contraditório e a ampla defesa em
audiência pública e oral;
VIII - prorrogar o prazo de duração do
inquérito, estando o investigado preso,
em vista das razões apresentadas pela
autoridade policial e observado o
disposto no § 2º deste artigo;
IX - determinar o trancamento do
inquérito policial quando não houver
fundamento razoável para sua
instauração ou prosseguimento;
X - requisitar documentos, laudos e
informações ao delegado de polícia
sobre o andamento da investigação;
XI - decidir sobre os requerimentos de:
a) interceptação telefônica, do fluxo de
comunicaçõesem sistemas de
informática e telemática ou de outras
formas de comunicação;
b) afastamento dos sigilos fiscal,
bancário, de dados e telefônico;
c) busca e apreensão domiciliar;
d) acesso a informações sigilosas;
 
 
@ASDEFENSORAS - 20
e) outros meios de obtenção da prova
que restrinjam direitos fundamentais do
investigado;
 XII - julgar o habeas corpus impetrado
antes do oferecimento da denúncia;
XIII - determinar a instauração de
incidente de insanidade mental;
 XIV - decidir sobre o recebimento da
denúncia ou queixa, nos termos do art.
399 deste Código;
 XV - assegurar prontamente quando
se fizer necessário, o direio outorgado
ao investigado e ao seu defensor de
acesso a todos os elementos
informativos e provas produzidos no
âmbito da investigação criminal, salvo
no que concerne, estritamente, às
diligências em andamento;
XVI - deferir pedido de admissão de
assistente técnico para acompanhar a
produção da perícia;
XVII - decidir sobre a homologação de
acordo de não persecução penal ou os
de colaboração premiada, quando 
 normalizados durante a investigação;
XVIII - outras matérias inerentes às
atribuições definidas no caput deste
artigo.
§ 1º (VETADO).
§ 2º Se o investigado estiver preso, o
juiz das garantias poderá, mediante
representação da autoridade policial e
ouvido o Ministério Público, prorrogar,
uma única vez, a duração do inquérito
por até 15 (quinze) dias, após o que,
se ainda assim a investigação não for
concluída, a prisão será imediatamente
relaxada.’
Art. 3º-C. A competência do juiz das
garantias abrange todas as infrações
penais, exceto as de menor potencial
ofensivo, e cessa com o recebimento
da denúncia ou queixa na forma do art.
399 deste Código. 
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa,
as questões pendentes serão
decididas pelo juiz da instrução e 
 
 
@ASDEFENSORAS - 21
julgamento.
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz
das garantias não vinculam o juiz da
instrução e julgamento, que, após o
recebimento da denúncia ou queixa,
deverá reexaminar a necessidade das
medidas cautelares em curso, no prazo
máximo de 10 (dez) dias.
§ 3º Os autos que compõem as
matérias de competência do juiz das
garantias ficarão acautelados na
secretaria desse juízo, à disposição do
Ministério Público e da defesa, e não
serão apensados aos autos do
processo enviados ao juiz da instrução
e julgamento, ressalvados os
documentos relativos às provas
irrepetíveis, medidas de obtenção de
provas ou de antecipação de provas,
que deverão ser remetidos para
apensamento em apartado.
§ 4º Fica assegurado às partes o
amplo acesso aos autos acautelados
na secretaria do juízo das garantias.’
Art. 3º-D. O juiz que, na fase de
investigação, praticar qualquer ato
incluído nas competências dos arts. 4º
e 5º deste Código ficará impedido de
funcionar no processo.
Parágrafo único. Nas comarcas em
que funcionar apenas um juiz, os
tribunais criarão um sistema de rodízio
de magistrados, a fim de atender às
disposições deste Capítulo.’
Art. 3º-E. O juiz das garantias será
designado conforme as normas de
organização judiciária da União, dos
Estados e do Distrito Federal,
observando critérios objetivos a serem
periodicamente divulgados pelo
respectivo tribunal.’
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá
assegurar o cumprimento das regras
para o tratamento dos presos,
impedindo o acordo ou ajuste de
qualquer autoridade com órgãos da
imprensa para explorar a imagem da 
@ASDEFENSORAS - 22
pessoa submetida à prisão, sob pena
de responsabilidade civil,
administrativa e penal.
Parágrafo único. Por meio de
regulamento, as autoridades deverão
disciplinar, em 180 (cento e oitenta)
dias, o modo pelo qual as informações
sobre a realização da prisão e a
identidade do preso serão, de modo
padronizado e respeitada a
programação normativa aludida no
caput deste artigo, transmitidas
à imprensa, assegurados a efetividade
da persecução penal, o direito à
informação e a dignidade da pessoa
submetida à prisão.
Arts. 3º-A a 3º-F do Código de Processo Penal, relacionados ao juiz de
garantias;
Artigo 157, §5º, CPP, que dispunha sobre o impedimento do juiz decorrente
da contaminação pela prova ilícita;
Artigo 28, caput, Código de Processo Penal, que alterava o procedimento de
arquivamento de inquérito, para retirar a necessidade de homologação pelo
juiz;
Artigo 310, § 4°, Código de Processo Penal, que declarava a ilegalidade da
prisão pela não realização da audiência de custódia no prazo de 24 horas,
com o seu imediato relaxamento.
Até o fechamento desta edição, o Ministro Luiz Fux, relator das ADIs 6.298,
6.299, 6.300 e 6.305, determinou a suspensão, com prazo indeterminado, até
ulterior decisão do Plenário, dos seguintes dispositivos:
COMENTÁRIOS:
 O sistema acusatório surgiu como uma contraposição ao sistema
inquisitório anteriormente vigente no nosso sistema processual penal. Essa
alteração decorreu da evolução das normas de direitos humanos, que passaram
a privilegiar os direitos individuais e a considerar os acusados sujeitos de
direitos, em vez de objeto de verificação.
 Nesse sistema, o juiz deve assumir uma postura imparcial e equidistante
às partes. A função de acusar não lhe pertence, mas a um terceiro.
 Por essa imparcialidade necessária, não deve ser dado ao Juiz produzir a
prova de forma ampla, mas apenas assegurar que as regras do jogo estão sendo
observadas (teoria dos jogos).
 A gestão da prova deve estar nas mãos das partes (mais especificamente,
a carga probatória está inteiramente nas mãos do acusador), assegurando-se
que o juiz não terá iniciativa probatória, mantendo-se assim suprapartes e
preservando sua imparcialidade.
@ASDEFENSORAS - 23
CÓDIGO PENAL
 A acusação, no Brasil, é exercida precipuamente pelo Ministério Público, que
tem a obrigação de provar as acusações da denúncia. O Magistrado deve
assegurar o contraditório e a ampla defesa para que a Defesa aja em paridade
de armas, equilibrando a balança do processo.
 A decisão deve se tornar definitiva, assegurando-se às partes o direito de
impugná-la, por meio do duplo grau de jurisdição.
 O sistema acusatório é o que mais se coaduna com as regras de direitos
humanos, devendo limitar a busca da verdade quando esta esbarrar em direitos
individuais, como o direito a não ser torturado.
 O Estado brasileiro adotou expressamente o sistema acusatório, elegendo o
Ministério Público como acusador oficial, e não o Magistrado (art. 129, I, da
Constituição de 1988).
 Embora houvesse a adoção expressa por meio do modelo constitucional, o
Código de Processo Penal contava com diversas previsões que remetiam ao
sistema inquisitório, tais como aquelas previstas nos arts. 156, inciso II, 196, 209 e
616, todos do CPP, o que levava parte da doutrina a considerar o sistema
brasileiro como misto.
 A Lei nº 13.964/19 veio consolidar a adoção do modelo acusatório pelo
processo penal brasileiro, trazendo essa informação de forma expressa no art.
3º-A, ressaltando suas principais características, consistentes na vedação à
iniciativa do magistrado na investigação, consagrando o princípio ne procedat
iudex officio, que impede a abertura de ofício dos procedimentos
investigatórios por parte de quem deve julgar, bem como a vedação à
substituição probatória do órgão de acusação pelo julgador, distanciando essas
partes e reservando a cada uma o seu papel no processo penal, a fim de buscar
assegurar a paridade de armas.
 Mas, atenção: a substituição probatória de qualquer das partes do processo
penal gera uma alteração da balança para um dos lados e deve ser rechaçada.
Quando a balança pende para o lado da acusação, aliando-se o juiz ao
acusador, a situação se torna ainda mais grave, pois a Constituição Federal
consagra o princípio da presunção de inocência, priorizando o indivíduo em
face do poder de punir do Estado. 
 A doutrina processual mais moderna entende que todos aqueles dispositivos
que ainda apresentam um ranço inquisitório e não foram modificados de forma
expressa restaram tacitamente revogados pela adoção expressado sistema
acusatório pelo nosso CPP, diante da evidente incompatibilidade.
 Assim, a alteração do Código de Processo Penal, nesse ponto, se demonstra
salutar, a fim de delimitar a atuação do magistrado, que deve absolver no caso
de dúvida, em atenção ao consolidado in dubio pro reo, em vez de buscar a
complementação probatória que não é de sua responsabilidade.
 A criação do juiz das garantias tem sido objeto de grandes debates por parte
dos envolvidos no dia-a-dia do processo penal. A Associação dos Magistrados
Brasileiros ingressou com Ação Direta de Inconstitucionalidade questionando,
principalmente, a inviabilidade da implementação da função no exíguo prazo
de 30 (trinta) dias conferidos para a entrada em vigor da lei, porém, também
questionando matérias relacionadas à competência da União e à necessidade
de regulamentação da matéria pelo Judiciário nacional. Visando viabilizar a
implementação do juiz das garantias, o texto legal previu o sistema de rodízio
de magistrados nas comarcas em que funcionar apenas um juiz.
@ASDEFENSORAS - 24
CÓDIGO PENAL
 
 A despeito de questionamentos, essa figura, a exemplo do que já ocorre
em outros países democráticos, como Itália e Portugal, tem por função
exatamente preservar as garantias de toda aquela pessoa que for objeto de
investigações criminais. Tem-se como objetivo conciliar dois objetivos
fundantes do processo, sob a ótica do sistema acusatório: garantir a produção
das provas e demais medidas necessárias à persecução penal, preservando o
direito de punir do Estado, sem esbarrar no direito do acusado de ser julgado
por um juiz imparcial, que ainda possa ser convencido por ambas as partes.
 A teoria da dissonância cognitiva, oriunda da psicologia social e muito
festejada por Aury Lopes Jr e Alexandre Morais da Rosa, explica: sempre que
nos convencemos de determinada conclusão, nos tornamos resistentes a
aquiescer com qualquer argumento que contrarie a conclusão anterior. Por
consequência, buscamos reforçar a conclusão escolhida, absorvendo
integralmente os argumentos que justifiquem a nossa tese. 
 Por essa razão, o juiz que decidiu sobre o recebimento ou não da
denúncia, bem como pela decretação de medidas cautelares e de produção
antecipada de provas, já teve oportunidade de formar sua convicção, antes
mesmo que se formasse o contraditório e fosse assegurada a ampla defesa. 
Muito mais tendente a coadunar com a tese da acusação do que com a
defensiva, por consequência, pois a tese de defesa gera dissonância cognitiva
em relação ao que já foi apreendido e concluído pelo julgador nas fases
antecedentes. Para maior aprofundamento no assunto, recomendamos a
leitura do livro “Teoria dos Jogos em Processo Penal: a short introduction” do
professor Alexandre Morais da Rosa.
 É nesse contexto que o juiz das garantias se torna fundamental: o juiz
que realizará a instrução e o julgamento é um indivíduo completamente novo
que não teve contato algum com os elementos de informação produzidos na
fase inquisitiva, ressalvadas as provas cautelares irrepetíveis.
 O juiz da instrução e julgamento será, portanto, dotado de originalidade
cognitiva e estará recebendo argumentos iniciais da acusação e da defesa de
forma concomitante e ordenada, podendo escolher nesse momento por qual
versão deseja se convencer, escolha que não teve que realizar anteriormente,
pois sequer apreciou acerca do recebimento ou rejeição da denúncia,
momento em que realizaria juízo de prelibação sobre os fatos apresentados.
 Percebam, portanto, que a crítica que se faz ao modelo atual não é
pessoalizada aos magistrados brasileiros, sob a alegação de que estes também
deveriam ser garantidores de direitos no processo penal e não o fariam
deliberadamente. A questão, aqui, é de fundo psicológico e diz respeito ao ser
humano, que não conseguiria se desprender dos elementos já apreendidos, de
forma completamente involuntária. 
 Devemos nos desprender da ideia de juiz neutro, pois essa figura é
inviável para o ser humano, seja ele quem for. O sistema, portanto, deve ser
dotado de mecanismos que o distanciem de qualquer elemento que induza
ainda mais a sua parcialidade.
 A figura do juiz de garantias não é novidade no direito processual penal
e nem criação original brasileira. Já há essa previsão em países sul-americanos,
inclusive, além de países como Itália e Portugal, todos de regime democrático. 
@ASDEFENSORAS - 25
CÓDIGO PENAL
 O Tribunal Europeu de Direitos Humanos também apresenta alguns
precedentes indicando a necessidade de separação das funções, garantindo a
originalidade cognitiva do juiz que irá julgar o feito, em prol da imparcialidade
almejada em um sistema processual justo.
 A nova lei trouxe rol exemplificativo das atribuições conferidas ao juiz das
garantias. Não pretendeu o legislador esgotar o assunto, pois qualquer
incidente ocorrido na fase inquisitorial será necessariamente do juiz das
garantias, porém, objetivou aparar algumas arestas e esclarecer essa função.
 Vamos analisar apenas as mais relevantes e que possam gerar algum tipo
de dúvida.
 O inciso IV é bastante interessante, pois exige que qualquer investigação
criminal instaurada seja comunicada ao juiz das garantias. Atenção à expressão
utilizada pelo legislador: investigação criminal. Assim, o dever de comunicação
não se restringe ao inquérito policial, meio de investigação criminal por
excelência. 
SE LIGA! Instaurado o Procedimento de Investigação Criminal
(PIC) do Ministério Público, o juízo das garantias deve ser
imediatamente comunicado!
O PIC foi regulamentado pela Resolução CNMP nº 181/2017 e,
segundo seu art. 1º, "instrumento sumário e desburocratizado
de natureza administrativa e investigatória, instaurado e
presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição
criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de
infrações penais de iniciativa pública, servindo como
preparação e embasamento para o juízo de propositura, ou
não, da respectiva ação penal.”
 Não haverá qualquer procedimento sigiloso, produzido dentro de
gabinetes! Essa previsão vem em consonância com o disposto inciso XV, que
visa assegurar o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a
todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da
investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em
andamento.
ESSA PREVISÃO 
DO INCISO XV 
PARECE
FAMILIAR?
Súmula Vinculante 14 do Supremo Tribunal
Federal - É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos
de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de
defesa.
@ASDEFENSORAS - 26
CÓDIGO PENAL
 Fica consolidado, dessa feita, o entendimento constante da Súmula
Vinculante do STF, que assegurou o direito de defesa na fase inquisitorial,
conquistado a duras penas. À época da edição da SV, advogados tinham
grande dificuldade em ter acesso aos autos do inquérito, sob o fundamento de
que este procedimento prévio era de caráter sigiloso e a ele não seriam
deferidos contraditório e ampla defesa.
 O STF, discordando do posicionamento das autoridades policiais,
entendeu que há contraditório, porém, esse contraditório ocorre de forma
mitigada, não ampla como na fase judicial. É direito do investigado ter acesso,
portanto, às diligências já produzidas pela autoridade policial, podendo,
inclusive, apresentar razões e quesitos e se fazer presente durante as oitivas de
testemunhas e outras diligências que não sejam de caráter sigiloso, podendo
fazê-lo diretamente e por intermédio de advogado constituído ou Defensor
Público.
O investigado e seu defensor
têm então direito à intimação
para acompanhar diligências na
fase inquisitorial?
NÃO. A 2ª Turma do STF entendeu que, embora seja assegurado acesso à
defesa das diligências já produzidas,não há direito de intimação em razão da
mitigação do contraditório nessa fase. Confira o voto do Min. Gilmar Mendes na
Pet. 7612 (Fonte: Conjur):
 
 "Assim, autorizar a plena aplicabilidade do contraditório na investigação
preliminar, com a intimação do defensor para oitiva de testemunhas e corréus
em sede de inquérito, além da possibilidade de apresentação de quesitos e
exame cruzado parece ser medida que extrapola os limites cognitivos do
inquérito e findaria por acarretar um indevido inchaço da fase investigativa, o
que prejudicaria a estruturação sistemática da persecução penal. Inclusive, isso
poderia ter efeitos colaterais para exatamente fragilizar o direito de defesa e o
contraditório em razão de uma supervalorização dos elementos produzidos no
inquérito e um apequenamento da fase oral diante do juiz natural.
@ASDEFENSORAS - 27
CÓDIGO PENAL
 Cabe ressaltar que as medidas de caráter sigiloso somente serão
disponibilizadas à defesa após a sua conclusão, sob pena de inviabilização de
seus resultados. É o caso das quebras de sigilo e interceptações telefônicas,
assim como os pleitos de fixação de medidas cautelares. Finalizada a diligência,
a prova deve ser integralmente juntada aos autos e disponibilizada à defesa,
não podendo haver a seleção de trechos pela autoridade policial, sob pena de
ilicitude da prova por quebra da cadeia de custódia.
                      O juiz das garantias, notificado da instauração de procedimento
investigatório, passará a decidir todas as questões que surgirem até o
encerramento da fase pré-processual, encerrando sua competência no
momento do recebimento/rejeição da denúncia/queixa.
            Perceba que será esse juiz quem decidirá pela existência ou não de
justa causa para a instauração penal, não o juiz da instrução e julgamento, o
qual receberá o procedimento de forma completamente original, sem que
tenha atuado de qualquer forma em algum momento anterior. A ideia é
justamente evitar a inclinação do magistrado pela tese de acusação, de forma a
minorar a possibilidade de atuar com dissonância cognitiva em relação à tese
defensiva. O primeiro contato do juiz de instrução e julgamento será com a
denúncia já recebida.
            De forma diversa do texto anterior, em que o juiz que atuava na fase
inquisitorial se tornava prevento e atraía a competência para a ação penal, pela
nova disciplina processual constante do novo art. 3º-D, há impedimento em
relação a essa atuação. O juiz que atuou na fase inquisitorial não poderá, em
hipótese alguma, atuar na fase processual.
            Ainda a fim de preservar a imparcialidade subjetiva do julgador, a nova
redação prevê, nos §§ 3º e 4º do artigo 3º-C, que os autos da fase pré-processual
não integrarão aqueles da ação penal e ficarão acautelados na secretaria do
juízo das garantias, assegurando amplo acesso ao Ministério Público e à defesa,
ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de
obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos
para apensamento em apartado."
AÇÃO PENAL 
(TEXTO ANTERIOR)
Art. 12.  O inquérito policial
acompanhará a denúncia ou
queixa, sempre que servir de
base a uma ou outra.
AÇÃO PENAL (NOVO TEXTO)
Art. 3º-C. (…) § 3º Os autos que
compõem as matérias de
competência do juiz das garantias
ficarão acautelados na secretaria desse
juízo, à disposição do Ministério
Público e da defesa, e não serão
apensados aos autos do processo
enviados ao juiz da instrução e
julgamento, ressalvados os
documentos relativos às provas
irrepetíveis, medidas de obtenção de
provas ou de antecipação de provas,
que deverão ser remetidos para
apensamento em apartado.
@ASDEFENSORAS - 28
CÓDIGO PENAL
 Dentre as questões passíveis de apreciação pelo juiz das garantias, o art. 3º-D
enumerou algumas que são interessantes e merecem análise mais detalhada.
 A fim de salvaguardar direitos constitucionais de investigados, determinadas
medidas somente podem ser obtidas por meio de exercício da jurisdição, ou
seja, necessariamente demandam uma atuação judicial para que a prova seja
produzida. A nova lei definiu como atribuição do juiz das garantias, nos inciso
VII, decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas
consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a
ampla defesa em audiência pública e oral.
 Dentre as provas admitidas nesse momento, podemos prever aquelas
previstas no inciso XI, a saber: interceptação telefônica, do fluxo de
comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de
comunicação; afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;
busca e apreensão domiciliar; acesso a informações sigilosas; outros meios de
obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado. 
     Há clara incompatibilidade entre a produção das provas constantes do inciso
XI e a realização de audiência pública e oral a fim de assegurar o exercício da
ampla defesa, tendo em vista estas se tratarem de medidas cautelares que
demandam o sigilo para sua efetivação. Por esse motivo, o legislador tratou das
questões em incisos distintos, pois, para essas provas, não haverá o contraditório
e ampla defesa nesse momento, devendo ser conferidos esses direitos de forma
diferida, ou seja, a posteriori.
    Lembrando que, sendo requeridas essas medidas após o recebimento da
denúncia, a competência será o juiz da instrução e julgamento, pois a
competência do juiz das garantias restará exaurida. 
 Esse mesmo raciocínio deve ser adotado para a instauração de incidente de
insanidade mental (XIII), julgamento de habeas corpus de autoridade coatora
não judicial com foro em primeira instância (XII), deferimento de pedido de
admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia (XVI) e
qualquer apreciação referente à prisão ou outras medidas cautelares diversas
(VI).
 Cabe ainda ressaltar que o rol do art. 3º-D não pretende exaurir a
competência desse magistrado. Independente da medida pleiteada, sempre
que a fase for a inquisitorial, a competência será do juiz das garantias.
Encerrada essa fase, com o recebimento da denúncia, passa a ser do juiz
da instrução e julgamento.
 O juiz da instrução e julgamento, ao receber o processo, deverá reexaminar
a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez)
dias. Não há qualquer vinculação ao que decidido pelo juiz das garantias,
podendo exercer sua independência funcional de forma ampla, revisitando as
decisões já proferidas. Embora ambos os magistrados sejam de primeira
instância, não há qualquer óbice à revisão do posicionamento, diante da
alteração do status do feito, que passa a se revestir de maior gravidade com a
instauração da ação penal.
         O texto legal não especifica se é possível que o magistrado, ao realizar essa
análise, endureça as medidas cautelares outrora aplicadas, porém, entendemos
que, como essa análise obrigatória é feita de ofício, seria vedado  ao magistrado
@ASDEFENSORAS - 29
CÓDIGO PENAL
piorar a situação do acusado sem que haja pedido expresso da acusação, sob
pena de violação ao art. 3º-A, bem como à nova redação do artigo 311, que
suprimiu a expressão “de ofício” ao tratar da decretação da prisão preventiva
pelo magistrado.
       Ainda acerca da prisão, o inciso VI traz disposição interessante. Segundo o
texto legal, cabe ao juiz das garantias "prorrogar a prisão provisória ou outra
medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro
caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral”. Assim, para que
haja a prorrogação de qualquer medida cautelar, dentre elas a própria prisão,
deve haver a realização de audiência pública e oral, característica do sistema
acusatório,  sendo esta dispensada no caso de substituição ou revogação, por
serem medidas favoráveis ao acusado.
        No caso de prorrogação da prisão, a lei admite a prorrogação do inquérito
de réu preso apenas até o prazo de 15 (quinze)dias, uma única vez, mediante
representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público. Trata-se de
inovação, tendo em vista que o artigo 10 do CPP não previa a possibilidade de
prorrogação do inquérito em se tratando de réu preso. 
        A não conclusão do inquérito após esvaído o prazo de prorrogação acarreta
o relaxamento da prisão, que passa a se tornar ilegal por excesso de prazo. Não
obstante o relaxamento da prisão ilegal, é possível a decretação de nova prisão
preventiva, desde que fundada em novos motivos.
      O texto traz também preocupação com a figura do detento, determinando
que deva ser assegurado o cumprimento das regras para o tratamento dos
presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da
imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de
responsabilidade civil, administrativa e penal.
 Esse dispositivo se coaduna com os compromissos e recomendações
internacionais que visam assegurar a dignidade da pessoa humana, em
especial aquelas encarceradas, sob a tutela do Estado. Nesse sentido, a
Organização das Nações Unidas elaborou as Regras Mínimas das Nações
Unidas para Tratamento de Presos (Regras de Mandela), as Regras das Nações
Unidas para o tratamento de mulheres presas e medidas não privativas de
liberdade para mulheres infratoras (Regras de Bangkok) e as Regras Mínimas
das Nações Unidas para a Administração da Justiça de Menores (Regras de
Beijing).
 Por fim, mas não menos importante, cabe também ao juiz das garantias
decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal, que passou a
ser regulado no art. 28-A do CPP por meio de alteração promovida pela mesma
lei, ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a
investigação.
A Lei nº 12.850/12 também prevê a possibilidade de formalização de acordo
de colaboração premiada durante  a  ação penal e até mesmo após a
sentença. Nesse último caso, nos termos do art. 4º, § 5º, o benefício ao réu
colaborador poderá consistir na redução da pena até a metade ou na
admissão de progressão de regime ainda que ausentes os requisitos
objetivos.
@ASDEFENSORAS - 30
CÓDIGO PENAL
 Por expressa disposição legal, não haverá a figura do juiz das garantias nas
infrações penais de menor potencial ofensivo, diante do regramento especial
previsto para estas previsto na Lei nº 9.099/95, mais simplificado e benéfico. 
      Questiona-se, ainda, a sua aplicação aos procedimentos originários de
Tribunais regidos pela Lei nº 8.038/90, que também apresenta rito diferenciado.
Entendemos que não há óbice à sua aplicação, tendo em vista que o rito
ordinário comum se aplica subsidiariamente a todos os demais ritos, desde que
não haja previsão expressa em sentido contrário. Entretanto, há entendimento
de que, caso houvesse interesse, deveria haver modificação expressa da Lei
específica, como foi feito para a inserção do acordo de não persecução penal.
2. DIREITO DE DEFESA DE AGENTES POLICIAIS
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Art. 14-A. Nos casos em que
servidores vinculados às instituições
dispostas no art. 144 da Constituição
Federal figurarem como investigados
em inquéritos policiais, inquéritos
policiais militares e demais
procedimentos extrajudiciais, cujo
objeto for a investigação de fatos
relacionados ao uso da força letal
praticados no exercício profissional, de
forma consumada ou tentada, incluindo
as situações dispostas no art. 23 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), o
indiciado poderá constituir defensor.
 
§ 1º Para os casos previstos no caput
deste artigo, o investigado deverá ser
citado da instauração do procedimento
investigatório, podendo constituir
defensor no prazo de até 48 (quarenta
e oito) horas a contar do recebimento
da citação.
 
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º
deste artigo com ausência de
nomeação de defensor pelo
investigado, a autoridade responsável
pela investigação deverá intimar a 
 
@ASDEFENSORAS - 31
instituição a que estava vinculado o
investigado à época da ocorrência dos
fatos, para que essa, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, indique
defensor para a representação do
investigado.
 
§ 3º (VETADO).
 
§ 4º (VETADO).
 
§ 5º (VETADO).
 
§ 6º As disposições constantes deste
artigo se aplicam aos servidores
militares vinculados às instituições
dispostas no art. 142 da Constituição
Federal, desde que os fatos
investigados digam respeito a missões
para a Garantia da Lei e da Ordem.
COMENTÁRIOS:
 A Lei nº 13.964/19 incluiu ao texto do CPP o art. 14-A, dispositivo de
questionável constitucionalidade, pois prevê desigualação entre os sujeitos
passivos em processo penal. 
      Nos termos da novidade legal, os agentes das forças de segurança
indicados no art. 144 da Constituição Federal terão direito a constituir defensor
em todos os procedimentos constantes da fase inquisitorial, quando os fatos
apurados sejam relacionados ao uso da força letal praticados no exercício
profissional, de forma consumada ou tentada. 
       Até aí, não há novidades, pois já verificamos que também é direito de
qualquer acusado e seu defensor atuarem, ainda que de forma mitigada, na
fase inquisitorial, conforme previsto expressamente no art. 7º, XIV e XXI, do
Estatuto da OAB e reafirmado pelos precedentes indicados acima. 
            Ocorre que o Supremo Tribunal Federal esclareceu que, por ser mitigado
o contraditório nesses procedimentos, não há o direito de o acusado ou seu
defensor serem intimados dos atos procedidos, sendo de sua responsabilidade
o acompanhamento das diligências, diante do caráter informativo dos
elementos de informação produzidos.
 A alteração legal, em dissonância com o que decidido pela Corte
constitucional, não só autorizou a constituição de advogado nos autos da
investigação, como determinou a citação pessoal do acusado para fazê-lo. E
mais: caso haja desinteresse do acusado em realizar sua defesa, caberá à
instituição à qual o acusado estivesse vinculado à época dos fatos proceder à
indicação de defensor.
           
@ASDEFENSORAS - 32
CÓDIGO PENAL
 Portanto, para além de uma faculdade, criou-se uma obrigatoriedade de
defesa desses servidores públicos na fase inquisitorial sem que haja
fundamento suficiente para a sua desigualação em relação aos demais
acusados.
           Há ainda mais questionamentos: quem realizará essa defesa mandatória?
A Defensoria Pública ou advogado particular custeado pelo Estado? Essas
questões ainda precisarão ser devidamente esclarecidas pelos destinatários da
lei.
 No texto original, previam-se os §§ 3º, 4º e 5º, segundo os quais essa defesa
deveria ser realizada preferencialmente pela Defensoria Pública, nos locais em
que estivesse estabelecida. Esses parágrafos foram vetados pelo Presidente da
República de forma acertada, em nosso sentir, por contrariar as funções
institucionais previstas constitucionalmente a essa instituição. 
       Em seu veto, o Presidente da República valeu-se de interpretação das
normas constitucionais, entendendo que essa função deve ser atribuída à
Advocacia-Geral da União e às Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal, a
quem incumbiriam a defesa dos agentes públicos, em consonância com a
jurisprudência do Supremo Tribunal (v.g. ADI 3.022, rel. min. Joaquim Barbosa, j.
2-8-2004, P, DJ de 4-3-2005).
3. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
Art. 28. Se o órgão do Ministério
Público, ao invés de apresentar a
denúncia, requerer o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer
peças de informação, o juiz, no caso
de considerar improcedentes as razões
invocadas, fará remessa do inquérito
ou peças de informação ao procurador-
geral, e este oferecerá a denúncia,
designará outro órgão do Ministério
Público para oferecê-la, ou insistirá no
pedido de arquivamento, ao qual só
então estará o juiz obrigado a atender.
Art. 28. Ordenado o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer
elementos informativosda mesma
natureza, o órgão do Ministério Público
comunicará à vítima, ao investigado e
à autoridade policial e encaminhará os
autos para a instância de revisão
ministerial para fins de homologação,
na forma da lei.
 
§ 1º Se a vítima, ou seu representante
legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial,
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do
recebimento da comunicação,
submeter a matéria à revisão da
instância competente do órgão
ministerial, conforme dispuser a
respectiva lei orgânica.
@ASDEFENSORAS - 33
§ 2º Nas ações penais relativas a
crimes praticados em detrimento da
União, Estados e Municípios, a revisão
do arquivamento do inquérito policial
poderá ser provocada pela chefia do
órgão a quem couber a sua
representação judicial.” (NR)
Arts. 3º-A a 3º-F do Código de Processo Penal, relacionados ao juiz de
garantias;
Artigo 157, § 5º, CPP, que dispunha sobre o impedimento do juiz decorrente
da contaminação pela prova ilícita;
Artigo 28, caput, Código de Processo Penal, que alterava o procedimento de
arquivamento de inquérito, para retirar a necessidade de homologação pelo
juiz;
Artigo 310, § 4°, Código de Processo Penal, que declarava a ilegalidade da
prisão pela não realização da audiência de custódia no prazo de 24 horas,
com o seu imediato relaxamento.
 Até o fechamento desta edição, o Ministro Luiz Fux, relator das ADIs
6.298, 6.299, 6.300 e 6.305, determinou a suspensão, com prazo indeterminado,
até ulterior decisão do Plenário, dos seguintes dispositivos:
 
           
COMENTÁRIOS:
 Outra mudança extremamente relevante, adequando o nosso sistema
processual ao sistema acusatório oficialmente adotado no art. 3º-A e na
Constituição Federal, diz respeito à alteração do consagrado procedimento do
antigo artigo 28 do CPP, que previa a possibilidade de discordância do
magistrado ao arquivamento da investigação criminal promovido pela
acusação. A doutrina justificava essa possibilidade sob o fundamento de que o
juiz nada mais fazia que fiscalizar a aplicação do princípio da obrigatoriedade
da ação penal pública, o qual deveria ser necessariamente observado pelo MP
em suas acusações.
                      No regime anterior, apresentada a promoção de arquivamento pelo
membro do Ministério Público, cabia à autoridade judiciária homologá-la. Caso
não entendesse ser hipótese de arquivamento, todavia, deveria encaminhar os
autos ao Procurador-Geral de Justiça, conforme previsto na redação anterior do
artigo 28 do CPP:
           
Art. 28.  Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
apresentar a denúncia,requerer o arquivamento do inquérito
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso
de considerar improcedentes as razões invocadas, fará
remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-
geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a
atender.
@ASDEFENSORAS - 34
CÓDIGO PENAL
 Recebidos os autos pelo PGJ, este tinha então três opções: oferecer a
denúncia ele mesmo, designar outro membro para fazê-lo (que ficava
vinculado, pois agia por delegação) ou insistir no pedido de arquivamento. Caso
entendesse pela última hipótese, o Magistrado não poderia mais contestar a
decisão ministerial.
    Atualmente, o processo de arquivamento não contará com a
participação do magistrado. Promovido o arquivamento pelo membro do
Ministério Público com atribuição para fazê-lo, este comunicará vítima, ao
investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a
instância de revisão ministerial para fins de homologação.
          O artigo 18 do CPP, entretanto, não sofreu alteração, prevendo que “Depois
de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta
de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
pesquisas, se de outras provas tiver notícia”. 
       Esse artigo não está de acordo com novo procedimento instituído pelo
artigo 28, tendo em vista que não haverá mais a necessidade de homologação
do arquivamento pelo magistrado, restando a medida na esfera do Ministério
Público, em homenagem ao sistema acusatório. No caso de ação penal privada,
não há que se falar em arquivamento, pois a inércia da parte legitimada
acarreta a decadência do direito.
 No novo procedimento, a vítima, seu representante legal e a chefia do
órgão a quem couber a sua representação judicial, no caso de crimes
praticados em detrimento da União, Estados e Municípios poderão pleitear a
revisão do arquivamento quando discordarem da postura adotada pelo
Parquet.
      A redação gera dúvidas. O caput do artigo 28 dá a entender que a remessa
dos autos do inquérito para arquivamento se procederá de forma automática
em todos os casos de promoção de arquivamento. Os parágrafos, por outro
lado, permitem a conclusão de que deve haver a discordância dos interessados
para que surja a necessidade de apreciação pelo órgão revisional. O caput
remete à necessidade de complementação legal, portanto, a conclusão parece
ser de não automaticidade da medida. Entendemos que, na ausência de
provocação dos interessados, caberá à instância de revisão a mera
homologação da promoção de arquivamento do membro.
 Sob a sistemática anterior, nos casos de competência originária dos
Tribunais, se o Procurador-Geral pedisse o arquivamento, sendo ele o titular da
ação penal, essa decisão não poderia ser revista por não haver autoridade
superior no Ministério Público para apreciar eventual revisão. 
        O STF entendia, todavia, apreciando esse regramento, que, nos casos em
que resultasse coisa julgada material, o Tribunal poderia reanalisar o mérito da
promoção de arquivamento do Procurador-Geral. Isso porque apenas a decisão
judicial pode fazer coisa julgada material, razão pelo qual deve o Tribunal
adentrar o mérito da questão.
 Diante da nova disciplina dada à matéria, há necessidade de adequação
do posicionamento da Corte para os casos de ação penal de competência
originária de Tribunais, nos casos em que a ação seja intentada pelo próprio
Procurador-Geral. Como não há instância revisora, por ser o órgão máximo, ou
apreciação judicial decorrente de lei, a decisão do Procurador-Geral teria 
@ASDEFENSORAS - 35
CÓDIGO PENAL
caráter de definitividade? 
            A regulamentação apontada pelo caput do artigo 28, portanto, se mostra
fundamental a fim de esclarecer esses pontos. 
4. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Art. 28-A. Não sendo caso de
arquivamento e tendo o investigado
confessado formal e
circunstancialmente a prática de
infração penal sem violência ou grave
ameaça e com pena mínima inferior a
4 (quatro) anos, o Ministério Público
poderá propor acordo de não
persecução penal, desde que
necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime,
mediante as seguintes condições
ajustadas cumulativa e
alternativamente:
 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à
vítima, exceto na impossibilidade de
fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e
direitos indicados pelo Ministério
Público como instrumentos, produto ou
proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a
entidades públicas por período
correspondente à pena mínima
cominada ao delito diminuída de um a
dois terços, em local a ser indicado
pelo juízo da execução, na forma do
art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser
estipulada nos termos do art. 45 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), a
entidade pública ou de interesse social,
a ser indicada pelo juízo da execução,
que tenha, preferencialmente, como 
 
REDAÇÃO ATUALREDAÇÃO ANTERIOR
@ASDEFENSORAS - 36
função proteger bens jurídicos iguais
ou semelhantes aos aparentemente
lesados pelo delito; ou 
V - cumprir, por prazo determinado,
outra condição indicada pelo Ministério
Público, desde que proporcional e
compatível com a infração

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