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PIM V - ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS - NOTA 10,0

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UNIVERSIDADE PAULISTA
João Domingues Prates Neto RA 2099516
COORDENADORIA DE DEFESA CIVIL DA PREFEITURA MUNICIPAL DE
FRANCISCO MORATO: PIM V
Francisco Morato
2021
UNIVERSIDADE PAULISTA
João Domingues Prates Neto RA 2099516
COORDENADORIA DE DEFESA CIVIL DA PREFEITURA MUNICIPAL DE
FRANCISCO MORATO: PIM V
Projeto Integrado Multidisciplinar V para
obtenção do título de Tecnólogo em
Gestão Pública apresentado à
Universidade Paulista – UNIP
Orientador(a): SÉRGIO M. CECATTO 
Francisco Morato
2021
RESUMO
A prefeitura de Francisco Morato encontra-se no norte da região metropolitana de
São Paulo na microrregião de Franco da Rocha num município com área territorial
de 49,001 km² e serve a uma população estimada de 177.633 pessoas, conforme
IBGE(2020). Destes 23.936 encontram-se em sério risco de vida em função das
condições geográficas em que se instalaram, quase 15% da população deste
município.
O objetivo deste trabalho é apresentar a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de
Francisco Morato (COMDEC-FM) tendo como prioridade o enfoque na Análise e
Encaminhamento de Projetos Públicos desenvolvidas por ela conforme o modelo
brasileiro de gestão, utilizando-se para isso noções de Matemática Financeira. Deu-
se um especial enfoque nos Planos Municipais de Redução de Risco (PMRR) e
Plano de Contingência do Município de Francisco Morato. Também buscou-se uma
elementar (e não menos fundamental) análise de problemas relativos a priorização
dos riscos dentro do PMRR que essencialmente define a prioridade do uso dos
recursos no âmbito da Defesa Civil municipal. Fez-se também uma verificação in
loco do desenvolvimento dos processos gerenciais e de seus reflexos sobre os
trabalhos num nível operacional. Ter-se-á uma noção da aplicação dos recursos e
dos fatores que concorreram para perdas de recursos significativas na
implementação do PMRR. Ao fim, dar-se-á sugestões para um melhor
desenvolvimento dos Sistemas de Informação no Setor Público no âmbito desta
Coordenadoria.
Palavras-chave: Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR). Plano de
Contingência. Gestão de Riscos. Defesa Civil {Francisco Morato(SP)}.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO…………………………………………………….……………..……05
2. ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS....…….........06
2.1 Onde investir em Defesa Civil?……………………………..……………….….07
2.2 Execução do planejamento na COMDEC-FM: um desafio…….…………...09
2.3 Descuidos no acompanhamento de projetos……………….……………….10
2.4 Análise da demanda dos serviços da COMDEC-FM…………………………11
2.5 Investimentos em Defesa Civil valem a pena?………………………………..12
2.6 Setor FRM/061 : Uma amostra do que assola os municípios brasileiros....13
2.7 Aspectos legais da COMDEC-FM………………………………………………….15
2.8 Sugestões Na Otimização De Projetos………………………………………….16
3. MATEMÁTICA FINANCEIRA….…………………………………………......….….19
3.1 Setor FRM/061 : proposta de intervenção em área de risco..………...…19
3.2 Projeções na amortização de empréstimo no setor FRM/061.....……….20
4. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO…………………...….….24
4.1 O Sistema de Informação da Defesa Civil de Francisco Morato.…….....24
4.2 Monitoramento e análise: duas notáveis ausências…..……………....….26
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS…..……………………………...…………....………..28
 REFERÊNCIAS………………………………………………………..………...….29
5
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho faz-se a respeito do planejamento na Defesa Civil da cidade de
Francisco Morato. Para isso, leva em conta principalmente o PMRR (Plano Municipal de
Redução de Riscos), o Plano de Contingência da Prefeitura Municipal de Francisco
Morato e Recomendações Básicas para a Contratação e Fiscalização de Obras de
Edificações Públicas do TCU (Tribunal de Contas da União). Tais planos são a fonte de
uma série de planejamentos, na forma de projetos a fim de sanar as situações-problema
descritas ao longo deles. De um tripé fundamental da gestão pública constituído pela
segurança pública (policiamento e defesa civil), pela fiscalização (disponibilidades
necessárias a manutenção da ordem) e obras (benfeitorias necessárias a possibilidade de
existência conjunta) o único que irá ceifar vidas de um modo quase imediato é a
segurança pública. Fala-se aqui evidentemente do tripé das atividades essenciais do
Estado, inerentes a ele, existindo ainda outras como educação e saúde, que podem ser
desenvolvidas pela iniciativa privada. Este trabalho parte da suposição de que é possível
intervir de modo a mitigar os efeitos de catástrofes, um dos quais, a perda de vidas
humanas e nisso vê a Defesa Civil como braço essencial da segurança pública que é um
dos fundamentos do Estado.
Os projetos na Prefeitura Municipal de Francisco Morato (PMFM) são
desenvolvidos pela associação de várias coordenadorias, ou seja, não pertence
unicamente a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Francisco Morato (COMDEC-
FM) a elaboração, desenvolvimento e conclusão de seus projetos. Porém o foco dado ao
longo deste trabalho é no planejamento junto a COMDEC-FM, considerando apenas
superficialmente as demais coordenadorias. Este foco é necessário, pois, de outra forma,
seria excessivamente extenso este trabalho perdendo com isso bastante clareza. Serão
levantadas, portanto, as dificuldades junto a esta coordenadoria bem como as possíveis
soluções a estes problemas. A COMDEC-FM tem sob seu comando 11 funcionários entre
cargos comissionados, de confiança e concursados, em diversas áreas e funções.
6
2 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS
Conforme Ditticio (2021), a necessidade de formação adequada de clientes e
stakeholders é fundamental em qualquer organização moderna. Um dos graves defeitos
encontrados no âmbito desta coordenadoria está justamente neste aspecto. A Defesa Civil
é do interesse da comunidade e naturalmente que deixar a cargo de uma organização
burocrática tal interesse acaba por alienar a comunidade de algo que é seu: a sua
proteção. Caso haja um deficit episódico por uma causa qualquer (uma pandemia, por
exemplo, ou mesmo guerra, insurreição ou qualquer evento mais dramático) pode vir a
formar-se um defeito no andamento dessa ordem burocrática que acabaria por deixar a
segurança pública sensível demais. Ou seja, ela depende demais do político, do gestor,
do supervisor que poderão estar ausentes ou defeituosos em função de um evento
dramático, pois terão sido afetados por tal evento. Nesse sentido é necessário que os
clientes e demais stakeholders estejam formados e atentos ao andamento de sua própria
necessidade (como acontece com a iniciativa privada e que na pública não tem um
semelhante ou o tem de um modo limitado). Essa noção vem da formulação da ARPANET
que conforme Wikipedia (2021) deu origem a Internet, de início correspondeu a uma
necessidade de preservação de sítios essenciais de informação que danificados numa
parte não deixariam que o todo fosse afetado. A organização era, portanto,
descentralizada, o que em Defesa Civil é crítico. Tais clientes e stakeholders seriam
responsáveis, dentre outras coisas, por exigir o cumprimento de elementos estruturais
básicos em Defesa Civil em suas comunidades e acompanhar o desenvolvimento de tais
projetos de perto. Nisso delimitariam o que lhes é crítico ou apenas importante e
buscariam prioridade, tudo dentro de um orçamento geral limitado (mas que pode ser
ampliado por empréstimos, o que veremos nesse trabalho) e seguindo também uma
ordem de priorização que pela reunião dos stakeholders seria definida (obviamente que
seguindo algum padrão técnico). Nesse sentido os canais de abertura aos clientes e
demais stakeholders precisam estar formulados e em pleno funcionamento. Tal coisa não
acontece na COMDEC-FM, o que percebe-se no andamento do serviço é uma incessante
procurapelos direitos constitucionais essencialmente por aqueles que são melhor
informados destes direitos. Isso se dá através de telefonemas ou mediante a procura no
local por soluções. Mas este tipo de procura é extremamente rara e um excesso local
delas possivelmente prejudicaria o serviço. Ou seja, é necessário que seja formado um
“excesso” ordenado de tais pessoas, pois sem ordenamento tem-se caos e privilégios
focais, o que acaba por ser imoral e disfuncional ao fim de tudo. O estímulo e o
7
acompanhamento destes stakeholders está na origem do principal defeito da Defesa Civil
de Francisco Morato dado que inexiste. Existem estudos para formação de Núcleos
Comunitários de Defesa Civil (NUDEC) que são uma forma primitiva destes stakeholders,
porém em quase 10 anos de serviço continuo, a implantação destas NUDECS não saiu
do papel. Tais núcleos são o elo mais importante do SINDEC (Sistema Nacional de
Defesa Civil), conforme Ministério da Integração Nacional (2007).
2.1 Onde investir em Defesa Civil?
A Defesa Civil segue a mesma lógica de investimento público do restante de uma
Prefeitura: associa-se um benefício a todo e qualquer empreendimento possível e
necessário, ou seja, estabelecem-se benefícios; define-se um sistema de priorização
com pesos ponderados frente a algum elemento de importância (por exemplo, quantas
vidas humanas poupará presumivelmente um determinado projeto), ou seja, definem-se
restrições; verifica-se as disponibilidades de caixa para suprir o projeto junto a outros
(assim saber-se-á até quando ficará limitada a entidade na realização de outro
investimento necessário); tendo tudo isto presente pondera-se qual o maior valor de
benefício atingível (ou próximo a isso) dado que projetos alternativos ficarão, neste
período, prejudicados isso numa mesma faixa de prioridade (devido as restrições) em
função da falta de valores em caixa (o orçamento foi comprometido e a capacidade de
endividamento foi utilizada, etc).
A Defesa Civil age essencialmente nas restrições da equação acima definida, pois
os benefícios são imperceptíveis (ou seja, o orçamento não ficará mais eficiente, ou as
mercadorias não chegarão facilmente na cidade, ou a percepção de bem-estar social não
será afetada, ou os níveis de analfabetismo funcional não serão reduzidos, etc). 
Uma dificuldade deste modelo é que é difícil atribuir um valor aos benefícios, pois
se tratam de aspectos intangíveis. Por exemplo, num deserto a possibilidade de termos
sorvete mediante o uso de eletricidade é importante, trás benefícios óbvios, porém uma
companhia de água que traga irrigação e abastecimento ao local é mais crítica. Quanto
mais importante é ter uma companhia de água em vez de uma de eletricidade, dado que
estão numa região desértica? Outra dificuldade é que ocorrem os chamados pontos de
alavancagem e gargalos. Pontos de alavancagem estabeleceriam benefícios úteis ou
necessários de um modo desproporcional em termos de investimento, por exemplo.
Nesse sentido quanto mais se investir neles melhor, porém, nem tudo pode ser
8
alavancagem, um equilíbrio deve ser estabelecido. Gargalos tem um sentido oposto, ou
seja, são funções habitualmente na forma de processos que comprometem o
funcionamento. O fato de ter-se escolhido a Defesa Civil simplificou sobremaneira estas
dificuldades, pois o elemento definidor nela é a quantidade de vidas salvas em potencial.
Para tanto estabelecem-se áreas de risco e níveis de risco que qualificam tais áreas.
Portanto, quanto melhor a resposta em termos de vidas humanas poupadas dada uma
determinada quantia de valores, tanto mais prioritário é o investimento em tais áreas. 
Classificação da áreas conforme o nível de risco dos moradores, em Regea(2020):
 Áreas com setores de Risco Muito Alto (R4) – Nível 1;
 Áreas com setores de Risco Alto (R3) – Nível 2;
 Áreas com setores de Risco Médio (R2) – Nível 3;
Nisso pode-se perceber que existe erro na metodologia de avaliação do risco, pois
uma solução próxima a ideal para poucos dados disponíveis seria atribuir um peso a cada
tipo de risco (muito alto, alto e médio) conforme os incidentes relatados nos últimos 20 ou
30 anos (risco médio, com peso 1, e os demais proporcionalmente maiores que do médio,
ou seja, 20% a mais que o médio seria 1,2; 3 vezes maior que o médio seria 3 etc). O
número de pontos serve de divisor de uma equação em que o dividendo é o valor da
intervenção. O menor valor dá prioridade. Porém a equação usada em Regea (2020) foi:
Equação 01: (Valor Total da Intervenção na Área ⁄ Totalde Edificações da Área )
Totalde edificações nos SetoresdeMaior Graude Risco da Área
Figura 1. Custo estimado por área de risco e sugestão de priorização (no PMRR)
Fonte: PMRR, no arquivo da Defesa Civil de Francisco Morato, disponível no local
A figura 1 retirada do PMRR exemplifica a questão, pois suponhamos que para o
setor R4 (Risco Muito Alto) tenha 100 edificações e zero edificações nos demais setores à
um valor total de R$ 100 mil teríamos uma prioridade 10 (o que a poria no topo da lista,
cujo maior valor é 42,801). Porém, se estas 100 edificações estivessem em setor R3 a
prioridade seria a mesma para o mesmo valor (novamente no topo da lista) e igualmente
em R2. Ou seja, riscos tão altos quanto 10 vezes maior de uma área para outra podem ter
prioridade igual. Isso ocorre pela falta de ponderação acima explicada. Distorções sérias
podem ocorrer portanto. Posteriormente neste mesmo trabalho discutiremos uma
distorção que causou erros na ordem de 500% nos valores necessários em outras
intervenções.
9
2.2 Execução do planejamento na COMDEC-FM: um desafio
“Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado pra nós
Que somos jovens...”
(Como Nossos Pais, Belchior, 1976)
Via de regra os projetos são contratados através de licitação. Utilizar-se da
iniciativa privada para a consecução de etapas tão críticas como simples e que estão
como que no âmago da governabilidade é postura bastante questionável: o planejamento
tem sido passado a iniciativa privada. Delegam a uma forma corruptível (empresa da
iniciativa privada), dado que isolada, sensível a pequenas variações de mercado (alguém
pode “esquecer” de pagar dívidas que tem comigo na segunda, e até a sexta falirei, pois
meus credores concordaram em ser inexoráveis justamente nesta semana. E coisas
assim acontecem...), etc todo o planejamento de aspectos críticos do desenvolvimento da
coisa pública. Creem que isso seja eficiente. Ora, se algo neste mundo pode ser
incorruptível, obviamente que é antes a coisa pública, não quebrará se for benigna como
o resto. Parece que o terrorismo não é uma chaga exclusiva dos países desenvolvidos ou
dados a radicalismos, a intenção com isso parece ser mesmo assustar
despropositadamente. Como que ignoram a possibilidade de consórcios intermunicipais
na feição de planejamentos, conhecendo o uso desse instrumento. A terceirização pode
até revelar-se muito eficiente na grande maioria dos casos, em especial, nos serviços
operacionais, porém definir com este instrumento o planejamento da coisa pública é como
entregar o ouro ao bandido (é quase como ouvir ao fundo algo marginal reclamar
constantemente disso!). E curiosamente esta é a regra no exercício da coisa pública.
Existe um desnível entre o que se propõe a fazer e o que se é capaz de fazer.
Assim, esses projetos têm ampla abrangência (um planejamento belo e gordo), porém
baixa capacidade de realização (alta complexidade de planejamento em detrimento de
equipes menos capazes de pôr em prática tal planejamento). Ou seja, o planejamento
leva em conta uma equipe que não existe, altamente funcional e plenamente capaz, daí
ser gordo, mas sem retorno, com implementações vazias (rotinas que vão a esmo,que
não se encontram, etc). Delegou-se a um ente privado algo inerentemente público e as
consequências são funestas como veremos ao longo deste trabalho.
10
2.3 Descuidos no acompanhamento de projetos
Ausentam-se ferramentas importantes no desenvolvimento de projetos, dentre elas
podemos destacar: Modularização, reutilização e utilização de ciclos em espiral. Estas
são ferramentas mais do que conhecidas no desenvolvimento de projetos e eliminam uma
série de problemas (ou ao menos minimizam):
1. Em trabalhos como o de Boehm (1988), verificamos que ciclo de
concretização em espiral seria mais apropriado para o problema, porém não foi
considerado. Uma rotina simples é estabelecida e será ampliada progressivamente até
atingir-se o nível esperado do projeto, repetindo-se como que em espirais cada vez mais
complexas aquilo que na essência já havia sido testado e retestado inúmeras vezes.
Como os ciclos mais simples respondem por menores valores, o controle é melhor
estabelecido. Ou seja, firma-se a essência pela simplicidade e após amplia-se
progressivamente (não com passos maiores que as pernas) agregando-se alguma
complexidade salutar e ampliando-se a escala. Tudo grande, perfeito e complexo desde o
início não corresponde a face de nosso país, mas a dos ladrões que roem a nossa
carcaça. O projeto em espiral é mais robusto, pois permite que um sistema rudimentar,
porém funcional exista sempre (mínimo sem o qual não é possível), e a partir daí faz-se
inserções significativas até atingir-se o objetivo. Cada nova espiral é nada mais que a
anterior que sofreu um ciclo de incrementos significativos.
2. Outra opção é modularizar na menor parte viável a qualquer projeto. Essa
abordagem temos no trabalho de Pelegrini (2005) que fez uma recapitualação do conceito
orientando-o a administração da produção. Explicando, fosse uma ferrovia, por exemplo,
deveria ser quebrada nos menores trechos viáveis possíveis e concretizados sempre do
mais viável para o menos viável. Assim, qualquer problema quanto a superestimativas
acaba por se desfazer logo no início da obra (ora, se o trecho mais viável entre dezenas
de outros foi limítrofe quanto à viabilidade, que dirá a maior parte do projeto que é bem
menos viável?). O trecho em questão pode e deve ser utilizado noutro projeto, reduzindo-
se ainda mais qualquer prejuízo (tal projeto deve ser concebido desde o início a fim de
que perfeitamente reutilize os restos do gigante inviável que lhe deu origem. Teríamos
como que projetos geminados, o maior e o menor e o menor sempre pronto para utilizar
os restos do maior na eventualidade de qualquer erro. Essa geminação deveria ser um
critério básico de aprovação do projeto maior, dado que evita perdas enormes no trajeto.
Desiste-se logo no início daquilo que claramente não será possível evitando perdas
maiores e fica-se apenas com aquilo que seria o melhor naquele projeto. Inexiste hábito
11
do gestor quanto a medidas como estas e também inexiste legislação obrigando, ou seja,
sempre haverá superestimação dos benefícios (obra faraônica metida goela abaixo do
povo a qualquer custo, eis nossa condenação!). É algo simples demais para não ser feito.
Isso evidencia a presença de pilantragem que não tem mais fim (dizem que nem a Europa
ou EUA conseguem fugir disso apesar da simplicidade extrema, ou seja, condenaram-nos
a bandidagem!). Inexiste uma gestão capaz de pôr em prática o que foi proposto, pois o
passo é grande demais. E na verdade inexiste gestão qualquer, o controle é vago.
2.4 Análise da demanda dos serviços da COMDEC-FM
Em princípio Francisco Morato conta com 6 agentes de defesa civil concursados,
um coordenador, 2 estagiários, um chefe de operações, um chefe de divisão de oficina e
mais um ou dois agentes de defesa civis em cargo de assessoramento (variável conforme
época). A população deste município gira em torno de 170 mil pessoas com a
peculiaridade de que tem-se 163 setores de risco que necessitam de monitoração
constante. Conforme REGEA (2019) “Foi contabilizado um total de 4.860 edificações nos
setores de risco de escorregamentos, 235 edificações nos setores de risco de
solapamentos, e de 889 edificações nos setores de risco de inundações mapeados,
totalizando 5.984 edificações.”. Tal conjunto deve ser mantido sob controle detalhado, por
exemplo, existe a necessidade de acompanhamento de fissuras nas edificações,
eventualmente mais de uma por edificação a fim de mensurar a progressão do processo
erosivo que lhe deu origem. Este é apenas um serviço de vários outros necessários. Tal
coisa de fato é feita, porém mediante o “feeling” do funcionário responsável mais do que o
uso sistemático de todo o ferramental necessário ao acompanhamento de toda e qualquer
circunstância que necessite de acompanhamento, pois uma quantidade ínfima destas
edificações pode de fato ser acompanhada. Daí poderia presumir-se que a quantia de
funcionários necessários está sendo subestimada. Tem-se dificuldade de abordar tal
demanda de trabalho em função da quantia de agentes dedicados, pois eles
simplesmente não respondem por todo o necessário dado que isso nem é possível. Para
situações como essa obviamente que deve-se utilizar alguma heurística de controle nos
pontos mais críticos ou sensíveis e, de fato, uma boa utilização de tal heurística poria em
dúvida a real necessidade de outros funcionários para cobrir as operações (ora, o pouco
que se faz é tão bem-feito, então por que admitir mais funcionários?). 
12
2.5 Investimentos em Defesa Civil valem a pena?
A utilização de Planos de Contingência em Defesa Civil e Planos Municipais de
Redução de Riscos (PMRR) tendem a trazer em si uma alta relação custo-benefício em
cidades com orçamento limitado como Francisco Morato. O pouco que se tem para a
prevenção de desastres tende a ser mais crítico em cidades com orçamento limitado.
A mensuração do impacto de planos desta ordem pode ser feita de um modo
objetivo (isso pode ser bastante custoso e exigir ferramental analítico significativo) ou
pode ser feita de um modo mais subjetivo (o objetivo dessa análise feita aqui).
O impacto da elaboração de um planos de contingência e PMRR em cidades como
Francisco Morato pode levar em conta fatores como:
1. Precariedade natural do terreno em que a cidade foi constituída com alto
índice de aclives acentuados ocasionando desabamentos;
2. Muitas regiões propensas a enchentes e inundações;
3. Muitas moradias construídas precariamente em terreno inapropriado;
Tendo em vista esses 3 fatores fica óbvio que o impacto tende a ser mais positivo
em cidades como Francisco Morato do que na grande maioria das outras cidades cujas
situações naturais tendem a ser melhores. Deve-se levar em conta, porém o fato de que
os investimentos sucessivos nesse tipo de planejamento tendem a trazer benefícios
progressivamente menores e o orçamento da cidade é bastante limitado. Portanto, fazer
um plano de contingência e um PMRR foi um passo importante, porém a manutenção dos
investimentos nesse tipo de planejamento é um passo questionável, pois os benefícios
tendem a ser bem menores e, em essência, apenas em cidades mais ricas seria sensato
investimentos maiores na área. Ou seja, fez-se o básico e saiu-se de um virtual nada e
descaso crônico na área, daí em diante os investimentos tendem a ter um ganho bem
menor e apenas uma mensuração mais acurada permitiria prever a necessidade ou não
deles conforme a acurácia da análise. O “vale-a-pena-investir-mais-em-contingência/
/PMRR?” é um objeto pertencente mais ao governo estadual dada a dificuldade da
implementação de análises desse tipo e deveria ser fornecido de um modo simplificado as
prefeituras interessadas (isso não é feito). Isso porque obviamente prefeituras de 5, 10 ou
20 mil habitantes tem dificuldadeem pôr em prática um bom serviço desse tipo, padrões
básicos de execução do serviço são requeridos e tais padrões não foram disponibilizados
de modo factível pelo Governo do Estado. O que é feito pelo Governo do Estado é uma
série de treinamentos, além da manutenção de um sistema informatizado que acompanha
os níveis pluviométricos e fluviométricos, condições do tempo e monitora situações de
13
risco notificadas (isso será melhor relatado na parte 4, Sistemas de Informação neste
mesmo trabalho). Um acompanhamento mais sutil e detalhado da implantação destes
sistemas nas defesas civis das cidades não é feito por padrão pelo governo estadual,
tanto que tal sistema não é bem utilizado, não encontrando rotina na COMDEC-FM.
2.6 Setor FRM/061 : Uma amostra do que assola os municípios brasileiros
Este trabalho buscou na segurança pública (Defesa Civil) a sua fonte, obras que
normalmente são críticas. No caso que foi trazido como exemplo temos um problema: a
obra é possível, porém está-se utilizando um milhão de reais para manter 10 casas no
local precariamente. O setor é área de ocupação de terreno público. Gasta-se R$ 100 mil/
casa na correção do terreno na rua Joaquim Cardoso de Oliveira (setor FRM/061)
enquanto na cidade de Francisco Morato tem-se casas em terrenos planos a um custo de
R$ 30 mil a venda, são fartas as opções nesse sentido. E pior, com a devida ordenação
pode-se construir casas com 2 quartos em bom local a um custo tão reduzido quanto R$
17 mil/casa considerando relato do governo do RJ, segundo Campana (2009), que disse
conseguir fazer casas a um custo unitário de R$ 22 mil e considerando o mesmo valor
atualizado para o estado de SP, e, por fim, considerando um regime de mutirão na
construção usando paredes de concreto moldadas “in loco”, o que reduz a zero o custo da
mão de obra e o tempo para construção é tão pequeno quanto 10 dias. Isso amortizado
custaria tão pouco quanto R$ 100/casa ao mês. Em princípio, quem deveria pagar por
isso são os ocupantes, ainda que a prefeitura possa abrandar o impacto dessa dívida,
isso ao desonerar a Prefeitura acaba por viabilizar esse tipo de obra (estas obras postas
nesse termo são em sua maior parte inviáveis frente ao orçamento do município). A
PMFM escolheu mediante orientação da empresa Regea fazer obras no local em vez de
remover os moradores em risco e inviabilizar qualquer ocupação nestes terrenos que são
perigosos. Cometeu este erro porque a opção de retirada do local desconsiderou 2
aspectos:
1. a possibilidade de financiamento aos moradores de nova moradia (são
áreas sem autorização da PMFM, invasões ou irregulares) e portanto sujeitas a demolição
(não parece certo que um conjunto invada uma área totalmente imprópria para habitação
e com isso force os demais munícipes a pagarem a eles por novas habitações noutro
lugar). A PMFM se propõe a dar demais, ou seja, banca toda uma casa de baixo padrão
(porém alto demais para maioria dos que habitam neste município, ora, a maioria dos
14
munícipes sequer põe reboco na casa) ou não banca nada e usa outra opção (como no
caso presente). Por isso habitualmente não banca coisa alguma (inexiste termo sensato:
ou “dá” demais ou não “dá” nada). Tal financiamento desonera completamente a PMFM,
os moradores pagarão pela obra e farão todo trabalho que no sistema moldado “in loco” é
simples, podendo ser executado por trabalhador não especializado.
2. Igualmente esse plano inchou demais os valores das habitações, que estão
bem acima de estimativas feitas noutros locais (uma casa nova foi estimada na faixa de
R$ 100 mil e a demolição das antigas em mais de 50 mil por casa. Ora, tal projeção é
totalmente irreal para o município de Francisco Morato onde consegue-se casas
construídas e regulares a um custo de R$ 30 mil, incluso o terreno).
Figura 2. Tabela SINAPI para os custos de escavação por m3 em diversas situações
Fonte: tabela da SINAPI, disponível em
https://www.caixa.gov.br/poder-publico/modernizacao-gestao/sinapi/Paginas/default.aspx acesso em
16/04/21
Utilizou-se este exemplo (do setor FRM/061), porém todo o PMRR é feito neste
princípio. Nisso a PMFM terá de endividar-se e tal dívida é discutida na última parte.
https://www.caixa.gov.br/poder-publico/modernizacao-gestao/sinapi/Paginas/default.aspx
15
Figura 3. Custo de escavação mecanizada em terra até 10 metros de profundidade
Fonte: tabela da SINAPI, disponível em
https://www.caixa.gov.br/poder-publico/modernizacao-gestao/sinapi/Paginas/default.aspx acesso em
16/04/21
2.7 Aspectos legais da COMDEC-FM 
Os tetos constitucionais são obedecidos. De fato, são compulsórios e é causa de
intervenção num município ou mesmo estado a corrupção da LRF (lei de responsabilidade
fiscal). Conforme a constituição federal, 20% dos cargos de confiança devem ser
sacrificados e posteriormente até 100% dos funcionários públicos estáveis podem
igualmente o ser caso a LRF seja corrompida. A Constituição Federal mediante a LRF
força que 60% dos gastos com funcionalismo seja o teto, ou seja, é o máximo de gasto
que se pode ter [caso haja ainda algum funcionário “estável” para demitir, pois os de
confiança (80% deles na verdade) poderão permanecer todos em seus cargos,
independentemente da quantia que representam aos cofres públicos. Essa é a
Constituição Federal (Brasil, 1988), conforme o artigo 169, ainda que o artigo 41 defina
que o servidor público é estável e defina apenas 3 situações na qual pode ser demitido:
servidor sentenciado, que sofreu processo administrativo até o fim ou com baixo
desempenho].
Atualmente, vivenciamos nas cidades um contexto cada vez mais presente de
insegurança urbana. É urgente a necessidade de mudança de atuação dos organismos
de segurança pública treinando a gestão de políticas públicas de riscos e desastres,
responsabilidade dos órgãos de defesa civil, a agir com mais humanidade e rapidez
evitando, assim, o aprofundamento do sofrimento social das pessoas afetadas por
https://www.caixa.gov.br/poder-publico/modernizacao-gestao/sinapi/Paginas/default.aspx
16
situações de desastre, ou mesmo daquelas vivendo em locais inóspitos e sem condições
de qualidade de vida e segurança. As ações referentes a esse tópico, constantes no
Plano de Governo 2021/2024 da Prefeita eleita Renata Sene são:
• Implementação das obras e serviços, através de convênios, previstos no Plano
Municipal de Redução de Riscos (ODS 11 Metas: 11.5 e 11.7); 
• Ampliar monitoramento e fiscalização das áreas de risco. (ODS 11 Metas: 11.3 e
11.4); 
• Implantar o Plano Municipal de Habitação. (ODS 11 Meta: 11.1); 
• Implementar ações para prevenção de enchentes: Construção de Piscinões;
Desassoreamento de rios/córregos; Manutenção ampliação do sistema de
drenagem de águas pluviais. (ODS 11 Meta: 11b)
2.8 Sugestões Na Otimização De Projetos
A otimização de projetos na Prefeitura de Francisco Morato, em especial, no âmbito
da Defesa Civil é algo que pode ser feito, e não faltam sugestões nesse sentido. O rol não
é de forma alguma conclusivo ou exaustivo, tem-se aqui apenas alguns elementos mais
óbvios frente a outras prefeituras próximas que têm cuidado melhor desse aspecto.
Outras sugestões foram dadas ao longo do próprio trabalho e seria demais repeti-las aqui.
Vejamos estas poucas:
• Uso de consórcios intermunicipais na tentativa de reduzir custos de
serviços comuns (a região é particularmente propicia e isso dada a contiguidade de várias
cidades). No âmbito da Defesa Civil isso parece imprescindível, pois permitiria o melhor
uso dos funcionários públicos e permitiria uma base de equipamentos mais bem
constituída e preservada. Os projetos poderiam ser mais bem conduzidos dessa forma e
as prefeituras poderiam trazer para si a prática de melhor definir os próprios rumos
(normalmenteos projetos são encomendados a iniciativa privada via licitação). A
condução por vias próprias ajuda a evitar riscos a segurança nacional e o uso de
consórcios é o instrumento que viabiliza isso.
Considerando as condições socioeconômicas, ambientais da região e
considerando especialmente o fato de Francisco Morato fazer divisa com
quatro municípios (Atibaia, Campo Limpo Paulista, Franco da Rocha e
Mairiporã) sugere-se que o município, em parceria com a Coordenadoria
Regional de Defesa Civil da Região Metropolitana / M-3 – Guarulhos
(REDEC/M-3) e com outras instituições de âmbito regional, discuta e
promova a criação de uma instância intermunicipal para construir uma
17
política regional destinada a uma gestão de risco de desastres integrada
regionalmente. [PMRR, pág. 45 conforme Regea(2020)]
• Busca por padrões de excelência universais junto aos demais órgãos da
prefeitura com o uso de auditorias internas e investigações administrativas a fim de captar
inadequações no uso dos funcionários. Tal empreendimento deveria partir do governo
estadual devido a magnitude dos gastos e abrangência do uso (uma única prefeitura
buscar para si tais padrões pode ser custoso demais, exceto para algumas poucas no
Brasil). Portanto, um protótipo básico estadual para estas atividades parece crítico, sendo
que em cima deste básico mais robusto e melhor constituído poder-se-ia desenvolver algo
ainda melhor (algo como blocos de lego perfeitamente constituídos inseridos em
estruturas mais amplas igualmente legadas: a escolha é do administrador municipal,
porém os padrões básicos precisam ser preservados, tanto no nível de processos quanto
na formulação de programas). O Governo do Estado parece preservar um costume
secular de deixar as prefeituras ao Léu, ou seja, otimizadas são as máfias e coisas
semelhantes. Isso não é segredo a ninguém. Dessa forma, ilhas de excelência
mascarando uma paisagem desoladora não aconteceriam em Prefeitura alguma, um
básico seria preservado de modo que mal governantes não passassem por bons dado
que possuem obras excelentes e pontos de excelência em sua administração precária. O
que vemos é obras dotadas de alguma excelência serem amplamente divulgadas em
meio a centenas de outras precarizadas. E isso ganha eleições. O governo federal parece
ignorar tal aspecto observando índices financeiros superficiais feitos de um modo
duvidoso que ilustram uma paisagem que não é verdadeira. Os serviços de auditoria
externos, bem como os Tribunais de Contas parecem francamente comprometidos. Ou
seja, os bons tratos na fachada não denunciam a precariedade da casa e o governo
central parece estar mais preocupado com a fachada dado que em época recente sequer
fachada havia (a LRF e outros instrumentos semelhantes, por exemplo, apenas evitariam
problemas mais grosseiros, os pequenos grãos que sistematicamente corroem a estrutura
pública são ignorados. É de grãos de arroz que se enche o prato, não com pencas de
bananas perfeitamente visíveis).
• Realização sistemática de pesquisas a fim de coletar as necessidades da
população, prática incomum neste município e que tem bom retorno. Isso poderia ser feito
de modo passivo ou ativo: de modo ativo os agentes da prefeitura poderiam ir até os
locais e fazer questionamentos sobre diversos assuntos do interesse do município e de
modo passivo poderiam ser disponibilizados a população questionários que seriam
respondidos espontaneamente e de modo a coletar os anseios e preocupações dos
munícipes, dependendo da iniciativa individual das famílias. Trata-se de um recurso
18
barato, simples e subutilizado neste município. Na prática, deveria ser um padrão básico
imposto pelo Governo do Estado dado o caráter lesivo da ausência de meios como esse.
Claro que nisso tudo não devemos deixar de levar em conta o óbvio: para baixo
tudo é fácil, difícil é erguer. Ou seja, uma ausência de resposta positiva a sugestões como
as aqui expostas não significa propriamente que a sugestão é inadequada. Uma resposta
negativa pode antes evidenciar sabotagens sistemáticas na máquina pública do que a
inércia ou inadequação da ação. Teríamos dessa forma antes a possibilidade de
verificarmos alguma espécie de ataque hostil feito de modo subjetivo e para tanto meios
melhores de coleta da real efetividade das ações precisam ser desenvolvidos .
Infelizmente estamos quase que condenados a perceber a efetividade de um meio pelo
resultado bruto dele, mas isso mais encobre ataques.
Nisso percebemos a falta de controle. Tais serviços poderiam contar com 3
instrumentos:
1. A testagem (simulação de danos de todo o tipo de natureza e
acompanhamento do encaminhamento destes danos: foi detectado e tratado? Ou a
inserção de comércios falsos de uma variedade de tipos para o teste das estruturas de
contenção de fraudes, obviamente que comércios necessários em zonas carentes dele.
Algo assim poderia ser feito de zona para zona do estado, pela troca entre os consórcios
dos municípios. Feitas as testagens no correr dos anos tais comércios poderiam ser
vendidos a iniciativa privada com lucro), Trata-se de uma prática de corregedoria da
fiscalização e de outras estruturas municipais, responder-se-ia questões como: o
município é fraudável? Por que? Onde estão os pontos frágeis? Entre outras.
2. a contraprova (duplicar os serviços as cegas através de serviços de
auditoria total e inequivocamente isolados um do outro, tanto temporalmente quanto física
e por origem: mesmo os concursos deveriam ser conduzidos de modo independente).
Trata-se de uma variação do famoso método Delphi, e
3. A fragmentação (um auditor controlaria apenas a sabotagem, outro apenas
erros contábeis, outro apenas fraudes, outro apenas outro elemento e assim por diante).
Isso encontra viabilidade em consórcios intermunicipais.
19
3 MATEMÁTICA FINANCEIRA
No âmbito da COMDEC-FM, o foco deste trabalho, tem-se poucas oportunidades
de perceber o uso da matemática financeira. Conceitos apresentados por Cavaleiro
(2020) como taxa de juros, equivalência de taxas, equivalência de capitais, DIAGRAMA
DE FLUXO DE CAIXA (Regime de capitalização dos juros, Regime de capitalização
simples, Montante e capital em capitalização simples), DESCONTO SIMPLES RACIONAL
OU “POR DENTRO”, Desconto bancário ou comercial ou “por fora”, REGIME DE
CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA (Juros compostos, Taxas proporcionais e equivalentes em
capitalização composta), SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS E
FINANCIAMENTOS [Sistema Financeiro da Habitação (SFH), Sistema de Amortização
Constante (SAC), SAC com carência], SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS (SAF
com carência), TABELA PRICE (Sistema de amortização misto), SISTEMA DE
AMORTIZAÇÃO AMERICANO [Sinking fund ou fundo de amortização, Sistema de
Amortização Crescente (Sacre)]: nenhum destes têm uso corrente em projetos no âmbito
desta coordenadoria ainda que estejam mais presentes noutros departamentos desta
prefeitura. Os motivos são óbvios, a parte que cria os projetos não é a parte que executa,
tampouco a que controla. Nesta prefeitura a gestão pertence a outra coordenadoria.
No entanto, faremos uma simulação utilizando-nos de um evento típico dentro do
Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) com uma rua qualquer que necessite das
tratativas deste plano. A abordagem será feita utilizando-se de diversos sistemas de
amortização a fim de que tenhamos uma noção das vantagens e desvantagens de tais
sistemas frente a situação contábil da prefeitura deste município.
3.1 Setor FRM/061: proposta de intervenção em área de risco.
Na rua Joaquim Cardoso de Oliveira que retiramos do PMRR como exemplo,
temos a seguinte situação: o custototal gira em torno de um milhão de reais, 56% dos
quais advém da remoção do material rompido (no caso em questão do solo mole) no valor
total de R$ 601.381.28 conforme figura 1 na página seguinte.
Devemos atentar para o fato de que não se trata de rocha, pois se o fosse
inexistiria risco de escorregamento. Trata-se de solo mole portanto. Ora, o trabalho é
executado dominantemente com maquinário conforme descrito nas figuras 2 e 3 na
20
próxima página, extraídas da SINAPI, de modo que o custo máximo chega a atingir gira
em torno de R$ 5 por metro cúbico. No entanto, os valores projetados são de R$ 400 por
metro cúbico (bem acima dos custos de explosão de rocha e remoção posterior, que
estão entre os valores mais caros possíveis para um empreendimento dessa natureza,
conforme a própria SINAPI).
Para custos dessa ordem, seria mais simples a remoção das casas em questão,
em torno de 5 casas sob risco iminente (quanto as demais, intervenções mais simples
eliminariam o risco), dado que se tratam de estruturas simples de alvenaria com
acabamento rústico. A reconstrução em local mais apropriado seria, portanto uma
indicação melhor para resolução dessa situação. A remoção e reconstrução das casas em
questão (que estão irregulares em área de ocupação de terreno público) representaria um
custo de no máximo R$ 200 mil no total (considerando terrenos próximos, conforme
avaliação recente).Apresentada melhor a situação faremos então uma digressão sobre os
custos da amortização do empréstimo necessário ao empreendimento em questão.
Figura 4. Custos de remoção de terra (por m3 e total) no setor FRM/061
Fonte: PMRR obtido junto a COMDEC de Francisco Morato elaborado por Regea (2020)
3.2 Projeções na amortização de empréstimo no setor FRM/061
Temos que em Regea (2020) alguns dados apresentados. Por exemplo: Total
Estimado das Medidas de Intervenção + Investigação e Elaboração de Projeto Básico:
1.074.222,06. Faremos com este total necessário a esta intervenção, uma projeção
21
comparativa entre o Sistema de Amortização Constante (SAC) e o Sistema de
Amortização Francês (SAF) conforme Cavaleiro (2020).
TABELA 1. Paralelo entre o comportamento do SAC e do SAF
SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS (SAF)
Período Saldo
Devedor
Amortizaçã
o
Juros
1%
Prestação Saldo
Devedor
Amortizaç
ão
Juros Prestação
0 1.074.222,06 - - - 1.074.222,06 - - -
1 984.703,56 89.518,50 10.742,22 100260,72 989.520,95 84.701,11 10.742,22 95.443,33
2 895.185,05 89.518,50 9.847,04 99365,54 903.972,83 85.548,12 9.895,21 95.443,33
3 805.666,55 89.518,50 8.951,85 98470,35 817.569,23 86.403,60 9.039,73 95.443,33
4 716.148,05 89.518,50 8.056,67 97575,17 730.301,60 87.267,64 8.175,69 95.443,33
5 626.629,5 89.518,50 7.161,48 96679,98 642.161,28 88.140,31 7.303,02 95.443,33
6 537.111,045 89.518,50 6.266,29 95784,79 553.139,57 89.021,72 6.421,61 95.443,33
7 447.592,54 89.518,50 5.371,11 94889,61 463.227,63 89.911,93 5.531,40 95.443,33
8 358.074,035 89.518,50 4.475,92 93994,42 372.416,58 90.811,05 4.632,28 95.443,33
9 268.555,53 89.518,50 3.580,74 93099,24 280.697,42 91.719,16 3.724,17 95.443,33
10 179.037,025 89.518,50 2.685,55 92204,05 188.061,06 92.636,35 2.806,97 95.443,33
11 89518,52 89.518,50 1.790,37 91308,87 94.498,35 93.562,72 1.880,61 95.443,33
12 0,01 89.518,50 895,18 90413,68 0,00 94.498,35 944,98 95.443,33
TOTAL 1.074.222,06 69824,42 1144046,42 1.074.222,06 71.097,89 1.145.319,9
5
Fonte: material elaborado pelo próprio autor
Aqui deve-se compreender algo: o endividamento está na essência do que faz um
gestor público, é preciso saber quando endividar-se ou não. Se as atividades
desenvolvidas na Prefeitura forem melhor conduzidas que a iniciativa privada, a Prefeitura
provavelmente terá juros menores do que aquilo que é capaz de oferecer aos cidadãos
sobre os empréstimos que eventualmente faça, do contrário os juros tendem a superar e
nesse sentido os empréstimos são indicados essencialmente em algumas situações mais
críticas que exijam urgência. Ou seja, o estado pode atrair para si o maior número de
funções possíveis se estas funções forem melhor desenvolvidas por ele do que pela
iniciativa privada (isso acaba por se traduzir nos juros cobrados sobre empréstimos).
Assim é necessário que o estado assuma a maior quantidade possível de funções, o que
torna necessário endividamento (no caso algo bem próximo do limite legal). O contrário
também é verdadeiro, conforme metodologias neoliberais, ou seja, se o estado for ineficaz
deveria reduzir o tamanho (exceto quanto as funções típicas de estado). Porém, com a
ressalva de que os neoliberais parecem simplesmente ter abandonado qualquer
perspectiva do estado trazer para si funções da sociedade. Para eles o estado sempre
será ineficaz (sabem eles de algo que o povo desconhece?). Pregam o estado mínimo, ou
seja, eles desistiram de ser eficientes enquanto estado, como se um pé invisível estivesse
22
sobre suas cabeças e eles hasteassem a bandeira da rendição dizendo “ok, que vá tudo
pela privada mesmo!”.
Contudo, caso existam indicações para empréstimo qualquer que seja o motivo, o
sistema de amortização escolhido depende do quanto se prevê que a Prefeitura terá
disponível em caixa para pagamento das parcelas (ou seja, o quanto cedo ou tarde ter-se-
á disponível os valores necessários ao começo do pagamento das parcelas em termos de
disponibilidade, conveniência, etc), bem como a regularidade desta disponibilidade. Se
houver uma disponibilidade constante pode-se utilizar a tabela Price (Sistema Francês).
Se existir uma previsão de entrada inicial de capitais maior, então o SAC pode ser mais
indicado, pois o montante correspondente aos juros é menor. Se a Prefeitura for capaz de
arrolar os valores que tem disponíveis melhor em média que os juros cobrados, ou seja,
no caso em questão se a Prefeitura de Francisco Morato for capaz de arrolar os capitais
disponíveis de modo que se tenha mais de 1% ao mês sobre o total do capital, os
empréstimos são sempre indicados (supõe-se que qualquer empresa que faça
empréstimos seja capaz de pagar ao menos os juros de tal empréstimo, do contrário
quebraria, dado que sequer paga o que pegou emprestado). Para esse caso, quanto
maior o endividamento melhor para Prefeitura, pois representa mais valores em caixa
naquilo que ela é capaz de gerenciar melhor do que o mercado, podendo fornecer ela
mesma um ganho real maior do que o mercado (superior a 1% ao mês), seja qual for a
referência de análise (é indicativo de boa gestão, pois após pagas todas as dívidas ainda
sobra o suficiente para manter um empréstimo). O endividamento evidentemente tem
limites, conforme Tesouro Nacional Transparente (2020), por exemplo, a LRF – Lei de
Responsabilidade Fiscal - que permite um endividamento de 120% do orçamento da
Prefeitura de Francisco Morato (tal lei vê a média das prefeituras como que irresponsáveis
a ponto de ter que limitar o teto do endividamento. Ora, em princípio caberia ao
emprestador perceber se o que pega empréstimo é capaz ou não de pagar suas dívidas,
porém parece haver uma espécie de má vontade geral nos emprestadores, pois
emprestam mesmo vendo o barco naufragar. Tem-se ai um comportamento pernicioso e,
em princípio, pareceria mais razoável a lei restringir o emprestador do que a prefeitura
que pega empréstimos. Se as prefeituras são em média “irresponsáveis”, então caberia
ao emprestador arcar com os riscos e portanto ele é quem deveria tomar o cuidado
necessário ao fazer os empréstimos. Obviamente que uma prefeitura não pode quebrar, e
nisso o emprestador tira vantagem indevida. Então deveria haver um outro dispositivo
legal que equivalesse a quebra numa prefeitura, que uma vez atingido inexoravelmente
eliminasse a possibilidade de ter de pagaro empréstimo). Nada disso é feito, e portanto
os bons pagadores (a maioria das cidades, por suposição) são punidos naquilo que são
23
eficazes, para que os maus pagadores (uma minoria) permaneçam sem cair demais (a
restrição deveria estar antes no emprestador). Lembremos que a LRF foi imposta noutra
época, quando as prefeituras de um modo geral eram bastante irresponsáveis e a dívida
pública interna era enorme, então fez-se uma generalização simplória enorme em que
toda e qualquer prefeitura teria como limite 120% do orçamento geral com endividamento
e 60% com pagamento de funcionalismo (dentre outras limitações). Isso ajudou a salvar o
barco noutra época, porém nos faz afundar nesta época (manter as pessoas na UTI
indefinidamente, pode salvá-las no início, mas depois algumas podem deprimir demais ao
ficarem presas em local tão difícil…). É uma regra na gestão pública neste país haverem
muitos para fazerem serviços simples e que tem como resultado normalmente coisas
como esta: mais uma vez remédios são usados para matar o paciente de overdose. Mas
ainda assim são remédios, quem duvidará?
24
4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO
Os sistemas de informatização da Defesa Civil do Município de Francisco Morato
estão essencialmente atrelados àquilo que é oferecido pela Defesa Civil do Estado de
São Paulo.
4.1 O Sistema de Informação da Defesa Civil de Francisco Morato
 Tem-se, em princípio, os serviços meteorológicos estaduais que fornecem boletins
meteorológicos matutinos e vespertinos e previsões em 72 horas, bem como a previsão
de 5 dias. Pode-se consegui-los através do SIDEC.
Na decretação de estado de emergência ou estado de calamidade pública (a
Prefeitura Municipal de Francisco Morato pode apenas declarar) é necessária a
homologação estadual e para tanto tem-se mediante informatização a plataforma S2ID
(Sistema Integrado de Informações sobre Desastres) e isto é feito obedecendo prazos
conforme a Instrução Normativa 02, de 20 de dezembro de 2016. Tal formulário (FIDE
Formulário de Informações do Desastre) deve ser preenchido na página web do
SINPDEC (Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil). Tal declaração permite a
liberação de recursos estaduais e nacionais através da SEDEC (Secretaria de Defesa
Civil) do Governo do Estado de São Paulo mediante o uso de cartão eletrônico fornecido.
Isso agiliza o tratamento emergencial da situação.
Não podemos deixar de falar do SIDEC (Sistema Integrado de Defesa Civil
disponível em http://www.sidec.sp.gov.br) que como o próprio nome diz integra as defesas
civis do estado de São Paulo. Cadastramento de dados pluviométricos, comunicação
preliminar de ocorrência (de desastres, etc) e boletins meteorológicos atualizados são
alguns dos recursos oferecidos pelo site. O melhor uso desse sistema depende em
essência de participação voluntária das prefeituras (o que parece ser uma falha da
legislação estadual a respeito), o que deixa para o âmbito da boa vontade política
decisões importantes que se têm como capazes de salvar vidas humanas. E, o que se
tem visto em particular na prefeitura de Francisco Morato é que o espírito de corpo destas
prefeituras parece descrer nessa pretensa capacidade humana salvífica baseada, em
especial, nos sistemas de informação, nas cooperações mútuas entre municípios.
Francisco Morato, em particular, aparentemente teria uma defesa civil mais forte se esta
25
área participasse de consórcios intermunicipais de Defesa Civil com as cidades de Franco
da Rocha, Caieiras, Cajamar e Mairiporã dado que todas estas cidades têm porte
semelhante e apresentam problemas similares do ponto de vista geográfico e também
pela proximidade. Os gastos seriam melhor conduzidos dado que responderiam a várias
cidades e seriam otimizados para atender a população de todas estas cidades, a mão de
obra dedicada também seria melhor utilizada e os gastos com materiais seriam melhor
conduzidos também, pois o material comum a todas perderia ociosidade excessiva. A
frota de veículos está em boa parte sucateada ainda que com relativo excesso, em vez de
um conjunto de veículos relativamente novo e menos numeroso.
O SAISP (Sistema de Alerta de Inundações de São Paulo), bem como o SNIRH
(Sistema de Hidro-Telemetria Nacional da Agência Nacional de Águas – ANA) são os dois
principais instrumentos para monitoramento do nível de rios e inundações e igualmente
são disponibilizados para tal. No âmbito da Defesa Civil de Francisco Morato é bem pouco
usual a utilização destes sistemas, faltando realmente uma melhor integração.
Por fim, o CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres
Naturais) é outra ferramenta disponível para os municípios monitorados por ele. E-mails e
SMS são enviados aos cadastrados na perspectiva iminente de desastre e em outras
situações importantes. A exemplo das ferramentas de monitoramento do nível dos rios
vistas anteriormente, tais ferramentas apesar de disponíveis são de pouco uso no âmbito
desta Defesa Civil.
Como sistema alternativo a defesa civil estadual disponibiliza a REER/SP REDE
ESTADUAL DE EMERGÊNCIA DE RADIOAMADORES. Trata-se da opção feita pelo
governo do estado para substituir o uso de satélite de comunicação na integração da
defesa civil do estado. Na verdade a escolha é nacional, preferiu-se por motivo
desconhecido amparar-se num sistema de radioamador em detrimento do uso de um
satélite de comunicação na integração das forças de defesa civis em níveis nacional,
estadual e regional. Ou seja, em alguma calamidade pública nacional – um furacão ou
terremoto de larga escala ou maremoto – teremos essencialmente esses sistemas para
gerenciar a população, dado que os sistemas usuais de comunicação tendem a ser
desarticulados em função da calamidade pública, seja porque foram destruídos
diretamente, seja porque estarão congestionados pelo uso intensivo da população. Deixar
nas mãos de amadores algo tão crítico em detrimento do uso de satélites dedicados ou
mesmo da formação de uma rede de “radioprofissionais” (o termo inexiste, mas é
neologismo óbvio aos radioamadores que são obviamente amadores) permanente
utilizando-se para isso o atrelamento a algum ganha-pão (formar-se-ia uma nova
26
categoria profissional) é atitude bastante preocupante em se tratando de uma “opção”
governamental. Porém, foi o que foi feito.
4.2 Monitoramento e análise: duas notáveis ausências.
No âmbito dos sistemas de informação algumas ausências importantes têm sido
observadas. Uma delas é de sistemas de análise mais sofisticados dado o caráter prolifico
de tais sistemas na modernidade. Obviamente que a condução de tais politicas deve ter
origem no governo do estado bem mais do que nas prefeituras que de um modo geral
estão bastante alienadas nesse aspecto (notáveis exceções são Barueri e a cidade de
São Paulo). Isso poderia dar-se mediante o sensoriamento remoto dos níveis das chuvas,
dos níveis dos rios e do avanço das chuvas entre estas localidades. Tal coisa realmente
não acontece apesar da relativa fartura destes meios. 
Igualmente não utilizam-se câmeras no monitoramento de áreas críticas. Câmeras
hoje em dia são baratas e permitem monitoramento remoto e seguro de áreas de risco
(apenas 100 câmeras permitem o monitoramento de todas as áreas de risco dessa
cidade, a um custo relativamente reduzido). Em dias de enchente tal recurso seria
importante pois permitiria verificar simultaneamente no local a subida das águas e
também permitiria o acompanhamento das edificações mais sujeitas a desabamento
antes mesmo que vizinhos notifiquem a defesa civil qualquer transtorno maior. Existem
softwares que acompanham quadro a quadro imagens de câmeras, sendo que qualquer
modificação brusca nas imagens (indicativode desabamento, por exemplo) seria
automaticamente notificado a defesa civil que analisando as imagens poderia agir
imediatamente. Tal coisa apesar da simplicidade não é utilizada.
Alternativamente poderiam ser utilizados drones (aparelhos semelhantes a
helicópteros normalmente com 4 hélices e de pequeníssimo porte, usual para filmagens
em áreas difíceis e sensoriamento remoto, além de geoposicionamento) nesse tipo de
empreitada apesar destes serem tão acessíveis quanto brinquedos hodiernamente (o
custo deles é próximo de um brinquedo e a utilidade é óbvia no sentido de monitorar
populações em estados de calamidade, pois o acesso por ser aéreo não encontra
bloqueio em parte alguma e é bem mais amplo do que aquele feito mediante helicópteros,
por razões de custo). Uma barreira ao uso desse tipo de material é a bateria que,
conforme levantamento em campo junto a instrutor da Defesa Civil, é de pouca duração
(coisa de 45 minutos nos melhores modelos). Porém tal justificativa não se mantém, pois
27
as baterias podem ser trocadas e várias podem ser compradas para o mesmo modelo
(são mais baratas que o aparelho e permitem uma extensão de uso considerável dado
que 2 ou 3 baterias carregadas simultaneamente permitiriam o aparelho manter-se
permanentemente em voo). Alguns modelos permitem a troca da bateria, mas mesmo
estes não são utilizados. A vantagem dos drones em relação as câmeras é a flexibilidade,
pois permite uma melhor fiscalização (uma ação de fiscalização que demoraria mais de
meia hora, na passagem de poucos bairros da cidade, com um drone se daria em poucos
minutos), isso pode vir a ser crítico nos termos a que se propõe a Defesa Civil (parte-se
da crença de que a prevenção é capaz de poupar vidas humanas, logo a velocidade do
atendimento seria essencial).
A terceira grande deficiência nos sistemas de comunicação da Defesa Civil é a falta
de integração com outros setores da mesma Prefeitura. A importância dessa integração
fica evidente no trabalho de Santos (2015). Para tanto utiliza-se apenas o telefone e o e-
mail, inexistindo software capaz de levar aos departamentos responsáveis notificações
recebidas pela defesa civil. Por exemplo, uma construção irregular ou qualquer outra
notificação/denuncia recebida que geraria uma ação noutros departamentos é unicamente
anotada para posterior digitação, num processo que leva dias para ser concluído. Tal
coisa poderia ser imediata caso o atendimento fosse integrado com os demais
departamentos responsáveis da prefeitura, que neste caso receberiam tal notificação no
tempo em que ela é anotada.
28
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se ao longo deste trabalho vários aspectos, dentre os quais a dificuldade
de implantação de projetos no âmbito de uma Defesa Civil municipal. Tal dificuldade tem
origem externa (abandono do governo estadual e federal) e origem interna (formulação
dos stakeholders e escolha da origem do modelo de planejamento). Igualmente verificou-
se que ela está organizacionalmente pouco estruturada, demonstrando precariedade e
isso reflete um estado geral ao longo de toda Prefeitura deste município. Conclui-se que
falta a formulação de um conjunto de leis mais apropriadas e investimentos no sistema de
controle da máquina pública, dado que sobra capital para investimento, . 
Fica evidente que algum nível de endividamento é saudável para esta prefeitura,
em especial, se levarmos em conta a falta de estruturação em todos os níveis nesta
prefeitura em especial na COMDEC-FM, objeto deste trabalho. Obviamente que não se
está pregando o descumprimento da LRF, porém bem aquém do teto estabelecido tem-se
limites saudáveis de endividamento que permitiriam uma melhor manutenção da máquina
pública nesta cidade. A essência da ineficiência da prefeitura desta cidade no âmbito
desta coordenadoria está na incapacidade de assumir dívidas que sejam capazes de
resolver num espaço curto de tempo uma série de mazelas e ineficiências, apontadas ao
longo deste trabalho, bem como corrigir a origem do sistema de planejamento mediante o
uso de consórcios intermunicipais, e do auxílio dos governos Federal e Estadual, pouco
integrados.
A solução em Defesa Civil no âmbito desta cidade está obviamente na
transferência dos moradores para áreas saudáveis mediante programa habitacional de
baixo custo e inviabilização de novas ocupações nos locais evacuados. Isso pode ser
conseguido mediante empréstimos que seriam repassados aos moradores transferidos e
não unicamente mediante o pagamento integral da Prefeitura, ação que tem inviabilizado
o uso deste procedimento. Dada a obviedade da solução, percebeu-se grave erro nas
recomendações do PMRR que simplesmente ignoram a melhor solução para o estado de
abandono pelo qual passa 15% da população deste municipio.
REFERÊNCIAS
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DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
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da Universidade Federal do Paraná, 2005. Obtido em:
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