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CENTRO UNIVERSITARIO MAURÍCIO DE NASSAU - UNINASSAU CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO BRENNER CUNHA BRANDÃO DE CASTRO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AS CONDUTAS DAS EMPRESAS ESTATAIS: UMA ANÁLISE AO PRIN- CÍPIO DA EFICIÊNCIA. PARNAÍBA-PI 2021 FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU - PARNAÍBA CURSO DE DIREITO BRENNER CUNHA BRANDÃO DE CASTRO AS CONDUTAS DAS EMPRESAS ESTATAIS: UMA ANÁLISE AO PRINCÍPIO DA EFI- CIÊNCIA. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentada ao Curso de Direito da Faculdade Maurício de Nassau - Parnaíba como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. Fábio Silva Araújo PARNAÍBA-PI 2021 BRENNER CUNHA BRANDÃO DE CASTRO AS CONDUTAS DAS EMPRESAS ESTATAIS: UMA ANÁLISE AO PRINCÍPIO DA EFI- CIÊNCIA. Esta monografia foi submetida ao curso de Direito da Faculdade Maurício de Nassau - Parnaíba como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. A citação de qual- quer trecho desta monografia é permitida desde que feita de acordo com as normas da ética científica. Monografia apresentada à Banca Examinadora: _________________________________________ Prof. Fábio Silva Araújo (Orientador) Universidade Estadual do Piauí _________________________________________ Prof. Dr. Fulano de Tal (Membro) Universidade Tal _________________________________________ Prof. Ms. Fulano de Tal (Membro) Universidade tal Parnaíba 2021 FICHA CATALOGRÁFICA Castro, Brenner Cunha Brandão de, 1998 -. As condutas das empresas estatais: uma análise ao princípio da eficiência / Brenner Cunha Brandão de Castro 2021. 70f. ; 31 cm Orientador Fábio Silva Araujo, Monografia (graduação) – Universi- dade Maurício de Nassau, Curso de Bacharelado em Direito, 2021. 1.Empresas Estatais. 2. Princípio da Eficiência 3. Princípio da Livre Concorrência - Monogra- fia. I. Araujo, Fabio Silva. II. Faculdade Maurício de Nassau, Bacharelado em Direito. III. Título. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelos cumprimentos de suas promessas na mi- nha vida, ao meu pai Edimar Brandão de Castro e a minha mãe Adriana Maria Cunha, a minha irmã Nalanda Cunha Brandão de Castro que me deram todo suporte e amparo para alcançar essa vitória, também a minha namorada Bruna Mendonça Feitosa que es- teve presente ao meu lado me apoiando e incentivando em cada obstáculo. Ao Prof. orientador que me orientou e esclareceu minhas dúvidas, bem como outros magníficos professores que tive o imenso prazer e oportunidade de conviver nesse perí- odo acadêmico. Aos meus amigos de curso, fulano, fulano, fulano, dentre outros, que estiveram ao meu lado no decorrer desses cinco anos de graduação O que quer que você faça, faça bem feito. Faça tão bem feito, que quando as pessoas te virem fazendo, elas queiram voltar e ver você fazer de novo, e queiram também trazer outros para mos- trar o quão bem você faz aquilo que faz. (WALT DISNEY) RESUMO O texto mostrará a importância da aplicação do princípio da eficiência em uma organização estatal, para isso será abordado temas de relevante interesse e de fácil iden- tificação na realidade atual, exemplificando casos para que torne a leitura mais significa- tiva ao leitor, que no decorrer do texto poderá se familiarizar com as situações narradas, gerando um questionamento proposital para que o leitor se sinta confortável em dar seu parecer sobre o tema proposto. O texto foi aplicado segundo as leis brasileiras, porém o leitor poderá se deparar com situações que se encontram não somente no brasil, como também em outros países. PALAVRAS-CHAVES: (Princípio da Eficiência; Empresas Estatais; Privatização). ABSTRACT The text will show the importance of applying the principle of efficiency in a state organization, for this it will address topics of relevant interest and easy to identify in the current reality, exemplifying cases so that it makes the reading more meaningful to the reader, who during the text may become familiar with the narrated situations, generating a purposeful questioning so that the reader feels comfortable giving his opinion on the proposed theme. The text was applied according to Brazilian law, but the reader may encounter situations that are found not only in Brazil, but also in other countries. PALAVRAS-CHAVES: (Principle of Efficiency; State-owned companies; Privatization). SUMÁRIO 1. JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 11 2. PROBLEMÁTICA ................................................................................................... 13 3. OBJETIVOS ............................................................................................................ 16 3.1 GERAL ............................................................................................................................... 16 3.2 ESPECÍFICOS .................................................................................................................. 16 4. METODOLOGIA ..................................................................................................... 17 4.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA ................................................................................. 18 4.1.1 Classificação da pesquisa proposta ...................................................................... 18 4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 20 4.2.1 Local onde se realiza a pesquisa ........................................................................... 20 4.2.2 Universo e autores escolhidos para compor o quadro amostral ....................... 20 4.2.3 Instrumentos de coleta de dados a ser utilizado ................................................. 20 4.2.4 Bases éticas adotadas pelo pesquisador ............................................................. 21 5. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 22 6. A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO PRINCIPIO DA EFICIÊNCIA PARA CONCRETIZAÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO ............................................................. 24 6.1 A PRIVATIZAÇÃO DA EMPRESA PODE MELHORAR A EFICIÊNCIA ................. 28 7. ANÁLISE DE COMO A ESTABILIDADE DO SERVIDOR, A ALTA INTERFERÊNCIA POLÍTICA E A CORRUPÇÃO GERAM PROBLEMAS NA EFICIÊNCIA DAS ESTATAIS ........................................................................................ 34 7.1 A ESTABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO GERA PROBLEMÁTICA NA EFICIÊNCIA ............................................................................................................................. 34 7.2 A ALTA INTERFERENCIA POLÍTICA .......................................................................... 37 7.3 A CORRUPÇÃO GENERALIZADA ............................................................................... 41 8. LIVRE CONCORRÊNCIA COMO MOTIVAÇÃO PARA MELHORAR A EFICIÊNCIA ................................................................................................................... 47 8.1 A PRESSÃO COMPETITIVA .................................................................................. 50 8.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS ........................................................................ 51 8.3 A LINHA TÊNUE ENTRE AS VANTAGENSE DESVANTAGENS DO MONOPÓLIO ESTATAL ........................................................................................................ 52 8.4 A MONOPOLIZAÇÃO DE SERVIÇOS ESSENCIAIS ............................................. 60 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 62 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................. 63 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 64 1. JUSTIFICATIVA Nosso ordenamento jurídico vem sofrendo alterações constantemente, e isso vem sofrendo influência das novas tendências que vem surgindo, foram anos de evoluções desde a histórica revolução industrial, até chegarmos a este ponto. As empresas privadas vêm se adaptando bem a essas inovações, com surgimento da internet houve uma faci- litação na relação entre consumidor, onde há serviços que são prestados sem sequer o consumidor sair do conforto de sua casa. No entanto vemos que algumas empresas es- tatais não se destacam nesse ponto, parando no tempo e não se importando com base no serviço prestado, no tocante, o sitio Portal Gestão1 (2011) ressalta: O papel das empresas na sociedade é amplo. Elas servem para produzir bens e serviços que satisfazem as necessidades dos consumidores. Nesse processo, as empresas geram lucro, criam riqueza. Essa riqueza é distribuída não só pelos proprietários, como também pelos colaboradores, fornecedores, Estado e a soci- edade em geral. Para além do papel financeiro, as empresas também têm um papel cívico. Ajudam a resolver problemas que afetam a generalidade das pes- soas. Por exemplo, as empresas patrocinam iniciativas de cariz cultural, científico e social. (PORTAL GESTÃO, 2011). Nesse ponto destacamos a importância do estudo do tema, uma vez que estamos tratando de relações que atendem inúmeras pessoas, como é o serviço das empresas, não importando sua origem, sejam estatais ou privadas. As empresas devem prestar ser- viços de qualidade e eficiente aos seus consumidores, o tema proposto tem o objetivo de analisar de maneira minuciosa a condutas das empresas estatais e porque algumas se diferem tanto das empresas privadas. Muitas pessoas não entendem a diferença de empresas públicas para empresas privadas e algumas ainda acham que os serviços prestado por empresas estatais são prestados como favores a sociedade, um equívoco que se torna muito presente entre as pessoas, no entanto, não devemos pensar por este ponto, uma vez que, as empresas 1 GESTÃO, Portal. Qual é o papel das empresas na sociedade? [S. l.], 7 jan. 2011. Disponível em: https://www.portal-ges- tao.com/artigos/6317-qual-%C3%A9-o-papel-das-empresas-na-sociedade.html#:~:text=O%20papel%20das%20empre- sas%20na%20sociedade%20%C3%A9%20amplo.,empresas%20geram%20lucro%2C%20criam%20riqueza.&text=Por%20exem- plo%2C%20as%20empresas%20patrocinam,cariz%20cultural%2C%20cient%C3%ADfico%20e%20social. Acesso em: 7 dez. 2020. públicas são mantidas com o dinheiro do estado, tal dinheiro que vem a partir do recolhi- mento de impostos que são pagos pela sociedade, então, partindo deste pensamento, podemos notar que os serviços prestados por empresas estatais são pagos de maneira indireta pelo consumidor deste serviço, e que por muitas vezes não se sentem no direito de cobrar por um serviço de boa qualidade. Este tipo de pensamento de que há uma benevolência na prestação de servi- ços das empresas estatais não acata somente os consumidores, mas também aqueles ali que estão exercendo a manutenção destes serviços, alguns, por pensarem por este ponto, acham que podem prestar serviços a qualquer modo e mesmo assim está sendo prestativo para com a sociedade. Esse tema vem levantando interesse em demasia, com o surgimento da inter- net e da sua facilidade em acessar notícias do mundo todo, podemos ver como são re- presentados os papéis de empresas estatais e privadas, com isso podemos ver uma di- ferença, tanto no tratamento da empresa pública para os consumidores e também dos consumidores para as empresas públicas. Esse tratamento difere das empresas priva- das, umas vezes que estão a mercê dos seus consumidores. Nesse ponto há uma con- duta totalmente diferente, quando falamos do tratamento das empresas privadas para com os clientes. Como explica Raphael Monteiro2 (2017): O primeiro problema, que é fundamental para entendermos que empresa estatal é uma aberração econômica e que não deveria existir, é saber que uma estatal não segue a regra número 1 que rege as empresas privadas, que é o sistema de lucro e prejuízo (MONTEIRO, 2017) Não obstante, não são apenas esses problemas que vemos com as empresas estatais, há inúmeras falhas nesse sistema que serão abordadas durante o decorrer da leitura. Há a necessidade de uma pesquisa avançada para entendermos quais seriam as melhores soluções para este problema, posto que, há diversas empresas que prestam serviços público e muitos destes serviços são essenciais para vários aspectos de nossas vidas, seja para trabalho, exercer direitos, emissões de documentos, entre outros. 2 MONTEIRO, Raphael. O problema das empresas estatais. [S. l.], 16 abr. 2017. Disponível em: https://www.investidorinternacio- nal.com/o-problema-das-empresas-estatais/. Acesso em: 7 dez. 2020. 2. PROBLEMÁTICA Recentemente houve uma discussão sobre a privatização das empresas estatais que perduraram por algum tempo, isso nos faz refletir sobre alguns assuntos. Porque não privatizam logo e porque isso é tão difícil? Para ajudar o entendimento vamos analisar este parágrafo escrito por Pamela Oliveira3 (2019) e publicado no sitio Brasil de Fato: Para além dos efeitos posteriores à desestatização para o cotidiano da popula- ção, a preocupação é também com os prejuízos financeiros que podem resultar da venda das empresas, já que os investimentos públicos em estrutura e equipa- mento não costumam ser considerados no momento dos leilões. Um caso em- blemático para ilustrar a questão é o do serviço de telefonia, desestatizado em 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Por 21 anos, os equi- pamentos e redes de infraestrutura telefônica, avaliados em R$ 100 bilhões, fo- ram usufruídos pelas empresas privadas, sem nenhum custo adicional, por meio de uma concessão. Mais recentemente, o Congresso ainda determinou que todo o patrimônio físico pode ser incorporado em definitivo pelas empresas, gratuita- mente. (OLIVEIRA, 2019) A problemática da privatização das empresas estatais não é tão simples assim, posto que, se trata de uma perspectiva muito ampla e que não são fáceis de identificar. Muitos consumidores, funcionários de empresas estatais e políticos não querem a extin- ção das empresas estatais e todos tem motivos pessoais que envolvem essa decisão. Pode haver alegações de que empresas estatais, por prestarem serviços gratuitos a so- ciedade (nem todos), serão ótimas opções para a sociedade, porém esquecem de men- cionar que nem todos os serviços são gratuitos, como já mencionado anteriormente, há uma cobrança de impostos para que se tenha os salários dos empregados dessa em- presa públicos, tais impostos são retirados da sociedade, então nem todos os serviços são gratuitos, uma vez que você está pagando indiretamente por eles. Funcionários alegam uma melhor oportunidade em empresas estatais, os motivos são os mais variados, mas podemos citar a questão da estabilidade adquirida por eles, portanto, em decorrer dessa estabilidade eles teriam um futuro menos incerto, só que mais uma vez esquecem de citar os problemas que isso gera, muitos funcionários que adquirem essa estabilidade acham que não vão mais sair da empresa pública e por conta 3 OLIVEIRA, Pamela. Privatização: o que significa vender empresas estratégicas para asoberania nacional?. [S. l.], 13 dez. 2019. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2019/12/13/privatizacao-o-que-significa-vender-empresas-estrategicas-para-a- soberania-nacional. Acesso em: 7 dez. 2020. https://www.brasildefato.com.br/2019/09/25/lei-doa-patrimonio-publico-de-rdollar-100-bi-para-empresas-de-telefonia/ https://www.brasildefato.com.br/2019/09/25/lei-doa-patrimonio-publico-de-rdollar-100-bi-para-empresas-de-telefonia/ disso destratam os consumidores desses serviços e por muitas vezes prestam um serviço de má qualidade e a qualquer modo. Políticos apoiam empresas públicas, muitos querem trazes mais empresas estatais, outros defendem a não privatização podendo alegar motivos como a prestação de servi- ços essenciais a sociedade, alguns desses político escondem um lado obscuro diante dessas empresas públicas, a corrupção. A corrupção não fere apenas o campo ético, mas também fere uma sociedade in- teira, desvio de dinheiros que seriam destinados a criação de hospitais, escolas, creches, e que vão para as mãos de políticos, isso acarreta um impacto grande na sociedade. De acordo com Rodrigo Polito4 (2019), em sua matéria publicada no sitio Valor Investe: O prejuízo de R$ 6,2 bilhões relativo a desvios de conduta e atos de corrupção revelados pela força-tarefa da Operação Lava-Jato e contabilizado pela Petrobras nas demonstra- ções financeiras de 2014 pode ter sido subdimensionado, de acordo com o presidente da estatal, Roberto Castello Branco. “De acordo com o balanço divulgado pela Petrobras em abril de 2015 [relativo a 2014], foi feita uma estimativa de perdas de R$ 6 bilhões. Creio que essa estimativa, por melhor que tenham sido os critérios que orientaram a sua elaboração, não corresponde à realidade”, afirmou o executivo durante evento promovido pela companhia sobre melhores práticas de gestão, realizado ontem no Rio. (POLITO, 2019) O objetivo da presente pesquisa é ensejar um pensamento referente a empresas estatais e suas atitudes diante da sociedade como um todo, portanto, temas como cor- rupção, descaso com o consumidor, dentre outro não podem passar despercebidos. Vamos apresentar um dos problemas das empresas estatais em um caso hipotético, você como consumidor, está precisando de um serviço, para isso você procura uma em- presa privada, chegando no local, você fala com a atendente para solicitar o serviço, a atendente lhe trata grotescamente e é muito mal educada, você então resolve que não vai mais solicitar serviços naquele local e procura outra empresa, ao chegar na outra empresa o atendimento é o melhor possível, eles lhe tratam bem e ainda servem um café, ao solicitar o serviço a atendente lhe informa que será necessário que você vá a uma 4 POLITO, Rodrigo. Corrupção na Petrobras pode ter superado R$ 6,2 bi. [S. l.], 10 dez. 2019. Disponível em: https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/empresas/noticia/2019/12/10/corrupcao-na- petrobras-pode-ter-superado-r-62-bi.ghtml. Acesso em: 22 maio 2021. empresa estatal para que eles possa emitir um documento em seu nome e é isso que você faz, ao chegar na empresa público você se depara com outra atendente mal edu- cada que lhe trata mal e sequer lhe dá atenção, você volta furioso, ressaltando consigo mesmo que não voltaria a pisar naquele local e nem lhe solicitaria mais serviços, ao re- tornar a empresa privada que havia lhe atendido você é informado novamente que preci- sará do documento para que o serviço seja prestado e que somente aquela empresa estatal emite tal documento, você ficará sujeito a voltar e solicitar os serviços daquela empresa que lhe destratou, pois, por se tratar de empresa estatal, não há outra na sua cidade que preste o mesmo serviço, você ficará a mercê da empresa pública. Podemos ressaltar também um problema passado pelo autor que vos escreve, que comprou um produto da china e o mesmo veio com defeito, solicitou a devolução e optou por enviar a mercadoria de volta pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos por ter o envio mais barato, no entanto ao chegar na unidade de sua cidade foi informado que a mesma estava sem “selos internacionais” e por isso não poderiam fazer o envio da mer- cadoria, informaram ainda que se optasse por enviar o produto teria que se deslocar a outra cidade, cerca de 110km de distância, para conseguir fazer o envio, pois lá sim, tinha selo internacional. Diante do exposto questiona-se: • Qual tipo de empresa seria melhor para atender a população, pública ou privada? • Empresas públicas poderiam realizar um serviço de melhor qualidade se fossem mais fiscalizadas? • A melhor opção para ter uma organização eficiente seria a privatização? 3. OBJETIVOS 3.1 GERAL Pesquisar sobre a eficiência das organizações em diferentes contextos. 3.2 ESPECÍFICOS • Como as empresas públicas tem atuado diante do contexto atual? • Conhecer como há a observância do princípio da eficiência nas organizações. • Alterações de leis poderiam resolver esta questão? 4. METODOLOGIA A metodologia é uma etapa fundamental para o desenvolvimento de uma pesquisa científica, onde instrumentaliza os procedimentos a serem realizados, será apresentado uma análise detalhada dos caminhos que foram tomados do início ao fim da pesquisa. Para que o pesquisador chegue ao seu objetivo final há caminhos que necessitam ser trilhados, a metodologia é um caminho de suma importância para todos os projetos cien- tíficos, que facilita, não somente a tomada de decisões, mas também a estruturação da pesquisa. A metodologia em si é uma estruturação de conhecimentos onde o autor irá utiliza- la para encaixar sua pesquisa no trabalho científico. Entendemos metodologia por o ca- minho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade (MINAYO, 2016, p.16). Para Severino (2007) o trabalho científico: [...] refere-se ao processo de produção do próprio conhecimento científico, ativi- dade epistemológica de apreensão do real; ao mesmo tempo, refere-se igual- mente ao conjunto de processos de estudo, de pesquisa e de reflexão que carac- terizam a vida intelectual do estudante (SEVERINO 2007, p. 17-18) [...] Os métodos e as técnicas auxiliam o autor a seguir o caminho da problemática para chegar a uma conclusão, onde serão localizados erros no decorrer do trajeto. Segundo Lakatos5 Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa científica podem ser selecionados desde a proposição do problema, da formulação das hipóteses e da delimitação do universo ou da amostra. Importante ressaltar que há um ponto que deva ser considerável durante o decorrer da pesquisa, o da não neutralidade. A tese da não neutralidade indica que o autor não poderá expressar seu posicionamento durante o decorrer da pesquisa, devendo ter im- parcialidade em relação ao assunto e na hora de coletar informações que serão neces- sárias para o desenvolvimento científico. Nesse sentido, Chizzotti6 (2001) diz que: O pesquisador deve abstrair-se de toda subjetividade passional que conduz ao erro, à precipitação e à irracionalidade, para assumir uma neutralidade diante de 5LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. A. Fundamentos da Metodologia Científica. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 83. 6 CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001. 164 p. divergências, oposições ou conflitos ideológicos, tornando-se um sujeito neutro, lógico ou epistêmico (CHIZZOTTI, 2001, p. 164.) Foi utilizado nesta pesquisa uma metodologia que é dividida em duas partes, afim de chegar à resolução da problemática em que se trata a presente pesquisa. A primeira se trata da abordagem metodológica, que se refere aos métodos da pesquisa. A segunda são os Procedimentos Metodológicos, onde contemplamos as técnicas utilizadas 4.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA A abordagem metodológica é ordenada a partir de diversos tipos declassificações, abordando ideias que serão cruciais para o desenvolvimento da pesquisa. Organizar es- sas ideias auxilia o autor no domínio do conteúdo da problemática, como também nas suas tomadas de decisões durante o decorrer do trabalho sintetizando ideias que se for- maram em um único contexto. 4.1.1 Classificação da pesquisa proposta A presente pesquisa está elencada na esfera das Ciências Sociais Aplicadas, uma vez que, visa analisar a atuação das empresas estatais na sociedade, sendo de suma importância uma análise detalhada sobre o assunto para que haja um entendimento substancial. Sendo conforme o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec- nológico7 (CNPq). O sitio da Unibh8 estabelece que a área de Ciências Sociais Aplicadas reúne campos de conhecimento interdisciplinares, voltados para os aspectos sociais das diversas realidades humanas. A análise das condutas das empresas estatais no contexto da realidade atual visa entender como está relacionado a prestação de serviços dessas empresas para a socie- dade, como a estatal se organiza, fazer uma comparação com empresas privadas e che- gar à conclusão se realmente uma empresa estatal seria a melhor opção, tendo como base a privatização das mesmas. 7 CNPQ. Tabela de áreas do conhecimento. Disponível em: <http://www.cnpq.br/documents/10157/186158/TabeladeAreasdoCo- nhecimento.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2019 8 UNIBH, Blog. O que são as Ciências Sociais Aplicadas?. Sitio, 30 out. 2020. Disponível em: https://www.unibh.br/blog/o-que-e- realmente-estudado-na-area-de-ciencias-sociais-aplicadas/. Acesso em: 7 dez. 2020. Neste sentido podemos estabelecer que a presente pesquisa tem a finalidade pura, contribuindo para um conhecimento já existente, que está se formulando através das ideias e que visa chegar a uma conclusão lógica. Segundo Gil (GIL, 2019ª)9 a pesquisa pura, é um tipo de pesquisa que reúne estudos com a finalidade de preencher uma lacuna no conhecimento. O presente projeto se trata de uma pesquisa exploratória, onde há uma investigação como também a exploração de um problema, Juliana Diana10 (DIANA, 2019) explica que a pesquisa exploratória procura explorar um problema, de modo a fornecer informações para uma investigação mais precisa. No presente trabalho, será abordado uma pesquisa bibliográfica, portanto, será uti- lizado para a compreensão do assunto livros, artigos, periódicos, doutrinas, decisões ju- risprudenciais e outros tipos de materiais de cunho científico. Como ensina Fonseca11 (2002, p. 32) a pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teó- ricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Vale ressaltar, também, que a presente pesquisa tem natureza qualitativa, já que não leva por base eventos estimáveis. Visa compreender a atuação das empresas esta- tais, não somente do âmbito federal, mas também no âmbito dos estados, utilizando meios que irá levar a uma conclusão lógica sobre o assunto. Segundo Minayo12 (MINAYO 2001, p.21-22) a pesquisa qualitativa se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de signifi- cados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser redu- zidos à operacionalização de variáveis. 9 GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2019ª. 10 DIANA, Juliana. Pesquisa descritiva, exploratória e explicativa. Sitio, 2019. Disponível em: https://www.diferenca.com/pes- quisa-descritiva-exploratoria-e-explicativa/#:~:text=A%20principal%20diferen%C3%A7a%20entre%20esses,para%20compreen- der%20causas%20e%20efeitos. Acesso em: 7 dez. 2020. 11 FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila. 12 MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. p21-p22. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001. https://blog.mettzer.com/artigo-cientifico/ https://blog.mettzer.com/artigo-cientifico/ https://blog.mettzer.com/metodologia-de-pesquisa/ 4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4.2.1 Local onde se realiza a pesquisa Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica é importante ter em mente o contexto em que ela está inserida, por isso será tomado por base os trabalhos, obras e artigos dos seguintes autores: Aloysio Biondi, Rafael Wallbach Schwind, Alessandro Octaviani, Irene Patrícia Nohara, Alexandre Santos de Aragão, Rodrigo De Lima Leal e entre outros au- tores para que haja um entendimento amplo sobre o assunto. 4.2.2 Universo e autores escolhidos para compor o quadro amostral Como é de saber, a presente pesquisa tem o intuito de analisar as condutas das empresas estatais no contexto da realidade atual. Os autores já mencionados foram es- colhidos a partir de critérios, o mais importante deles é o de que os autores criaram obras que trazem influência e conhecimentos acerca do assunto da presente pesquisa, que serão de total valor para o desenvolvimento do presente trabalho. Não há relevância bus- car em autores que não mencionam o tema do presente trabalho. 4.2.3 Instrumentos de coleta de dados a ser utilizado Como já foi dito, para um bom desenvolvimento devemos utilizar métodos e técnicas que serão de suma importância, o instrumento a ser utilizado na pesquisa será a técnica da professora Laurence Bardin, essa técnica é denominada como Analise de Conteúdo, para Bardin13 (2011) a análise de conteúdo significa: Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por pro- cedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensa- gens (Bardin, 2011, p. 47). 13 Bardin, L.(2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70. p. 47. https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Aloysio+Biondi&text=Aloysio+Biondi&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Rafael+Wallbach+Schwind&text=Rafael+Wallbach+Schwind&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Alessandro+Octaviani%3B+Irene+Patr%C3%ADcia+Nohara&text=Alessandro+Octaviani%3B+Irene+Patr%C3%ADcia+Nohara&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Alessandro+Octaviani%3B+Irene+Patr%C3%ADcia+Nohara&text=Alessandro+Octaviani%3B+Irene+Patr%C3%ADcia+Nohara&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Alessandro+Octaviani%3B+Irene+Patr%C3%ADcia+Nohara&text=Alessandro+Octaviani%3B+Irene+Patr%C3%ADcia+Nohara&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/Alexandre-Santos-de-Arag%C3%A3o/e/B001JOGEBA/ref=dp_byline_cont_book_1 https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Rodrigo+De+Lima+Leal&text=Rodrigo+De+Lima+Leal&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 4.2.4 Bases éticas adotadas pelo pesquisador A presente pesquisa se encontra em conformidade com a resolução Nº 466 de 12 de dezembro de 2012. Nesta obra se encontra todos os requisitos para um conteúdo ético, respeitando a dignidade, a liberdade e a autonomia do ser humano. Um desenvol- vimento científico deve sempre respeitar e agir de forma ética, trazendo benefícios para a sociedade em geral. Segundo o Portal Fiocruz14 Ciência e ética caminham juntas, em busca do crescente progresso sempre em benefício da humanidade e do planeta. 14 FIOCRUZ, Portal. Ética em pesquisa. Sitio, 2019. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/etica-em-pesquisa.Acesso em: 7 dez. 2020. 5. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem o intuito de levar o leitor a entender melhor sobre como é aplicado o princípio da eficiência dentro das Estatais, bem como realizar comparações com empresas privadas, para que haja uma combinação de ideias que facilitem o enten- dimento. De fato, as Empresas Estatais sempre foram alvo de muitas críticas, não somente dos usuários dos serviços públicos, como de empresas que trabalham lado a lado com as estatais. Há uma ideia de que Estatais são cheias de burocracia e isso acabaria atra- palhando a eficiência da mesma, porém este trabalho se atentou a entrar mais afundo para entender se somente a burocratização atrapalha a prestação de serviços público. Para entendermos sobre como a Administração Pública busca efetivar a aplicação do princípio da eficiência foi abordado temas como a corrupção, a alta interferência polí- tica, dentre outros assuntos que iremos ver durante o decorrer da leitura. O texto, por algumas vezes, deixa de lado a classificação de Estatais e Empresas Privadas para que possamos entender como o princípio da eficiência não se encontra somente na Administração Pulica, mas em todas Empresas que zelem pela prestação de serviço de qualidade, bem como pela satisfação dos usuários de seus serviços. O princípio da eficiência estudado de maneira isolada parece algo maravilhoso, algo que se aplicado a qualquer Empresa a elevaria ao mais alto nível, no entanto, não é isso que vemos na realidade. O primeiro capitulo fala sobre a importância da aplicação do princípio da eficiência para a concretização de uma Empresa, no subtópico podemos entender que a privatiza- ção de um Estatal não a exime da aplicação do princípio da eficiência, como também pode haver uma mudança significativa na aplicação do mesmo. O segundo capitulo fará uma análise de como a estabilidade do servidor, a alta interferência política e a corrupção destroem o princípio da eficiência dentro das Estatais. A PEC 32/2020 visa abolir a estabilidade de alguns servidores, há pessoas que são a favor e outras contra a PEC. com a leitura você conseguirá entender melhor sobre essa divisão. Já no terceiro capitulo conseguimos entender como a livre concorrência melhora a eficiência, explicando que a pressão competitiva gera uma disputa e consequentemente uma melhora na qualidade do serviço, pois o usuário tem a possibilidade de escolher a Empresa que tem melhor relevância. Neste capitulo falaremos também como o monopó- lio pode ser prejudicial e benéfico para a população que utiliza seus serviços. Em suma, o objetivo deste trabalho é transparecer ao leitor a importância da aplica- ção do princípio da eficiência nas Empresas Estatais, levando os mesmos parâmetros para empresas privadas para que possa haver um entendimento do que seria necessário para realizar uma prestação de serviço adequada e eficiente a população. 6. A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO PRINCIPIO DA EFICIÊNCIA PARA CONCRETIZAÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO Para entendermos melhor sobre a importância da aplicação do princípio da eficiên- cia devemos começar analisando as organizações como um todo, sem distinguir se é pública ou privada. Gerir um negócio ou uma organização, seja privada ou pública, se torna um trabalho de- safiador e complexo. Para que a administração de uma empresa tenha sucesso, é preciso ter estratégias específicas para o nicho em que atua, como também para seus empregados. Locais de trabalho ineficientes não é algo pelo qual um colaborador se esforça. En- contrar essas ineficiências e ser capaz de eliminá-las costuma ser mais difícil do que simplesmente reconhecer sua existência. Quando se trata da equipe de Gestão da sua empresa, provavelmente há muitas melhorias que podem ser feitas, para que você possa transferir mais recursos para as linhas de frente da empresa. No jogo corporativo, não é apenas o número de funcionários que separa os vence- dores dos perdedores, mas também a receita (quando falamos em empresas, estamos nos referindo a empresas estatais e privadas). Os reais indicadores de maior eficiência operacional são a alocação inteligente de recursos, maiores taxas de uso, uma cultura de segurança psicológica e muitos outros fatores. Acerca do da eficiência nas estatais, o Sitio NSC15 Total (2017) se posicionou: “Por não ser um país sério, a lei maior do Brasil exige textualmente que a admi- nistração pública seja eficiente, quando tal postura deveria decorrer naturalmente da atuação dos administradores. Eficiência nada mais é do que o oposto de len- tidão, omissão e negligência. Com exceções, essas são as características da ad- ministração pública brasileira, por mais que os nossos mandatários sustentem o contrário. Somos bombardeados pelos meios de comunicação com exemplos de ineficiência estatal: suspensão de serviços essenciais de saúde; corrupção nos órgãos públicos; atraso no pagamento dos servidores; falência do sistema carce- rário; suspensão de obras; decretação de calamidade financeira; criação e ma- nutenção de cargos em comissão desnecessários, entre outros “ (NSC TOTAL, 2017) 15 NSC TOTAL (Brasil). A ineficiência estatal. [S. l.], 16 set. 2017. Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/a-ineficien- cia-estatal. Acesso em: 16 maio 2021. Melhorar as operações não é um movimento único. Este é um trabalho comum que requer otimização de processos, pessoal, finanças e tecnologia. Não existe um remédio universal que possa compensar o modelo de negócios escalonável e transformar a em- presa em uma máquina que funcione bem da noite para o dia. Em última análise, a via- bilidade financeira de projetos e serviços depende do equilíbrio de todos os elementos e é o resultado de uma melhoria contínua. Ocorre que as estatais, sejam empresas públicas, sociedade de economia mista ou qualquer outro tipo de regime, recebem dinheiro público, o que torna mais fácil ocasionar a elevação amplificada no início do empreendimento, nas empresas privadas não é da mesma forma, empresários devem iniciar o negócio pensando em diversos fatores, como investimento, que sai do seu bolso, e lucratividade. No início de um empreendimento privado todo o lucro se torna praticamente revestido dentro da empresa, sendo impres- cindível uma boa gestão e uma boa eficiência operacional. O investimento privado se torna amplamente de alto risco, já que se não obtiver lucro não haverá como renovar os estoques ou pagar os funcionários, o lucro vem da empresa e é aplicado dentro dela. Se a organização consegue manter um alto nível de eficiência, então deve ser capaz de usar os mesmos recursos para gerar maiores lucros em cada projeto. Dessa forma, empresas com alta eficiência operacional são frequentemente comparadas a máquinas que funcionam bem, podem operar em novos mercados, mas ainda assim são lucrativas. Nos dizeres de Celso Antônio Bandeira de Melo16 (2013): "Quanto ao princípio da eficiência, não há nada a dizer sobre ele. Trata-se, evidentemente, de algo mais do que desejável. Contudo, é juridicamente tão fluido e de tão difícil controle ao lume do Direito, que mais parece um simples adorno agregado ao art. 37 ou o extravasamento de uma aspiração dos que burilam no texto. De toda sorte, o fato é que tal princípio não pode ser concebido (entre nós nunca é demais fazer ressalvas obvias) senão na intimidade do prin- cípio da legalidade, pois jamais suma suposta busca de eficiência justificaria postergação daquele que é o dever administrativo por excelência. Finalmente, 16 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2013. anote-se que este princípio da eficiência é uma faceta de um princípio mais amplo já superiormente tratado, de há muito, no Direito italiano: o princípio da ‘boa administração’". (MELO,2013,p.98). Tradicionalmente, a administração pública baseia-se na obtenção de eficiência no trabalho por meio do cumprimento de metas relacionadas ao fornecimento de bens e serviços públicos. Portanto, a eficiência encontrou um lugar permanente no estudo da administração pública e da administração privada. Para fazer comparações e definir metas, as organizações precisam avaliar seu de- sempenho. A avaliação de desempenho sempre esteve relacionada às suas tarefas e atividades e ao seu ambiente operacional. Para as empresas privadas, medir o desem- penho é muito simples, pois o único padrão é claramente definido e fácil de medir, ou seja, o objetivo de maximizar os lucros. Isso se baseia em condições monetárias e, por- tanto, fornece uma base clara e simples para comparação e avaliação. De acordo com Carlos Frederico Rubino Polari de Alverga17 (2013): “Como exemplo concreto do conceito de eficiência, podemos mencionar o da construção de um hospital público em dois distritos diferentes de um mesmo mu- nicípio. Consideremos que o gestor público municipal, o prefeito, é auxiliado por dois gestores públicos distritais, cada um deles atuando num distrito diferente. Em princípio, consideraremos que os custos dos insumos são os mesmos. O produto seria o hospital construído funcionando. No distrito A, o hospital constru- ído funcionando custou R$ 300 mil, e no distrito B, onde o gestor público conse- guiu obter alguns descontos com fornecedores de insumos, o mesmo hospital custou R$ 280 mil. Desta forma, tem-se que o gestor público do distrito B foi mais eficiente do que o gestor público do distrito A, tendo em vista que o hospital do distrito B teve um custo de construção inferior ao do seu congênere do distrito A. Neste caso específico, a mensuração da eficiência diz respeito à minimização do custo, tendo em vista que o exemplo se refere à obtenção de um mesmo produto, qual seja, a construção de uma unidade de hospital público” (Alverga, 2013) Em contrapartida, medidas para aprimorar o desempenho de uma organização cujo propósito de existência é diferente do lucro, como as empresas estatais, estão abertas para discurssão. Embora os insumos possam geralmente assumir a forma monetária, o fluxo de saída não é facilmente mensurável em termos monetários e ainda têm uma base 17 ALVERGA, Carlos Frederico Rubino Polari de. O princípio da eficiência na administração pública brasileira. [S. l.], 2013. Dis- ponível em: https://jus.com.br/artigos/25399/o-principio-da-eficiencia-na-administracao-publica-brasileira. Acesso em: 14 maio 2021. de valor onde a maximização dos lucros, diferente das empresas privadas, pode não ser o objetivo final da existência. Com base nisso, maximizar os lucros pode não ser o obje- tivo final da sobrevivência. Esse é um motivo para cautela ao explorar o conceito de efi- ciência no campo da gestão pública. Segundo Alexandre Gomes de Aragão18 a regra na nossa Constituição é que as atividades econômicas são livres para a iniciativa privada e vedadas à iniciativa pública (arts. 1º, IV; 170;173, CF), ou seja, o Estado, a priori, está proibido de explorar atividades econômicas. Em outros países como a Espanha acontece o contrário, uma vez que há igualdade entre os dois. Para concretizar uma boa administração pública a Constituição Federal19 (1988), em seu artigo 37 trouxe princípios que almejam concretizar uma melhor eficiência na máquina pública, como podemos ver: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princí- pios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (BRA- SIL, 1988, art. 37) [...] (grifo do autor) O princípio da eficiência está ligado a maneira de aplicação do serviço prestado a sociedade, devendo ter um objetivo claro de rendimento funcional, com resultados posi- tivos para que haja uma satisfação da população que usufrui de tais serviços. Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro20 (2002): “O princípio apresenta-se sob dois aspectos, podendo tanto ser considerado em relação à forma de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atuações e atribuições, para lograr os melhores resultados, como também em relação ao modo racional de se organizar, estru- turar, disciplinar a administração pública, e também com o intuito de alcance de resultados na prestação do serviço público” ... (Di Pietro, 2002, p. 83). 18 ARAGÃO, Alexandre Santos. Empresas Estatais: O Regime Jurídico das Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista. 2. ed. rev. e atual. [S. l.]: Forense, 2018. 501 p. 19 BRASIL. [Constituição (1988)]. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Capítulo VII, art. 37. [S. l.: s. n.], 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 30 maio 2021. 20 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2002. A eficiência é um principio de suma importância, porém não deixa a relevância dos demais princípios de lado, podemos falar no conjunto como sendo indivisível e aplicável ao serviço público. Hely Lopes Meirelles21 (1996) fundamenta que o princípio da eficiência se carac- teriza como: “o que se impõe a todo o agente público de realizar suas atribuições com pres- teza, perfeição e rendimento profissional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com le- galidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros”, e acres- centa que “o dever da eficiência corresponde ao dever da boa administração” ... (Meirelles, 1996,p. 90). Ocorre que por muitas vezes, gestores públicos e até mesmo políticos, nem sempre buscam o menor custo e uma boa eficiência em suas decisões. Em uma empresa privada o objetivo é a obtenção de lucro para gerir o negócio, no entanto em uma organização que presta serviços gratuitos para a população como fomentar o real objetivo? Embora a prestação de serviços públicos seja complexa e desafiadora, ainda se espera que as organizações públicas atendam a uma ampla gama de valores públicos, como eficácia, eficiência, justiça e capacidade de resposta. Um dos debates mais contundentes sobre a prestação de serviços públicos é se os serviços são melhor prestados por uma organização pública que faz parte formalmente da hierarquia administrativa ou pela contratação de um ator privado que opera em um determinado mercado. 6.1 A PRIVATIZAÇÃO DA EMPRESA PODE MELHORAR A EFICIÊNCIA A privatização que surgiu nas discussões públicas não é uma proposição econômica clara e absoluta. Em vez disso, cobre uma ampla gama de atividades diferentes, todas as quais envolvem a transferência do fornecimento de bens e serviços do setor público para o setor privado. Por exemplo, a privatização inclui a venda de ativos públicos a pro- 21 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1996. p. 90. prietários privados, simplesmente interrompendo programas governamentais, contra- tando serviços anteriormente prestados por organizações estatais a produtores privados e permitindo que essas empresas entrem em mercados que antes eram monopólios. A privatização também significa coisas diferentes em diferentes partes do mundo - onde os fundamentos da economia e o propósito a que a privatização serve podem ser diferentes, de acordo com o local que se examina. Baer, Kerstenetzky e Villela22 (1973) afirmavam que: “O crescimento contínuo da participação do Estado nas atividades econômicas no Brasil nas últimas três décadas foi quase inevitável. O setor privado brasileiro ainda é relativamente pequeno e não está em condições de exercer um papel importante nas enormes necessidades de infra-estrutura do país ounas indús- trias de tecnologia mais sofisticada, que também são as mais dinâmicas – petro- química, siderurgia, equipamento de transporte etc. Logo, o crescimento do Es- tado não deve ser considerado como uma ameaça às empresas privadas brasi- leiras. (BAER, KERSTENETZKY, VILLELA 1973, p. 281)” A transição da gestão pública para a gestão privada é tão profunda que produzirá uma série de melhorias importantes: melhorar a eficiência e a qualidade das atividades governamentais restantes, reduzir os impostos e reduzir o tamanho do governo. Nos de- partamentos funcionais privatizados, o comportamento de busca de lucro dos novos ge- rentes do setor privado sem dúvida levará a reduções de custos e mais atenção à satis- fação do cliente, melhorando a eficiência. Quanto a medidas de privatização propriamente ditas, Pessanha23 (1981) observa: “(...) a resposta contida no documento admite como evidente que a restituição ao setor privado ‘deve ser feita nos casos específicos identificados, para caracterizar uma orientação política’. Entretanto, ‘não é aí que reside a essência do problema’, pois garantir efetivamente o país de uma tendência estatizante é dar ‘força e vi- talidade’ à empresa nacional ‘que, antes de mais nada, precisa de capitalização’, uma vez que o problema dos ‘espaços vazios’ é frequentemente ‘expressão da carência de recursos de risco nas mãos das empresas privadas nacionais’. Mas ‘em nenhum momento se cogitou ou poderia cogitar-se de transferir por qualquer forma empresas que, notadamente nas áreas de infra-estrutura (Petrobrás, Ele- trobrás e seu sistema, Telebrás e seu sistema, Companhia Vale do Rio Doce, Usiminas, CSN, Cosipa etc.), estejam dentro dos campos definidos pelo II PND como de responsabilidade social do setor público’ (PESSANHA,1981, p. 133) 22 BAER, W., KERSTENETZKY, I. e VILLELA, A. (1973); The changing role of the state in the Brazilian economy. World Deve- lopment, v. 1, November. 23 PESSANHA, C. F. (1981). Estado e economia no Brasil: a campanha contra a estatização. Tese de mestrado. Rio de Janeiro: Iuperj. p. 133. Essa nova crença na privatização se espalhou como um fenômeno econômico glo- bal na década de 1990. Governos em todo o mundo estão permitindo que administrado- res privados controlem tudo, desde empresas de energia a prisões, de ferrovias à edu- cação. A visão predominante era bem refletida nas palavras de Rezende24 (1980): “Na verdade, todo o debate sobre a necessidade de limitar o aumento das fun- ções do Estado reflete a incapacidade de o poder público controlar as ações das empresas governamentais, cujas decisões de expansão escapariam ao controle exercido durante a análise periódica do orçamento (...) na medida em que as decisões de investimento em determinados setores da iniciativa privada ficam subordinados ao crédito público e/ou incentivos fiscais, o controle sobre as deci- sões de empresas privadas do setor é maior do que o controle sobre as decisões de empresas públicas, cuja capacidade de mobilização de recursos financeiros lhes dá uma certa independência em relação ao poder central (REZENDE 1980, p. 37.) Os críticos da privatização generalizada dizem que a propriedade privada não se traduz necessariamente em maior eficiência. Eles acreditam que, mais importante, os gestores do setor privado podem não ter escrúpulos em adotar estratégias lucrativas ou práticas corporativas que impediriam a maioria da população de acessar serviços bási- cos. Por exemplo, as organizações com fins lucrativos não podem optar por fornecer cuidados de saúde aos pobres, nem por fornecer educação a crianças pobres ou com dificuldades de aprendizagem. Os esforços para tornar essas atividades lucrativas podem significar a reintrodução da intervenção do governo após o incidente. O resultado pode ser menos atraente do que o governo simplesmente continuar a fornecer serviços. De acordo com Klias25 (1994): "As despesas globais previstas das empresas estatais para 1980 eram duas vezes o orçamento do governo federal [...]. O conhecimento dos valores consolidados era crucial para que o governo entendesse que o controle do gasto das estatais constitui parte essencial de uma política bem-sucedida de combate à inflação e de controle da balança de pagamentos." (KLIASS, 1994, pag.185) 24 REZENDE, F. (1980). A empresa pública e a intervenção do Estado na economia: ação suplementar à iniciativa privada – pers- pectivas em face da conjuntural atual. In: A empresa pública no Brasil: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Ipea. p. 37. 25 KLIASS, Paulo. (1994), État et Privatisation: Aspects du Reequilibrage entre le Secteur Public et le Secteur Privé au Brésil. Dis- sertation en Science Économique/Université Paris X, Nanterre. Em vez do debate sobre a privatização, as pessoas estão divididas quanto ao pa- pel apropriado do governo na economia capitalista. Os proponentes veem o governo como um obstáculo desnecessário e que gera prejuízo em um sistema eficiente, já os críticos veem o governo como um jogador-chave em um sistema onde a eficiência é ape- nas um de muitos objetivos. Em relação a este aspecto, destaca Mackenzie26 (1997): “A privatização deve ser vista como uma transação de financiamento, equivalente à emissão de títulos públicos, não como um item na determinação do déficit pú- blico que altera a postura da política fiscal e, portanto, contribui para o esforço de estabilização (MACKENZIE 1997, p. 3).” E complementa Mansoor27 (1987): “A política de privatização deveria ser tratada tal como a colocação de dívida pública: a contrapartida do pagamento em moeda nacional recebido hoje é uma receita líquida menor para financiar os gastos amanhã, depois de descontados a perda de rendimentos, no caso da privatização, ou o serviço da dívida, no caso dos títulos públicos (MANSOOR, 1987, p. 4): A terceira visão é que o problema não é apenas se a propriedade é privada ou pública. Em vez disso, a questão principal é em que condições os administradores têm mais probabilidade de agir no interesse público. O debate sobre a privatização precisa ser conduzido em um contexto mais amplo e reorganizado com base nos debates recen- tes sobre fusões e aquisições no setor privado. Como a questão das fusões e aquisições, a privatização envolve a substituição de um grupo de administradores em que os acio- nistas (cidadãos) confiam por outro grupo de administradores que pode responder a um conjunto muito diferente dos acionistas. Segundo Sousa28 (2020), no que tange a privatização: “Normalmente os defensores possuem um pensamento liberal em relação à eco- nomia e justificam as privatizações como uma alternativa ao Estado de quitar suas dívidas e melhorar diversos setores, que, em tese, seriam mais bem admi- nistrados, podendo então voltar seus esforços para setores de maior carência na 26 MACKENZIE, G. A. The macroeconomic impact of privatization. Washington, D.C.: International Monetary Fund, 1997 (IMF Paper on Policy Analysis and Assessment). 27 MANSOOR, A. M. The budgetary impact of privatization. Washington, D.C.: International Monetary Fund, 1987 (IMF Working Pa- per, 68). 28 SOUSA, Rafaela. "O que é privatização?"; Brasil Escola. 2020. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o- que-e-privatizacao.htm. Acesso em 25 de maio de 2021. gestão pública. Basicamente, quem vê a privatização como algo positivo acredita que o governo não é capaz de atender a todos os setores e geri-los de maneira eficaz. Muitos acreditam que setores que já foram privatizados, como o das tele- comunicações, melhoraram significativamente em relação à oferta dos seus ser- viços. Outro argumento é que, ao privatizar, evitam-se negociações que favore- çam determinados grupos políticos e, portanto, combate-se a corrupção (SOUSA, 2020) A discussão foi redirecionada para analisar o impacto da privatização no controle da gestão, deslocandoo debate da base ideológica do privado para o público para uma base mais pragmática para o comportamento e responsabilidade da gestão. Nesse caso, os prós e os contras da privatização podem ser avaliados em relação aos padrões de boa governança - independentemente da propriedade. Nem os administradores públicos nem privados agirão sempre no melhor interesse dos usuários dos serviços. A privatização só será eficaz se os gestores privados tiverem incentivos para agir no interesse público, o que inclui, mas não se limita a, eficiência. Os lucros e o interesse público se sobressaem melhor quando a empresa está em um mer- cado competitivo. Para regular o comportamento da gestão dessas empresas seria ne- cessária uma competição com outras empresas. Se essas condições não forem atendi- das, o envolvimento contínuo do governo pode ser necessário. Uma simples transferên- cia da propriedade pública para a propriedade privada não reduz necessariamente os custos ou melhora a qualidade do serviço. Sobre o tema, Blume e Chagas29 (2019) relatam o seguinte: “A necessidade de privatizar boa parte do patrimônio público advém do reconhe- cimento de que o Estado não é capaz de gerir tudo – muito pelo contrário, é bastante ineficiente em gerir a maior parte de seus recursos, seja pela falta de incentivos que valorizam o mérito, seja pelas muitas ingerências políticas nas atividades dessas empresas. A iniciativa privada, por sua vez, seria muito mais eficiente na gestão das empresas e dos recursos. Isso se comprova, segundo os defensores das privatizações, pelos bons resultados obtidos em privatizações fei- tas nas últimas décadas. O serviço de telefonia teve um salto de qualidade após a privatização da Telebras e a entrada de investidores privados no mercado; a energia elétrica foi universalizada nos últimos anos, após várias privatizações; várias empresas privatizadas que antes eram deficitárias passaram a registrar lucros (casos da Vale e da CSN); e muitas ex-empresas públicas geram em im- postos mais receita à União do que quando estavam sob controle do Estado bra- 29 BLUME, Bruno André; CHAGAS, Inara. PRIVATIZAÇÕES: ENTENDA O DEBATE! Privatizações: entenda o debate!. [S. l.], 3 dez. 2019. Disponível em: https://www.politize.com.br/privatizacoes-valem-a-pena/. Acesso em: 25 maio 2021. sileiro, os favoráveis às privatizações afirmam que as estatais são fonte de cor- rupção e têm seu desempenho prejudicado por negociatas políticas (BLUME E CHAGAS, 2019) Mesmo que não haja corrupção, a privatização não deve ser considerada apenas sob a ótica da eficiência econômica. Menos governo não é necessariamente melhor. Por- tanto, só porque a privatização enfraquecerá o papel do governo na economia não é necessariamente benéfico. Eleitores e consumidores também estão interessados no acesso, participação da comunidade e justiça igualitária. Embora seja claramente impossível distinguir a privatização de questões sociais e políticas mais amplas, parece lógico que as decisões de privatização podem e devem ser baseadas principalmente em se os fornecedores públicos ou privados podem servir me- lhor à análise pragmática dos objetivos acordados. O objetivo não se limita à eficiência, eles só precisam ser claramente especificados com antecedência, mas a eficiência é a chave para uma boa qualidade na prestação de serviços. Com o desenvolvimento da privatização, as empresas privadas correm o risco de transferir apenas os serviços mais lucrativos, tornando as instituições públicas a última escolha para população ou para operações de custo mais elevado. Como a aquisição de uma empresa listada, a privatização de ativos ou serviços do governo é uma mudança organizacional fundamental. O público busca valor monetário, bem como não monetário, incluindo igualdade de acesso aos serviços, conformidade com padrões de desempenho e ausência de corrupção. Por exemplo, os objetivos públicos da coleta de lixo privada podem incluir fornecer serviços a todos os membros da comunidade (independentemente de sua localização) a um custo igual, descartar o lixo de maneira ambientalmente correta e realizar licitações honestas com as autoridades municipais. No entanto, para atingir esses objetivos, a privatização deve tirar lições de empresas de su- cesso: os gerentes devem ter incentivos eficazes para agir em nome dos proprietários. O critério principal é fácil de especificar: a privatização desempenhará seu melhor papel quando os administradores privados acreditarem que é de seu interesse servir ao interesse público. Para tanto, o governo deve definir o interesse público para que os pro- vedores privados possam entendê-lo e utilizá-lo. A melhor forma de estimular o alinha- mento entre o setor privado e o interesse público é por meio da competição entre empre- sas potenciais, podendo incluir entidades governamentais. Os participantes desse alinha- mento terão a responsabilidade de responder aos desejos expressos pelos cidadãos. 7. ANÁLISE DE COMO A ESTABILIDADE DO SERVIDOR, A ALTA INTERFE- RÊNCIA POLÍTICA E A CORRUPÇÃO GERAM PROBLEMAS NA EFICIÊNCIA DAS ESTATAIS Neste capitulo vamos analisar alguns aspectos que geram problemas na eficiência das estatais, alguns sistemas que, para garantir direitos de uns acabam abalando direito de outros, neste sentido a leitura desse capitulo deve ser levada de forma coerente e aplicada a realidade. 7.1 A ESTABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO GERA PROBLEMÁTICA NA EFICIÊN- CIA Uma questão que devemos debater durante a exploração do tema proposto é a estabilidade adquirida pelo servidor estatuário após o estágio probatório, que uma vez adquirida dificulta a saída do mesmo. Para entender o ponto em que queremos chegar devemos exemplificar o que será feito durante o decorrer do texto. A comparação de empresas estatais com as empresas privadas deve ajudar a en- xergarmos além do horizonte, e dirimir sobre qual a melhor escolha a se fazer. No Brasil se criou uma espécie de costume em aceitar que os serviços públicos sejam prestados de qualquer forma, já que são “gratuitos”, porém a população não entende que esses serviços gratuitos são pagos por eles mesmos de forma indireta, seja por multas ou até mesmo impostos. A estabilidade do Servidor foi criada para resolver um problema, mas acabou ge- rando outro, para Teresa Cristina Padilha de Souza30 (2002), em dissertação de mes- trado, bem resume a questão: 30 SOUSA, Teresa Cristina Padilha. Dissertação intitulada “Mérito, estabilidade e desempenho: influência sobre o comporta- mento do servidor público”. 2002. defendida perante a Escola Brasileira de Administração Pública – FGV em 2002. p. 79-80. “O principal objetivo da estabilidade é garantir imunidade aos servidores em re- lação a perseguições políticas e demissões injustas. O servidor público precisa sentir-se seguro para poder ter como prioridade única prestar serviços à socie- dade, e não a seus superiores hierárquicos, por pressão ou visando a obtenção de simpatias ou privilégios. Protegendo o servidor, a estabilidade está protegendo a sociedade, impedindo que os órgãos do setor público se transformem em "ca- bides de emprego" e palcos de nepotismo, clientelismo e cartorialismo. Além disso, a estabilidade tem como preceito básico impedir a descontinuidade admi- nistrativa que pode acarretar, na maioria dos casos, a perda da memória técnica e cultural das organizações e do próprio Brasil. Diante dessas premissas, fica também evidenciada a forma como a estabilidade atende perfeitamente aos prin- cípios weberianos de hierarquia e impessoalidade, caracterizados como precei- tos básicos de uma administração voltada para a eficiência e a racionalidade. Sob essa ótica, começam a fazer sentido os motivos para a participação da estabili- dade em todos os dispositivos legais relativos ao regimento dos servidores públi- cos. Começam também a transparecer as razões pelas quais,apesar de ter con- trariado todo o discurso neoliberal de enxugamento da máquina burocrática, a Constituição de 1988 retomou todo o funcionalismo público brasileiro ao regime estatutário, trazendo consigo a exigência de concurso público para ingresso nas carreiras do setor, e tomando esses servidores estáveis após dois anos de está- gio probatório .” (SOUSA 2002, p. 79-80) Para que haja um melhor entendimento vamos a um exemplo prático, você vai até uma determinada estatal, indicado por um amigo, pois tal estatal fará o serviço gratuito, ocorre que ao chegar no local você se depara com um atendente que afronta totalmente os princípios da moralidade e da eficiência impostos pela Constituição Federal, sequer olha em sua cara e inclusive não presta as devidas informações, tratando-o mal, porém como o serviço é gratuito você permanece ali até ser atendido, mesmo não tendo um bom serviço prestado. Tal situação não precisa nem de citação, já que é tão comum acontecer. A Proposta de Emenda a Constituição nº 32/2020 que muitos chamam de Reforma Administrativa visa a impossibilidade do servidor se tornar estável, facilitando o processo de demissão, com isso o servidor poderá ser demitido sem que haja a necessidade de decisão judicial transitado em julgado. O texto da proposta foi enviado por Paulo Guedes, segundo o sitio Correio Braziliense31 (2021): O texto enviado por Guedes está na Câmara dos Deputados. Ainda não há relator para a proposta e nem data de votação. De acordo com o ministro, a PEC busca 31 SOUZA, Talita. PEC da Reforma Administrativa: é o fim da estabilidade do serviço público?. [S. l.], 28 mar. 2021. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/trabalho-e-formacao/2021/03/4914629-pec-da-reforma-administrativa-e-o- fim-da-estabilidade-do-servico-publico.html. Acesso em: 18 maio 2021. criar um serviço público baseado em quatro princípios: “foco em servir; valoriza- ção das pessoas; agilidade e inovação; e eficiência e racionalidade: alcance de melhores resultados, em menos tempo e com menores custos (SOUZA, 2021). Ainda de acordo com o tema, Rodolfo Tamanaha, mestre em direito público pela Universidade de Brasília (UnB) e professor do Ibmec, em publicação feita por Talita Souza no sitio Correio Braziliense32 (2021) informou que: “O fato de não poder demitir alguém que não rende acaba tornando o custo or- çamentário grande. Faria sentido ter o enxugamento de servidores que não fa- zem tarefas relevantes, mas é preciso ter uma visão mais ampla para discutir o planejamento da administração pública como um todo. Não podemos cair no erro de que teremos uma bala de prata para resolver o serviço público (SOUZA, 2021).” Muitas pessoas acham que trabalhar para o governo seria uma ótima escolha, po- rém esquecem que o aumento salarial é lento, não é difícil encontrar pessoas que são “concurseiras” e que por muitas vezes passam em um concurso para assumir um cargo em que não era o que almejavam e por isso continuam estudando, exercendo aquele cargo “de qualquer jeito”, que é apenas temporário, já que seu foco é um cargo futuro que seja mais remunerado, para aumentar substancialmente os salários, os funcionários públicos devem concorrer a cargos de melhor remuneração. Se você deseja obter um dos salários mais altos, é impossível manter o mesmo emprego na mesma organização. Segundo Tiago Ribeiro33 (2020) a estabilidade no serviço público é prejudicial e e sua extinção só traria benefícios, ele afirma: Ao longo desses anos, encontrei diversos exemplos que contrariam a opinião preconceituosa de que todo servidor público é avesso ao trabalho, mas também enxerguei de perto as várias portas abertas para que todos aqueles interessados em apenas parasitar a sociedade possam fazê-lo sem qualquer risco de punição. É por experiência própria que atesto que uma reforma administrativa profunda e estrutural é, mais do que bem-vinda, rigorosamente necessária. Adicionalmente, o tema da reforma administrativa é bastante amplo e abarcá-lo em sua plenitude exigiria espaço e escopo muito maiores do que os aqui propostos. Por isso, o exame será reservado especificamente à vaca mais sagrada do reino, a estabili- dade dos servidores públicos, mostrando por que ela fica mais bem colocada no papel de mal a ser combatido do que de bem a ser preservado. Leio em matérias sobre a reforma ora colocada em discussão pelo governo federal que críticos da 32 SOUZA, Talita. PEC da Reforma Administrativa: é o fim da estabilidade do serviço público?. [S. l.], 28 mar. 2021. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/trabalho-e-formacao/2021/03/4914629-pec-da-reforma-administrativa-e-o- fim-da-estabilidade-do-servico-publico.html. Acesso em: 18 maio 2021. 33 RIBEIRO, Thiago. Por que sou favorável ao fim da estabilidade no serviço público. [S. l.], 22 set. 2020. Disponível em: https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/opiniao/2020/09/758020-por-que-sou-fa- voravel-ao-fim-da-estabilidade-no-servico-publico.html#. Acesso em: 18 maio 2021. medida afirmam que o fim da estabilidade coloca em risco a atuação dos servi- dores, que ficariam mais vulneráveis a pressões políticas. Trata-se de sentença retórica e falaciosa, daquelas que servem para qualquer circunstância, pois, de forma astuta, utilizam-se de um grupo mal visto por todos – os políticos – para colocarem outro grupo – os servidores – na posição de vítimas indefesas a serem protegidas. Um lugar-comum, tão vazio quanto quase inatacável. (RIBEIRO, 2020) Chefes de empresas estatais ganham muito menos que seus parceiros da iniciativa privada, já que seus salários são fixos e que dependente da eficiência da estatal vai con- tinuar o mesmo ou aumentar muito pouco, na iniciativa privada não, quanto mais produzir mais você vai ganhar. O que garante que esse chefe da empresa estatal vai querer pro- duzir e organizar a empresa do melhor modo a elevar a eficiência da mesma? Sobre o tema Vivian Lima López Valle34 (2019), aponta que: “a crítica difundida é a de que servidores protegidos priorizam os próprios inte- resses e acomodam-se, com pouco empenho e produtividade na realização de suas funções, com prejuízo à eficiência, ausência de posturas inovadoras, proa- tivas e desenvolvimentistas. [...] Os critérios de avaliação do desempenho sufici- ente precisam ser estabelecidos objetivamente, com ferramentas inovadoras de avaliação de gestão, mecanismos de controle, procedimentos de verificação da qualidade dos serviços prestados, exigência de accountability e de desenvolvi- mento contínuo.” (VALLE, 2019) Questões como essa geraram a criação do presente artigo, uma curiosidade abs- trata do real valor em que se impõe nas empresas estatais, mas sem deixar de reconhe- cer que, pessoas que não possuem a capacidade financeira procurem estas empresas por ter um serviço gratuito, por tal modo, não é genuíno que tais estatais prestem um mal serviço. 7.2 A ALTA INTERFERENCIA POLÍTICA O alto grau de interferência política na tomada de decisões das empresas sob a gestão da administração, tona impossível que as pessoas concluam seu trabalho profis- sionalmente sem intervenção, o que prejudica principalmente o interesse público, persis- tindo, assim, o interesse pessoal. Nas organizações governamentais que atendem inte- resse do público, a intervenção de uma autoridade afetará a qualidade dos serviços e a 34 VALLE, Vivian Lima López. Quem ganha e quem perde com o fim da estabilidade no serviço público?. [S. l.], 6 out. 2019. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-out-06/opiniao-quem-ganha-fim-estabilidade-servico-publico. Acesso em: 14 maio 2021. tomada de decisões, o impacto que é um serviço público onde se espera que seja pres- tado com eficiência, segundo os princípios que o norteiam, sendo que na verdade não há nada de eficiente, isso afeta principalmente a população. Em debate com os jornalistasda revista “exame”, em publicação pelo Instituto Mil- lenium, Lazzarini35 (2014) aponta que: “As ações do governo têm interferido na estratégia das empresas principalmente nos últimos oito anos. Em um primeiro momento, de acordo com o economista, a interferência do Estado ocorreu na forma de benefícios concedidos a alguns gru- pos por meio de empréstimos de bancos públicos e, nos últimos quatro anos, a prática se estendeu à utilização das estatais para controlar preços. “Quando você tem um governo que coloca mais ênfase no uso de instrumentos como o BNDES para criar campeões nacionais e reforçar grandes empresas, o que acontece é que se gera um cenário onde aumentam os benefícios e se cria incertezas sobre o retorno dos investimentos”, explicou, acrescentando que o principal problema está na forma como o governo interfere — mais do que na intervenção em si. “Toda intervenção que é discricionária, sem critérios, regras, parâmetros conhe- cidos, afasta investidores” (INSTITUTO MILLENIUM, 2014) Não existe nenhum mecanismo para evitar interferências políticas inadequadas. Po- dem ser identificados alguns casos em que os governantes o fazem principalmente por meio de coerção, o que torna a governança adequada quase impossível, sendo a inter- ferência altamente provável. Além disso, a governança adequada geralmente se baseia em um sistema de controle e equilíbrio, que por sua vez depende de acordo mútuo, em que cada um dos órgãos de governo está sujeito ao poder de outras agências. Se o acordo não existir de forma que uma instituição seja superior à outra, é provável que ocorra interferência política na supervisão. De acordo com João Luiz Mauad36 (2012): “Empresas e organizações trabalham vinculadas a orçamentos, os quais funcio- nam como parâmetros de metas e limitadores do consumo de recursos. Entre- tanto, há diferenças profundas no modo como esses orçamentos são elaborados, executados e controlados pelas instituições públicas e privadas. Na esfera pri- vada, eles são produzidos a partir de enfoques basicamente econômicos, en- quanto na pública tendem a privilegiar aspectos políticos (MAUAD, 2012).” 35 INSTITUTO MILLENIUM (Brasil). A influência do governo na estratégia das empresas. [S. l.], 2 dez. 2014. Disponível em: https://exame.com/blog/instituto-millenium/a-influencia-do-governo-na-estrategia-das-empresas/. Acesso em: 14 maio 2021. 36 MAUAD, João Luiz. A INEFICIÊNCIA ESTATAL. [S. l.], 27 nov. 2012. Disponível em: https://www.institutomillenium.org.br/a-inefi- cincia-estatal/. Acesso em: 16 maio 2021. Para os políticos que desejam se beneficiar dos eleitores, o uso da infraestrutura pode ser muito valioso, fornecendo aos políticos incentivos para intervir excessivamente nas regulamentações. Isso leva a atritos internos entre o processo político e a prestação efetiva de serviços públicos. O processo político força os políticos bem-sucedidos a en- fatizar interesses de curto prazo, em que pese os mandatos duram 4 (quatro) anos. Em contraste, a configuração eficaz da infraestrutura requer planejamento de longo prazo. Essa natureza dos planos de longo prazo torna a infraestrutura particularmente vulnerá- vel ao oportunismo político. Os serviços de infraestrutura afetam quase todos, ou seja, todos usam água, energia, internet e transporte de alguma forma e estão ansiosos para obter serviços de alta qualidade a preços baixos. Segundo o Heloísa Scognamiglio37 (2021), em publicação no sítio do Estadão, po- demos ver: “A interferência do governo no comando das empresas não viola uma regra es- pecífica de governança. O problema é a desconfiança gerada no mercado em relação ao motivo da interferência. “O problema que se discute muito é o motivo da mudança. A preocupação no caso das empresas estatais de economia mista é: seria realmente uma mudança de comando relacionada a um problema de de- sempenho ou é uma intervenção por questões políticas?”, questiona Maurício Colombari, sócio da PwC Brasil. (SCOGNAMIGLIO, 2021).” A capacidade de direcionar investimentos e determinar o que os clientes pagarão pelos serviços permite que atores políticos demonstrem benefício direto aos eleitores. Por exemplo, quando um político discute a possibilidade de estabelecer uma agência reguladora para uma nação insular, ele só apoiaria tal agência se ela garantisse que o preço que seus eleitores pagariam pela eletricidade caísse. Às vezes, mesmo uma pro- messa de serviço benéfico a população, mas mesmo assim quebrada, pode alcançar apoio político se a responsabilidade pela falta de seguimento puder ser posta em outras pessoas. Este é frequentemente o caso, pois as complexas articulações nas organiza- ções exigem coordenação em todos os estágios da produção. A infraestrutura é suscetí- vel ao oportunismo político porque um sistema eficiente requer investimentos imersivos, o número de provedores de serviços em um sistema eficiente é geralmente menor do que 37 SCOGNAMIGLIO, Heloísa. Interferência do governo no comando de estatais abala avaliação de governança das empre- sas. São Paulo, 11 mar. 2021. Disponível em: https://economia.estadao.com.br/noticias/governanca,interferencia-do-governo-no- comando-de-estatais-abala-avaliacao-de-governanca-das-empresas,70003644142. Acesso em: 16 maio 2021. o número de outras partes interessadas importantes e o projeto pode envolver investido- res estrangeiros. Neste sentido Carlos Pereira38 (2019), em publicação no sítio do Instituto Mille- nium: “Todos os governos, a despeito da sua coloração política ou ideológica, enfren- tam um dilema crucial entre independência e controle de agências e órgãos go- vernamentais. Tentativas de interferência de políticos têm o efeito de reduzir a credibilidade e estabilidade do sistema democrático. Por outro lado, quando as instituições de controle são muito independentes, corre-se o risco de que a auto- nomia delegada seja usada para alcançar resultados que possam prejudicar a sobrevivência dos próprios políticos (PEREIRA, 2019).” A intervenção política inadequada também pode assumir a forma de forçar os pres- tadores de serviços a incorrer em custos de maneiras não econômicas. Por exemplo, os governos em certos países forçam as agências de serviço público a contratar mais tra- balhadores do que precisam, talvez para fornecer patrocínio para um familiar, ou podem acreditar que isso criará empregos. A pressão política também pode resultar na utilidade de investir em certas comunidades ou outras áreas antes de investir de acordo com as boas práticas de negócios. O resultado é eficiência e credibilidade reduzidas. Nessa linha, Lilia Schwarcz39 (2019): “Julgar idoneamente atos ilegais praticados no coração do estado brasileiro, prender corruptos e corruptores, políticos e empresários, intermediários e seus mandantes, é prova de amadurecimento da democracia. Já jogar para a plateia, fiar-se em discursos que prometem mais do que podem realizar, significa criar terreno fértil para que práticas ilícitas continuem a florescer. Vale lembrar, e os exemplos do passado revelam, como, muitas vezes, governos de matriz autoritá- ria tomam o poder ou são eleitos utilizando slogans que denunciam as práticas ilícitas de governos anteriores e assim se autovalorizam. No entanto, sem planos de fato eficientes e comprometidos, acabam caindo, eles próprios, no canto da sereia da contravenção (SCHWARCZ. 2019, p. 123).” 38 PEREIRA, Carlor. INTERFERÊNCIA POLÍTICA. [S. l.], 27 ago. 2019. Disponível em: https://www.institutomillenium.org.br/interfe- rencia-politica/. Acesso em: 16 maio 2021. 39 SCHWARCZ, Lilia Moritz. Bases do Autoritarismo Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Campus. 1982.2011. p. 123. A resposta eficaz à interferência política inadequada requer tanto o ambiente ex- terno (isto é, pressão de agências reguladoras externas) e o ambiente interno (isto é, a força organizacional e integridade necessárias para resistir
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