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Aula 1 - Desenvolvimento do Sistema Reprodutor Anatomia básica do sistema urogenital Embriologia do Sistema Urogenital O sistema urogenital desenvolve-se a partir do mesoderma intermediário. Espessamento (proliferação de células) do mesoderma intermediário vai formar a crista gonadal (crista genital) que vai dar origem às gônadas e o cordão nefrogênico que vai dar origem a parte do sistema urinário. Desenvolvimento do Sistema Reprodutor Fertilização → Determinação do Genótipo Sexual → Desenvolvimento Gônadas → Desenvolvimento dos órgãos internos e genitália externa Genótipo, desenvolvimento gonadal e fenótipo podem ser discordantes. Sistema Reprodutor Indiferenciado 4ª semana de desenvolvimento: Há a formação do ducto mesonéfrico a partir de células do mesoderma intermediário. 5ª a 6ª semana de desnvolvimento: As células germinativas primordiais (CGPs) migram para a região adjacente ao epitélio celômico influenciando este a se proliferar, dando origem através de diferenciação à células somáticas de sustentação, as quais envolvem as CGPs, tudo isso na região de crista genital. 6ª semana de desenvolvimento: Há a formação, no cordão nefrogênico, dos ductos paramesonéfricos (pares, laterais aos ductos mesonéfricos, formados pela invaginação do epitélio celômico). Os ductos paramesonéfricos tem suas porções craniais afastadas e caudais fundidas. Sendo assim, os sistemas reprodutores masculino e feminino, no início do desenvolvimento embrionário, são indistinguíveis pela aparência. É chamado de estágio indiferenciado, fase ambissexual ou bipotencial do desenvolvimento sexual, o qual termina na 7ª semana de desenvolvimento. Desenvolvimento das Gônadas As gônadas (ovários e testículos) são derivadas de três fontes embrionárias: 1. Mesotélio (epitélio celômico) que reveste a crista genital 2. Mesênquima subjacente ao mesotélio 3. CGPs (gonócitos) Desenvolvimento da Gônada Masculina Determinação sexual primária: O cromossomo Y, presente no genótipo de homens, possui o gene SRY que codifica o Fator Determinante Testicular (FDT), o qual controla a cascata de eventos que coordenam o desenvolvimento masculino. A partir da expressão do FDT (proteína SRY), as células somáticas de sustentação diferenciam-se em células de Sértoli, as quais envolvem as CGPs, formando os cordões testiculares. Na puberdade, ocorre uma canalização dos cordões testiculares e formação dos túbulos seminíferos. Na região mais interna da gônada, que é desprovida de CGPs, as células de Sertoli formam a rede testicular, a qual faz a comunicação dos túbulos seminíferos com os ductos eferentes. O epitélio celômico é separado dos cordões testiculares pela túnica albugínea. A interação das CGPS com as células de Sertoli vai propiciar a formação das espermatogônias. Resumão: Desenvolvimento da Gônada Feminina Sem a expressão de FDT, as células somáticas de sustentação não se diferenciam e envolvem as CGPs, as quais, sem a influência do FDT das células de sustentação, diferenciam-se em ovogônias e posteriormente em ovócitos primários. Os ovócitos primários estimulam a diferenciação das células de sustentação em células foliculares. A interação entre ovócito 1° e célula de sustentação propicia a formação das células foliculares, possibilitando a formação dos folículos ovarianos. Os folículos permanecem localizados na porção cortical do ovário e os vasos, nervos e tec. conj. na região medular. Resumão: No homem, a presença de FDT expresso nas células somáticas de sustentação, vai propiciar o início do desenvolvimento em torno da 7ª semana. Na mulher, a ausência de FDT expresso nas células somáticas de sustentação associado a fatores antitesticulares e pró-ovarianos, vai propiciar o início do desenvolvimento após a 12ª semana. Desenvolvimento dos ductos genitais Durante a fase indiferenciada, ambos os sexos possuem um par de ductos mesonéfricos e um par de ductos paramesonéfricos. Ductos mesonéfricos: formados a partir de células do mesoderma intermediário, por volta da 4ª semana de desenvolvimento. Ductos paramesonéfricos (ducto de muller): formados a partir da invaginação do epitélio celômico, por volta da 6ª semana. * a estrutura maior em amarelo é a cloaca, que é a região da futura bexiga. Desenvolvimento dos ductos genitais masculinos No homem, a expressão de FDT pelas células somáticas de sustentação leva à diferenciação destas em células de Sertoli. As células de Sertoli secretam Hormônio anti-mulleriano que promove a regressão dos ductos paramesonéfricos (entre 8ª e 10ª semanas). Ao mesmo tempo, as células de Sertoli recrutam células mesenquimais, que se diferenciam em células de Leydig, as quais produzem testosterona, que, por sua vez, promove o desenvolvimento dos ductos mesonéfricos em ductos eferentes, epidídimo, ducto deferente e glândula seminal. Por volta da 10ª semana Formação das glândulas sexuais acessórias masculinas: - vesículas seminais brotam do ducto deferente (derivado do ducto mesonéfrico), próximo à uretra - próstata se desenvolve a partir de evaginações da uretra, sob influência da di-hidrotestosterona - glândulas bulbouretrais brotam da uretra, abaixo da próstata, sob influência da di-hidrotestosterona *glândula bulbouretral: responsável pela secreção do fluido pré-ejaculatório e por esterilizar a uretra durante o ato sexual. Desenvolvimento dos ductos genitais femininos Na mulher, com a ausência de FDT, as células somáticas de sustentação não se diferenciam em células de Sertoli. Dessa forma, não há a secreção de hormônio anti-mulleriano, permitindo o desenvolvimento do ducto paramesonéfrico. Sem células de Sertoli, não são recrutadas células de Leydig, não tendo produção de testosterona, não havendo o estímulo necessário para desenvolvimento dos ductos mesonéfricos, os quais degeneram. Homem → ducto mesonéfrico desenvolve (+testosterona) → ducto paramesonéfrico degenera (+AMH) Mulher ducto → ducto paramesonéfrico desenvolve (-AMH) → ducto mesonéfrico degenera (-testosterona) A extremidade cranial do ducto paramesonéfrico origina o infundíbulo da tuba uterina. As porções craniais não fundidas formam as tubas uterinas. As porções caudais fundidas formam o canal/primórdio uterovaginal, que vai posteriormente formam o útero e a porção superior da vagina. Formação da vagina O contato do primórdio uterovaginal com o seio urogenital (cloaca, futura bexiga) gera um espessamento na parede do seio formando a placa vaginal. Há, então, uma fusão da placa vaginal com a porção caudal do primórdio uterovaginal e, posteriormente, um processo de canalização (descamação), formando a vagina. Uma pequena membrana que permanece forma o hímen. A porção superior da vagina é derivada do ducto paramesonéfrico e a inferior do seio urogenital. Desenvolvimento da genitália externa Cloaca: encontra-se na porção caudal do intestino primitivo posterior, sendo uma região inicialmente comum ao sistema urinário e digestório. Um septo, chamado septo urorretal, cresce em direção a cloaca, septando-a em uma porção superior que vai se chamar seio urogenital e uma porção inferior que vai ser o reto. Uma porção do seio urogenital vai formar a bexiga e a outra, mais distal, vai formar a uretra. O mesoderma ao redor da porção fálica (região da uretra) do seio urogenital se expande e forma o tubérculo genital. A ruptura/abertura da membrana cloacal origina a placa uretal. Até a 12ª semana, a aparência dos órgãos sexuais externos entre os dois sexos é semelhante. Desenvolvimento da genitália masculina A superfície ventral da placa uretral sofre uma invaginação,formando o sulco uretral. O alongamento do falo forma o corpo do pênis e glande (di- hidrotestosterona - DHT). A fusão das pregas uretrais forma a uretra peniana e corpo do pênis (di-hidrotestosterona). As saliências labioescrotais se fundem na linha média e formam o escroto. Desenvolvimento da Genitália Feminina Com a ausência de testosterona e DHT, o falo não se alonga e forma o clitóris; a região da placa uretral forma o vestíbulo da vagina (região onde a vagina e a uretra se abrem); as saliências labioescrotais não se fundem e formam os grandes lábios e as pregas uretrais não se fundem e formam os pequenos lábios. Ligamentos gonadais Durante o desenvolvimento gonadal, esta perde progressivamente o contato com o mesonefro, sendo sustentada pelo ligamento suspensor cranial (liga porção cranial da gônada e diafragma) e gubernáculo (liga porção caudal da gônada e assoalho perineal). O gubernáculo direciona a descida testicular ao escroto. Sob o estímulo de DHT, acontece um processo vaginal, que trata- se de uma evaginação do peritônio, ventral ao gubernáculo. Em resposta ao crescimento do processo vaginal, ocorre uma evaginação caudal da parede abdominal formando o canal inguinal, o qual propicia a descida dos testículos de sua posição abdominal para o escroto, associado ao encurtamento do gubernáculo. Nas mulheres, com a ausência de DHT, o gubernáculo forma o ligamento redondo do útero e ligamento redondo do ovário. Malformações do Sistema Reprodutor Hidrocele testicular Durante a descida testicular, há uma evaginação do peritônio e da parede abdominal, formando o canal inguinal. Após a descida testicular, esse canal é obliterado. A hidrocele acontece quando esse canal é mal obliterado e permanece uma porção desse canal que se enche de líquido. Hérnia inguinal Pode acontecer também do canal inguinal não se obliterar nem um pouco, o que propicia um deslocamento de órgão interno para dentro do canal, isto é, a formação de uma hérnia. Criptorquidia Trata-se de uma falha na descida de um ou ambos os testículos por alguma anomalia no desenvolvimento do abdômen inferior e órgãos genitais. Deve ocorrer a descida espontânea dos testículos até os 3 meses de idade. Se não ocorrer essa descida, deve-se realizar uma correção cirúrgica chamada orquidopexia após os 6 meses de idade, pois a criptorquidia gera risco de câncer e infertilidade após os 2 anos de idade. Como a descida testicular é “guiada” por DHT e Insl-3, uma possível insuficiente produção hormonal pode justificar uma criptorquidia. Síndrome do ducto paramesonéfrico persistente Trata-se de uma síndrome que acomete indivíduos masculinos (XY) que possuem mutações no gene do AMH/receptor AMH. Como o AMH tem a função de fazer o ducto paramesonéfrico involuir, com essas mutações, isso não acontece, o paramesonéfrico persiste, levando ao desenvolvimento de vagina, útero e tubas uterinas, ao mesmo tempo que, como há a produção de testosterona, tem-se a presença de epidídimo, ductos deferentes e genitália externa masculina. Geralmente, os testículos assumem a posição que seria normal para ovários. Hipospadia A uretra se abre em um local incomum, devido a uma falha na formação ou fusão das pregas uretrais e/ou falha na canalização da placa uretral da glande. É comum em transtorno de desenvolvimento sexual com deficiência androgênica. Agenesia de genitália externa Trata-se da ausência da genitália externa, ausência de pênis ou clitóris, devido a uma anomalia do desenvolvimento do tubérculo genital. Geralmente, a uretra se abre no períneo, próximo ao ânus. Malformações uterinas e vaginais São malformações que podem acontecer por uma má fusão dos ductos paramesonéfricos. Essa malformações são responsáveis por uma maior taxa de aborto espontâneo, parto prematuro e problemas no parto. Anormalidades do hímen Transtornos do desenvolvimento sexual (TDSs) Trata-se do desenvolvimento atípico das características sexuais secundárias em relação ao sexo genotípico. Síndrome da insensibilidade ao andrógeno Acontece por ausência ou não funcionamento de receptores de andrógeno, que leva um indivíduo masculino (XY) apresentar fenótipo feminino, pois a testosterona não age. Os genitais externos são femininos ou ambíguos, uma vagina em fundo cego pode ser formada e há a presença de testículo já que tem a produção de AMH. Síndrome de Swyer Acontece por uma mutação no gene SRY. Dessa forma, o indivíduo é masculino (XY), mas vai apresentar fenótipo feminino. Há uma disgenesia gonadal total, pois sem SRY não forma testículo e sem os fatores pró-ovarianos e anti-testiculares não sem forma ovário. Se realizar reposição hormonal (estradiol e progesterona) o indivíduo pode desenvolver características sexuais secundárias femininas e ciclo menstrual. E, também, existe a possibilidade de gestação (transferência de embrião). TDSs em indivíduos XX Pode acontecer por uma exposição a níveis elevados de esteroides sexuais virilizantes durante o desenvolvimento fetal. Essa condição pode acontecer no caso de uma hiperplasia congênita da adrenal. Pode ocorrer a hipertrofia do clitóris, fusão das pregas uretrais e labioescrotais formando uma estrutura semelhante ao escroto. Hipogonadismo Na instalação da puberdade, os indivíduos masculinos são marcados por altos níveis de testosterona e as mulheres por altos níveis de estradiol. Essa liberação de hormônios acontece a partir da seguinte cascata: o hipotálamo produz o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) que estimula a hipófise a liberar o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), os quais atuam nas gônadas estimulando a liberação de testosterona e estradiol. Hipogonadismo primário O hipogonadismo primário acontece quando as gônadas não respondem aos estímulos hormonais do SNC. São encontrados altos níveis de GnRH e gonadotrofinas e baixos níveis de hormônios sexuais É comum na - síndrome de Klinefelter (47, XXY): sexo masculino, baixa produção testosterona, azoospermia/oligospermia, ginecomastia. - síndrome de Turner (45, X): sexo feminino, baixa produção de estrogênio, baixa estatura, pescoço alado. Hipogonadismo secundário O hipogonadismo secundário acontece pela produção inadequada de hormônios pelo hipotálamo e/ou hipófise que repercute nas produção hormonal das gônadas. São encontrados baixos níveis de GnRH / gonadotrofinas e de hormônios sexuais. É comum na síndrome de Kallmann (baixa produção de GnRH.
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