Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
* A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 1 DIREITO ADMINISTRATIVO II – Universidade Estácio de Sá – Campus Friburgo Professor Hugo Lontra UNIDADE II Serviços Públicos II 1 Introdução Porque existe Concessão? Onde surgiu? É melhor que a prestação direta de serviços públicos? Fundamento constitucional da Concessão e da Permissão: Artigo 175 da CRFB/88. Fundamento legal da Concessão e Permissão: Lei nº 8.987/95 As concessões comuns são reguladas pela Lei no 8.987, de 13.2.1995, e comportam duas modalidades: (1o) concessões de serviços públicos simples; (2o) concessões de serviços públicos precedidas da execução de obra pública. Sua característica consiste no fato de que o poder concedente não oferece qualquer contrapartida pecuniária ao concessionário; todos os recursos deste provêm das tarifas pagas pelos usuários. Lei nº 11.079/04 De outro lado, as concessões especiais são reguladas pela Lei no 11.079, de 30.12.2004, e também se subdividem em duas categorias: (1o) concessões patrocinadas; (2o) concessões administrativas. As concessões especiais são caracterizadas pela circunstância de que o concessionário recebe determinada contraprestação pecuniária do concedente. Incide sobre elas o regime jurídico atualmente denominado de “parcerias público-privadas”. 1º SETOR 2º SETOR 3º SETOR * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 2 2 Concessão dos Serviços Públicos (concessão comum) A Lei 8987/95 traz duas modalidades de concessão de serviços públicos. A primeira denominada de CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO SIMPLES e a segunda denominada de CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO PRECEDIDA DE EXECUÇÃO DE OBRA PÚBLICA. A distinção básica entre as duas ocorre, pois, na segunda, o Estado além de delegar o serviço, também delega a construção de uma obra pública. Relação Triangular da concessão de serviço público: Com efeito, se, de um lado, o negócio se inicia pelo ajuste entre o Poder Público e o concessionário, de outro dele decorrem outras relações jurídicas, como as que vinculam o concedente ao usuário e este ao concessionário. Importante é saber que na concessão de serviço público há uma tríplice participação de sujeitos: o concedente, o concessionário e o usuário. 2.1 A relação contratual Nunca houve consenso entre os autores sobre a natureza jurídica da concessão de serviço público. Contudo, domina o entendimento que se trata de contrato administrativo. Assim, sua natureza jurídica é contratual, com as respectivas características do regime jurídico de direito público. O artigo 4º da Lei 8987/95 colocou fim à controvérsia, estabelecendo que a concessão de serviço público será formalizada mediante contrato. Dessa forma, assim como afirma o artigo 175 da Constituição, há um caráter especial no contrato de concessão que são as particularidades do regime jurídico-administrativo. Elementos: Bilateral ou sinalagmático Comutativo Intuito Personae Formal * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 3 2.2 A supremacia do concedente Pela própria natureza do contrato administrativo, há uma desigualdade entre as partes contratantes, se valendo o poder concedente da Supremacia do Interesse Público. A Lei 8987/95 prevê expressamente algumas possibilidades se valendo da supremacia do concedente, como por exemplo o caso de encampação do serviço, fundado em interesse público, conforme artigo 37. 2.3 A natureza do concessionário e do concedente A lei não admitiu a delegação do serviço a pessoas físicas, mas apenas a pessoas jurídicas ou a consórcio de empresas. A exigência, inclusive, foi estendida também às concessões de serviço público precedidas da execução de obra pública (art. 2o, II e III, do Estatuto das Concessões). Em face da exigência legal, a comprovação da personalidade jurídica do concessionário ou da regularidade do consórcio de empresas constitui requisito inafastável para a validade da contratação. Sem sua observância, o contrato apresentará vício de legalidade quanto à figura do concessionário. Por certo, o concedente é a Pessoa Jurídica de Direito Público Interno, denominados de entes federativos, seja União, Estados, DF ou Municípios. EXCEÇÃO: A despeito dessa clássica fisionomia, porém, a celebração de alguns contratos de concessão tem sido delegada, em caráter de exceção, a autarquias, especialmente algumas agências reguladoras, passando tais entes a ostentar a qualificação de concedentes. Trata-se de delegação de função fiscalizadora ou de controle, o que rende ensejo a que esse tipo de descentralização, por via de consequência, tenha expressa previsão em lei. A Lei no 9.472, de 16.7.1997, delegou à ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações, agência reguladora, o poder de celebrar e gerenciar contratos de concessão dos serviços de telefonia sob regime público (art. 19, VI), neles assumindo, como sujeito ativo, a qualidade jurídica de concedente. * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 4 2.4 Concessão a empresas estatais e privadas Delegação Legal e negocial. 2.5 Exigência de licitação A licitação é regra para todo e qualquer procedimento prévio ao contrato administrativo, principalmente por estar associado aos princípios basilares da administração pública, como moralidade e igualdade. Com relação as concessões, há normativa constitucional expressa obrigando a realização de licitação no artigo 175 da CFB/88. A lei de concessões não somente assentou a obrigatoriedade de licitação para a escolha do concessionário, como ainda fixou que a modalidade licitatória para o caso é a concorrência, aplicando-se a exigência quer para as concessões simples, quer para as precedidas da execução de obra pública (arts. 2o, II e III, e 14). Por exceção, a Lei no 9.074/1995 previu também a modalidade de leilão de quotas ou ações nos casos de privatização de pessoas administrativas sob controle direto ou indireto da União, com simultânea outorga de nova concessão ou com a prorrogação das já existentes. É possível a participação de empresas estatais nas licitações para concessão de serviço público? Sim, a despeito do tema ser omisso na Lei 8987/95, a Lei 9074/95 trouxe a possibilidade. 2.6 Mutabilidade O melhor conceito do tema é de CAIO TÁCITO: “a mutabilidade desses contratos consiste em reconhecer a supremacia da Administração, quanto à faculdade de inovar, unilateralmente, as normas de serviço, adaptando as estipulações contratuais às novas necessidades e conveniências públicas”. A doutrina, em grande parte,reconhece nos contratos de concessão a existência de cláusulas regulamentares e de cláusulas financeiras. Estas, como traduzem o preço do serviço, não podem ser alteradas ao exclusivo arbítrio da Administração. As cláusulas regulamentares dos contratos administrativos em geral podem ser alteradas para melhor adequação ao interesse público, desde que respeitados os limites fixados no art. 65, § 1.º, da Lei 8.666/1993.21 * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 5 Entende-se, todavia, que os limites indicados no art. 65, § 1.º, da Lei 8.666/1993 não abrangem os contratos de concessão. Teoricamente, os limites seriam aplicáveis aos contratos de concessão que são considerados espécies de contratos administrativos, submetendo-se, subsidiariamente e no que couber, às normas gerais das contratações públicas previstas na Lei de Licitações. (Rafael Oliveira) Todavia, os contratos de concessão possuem peculiaridades que justificariam o afastamento dos referidos limites, notadamente a longa duração, a complexidade e a incerteza da relação contratual. A inaplicabilidade do art. 65, § 1.º, da Lei de Licitações não significa um “cheque em branco” ao Poder Concedente e ao concessionário que devem, por exemplo, (i) justificar a necessidade das eventuais alterações ao atendimento do interesse público e (ii) preservar o equilíbrio econômico-financeiro da concessão. Já se decidiu, por exemplo, que é inconstitucional a lei estadual que concede a trabalhadores desempregados isenção do pagamento dos serviços de fornecimento de luz e água, não somente porque interfere em relação concessional diversa (federal e municipal), como também em virtude de inobservância às regras estabelecidas na licitação (art. 37, XXI, CF). O poder de alteração unilateral do contrato, em consequência, não pode servir de fonte de abusos por parte do concedente, como têm averbado os estudiosos do assunto. E nem poderia ser diferente. Se, de um lado, esse poder constitui exercício da soberania do Estado em prol do interesse público, de outro se torna impositivo que a Administração demonstre inequivocamente a existência de fatos justificadores do exercício da prerrogativa. 2.7 Política tarifária Como remuneração pela execução do serviço, o Poder Público fixa a tarifa a ser paga pelos usuários. Trata-se de preço público e, portanto, fica a sua fixação sob a competência do concedente. Se, de um lado, não devem as tarifas propiciar indevido e desproporcional enriquecimento do concessionário, com graves prejuízos para os usuários, de outro não pode o seu * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 6 valor impedir a adequada prestação do serviço delegado pelo Estado. Por isso mesmo, várias decisões judiciais asseguraram a concessionários o direito à revisão das tarifas. Adite-se, ainda, que a fixação das tarifas é o verdadeiro molde do princípio do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão. Exatamente por isso, é necessária a sua revisão periódica para compatibilizá-la com os custos do serviço, as necessidades de expansão, a aquisição de equipamentos e o próprio lucro do concessionário. Embora a regra seja a unicidade da tarifa, em alguns casos é admissível a diferenciação, sendo vedada a desatenção ao princípio da impessoalidade. Há possibilidade, ainda, de captação de receitas alternativas a fim de se cumprir o princípio da modicidade de tarifas. Exemplo de placas de publicidade na Ponte Rio- Niteroi. Algumas tarifas são cobradas através de contas de consumo entregues na própria residência do usuário ou no local onde se processou o consumo. Tais contas devem ser distribuídas pelos Correios ou pela própria empresa concessionária, e não por empresa privada por esta contratada para tal serviço. O STJ já decidiu que “a execução conferida às concessionárias de serviço público não lhes outorgou a possibilidade de contratação de empresas particulares para o serviço de distribuição de contas de consumo”, e isso porque, admitindo-se a contratação, a concessionária estaria vulnerando, por via oblíqua, o monopólio do serviço postal atribuído à União (art. 21, X, CF) e delegado à empresa pública federal criada exatamente para tal fim: a ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos 2.8 Análise do pacto de concessão A Lei 9074/95 estabeleceu em seu artigo 2º a obrigatoriedade de Lei que autoriza e fixa os termos da Concessão, ou seja, há necessidade de autorização legislativa prévia para a concessão de serviço público. Além disso, há a necessidade de cláusulas mínimas no contrato de concessão, chamadas de cláusulas essenciais. CLÁUSULAS ESSENCIAIS: Cláusulas relativas ao serviço; Cláusulas relativas aos direitos e obrigações; Cláusula de Prestação de Contas; * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 7 Cláusula de fiscalização; Cláusula referente ao fim da concessão. 2.9 Encargos do concedente As regras de direito público que regem o contrato de concessão, por certo, estabelecem ao Poder Concedente certas prerrogativas de controle, não só do serviço, mas também do cessionário. Artigos 29 e 30 da Lei das concessões. Comentários sobre as Agências Reguladoras. 1 ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações 2 ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica 3 ANCINE Agência Nacional do Cinema 4 ANAC Agência Nacional de Aviação Civil 5 ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários 6 ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres 7 ANP Agência Nacional do Petróleo 8 ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 9 ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar 10 ANA Agência Nacional de Águas 11 ANM Agência Nacional de Mineração Pode o Poder Concedente intervir na propriedade privada com a finalidade de regularizar a prestação do serviço público? Sim, a Supremacia do interesse público sobre o privado legitima em certos casos essa possibilidade. Artigos 32/34 da lei de Concessões. 2.10 Encargos do Concessionário Artigo 31 da Lei de Concessões. * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 8 O mais importante da Concessão, sem dúvida, é a prestação do Serviço adequado. E a própria Lei estabelece o que seria o Serviço adequado em seu artigo 6º: “DO SERVIÇO ADEQUADO Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. § 1o Serviço adequado é o que satisfazas condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. § 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço. § 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.” 2.11 Direitos e obrigações dos usuários Aqui há certa divergência doutrinária acerca da natureza jurídica do vínculo entre concessionária e usuário, fechando o triângulo da atividade com a presença do Estado. Essa discussão é puramente acadêmica, pois a própria lei das concessões (8987/95) traz expressamente os direitos e obrigações dos usuários, independente do tipo de vínculo que ostentam. Artigo 7º da Lei 8987/95. Interpretação do Artigo 7 – A. Lei 12007/09 – Quitação anual de débitos. Gratuidade do Serviço Público: * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 9 O STF tem afirmado que a gratuidade tarifária deve ser imediatamente cumprida pela concessionária, a partir da vigência da lei, devendo ser discutida, posteriormente, com o poder concedente, a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão, tal como ocorreu no julgamento da gratuidade no transporte público aos idosos (art. 39 do Estatuto do Idoso) e da gratuidade no transporte público interestadual aos portadores de deficiência (Lei 8.899/1994). (STF, Tribunal Pleno, ADIn 3.768/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe- 131 26.10.2007, Informativo de Jurisprudência do STF n. 480. STF, Tribunal Pleno, ADIn 2.649/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe-197 17.10.2008, p. 29, Informativo de Jurisprudência do STF n. 505.) 2.12 Prazo da concessão Certo é que as concessões somente podem ser outorgadas por prazo determinado. Artigo 2ª, II, III da Lei das concessões. Esse prazo deve ser expresso e inequívoco no procedimento licitatório, pois, esse prazo vincula diretamente a política tarifária e a possibilidade ou não de assumir uma concessão. Em regra as concessões não possuem um prazo mínimo, devendo ser estipulado e atribuído conforme a necessidade de investimentos da concessão. EXCEÇÃO - Contudo, especificamente, a Lei 9074/95 traz, no artigo 1º, parágrafo 2º, a previsão do prazo de 25 anos, podendo ser prorrogado por mais dez, na hipóteses de: estações aduaneiras e outros terminais alfandegados de uso público, não instalados em área de porto ou aeroporto, precedidos ou não de obras públicas. 2.13 Intervenção na concessão A intervenção na concessão é certamente uma via excepcional e necessária à prestação do serviço público. Utilizando-se da titularidade do serviço público e da Supremacia do Interesse público sobre o privado, a Intervenção somente se legitima se estiverem presentes alguns requisitos. Artigos 32/34 da Lei 8987/95. Intervenção deve ser feita por Decreto do Chefe do Executivo da entidade concedente, contendo: ◦ designação de interventor; ◦ prazo da intervenção; ◦ limites; e ◦ Objetivos. * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 10 Instaura-se procedimento administrativo, em até 30 dias, para o poder concedente verificar as causas e responsabilidades da irregularidade do serviço; O procedimento administrativo tem prazo de até 180 dias e caso superado, a intervenção será declarada inválida. Cessada a intervenção, caso não seja extinta a concessão, a administração do serviço deverá ser devolvida a concessionária, procedida de prestação de contas pelo interventor, que responderá pelos atos praticados durante sua gestão. Essa regra somente não se aplica em relação à ANEEL (Energia Elétrica) que possui disposição específica na Lei 12.767/12. 2.14 Extinção e suas consequências jurídicas A lei estabelece 6 causas de extinção de uma concessão (art. 35): 1. Termo final da concessão: nesse caso a concessão se encerra por expressa previsão contratual, não necessitando de comunicação ou aviso anterior para tal. Os efeitos da extinção nesse caso são ex nunc, ou seja, somente após o termo final do contrato que o serviço se considera revertido ao concedente. 2. Anulação da concessão: ocorrerá quando a concessão for firmada com algum vício de legalidade. A anulação pode ser declarada por decisão administrativa ou judicial e os efeitos produzidos são ex tunc, ou seja, a partir da ocorrência do vício. Presente o vício, há presumida lesão ao patrimônio público, podendo, a concessão, ser atacada por ação popular. 3. Rescisão: (art. 39) caracteriza-se por fato superveniente a contratação. Pode ocorrer a rescisão em razão de distrato (rescisão bilateral amigável) ou por descumprimento contratual do concedente. O caminho para este tipo de extinção é o judicial, pois a concessionária não poderá alegar a teoria da “exceção do contrato não cumprido” (exceptio non adimpleti contractus) por expressa previsão legal (artigo 39 da Lei 8987/95) 4. Caducidade: (art. 38) Em regra, quando o inadimplemento do contrato ocorre por ato do concedente, dá-se o nome de rescisão, por outro lado, quando temos um inadimplemento motivado por ato do concessionário, dá-se o nome de caducidade. A inexecução total ou parcial da concessão pelo concessionário pode dar ensejo a caducidade da concessão. A caducidade deve ser declarada por meio de Decreto do Chefe do Executivo após processo * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 11 administrativo e a eventual indenização a ser paga ao concessionário pode ser abatida de eventuais multas e danos por ele causados. 5. Encampação: (art. 37) essa forma de extinção da concessão tem lugar quando o concedente deseja retomar o serviço concedido. Aqui se aplica a prerrogativa do Poder Público em extinguir unilateralmente os contratos administrativos. Não há qualquer inadimplência do concessionário, apenas interesse da Administração pública em retomar o serviço. A encampação deve ser realizada pelo prazo mínimo de duração da concessão encampada. Encampação também pode ser denominada de resgate. Condições para encampação: autorização legislativa para retomada da atividade e indenização a priori, ao concessionário. 6. Falência e extinção da concessionária: ocorrendo o falecimento do empresário individual, a atividade retorna para a administração pública assim como pela decretação da falência da empresa concessionária. REVERSÃO: é a transferência dos bens do cessionário para o patrimônio do cedente após a extinção do contrato. É indispensável que o contrato indique expressamente o destino dos bens utilizados na prestação do serviço.A Reversão pode ser onerosa ou gratuita. 2.15 Concessões anteriores Artigos 42/44 da 8987/95 c/c artigo 3 da Lei 9074/95 2.16 Controle dos serviços concedidos Pelo fato das concessões de serviços público estabelecerem a execução das atividades a empresas privadas, cujo Poder executivo não possui ingerência ou controle, foi identificada a necessidade de criar pessoas jurídicas para controlar e fiscalizar essas concessões, em nome do Poder Executivo, vez que o Poder Público ainda mantém a titularidade do serviço. Dessa forma, foram criadas as Agências Reguladoras, sob a forma de autarquias, com a finalidade de controle dessas concessões. 3 Permissão de Serviços públicos * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 12 Permissão de serviço público é um contrato administrativo onde o permitente (Estado) transfere a um permissionário (particular) a execução de certo serviço público. 3.1 Conceito e objeto Conceito é trazido pela própria Lei 8987/95, em seu artigo 2º, IV: “ a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.” O objeto é a execução de um serviço público de forma descentralizada, visando atingir as necessidades da comunidade. 3.2 Natureza Jurídica “Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente.” Assim, a natureza é de Contrato Administrativo de Adesão, não obstante a contrariedade de José dos Santos Carvalho Filho e outros doutrinadores em aceitar o termo. 3.3 Diferença entre concessão e permissão A marca tradicional diferenciadora entre a concessão e a permissão era a natureza jurídica, enquanto a primeira tinha natureza de contrato a segunda tinha natureza de ato administrativo. Ocorre que a Lei 8987/95 desfigurou a natureza jurídica da permissão tornado-a como contrato administrativo de adesão. A doutrina atual estabelece uma identidade entre os institutos, principalmente em razão do parágrafo único do artigo 40 da Lei 8987/95 que estabelece que “aplica-se às permissões o disposto nesta lei”. Contudo, Jose dos Santos Carvalho Filho aponta duas e, segundo ele, insignificantes, diferenças trazidas no texto legal, entre concessão e permissões: * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 13 1. Quanto a natureza do concessionário/permissionário: Enquanto a concessão permite apenas pessoa jurídica ou consórcio de empresas, a permissão só pode ser firmada por pessoa física ou jurídica. 2. No conceito legal de permissão, há menção a “precariedade” do instituto, algo que não se observa no conceito de concessão. Contudo, não há explicação para a permissão ser precária, já que a extinção da permissão segue exatamente os mesmos termos da extinção da concessão. 3. Na permissão é possível qualquer modalidade licitatória, enquanto na Concessão, somente é permitida a concorrência. ADI 9491 de 98 – Supremo igualou os institutos, afirmando não existirem mas distinção substancial entre eles. (Artigo 118 da Lei 9472/97 x 40 da Lei 8987/95) 3.4 A permissão condicionada O conceito perdeu valor após a edição da Lei 8987/95 em razão de toda permissão atualmente ser por meio de contrato administrativo de adesão, com cláusulas limitadoras e condicionantes. Portanto, quando o objeto da atividade for serviços públicos, não há mais que se falar em permissão condicionada. 3.5 Referências constitucionais Artigo 175 Artigo 21, XI e XII 3.6 Responsabilidade civil Tanto na Concessão quanto na Permissão, aplica-se a responsabilidade civil objetiva, do artigo 37, parágrafo 6º da CRFB, aplicadas às pessoas jurídicas de direito público e as privadas prestadoras de serviço público. 3.7 Aplicação das regras idênticas às concessões * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 14 Todas as regras afetas à concessão, como Mutabilidade, política tarifária, fiscalização, obrigatoriedade de licitação assim omo os encargos do permitente e permissionário. 3.8 Extinção Também segue a mesma linha das concessões. 3.9 Permissão Lotérica Um nova forma de permissão foi regulada pela Lei nº 12.869/13, considerada como outorga, a título precário e mediante licitação, o serviço de comercialização de loterias federais. Esse tipo de permissão possui remuneração formada por comissão incidente no volume de vendas. O prazo é de 20 anos, sendo renovável automaticamente por igual período. 4 Concessão especial de serviços públicos (Parcerias público-privadas) 4.1 Introdução A Lei 11079/04 estabeleceu a forma de contratação de parceria público-privada no âmbito da União, Estados, DF e Municípios. Trata-se de um contrato administrativo de concessão onde se admite duas modalidades: Concessão Patrocinada e a Concessão Administrativa. O artigo 2º da Lei 11079/04, por estabelecer que se trata de uma concessão, a doutrina coloca a Parceria público-privada como uma concessão especial. As parcerias público-privadas tem sido adotadas por diversas partes do mundo com relativo sucesso, e apresentam a justificativa de sua existência em dois pontos fundamentais: Falta de disponibilidade de recursos financeiros; eficiência da gestão do setor privado. Qual é a vontade do legislador com a lei 11079/04? Prover à população com a melhor execução e gestão dos serviços públicos. * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 15 4.2 Conceito e natureza jurídica Conceito legal – Artigo 2º da Lei 11079/04: “parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa”. Crítica de Carvalhinho ao conceito legal de Parceria público-privada, afirmando que deveria se chamar de “contrato de concessão especial de serviço público”, já que o “parceiro- privado” nada mais é que uma pessoa comum do setor privado, que como tal, persegue lucros e vantagens na execução do serviço ou obra pública. O que caracteriza a verdadeira parceria, isto sim, é a cooperação mútua, técnica e financeira, com objetivos comuns (e não contrapostos, como ocorre nos contratos em geral) e sem fins lucrativos, conforme sucede nos convênios e nos contratos de gestão firmados com organizações sociais, previstos na Lei no 9.637/1998. Conceito de José dos Santos CarvalhoFilho: “acordo firmado entre a Administração Pública e pessoa do setor privado com o objetivo de implantação ou gestão de serviços públicos, com eventual execução de obras ou fornecimento de bens, mediante financiamento do contratado, contraprestação pecuniária do Poder Público e compartilhamento dos riscos e dos ganhos entre os pactuantes.” A natureza jurídica desse tipo de ajuste é a de contrato administrativo de concessão de serviço público, como, aliás, emana da própria lei no artigo 2º. Tendo em vista que a lei se refere à concessão comum, regulada pela Lei no 8.987/1995, há que se considerar a delegação em foco como concessão especial, para distingui-la daquela outra modalidade. 4.3 Modalidades e incidência normativa A concessão patrocinada se caracteriza pelo fato do concessionário obter recursos de duas fontes, a primeira, decorrente do pagamento das respectivas tarifas pelos usuários do serviço público e a segunda, oriunda de contraprestação pecuniária paga pelo poder concedente ao particular contratado. * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 16 A concessão administrativa, por sua vez, não comporta remuneração pelo pagamento de tarifa, somente existe o pagamento efetuado diretamente pelo Poder Concedente ou de fontes alternativas de recurso. Alguns autores denominam esse sistema de “tarifa-zero”. Com relação a incidência normativa, há uma simbiose entre três leis, utilizando-se ora uma delas, ora todas elas. As leis são a 8987/95, 9074/95 e 11079/04. 4.4 Objeto Na verdade, a lei ficou confusa quanto ao objeto da concessão administrativa. Na concessão patrocinada, é fácil entender a sua lógica, pois que afinal se assemelha à concessão comum, desta se diferenciando apenas em virtude de o concessionário receber também recursos oriundos do Poder Público, e não somente dos usuários. No entanto, na concessão administrativa a lei deixou margem a dúvidas. De logo, fala-se em prestação de serviços sem qualquer especificação quanto à sua natureza. Ademais, diz-se que os serviços se destinam à Administração como usuária direta ou indireta. O que seria Administração Pública como usuária direta ou indireta do serviço? Não há convergência doutrinária sobre o tema, mas, na justificativa do projeto de lei do Executivo, foi dito que as parcerias público-privadas permitiriam um amplo leque de investimentos, “suprindo demandas desde as áreas de segurança pública, habitação, saneamento básico até as de infraestrutura viária ou elétrica”. 4.5 Características e diretrizes 4.5.1 Financiamento do Setor Privado: significa que o Poder público não disponibilizará integralmente os valores necessários para os empreendimentos públicos que contratar. 4.5.2 Compartilhamento de riscos: descrito no artigo 5º, III da Lei 11079/04, como a possibilidade do poder concedente dividir as dívidas contraídas pela execução do projeto, mesmo que os prejuízos sejam provenientes de caso fortuito ou força maior. Por esse motivo, a fiscalização e controle da atividade exercida pelo poder * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 17 concedente deve ser mais acurada e preocupada, exercendo uma gestão altamente profissional. 4.5.3 Pluralidade compensatória: a lei possibilita diversas formas de remuneração ao concessionário, que, além daquelas previstas no artigo 6º, pode utilizar fontes alternativas. 4.5.4 Indelegabilidade de funções exclusivas de Estado : previsto no artigo 4º, inciso III da Lei, a indelegabilidade recai sobre as atividades que devem ser executadas por entes dotados de potestade pública (JUS IMPERII). 4.5.5 Sustentabilidade financeira: Significa que cabe à Administração prover-se de reserva dos custos que ficarão a seu cargo e das vantagens socioeconômicas decorrentes do objeto contratual, indicando-se quais os benefícios que poderão advir da implantação ou da gestão do empreendimento a ser executado pelo parceiro privado. Em outras palavras, é necessário que seja previamente verificada a relação custo-benefício do empreendimento projetado. 4.5.6 Licenciamento Ambiental: A preocupação com a sustentabilidade ambiental é uma das principais tendências nas contratações públicas naquilo que se convencionou chamar de “licitações verdes”. Nas licitações públicas para contratação de empreendimentos que exigem licenciamento ambiental, o projeto básico deve conter o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). 4.6 Cláusulas essenciais, não essenciais e vedações As cláusulas essenciais apresentam-se em dois grupos, sendo que o termo “essencial” denota a qualidade que não pode faltar, sob pena de nulidade contratual. O primeiro grupo é constituído das cláusulas do artigo 23 da Lei 8987/95. O segundo grupo é encontrado no artigo 5º da Lei 11.079/04, chamadas de cláusulas essenciais adicionais. A lei também admite a inclusão de cláusulas não essenciais, cuja ausência não importa em nulidade do contrato. VEDAÇÕES: * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 18 PRAZO CONTRATUAL: Não será inferior a 5 anos e não será superior a 35 anos, contada a prorrogação. Art. 5º, I da Lei 11.079/04. Isso significa que o contrato de concessão especial, denominado de Parceria Público-privada, pode ser prorrogado, desde que não ultrapasse os 35 anos. O prazo da concessão fica sob a autonomia discricionária do Poder concedente, devendo, entretanto, observar o princípio da proporcionalidade, na medida em que o prazo deve ser compatível com a amortização dos investimentos efetuados. VALOR DA LICITAÇÃO: (Artigo 2º, §4º, I da Lei 11079/04) É vedada a contratação de parceria público-privada quando o valor do contrato for inferior a R$ 10.000.000,00 (Lei 13.529/17). Envolvendo valor inferior, o contrato deverá ser regido, exclusivamente, pela lei de licitações, sendo um contrato típico de obra ou serviço. QUANTO AO OBJETO: Artigo 2º, §4º, III da Lei 11079/04 A parceria público-privada não pode ter como objeto único de contratação, o fornecimento de mão de obra, o fornecimento e a instalação de equipamentos ou a execução de obras públicas. REMUNERAÇÃO DA PPP: É exigida a autorização legislativa para realização de licitação e celebração de contrato de PPP patrocinada, quando mais de 70% da remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública (art. 10, § 3.º, da Lei 11.079/2004). Entende-se que, apesar do silêncio da Lei, a necessidade de autorização legislativa deveria ser aplicada também às PPPs administrativas, uma vez que a remuneração, nessas concessões, será realizada integralmente pelo Estado. (Rafael Oliveira) 4.7 Contraprestação e garantias * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito AdministrativoII, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 19 No contrato de Concessão especial, denominado parceria público-privada, há a previsão de contraprestação a ser paga ao concessionário, pelo poder concedente na forma do artigo 6º da Lei 11079/04. Ocorre que há dúvida quanto ao momento do pagamento. José dos Santos Carvalho Filho afirma que o pagamento somente poderá ser efetuado quando o serviço já estiver à disposição. Caso o serviço seja dividido em etapas, é lícito efetuar o pagamento relativamente àquela etapa já cumprida polo concessionário. O artigo 8º da Lei 11079/04 estabelece as possibilidades de garantias em proteção ao contrato de parceria público-privada. 4.8 Sociedade de propósito específico Trata-se de uma ideia do legislador em tentar promover um melhor controle do cumprimento do contrato além de uma eficiente fiscalização do desempenho e das contas do parceiro privado. Ocorre que a lei é sucinta demais, impedindo a real compreensão e aplicação do tema. Após a licitação, a empresa vencedora deverá cria r uma Sociedade de propósito específico para prestar o serviço e aí sim firmar o contrato. É necessário que no edital licitatório todos os prazos e circunstâncias estejam expressos. Importante citar que o parágrafo 4º do artigo 9º traz vedação expressa à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante das sociedades de proposito específico. 4.9 Licitações A modalidade de licitação que deve preceder a concessão especial é a concorrência, conforme disposto no artigo 10 da Lei 11079/04. 5 Autorização * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2018, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 20 Na verdade, não há autorização para a prestação de serviço público. Este ou é objeto de concessão ou de permissão. A autorização é ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração consente que o indivíduo desempenhe atividade de seu exclusivo ou predominante interesse, não se caracterizando a atividade como serviço público. Alguns autores exemplificam a autorização invocando a atividade de portar arma ou a de derivar água de rio público. Ora, com a devida vênia, tais atividades são realmente autorizadas, mas estão longe de considerar-se serviço público; cuida-se, isto sim, de atividades de interesse privado, que precisam de consentimento estatal pela necessidade de ser exercido, pela Administração, o seu poder de polícia. Por isso é que o Poder Público, nesses casos, confere autorização. Possibilidade de autorização de serviço público: Primeira posição: autorização pode ser considerada como instrumento de delegação de serviços públicos, em razão da sua previsão expressa no art. 21, XI e XII, da CRFB. Ao contrário da concessão e permissão, a autorização de serviços públicos é considerada como ato administrativo precário e discricionário, editado no interesse preponderante do autorizatário, sendo desnecessária a licitação. Nesse sentido: Hely Lopes Meirelles, Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Marcos Juruena Villela Souto. Segunda posição: a delegação de serviços públicos deve ser formalizada por concessão ou permissão, na forma do art. 175 da CRFB, sendo certo que a autorização representa manifestação do poder de polícia do Estado. Nesse sentido: Marçal Justen Filho, José dos Santos Carvalho Filho, Alexandre Santos de Aragão e Celso Antônio Bandeira de Mello. SÚMULAS IMPORTANTES: STJ: 356, 357, 407
Compartilhar