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* A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2021, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. DIREITO ADMINISTRATIVO II – Universidade Estácio de Sá – Campus Friburgo Professor Hugo Lontra UNIDADE III Terceiro Setor – Paraestatais 1 Surgimento do Terceiro Setor Diante da estrutura organizacional do país, podemos observar diversos setores atuando na prestação de serviços, sejam eles sociais, econômicos, privados… A doutrina costuma identificar 3 setores tradicionais, sendo que as doutrinas contemporâneas informam a existência de um 4º setor integrante da estrutura do Estado. O primeiro setor identificado como o próprio Estado, tem a função de prover os cidadãos com serviços públicos essenciais e secundários, sobretudo aqueles, com a finalidade de diminuir a distância das classes sociais e o abismo existente entre àqueles que possuem dinheiro e aqueles que não possuem. A política de desenvolvimento levada a cabo pelo Estado deve prestigiar a geração de empregos e a melhoria da distribuição de renda como pré-requisitos para um país melhor. O segundo setor enquadra-se o mercado em geral, onde impera a livre-iniciativa e que tem o lucro como sua singular motivação. Em regra, é reservado à iniciativa privada. Entretanto, o Estado poderá intervir diretamente nesse mercado em hipóteses excepcionais, tais como nos casos de imperativos da segurança nacional ou por relevante interesse coletivo, sem fins lucrativos e monopólios estabelecidos na Constituição. O terceiro setor é marcado pela presença de pessoas jurídicas de direitos privado, entretanto, sem fins lucrativos, que exercem atividades de interesse social e coletivo e que por isso, recebem incentivos estatais. Essas entidades podem ser associações, ONGs, OSCIPs, OS, e outras. Com o advento da Constituição Federal de 1988, que reconheceu a organização e a participação social como direitos e valores a serem garantidos e fomentados, o povo brasileiro decidiu se organizar mais, constituindo assim organizações não governamentais, o que hoje representa * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2021, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. aproximadamente trezentas mil entidades, que empregam juntas mais de dois milhões de trabalhadores formais e assalariados, formando um contingente bastante expressivo no cenário do emprego nacional. Por fim, atualmente já se reconhece um quarto setor, sinônimo da economia informal, o qual sobrevive por intermédio de criativos artifícios para fugir das garras do leão do imposto de renda. Esse quarto setor está infiltrado em todos os outros. No primeiro setor, encontra- se o ladrão que não sobreviveria sem a proteção da polícia e dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, lembrando-se que, hoje, existem representantes dos bandidos. No segundo setor, há as mercadorias roubadas, os combustíveis misturados com solvente. Por fim, o terceiro setor também está batizado com ilegalidade, em decorrência das inúmeras instituições que têm apenas a fachada de benemerência. CONCEITO “Em última análise, o terceiro setor resulta de iniciativas da sociedade civil, através de pessoas de atuação voluntária, associações e organizações não governamentais, para a execução de funções eminentemente sociais, sem alvejar resultados lucrativos, como as pessoas empresariais em geral.” JSCF 2 Regimes de parceria 2.1 Gestão Associada A Constituição previu, ao instituir a reforma administrativa do Estado (EC no 19/1998), a gestão associada na prestação de serviços públicos, a ser implementada, através de lei, por convênios de cooperação e consórcios públicos celebrados entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. A noção de gestão associada emana da própria expressão: significa uma conjugação de esforços visando a fins de interesse comum dos gestores. Em relação à gestão associada de serviços públicos, pode-se adotar a conceituação de que corresponde ao * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2021, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. “exercício das atividades de planejamento, regulação ou fiscalização de serviços públicos por meio de consórcio público ou de convênio de cooperação entre entes federados, acompanhadas ou não da prestação de serviços públicos ou da transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos” Tanto os convênios de cooperação como os consórcios públicos tradicionais são espécies do gênero convênios administrativos e retratam idêntico conteúdo negocial, qual seja, o de associação entre pessoas para interesses de todos, nunca perdendo de vista, é claro, o interesse público. Expressivo exemplo de gestão associada de atividades situadas na competência comum dos entes federativos é o Sistema Nacional de Cultura, implantado pela EC no 71, de 29.11.2012, ao introduzir o art. 216-A na Constituição. O sistema é organizado em regime de colaboração, de modo descentralizado e participativo, e mobilizado por um processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura. 2.2 Regime de convênios administrativos O que caracteriza essa forma de parceria é a circunstância de ser o regime formalizado através de convênios administrativos. Nesses acordos, normalmente de caráter plurilateral, Poder Público, de um lado, e entidades privadas, de outro, associam-se com o objetivo de alcançar resultados de interesses comuns. Ajuste dessa modalidade seria, por exemplo, o que a União firmasse com fundações mantidas por indústrias automobilísticas com vistas ao aperfeiçoamento e avanço tecnológico da indústria nacional no setor. Não há legislação específica sobre tal regime, mas como os convênios são pactos nos quais as partes manifestam suas vontades e expressam seus direitos e obrigações, nada impede se continue adotando a mesma sistemática, de resto já utilizada há muito tempo. 2.3 Regimes dos contratos de gestão (Organizações sociais) LEI 9.637/98 A lei 9637/98, em seu artigo 1º, estabelece que o Poder Executivo poderá qualificar omo ORGANIZAÇÕES SOCIAIS pessoas jurídicas de direito privado, sem fins * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2021, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ENSINO, PESQUISA CIENTÍFICA, DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO, PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE, CULTURA e SAÚDE. A organização Social poderá firmar contratos de gestão com o Poder Público a fim de concretizar atividades previstas em sua finalidade. Advirta-se, porém, que não se trata de nova categoria de pessoas jurídicas, mas apenas de uma qualificação especial, um títulojurídico concedido por lei a determinadas entidades que atendam às exigências nela especificadas. Devidamente qualificadas, as organizações sociais celebram com o Poder Público o que a lei denominou de contratos de gestão, com o objetivo de formar a parceria necessária ao fomento e à execução das atividades já mencionadas. A despeito da denominação adotada, não há propriamente contrato nesse tipo de ajuste, mas sim verdadeiro convênio, pois que, embora sejam pactos bilaterais, não há a contraposição de interesses que caracteriza os contratos em geral; há, isto sim, uma cooperação entre os pactuantes, visando a objetivos de interesses comuns. Sendo paralelos e comuns os interesses perseguidos, esse tipo de negócio jurídico melhor há de enquadrar-se como convênio. 2.4 Gestão por colaboração (Organizações da sociedade civil de interesse público) Instituído pela Lei 9.790/99, trata-se de outra modalidade jurídica que pode ser atribuída a pessoa jurídica privada sem fins lucrativos. Inicialmente, a Lei estabelece 3 diretrizes básicas para as OSCIPs: Personalidade jurídica de direito privado; sem fins lucrativos; estatutos e objetivos deverão estar em conformidade com lei reguladora (9790) Funcionamento há no mínimo 3 anos. Para José dos Santos Carvalho Filho, o termo de parceria que poderá ser firmado entre o Estado e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, não merce este nome, por ser contraditório à natureza jurídica, pois se trata de verdadeiro convênio administrativo. * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2021, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. 2.5 Instrumentos da Lei nº 13.019/14 – PARCERIAS COM ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL Conhecida como Regime Geral das Parcerias, estabelece um conjunto de normas acerca da parceria a ser firmada com a Organização da Sociedade Civil para concretização de atividades de interesse público. QUADRO ESQUEMÁTICO Gestão Associada Convênios Administrativos Contratos de Gestão Gestão por colaboração Parceria Pacto Federativo Sem legislação 9637/98 9790/99 13019/14 Entes públicos Ente público com particular Pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, Pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, Entidade privada sem fins lucrativos; as sociedades cooperativas e as organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a projetos de interesse público e de cunho social distintas das destinadas a fins exclusivamente religiosos Impedimento Artigo 2º Processo Seletivo Processo Seletivo Processo Seletivo Quinta-feira, 16 de abril de 2015 - (ADI) 1923 * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2021, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. Convênio do poder público com organizações sociais deve seguir critérios objetivos Na sessão plenária desta quinta-feira (16), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela validade da prestação de serviços públicos não exclusivos por organizações sociais em parceria com o poder público. Contudo, a celebração de convênio com tais entidades deve ser conduzido de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios constitucionais que regem a Administração Pública (caput do artigo 37). Por votação majoritária, a Corte julgou parcialmente procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1923, dando interpretação conforme a Constituição às normas que dispensam licitação em celebração de contratos de gestão firmados entre o Poder Público e as organizações sociais para a prestação de serviços públicos de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação ao meio ambiente, cultura e saúde. Na ação, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT) questionavam a Lei 9.637/1998, e o inciso XXIV do artigo 24 da Lei 8.666/1993 (Lei das Licitações). Voto condutor O voto condutor do julgamento, proferido pelo ministro Luiz Fux, foi no sentido de afastar qualquer interpretação que restrinja o controle da aplicação de verbas públicas pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas. Ele também salientou que tanto a contratação com terceiros como a seleção de pessoal pelas organizações sociais devem ser conduzidas de forma pública, objetiva e impessoal, e nos termos do regulamento próprio a se editado por cada identidade. Em maio de 2011, quando proferiu o voto, o ministro Luiz Fux ressaltou que o poder público e a iniciativa privada podem exercer essas atividades simultaneamente porque ambos são titulares desse direito, “nos precisos termos da Constituição Federal”. “Ao contrário do que ocorre com os serviços públicos privativos, o particular pode exercer tais atividades independentemernte de qualquer ato negocial de delegação pelo poder público de que seriam exemplos os instrumentos da concessão e da permissão mencionados no artigo 175, caput, da Constituição Federal”, disse. * A presente apostila se destina exclusivamente para uso didático nas aulas ministradas na Universidade Estácio de Sá no ano de 2021, disciplina Direito Administrativo II, não podendo ser utilizada para fins comerciais ou ainda como citação em trabalhos acadêmicos. Trata-se de estudo compilado de autores da área podendo ocorrer a ausência de citação ou menção devida. Hoje, o ministro relembrou seu voto e afirmou que a atuação das entidades não afronta a Constituição Federal. Para ele, a contratação direta, com dispensa de licitação, deve observar critérios objetivos e impessoais de forma a permitir o acesso a todos os interessados. A figura do contrato de gestão, segundo explicou, configura hipótese de convênio por conjugar esforços visando a um objetivo comum aos interessados, e, por isso, se encontram fora do âmbito de incidência do artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, que prevê a realização de licitação
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