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Beatriz de Assis do Nascimento BiancaCoutinho Santiago DiegoFonseca De Barros GiovannaOliveira De Almeida IraneideAlves De Souza Filha Leviatã – livro por Thomas Hobbes Aracajú – SE 2020 Beatriz de Assis do Nascimento BiancaCoutinho Santiago Diego Fonseca De Barros Giovanna Oliveira De Almeida Iraneide Alves De Souza Filha Leviatã – livro por Thomas Hobbes Aracajú – SE 2020 Trabalho apresentado à disciplina Ciência Política e Teoria Geral do Estado do Curso de Direito da Faculdade Pio Décimo, apresentado como requisito parcial para obtenção de nota referente à I Unidade. Orientador: Profª. Catiuscia Leviatã – Thomas Hobbes Pré-requisitos: 1. Resumo e análise crítica da obra 2. Contexto político-social à época da obra 3. Fazer referência às revoluções Francesa, Inglesa e Americana Objetivo: cumprir os requisitos acima citados, propostos pela professora da disciplina referente ao trabalho. Leviatã, é um livro escrito por Thomas Hobbes e publicado em 1651. O livro diz respeito à estrutura da sociedade e do governo legítimo, e é considerado como um dos exemplos mais antigos e mais influentes da teoria do contrato social. Muitas vezes, é considerada uma das obras mais influentes já escritas do pensamento político. No livro, que foi escrito durante a Guerra Civil Inglesa, Thomas Hobbes defende um contrato social e o governo de um soberano absoluto. Hobbes escreveu que o caos ou a guerra civil só poderia ser evitado por um governo central forte. - Wikipédia Leviatã – Thomas Hobbes INTRODUÇÃO Leviatã é um livro de Thomas Hobbes que tem como centro de análise a organização social e a realidade política da sociedade inglesa do século XVII. Atualmente, 4 séculos depois, o livro continua sendo um símbolo de extrema importância para o estudo da política relacionada à poder. Thomas Hobbes estava tentando entender, na obra analisada, as origens do poder governamental. Antes de existir governo, as pessoas viviam no que ele chamava de “estado de natureza”, onde todos eram livres para fazer o que quisessem. Mas, devido aos humanos serem egoístas por natureza e buscarem poder sobre os outros, isso se tornou um “estado de guerra”. Ou seja, a guerra de todos contra todos. Felizmente, os humanos também são racionais e, acima de tudo, buscam a autopreservação. Portanto, todos consentiram em entregar toda a sua liberdade a um governo, em troca de segurança. Assim, o governo é criado para fornecer segurança e acabar com o estado de guerra na sociedade. Por que Hobbes defendia tanto um Estado soberano? Partindo do pressuposto de um Estado de natureza do ser humano, onde, sem um poder que os controle, o ser humano seria animalizado, onde o único propósito seria o de garantir a vida, o surgimento de um Estado capaz de assegurar segurança e estabilidade para uma sociedade civilizada extinguiria a natureza má e predadora do ser humano . Tal preceito baseou toda a lógica de Thomas Hobbes, de suas idéias ao título do livro. O título escolhido faz referência à um monstro bíblico, que seria uma das criaturas mais poderosas do mundo e, em consonância com as indagações e afirmações contidas no registro, Leviatã, para Hobbes, seria o Estado. Uma boa exemplificação está contida no capítulo XVIII, onde o autor cita a soberania do Estado sobre as pessoas: “nos quesitos de guerra e paz com outros Estados, o soberano é o que comanda a política, é ele o general.” Thomas Hobbes compara uma sociedade em funcionamento com uma casa: se queremos construir uma casa com tijolos pequenos e outros grandes, logo todos estarão desalinhados e irão desmoronar. Com a sociedade funciona da mesma maneira: para que permaneça estável, todos os cidadãos precisam aderir às mesmas leis e regras. Do contrário, a sociedade não pode sobreviver por muito tempo. Hobbes busca defender o absolutismo baseando-se em um “pacto” firmado entre os indivíduos para transferirem sua liberdade ao soberano, divergindo da idéia de algo divino/religioso.Na defesa explícita de concentrar poder na figura do soberano, Hobbes demonstra sua visão política como contratualista (visão filosófica que explica a origem da sociedade baseando-se em um contrato social entre os indivíduos, que marca o fim do estado natural e o início da vida social e política), e defensor da monarquia absolutista (forma de governo na qual o rei exerce o poder absoluto, ou seja, é independente e superior ao poder de outros órgãos do Estado). Leviatã – Thomas Hobbes Os pactos sem a espada são apenas palavras e não têm a força para defender ninguém. - Thomas Hobbes Segundo Johann P. Sommerville, escritor que analisou a obra de Hobbes: A Guerra Civil Inglesa citada pelo escritor, sendo também conhecida como Revolução Inglesa, foi um período de manifestações que criou condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII e a abertura do capitalismo, além de ser considerada a primeira revolução burguesa da história da Europa, pois antecipou a A leitura dos livros de Hobbes ainda vale muito a pena nos dias de hoje. No entanto, ele não os escreveu para nós, mas para seus contemporâneos. Ele acreditava que os autores de então tinham cometido graves erros em seu pensamento político - erros que acabaram resultando na eclosão da guerra civil na Inglaterra. O objetivo de Hobbes em Leviatã era mostrar onde seus contemporâneos haviam errado, e como eles poderiam construir um estado que traria paz e harmonia duradouros (SOMMERVILLE, 1992, p. 1). Revolução Francesa. No período em que ocorria tal revolução, Thomas Hobbes publicava sua obra de maior valor. Em 1641, começava a guerra civil. À época, a sociedade, representada pelo parlamento, rompeu com a idéia da origem divina do rei e de sua autoridade. Com isso, após 10 anos, em 1651, Leviatã foi publicado, com o intuito de orientar e questionar a sociedade da época acerca dos preceitos políticos que haviam tomado como centro de decisão. A obra se tornou extremamente importante para o estudo da Natureza versus Sociedade, sendo utilizado desde então como base de pesquisas e orientação para teses. Thomas Hobbes observou diferentes formas já conhecidas de governo e estudou como elas se sairiam em sua teoria do contrato. De maneira surpreendente, Hobbes conclui que a monarquia é a melhor forma de sociedade, com diversos argumentos, por exemplo: 1. Um governante único pode tomar decisões melhores e mais rápidas, porque não precisa discutir tudo com outras pessoas. Assim, suas políticas serão mais consistentes, fornecendo uma segurança e continuidade maior aos cidadãos; 2. A sucessão é regulada sem ambigüidades. Quando um governante morre ou deixa o governo, oferece um grande perigo para a sociedade, pois se existem diversos possíveis sucessores, um conflito armado pode acontecer, causando caos e anarquia no país. Portanto, é melhor que a monarquia determine um sucessor claro, garantindo a segurança de seus súditos; 3. A autoridade do monarca foi recebida somente por Deus, e ele só deve prestar contas para Deus. O governante passa a ser visto, assim, como um deus humano, que deve ser reverenciado ao manter a paz e defender seu reino; O Estado e a Igreja eram dois sistemas, ambos interferindo nas vidas dos cidadãos e definindo regras diferentes. Eles possuíam suas próprias leis, cortes e a possibilidade de punições para os cidadãos. Thomas Hobbes viu aí o perigo do surgimento de uma guerra civil. Como a monarquia e a Igreja perseguiam objetivos diferentes, ambas, provavelmente, em algum momento, levariam esses conflitos para o campo de batalha. As partes e seus apoiadores acreditavam estar certos, e a idéia das regras bem definidasno contrato social desapareceriam. Thomas Hobbes defendia, então, que o Leviatã não devia ser apenas a cabeça do Estado, mas também da Igreja, fornecendo segurança. Nós experimentamos o mundo por meio de nossos sentidos e só podemos ser guiados a partir deles. Não existem poderes de pensamento interferindo em nós. Esses poderes são como ideias estranhas, criadas por alguém que não confia em seus próprios sentidos, ou que não compreende suas impressões, relata o autor em seu livro Leviatã. PRIMEIRAPARTE -DO HOMEM Fala sobre a figura humana de uma perspectiva filosófica muito profunda, exemplificando e explicando o modo como as sensações, os sentidos e a imaginação afetam o homem natural tornando-o inseguro, egocêntrico,violento e egoísta. Um exemplo que exprime bem o egocentrismo é o seguinte trecho “Porque os homens avaliam , não apenas os outros homens , mas todas as outras coisas , por si mesmo,e porque depois do movimento se acham sujeitos à dor e ao cansaço , pensam que todo o resto se cansa do movimento e procura naturalmente o repouso....” sendo esses fatores o pressuposto para a defesa de Hobbes em relação a imposição do poder absolutista, pois, segundo ele o homem em estado de natureza é incapaz de viver em harmonia com seus semelhantes , porque , ambos são impulsionados por seus desejos e paixões. Um outro fator que é importante ressaltar é a defesa de Hobbes em relação ao poder absolutista exposta na comparação feita entre a entrega de Carlos I pelos puritanos com a entrega de Cristo aos romanos por 30 moedas, pois, ambos só foram traídos e entregues aos que os tinha como inimigos devido ao fato de não possuírem poderes absolutista e também na afirmação de que não é ofender se nos fomos duros com as palavra com alguém que nos exercemos alguma soberania e sim corrigir e punir.A linguagem é extremamente importante , pois, sem ela não existiram nem estado , nem sociedade e etc. As virtudes do homem é dividida em duas espécies : A natural e a adquirida. A natural é a que vem por meio da pratica e experiência. A mesa é definida pela celeridade da imaginação (isto é, rapidez na passagem de um pensamento a outro) e firmeza de direção para um fim escolhido. Esta rapidez é causada pela diferença das paixões dos homens, que gostam e detestam, uns de uma coisa, outros de outra. Em conseqüência do que os pensamentos de alguns homens seguem uma direção, e os de outros outra, e retêm e observam diversamente as coisas que passam pela imaginação de cada um. Essa virtude transparece que o homem é julgado e comparado com base em seus conhecimentos, e quando não se possui essa rapidez de pensamento rotula-se como defeito ou falha do espírito a que vulgarmente se chama imbecilidade, estupidez, e às vezes outros nomes que significam lentidão . Esta diferença de rapidez é causada pela diferença das paixões dos homens, que gostam e detestam, uns de uma coisa, outros de outra. SEGUNDA PARTE - DO ESTADO A leitura dos primeiros parágrafos propõe uma ponte com vários contextos históricos e personalidades. Há uma significativa sustentação da visão do Estado, representado pelo Imperador, como único e capaz de minimizar os efeitos nocivos da prática das vontades gerais, sem verificação da interferência social. Em uma perspectiva baseada na Revolução Francesa, podemos observar que o movimento carregou como princípio o Iluminismo, a defesa da supremacia racional antropológica, fim das imposições ideológicas religiosas e a quebra do domínio burguês e promoveu uma inquietação em relação ao regime onde o rei submetia-se a autoridade do clero, comum ao Absolutismo Europeu. Por meio dessa visão, podemos entender que o Clero perdeu sua força de intervenção sobre a ordem social e o monarca passou a controlar o sistema político e econômico. Dessa forma, houve uma centralização do poder nas mãos do Imperador. Thomas Hobbes nesse capítulo, deixa evidente a sua posição de apoio em relação a um regime de poder defendido por filósofos como Nicolau Maquiável, em sua obra “O príncipe” e por reis como Luis XIV, que com sua célebre afirmação “O Estado sou eu”, governou a França em 1661, a autoridade absoluta traz a idéia de completa e decisiva participação do Estado em todas as manifestações do povo. Inicialmente, ele se questiona sobre os princípios da liberdade no estado de natureza e esclarece que sem restrições, o meio social vive sob condição de guerra, forçando o Estado a estabelecer domínio maior e punições severas. Para pensadores como Monstesquieu, filósofo iluminista, os poderes necessitavam de uma divisão, no objetivo de evitar a tirania e a ampliação das classes desprivilegiadas. Hobbes afirma também, que existe um conjunto de leis naturais pré existentes, como a justiça, a equidade, a piedade e a modéstia, regras integram o comportamento em grupo e que na ausência de temor, rigidez sobre segui-las, podem ser facilmente contrariadas. O teórico político faz jus à sua crítica sobre a falta de uma estrutura de governo e de um juízo individual anexado a esse segmento, que possibilita a disseminação de atitudes nocivas, com a frase "O homem é o lobo do homem" e usa o exemplo de que roubos e espoliações tratavam-se de ocupações legítimas, desde que garantissem a honra de determinadas famílias. Ele também explica de maneira realista que esse processo transformador não aniquilaria os confrontos, porque de qualquer maneira, ainda existiriam divergências de ideologias referentes à inimigos estrangeiros, que após findadas gerariam choque interno de interesses. O filósofo inglês justifica em uma análise comportamental comparativa, o porquê de tantos obstáculos para nos familiarizarmos com o conceito de sociedade, facilmente observado em alguns animais. Entre suas citações, as grandes dificuldades estão presentes em uma constante competição pela dignidade e honra, a não diferenciação entre os bens comuns e individual, o julgamento de superioridade em nossa existência, a aplicação de dominação carismática, a capacidade de distinguir injúria e dano, e por último acordos que só surgem através de pactos. Apesar da abertura despótica, ao considerar representantes do Estado como parte crucial de um Deus mortal, o Leviatã, verbalizar a idéia de súditos e construir o conceito de Estado por Aquisição (poder compartilhado em gerações), Hobbes agrega um senso democrático quando aborda a pluralidade de votos para uma sentença, entregando a posse à uma assembléia ou um único homem, eis o Estado Político. O completo domínio freqüentemente contextualizado na obra de Hobbes também esteve presente na Revolução Inglesa de 1642. Após muito tempo sob intervenção da Dinastia Tudor e Stuart iniciaram-se a Reforma Anglicana, processo em que o Rei Henrique VIII rompe com a Igreja Católica e inaugura o Anglicanismo. Dentro desse contexto, é perceptível autoristarismo em dissoluções do parlamento, na tentativa de prejudicar a atuação da burguesia, especialmente uma impulsionada pelo Rei Carlos II, em 1681, Imperador que também instaurou o absolutismo. “O FIM ÚLTIMO, causa final e desígnio dos homens (que amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os outros), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita.” (HOBBES, 1997, p.141) É desta forma que Thomas Hobbes inicia o segundo livro de sua obra O Leviatã – intitulado “Do Estado”. Para ele, o homem – no estado de natureza - gozava de uma liberdade total, porém, viviam no que ele chama de “guerra de todos contra todos”, não existindo sequer qualquer chance de segurança plena. Os homens, seres de desejos, e sem nenhum poder superior capaz de provocar algum temor, buscavam a efetivação destes desejos a qualquer custa, já que este era o único objetivo de viver,mas ficavam a mercê desta situação, correndo o risco de morte a todo instante. A única lei que é respeitada no estado de natureza – e mesmo assim somente por um certo numero de pessoas – é a lei da honra. As pequenas famílias juntavam-se e procuravam estender seus domínios para se proteger, mas, para Hobbes, a união de algumas pessoas não adianta, pois ao se deparar em uma situação de grande conflito – como a guerra – cada um preocupará somente com seus apetites individuais. Hobbes vê que para existir a devida segurança, é necessário a criação de um meio que é capaz de assegurar a segurança dos indivíduos de forma eficiente e permanente. Assim, surge o estado. Hobbes diz que um Estado por instituição é quando uma multidão de homens concorda e/ou pactua consigo mesmos, quando qualquer homem ou assembléia destes que no qual a maioria o escolha dando-lhe o direito de representar a pessoa daqueles, sendo que todos terão que autorizar as decisões destes homens ou deste homem como a deles para assim serem protegidos. O soberano tem por direito castigar aqueles que se opõe ao seu poder – em caso de não houver desacordo por parte do soberano, cuja função é a segurança de seus servos. Para Hobbes, o soberano é o representante divino e sem ele como mediador não há pacto entre Deus e os homens. Não existe pacto por parte do soberano, já que este não é mais uma pessoa física e sim o próprio estado que governa. Se a decisão pelo soberano ocorreu por maioria, os que opinaram contra a escolha deste terão mesmo assim que acatar a decisão da maioria, senão contrariaram o pacto, pois pelo pacto – nesta situação – vence a escolha da maioria, tanto pela escolha do soberano pela parte do povo, quanto pela assembléia de homens. O soberano não pode cometer injurias e injustiças – somente poderá atribuir-lhe culpa a respeito de iniqüidades. Pois quem faz alguma coisa em virtude da autoridade de outro não pode nunca causar injuria àquele em virtude de cuja autoridade está agindo. Por esta instituição de um Estado, cada individuo é autor de tudo quanto o soberano fizer, por conseqüência aquele que se queixar de uma injuria feita por seu soberano estar-se-á queixando daquilo de que ele próprio é autor, portanto não deve acusar ninguém a não ser a si próprio; e não pode acusar-se a si próprio de injuria, pois causar injuria a si próprio é impossível. Visto que como a função do estado é a segurança e a paz, o soberano se faz juiz para conseguir seu objetivo, destruindo qualquer ameaça a estas. O soberano deve ser juiz das opiniões contrarias a paz e a verdade, pois aquilo que é contra a paz não é verdade. Cabe ao soberano impedir as opiniões – já que para Hobbes, as opiniões se refletem nas ações – daqueles que são contra a paz, pois estes ainda permanecem no estado de guerra. Compete ao soberano prescrever as leis e regras que definem quais as situações que os súditos podem usufruir ou gozar de determinadas posses, quero dizer, compete ao soberano como descrito por Hobbes o usufruto da propriedade sem que aconteça o molestamento por parte dos demais súditos. Pertence ao poder do soberano a autoridade judicial, que consiste no direito de ouvir e julgar qualquer controvérsia a respeito das leis, pois se não houver, não poderá haver proteção e lembrando que cada homem tem por direito natural defender a sua própria vida. O soberano tem direito de fazer guerra ou promover a paz com outros estados quando lhe convir, desde que o soberano assegure a paz de seus súditos. Lembrando que para Hobbes o poder do soberano está acima de todos os poderes, e os demais poderes são desígnios do soberano, ou seja, em caso de guerra, o poder do soberano se encontra acima do poder dos generais. A escolha dos ministros, funcionários, conselheiros e magistrados são de total liberdade do soberano, pois este tem por direito utilizar qualquer meio necessário à alcançar os seus fins – que no qual é assegurar a paz – e para isso é necessário que os mais próximos sejam de confiança. E da mesma forma, cabe ao soberano criar leis para assegurar a paz entre os súditos e para que haja o comprometimento por parte deles, o soberano deve dar títulos alguns – exercito, milícia, juízes etc. – para que haja esta regulamentação. Hobbes diz que existem três tipos de governo: monarquia, Aristocracia e Democracia. Monarquia é o governo de uma pessoa como soberano; Aristocracia é quando existe um grupo pequeno – em relação a democracia – de pessoas como soberania; e Democracia é quando o povo elege seus representantes e estes assumem a função de soberano. Oligarquia e tirania não são tipos de governo no ponto de vista de Hobbes, já que para ele, estas – assim como a anarquia no caso da democracia – são apenas maneiras ruins de Anarquia e Monarquia, onde os oligarcas são aqueles que não governam de forma correta como o tirânico não governa de forma correta. No caso de anarquia ainda é mais irrelevante, já que anarquia significa – em Hobbes principalmente – a falta de governo, a não existência de governo, então jamais poderá ser pensada como tipo de governo. Hobbes vê a monarquia como a melhor forma de governo possível, pois não existe divergência nas escolhas do monarca, pois só ele escolhe e somente ele governa, diferente nos demais casos onde existem várias pessoas opinando por um fato. E também não há distinção entre vida de soberano e vida pessoal, já que o tesouro e o poder passa na mão de somente um, ao contrario dos outros governos que existe a distinção entre a vida privada e a vida de soberano. Porém, se tratando de sucessão, na monarquia ocorre uma complicação, já que quando é necessário a sucessão ou substituição de um membro na aristocracia, os demais aristocratas discutem e decidem qual será o sucessor ou substituto, e no caso da democracia, o povo vota e elege um novo representante, diferente do caso da monarquia onde só há um para escolher quem o suceder. Segundo Hobbes, o soberano tende a escolher como sucessor no governo o seu herdeiro, de preferência o do século masculino, já que para Hobbes o homem por natureza tem mais dons para governar que a mulher, porém quando não há herdeiros este tende a escolher o irmão, a Irmã ou então o parente que lhe é mais próximo, não havendo, um amigo de confiança. Hobbes aponta que existem dois tipos de soberania por aquisição: paterna e despótica. A paterna consiste na soberania do pai – ou da mãe – em relação ao filho ou a filha. Neste caso seria o que chamamos de patriarca e/ou matriarca. Esta forma de soberania é caracterizada a partir do estado de natureza, onde o pai ou mãe tem o direito em função de ser aquele que o gerou, porém, se ambos abrirem mão da criança, esta será súdita daquele ou daquela que o alimentar e criar. Um caso interessante mostrado por Hobbes para simplificar é o caso das Amazonas: Diz-nos a história que as Amazonas faziam com os homens dos países vizinhos, aos quais recorriam para o efeito, um contrato pelo qual as crianças do sexo masculino seriam enviadas de volta, e as do sexo feminino ficavam com elas, o domínio sobre as filhas pertencia a mãe. (HOBBES, 1997, p. 164). Hobbes diz que se não houver contrato, por natureza o direito a soberania sobre a criança pertence à mãe, porém se a mãe for submissa ao homem, este será o soberano, e não só dos filhos, também dos filhos dos filhos e assim sucessivamente – o mesmo direito também terá a mãe quando for o caso dela. No caso da soberania por aquisição despótica, o exemplo maior que temos é o da guerra. Após a guerra, os súditos, por vontade própria, decidirão seguir aquele que é o vencedor. Este caso é interessante pois Hobbes levanta que o servo é somente aquele que por vontade própria decidir seguir o soberano, o escravo não tem papel nenhum a cumprir para com o soberano, já que este não age de livre vontade. Lembrando que não é a vitória que determinae confere os direitos ao soberano sobre o vencido e sim o pacto celebrado, é através do servo que assume o vencedor como tirano, optando pela vida. Liberdade – no primeiro sentido atribuído por Hobbes – significa ausência de oposição, porém, oposição no sentido dos impedimentos do movimento, aplicando tanto a criaturas inanimadas e irracionais quanto ao homem. Por este motivo Hobbes exemplifica dizendo que: Portanto, quando se diz, por exemplo, que o caminho está livre, não se está indicando nenhuma liberdade do caminho, e sim daqueles que por ele caminham sem parar. E quando dizemos que uma doação é livre, não se está indicando nenhuma liberdade da doação, e sim do doador, que não é obrigado a fazêla por lei ou pacto. (HOBBES, 1997, p. 171). E desta mesma forma, Hobbes diz que quando se fala em livre-arbítrio, não se fala em liberdade no âmbito da vontade, mas sim uma liberdade do homem, ao se deparar com a situação, não ter entraves ao fazer aquilo que tem vontade, desejo ou inclinação a fazer. E por este motivo Hobbes diz que liberdade é compatível com necessidade e como medo. Necessidade como por exemplo, as águas necessitam de descer o rio e por medo quando o homem atira objetos ao mar quando ocorre o risco de seu navio afundar. O que Hobbes quer dizer é que o homem é livre em tomar decisões em situações que houver necessidades, e de livre vontade por exemplo, quando este optou pela soberania, preferindo a segurança quando corria perigo de perder a própria vida. Para Hobbes sistemas são qualquer numero de homens unidos por um interesse ou um negocio. Segundo Hobbes a dois tipos de sistemas, regulares e irregulares. Os regulares são aqueles onde um homem ou uma assembléia é instituído como representante de todo conjunto. Todos os outros são irregulares. Para Hobbes todo sistema político é criado pelo soberano do estado e esse soberano tem um poder ilimitado e em todos os estados o soberano é o absoluto representante de todos os seus súditos. Hobbes afirma que os sistemas privados são criados pelos próprios súditos entre si e só vão ser legítimos se o estado permitir Segundo Hobbes os sistemas irregulares que não tem representante consiste numa reunião de pessoas e só vai ser legitimo se não tiver nenhum interesse de prejudica o estado, e o estado têm que ter conhecimento de tudo que foi estabelecido nessa reunião. Hobbes afirma que o poder do representante político é sempre limitado, e quem estabelece seus limites é o soberano. Hobbes afirma que nos corpos políticos todo subordinado e sujeitos podem protesta contra os decretos da assembléia representativa fazendo que sua discordância seja registrada ou testemunhada. Os países onde o soberano não reside são chamados de províncias. Província significa um cargo ou função que aquele a quem pertence à função delega a outro, para que este o administre por ele sob sua autoridade. Para Hobbes jamais deve delegar função governativa a qualquer assembléia residente no local, mas deve-se enviar para cada colônia um governador que represente o soberano. Para Hobbes todos os corpos políticos se qualquer membro se considera injustiçado pelo próprio corpo o julgamento de sua causa compete ao soberano e aos que o soberano tenha nomeado como juízes de tais causas Para Hobbes um ministro publica é aquele que é encarregado pelo soberano de qualquer missão, com autoridade no desempenho dessa missão, para representar o estado. Dos ministros públicos Hobbes afirma que alguns têm seu cargo a administração geral, quer de todo domínio, quer de uma parte dele. Neste caso todos os súditos têm obrigação de obediência às ordenações que faça, assim como as ordens que dê em nome do rei, desde que não sejam incompatíveis com o poder do soberano. Também são ministros os que têm autoridade relativamente à milícia: a custodia das armas, fortes e portos, o recrutamento pagamento e comando dos soldados e a provisão de todas as coisas necessárias para a conduta da guerra tanto em terra como nos mares. Para Hobbes também são ministros públicos os que têm autoridade para ensinar, ou para permitir a outros que ensinem ao povo seus deveres para com o poder soberano, instruindo-o no conhecimento do que é justo ou injusto, a fim de tornar o povo mais capaz de viver em paz e harmonia e de resistir ao inimigo comum. São ministros também aquele que é concebido o poder judicial representando o poder do soberano e sua sentença é a sentença dele. Se houver alguma controvérsia entre a parte julgada e o juiz, cabe ao soberano ouvir a causa e decidi-la ele mesmo ou nomear um juiz com quais ambos concordem. São também ministros públicos todos aqueles que receberam do soberano autorização para proceder à execução de todas as sentenças, para publicar as ordens do soberano, para reprimir tumultos, para prender e encarregar os malfeitores e praticar outros atos tendentes a preservação da paz. Hobbes afirma que a nutrição de um estado consiste na abundância e na distribuição dos materiais necessários á vida; A distribuição dos materiais dessa nutrição e em todas as espécies de estado é da competência do poder soberano. De onde podemos concluir segundo Hobbes que a propriedade que um súdito tem em sua terra consiste no direito de excluir todos os outros súditos do uso dessas terras, mas não de excluir o soberano, quer este seja uma assembléia ou um monarca. Em conseqüência, qualquer distribuição que o soberano faça em prejuízo dessa paz e dessa segurança é contraria a vontade de todos e assim essa distribuição deve, pela vontade de cada um deles ser considerada nula. Mas isto não é suficiente para autorizar qualquer súdito a pegar em armas contra seu soberano ou mesmo a acusá-lo de injustiça ou de qualquer modo falar mal dele. Por que os súditos autorizaram todas as suas ações, e ao atribuírem-lhe o poder. Hobbes afirma que compete ao soberano a distribuição das terras do país, assim como a decisão sobre em que lugares, e com que mercadorias, os súditos estão autorizados a manter trafico com o estrangeiro. Compete, portanto ao estado, isto é ao soberano, determinar de que maneira devem fazer-se entre os súditos todas as espécies de contrato (de compra, venda, troca, empréstimo, arredamento), e mediante que palavras e sinais esse contratos devem ser considerados validos. Para Hobbes há uma grande confusão entre os conselhos e as ordens derivados de maneira imperativa de falar em ambos utilizados e, além disso, em muitos outras ocasiões. Uma ordem segundo Hobbes é quando alguém diz faça isto ou não faça isto. De onde manifestamente se segue que quem ordena visa com isso seu próprio beneficio, pois a razão de sua ordem e apenas sua própria vontade . Um conselho segundo Hobbes é quando alguém diz faça isto ou não faça isto, e deduz suas razões do beneficio que acarreta para aquele quem o diz. Torna-se a partir daqui evidente que aquele que do conselho pretende apenas (seja qual for sua intenção oculta) o beneficio daquele a quem o dá. Um homem pode ser obrigado a fazer aquilo que lhe ordenam, como quando fez a promessa de obedecer, mas ninguém pode ser obrigado a fazer aquilo que lhe aconselham e se caso tiver feito a promessa de segui-lo, o conselho já adquiriu a natureza de uma ordem. Outra coisa também faz parte da natureza do conselho: que seja quem for que o peça não pode, de acordo com a equidade, acusar ou punir quem o der. Porque pedir conselho a outrem é permitir-lhe que de esse conselho da maneira que achar melhor. Toda experiência do mundo é incapaz de igualar o conselho daquele que aprendeu ou descobriu a regra. Quando não existe tal regra, aquele que tem mais experiência no tipo de questão de que se trata será senhor do melhor julgamento, e será o melhor conselheiro para ter capacidade de dar conselho a um estado numa questão que diga respeito a um outro estado é necessário ter conhecimentode todos os acordos e relatos que de lá vem, assim como de todos os registros de tratados e transações de estados entre dois países. Thomas Hobbes estabelece como condição de manutenção desta relação a observância das normas emanadas por este poderoso ente moral. Daí a necessidade de se delinear as leis civis, dentre as quais aquelas relativas aos crimes e as penas a eles inerentes. O que faz Hobbes diferenciar-se dos demais teóricos dos direitos naturais da segunda metade do século XVII é precisamente conceder ao súdito o direito de resistir ao soberano, pois o primeiro direito de natureza deve ser, com efeito, a autodefesa. Hobbes o faz expressamente, não se tem dúvidas, ao súdito que se mantém atrelado ao pacto; prova disso a Segunda Lei de Natureza, que assim determina: Que um homem concorde, quando outro também o faça, e na medida em que tal considere necessário para a paz e para a defesa de si mesmo, em renunciar seu direito a todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros homens, com a mesma liberdade que aos outros homens permite em relação a si mesmo. Ora, se concorda em renunciar ao seu direito à liberdade plena, isto se dá com a finalidade específica de se garantir a paz e a defesa de si mesmo. Logo, os fins últimos do Estado devem ser assegurar a paz aos súditos e defender um súdito dos demais. O estado deve garantir a paz externa e internamente. Hobbes evidencia que “há alguns direitos que é impossível admitir que algum homem, por quaisquer palavras ou outros sinais, possa abandonar ou transferir. Em primeiro lugar, ninguém pode renunciar ao direito de resistir a quem o ataque pela força para tirar-lhe a vida, dado que é impossível admitir que através disso vise a algum benefício próprio. O mesmo pode dizer-se dos ferimentos, das cadeias e do cárcere, tanto porque desta aceitação não pode resultar benefício, ao contrário da aceitação de que outro seja ferido ou encarcerado, quando porque é impossível saber, quando alguém lança mão da violência, se com ela pretende ou não provocar a morte. Por último, o motivo e fim devido ao qual se introduz esta renúncia e transferência do direito não é mais do que a segurança da pessoa de cada um, quanto a sua vida e quanto aos meios de preservá-la de maneira tal que não acabe por dela se cansar. Se o objetivo da soberania é garantir que o pacto de obediência seja obedecido, “quando o próprio soberano age contrariamente aos fins para os quais a soberania foi constituída – seja deixando de zelar pelo cumprimento do pacto de obediência, seja atentando contra os direitos naturais e irrenunciáveis dos súditos – ele deixa de atender à sua finalidade e necessidade, podendo então ser resistido” (PROGREBINSCHI, 2003, p. 198). Hobbes inicia o capítulo conceituando o pecado como aquilo que desobedece a lei e manifesta desprezo pelo legislador. A partir disso ele define o crime como um pecado que consiste em cometer um ato que a lei proíbe. Ou seja, pecado é a intenção de infringir a lei e o crime é o ato cometido. Para Hobbes, a fonte de todo crime é algum defeito de entendimento, ou algum erro de raciocínio, ou alguma brusca força entre as paixões, que são sentimentos. Dos sentimentos, o que mais leva as pessoas a cometerem um crime é a vangloria, por acreditarem que não serão atingidos pela lei, por exercerem um alto cargo, por o nome poderoso da família ou pelo seu poder aquisitivo. Hobbes cita o ódio a ambição e a cobiça como sentimentos óbvios capazes de produzirem um crime, pois são da natureza humana. Já o medo exerce efeito contrário, leva os homens a respeitarem as leis. Um ato deixa de ser crime quando a lei deixa de ser obrigatória. Hobbes usa como exemplo um ato contrário à lei quando se tem a vida em risco ,quando falta a proteção da lei ,nesse caso o crime é completamente perdoado. (Analisando os) crimes, ele conclui que se distribuem em várias escalas e são medidos em primeiro lugar pela malignidade, em segundo lugar pelo contagio, em terceiro pelo prejuízo e em quarto lugar pela concorrência de tempo, lugares e pessoas. TERCEIRA PARTE - DO ESTADO CRISTÃO Quando alguma coisa aí escrita se mostra demasiado árdua para nosso exame, devemos propor-nos cativar nosso entendimento às palavras, e não ao esforço de peneirar uma verdade filosófica por intermédio da lógica, a respeito daqueles mistérios que não são compreensíveis, e aos quais não se aplica qualquer regra da ciência natural. Aquele a quem Deus não revelou sobrenaturalmente que elas são suas leis, nem que aqueles que as publicaram foram enviados por ele, não é obrigado a obedecer-lhes por nenhuma autoridade a não ser a daquele cujas ordens já têm força de lei, quer dizer, por nenhuma outra autoridade que não a do Estado, único a possuir o poder legislativo. Portanto, a questão da autoridade das Escrituras fica reduzida a isto: Se os reis cristãos, e as assembléias soberanas dos Estados cristãos, são absolutos em seu próprio território, imediatamente abaixo de Deus, ou se estão sujeitos a um vigário de Cristo, constituído sobre a Igreja universal, podendo ser julgados, condenados, depostos ou mortos, consoante ele achar conveniente ou necessário para o bem comum. Do significado de espírito santo, anjo e inspiração nos livros das Santas Escrituras Dado que o fundamento de todo raciocínio verdadeiro é a significação constante das palavras, a qual na doutrina que se segue não depende da vontade do autor, como na ciência natural, nem do uso vulgar, como na conversação corrente, mas do sentido que têm nas Escrituras, torna-se necessário, antes de ir mais adiante, determinar que significado têm na Bíblia aquelas palavras que, devido a sua ambigüidade, podem tornar obscuro ou discutível o que a partir delas vou inferir. A palavra anjo significa geralmente um mensageiro, e na maior parte dos casos um mensageiro de Deus. E por mensageiro de Deus entende-se algo que dá a conhecer sua presença extraordinária, quer dizer, a manifestação extraordinária de seu poder, especialmente através de um sonho ou de uma visão. Não há nada nas Escrituras relativamente à criação dos anjos. Mas se examinarmos as passagens do Antigo Testamento onde se faz referência aos anjos veremos que na maior parte delas a única coisa que se pode entender pela palavra anjo é uma imagem despertada (sobrenaturalmente) na fantasia, para indicar a presença de Deus na execução de alguma obra sobrenatural. Portanto, nas passagens restantes, onde sua natureza não é explicitada, essa palavra deve entender-se da mesma maneira. Desde a própria criação, Deus não se limitou a reinar naturalmente sobre todos os homens, através de seu poder, mas teve também súditos peculiares, aos quais comandava por intermédio de uma voz, da mesma maneira que um homem fala com outro. Foi dessa maneira que reinou sobre Adão, dando-lhe ordem de se abster da árvore do conhecimento do bem e do mal. Quando ele desobedeceu e dela provou propôs-se ser como Deus, julgando entre o bem e o mal, seguindo seu próprio critério em vez dos mandamentos de seu criador, e seu castigo foi a privação do estado de vida eterna no qual inicialmente Deus o tinha criado. E posteriormente Deus castigou pelos seus vícios a sua posteridade, com exceção de apenas oito pessoas, com um dilúvio universal. Um sacramento é a separação de uma coisa visível de seu uso comum, e sua consagração para o serviço de Deus, como sinal, seja de nossa admissão no Reino de Deus, como pertencentes a seu povo peculiar, seja de comemoração da mesma. Também há outras consagrações que podem ser chamadas sacramentos, dado que a palavra implica consagração ao serviço de Deus; mas como ela implica também um juramento ou promessa de obediência a Deus não se encontra no Antigo Testamento nenhum outro além da circuncisão e da extrema unção, e no Novo Testamento não há nenhum outro além do batismo eda ceia do Senhor. Dos milagres e seu uso. Entende-se por milagres as obras admiráveis de Deus, e, portanto, chamam-se-lhes também maravilhas. E como na maior parte dos casos são feitos para confirmar seus mandamentos, em circunstâncias onde sem eles os homens seriam capazes de ter dúvidas (seguindo seu raciocínio natural privado) sobre qual é seu mandamento, e qual não é, eles são geralmente chamados nas Sagradas Escrituras sinais, no mesmo sentido em que são chamados pelos latinos ostenta e portento, por mostrarem e anunciarem o que o Altíssimo vai fazer acontecer. Há alguns textos das Escrituras que parecem atribuir o poder de realizar maravilhas (iguais a alguns daqueles milagres imediatos realizados pelo próprio Deus) a certas artes de magia e encantamento. Um particular tem sempre a liberdade (visto que o pensamento é livre) de acreditar ou não acreditar, em seu foro íntimo, nos fatos que lhe forem apresentados como milagres, conforme veja qual o beneficio que sua crença pode acarretar para os que o afirmam ou negam, e conjeturando a partir daí se eles são milagres ou mentiras. O poder que a justiça e o Estado exercem sobre a vida e a morte é importante para que a sociedade se mantenha pacífica. Hobbes expõe esse pensamento, defendendo assim, mais uma vez , o porque da necessidade do governo ser absolutista. Nesse sentido, começa a analisar textos bíblicos com o intuito de fortalecer seu argumento final : o reino de Deus é um Estado civil e ele é o Soberano. Seguindo essa linha de raciocínio, Hobbes começa a detalhar a história de desobediência de Adão e Eva ,e como isso lhes custou a imortalidade, e os castigos bíblicos ,a exemplo do Dilúvio que foi ocasionado pelo estilo de vida das pessoas tido como perverso e acrescenta que entende o inferno, sinônimo dor e sofrimento , como um lugar não fixo de tormento, mas sim tudo aquilo que for sinônimo de destruição . O primeiro contrato feito entre Deus e os homens foi com Abraão que recebia e obedecia as ordens que Deus mandava através de sonhos e visões, sendo ele também o único que poderia responder e punir às contestações de sua família sobre as ordens do criador, pois era o único que recebia às visões. Depois dele o contrato foi sendo renovado com outras pessoas ao decorrer dos anos a exemplo de Moisés. “Hobbes fala também que as pessoas devem saber filtrar as ordens que são passadas em “nome de Deus”, porque existem muitos “ falsos messias " que dão ordens para fins próprios e particulares abusando do nome do criador. E afirma que se existir uma dualidade entre as ordens do criador e as do soberano do local onde você vive, siga sempre o do criador. Thomas Hobbes era puritano e escreveu o livro em uma época bastante delicada , pois ocorria uma guerra civil em seu país ,intensificada pelas disputas religiosas. Ele reconhece Cristo como Salvador e afirma ,mais de uma vez ,que ele morreu para salvar a todos nós, todavia não achava certo a igreja ter o poder de fazer suas próprias leis e interferir fortemente no Estado. Ele acreditava que o estado tinha que ser laico pq nem mesmo Deus( igreja) pode interferir nos assuntos do estado. QUARTA PARTE – DO REINO DAS TREVAS Ao introduzir a demonologia dos poetas gentios, isto é, suas fabulosas doutrinas referentes aos demônios, que nada mais são do que ídolos ou fantasmas do cérebro, sem qualquer natureza real própria, distinta da fantasia humana, como são os fantasmas dos mortos, e as fadas, e outros personagens de histórias de velhas. Essas fantasias se dão ao fato do ser humano necessitar de algo para culpar suas ações. Assim como o Estado que é visto como o Leviatã (um monstro bíblico) porém necessário para que o homem consiga viver em sociedade. Thomas Hobbes rejeitava a legitimidade de uma única autoridade como intérprete oficial da vontade divina.A falta de autoridade requeria a existência da intervenção do Estado sobre a religião e acarretava na impossibilidade de usar a Bíblia como lei. Na maior parte do Leviatã, dedicada a assuntos religiosos, visava a limitar o poder das facções religiosas na esfera política inglesa, argumentando o poder do Estado sobre a religião. “Por filosofia se entende o conhecimento adquirido por raciocínio a partir do modo de geração de qualquer coisa para as propriedades; ou das propriedades para algum possível modo de geração das mesmas, com o objetivo de ser capaz de produzir, na medida em que a matéria e a força humana o permitirem, aqueles efeitos que a vida humana exige.” Hobbes inicia um dos seus últimos capítulos definindo o conhecimento empirista como atuante no processo de pensamento racional, a filosofia. Admite que o raciocínio com prudência faz com que o homem seja impassível de erros e condena a revelação sobrenatural. Além de fazer um resgate do contexto social antes da descoberta das “verdades gerais”, definidas pelo teórico político. O filósofo explica que depois dos atenienses conseguirem domínio, após a derrota do exército persa, tornando ricas cidades marítimas da Europa e Ásia, não haviam pendências nem dentro, nem fora do país, exceto o compartilhamento de notícias e pensamentos filosóficos. Líderes do raciocínio moral como Platão e Aristóteles passavam o tempo discutindo suas opiniões. E isto virou motivo de revolta de vários políticos, incluindo Marco Pórcio Catão, citado por Hobbes, que com receio de que pensadores corrompessem os costumes dos jovens, denunciou tal situação ao Senado. Mesmo assim, foram criadas escolas e locais específicos para debates sobre temas cotidianos existenciais, onde a lei era exposta, lida e discutida. Hobbes também se questiona sobre a utilidade das escolas e explica que os assuntos que absorvemos em geometria, definida por Hobbes como “mãe de toda ciência natural”, não estava presente nessas áreas de estudo. Platão foi um dos únicos filósofos que proibiram a entrada de indivíduos com ausência do conhecimento essencial. A estrutura racional presente nessas escolas era entendida pelo filósofo como “mais um sonho do que uma ciência”, apesar de representar um grande salto para os estudos acadêmicos aprofundados, porque faltava aprofundamento na geometria, enaltecida diversas vezes ao longo do livro. Segundo Hobbes, “... a natureza opera por movimento, cujos modos e graus não podem ser conhecidos sem o conhecimento das proporções e das propriedades de linhas e figuras”. A filosofia moral, não passava de visões romantizadas dos próprios ideais e não deveria ser ensinada ou absorvida. Além disso, o que também vale para evolução dos conhecimentos gerais e científicos são as normas e costumes da lei civil, as concepções do que é justo e injusto, ao entendimento que eles estabelecem as regras do bom e do mau. Processo que no estado de natureza, ignorando-se a supremacia Estatal, é inexistente. Hobbes também reforça os cuidados com lógica individualista, e suas armadilhas, que seriam uma brecha para confundir e conclui com uma crítica à metafísica aristotélica. O escritor também menciona as universidades, que carregavam ensinamentos dos cursos; religião romana, direito romana e arte da medicina e o processo de dependência de outras filosofias do que ele menciona como filosofia prima, que carrega definições inegáveis sobre o corpo, o tempo, espaço, forma, matéria, essência, sujeito, substância, potência, ato, finito, infinito, quantidade, qualidade, movimento, ação e outros conceitos necessários à explicação das concepções do homem. Segundo Hobbes, a explicação destes termos é presente na metafísica, palavra de dois sentidos, contrários à razão natural, de considerações sobrenaturais. O filósofo menciona as essências abstratas e formas substanciais que constituem a escolástica, segundo a Metafísica e admite que há uma difícil compreensão, mas facilita ao dizer que o uso das palavras servempara registrar a nós mesmos e expressar pensamentos e concepções do espírito. Hobbes menciona que algumas palavras são os nomes das coisas concebidas e outras são os nomes de nomes, ou de tipos de discursos como as afirmações, negações, verdadeiro, falso, silogismo, interrogação, promessa e contrato, outros servem para mostrar a conseqüência.
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