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Ensaio Analítico - O Leviatã

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC
BACHARELADO EM CIÊNCIAS E HUMANIDADES
1º Quadrimestre de 2021
Milena da Silva Santos
RA: 11202022092
Maria Eduarda Oliveira Villar
RA: 11202021083
Geovanna Aparecida Lima Costa
RA: 11202020579
Monalisa Moreira Barros
RA: 11202020006
ENSAIO ANALÍTICO: O LEVIATÃ
Análise dos capítulos da parte 1: 13, 14, 15, 16, e da parte 2: 17, 18, 19, 20 e 21
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2021
1
INTRODUÇÃO
Thomas Hobbes foi um filósofo, teórico político e matemático nascido na Inglaterra;
ficou conhecido mundialmente e considerado, até o período atual, como um grande fundador
da filosofia moderna contratualista dentro do âmbito político.
Desde cedo, o inglês teve uma educação anglicana e, após seu ensino básico, ingressou
cedo a Universidade de Oxford, local no qual conhece e é influenciado pelas filosofias de
Aristóteles e Maquiavel, pois, em seus pensamentos futuros, Hobbes trabalha alegando que a
sociedade é formada por indivíduos e que o Estado deve ser monárquico e absoluto.
Enquanto viveu, Hobbes sempre apoiou a monarquia, sendo ele mesmo muito
próximo da família real inglesa, na época, da dinastia Tudors. Além disso, devido aos
acontecimentos da época, o filósofo possuía (como muitos outros ingleses) um medo de uma
invasão espanhola e perecimento diante a Espanha.
Mais adiante em sua vida, após formado, o pensador já teria vivenciado algumas
revoltas burguesas e camponesas tanto em seu país quanto nos arredores da Europa, ou seja,
havia experienciado conflitos políticos fortes que o levaram a formar mais fortemente seu viés
político monárquico absolutista.
Assim, futuramente, Hobbes escreveu seu livro O Cidadão (1642), no qual ele defende
a monarquia absolutista o lançando as vésperas da Revolução Inglesa, consequentemente,
após o sucesso da revolução, Hobbes foi exilado na França por seu viés realista (pró Carlos I)
e escreve o seu livro O Leviatã (1651) justificando seu pensamento, tendo como pilar o
Estado absolutista governado com base no medo, contendo um rei considerado como um
‘deus mortal’ pela multidão (povo) na qual devemos paz e defesa.
O livro tem como meta explicar o novo sistema que seria capaz, através de uma
revolução pacífica, trazer uma nova organização política que traria uma vida boa às pessoas
(algo diferente do que havia ocorrido dezenas de vezes com a Inglaterra devido às guerras)
por meio do que se denomina Pacto ao abdicar, utilizando a Lei fundamental da Natureza, de
seu Direito extremo e passando a viver com a mesma liberdade que os demais são permitidos.
2
Assim, tem-se a construção do direito de propriedade e consenso em relação ao Estado por
parte do povo.
O inglês argumenta sobre essa relação à admissão da sabedoria alheia como igual, ou,
até mesmo, superior a sua própria, trazendo à tona o quão fraco os seres humanos são. Além
disso, aborda a questão natural da sobrevivência com a definição do Estado da Natureza
conceituado como o homem em seu estado de sobrevivência, possuindo uma vida solitária,
curta e miserável, entrando, então, a necessidade do Pacto.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-CONCEITUAL
Apesar de ter passado grande parte de sua vida defendendo uma monarquia
absolutista, se opondo a priori do parlamento, o filósofo muda seu posicionamento a favor
dos parlamentares e alega o poder como merecido (o lado puritano calvinista vencedor da
guerra) enfatizando que nada traria de bom à Inglaterra uma nova guerra civil. Vale ressaltar,
no entanto, que ele não muda sua argumentação em relação a um um governo absoluto que
deve ser obedecido, há apenas o reconhecimento de um novo governo legítimo (parlamento)
que deve ter o povo ao seu favor.
[...] à multidão assim unida numa só pessoa se chama Estado, em latim civitas. É
esta a geração daquele grande Leviatã, ou antes (para falar em termos mais
reverentes) daquele Deus Mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa
paz e defesa. [...] (HOBBES, Thomas, 1651, p.126)
Para compreender a lógica política de Hobbes é necessário entender que o homem é
naturalmente fraco de mente e incapaz de adquirir sabedoria alheia como igual, ou, até
mesmo, superior a sua própria. Além disso, em sua lógica, é abordado a questão natural da
sobrevivência tendo a definição do Estado da Natureza conceituado em como o homem, em
seu estado de sobrevivência, possui uma vida solitária, curta e extremamente miserável.
O Estado de natureza consiste no homem (seres humanos) sendo iguais entre si (em
faculdade de corpo e espírito) e eles em constante preparo para guerra ou até mesmo
3
participando de uma, isso se justificando pelo desejo de posse de algo que não pode, ou não se
deseja, ser compartilhado; logo, é criado inimizade entre os humanos e se busca qualquer tipo
de meio que leve ao fim desejado da conquista. Sendo assim, os homens não têm razões para
mostrar empatia, mostrar o melhor lado de si ou se empenharem para quaisquer coisas, pois
estarão sempre sujeitos a ataques e constantes ameaças que os trarão perda de suas posses.
Vale ressaltar que esse estado de constante guerra/ ameaça da paz se dá, ainda, nos
primórdios do mundo, no qual ainda não existe um governo, ou seja, há prevalência de uma
anarquia na qual nada é injusto ou justo, não possuindo os conceitos de bem e mal já que
esses conceitos são construídos e válidos apenas em sociedade.
Porém, para Hobbes, é possível sair dessa miséria se o homem tiver Razões e Paixões
suficientes, além de existir medo da morte e desejo de uma vida confortável com a esperança
de conquistá-la pelo trabalho, assim, os humanos irão passar a enxergar as vantagens de uma
unificação.
Para entender como os humanos chegam a decisão de união é necessário entender que
dentro do Estado da Natureza (a anarquia antes falada) vigora o Direito da Natureza e a Lei da
Natureza, sendo isso sem um governo vigente. O primeiro citado existe para que o homem
possa preservar sua vida segundo seu julgamento e razão, tendo liberdade de agir ou omitir
informações, isso se aplica até mesmo sobre corpo de terceiros; já a Lei da Natureza é criada e
mantida pela razão, proibindo o ser humano de destruir sua vida e obrigando o homem a agir
ou omitir informações, também se aplicando a terceiros.
Além do Direito e a Lei da Natureza, dentro desse Estado há o que se denomina
Liberdade, sendo quando em vigor representa a ausência de empecilhos externos para o
homem poder exercer seu Direito. Ou seja, a Liberdade é essencial para que o homem aplique
e usufrua de seus direitos dentro da Lei da Natureza. Todavia, devido a existência do Direito
da Natureza, sustentando pela Liberdade, não existe caminho para uma saída dos constantes
momentos de guerra e insegurança.
Sendo assim, a Lei da Natureza deve ser utilizada para que os homens saiam da
condição de Liberdade máxima (que mantém a anarquia), ou seja, o homem deve buscar a paz
4
mesmo que isso seja renunciar ou transferir seus direitos (com exceção à autodefesa, que
Hobbes alega ser nosso direito individual).
Buscando a paz e sua manutenção terá-se a evolução do homem, assim, ele passa a ser
capaz de entrar em uma sociedade, pois passa a renunciar de seu Direito extremo e viver com
a mesma liberdade que os demais são permitidos.
A aniquilação da Liberdade máxima deve ser seguida da transferência mútua de
Direitos (visando a igualdade) em algo denominado Pacto ou Contrato, o primeiro se
diferenciando caso a entrega do Direito venha a ser mais adiante do acordo estabelecido (aqui
o Direito pode se dar por compra e venda, bens materiais e lotes de terra). Há, também, o que
se chama Doação, dando-se quando um lado dá o benefício em troca de amizade, prestígio e
etc.
Logo, os homens realizam trocas, via o Pacto, com objetivo de obter benefícios, porém
nunca poderão renunciar sua obrigação e dever de cumprir sua parte do acordo ou promessa
(que por ser falada com conjugação no futuro, há intenção de se cumprí-la e se torna
obrigatória), se não, aí, será cometido umato de injustiça dentro do contexto social, pois
houve um pacto para troca de direitos e eles devem ser sempre respeitados.
Em um Pacto é definido que o outro lado, quem fechou o acordo, merece sempre seus
dois possíveis méritos, um deles consistindo a doação no qual um lado não recebe “nada” em
troca, e o outro consistindo o contrato firmado, ou seja, o contrato no qual resulta do próprio
poder e da necessidade do contratante. Se nenhum dos dois lados cumpre seu papel então o
pacto se torna nulo.
A saída do Pacto firmado por meio de não o cumprir é impossível, só havendo o
cumprimento ou perdão do mesmo como saída, porque como citado anteriormente, é uma
obrigação e sendo perdoados, logo, o direito que ia ser transferido volta ao seu dono. Hobbes
ainda enfatiza que a realização de pactos com a natureza ou entidades divinas é em total vão,
pois é também uma profanação em nome de Deus.
5
Vale ressaltar que os Pactos são feitos apenas pela troca de palavras e é necessário que
exista um órgão ou entidade que assegurem os seus cumprimentos. O filósofo inglês traz em
sua argumentação que há necessidade de medo/temor para que os Pactos sejam aceitos, logo,
sem existência de leis que impeçam o não cumprimento do pacto, ele deve de ser cumprido
por medo das consequências e, se não pelo medo, então pelo orgulho de cumprir com a
palavra dada (algo raro pois o homem é movido pelo seu prazer e riqueza).
O orgulho de cumprir o Pacto não é em vão, pois possui dois objetivos gerais: o poder
divino, já que veneram e temem a vingança de Deus, e o poder dos homens que dessa maneira
se pode ofender. Aqui, Hobbes coloca o que o temor de Deus é a maior inspiração para
cumprimento do Pacto já que é baseado na própria religião do homem, porém o maior medo
vem dos homens que se pode ofender, pois este é um poder desconhecido e invisível.
[...] O medo dos primeiros é, em cada homem, sua própria religião, a qual surge na
natureza do homem antes da sociedade civil. Já o segundo não surge antes disso, ou
pelo menos não em grau suficiente para levar os homens a cumprirem suas
promessas, dado que na condição de simples natureza a desigualdade do poder só é
discernida na eventualidade da luta. De modo que antes da época da sociedade civil,
ou em caso de interrupção desta pela guerra, não há nada que seja capaz de reforçar
qualquer pacto de paz a que se tenha anuído, contra as tentações da avareza da
ambição, da concupiscência, ou outro desejo forte, a não ser o medo daquele poder
invisível que todos veneram como Deus, e na qualidade de vingador de sua perfídia.
[...] (HOBBES, Thomas, 1651, p.106)
Dentro do livro, é discutido diversas Leis da Natureza, a terceira delas é a que expressa
exatamente a necessidade de haver cumprimento dos pactos celebrados, pois sem
cumprimento dos mesmos não há Justiça, já que não existe vontade de dar ao outro o que lhe
pertence (firmado por meio do Pacto), sendo assim, a Justiça só poderá existir se houver um
Poder Civil que obrigue os homens a cumprir seus pactos. Assim é necessário a definição dos
Direitos de Propriedade (jamais maiores do que o Estado).
Nota-se aqui, que apesar de defender um governo absolutista, Hobbes constrói o
direito de propriedade e consenso em relação ao Estado por parte do povo. Para ele, todos os
6
homens são iguais e capazes, o mais sagaz se equipara ao mais forte e vice versa; o que ele
acreditava era apenas nos homens entrando em consenso sobre um governo absolutista e só
assim ele seria válido.
Sendo assim, o Poder Civil que Hobbes se refere deve ser construído além dos autores
de promessas, para então, os poder julgar sendo a favor ou não da Razão (já que a Justiça é
uma regra da Razão, logo, uma Lei da Natureza). Ou seja, o Poder Civil deve ir além dos
homens que realizaram os Pactos, pois esse poder deverá julgar esses mesmos Pactos a favor
da Razão, sem influência dos pactuantes.
Além da criação do Poder Civil, tem-se a quarta Lei da Natureza que é definida como
Gratidão, ou seja, temos de honrar o doador do benefício e não o fazer-se questionar se
éramos merecedores de tal benefício ou não, pois se os homens perceberem que não há
confiança, não haverá ajuda mútua e nem reconciliação e assim voltaríamos ao estado de
guerra (anarquia).
Uma vez dentro da sociedade formada pelo Poder Civil, os homens, pela quinta Lei da
Natureza, devem aprender e se esforçar para aceitar as divergências de cada pessoa, pois
deve-se manter a paz. Sendo assim, devemos buscar ser sociáveis, mesmo que não seja da
Natureza do homem devido a suas grandes desconfianças.
O homem comprova sua natureza frágil e desconfiada ao não aceitar as divergências
de terceiros, provando que tudo que o minimamente abala o faria retornar ao estado de guerra.
Logo, tem-se a comprovação, novamente, de que a estabilização de um Poder Civil é
necessária para acabar com a barbárie e obrigar o cumprimento de promessas.
Assim, a formação do Estado (Leviatã) com a existência dos contratos sociais e o
Poder Civil é realizada; sendo que dentro desse Estado, como visto anteriormente, o homem
deve realizar o seu possível para manter sua paz, pois este Estado o proporciona segurança.
Logo, os seres humanos devem obedecer com gosto o poder absoluto que concordou em
existir junto a outros homens e assim, com a obediência, manter uma ordem social.
7
Hobbes aponta que essa obediência seria uma das desvantagens do Contrato Social,
pois existe a impossibilidade de discordar daquele que seria designado como representante
para não ser punido. Em outras palavras, todas as decisões teriam que ser acatadas por todos,
“tanto os que votaram a favor dele como os que votaram contra ele” (p. 128).
O autor, para complementar, desencadeia na descrição do que seriam as consequências
da instituição do Estado Leviatã, trazendo que não há nenhum pacto anterior ao Leviatã que
seja válido, logo, as pessoas não poderiam mudar a forma de governo — já que através do
Contrato Social têm de reconhecer quaisquer atos e decisões do soberano.
A justificativa é de que com o Estado pleno em vigor, o Justo e o Injusto se tornam
concretos dentro da sociedade pelo Leviatã ter sido criado pelos pactos e sendo o mediador de
todas as promessas, ele se torna a justiça, sendo assim, não há Estado injusto e nem direito a
rebelião a um.
Vale ressaltar que o soberano, no entanto, também não pode quebrar o pacto, ainda que
para ele não haja julgamento. Se não, não há injustiça e os súditos também não podem se
manifestar contra seu soberano, visto que ele foi designado por uma maioria e o restante deve
consentir; sujeito à punições caso o contrário.
Porém, o soberano jamais poderá ser acusado de injustiça, visto que “aquele que se
queixar de uma injúria feita pelo seu soberano estará se queixando daquilo que ele próprio é
autor, portanto não deve acusar ninguém a não ser a si mesmo” (p. 130). Rebelar-se contra o
Estado Leviatã implicaria no estado de natureza: a guerra de todos contra todos.
O Estado tem o dever de prescrever as regras e as executar, tem poder de decidir sobre
a propriedade e é a personificação de um deus mortal na qual o povo deve completa
submissão, uma submissão que concordam em passar.
Hobbes traz no livro, como exemplos de locais onde esse Estado não é presente, as
Américas recém achadas e países em guerra, nos quais os homens ou nunca tiveram (em seu
conhecimento vago sobre as novas colônias) um estado vigente ou o perderam.
8
A falta de um estado (o Leviatã) mostraria a Natureza do homem contendo os pontos
que o autor traz no começo de sua argumentação. Sendo assim, essas terras precisariam entrar
numa sociedade com Pactos, precisariam de um soberano, já que uma sociedade monárquica
de pactos, respeitando a Lei da Natureza, em que todos aceitassem o seu novo soberano traria
o Estado proposto por Hobbes.
O filósofo inglês é um defensor da monarquia, pois para ele é dessa forma que os
interesses públicos e privados entrariam emharmonia. A principal diferença entre essa e
outras formas de governo está na capacidade cabível à ela para chegar aos fins de suas
instituições. O monarca só iria enriquecer através da riqueza e reputação dos seus súditos,
diferente do que aconteceria em uma democracia ou aristocracia.
Em seguida, o autor ressalta que esse governo é mortal, logo, há o direito de sucessão,
que sempre será ou decidido pelo próprio soberano (a melhor alternativa) ou por alguém mais
próximo a ele. Quando não for esse o caso, os costumes devem ser cumpridos.
A monarquia em si é, para ele, menos corrupta enquanto as demais formas de governo
apresentam maior risco de corrupção — embora sejam válidas caso consigam atingir sua
finalidade como Estado.
A finalidade da instituição, como dito anteriormente, é a paz e a defesa de todas as
pessoas, portanto o soberano deve ser o juiz dos meios necessários para os fins, bem como
quais doutrinas e opiniões devem ser disseminadas aos súditos — a ação, para Hobbes, deriva
das opiniões, por isso seria tão importante ter esse controle —; e através da submissão dos
súditos às leis designadas pelo soberano a propriedade (causa da guerra de todos contra todos
pois antes das leis, todos tinham direito a tudo) é organizada.
Vale ressaltar que o soberano também possui autoridade judicial, bem como controla a
guerra e a paz, decide quem ocupa os cargos políticos e atribui honra àqueles que bem
servirem o Estado Leviatã.
Ou seja, em uma aplicação de um Estado Leviatã não seria uma democracia ou
ditadura que os seres humanos estão acostumados por anos, o medo reinaria a sociedade com
9
o grande fator da concordância, não genérica, mas totalitária de que esse tipo de reino seria o
melhor a população.
A maneira de governar pelo medo pode variar como, por exemplo, um domínio
paterno no qual se entende que a obediência não se dá pela gestação, mas sim por quem
preservou a criança, de modo que esse poder por geração, no estado de natureza, é sempre das
mães, em vista da impossibilidade de saber quem é o pai. Nesse sentido, se a mãe alimentar a
criança, ela a deve a vida e obediência; da mesma forma que no caso de abandoná-la, esse
domínio passa a ser de quem preservou e alimentou a criança.
Ou seja, pelo Estado dar segurança e uma boa vida, os cidadãos devem a ele respeito e
obediência sendo que a falta disso leva a punições severas, principalmente por prejudicar a
vivência em sociedade ao não respeitar o Pacto feito entre cidadão-Estado dos outros
indivíduos sociais.
Além disso, a preservação da vida é o fim maior, para o autor, que faz com que os
homens se sujeitem uns aos outros. A partir desse entendimento inicial, derivam diversas
outras ideias e implicações. Uma delas é a noção de que, com o fim do Estado de Natureza,
será a celebração de um Contrato que definirá quem terá domínio sobre o filho - o que,
contrário do que se supunha no período, não era naturalmente pertencente ao pai, ainda que na
maioria das vezes assim se verificasse. O crucial na discussão reside no fato de que o
dominador possui direito sobre tudo que diga respeito a seus dominados, compreendendo
tanto os filhos de seus filhos, quanto seus pertences.
Resumidamente, o Estado, ao ser firmado acabando com a anarquia no qual os
homens se encontravam, deve e pode ter controle de todos os pertences materiais dos cidadãos
além dos próprios cidadãos, sendo isso definido e acordado pelos cidadãos.
A dinâmica antes abordada, também se encontra presente no Estado por Aquisição, ou
seja, aquele adquirido por força: o soberano tem a direito a tudo de seus súditos. Nesse
domínio conquistado pela vitória militar, o servo tem sua liberdade corpórea confiada
prometendo não fugir e obedecer. Tal direito de domínio se dá, mais uma vez, por um pacto
estabelecido, e não pela vitória em si.
10
Hobbes apresenta justificativas baseadas não somente na Razão, como também nas
Escrituras Sagradas, para basear seus pensamentos e conclui que em uma Monarquia o
interesse pessoal e o público são iguais; um rei apenas terá riqueza se o povo também tiver.
Além disso, os inconvenientes que podem ser encontrados na monarquia (o melhor caminho
para Hobbes, apesar de possuir suas falhas) não são próprios dela, sendo que poderiam ser
resolvidos com uma melhor instrução dos súditos quanto aos direitos da soberania. Com isso,
há necessidade de haver regras concretas para que se crie e preserve um Estado.
Uma outra questão relevante levantada envolve a liberdade, em suas diversas esferas e
implicações. Quanto à liberdade dos homens, estabelece a plena combinação do temor às leis
e com a necessidade - os desejos dos homens derivam de uma causa primeira que é a
necessidade. Assim, a sua plena combinação com a liberdade natural é a única liberdade
genuína.
Hobbes coloca a impossibilidade de se regular todas as ações e palavras dos súditos e,
a partir disso, entende que a liberdade dos súditos está nas coisas permitidas pelo soberano: a
sua liberdade é fazer aquilo que não está proibido pelas Leis. A Liberdade de Estado, por sua
vez, compreende a liberdade do governo de lutar contra possíveis invasores de seus territórios.
Por fim, como citado antes, dentro do Leviatã o único caso em que a desobediência da
soberania não pode ser vista como uma injúria, passível de punição é que a liberdade dos
indivíduos submetidos a um governante inclui a auto-preservação e defesa própria; assim, se
for ordenado que se machuque, tem o direito e a liberdade de recusar a ordem.
Para além disso, a obediência deve ser sempre mantida, pois faz parte da essência do
governo, tendo sido celebrada com o Pacto. Se houver liberdade para resistir à força do
Estado, isso causará sua destruição, e por isso a Força do Estado é essencial para sua
manutenção, senão estaríamos fadados a retornar ao nosso Estado de Natureza.
No capítulo XVI Hobbes descreve e reflete sobre o que é uma pessoa e o que podem
ser personificações. Uma das descrições do significado de pessoa se dá pela palavra persona
do latim: “significa o disfarce ou a aparência exterior de um homem, imitada no palco. E por
11
vezes mais particularmente aquela parte dela que disfarça o rosto, como máscara ou viseira.”
(p.119). Logo, o autor traça um paralelo baseado nisso, pessoal também se trata de um papel,
como o de um ator, uma representação.
Além disso, no capítulo XVI, o autor introduz a distinção de pessoa natural: a que
representa a si mesma e a pessoa fictícia artificial, que representa em nome de outro. Na
pessoa artificial, possui-se o ator: aquele representa o outro, e o outro representado é chamado
de autor. Em um contexto político democrático temos papel de autores no voto da democracia
pois no meio de um suposto pacto, entra-se de acordo com o sistema e por meio do voto, o
povo procura escolher o ator para representar a posição pessoal (que nesse sistema o
representante pode ser tanto no legislativo mas também no executivo). Segundo Hobbes,“
Uma multidão de homens é transformada em uma pessoa quando é representada por um só
homem ou pessoa, de maneira a que tal seja feito com o consentimento de cada um dos que
constituem essa multidão.” (p.121)
Fora o contexto do sistema democrático atual, o sistema de justiça do estado está de
acordo com o que Hobbes escreve. O autor ilustra que a natureza humana, ao contrário de
abelhas e formigas, é desorganizada e não tende ao bem comum “(...) que os homens estão
constantemente envolvidos numa competição pela honra e pela dignidade, o que não ocorre
no caso dessas criaturas. E é devido a isso que surgem entre os homens a inveja e o ódio, e
finalmente a guerra, ao passo que entre aquelas criaturas tal não acontece.”(p.125). Os
humanos, como indivíduos com opiniões e motivações diversas ao permitir aplicar o uso
indiscriminado da violência geraria guerras civis, por exemplo. Isso, no caso de não existir
uma organização de maior poder que assegura a segurança de um povo, fazendo-o abdicarde
sua força por um bem comum.O sistema de justiça vigente assume esse papel nessa realidade
e assegura diversas medidas para impedir que isso aconteça.
DISCUSSÃO
A partir do livro fornecido e dos materiais encontrados na internet, o grupo foi capaz
de elaborar criticamente opiniões e analisar de maneira profunda o pensamento e
argumentação de Thomas Hobbes em sua defesa de um novo modelo político absoluto.
12
Sendo assim, é fato de que o governo proposto por Hobbes é modelo novo e mesclado
com outros modelos já antigos. Além disso, a aplicação de um governo como esse pode ser de
extrema dificuldade devido a limitação de liberdade e consenso geral entre cidadãos,
nitidamente sendo difícil até no momento atual.
Hobbes inova ao trazer seu modelo político de maneira forte, criticando muitas
revoluções e até mesmo a monarquia já existente em diversos países; porém, seu modelo
político possui partes utópicas como o consenso geral e governo monárquico, pois diversos
países, como os das Américas, constituem de repúblicas nas quais se visa grotescamente a
defesa de liberdade e direitos individuais.
O governo Leviatã além de dificílimo de se estabelecer possuiria grande dificuldade
em se manter, pois os cidadãos mais futuramente (aqueles que não concordaram a entrar no
pacto e sim gerações passadas) poderiam querer sair desse sistema e atentar a revoluções,
causando violência para repressão, assim podendo levar a uma grande chacina. Além de que
um governo por base do medo viola, atualmente, a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão por haver direitos invioláveis que até mesmo o Estado não pode infligir.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Thomas Hobbes com suas definições foi de extrema importância para a política
moderna com determinação dos direitos naturais e igualdade, além de sua capacidade de
distinção do que deveria ser um modelo político do Estado em relação à organização da
sociedade. E, apesar de absolutista, a definição de diversas leis de acordos que fazem parte do
cotidiano atual do homem, com contratos mercantis e etc.
13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOBBES, Thomas. Leviatã. Matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil.
(Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva). 3. ed. São Paulo:
AbrilCultural, 1983. Col. Os Pensadores.
HOBBES, Thomas. O Leviatã (várias edições), Inglaterra. Parte 1 Cap. 13, 14, 15 e 16. Parte
2 Capítulos 17, 18, 19, 20 e 21.
MONTEIRO, João Paulo. Ideologia do Leviatã Hobbesiano, São Paulo. In: QUIRINO, C ;
VOUGA, C e GALVÃO, G M (orgs.). Clássicos do Pensamento Político , 1998. Cap. 4.
SHAPIRO, Ian. Os fundamentos morais da política . Martins Fontes, 2006. A posição
política iluminista

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