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Corinebactérias e Difteria Aula 7 - Microbiologia M2 - Isabella Machado Pessanha Alves INTRODUÇÃO - A difteria, também conhecida como crupe (gíria do interior para doenças que obstruem a garganta) é uma patologia que acomete principalmente a nasofaringe, orofaringe e pele formando uma pseudomembrana diftérica (não é um exsudato, mas sim decorrente de um processo pós-necrose). Devido ao intenso processo inflamatório os linfonodos da região cervical eles incham (dificultando a respiração) pela expansão clonal de linfócitos. TRANSMISSÃO - A transmissão acontece pelo contato com pele não íntegra por infecção cruzada ou pelo contato com vias aéreas por gotículas (contato próximo). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS GERAIS - A difteria é uma doença que não se restringe ao local inicial de infecção podendo haver disseminação e atingir o sistema cardiovascular e respiratório por liberação de toxinas, além de haver perda das funções nervosas adjacentes. - A infecção começa nos nervos da nasofaringe (onde há o bacilo) e evolui para a região cardiovascular e respiratória (onde a toxina atinge pela circulação). Um sinal inicial, portanto, é a saída do alimento pelo nariz ao deglutir. HISTÓRICO DO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA • 1884 FRIEDRICH LOEFFLER - Fez coleta de materiais das regiões do corpo afetadas e não encontrou o bacilo no coração e nervos, somente na pseudomembrana diftérica. Logo, ele realiza a coleta de cultura, filtra e testa, injetando em ratos. Os ratos desenvolvem difteria e Loeffler conclui que é uma toxina que atinge os órgãos fora da área de estabelecimento dos bacilos (nasofaringe). • 1888 ROUX YERSIN - Confirma a hipótese de que há liberação de toxina pela bactéria coriniforme pela coleta de sangue. Quando ele injetava em ratos, esses não desenvolviam difteria. Ele percebe que coletou soro contento anticorpos apenas. - A partir dessa análise, 30 anos depois um pesquisador pode desenvolver a vacina a toxina inativada. CORYNEBACTERIUM DIPHTHERIAE - É um bacilo Gram positivo, pleomórfico (possui diversas formas), aeróbico ou anaeróbico facultativo. Vem da família das micobactérias e como similaridade apresenta muitos lipídeos na parede celular. Além disso, apresenta grânulos abundantes pela produção de toxinas. - Possui crescimento lento em meios enriquecidos de O2, por isso é necessário meio especial inibitório do gênero Streptococcus. No geral, bactérias do gênero Corynebacterium podem colonizar também plantas e animais, e no ser humano coloniza a microbiota da pele, trato gastrointestinal ou trato geniturinário. - Na bacterioscopia há coloração dos grânulos, podendo-se identificar o gênero a partir da forma distinguível, mas não a espécie (deixa de usar na rotina). No entanto, para diagnóstico da espécie usa-se o teste de produção de pirazinamidase e fermentação de urease, por exemplo. - A toxina produzida por alguns Corynebacterium (o gene da produção da toxina não faz parte do genoma geral das corinebactérias – hipótese de que uma bactéria ancestral foi infectada e algumas apresentam esse gene em seu genoma após a replicação). - A toxina se liga a fatores de crescimento epidérmico (receptores de heparina) de células cardíacas e de nervos periféricos, principalmente, inibindo a produção de proteína (fator de alongamento de aminoácidos) ao agir no ribossomo. - Isso pode gerar insuficiência cardíaca devido a afinidade dessas toxinas por feixes de condução cardíacos gerando arritmias e bradicardia (colocação de marca-passo). - A morte celular decorrente convoca células imunes e gera edema e inflamação crescente. Essas estruturas formam a placa de necrose da pseudomembrana diftérica. - Há a coleta de material da nasofaringe para que se faça a cultura em placa especial com inibição de Streptococcus. Logo, extrai as culturas suspeitas e há verificação de qual espécie e se essa produz toxina. - No entanto, essa análise demora e por isso a partir da suspeita há o teste com soro. Esse teste ocorre da seguinte forma: o swab é semeado em faixas e coloca-se conteúdo embebido em soro na região de semeadura, logo aguarda-se a reação da bactéria e produção da toxina. Se isso ocorrer forma- se uma linha de precipitação na placa. - O teste de toxicidade para identificação da toxina é feito só após a cultivação. - O PCR pode dar falso positivo, mas também é utilizado. - Os procedimentos para reversão são variáveis conforme o local atingido, como por exemplo traqueostomia, colocação de marca-passo e outros. É importante o tratamento adequado para essas regiões porque esses tecidos se regeneram e o paciente pode se curar. - A vacina, presente na caderneta brasileira, foi essencial para a diminuição de casos. - Por isso, é importante o reforço da vacina a cada 10 anos para a contínua produção de anticorpos. Isso porque a toxina se dissemina mais rápido que a ativação das células de memória, então, é preciso que existam anticorpos já prontos. OUTRAS BACTÉRIAS CORINIFORMES - São bacilos gram positivos. Estão presentes na microbiota da pele e mucosas. Logo, quando há desequilíbrio da microbiota e favorecimento de sua invasão pode haver desenvolvimento da infecção. - Há casos de contaminação ambiental com complicações como endocardite (sintomas como febre). É importante a coleta de pelo menos três amostras para confirmação da infecção.
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