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Microrganismos patogênicos ao trato respiratório - MICROBIOLOGIA

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Leonan José – T5 
 MICROBIOLOGIA – BBPM III 
Microrganismos Patogênicos ao Trato Respiratório – Aline 
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
Quando inspiramos o ar, temos contato com 
patógenos (que possuem potencial infectante para esse 
trato), alérgenos e poluentes. Logo, manter o equilíbrio 
imunológico é essencial para evitar doenças 
pulmonares, como Lesão Pulmonar Aguda (LPA) ou 
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Essas 
doenças normalmente se instalam a partir de uma 
desregulação imunológica frente a esses patógenos e o 
desenvolvimento da patologia envolve principalmente a 
destruição do parênquima pulmonar e dos alvéolos, que 
ocorre devido ao recrutamento e ativação de neutrófilos 
que, apesar de possuírem como alvo principal o combate 
aos microrganismos (principalmente bactérias), eles 
acabam causando lesão tecidual. 
A lesão é caracterizada por inflamação aguda 
seguida por fase fibroproliferativa (depósito de 
fibroblastos e colágeno). 
O trato respiratório possui várias estruturas. Ele 
é dividido em trato respiratório superior (órgãos fora da 
caixa torácica: nariz, cavidade nasal, faringe, laringe e 
parte superior da traqueia) e inferior (órgãos dentro 
caixa torácica: parte inferior da traqueia, brônquios, 
bronquíolos, alvéolos e pulmões). Isso é importante pois 
alguns microrganismos tem a capacidade de causar 
infecção somente no inferior, enquanto outros somente 
no superior. 
O que nos chama atenção é a rede imune 
diferenciada que existe ao longo de todo esse trato – na 
parte superior, existe o tecido linfoide associado a 
mucosa nasal (NALT) e, mais abaixo, o tecido linfoide 
associado a mucosa dos brônquios (BALT). Eles são 
tecidos especializados com várias estruturas linfoides 
associadas e organizadas formando um anel com o 
objetivo de combater as infecções. 
 
O trato respiratório funciona, inicialmente, 
como uma barreira imunológica que é caracterizada por 
vários tipos celulares. Observando desde as vias aéreas 
superiores até as inferiores, as estruturas celulares 
epiteliais vão se modificando. Na parte mais superior, 
existe um tecido pseudoestratificado, cilíndrico, ciliado, 
com células caliciformes e células neuroendócrinas cuja 
principal função é liberar hormônios ao detectar 
alterações nos níveis de oxigênio, estimulando o reparo 
tecidual. Além disso, existe a camada basal e células 
indiferenciadas que vão reabastecer toda a acamada 
estratificada quando outras estão em uma idade 
avançada. Assim, a camada basal vai produzir as células 
para recompor o epitélio. 
As células caliciformes possuem como principal 
função a síntese e secreção de muco (contendo, por 
exemplo, a mucina, os peptídeos antimicrobianos, as 
defensinas, IgA (no trato superior) e substância 
surfactante (no trato inferior). A importância dessa 
secreção de muco consiste na realização do clearence 
mucociliar (quando ocorre a entrada de um patógeno, 
existe essa secreção de muco, que captura o patógeno e, 
com o movimento ciliar, o muco contendo o 
microrganismo é secretado para o exterior, evitando que 
esse atinja o trato respiratório inferior). Em resumo, as 
mucinas são produzidas e sofrem exocitose com a 
função de depuração/clearence mucociliar. 
Existe também a produção de defensinas que 
vão eliminar os microrganismos fagocitados. Vai haver o 
reconhecimento antígenos da superfície das bactérias 
(LPS, ácido teitóico, etc.). Ademais, existe a secreção de 
lisozimas que vão visar a quebra/hidrólise de 
peptidoglicano da parede das bactérias e, 
consequentemente, lise celular. Por fim, existe a 
lactoferrina, uma substância antimicrobiana 
(principalmente as bactérias dependentes de ferro), que 
polarizam uma resposta do tipo Th1 (ativação de 
macrófagos, recrutamento de leucócitos) através do 
reconhecimento dos receptores na superfície de células 
dendríticas e de macrófagos. Esses três peptídeos são 
produzidas por células epiteliais e por neutrófilos e 
possuem função antimicrobiana, visando eliminar esses 
microrganismos que acabam entrando junto com o ar. 
Ao falar sobre o tecido linfoide especializado, 
sabemos que temos uma concentração de linfócitos B 
produtores de anticorpos. Esse tecido serve para 
fornecer um contato direto entre os linfócitos e os 
antígenos, assim, estimulando a ativação de linfócitos T, 
B e produção de IgA (anticorpo de mucosa). As tonsilas 
possuem criptas (por onde passa o ar) e, no interior, 
várias células epiteliais com zonas onde há maior 
concentração de linfócitos B e outras zonas com maior 
concentração de linfócitos T, tudo isso para haver uma 
resposta imunológica mais rápida. 
No NALT (presente em todo o trato superior), 
forma-se o canal de passagem de ar e, logo em seguida, 
temos as zonas foliculares onde há prevalência de 
linfócitos B e T, justamente para haver uma resposta 
imunológica bem mais rápida frente aos antígenos. 
 
Leonan José – T5 
 MICROBIOLOGIA – BBPM III 
 
A ativação dos linfócitos B promove a produção 
de IgA. Já a ativação dos linfócitos T, que inicialmente 
possuíam um padrão de hemostasia (Th0), frente à 
estimulação, esse padrão de resposta pode se 
diferenciar para Th1, Th2 ou Th17. 
 Já o BALT está presente tanto no trato superior 
quanto no inferior. A disposição desses linfócitos é um 
pouco diferente, mas as células que compõe essa 
estrutura também vão secretar mucinas, defensinas e 
substancia surfactante que ficarão na luz do canal, 
visando a neutralização dos microrganismos. Além disso, 
uma grande quantidade de macrófagos e de neutrófilos 
para fagocitose (é onde há a maior concentração de 
macrófagos por milímetros cúbicos). 
 
Essas células secretam também a substância 
surfactante, cuja função principal é diminuir a tensão 
entre o ar e as células. Porém, ela possui também 
peptídeos antimicrobianos visando a eliminação dos 
microrganismos, além de que, em algumas células 
dispostas no estroma dessa estrutura, ocorre o 
reconhecimento de PAMPs e TLRs (toll like receptors 
específicos de cada um dos microrganismos). Nas células 
do trato respiratório inferior, temos um equilíbrio e a 
imunossupressão e a ativação da resposta imunológica, 
ou seja, o tecido está pronto para realizar a fagocitose, 
mas não o faz sem necessidade. 
 
 Na imunorregulação, existem vários macrófagos 
perto das células epiteliais e que, sem a presença dos 
patógenos, existe a secreção de IL-10 e TGF-beta. Essa 
secreção vai realizar a hemostasia (ou seja, 
imunorregulação). Entretanto, na presença de 
microrganismos reconhecidos pelas células epiteliais, 
essas células começam a secretar IL-1, IFN-alfa, IFN-
gama e IL-8 que possuem a função de ativar as células. 
Os macrófagos estimulados secretam IL-12, TNF, IFN-
gama e IL-8 que vão provocar a ativação da resposta com 
a migração de células (principalmente neutrófilos e 
células natural killers). 
 
 
 
 
Leonan José – T5 
 MICROBIOLOGIA – BBPM III 
Além de toda a rede linfoide especializada, no trato 
superior existe ainda a associação do tecido linfoide 
com a microbiota natural. A principal função dessa 
associação é eliminar potenciais locais para a adesão de 
patógenos potencialmente infectantes, ou seja, existem 
bactérias que vão compor o trato superior, evitando a 
colonização de patógenos com uma capacidade de 
causar doenças muito maiores. Os chamados residentes 
comuns do trato superior (que mais da metade dos 
indivíduos saudáveis possuem) é composta por: 
→ Streptococcus pyogenes 
→ Streptococcus pneumoniae 
→ Streptococcus viridans 
→ Moraxella catarrhalis 
→ Corynebacterium spp. 
→ Staphylococcus Coagulase Negativo (SNC) 
→ Bacteriódes spp. 
 
Além disso, pode haver os microrganismos 
chamados de residentes ocasionais que menos de 10% 
dos indivíduos normais e saudáveis possuem. Frente a 
uma infecção, esses microrganismos podem causar 
doenças graves. São eles: 
→ Streptococcus pyogenes 
→ Streptococcus pneumoniae 
→ Neisseria meningitidis 
→ Haemophillus spp. 
→ Staphylococcus aureus (MRSA) 
 
Existemainda os residentes incomuns, ou seja, que 
não deveriam estar ali em indivíduos normais e 
saudáveis. Os três últimos (que são bacilos gram 
negativos) normalmente estão associados a pneumonias 
adquiridas em ambientes hospitalares. São eles: 
→ Corynebacterium diphtheriae 
→ Escherichia coli 
→ Klebsiella pneumoniae 
→ Pseudomonas aeruginosa 
 
 
 
 
BACTÉRIAS 
Staphylococcus 
 Os estafilococos são cocos gram positivos 
agrupados em cachos (em grego, staphyle – grupo de 
uvas). Elas não fazem 
esporos de resistência, 
são imóveis e são 
facultativas em relação à 
presença de oxigênio. 
Dentre as principais 
espécies, temos o S. 
aureus, S. epidermidis e S. 
saprophyticus. 
 
Principais doenças associadas 
S. saprophyticus está relacionado com as 
infecções urinárias, principalmente em mulheres na 
idade fértil, perdendo apenas para E. coli. 
 S. epidermidis está presente em grande 
quantidade na pele como microbiota normal e, quando 
há lesões, ele pode invadir e causar abscessos 
subcutâneos. É muito comum a formação desses 
abscessos após cirurgias, implantação de cateter, etc., e 
ainda possuem a capacidade de formar biofilme, sendo 
uma bactéria muito importante no ambiente hospitalar. 
 S. aureus causa uma gama de infecções: 
endocardites, furúnculos na pele, carbúnculos (extensão 
dos furúnculos), síndrome da pele escaldada, síndrome 
do choque tóxico, toxinas que causam intoxicações 
alimentares, etc. 
 
Identificações das espécies 
 Existem algumas provas que podem ser feitas 
para a identificação desses estafilococos. A primeira é a 
coloração de gram, depois o teste da catalase: 
estafilococos são catalase positiva, enquanto os 
estreptococos são catalase negativa. 
Depois disso, faz-se o teste da coagulase para 
diferenciar as três espécies: S. aureus é coagulase 
positivo, fechando a identificação desse. Se o teste for 
negativo, faz-se o teste de resistência à novobiocina em 
que o S. epidermidis é sensível à novobiocina, enquanto 
o S. saprophyticus é resistente à novobiocina. 
Como o S. aureus é coagulase positivo, todos os 
outros acabam sendo classificados genericamente como 
estafilococos coagulase negativo. 
 
Manifestações clínicas 
Quando essas bactérias começam a sair da pele, 
elas podem invadir o trato respiratório superior. Se eles 
não forme eliminados, podem eliminar para o inferior, 
formando abcessos estafilocócico, que vão recrutar 
neutrófilos e causar uma destruição dos alvéolos. Na 
imagem menor, vemos uma lâmina com menor 
aumento, mas com áreas mais escuras e, em maior 
 
Leonan José – T5 
 MICROBIOLOGIA – BBPM III 
aumento, visualiza-se toda a destruição do epitélio dos 
brônquios. 
 
Eles também podem causar necrose tecidual. Na 
imagem, destaca-se um extenso processo inflamatório 
dérmico, ou seja, recrutamento de leucócitos. 
 
Quando essa lesão aumenta, é possível 
visualizarmos os núcleos do leucócitos e áreas de edema 
(acumulo de liquido entre as células), tudo isso causando 
uma destruição do epitélio, diminuindo a capacidade 
respiratória. 
 
 
Streptococcus 
Os estreptococos 
são cocos gram positivos 
que se arranjam em 
cadeias. Para diferencia-los 
dos estafilococos, é feito o 
teste da catalase, sendo os 
estreptococos catalase-
negativos. 
Esse gênero é nutricionalmente muito exigente, 
precisando de um meio bem enriquecido para seu 
crescimento (ágar-sangue, caldo nutriente em glicose). 
Eles podem fazer parte da microbiota normal tanto da 
via aérea superior quanto da boca e trato intestinal. É um 
grupo muito heterogêneo, sendo a classificação de A-H 
e de K-V, de acordo com as características do carbono C 
de sua membrana. 
 
Manifestações clínicas 
 S. pyogenes é causador de faringite, febre 
reumática, glomerulonefrite. 
 S. agalactiae é responsável por sepse neonatal e 
meningite no recém-nascido, pois pode colonizar a 
vagina de mulheres e causar infecções. 
 Enterococcus faecalis que é associado a 
infecções do trato urinário, formação de abscessos 
abdominais, diarreias. 
 S. viridans está associado principalmente ao 
desencadeamento de cárias, já que estão na mucosa 
oral, entretanto possuem a capacidade de causar 
infecções invasivas. 
 S. pneumoniae causa pneumonia, meningites e 
endocardites. 
 
• Streptococcus pneumoniae 
Ele é uma das principais 
espécies do gênero, sendo 
conhecido também como 
pneumococo. Uma de suas 
características é o agrupamento 
em cadeias curtas ou pares. 
São residentes do trato superior e pode causar 
várias infecções, como sinusite, otite, pneumonia e 
bronquite. Além disso, eles possuem capacidade 
invasiva, atingindo a corrente sanguínea e causando 
meningites e bacteremias. 
Dentre seus fatores de virulência, devemos 
destacar a cápsula (que torna essa bactéria mais 
resistente a fagocitose), a presença de hialuronidases 
(que quebram o ácido hialurônico das células, 
favorecendo a penetração da bactéria no tecido), 
produção de IgA proteases (para quebrar o IgA, 
anticorpo presente na mucosa) e a presença do pilus 
(troca de material genético, fornecendo a capacidade de 
ser resistente a alguns antibióticos). 
 
• Streptococcus pyogenes 
Também são cocos gram 
positivos agrupados em cadeias, 
catalase-negativo e é o principal 
representante dos estreptococos 
beta-hemolíticos, ou seja, 
produzem hemolisina que vai lisar 
eritrócitos e leucócitos (uma 
forma de defesa dele contra nossa 
resposta imunológica). 
 O S. pyogenes pode causar faringites e 
amidalites (no trato superior), entretanto, quando 
 
Leonan José – T5 
 MICROBIOLOGIA – BBPM III 
atinge a corrente sanguínea, pode causar a erisipela 
(migração para o tecido subcutâneo, causando processo 
inflamatório) e a fascite necrotizante (quando a 
produção de enzimas pelo patógeno destrói o tecido). 
 
 Erisipela Fascite necrotizante 
 
Além disso, uma das importância do S. pyogenes 
é sua associação a sequelas pós várias infecções. Eles 
acabam ativando muita resposta imunológica, formando 
muitos imunocomplexos, que pode se depositar nos rins, 
causando glomerulonefrite por depósito de 
imunocomplexos e febre reumática (quando ocorre 
depósito na pele). 
Dentre os fatores de virulência, temos o fato de 
ele ser beta-hemolítico (consegue lisar hemácias), 
presença de cápsula (proteção contra fagocitose), 
liberação de estreptoquinases (capacidade de quebrar o 
material genético das células), liberação de 
hialuronidase (ajuda na invasão de tecidos), possui 
várias exotoxinas (lise de leucócitos), troca de pilus 
(para reprodução sexuada). 
 
• Mycobacterium tuberculosis 
Elas são chamadas de 
micobactérias pois possuem 
ácido micólico na sua parede. As 
principais espécies são a 
tuberculosis e a leprae. 
A transmissão desse 
bacilo é por inalação: o paciente 
inala o ar contaminado que vem de um paciente 
infectado quando fala, espirra, etc., e quando esse 
paciente está excretando os bacilos ele é chamado de 
bacilífero. É uma doença infectocontagiosa, 
predominante no trato respiratório inferior. 
Para haver a infeção, algumas características são 
importantes: 
→ Estado imunológico: devido à barreira imunológica 
de NALT, BALT, etc. do trato respiratório superior, 
pode ser que esse bacilo não consiga chegar ao trato 
respiratório inferior 
→ Carga bacilífera inoculada: quando são poucos 
bacilos, esses ficam muito expostos à ação dos 
macrófagos. Uma vez que ocorre a inalação de 300 
bacilos, por exemplo, alguns podem sobreviver e 
atingir o trato respiratório inferior 
→ Ambiente: se for um ambiente com aglomerações, 
pouca ventilação, as chances aumentam 
Histórico 
Ele também pode ser chamado de bacilo de Koch e 
foi identificado em 1882. Pode ser chamada de tísica, 
que, do grego, significa “aquilo que definha, pessoa 
consumida por algo, consumação”. 
 No século XX, ficou conhecida como “doença 
romântica”, levando à morte de vários escritores que 
possuíam estilos de vida boêmios, sendo esses locais 
com as características necessárias para a transmissão da 
doença. Muitosmorreram com pouco mais de 30 anos. 
 Em 1960, foi estabelecido o esquema 
terapêutico da tuberculose e, atualmente, é conhecida 
como um mal social, a “doença do pobres”. 
 
Transmissão 
 O paciente bacilífero elimina os bacilos, que 
ficam no ar. Em locais com boa ventilação, eles são 
removidos. Contudo, se o ambiente é fechado, outra 
pessoa acaba inalando esse bacilos. 
 
Características importantes 
 Sua divisão acontece de 12 a 20 horas, sendo 
considerado um microrganismo de multiplicação lenta 
(E. coli, por exemplo, demora 20 minutos para fazer a 
divisão). Isso acaba atrasando o diagnóstico pois, em 
cultura, demora muito para crescer. É uma doença 
traiçoeira que possui um envoltório resistente. 
 Existe um elo entre a TB e HIV devido à resposta 
imunológica – como o HIV tem como alvo a eliminação 
dos linfócitos, ocorre aumento da proliferação dos 
bacilos da TB. 
 O problema da TB é o não tratamento. A demora 
na identificação leva o paciente à óbito e, quando isso 
não ocorre, a permanência desse bacilo no trato inferior 
aumenta a chance do desencadeamento de resistência a 
vários antibióticos, chamada de multirresistência. 
 
Manifestações clínicas 
PULMONAR: presença de bacilos → ativação de 
macrófagos → fagocitose. No entanto, o que deveria ser 
uma resposta favorável ao indivíduo, acaba sendo 
favorável à bactéria – ela precisa dessa fagocitose pois, 
dentro do macrófago, ela foge da sua lise e se dissemina 
para outros órgãos. 
Na tuberculose, ocorre padrão de resposta Th1 
(ativação de neutrófilos e macrófagos) visando a 
eliminação do bacilo. Entretanto, ele começa a formar 
uma estrutura chamada de granuloma que é uma 
ativação da resposta imunológica em que o bacilo fica no 
centro e é formado o granuloma envolvendo-o. 
Além da infecção no pulmão, dependendo dos 
fatores de virulência associados à bactéria e também do 
estado imunológico do paciente, alguns podem 
desenvolver a tuberculose disseminada, quando o 
bacilo destrói o tecido pulmonar e vai formando 
 
Leonan José – T5 
 MICROBIOLOGIA – BBPM III 
abscessos. O bacilo então penetra nesses abscessos, 
podendo atingir a corrente sanguínea. Por disseminação 
hematogênica, eles acabam infectando outros órgãos, 
como fígado, baço, rins, etc. Toda essa disseminação 
para outros órgãos fora do pulmão é chamada de 
tuberculose miliar. 
Na imagem do pulmão abaixo, vemos a 
formação dos abscessos. Toda essa massa 
esbranquiçada são abscessos, infiltrados leucocitários e 
presença de muco. 
 
 
Formação do granuloma 
 O bacilo inalado consegue resistir ao NALT e ao 
BALT e chega até os alvéolos pulmonares. Chegando 
nesse local, começa a haver uma migração de células ao 
redor do bacilo, que serve para contê-lo. Da periferia 
para o centro, observamos um cordão de linfócitos, logo 
depois células epiteliais, células dendríticas, etc. Isso é 
visível ao microscópio. Ao centro, temos o bacilo envolto 
por uma área de necrose caseosa (o nome vem de 
“queijo”, pois é uma área bem mole). 
 
 
Quando o bacilo é eliminado, acontece uma 
resolução – todas as células morrem ou migram para 
outros lugares e toda a região de necrose caseosa é 
substituída por tecido de fibroblastos (colágeno). Uma 
das características é que, nessa área, o tecido perdeu a 
função, uma vez que as células daquele local foram 
substituídas por outro tipo celular ou por outras 
estruturas. 
Fisiopatologia 
 
 Quando o paciente consegue contar os bacilos, 
significa que houve uma resposta imunológica que 
conseguiu segurar a disseminação e o paciente pode ter 
uma infecção latente. No entanto, se o individuo não 
possui uma resposta adequada, a doença pode continuar 
ativa (ou seja, bacilífera) e se disseminar, causando a 
tuberculose extrapulmonar. 
 
Diagnóstico 
 A primeira coisa é suspeita clínica: tosse por mais 
de 3 semanas para pessoas saudáveis e tosse por mais 
de 2 semanas para grupos de risco. Para profissionais da 
saúde, tosse durante qualquer período de tempo deve 
ser investigado por tuberculose. 
 Formas de se confirmar o diagnóstico: 
→ Demonstração da presença do bacilo no organismo 
o Baciloscopia (ver o bacilo no escarro) 
o Cultura (mandar o escarro para laboratório) 
o Teste rápido molecular (identificação do 
material genético) 
→ Exames complementares 
o Radiografia de tórax 
o TC de tórax 
o Broncoscopia 
o Sorologia para HIV 
 
Cultura: o nome do meio de cultura é 
Löwenstein Jensen, possui alta sensibilidade e 
especificidade. Além dela, é possível fazer o teste de 
sensibilidade aos antimicrobianos. O problema da 
cultura é que pode demorar de 1 a 8 semanas para o 
resultado (por conta da multiplicação lenta do bacilo). 
Teste rápido molecular: pesquisa do material 
genético. Alta sensibilidade e especificidade. Uma boa 
característica é seu resultado rápido, que pode sair em 
até 2 horas. 
Baciloscopia BAAR: coloração dos bacilos álcool 
ácido resistentes. No entanto, algumas observações 
devem ser vistas, pois o paciente pode não ser bacilífero, 
ou seja, ele não possui a exceção maciça de bacilos, 
assim, esse resultado dá negativo, mas ele tem o bacilo. 
Por isso, para correta identificação, é necessário haver a 
 
Leonan José – T5 
 MICROBIOLOGIA – BBPM III 
coleta de 2 ou 3 amostras. A parede da bactéria possui 
ácido micólico, por isso sua denominação é distinta das 
demais. 
De um lado, 
temos BAAR e do outro 
temos outras não-
BAAR. O primeiro passo 
é fixar o esfregaço, 
depois coloca-se a 
fucsina, que deve ser 
passada também ao 
fogo para facilitar a 
penetração da fucsina 
no ácido micólico. 
Assim, tanto as BAAR 
quanto as outras irão se 
fixar com a fucsina. O 
próximo passo é fazer a 
descoloração com 
álcool. Pela presença do ácido micólico na parede, a 
fucsina não irá sair, enquanto as outras bactérias 
perderão a coloração. Depois, adiciona-se o contra 
corante azul de metileno, corando apenas as outras 
bactérias que perderam a coloração de fucsina. 
 O resultado final 
está na imagem: um fundo 
todo azulado (são as 
secreções, mucos, células 
epiteliais, etc.) e a presença 
dos bacilos corados com a 
fucsina. 
Além de visualizar a presença, o número de 
bacilos também é importante. Devem ser observados 
100 campos da lâmina e fazer uma média do número de 
bacilos por campo. Assim, será classificado em negativo 
ou positivo de + a +++. 
 
 
 Prova Derivado Tuberculínico (PPD): consiste na 
coleta de um derivado proteico do bacilo e na aplicação 
de 100 microlitros desse derivado no tecido subcutâneo 
do antebraço da pessoa investigada. Aguarda-se o prazo 
de 2 a 3 dias para o paciente voltar ao laboratório e 
avaliar a formação de um halo ao redor desse derivado 
proteico. Esse halo é a resposta imunológica mediada 
principalmente por linfócitos T que vão identificar esse 
derivado proteico e desencadear a formação do halo. O 
problema desse teste é que, às vezes, o paciente não 
volta para ser realizada a leitura. 
 
A imagem ao lado 
mostra o nódulo e a 
formação do halo. Pega-se 
um régua e mede-se o 
diâmetro do halo – se for 
maior que 5mm, o resultado 
é positivo. Entretanto, o 
teste pode ter falsos 
positivos ou falsos negativos. 
O falso positivo ocorre quando esse paciente 
entra em contato com outras micobactérias, mas que 
não são especificamente tuberculose, desencadeando 
uma resposta cruzada. Deve-se sempre pensar nessa 
alternativa, pois ele pode ter entrado em contato com 
M. bovis ou M. leprae, por exemplo. A vacinação prévia 
com BCG (Bacilo de Calmette & Guérin, recebida no 
nascimento) vem a partir do M. bovis atenuado, então 
possivelmente quem recebeu essa vacina terá um 
resultado positivo, mas isso não quer dizer que a pessoa 
tem tuberculose – o resultado positivo deve estar 
alinhado com suspeita clínica, baciloscopia positiva, etc., 
logo, o PPD não é um teste diagnóstico. 
O falso negativo é gerado pela aplicação 
incorreta do antígeno – ao invés de ser inserido na 
camada subcutânea, é inserido na muscular. Além disso, 
a imunossupressão(tanto por HIV quanto por uso de 
medicamentos) também pode causar falso negativo. O 
resultado negativo também não significa que não tem 
tuberculose, deve-se observar a suspeita clínica. 
Frente a todos esses fatos, é observado o melhor 
tratamento farmacológico para o paciente. 
 
• EXTRA: Mycobacterium leprae 
 Ele possui uma característica 
de infecção de nervos periféricos 
(única bactéria que faz isso). Ela 
infecta os neurônios periféricos e 
destrói as bainhas de mielina das 
células de Schwann, diminuindo a 
sensibilidade e causando hipocromia 
nessas áreas. 
 
 
Leonan José – T5 
 MICROBIOLOGIA – BBPM III 
Esquema de Ridley-Jopling. 
 
A hanseníase lepromatosa (LL) é a multibacilar 
(muitos bacilos), enquanto que a hanseníase 
tuberculoide (TL) é paucibacilar (poucos bacilos). Essas 
duas manifestações dependem da resposta imunológica. 
Entre essas duas estão as formas intermediárias: BT é a 
intermediária tuberculoide, BB a intermediária 
(propriamente dita) e BL a intermediária lepromatosa. 
São 6 os parâmetros que vão diferenciar se a 
manifestação é multibacilar ou paucibacilar (as 6 linhas 
do esquema). 
Na forma Lepra Lepromatosa (LL), ocorrerá 
grande imunidade humoral, ou seja, produção de 
anticorpos. Se o paciente entra em contato com o M. 
leprae e ocorre secreção de IL-4, IL-5 e IL-10, seu padrão 
de resposta é Th2. Só que a bactéria é intracelular, 
então, os anticorpos não vão ter uma 
grande atividade contra esses 
microrganismos, por isso, o paciente 
tende a ter a baciloscopia positiva, 
multibacilar, lesões cutâneas e 
disseminadas e pouca imunidade celular 
(mediada por macrófagos e neutrófilos). 
Esse padrão de resposta é compatível com 
a forma multibacilar. 
Já na Lepra Tuberculoide (TL), ao invés de haver 
uma diferenciação para padrão Th2, haverá 
diferenciação para o padrão Th1, com muita secreção de 
IL-2, IFN. Assim, acontece uma diminuição 
da presença dos bacilos porque 
macrófagos são ativados, ocorrendo 
fagocitose, e isso ajuda na eliminação do 
bacilo, logo, normalmente não é possível 
visualizar o bacilo nas lesões. Desse modo, 
essa é a apresentação paucibacilar. Uma 
vez que ele possui poucos bacilos, ele 
possui poucas lesões cutâneas devido a 
uma grande imunidade celular. 
 
Esse esquema é muito importante, pois pode ser 
aplicado para tuberculose, leishmaniose, etc. 
Nesse sentido, deve ser feita a mesmo coloração 
da tuberculose, pois o M. leprae também é BAAR. 
 
 Tecido sem o bacilo Tecido com o bacilo 
 
Neisseria 
 São diplococos gram 
negativos mais achatados nas 
laterais. São oxidases positivas 
e catalase positivas (exceto N. 
elongata). Não é um 
microrganismo que deve estar 
no trato respiratório superior, 
mas pode colonizar. 
 
• Neisseria meningitidis 
Está no trato respiratório 
pois é a sua porta de entrada para 
causa meningite e 
menongococemia. Desse modo, 
podemos visualiza-la tanto nas 
células quanto dispersas (são 
muito pequenas e estão apontadas 
pelas setas na imagem acima). 
Em relação a patogênese, ela coloniza 
inicialmente a mucosa do trato superior. O indivíduo 
pode ter essa colonização inicial e ser assintomático, mas 
isso é um problema, pois ele acaba sendo um 
transmissor, que ocorre por gotículas respiratórias e 
secreções. 
Sobre seus fatores de virulência, elas possuem 
várias adesinas que ajudam a aderir no epitélio, 
secretam IgA proteases para quebrar os anticorpos de 
mucosa e impedir sua neutralização e, além disso, 
possuem cápsula, aumentando sua resistência à 
fagocitose. 
Os sintomas da meningite são formados pela 
tríade: febre, dor de cabeça e rigidez de nuca e de 
pescoço, além de náuseas, vômitos e fotofobia. 
 
• EXTRA: Neisseria gonorrhoeae 
É chamada gonococo e 
causa a gonorreia, a conjuntivite 
neonatal (oftalmia neonatal) e a 
doença inflamatória pélvica (DIP). 
Sobre a patogênese: por contato 
sexual, começa a infecção no trato 
urogenital. Possui grande capacidade de aderência, 
atingindo a camada sub epitelial, é fagocitada, ajudando-
a a adentrar no tecido. No homem, causa processo 
 
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inflamatório (uretrite) e na mulher várias outras 
manifestações, mas a maioria delas são assintomáticas. 
Quando a mulher é colonizada e o recém-nascido passa 
pelo canal vaginal, a bactéria pode ficar em seus olhos e 
narinas, se multiplicando e causando a oftalmia neonatal 
e cegueira. Hoje em dia, isso é evitado com uma gota de 
nitrato de prata. 
 
Moraxella catarrhalis 
 São cocobacilos ou 
cocos gram negativos 
aeróbicos estritos. Está 
associada a vários 
processos inflamatórios 
agudos, como otite média e 
sinusite. Ao chegar um 
paciente com otite, por 
exemplo, deve-se coletar a amostra e mandar para o 
laboratório para diferenciar entre a Moraxella e o 
Streptococcus pneumoniae. A Moraxella possui ainda 
capacidade de penetração, podendo causar 
pneumonias, endocardites e meningite. 
Sua patogênese é parecida com a N. 
meningitidis: muitas lipases, IgA proteases, consegue 
sobreviver a fagocitose, utilização de sideróforos 
(moléculas orgânicas que formam uma ligação estável 
com o ferro do solo), etc. 
É considerado um patógeno oportunista, pois 
sua transmissão é muito comum no ambiente hospitalar, 
estando principalmente relacionada a idosos e crianças. 
 
Haemophillus influenzae 
 Ele causa meningites, 
entretanto, também possui a 
capacidade de causar infecções 
no trato respiratório inferior. 
Possui capsula polissacarídica e 6 
diferentes sorotipos (A-F). 95% 
das infecções invasivas 
predomina o tipo B. 
A infecção começa com a colonização das vias 
superiores, normalmente assintomática, entretanto, 
devido a imunossupressão, ela pode se disseminar. 
Assim, pode causar meningite, bacteremia, artrite, 
osteomielite, epiglotite e pneumonias. 
 
Corynebacterium diphtheriae 
Causa a difteria. São 
bastonetes gram positivos 
irregulares, apresentando 
morfologias variadas, como na 
foto ao lado. São imóveis, não 
produzem esporos e são 
catalase positivas. Causam 
infecções no trato superior. 
A difteria pelo C. diphtheriae se inicia com dor de 
garganta, febre, indisposição e edema. Outras espécies 
de Corynebacterium também estão relacionadas com 
doenças, como a C. ulcerans e C. pseudotuberculosis. 
A transmissão da difteria é pelo ar e o bacilo é 
muito resistente ao ressecamento (podendo ficar sobre 
superfícies inanimadas por muito tempo). Uma 
característica clínica 
que denomina a difteria 
é a capsula rígida de 
fibrina e tecido 
necrótico no interior da 
garganta – nenhum 
outro microrganismo 
consegue causar essas 
placas de coloração 
escura. 
Essas bactérias podem bloquear completamente 
a passagem de ar para os pulmões, causando alto 
número de mortes. Produz um exsudato escuro nas 
amigdalas, eritema, inflamação local com evolução para 
insuficiência renal aguda e insuficiência cardíaca. 
O número de mortes por difteria diminuiu muito 
com a introdução da vacina tríplice DTP (difteria, tétano 
e coqueluche). É uma doença de notificação 
compulsória. 
 
Bordetella pertussis 
A coqueluche é 
conhecida também como 
tosse comprida. Ocorre 
grande secreção de muco 
que acaba não sendo 
expelido, então o 
paciente tenta eliminá-lo 
durante a tosse, mas não 
consegue. 
A bactéria B. pertussis é um cocobacilos gram 
negativo que vai impedir a ação das células ciliadas da 
traqueia e, progressivamente, destruindo-as. O muco 
fica parado na traqueia, causando infecções do trato 
respiratório inferior. Ela produz várias toxinas, entre 
elas, a toxina pertussis que entra na corrente sanguínea 
e pode causar vários sintomas sistêmicos da doença, 
levando o paciente a evoluir para uma insuficiência renal 
aguda, doença cardíaca e doença respiratória. A 
introdução da vacina tríplice DTP levou a uma 
diminuição considerável dos casos. 
 Ela possui vários fatores de virulência, 
destacando adesão, fixação e invasão do epitélio 
(importante para que ela não seja removida durante omovimento dos cílios). 
 
 
 
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 Sobre a apresentação clínica da coqueluche, 
primeiro tem-se um período de incubação (de 7 a 12 
dias), seguido por uma fase de produção de muco 
(chamada de fase catarral) onde é possível visualizar 
uma cultura positiva e PCR (reação em cadeia da 
polimerase) positiva e, nessa fase, o paciente está 
transmitindo a bactéria. Depois disso, tem-se as fases de 
recuperação e de convalescência, entretanto a cultura e 
o PCR já não são mais positivas, entretanto é possível 
pedir uma sorologia. 
 
Fatores determinantes no processo de saúde-doença 
 O primeiro é a entrada-eliminação. Se entrar e 
eliminar, temos uma resolução da doença. A tosse, 
clearence mucociliar e a resposta imune tendem a 
eliminação, enquanto que entrada de muitas bactérias e 
a dispersão direta, facilita-se o processo de instalação da 
doença. 
 
FUNGOS 
Os fungos podem ser classificados de acordo 
com o filo que pertencem, mas, na prática clínica, são 
classificados de acordo com a micose que causam: 
1. Micoses superficiais (em peles, pelos e unhas): 
contato pessoa-pessoa 
2. Micoses subcutâneas (pele e tecido subcutâneo): 
ocorre após traumas na pele, picadas ou 
mordeduras 
3. Micoses sistêmicas (tecidos, órgãos e vísceras): 
inalação de propágulo fúngico 
4. Micoses oportunistas: a partir de uma 
imunossupressão, o fungo pode causar doença grave 
 
Fatores que contribuem para o aparecimento de 
micoses superficiais 
Endógenos: presença de infecções sistêmicas, de 
imunossupressão ou outras doenças crônicas 
Exógenos: umidade, má higiene, distrofias 
 
Resposta imune contra fungos 
Barreiras inespecíficas: pele, temperatura, presença de 
microbiota (não deixa espaços físicos para adesão), 
descamação da pele (pode levar o fungo junto), 
produção de muco 
Barreiras específicas: ativação de linfócitos 
 
MICOSES SISTÊMICAS OU PROFUNDAS 
Paracoccidioidomicose (Paracoccidioides brasiliensis) 
Criptococose (Cryptococcus neoformans) * 
Histoplasmose (Histoplasma capsulatum) 
Coccidioidomicose (Coccidioides immitis) 
* Causa meningite, mas sua via de entrada é pelo trato 
respiratório 
 
Paracoccidioides brasiliensis 
É um fungo 
dimórfico (depende da 
temperatura corporal: 
leveduriforme a 37°C e 
filamentosa a 28°). 
 Está muito presente nas zonas rurais do Brasil e 
a maior quantidade de esporos está no solo. Ao 
caminhar ou mexer na terra por esses locais, os esporos 
sobem para o ar e o paciente inala-os. A partir da 
inalação, o fungo começa a formar lesões no tecido 
pulmonar e depois ocorre a disseminação 
hematogênica, podendo migrar para a mucosa oral, 
nasal, vísceras, etc., formando granulomas ulcerativos. 
É comum as pessoas dizerem que o fungo entrou 
naquele local da lesão, mas não é verdade, uma vez que 
a micose possui foco primário pulmonar e depois 
disseminação para os tecidos. Na fase inicial da doença, 
o paciente pode ter tosse, produção de muco e 
expectoração (de forma leve ou assintomático). 
O diagnóstico é feio por biópsia (identificar a 
estrutura fúngica na pele, 
secreção, pus, exsudatos, etc.), 
sendo visualizado o que chamam 
de “roda de leme” ou “Mickey 
Mouse”, ou seja, uma estrutura 
leveduriforme arredondada com 
vários brotamentos na superfície. 
 
Cryptococcus neoformans 
É uma levedura, sendo 
considerado um fungo 
oportunista. Pode ser 
encontrado no trato digestório 
de várias aves, havendo ali 2 
variedades principais: Gatti 
(associado a melhor prognóstico 
e encontrado em solo, vegetais e sucos de frutas em 
higienização) e Neoformans (é mais virulenta e 
normalmente encontrada me fezes de pombos). 
 Causa a doença chamada de criptococose, na 
qual ocorre inalação dos esporos, que atingem os 
alvéolos, início da formação de granulomas, contudo, 
sua capacidade de disseminação é muito grande (tanto 
sanguínea quanto linfática). 
No pulmão, o início é assintomático, mas pode 
causar febre, tosse, falta de ar, dispneia, dor torácica e 
 
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expectoração, mas na maior parte dos pacientes a 
manifestação pulmonar é assintomática. O problema 
está na disseminação do fungo – inicia-se com infecção 
pulmonar e ocorre migração para o SNC (possui tropismo 
para esse local), causando meningites (febre, dor na 
nuca, vômitos e cefaleia são os sintomas clássicos). 
É simples de se fazer a 
diferenciação entre meningite por 
Cryptococcus ou por bactérias. O 
principal teste feito é a coloração 
com tinta Nakim: os fungos se 
destacam contra o fundo negro, pois 
apresentam uma cápsula 
mucopolissacarídica que impede que a tinta penetre no 
fungo, por isso todo o fundo fica preto. Normalmente, 
em casos de meningite, solicita-se pesquisa de bactérias 
e pesquisa de fungos – em 2 minutos o teste é realizado 
e tem-se o resultado. 
 
Histoplasma capsulatum 
Causador da histoplasmose. 
O comprometimento inicial é 
pulmonar, mas também pode ter 
disseminação hematogênica. Esses 
esporos são encontrado em 
galinheiros, cavernas, sótãos e 
outras construções abandonadas 
onde há o predomínio de morcegos, pois ele pode estar 
no trato digestório de morcegos e aves e ser excretado 
pelas fezes, contaminando o solo. Quando o individuo 
entra em contato com o solo, acaba inalando os esporos. 
Uma das manifestações clínicas, assim como o 
Paracoccidioides, são as lesões em pele após a 
disseminação hematogênica. A diferença é que, no 
Histoplasma, a lesão é úmida. A presença da capsula 
ajuda na diferenciação desse fungo em relação aos 
demais. 
 
Coccidioides immitis 
Desenvolve uma lesão 
predominantemente pulmonar, 
mas também pode atingir pele 
(lesão seca), ossos, meninges. 
Raramente causa disseminação 
hematogênica. O diagnóstico é 
feito buscando amostras e fazer a 
pesquisa. Uma característica é que as leveduras se 
apresentam como formas esféricas com uma parede 
espessa bem visível e, dentro da esfera, ocorre a 
endosporulação (formação dos endoesporos). Quando 
essa esfera está cheia, ela se rompe e libera os esporos. 
Na imagem, em A: 
esférula em 
endosporulação e, em B: 
cápsula rígida rompida 
liberando os esporos. 
 
 
 
MICOSES OPORTUNISTAS 
Aspergillus 
É um fungo cosmopolita 
que está distribuído em vários 
locais (solo, ar, casa, superfície 
de animais, etc.). Em relação à 
morfologia, é um fungo 
filamentoso (possui hifas) e, da 
cabeça da hifa, saem os conídios 
(ou esporos), facilitando a identificação. 
Por ser muito distribuído, causa muita 
contaminação em ambiente laboratorial (contaminação 
de meios de culturas, de amostras clínicas, etc.). 
Entretanto, dependendo do estado imunológico do 
paciente após a inalação, ele pode desenvolver uma 
aspergilose pulmonar (formando o aspergiloma, que é 
uma bola fúngica no meio dos brônquios e bronquíolos), 
aspergilose invasiva, aspergilose alérgica (paciente 
inala e já começa a espirrar, lacrimejar, secreção nasal), 
aspergilose bronco-pulmonar e a disseminada. 
O fungo pode ser encontrado contaminando 
restos de comida e crescem em muitas plantas. Desse 
modo, o nosso contato com o Aspergillus é muito 
grande, mas não temos a doença porque temos um 
sistema imunológico completo que desenvolve a 
resposta para manter a hemostasia do organismo frente 
a entrada do fungo. Contudo, frente a uma 
imunossupressão, ele consegue causar uma doença, por 
isso é chamado de “micose oportunista”. 
Vale lembrar que, no inicio dos anos 1980, 
muitas pessoas morreram com HIV, mas, na verdade, o 
HIV diminuiu a resposta imunológica desses pacientes, 
favorecendo a implantação do Aspergillus no pulmão. 
Por isso, acabaram tendo pneumonia e morrendo por 
causa dela. Além disso, o Aspergillus produz uma toxina 
chamada de aflatoxina que é capaz de causar danos no 
hepatócitos. 
 
Outras micoses oportunistas: 
a) Mucormicose (Absidia, Mucor, Rhizupus): também 
são inalados, mas podem se disseminar pelos vasos 
sanguíneos, causando lesões em vários órgãos 
b) Fusariose (Fusarium): um fungo de plantasque pode 
causar febre e lesões cutâneas 
c) Pneumocistose (Pneumocystis): inalação leva a 
congestão pulmonar e exsudato 
 
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d) Peniciliose (Penicillium marneffei): inalação leva a 
disseminação pelos nódulos linfáticos, causando 
febre, destruição de eritrócitos, hepatomegalia e 
lesões cutâneas. 
e) Oculomicoses (Fusarium, Aspergillus, Candida, 
Alternalia): causam infecções nos olhos 
f) Otomicoses (Aspergillus, Candida): causam micoses 
na cavidade auricular 
 
Não é comum que esses fungos causem micoses, 
mas, em um paciente com imunossupressão, isso deve 
ser investigado.

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