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Lorena Bressanini Siqueira • A inflamação também pode ser chamada de flogose (inflamare = flogos = pegar fogo) • Resposta dos tecidos vascularizados a infecções e tecidos lesados. Consiste no recrutamento de células e moléculas de defesa do hospedeiro da circulação para os locais onde são necessárias, com a finalidade de eliminar os agentes agressores. É um fenômeno defensivo e reparador, ou seja, ele tem esse caráter de defesa e de reparo simultaneamente. • Inflamação aguda ➔ A inflamação aguda tem início muito rápido (questão de minutos ou de horas depois do contato com o agente estressor/agressor já é possível observar alguns efeitos) ➔ O principal infiltrado de células brancas na resposta imune da inflamação aguda são neutrófilos (como os neutrófilos são o tipo celular presente em maiores quantidades quando comparado aos outros tipos celulares de células brancas, para que ocorra uma resposta rápida, eles vão ser recrutados primeiro) ➔ A inflamação aguda tem pouca lesão, pois ela é muito rápida e consegue eliminar o agente agressor rapidamente, o que faz com que as lesões sejam leves e autolimitadas (depois que o agente agressor é eliminado, acontece o reparo) ➔ Os principais sinais sistêmicos são possíveis de serem observados na resposta de inflamação aguda, pois é a reação vascular que leva aos sinais clínicos • Inflamação crônica ➔ é lenta, demora dias. Tem desenvolvimento de linfócitos e macrófagos que fazem parte da resposta imune adaptativa (a passagem de imunidade inata para imunidade adaptativa demora um pouco mais para acontecer) ➔ na inflamação crônica, outros tipos celulares costumam ser recrutados, como monócitos/macrófagos e linfócitos. Os neutrófilos não continuam sendo recrutados porque eles tem uma meia vida de 24 a 48 horas depois que ele sai do vaso sanguíneo e entra do interstício, ou seja, é uma meia vida muito curta. O monócito também tem uma meia vida muito curta, a diferença é que quando ele sai do vaso e vai para o interstício, ele se diferencia em macrófago. O macrófago, por sua vez, tem uma meia vida bem mais longa (meses a anos). Então é muito interessante nas infecções persistentes ou quando há estímulo agressor que não é facilmente eliminável que haja células de defesa no local que tenham uma meia vida maior, o que faz com que o recrutamento de monócitos seja mais interessante do que recrutar neutrófilos. Já os linfócitos estão presentes porque os macrófagos são células apresentadoras de antígenos, ou seja, eles conseguem ativar os linfócitos (principalmente os linfócitos T). ➔ Na inflamação crônica, como há a presença de um patógeno que não é facilmente eliminável, a agressão ao tecido acaba ficando cada vez mais maior, causando, assim, uma lesão tecidual cada vez mais acentuada e progressiva. Esse quadro de agressão versus reparo constante (agressão, defesa, agressão, defesa...) leva, por exemplo, à formação de fibrose, chegando a um ponto em que não dá para restaurar a função daquele tecido/órgão. ➔ Na inflamação crônica os sinais locais e sistêmicos são menos proeminentes, podendo ser sutil. Isso acontece porque esse tipo de inflamação acaba sendo retroalimentado por meio de citocinas e outros mediadores químicos, não tendo um efeito tão acentuado nos vasos Lesão Celular, Morte Celular e Adaptações Inflamação Aguda/Crônica Patologia Conceito de inflamação Tipos de inflamação Lorena Bressanini Siqueira • Mastócitos • Macrófagos • Monócitos • Linfócitos • Plaquetas (faz o processo de tampão/coagulação) • Leucócitos polimorfonucleados, que são os neutrófilos • Proteínas plasmáticas (proteína complemento, fatores de coagulação, fatores das cininas, anticorpos... • MEC (fibroblastos, GAGs, proteoglicanos, ...) → responsável pelo processo de reparo 1. Reação vascular Os mediadores inflamatórios vão atuar no vaso sanguíneo próximo de onde está o agente agressor. Desse modo, toda vez que há injúria em um tecido, o vaso mais próximo desse tecido vai reagir fazendo: • Vasodilatação • Aumento da permeabilidade vascular: ao fazer vasodilatação, automaticamente vai ocorrer o aumento do fluxo de sangue para o tecido. Com esse aumento do fluxo sanguíneo para o tecido, muito mais hemácias também vão estar chegando, o que faz com que o tecido fique mais ruborizado (o rubor acontece por causa da vasodilatação e é um dos sinais cardinais). O aumento de permeabilidade vascular faz com que haja um extravasamento tanto de líquido quanto de proteínas e células ali no local, ou seja, o tecido está perdendo líquido do vaso para o interstício, fazendo com que esse tecido fique enturgecido, causando edema/tumor (o edema/tumor é outro sinal cardinal). O calor também é responsável pela vasodilatação (o calor é causado pela maior chegada de sangue no local). Outra coisa que também é outro sinal cardinal é a dor. Ela é causada por causa do edema local(tumor). Isso porque esse edema (a chegada do líquido no local) acaba pressionando os neurônios nociceptivos e esses são responsáveis por gerar a dor. ***Sinais cardinais: dor (pain), calor (warmth/heat), tumor/edema (swelling) e rubor (redness) 2. Reação celular • Recrutamento de leucócitos: a reação celular é responsável pelo recrutamento de células, como leucócitos. Então, quando há o aumento da permeabilidade vascular, há o favorecimento de saída de células. Quais células saem com o aumento dessa permeabilidade? Numa inflamação aguda, acontece a saída de neutrófilos, por exemplo, já numa inflamação crônica, a saída principal é de monócitos (que vão se diferenciar em macrófagos) e de linfócitos. • Injúria/agressão acontece → em questão de minutos acontece a inflamação, com a reação celular fazendo o recrutamento de células do sistema imune e com a reação vascular gerando a apresentação dos sinais cardinais (dor, rubor, tumor/edema e calor) • A perda de função também é um sinal cardinal e é muito comum em inflamações crônicas (lose of function) Além da reação vascular que envolve vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, também há o recrutamento de células, como neutrófilos (eles são polimorfonucleados). Ao acontecer a vasodilatação, automaticamente há uma redução na velocidade do fluxo. Ao reduzir esse fluxo, as células que são um pouco mais pesadas tendem a se aproximar mais do endotélio. Com isso, essa célula consegue interagir com esse endotélio por meio das suas proteínas de superfície. Essas interações permitem que aconteça o rolamento até que chega um momento em que ela faz uma adesão firme, permitindo que esse neutrófilo passe pelo endotélio (diapedese) e vá até o local onde deve ser realizada a depuração dos micro-organismos, dos tecidos mortos, dos poluentes e dos contaminantes que podem estar no local onde está acontecendo o processo de inflamação aguda. ***injúria → entrada de micro-organismos → inflamação aguda com liberação de mediadores que causam a reação vascular → Presença dos sinais cardinais (dor, rubor, tumor e calor). Também pode haver presença de pus, que nada mais é do que células de Componentes do processo inflamatório Fases de inflamação Como a inflamação acontece Inflamação aguda Lorena Bressanini Siqueira defesa e tecidos mortos. → com o aumento da permeabilidade vascular, ocorre a reação celular, com passagem do exsudato, líquido com proteínas e células importantes para o processo de inflamação → reparo tecidual • Injúria tecidual ➔ A injúria tecidual é uma lesão que rompe a primeira barreira e permite a entrada de patógenos. No tecido conjuntivo logo abaixo da pele existem várias células residentes (como os macrófagos e os mastócitosresidentes) que são responsáveis por realizar o reconhecimento desses patógenos/agentes agressores. Essas células começam todo o processo de inflamação, sendo que os mastócitos vão acabar liberando os mediadores químicos para o meio e os macrófagos também vão produzir outros tipos de sinais químicos que facilitam a inflamação ➔ Como os macrófagos e mastócitos reconhecem os agentes agressores? Tudo começa por meio de um estímulo, sendo que esses estímulos são chamados de agentes inflamatórios. Esses agentes inflamatórios podem ser endógenos (estresse metabólico) ou exógenos (agentes físicos, químicos e metabólicos → PAMPs como o RNA viral, a LPS, a flagelina, os proteoglicanos, as glicoproteínas, as proteases, entre outras). Os patógenos/agentes biológicos apresentam padrões moleculares de superfície (PAMP), que podem ser reconhecidos pelos mecanismos de defesa do nosso organismo e que estão envolvidos com a resposta imune inata. O sistema imune inato deve reconhecer não apenas os PAMPs derivados de microrganismos invasores, mas também reconhecem moléculas liberadas por tecidos lesionados, essas moléculas recebem o nome de alarminas. Essas moléculas podem ser libradas quando a célula morre, ou por células sentinelas estimuladas. Já os agentes físicos, químicos e o estresse metabólico referem- se às alarminas, que são os padrões moleculares associados ao dano (DAMP). Elas podem recrutar e ativar células do sistema imune inato e indiretamente promover respostas imunes adquiridas. Esses DAMPs podem ser perda de ATP, aumento de HSP, liberação de HMGB1, liberação de fosfatos e uratos, presença de fragmentos do ácido hialurônico, liberação de mediadores químicos (mastócitos e terminações nervosas, quando estimulados, liberam esses mediadores), presença de moléculas hiperglicadas (moléculas, como lipídios, proteínas, ácidos nucleicos, que reagiram com carboidrato devido à grande quantidade deste componente no sangue, ou seja, não é uma coisa normal de acontecer, só acontece devido à grande quantidade de carboidrato no sangue mesmo) e acúmulo de beta-amiloide, que são proteínas que estão sendo produzidas, mas não tem muita função, então ela acaba sendo depositada e, quando isso acontece, ela acaba adquirindo essa característica beta-amiloide. Isso causa estresse metabólico porque o acúmulo de substâncias assim prejudicam o funcionamento normal das células. Tanto a presença de PAMP quanto a de DAMP gera irritação no tecido. Essa irritação no tecido é o que a gente chama de alarminas. Essas alarminas são reconhecidas pelas células do sistema imunológico por meio dos receptores de reconhecimento de padrões (PRRs → exemplos: NOD, RLR, TLR, RAGE, receptores para proteases, receptores purinérgicos, entre outros). Ao reconhecer esses PAMPs e DAMPs, esses receptores geram um estímulo para haver liberação de mediadores inflamatórios. Ao ser liberado, esses mediadores tem vários efeitos funcionais, como promover adesão ao endotélio, induzir migração para tecidos, promover a amplificação da reação inflamatória através da produção de metabólitos lipídicos (ácido hialurônico e fator ativador de plaquetas – PAFs), causar a morte de micro- organismos por conta do aumento da atividade microbicida dos leucócitos, entre outras. Então, uma vez que há uma injúria tecidual e o adentramento desses micro-organismos, as células residentes (principalmente os macrófagos e mastócitos) vão reconhecer os PAMPs e os DAMPs. Os macrófagos vão fazer fagocitose para eliminar esses patógenos. Já os mastócitos vão liberar os mediadores químicos (isso é chamado de degranulação) que estão nas vesículas. A histamina é o principal componente que é liberado e ela é responsável por provocar uma vasodilatação (também existem proteases, serotonina, fatores quimiotáticos, fatores de crescimento, entre outros que causam algumas reações na microcirculação), fazendo com que o fluxo sanguíneo diminuía a velocidade e faz com que as células endoteliais fiquem mais longe uma da outra (a histamina induz a retração das células endoteliais), aumentando a permeabilidade vascular → isso facilita a saída de líquido, facilita a perda de proteínas e a passagem de células Lorena Bressanini Siqueira Figura 1: na célula de um mastócito, já há grânulos no seu citoplasma com mediadores químicos prontos. Ao reconhecer as alarminas por meio dos seus receptores, então, essa célula faz a degranulação, liberando esses mediadores químicos, dentre eles: histamina, proteases e fatores quimiotáticos (são os mediadores pré-formados). Estes mediadores vão tanto atuar nos vasos sanguíneos mais próximos quanto ativar as fosfolipases, principalmente a fosfolipase A2. Após ser ativada, essas fosfolipases vão quebrar os fosfolipídios de membrana, gerando, assim alguns produtos, como o ácido araquidônico e PAF (fator ativador de plaqueta). Dependendo do tipo de enzima que atuar sobre o ácido araquidônico, pode haver a produção de prostaglandina (se a enzima for do tipo COX) ou de leucotrienos (se a enzima for do tipo LOX). Essas moléculas derivadas de lipídios (mediadores lipídicos PAF, prostaglandinas e leucotrienos) juntamente às citocinas que estão sendo estimuladas a serem produzidas ali pelo núcleo são responsáveis por amplificar e propagar o processo inflamatório (são os mediadores sintetizados). • Reação vascular Com a liberação dos mediadores pré-formados e dos mediadores sintetizados, começa a acontecer uma reação vascular local (só no local da injúria que o vaso vai sofrer o processo de vasodilatação). A vasodilatação é quando acontece a dilatação da microcirculação, fazendo com que chegue muito mais sangue para o tecido que sofreu a injuria. Ao mesmo templo, o fluxo sanguíneo fica mais lento, aumentando, assim, as chances de as células de defesa entrarem em contato com o endotélio e realizarem a diapedese. Figura 2: no fluxo sanguíneo normal, as células passam pelo lúmen do vaso e o fluxo que atravessa o leito vascular é quase igual a zero. O plasma com oxigênio, nutrientes, entre outras coisas sai em situações normais onde ele tem que reoxigenar o tecido e retirar os metabólitos (nesse caso só há extravasamento de líquido, ou seja, não há perda de proteínas). Este líquido que sai é chamado de transudato (tem pouquíssimas proteínas e células; sai pelo lado arteriolar e volta pelo lado venular). Já quando existe um processo inflamatório, a ação dos mediadores causa vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. Esse aumento da permeabilidade permite que a parte líquida e proteica do sangue saia, bem como algumas células. Essa saída de líquido com proteínas é chamada de exsudato. OBS.: toda vez que estiver falando de inflamação, está se referindo a exsudato, já toda vez que está se referindo a processos fisiológicos de saída de liquido sem proteínas, é o transudato. • Reação vascular → Proteínas plasmáticas do sistema complemento Uma das proteínas plasmáticas que começam a sair do exsudato são as proteínas do sistema complemento. Elas são moléculas que pertencem à imunidade inata. Elas são proteínas que são produzidas na forma de zimogênio pelo fígado (proteínas inativas). Ao produzir, o fígado joga essas proteínas para o sangue e elas permanecem inativas até o momento que alguma outra molécula entra em contato com ela e a ativa. Quando isso acontece, essas proteínas vão ativando uma a outra em forma de cascata. Essa ativação pode acontecer por três vias: 1. A via clássica: precisa ter necessariamente um anticorpo ligado ao patógeno 2. A via alternativa: a própria molécula de C3 é hidrolisada, ou seja, sofre hidrólise espontânea. Depois C3b se liga ao micro-orgamismo Lorena Bressanini Siqueira 3. A vida da lectina: é pelo reconhecimento de manosena presença do patógeno Independentemente da forma de ativação do sistema complemento, vai haver a produção de vários mediadores químicos utilizados no processo inflamatório: ➔ o C3b funciona como uma espécie de opsonina (tudo aquilo que recobre determinada substância ou célula com o objetivo de tornar isso de certa forma mais atraente para o sistema imunológico reconhecer) → favorece que aconteça o processo de fagocitose → “o C3b é como se fosse o granulado que faz o brigadeiro ficar mais atraente para comer” ➔ C3 e C5a: são moléculas pequenas chamadas de anafilotoxinas que são formadas na quebra da cascata do sistema complemento. Essas anafilotoxinas são moléculas que estimulam o endotélio a produzir receptores na sua superfície para conseguir reconhecer moléculas de defesa no nosso vaso sanguíneo e permitir a diapedese, induzindo o processo de inflamação. ➔ ao final da ativação dessas vias, acontece a formação de vários poros na superfície do patógeno. Esses poros são chamados de complexo de ataque à membrana (MAC) e permitem a entrada de água para dentro do patógeno, o que causa sua lise. Além das proteínas do sistema complemento, existem outras proteínas que também são liberadas, como as proteínas da coagulação, as proteínas cininas (as cininas são importantes para produzir bradicinina. A bradicinina estimula o processo de dor, pois ela estimula os nervos nociceptivos). Também há a liberação de anticorpos. Estes, ao serem liberados, podem se ligar no patógeno e ativar, por exemplo, a via clássica do sistema complemento. Além disso, eles neutralizam os patógenos, opsonisam os patógenos, facilitando o processo de fagocitose, eles fazem com que tenha reconhecimento por citotoxicidade celular dependente de anticorpo, então outras células do sistema imunológico conseguem reconhecer esses anticorpos associados aos patógenos e consegue eliminar por outras formas que não necessariamente a fagocitose. Então, assim, os anticorpos que também são liberados têm várias funções ali na depuração desses patógenos. Desse modo, é interessante ter a passagem de proteínas também no exsudato durante o processo inflamatório, uma vez que essas proteínas vão ajudar nesse processo de depuração desses patógenos, elas ajudam as células do sistema imunológico a fazer o trabalho de eliminação do patógeno e restauração do tecido. Figura 3: mediadores químicos: pré-formados, sintetizados e os do sistema complemento Com a vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo e lentificação desse fluxo, os neutrófilos perdem um pouco de velocidade, chegam mais perto do endotélio do vaso sanguíneo, dando início ao processo de rolagem (esse processo acontece por conta de ligamento e desligamento de proteínas chamadas de selectinas) até conseguir fazer uma adesão firme ao endotélio (essa adesão acontece por conta de interação entre moléculas chamadas de integrinas), o que vai permitir com que ocorra o processo de migração celular (diapedese). Figura 4: rolagem → selectinas P e E, CH+Glicop no endotélio; já no leucócito CH+Glicop e selectina L. Adesão firme → ligantes de integrinas no endotélio; e integrinas no leucócito. Figura 5: as selectinas e as integrinas já existem no endotélio e quando os mediadores atuam sobre esse endotélio, essas moléculas que estão na forma de vesícula passam a ser expostos na superfície das células endoteliais, permitindo que ocorra interação entre os neutrófilos e o endotélio por meio dessas proteínas de superfície. Outra coisa importante é a liberação dos mediadores quimiocinas e citocinas dos mastócitos, uma vez que Reação leucócitos Lorena Bressanini Siqueira essas substâncias tem ação quimiotáticas (ação de atração), ou seja, elas são moléculas sinalizadoras que vão fazer a atração das células de defesa para aquele local. Essa atração dos leucócitos acontece por diferença de gradiente de concentração das quimiocinas e citocinas, sinalizando para onde essas células devem ir. Uma coisa que a quimiocinas consegue fazer é se ligar no leucócito quando ele está se aderindo ao endotélio, fazendo com que a integrina do leucócito mude a sua conformação e fique com uma maior afinidade com a integrina do endotélio. O aumento da avidez das integrinas do leucócito consegue fazer, então, com que ele fique mais aderido ao endotélio e pare com o processo de rolagem, permitindo com que ocorra a diapedese. Desse modo, a quimiocinas é importante para estar mudando a conformação das integrinas dos leucócios, ativando-as, permitindo com que ela interaja muito melhor com o endotélio para a célula fazer diapedese/transmigração. Figura 6: os leucócitos fazem o processo de rolagem por meio das interações entre as selectinas dos leucócitos e do endotélio. As quimiocinas, então, se liga aos leucócitos enquanto eles estão rolando, o que causa a mudança conformacional das integrinas dos leucócitos, aumentando, assim, a afinidade dessas pelas integrinas do endotélio. Isso permite a interação das integrinas do leucócito com as do endotélio, causando uma adesão firme, com consequente parada no processo de rolagem, possibilitando, assim, a transmigração. Esse processo de migração através do endotélio (transmigração) acontece da seguinte maneira: as integrinas interagem com a PECAM-1 (CD31) → ao interagir com essas CD31, essas células começam a liberar metaloproteases, moléculas que vão meio que digerindo o local para que o leucócito consiga passar e atravessar a membrana basal → logo depois que ela passa, esse local entre as células que “se abriu” para ela passar vai fechar → essas células chegam ao local da injúria e ajudam a fazer o processo de depuração dos micro-organismos Figura 7: algumas células do sistema imune fazer o reconhecimento de patógenos por meio da fagocitose. Essas células do sistema imune reconhecem o patógeno por meio de ligação do seu receptor fagocítico (os PRRs). Em seguida, essa célula emite pseudópodes em volta do micro-organismo, englobando-o até que se forme uma vesícula com patógeno isolado dentro dele → isso é o que chamamos de fagossoma. Os lisossomos vão se fundir com os fagossomas, formando, assim, os fagolisossomas. Nesses fagolisossomas, as hidrolases acidas vão realizar a digestão desses patógenos. Além disso, também pode haver produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio que vão ajudar a realizar a morte desses patógenos. • Resumindo: Figura 8: esses são os principais mediadores inflamatórios Figura 9: injúria tecidual → células residentes fazem o reconhecimento de PAMPs e DAMPs por meio dos PRRs → isso faz com que essas células liberem mediadores químicos pré- formados e os sintetizados → esses mediadores atam nos vasos sanguíneos promovendo a vasodilatação, o aumento da permeabilidade vascular e para fazer o recrutamento de célula para o local da injúria → acontece a saída de exsudato (líquido Lorena Bressanini Siqueira com células e com proteínas plasmáticas) → apresentação dos sinais cardinais (dor, edema/tumor, rubor e calor) → com o extravasamento desse líquido, vai ser liberado citocinas e fatores de crescimento, permitindo que a matriz extracelular juntamente com algumas células comecem o processo de reparo do tecido que foi injuriado Figura 10: como resultados da inflamação aguda, podem acontecer: regeneração, cicatrização ou uma inflamação crônica. a regeneração acontece quando o tecido tem capacidade de se regenerar, já a cicatrização acontece quando o tecido não tem essa capacidade de regeneração. A evolução da inflamação aguda para a inflamação crônica acontece quando o sistema imune não consegue eliminar o agente agressor. A inflamação crônica é uma inflamação prolongada, com destruição tecidual e reparo por fibrose. Uma coisa que caracterizamuito a inflamação crônica é que diferentemente da inflamação aguda, onde há o recrutamento de neutrófilos, nessa inflamação crônica o recrutamento é de monócitos para o local de injúria. Esses monócitos, ao realizar a diapedese, se diferenciam em macrófagos. Esses macrófagos são bastante ativos, tem taxa de síntese proteica bem alta, é um fagócito profissional, tem a capacidade de migrar para os órgãos linfoides secundários e interagir com células presentes nesses locais, principalmente os linfócitos. Ao interagir com esses linfócitos, principalmente os da linhagem T, esses macrófagos acabam ativando esses linfócitos. **Alguns autores consideram que é inflamação crônica quando dura mais que 12 semanas, outros já consideram mais de 6 meses, mas o importante é saber que é inflamação crônica quando tem duração PROLONGADA. Em inflamações crônicas, predominam os fenômenos tardios da resposta inflamatória (por exemplo os fenômenos reparativos que precisam acontecer por conta dos danos teciduais que são gerados durante o processo de inflamação). Ou seja, os sinais locais e sistêmicos (sinais cardinais de dor, rubor, calor e tumor) são pouco proeminentes, diferentemente da inflamação aguda. Isso acontece porque quem mantém a inflamação aguda são as citocinas, mediadores que vão sendo produzidos a partir de estímulos nucleares. Desse modo os sinais iniciais típicos de inflamação podem não ser aparentes na inflamação crônica. A inflamação crônica é um “silente killer” (assassino silencioso), pois ele está envolvido em muitas doenças sérias, o que é importante para entender a fisiopatologia de muitas doenças, bem como definir as terapêuticas. • Causas de inflamação crônica: ➔ Infecções persistentes: são infecções causadas por micro- organismos difíceis de serem eliminados, fazendo com que a inflamação aguda evolua para uma inflamação crônica. Esses micro-organismos desencadeiam um padrão de resposta imunológica chamada de hipersensibilidade tardia (do tipo 4), o que gera a reação granulomatosa (formação de granuloma) ➔ Doenças de hipersensibilidade: é causado por um exagero de resposta do tipo humoral. Nesse tipo de reação há uma ativação excessiva e inapropriada do sistema imunológico por parte humoral, com ativação de linfócitos B e alta produção de anticorpos, permitindo o desencadeamento de doenças de hipersensibilidade, como hipersensibilidade do tipo 1 (doenças alérgicas – nessas doenças os indivíduos atópicos acabam desenvolvendo uma resposta exagerada, com produção de anticorpos do tipo IgE para antígenos ambientais comuns) e do tipo 3 (doenças autoimunes, como artrite reumatoide, vasculite, glomerulonefrite – ou seja, doenças em que há uma produção excessiva de anticorpos, sendo que esses anticorpos podem estar associados a antígenos e isso pode acabar se depositando em alguns locais, como nos rins, nos vasos, nas articulações, entre ouros locais, culminando na destruição dos tecidos) ➔ Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos: esses agentes podem ser endógenos (níveis elevados de colesterol e triglicerídeos → aterosclerose) ou exógenos (exposição à sílica → quadro de silicose; carvão → quadro de antracose) • Características de inflamação crônica: ➔ Infiltrado de células mononucleares (macrófagos, linfócitos e plasmócitos): monócitos fazem diapedese e se diferenciam em macrófagos. Estes, por sua vez, interagem com os linfócitos, ativando-os (ou seja, ele realiza aquela ponte da resposta imune inata para a adaptativa) ➔ Destruição tecidual: é ampla e maciça ➔ Tentativas de reparo: pode acontecer por regeneração ou cicatrização, mas na inflamação crônica é principalmente por cicatrização Figura 11: os monócitos, uma vez recrutados, caem do tecido e se diferenciam em macrófagos. Estes macrófagos, por sua vez, podem se ativar de duas formas: (1) ser um macrófago classicamente ativado (por meio de estímulos, como IFN → tem padrão M1) para causar dano tecidual, ou seja, tem caráter pró- inflamatório, com o objetivo de eliminar o agente agressor que Inflamação Crônica Lorena Bressanini Siqueira está causando todo esse estrago no organismo, o que gera inflamação e dano no tecido; (2) o macrófago pode ser ativado alternativamente (por meio de estímulos, como IL 13 e 4 → adquire padrão M2) e receber sinais que fazem com que ele tenha uma característica anti-inflamatória, tem característica de reparo. Esse reparo pode acontecer por fibrose ou cicatrização, por exemplo. Figura 12: os macrófagos fagocitam os patógenos → migram para os órgãos linfoides secundários (linfonodo, baço, tecido linfoide associado à mucosa...), onde tem muitos linfócitos, como os linfócitos B e T → o macrófago interage com o linfócito T, ativando-o → uma vez ativado, esse linfócito T começa a produzir citocinas (como interferon gama) que fazem com que esses macrófagos fiquem com ação muito mais microbicida do que a que ele já tinha , pois essas citocinas fazem com que o macrófago produza muito mais espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio, o que acaba sendo muito mais eficaz na eliminação do patógeno. Além disso, esses linfócitos T produzem interleucina 2, o que garante que eles continuem se proliferando, o que garante que exista sempre linfócitos T para estar interagindo com outras células, incluindo macrófagos • Inflamação aguda: aminas vasoativas (histamina, serotonina); fosfolipídios de membrana (derivados de ácido araquidônico e PAF) • Transição: peptídeos (neuropeptídios, como substância P; e bradicinina); e quimiocinas • Inflamação crônica: citocinas Forma de inflamação crônica caracterizada por coleções de macrófagos ativos, frequentemente com linfócitos T, e, algumas vezes, associada à necrose central. É basicamente um conjunto de várias células (como macrófagos, linfócitos, plasmócitos, fibroblastos) que tendem a se reunir de forma organizada em volta de um determinado agente agressor que o sistema imune não consegue eliminar tão facilmente. Então a formação de granuloma é para tentar isolar o agente agressor para que ele não se espalhe pelo organismo. Os macrófagos que ficam em volta desse patógeno podem adquirir forma mais epitelioide (maior e mononucleado) ou então começar a se fundir (célula gigante, multinucleada, que recebe o nome de célula de langerhans). Os linfócitos ficam em volta, fazendo uma bainha em volta dos macrófagos, mandando sinalização para esses macrófagos com o objetivo de mantê-los ativados, pois, assim, estas células podem continuar tentando eliminar esse foco infeccioso. Além dessas células, também é possível encontrar outras, como neutrófilos, células dendríticas, entre outras que vão estar ali ajudando. Outra coisa que pode acontecer também é que algumas células podem estar fazendo exocitose de lisossomos e enzimas hidrolíticas no meio onde está o agente agressor para tentar eliminá-lo, entretanto o tecido que está por perto morre, gerando uma necrose no centro de alguns desses granulomas (granuloma com necrose caseosa). **OBS.: O granuloma não caseoso é quando não há necrose no centro do granuloma (onde está o patógeno) Figura 13: Como saber quando o granuloma vai ser do tipo caseoso ou não caseoso? Isso vai depender do micro-organismo que está causando a inflamação crônica • Granuloma → existem 2 tipos: ➔ Granulomas de corpos estranhos: é muito comum quando o agente agressor (antígeno) é inerte e não desencadeia uma resposta inflamatória, como um fio de sutura que foi fagocitado pelos macrófagos, formando um granuloma sem necrose central ➔ Granulomas imunes: quando o agente agressor tem virulência baixa, ou seja, ele não agride tanto o tecido, entretanto esse micro-organismo tem uma Mediadores Inflamaçãogranulomatosa Lorena Bressanini Siqueira alta patogenicidade (isso significa que ele desencadeia uma resposta imunológica no tecido) → ele não tem a característica de ficar agredindo o tecido, mas ele tem a capacidade de induzir uma resposta inflamatória. Os granulomas imunes tem como características: agentes de baixa virulência (poucas propriedades de agressão ao tecido); agentes de alta patogenicidade (provocam ampla resposta no tecido); manifesta-se macroscopicamente ou clinicamente sob a forma de pequenos grânulos. As principais causas de granuloma imune são: bacteriana (Tuberculose, Lepra, Sífilis); parasitária (Esquistossomose); fúngica (Criptococose, Paracoccidioidomicose); metais e poeiras inorgânicas (Silicose, beriliose); corpos estranhos (lascas de madeira, sujeira, sutura); e causas desconhecidas (Sarcoidose). Figura 14: o Mycobacterium tem alta virulência e baixa patogenicidade. Ele é reconhecido pelo macrófago e englobado (fagocitose). Esse macrófago não consegue destruir esse patógeno, então esse micro-organismo começa a proliferar dentro do macrófago. Esse macrófago, então, comunica com os linfócitos T, ativando-os. Estes, por sua vez, vão produzir citocinas que aumentam o poder microbicida dos macrófagos, pois aumenta a quantidade produzida de NO por estas células e também porque esses macrófagos vão liberar substâncias que recrutam mais células para estar circundando e isolando todos esses Mycobacterium. As vezes pode ocorrer necrose no interior do granuloma (granuloma caseoso) Figura 15: quando tem foco de necrose central → granuloma caseoso; granuloma que já foi resolvido está coberto por fibroblastos → é o granuloma fibrótico; granuloma com um aglomerado de células sem centro de necrose → granulona não caseoso/necrótico Lorena Bressanini Siqueira Reparo é o nome que damos para cura, sendo que muitos livros usam os termos reparo e cura como sinônimos. As células mortas e autolisadas comportam-se como um corpo estranho e desencadeiam resposta do organismo para promover sua reabsorção e permitir reparo posterior. Dependendo do tipo de tecido, do órgão acometido e da extensão da área atingida, uma área lesionada pode ser reparado por: • Regeneração: é comum em tecidos onde é possível ter proliferação das células residuais, ou seja, só vai acontecer em tecidos que tem boa capacidade proliferativa, como pele, mucosa e fígado. Geralmente a lesão é mais leve, mais superficial e, para que ocorra, a membrana basal tem que estar intacta, pois essa membrana é uma das fontes de liberação de citocinas e de fatores de crescimento para induzir esse processo de regeneração por meio da proliferação das células adjacentes residuais. • Cicatrização: é quando a área lesionada tem uma extensão muito maior. Como o dano é muito grande, não é possível ter o processo de regeneração por si só, então acaba acontecendo a deposição de tecido conjuntivo. Nessa lesão mais acentuada, acaba ocorrendo a formação de coágulos (o certo não é coágulo, mas pode usar esse termo enquanto não tem aula de hemodinâmica). Como isso precisa ser removido, acaba tendo a indução de processo inflamatório no local, onde vão estar chegando várias células do sistema imune importante para retirar esses coágulos, células mortas, possíveis patógenos, entre outras coisas. O papel anti-inflamatório que o macrófago pode possuir (do tipo M2) que é o responsável por induzir o reparo. É importante lembrar que como nesse reparo o que substitui é o tecido conjuntivo, ocorre perda de função desse tecido lesado. Figura 16: lesão tecidual e morte celular por necrose → reação inflamatória → pode tomar alguns caminhos: (1) se a lesão for mínima e ocorrer a resolução da inflamação, as células lábeis (são células de tecido que tem divisão continua, então as células são perdidas constantemente e restituídas ou pela maturação de células tronco ou pera proliferação de células maduras) e as células estáveis (são células quiescentes/células que estão estacionadas em determinado estágio do ciclo celular – G0 – e são muito comuns em órgãos parenquimatosos. O fígado tem uma capacidade regenerativa enorme, os outros órgãos/tecidos sólidos parenquimatosos tem um certo grau de capacidade regenerativa menor que a do fígado) fazem a regeneração da lesão; (2) se o tecido for composto por células permanentes (células terminantemente diferenciadas), o reparo vai acontecer por cicatrização, pois elas não tem capacidade regenerativa. É o caso de neurônios e células cardíacas; (3) se a lesão tecidual for maior e acontecer a resolução da inflamação, ocorre formação do tecido de granulação e reparo por cicatrização. • Regeneração ocorre tanto pela proliferação de células residuais (não lesadas) quanto pela maturação das células tronco residuais • A regeneração depende do tipo de células que compõe o tecido: a) Células Lábeis b) Células Estáveis (fígado é uma exceção, pois tem um grau de regeneração muito maior) c) Células Permanentes (Perenes) Fígado perde parte do tecido hepático e vai sofrer regeneração. Como isso acontece? No fígado existem macrófagos residentes, que são chamados de célula de Kuppfer. Essas células são acionadas pelo TNF dos hepatócitos adjacentes que não foram lesionados. Essas célas de Kuppfer, então, liberam interleucina 6, molécula que vai atuar nos outros hepatócitos que não sofreram a lesão, fazendo com que eles sejam capazes de responder aos fatores de crescimento. Desse modo, esses hepatócitos vão sair do estado quiescente e passar pelo processo de transição (sair de G0 e ir para G1). No estágio de G1, esses hepatócitos passam a apresentar na sua superfície receptores para os fatores de crescimento, ou seja, eles ficam aptos a receber e responder aos Reparo e regeneração Regeneração Lorena Bressanini Siqueira fatores de crescimento. Assim, os fatores de crescimento, como o HGF e o TGF alpha, atuam nesses receptores, fazendo com que esses hepatócitos comecem o processo de proliferação. Após finalizar a restauração do pedaço do fígado que foi perdido, esses hepatócitos retornam ao estado de quiescência (principalmente por ação de citocinas antiproliferativas, como TGF beta) A cicatrização vai acontecer todas as vezes que a regeneração não for eficiente ou não for possível de acontecer. Acontece então a deposição de tecido conjuntivo na região lesada, em seguida forma um tecido de granulação e depois esse tecido de granulação tende a formar uma certa de contratura. Temos basicamente dois tipos de cicatrização: • A de primeira intenção: ocorre quando há lesão apenas de tecido epitelial, ou seja, a membrana basal se mantém intacta. Dificilmente vai apresentar infecção. • A de segunda intenção: é muito mais extensa, havendo uma maior probabilidade de apresentar uma infecção. Independentemente do tipo de cicatrização, todas elas vão apresentar exatamente o mesmo mecanismo de cicatrização, a única diferença é que a de segunda intenção pode demorar um pouco mais para acontecerem todas as etapas. Além disso, todas elas vão envolver uma lesão/injúria tecidual, esta vai induzir um processo inflamatório, isso vai induzir a proliferação celular, o processo de angiogênese e a maturação desse tecido conjuntivo que vai sendo depositado (primeiro acontece a deposição de um tecido conjuntivo mais frouxo e com o tempo, ele vai sendo substituído por um tecido conjuntivo mais denso, já que quanto mais denso, mais estável e menor a probabilidade de sofrer uma nova lesão). Lesão tecidual → inflamação é induzida pela lesão (ela é importante para limpar a região – tirar células mortas, coágulos, micro-organismos, entre outras coisas – antes de fazer o reparo da lesão) → formaçãodo tecido de granulação → sofre um processo de maturação, tendo a transição de tecido conjuntivo frouxo para denso (transição do tipo de colágeno 3 para 1) → esse tecido sofre contração com o objetivo de aproximar as bordas da ferida. O mecanismo de cicatrização de 1ª e de 2ª intenção são os mesmos. Como acontece? Primeiro ocorre a lesão. Como a membrana basal permanece intacta, vai acontecer a regeneração, pois as células epiteliais residuais vão liberar fatores de crescimento para que ocorra a proliferação dessas células. Além disso, ao mesmo tempo em que está havendo o estímulo para a proliferação, o processo de inflamação fica responsável por recrutar as células do sistema imune, uma vez que no local da lesão há a presença de coágulos, fibrinas e quimiocinas. Ao chegar no local, essas células vão tentar fazer a fagocitose dos coágulos, fazendo a limpeza do local da lesão, permitindo que o tecido sofra o processo de cicatrização. Outra coisa é que os macrófagos liberam quimiocinas e citocinas, ativando o endotélio do vaso sanguíneo mais próximo para expressar moléculas de adesão que vão fazer com que haja muito mais recrutamento de células do sistema imune para o local. Além disso, esses macrófagos vão produzir vários fatores de crescimento (fator de crescimento derivado de plaqueta, fator de crescimento de fibroblasto e fator de crescimento de transformação) que vão agir no vaso sanguíneo mais próximo Cicatrização Etapas da formação da cicatriz Lorena Bressanini Siqueira estimulando que o endotélio desses vasos produza metaloproteases. Essas metaloproteases começam a digerir a membrana basal e a matriz extracelular, permitindo que o endotélio sofra o processo de proliferação e forme meio que uns “brotos”. Conforme esses “brotos” vão se proliferando, vai havendo a produção de novos vasos, ou seja, acontece o processo de angiogênese. Outra coisa é as células inflamatórias produzem citocinas (como TNF alpha) que vão estimular a proliferação de fibroblastos. Eles se proliferam e produzem colágeno para reparar a lesão. Esses fibroblastos são importantes porque eles fazem a síntese e a deposição de proteínas do tecido conjuntivo (síntese de colágeno, fibronectina). Num primeiro momento ele vai depositar colágeno do tipo 3, depois, quando a cicatriz estiver mais madura, esse colágeno do tipo 3 vai sofrendo substituição do colágeno tipo 3 para o colágeno do tipo 1. Então o tecido de granulação é composto pelas células inflamatórias, juntamente aos vasos novos que foram formados, colágeno do tipo 3, ácido hialurônico e essa matriz mais fluida e edemaciada. Esse tecido de granulação vai sofrer substituição do colágeno do tipo 3 para o colágeno do tipo 1 (isso é porque de início é preciso haver recrutamento de várias células, então é melhor que o colágeno seja mais flexível/fluida, depois que já houve esse recrutamento e a proliferação das células, o ideal é deixar o local que foi reparado mais estável para garantir o reparo da lesão), ou seja, acontece a transição do tecido conjuntivo frouxo para o tecido conjuntivo denso. Vão surgindo fibras de colágeno mais grossas e elas começam a comprimir os capilares. Ao comprimir os capilares, acaba diminuindo a vascularização local. A cicatriz quando fica mais madura, então, fica avascular. Outra coisa é que alguns fibroblastos começam a adquirir características de células musculares lisas, podendo até produzir filamentos de actina, virando miofibroblastos. Esses miofibroblastos são importantes para fazer a contração da cicatriz, aproximando as bordas da ferida. A cura/cicatrização por segunda intenção acontece pelos mesmos mecanismos, a diferença é que ela demora um pouco mais e a contração de ferida é muito mais evidente, já que a lesão é muito maior → isso pode até levar a uma depreciação do local. É uma abertura espontânea dos pontos cirúrgicos ou da cicatrização Lesões no epitélio que tem continuidade com o tecido conjuntivo subjacente Excesso na produção de reparo tecidual Excesso na produção de reparo tecidual e de miofibroblastos Anormalidades do reparo tecidual
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