Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Jurisdição – Amorim 1. Conceito • Atuação estatal visando a aplicação do direito obje�vo ao caso concreto → Nem sempre haverá conflito de interesses → Não é obrigatório que a a�vidade jurisdicional subs�tua a vontade das partes 2. Aspectos da jurisdição • Poder: O Estado intervém na esfera jurídica dos jurisdicionados → Aplicação do direito no caso concreto e resolução da crise jurídica → Impor o direito e edição da norma jurídica → Cria uma norma jurídica para o caso concreto, aplicando a norma legal • Função: Encargo atribuído pela CF de exercer o poder jurisdicional concretamente → Em regra, o Poder Judiciário o recebe, mas os outros poderes também o possuem • A�vidade: Atos pra�cados pelo agente estatal no processo 3. Equivalentes Jurisdicionais • O Estado não tem o monopólio da solução dos conflitos 3.1. Autotutela • Uma das partes sacrifica integralmente o seu interesse em razão da força da outra → A força é qualquer poder que ela possua, resultando na imposição da sua vontade • Nosso direito a admite de forma excepcional, como a legí�ma defesa → O Estado não é onipresente • Pode ser revista pelo Judiciário, não é defini�va 3.2. Formas consensuais de solução de conflitos 3.2.1. Introdução Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. §1º É permi�da a arbitragem, na forma da lei. §2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. §3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser es�mulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. • Elas são muito valorizadas no Novo Código de Processo Civil → Cria uma estrutura e um procedimento para aplicar essas soluções • Funcionam pois a pacificação é melhor ob�da pela vontade, não pela imposição • Não se aplicam a todos os casos → Aqueles que não arcariam com o processo seriam prejudicados Art. 165 Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas des�nados a auxiliar, orientar e es�mular a autocomposição. 3.2.2. Autocomposição • É o sacri:cio de interesses das partes em conflito através de sua própria vontade → Não há a interferência da jurisdição • O conciliador tende a atuar onde não há vínculo anterior entre as partes • Transação: Sacri:cio recíproco e parcial de interesses, vontade bilateral • Renúncia: O �tular do direito dele abdica, vontade unilateral • Submissão: O sujeito se submete à pretensão contrária, vontade unilateral • Podem ocorrer durante o processo judicial, o juiz homologará a autocomposição → Há o exercício de jurisdição, pela sentença judicial homologatória 3.2.3. Mediação • Não há o sacri:cio de interesses das partes envolvidas na crise jurídica • Foca nas causas do conflito, não no conflito em si • O mediador conduz as partes a descobrirem as causas do conflito, não propõe soluções • Preferencialmente, atua quando já havia relação entre as partes 3.2.4. Tratamento procedimental da conciliação (autocomposição) e mediação • A estrutura e o procedimento são os mesmos 3.2.4.1. Centros judiciários de solução consensual de conflitos • Realizam sessões e audiências de conciliação e mediação • Residualmente, o juiz con�nua a buscar a solução consensual no processo • Serão vinculados a tribunais de segundo grau na Jus�ça Estadual e Federal → Eles definirão a organização e composição, de acordo com as normas do CNJ 3.2.4.2. Local �sico da conciliação e mediação • Espaço :sico exclusivo para o desempenho das a�vidades de solução consensual → Não será essa a realidade em vários locais do país • As audiências ou sessões poderiam realizar-se nos próprios juízos → Conduzida por conciliadores e mediadores 3.2.4.3. Conciliador e mediador • Devem ser aprovados em concurso realizado por en�dade credenciada • Exige-se a graduação a pelo menos 2 anos em curso de ensino superior → Não precisam ser advogados Art. 167 Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de jus�ça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional. §1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por en�dade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Jus�ça em conjunto com o Ministério da Jus�ça, o conciliador ou o mediador, com o respec�vo cer�ficado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de jus�ça ou de tribunal regional federal. • Sendo advogados, não pode exercer a a�vidade no juízo em que media ou concilia Art. 172 O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano, contado do término da úl�ma audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes. • Evita o aliciamento de clientes • Tais impedimentos são estendidos à sociedade de advogados de que faça parte • O tribunal pode criar quadro próprio de conciliadores e mediadores → Ingressarão na profissão por meio de concurso público Art. 168 As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação. §1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no tribunal. §2º Inexis�ndo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respec�va formação. §3º Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador. • As partes podem escolher seu conciliador ou mediador • A pluralidade de intermediários deve ser reservada a situações excepcionais 3.2.4.4. Princípios das formas consensuais de solução de conflitos 3.2.4.4.1. Introdução • A conciliação e a mediação seguem os mesmos princípios Art. 166 A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. §1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser u�lizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. §2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação. §3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o obje�vo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição. §4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais. 3.2.4.4.2. Independência • Não podem sofrer pressão interna ou externa • Podem deixar de redigir solução ilegal ou inexequível • Respeito à ordem pública e às leis vigentes 3.2.4.4.3. Imparcialidade • Busca a solução mais adequada para o conflito, não a vantagem de uma das partes → O uso de técnicas negociais não ofende a imparcialidade • Ausência de favori�smo, preferência ou preconceito • Aplicam-se a eles as mesmas hipóteses de impedimento e suspeição do juiz 3.2.4.4.4. Normalização do conflito • As partes devem ficam concretamente sa�sfeitas com a solução encontrada • Abrange os princípios do empoderamento e da validação → Ensinar as partes a resolverem melhor os conflitos futuros → Faz com que as partes se vejam como pessoas merecedoras de respeito 3.2.4.4.5. Autonomia da vontade • A vontade não pode ser viciada → Se o for, a solução do conflito pode ser considerada nula• Aplica-se ao conteúdo da solução e ao procedimento de conciliação/mediação • Também chamado de princípio da liberdade ou da autodeterminação 3.2.4.4.6. Confidencialidade • O�miza a par�cipação das partes, facilitando a solução do conflito • Estende-se a todas as informações produzidas no procedimento → Não poderão ser usadas para outros fins não pretendidos pelas partes • O conciliador e o mediador não podem ser testemunhas no processo → Não podem divulgar os elementos advindos da mediação ou conciliação • Esse princípio não se aplica a casos de violação da ordem pública ou das leis vigentes 3.2.4.4.7. Oralidade • O essencial não constará do termo da audiência ou sessão realizada • Obje�va a celeridade, a informalidade e a confidencialidade • A solução em si deve ser reduzida a termo → É indispensável a forma documental escrita da solução consensual → Pode ser dispensada na mediação extrajudicial, mas não se há processo em trâmite - O processo será ex�nto por sentença homologatória da autocomposição 3.2.4.4.8. Informalidade • Incen�va o relaxamento, levando as partes a se tranquilizarem → Aumenta as chances de solução consensual do conflito • É necessário que o procedimento seja mais flexível, adaptado ao caso concreto 3.2.4.4.9. Decisão informada • As partes devem saber dos aspectos fá�cos e jurídicos do conflito • Questão: Como alguém sem formação jurídica garan�rá isso? 3.2.4.4.10. Isonomia entre as partes • Este princípio aplica-se unicamente à mediação • Válido mesmo que as partes não possuam isonomia material • Mesmas oportunidades de manifestação e par�cipação 3.2.4.4.11. Busca do consenso • Deve se buscar, de forma coopera�va com as partes, a solução consensual 3.2.4.5. Cadastros • Os habilitados para conciliar e mediar serão cadastrados nacional e regionalmente → Esse cadastro é feito pelos tribunais de jus�ça e tribunais regionais federais → Constam as informações relevantes para sua atuação → Os dados acerca da par�cipação dos habilitados serão divulgados anualmente - Avaliação das formas alterna�vas de solução consensual de conflitos • Distribuição dos processos de forma alternada e aleatória → Pres�gia a imparcialidade → Se as partes desejam pessoa específica, sua vontade prevalece 3.2.4.6. Remuneração do conciliador e do mediador • Via de regra, a a�vidade é remunerada conforme tabela fixada pelo tribunal → A tabela é montada de acordo com parâmetros do CNJ • Não será devida no caso de quadro próprio do tribunal ou voluntário • O pagamento deve ser realizado pelas partes → O Estado pagará para o beneficiário da jus�ça gratuita • As en�dades privadas devem realizar certa quan�dade de audiências não remuneradas 3.2.4.8. Impedimento do conciliador e do mediador • Aplicam-se por analogia as causas de parcialidade previstas para o juiz • Deve haver comunicação imediata da parcialidade e devolução dos autos • O mediador não pode ser árbitro de conflito em que atuou como mediador • A impossibilidade temporária do exercício da função deve ser informada ao centro 3.2.4.9. Causas de exclusão • Agir com dolo ou culpa na condução do conflitou ou violar qualquer de seus deveres • Atuar em procedimento de mediação ou conciliação em que é impedido ou suspeito • A exclusão do cadastro depende de processo administra�vo • Pode haver suspensão temporário do conciliador ou mediador por até 180 dias → Caso de atuação inadequada 3.2.4.10. Solução consensual no âmbito administra!vo Art. 174 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administra�vo, tais como: I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e en�dades da administração pública; II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. • É possível dirimir conflitos envolvendo órgãos e en�dades da administração pública → Nem todo direito defendido pela Administração Pública é indisponível → No direito indisponível discute-se acerca da forma e prazo para cumprir a obrigação 3.2.4.11. Conciliação e mediação extrajudiciais Art. 175 As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos ins�tucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica. Parágrafo único. Os disposi�vos desta Seção aplicam-se, no que couber, às câmaras privadas de conciliação e mediação. • Pode ser realizada por órgãos ins�tucionais ou profissionais independentes 3.3. Arbitragem • Um terceiro resolve o conflito de interesses de forma imposi�va • Só pode ser u�lizada no caso de direitos disponíveis • Lei 9.307/1996: Lei de Arbitragem • A arbitragem não é contrária ao princípio da inafastabilidade da jurisdição → É cons�tucional escolher uma ou outra • É um equivalente jurisdicional • Parte da doutrina defende que a arbitragem seria uma jurisdição privada → A decisão é uma sentença arbitral, sem precisar de homologação do juiz → A sentença torna-se imutável e indiscuSvel • Para o NCPC, a arbitragem não é jurisdição 4. Escopos da Jurisdição • São os obje�vos perseguidos com o exercício da função jurisdicional • Escopo jurídico: Aplicação concreta da vontade do direito → Faz valer o direito obje�vo no caso concreto • Escopo social: Resolver o conflito de interesses proporcionando a paz social → Processo rápido, barato, com amplo acesso de par�cipação e decisão justa • Escopo educacional: Ensinar aos jurisdicionados seus direitos e deveres → Clareza e u�lização de linguagem simples nas decisões • Escopo polí�co: Possui três vertentes → Fortalecer o Estado → Proteger as liberdades públicas e os direitos fundamentais → Incen�var a par�cipação democrá�ca por meio do processo 5. Caracterís/cas Principais 5.1. Caráter subs/tu/vo • Subs�tui a vontade das partes pela vontade da lei no caso concreto • Não é essencial à existência da jurisdição → Ações cons�tu�vas necessárias: Atribui eficácia jurídica ao acordo entre as partes → Execução indireta: A obrigação é sa�sfeita pela vontade voluntária do devedor - Diferente da submissão, pois a execução é resultado da pressão do PJ 5.2. Lide • Conflito de interesses qualificado por uma pretensão resis�da • É criada antes do processo • O juiz resolve o pedido do autor, não a lide em si → A lide pode não ser solucionada no processo • É possível a existência de jurisdição sem lide → Processos obje�vos: Controles concentrados de cons�tucionalidade → Tutela inibitória 5.3. Inércia • A movimentação inicial da jurisdição deve ser provocada pelo interessado → Limita-se ao princípio da demanda → O juiz não pode iniciar um processo de o:cio • A jurisdição deve ser inerte → O juiz não pode transformar um conflito jurídico em um conflito social → Haveria o sacri:cio dos meios alterna�vos de solução dos conflitos → Perda da imparcialidade do juiz (se inicia o processo, reconhece o direito) • A jurisdição só se movimenta nos limites definidos pelo objeto da demanda → O objeto é em regra determinado pelo autor e excepcionalmente pelo réu → Quanto ao que ficar fora da demanda, a jurisdição ficará inerte • Provocada a jurisdição, aplica-se a regra do impulso oficial → Passa a caminhar independentemente de provocação → Pode depender das partes nos aspectos econômico e de prestação de informações • A fase de execução pode ser iniciada de o:cio pelo juiz → Exceto expressa previsão legal, como a obrigação de pagar quan�a certa 5.4. Defini/vidade • A solução jurisdicional é defini�va e imutável, deve ser respeitada por todos • A coisa julgada material é priva�va das decisões jurisdicionais → Sua ausência não significa que não há natureza jurisdicional 6. Princípios da Jurisdição 6.1. Inves/dura • O juizde direito é inves�do do poder da jurisdição, representando o Estado, através de → Concurso público → Indicação pelo Poder Execu�vo - Quinto cons�tucional - Composição do Supremo Tribunal Federal 6.2. Territorialidade (aderência ao território) • O juiz só pode exercer a jurisdição dentro do território nacional • As regras de competência territorial definirão um determinado foro • Princípio da aderência ao território: A atuação jurisdicional só é legí�ma nesse limite → Atos pra�cados fora desse limite: Carta precatória ou rogatória → Exceções: Citação pelo correio, imóvel situado em mais de um foro, penhora online 6.3. Indelegabilidade • O Poder Judiciário não pode delegar a função jurisdicional a outros poderes ou órgãos → Exceto se es�ver prevista na Cons�tuição a “função estatal aSpica” • Competência determinada para uma demanda não pode ser delegada a outrem, salvo: → Expedir carta de ordem pelo Tribunal, delegando a produção de provas ao 1º grau → STF delega a função execu�va de seus julgados ao juízo de 1º grau - Só se aplica a atos materiais, o STF não tem estrutura para pra�cá-los 6.4. Inevitabilidade • Vinculação obrigatória e automá�ca dos sujeitos ao processo judicial → Não depende de concordância do sujeito ou acordo entre as partes • A geração dos efeitos jurisdicionais é inevitável → Estado de sujeição: Os sujeitos suportarão os efeitos da decisão jurisdicional 6.5. Inafastabilidade • Dois aspectos: → Relação entre a jurisdição e a solução administra�va de conflitos → Acesso à ordem jurídica justa • O interessado em buscar o Judiciário não precisa buscar ou esgotar a via administra�va → Exceto no caso da Jus�ça Despor�va, onde deve haver o esgotamento → Só cabe habeas data se há a prévia recusa da autoridade administra�va, gera lide → Prévio requerimento administra�vo para obtenção de bene:cio previdenciário → Esgotamento das vias administra�vas em caso de ato que ofenda súmula vinculante → Não cabe mandado de segurança enquanto pender julgamento de recurso administra�vo com efeito suspensivo • Os casos de exceção acima citados não ofendem o princípio da inafastabilidade • Não existe coisa julgada material no processo administra�vo • É inadmissível propor ação judicial para discu�r crédito tributário declarado inexistente → Viola o princípio da segurança jurídica • Ideais da inafastabilidade: → Ampliação de acesso ao processo → Assistência judiciária ampla para os hipossuficientes → Tutela dos direitos difusos, cole�vos e individuais homogêneos → Respeito ao devido processo legal, efe�vando o contraditório e a cooperação - Aumento das chances de obter a pacificação social - Melhora a qualidade das decisões proferidas pelo juiz → Decisão com jus�ça, com a interpretação mais justa dentre as possíveis → Eficácia da decisão: Tutela de urgência, efe�vação das decisões e celeridade - A efe�vação pode ocorrer por execução indireta ou sanções processuais 6.6. Juiz natural • Ninguém será processado senão pela autoridade competente • É impossível escolher o juiz para julgamento de determinada demanda → É aleatório, seguindo regras gerais, abstratas e impessoais de competência → Competência absoluta do juízo que ex�ngue o processo sem resolução do mérito → Proíbe-se a formação de li�sconsórcio a�vo faculta�vo depois de saber o juiz • É admissível a criação de varas e câmaras especializadas → Também é legal a competência por prerroga�va de função • Não se pode criar um juízo com a tarefa de julgar fatos jurídicos que já ocorreram → Na época em que eles ocorreram já havia tribunal competente → São chamados de “tribunais de exceção” 6.7. Promotor natural • O Procurador-Geral de Jus�ça não pode designar promotores discricionariamente → Figura do acusador público de encomenda • Indicar promotor assistente para atuar com o promotor da causa não o ofende • Equipes especializadas e forças-tarefas para determinada área de a�vidade são legais 7. Espécies de Jurisdição • A jurisdição é una e indivisível, sendo esta divisão puramente acadêmica 7.1. Jurisdição penal ou civil • Considera a natureza do objeto da demanda judicial • Parcela da doutrina considera a divisão entre penal e civil muito restrita • A jurisdição civil é subsidiária, quando a matéria tratada não é penal 7.2. Jurisdição superior ou inferior • Inferior: Exercida pelo órgão jurisdicional que tem competência originária • Superior: Atuação recursal dos tribunais → O tribunal exerce a jurisdição inferior nas ações de sua competência originária 7.3. Jurisdição comum e especial • Especial: Exercida pelas jus�ças que tem a sua competência fixada cons�tucionalmente → Considera a matéria que será objeto da demanda → São a Jus�ça do Trabalho, a Jus�ça Eleitoral e a Jus�ça Militar • Comum: Residual, abarca tudo que não é competência das jus�ças especiais → Composta pelas jus�ças federal e estadual, sendo esta úl�ma residual Art. 108 No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das partes nos casos expressos em lei. Art. 109 A alienação da coisa ou do direito li�gioso por ato entre vivos, a Stulo par�cular, não altera a legi�midade das partes. §1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária. §2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente li�sconsorcial do alienante ou cedente. §3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou cessionário. 8. Jurisdição Voluntária • A jurisdição tradicional é a contenciosa, sendo a voluntária excepcional 8.1. Caracterís/cas 8.1.1. Obrigatoriedade • As partes precisam da intervenção do Poder Judiciário para obter o bem pretendido → Ex.: Ações cons�tu�vas necessárias • Decorre exclusivamente da previsão legal, é uma opção polí�co-legisla�va 8.1.2. Princípio Inquisi/vo • Na jurisdição contenciosa, misturam-se os sistemas disposi�vo e inquisi�vo → O juiz pode tomar providências não requeridas pelas partes • A jurisdição voluntária é um misto dos sistemas, mas o inquisi�vo predomina → O juiz pode iniciar de o:cio certas demandas da jurisdição voluntária → Maiores poderes instrutórios, de produção de provas → Possibilidade do juiz decidir contra a vontade de ambas as partes → O juiz pode u�lizar o juízo de equidade no momento de julgar 8.1.3. Juízo de Equidade Art. 723 O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna. • O juiz não precisa se u�lizar da legalidade estrita → Deve fundamentar na decisão a não aplicação da lei • Observa-se o que é melhor para as partes e para o bem comum 8.1.4. Par/cipação do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica Art. 721 Serão citados todos os interessados, bem como in�mado o Ministério Público, nos casos do art. 178, para que se manifestem, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias. • A par�cipação do Ministério Público não é obrigatória, depende do caso concreto • A Fazenda Pública deve ser in�mada desde que exista interesse 8.2. Natureza jurídica • Teoria clássica: Administra�va, é a administração pública de interesses privados • Teoria revisionista: Jurisdicional, o juiz exerce a a�vidade jurisdicional 8.2.1. Inexistência de caráter subs/tu/vo • Clássicos: Não há esse caráter pois o juiz não subs�tui a vontade das partes → A subs�tu�vidade não essencial à existência da jurisdição 8.2.2. Inexistência de aplicação do direito ao caso concreto • A sentença do juiz apenas permite que sejam produzidos os efeitos jurídicos → A jurisdição vai muito além do seu escopo jurídico 8.2.3. Ausência de lide • Na jurisdição voluntária não há um conflito de interesses entre as partes → A lide não é essencial à jurisdição → As partes estão insa�sfeitas por sua pretensão ser resis�da→ Existe lide em certos casos de jurisdição voluntária 8.2.4. Não há partes, mas meros interessados • Não existem partes pois as pessoas não estão em conflito → É possível exis�r parte sem parte contrária → Não é preciso que as partes estejam em posições antagônicas para o serem 8.2.5. Não há processo, mas mero procedimento • Na verdade há processo, desenvolvendo-se por meio de um procedimento → O contraditório será afastado • Mesmo se a jurisdição voluntária fosse administra�va, haveria processo → O processo jurídico não é o único processo existente 8.2.6. Inexistência de coisa julgada material • Se aplica à jurisdição voluntária as regras de coisa julgada material da contenciosa → Sua sentença não pode ser tão instável, até por questão de segurança jurídica → Eventual mudança da sentença não violaria a coisa julgada material 9. Tutela Jurisdicional • É a proteção prestada pelo Estado quando provocado pelo processo • Volta-se ao direito material e é una e indivisível 9.1. Espécie de crise jurídica • Pode ser tutela de conhecimento, execu�va ou cautelar → Conhecimento: Meramente declaratória, cons�tu�va e condenatória • Tutela meramente declaratória: A sentença resolve a incerteza → Declara a existência, inexistência ou modo de ser de uma relação jurídica • Tutela cons�tu�va: A sentença resolve a situação jurídica → Cria, ex�ngue ou modifica uma relação jurídica • Tutela condenatória: A sentença resolve o inadimplemento → Reconhece o inadimplemento e imputa ao demandado que cumpra uma prestação • Tutela execu�va: Resolve uma crise de sa�sfação → O direito já foi reconhecido, mas a parte contrária resiste → Pode ser ob�da por processo autônomo e fase procedimental - Na fase procedimental é chamada de cumprimento de sentença • Tutela cautelar: Resolve uma crise de perigo → Dispensa a existência de um processo autônomo cautelar → Busca preservar a u�lidade do resultado final do processo • Todas essas tutelas podem ser objeto de um mesmo processo 9.2. Natureza jurídica dos resultados jurídico-materiais • Divide-se em tutela preven�va e tutela reparatória • A tutela preven�va busca impedir a prá�ca de um ato ilícito → Prá�ca originária, con�nuação da prá�ca ou repe�ção da prá�ca → Não gera efeitos sobre o que já ocorreu → Tutela de forma ampla e genérica direitos materiais, vale a inafastabilidade → Antes, tutelava apenas ações determinadas → Não é necessário comprovar o dano ou a existência de culpa ou dano → Tutela de remoção do ilícito: O ilícito já acabou, mas os efeitos de estendem • A tutela reparatória busca a reparação do prejudicado → Demanda o ato contrário ao direito e o dano 9.3. Coincidência de resultados com a sa/sfação voluntária • A prestação da tutela jurisdicional gera resultados similares à sa�sfação da obrigação • Tutela específica: A sa�sfação pela jurisdição é igual ao do cumprimento → A tutela inibitória é sempre específica → Visa os direitos materiais • Tutela pelo equivalente em dinheiro: O resultado é diferente da obrigação → É diferente da natureza da obrigação → Se a obrigação não pode mais ser cumprida, essa é a única tutela disponível • A tutela reparatória pode ser de ambos os modos → Prefere-se a específica pois repara efe�vamente o dano suportado 9.4. Espécie de técnicas procedimentais 9.4.1. Introdução • A tutela comum é a prestada pelo procedimento comum → Não é capaz de dar tutela de qualidade para todas as situações • A tutela diferenciada sa�sfaz as exigências do direito material no caso concreto → Procedimentos e técnicas procedimentais diferenciadas para tutelar o direito 9.4.2. Formas de concre/zação da tutela diferenciada • Em regra, são matérias reguladas pelo Código Civil • Técnicas contra a complexidade e morosidade do procedimento comum → Nem sempre criam-se novos procedimentos → Pode descartar fases procedimentais desnecessárias • O juiz pode determinar os reajustes necessários → Respeita o contraditório e a ampla defesa → Medo de que surja insegurança jurídica e eventual quebra da isonomia → Dilatação dos prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova - Conforme a necessidade do caso concreto - Dilata prazos que ainda não foram cumpridos, depois ocorre a preclusão temporal 9.4.3. Cláusula geral de negócio jurídico processual • Partes capazes podem definir regras para direitos que admitem a autocomposição → Antes ou durante o processo → Ônus, poderes, faculdades e deveres processuais 9.5. Cognição ver/cal (profundidade) • A cognição sumária funda-se em um juízo de probabilidade, gera tutela provisória → Comum em tutelas de urgência, mas pode ocorrer em decisões até finais → Tutela de evidência • A cognição exauriente funda-se em um juízo de certeza, gera tutela defini�va → Prolação da sentença em primeiro grau, do acórdão e das decisões monocrá�cas → Mesmo sendo passível de recurso, sua defini�vidade con�nua a exis�r 9.6. Sistema processual • Propôs-se a conversão de ação individual em cole�va, mas não foi aprovada • Individual: Protege direitos materiais individuais • Cole�va: Visa a proteção de determinadas espécies de direitos materiais → É necessário que o legislador expressamente determine sua aplicação → Suas principais regras serão aplicadas a todas as ações cole�vas → Conjunto de normas processuais diferenciadas → Aplicada somente de forma subsidiária
Compartilhar