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CADERNO – 2ª UNIDADE – IED PROCESSUAL/DIANA RIOS AULA 08 – REGRAS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL (CONT.) E JURISDIÇÃO 1. Instauração do processo por iniciativa da parte e desenvolvimento por impulso oficial: Art. 2º - CPC: O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. Na prática, não é bem assim que funciona em virtude da duração dessarroada do processo (é necessário que as partes sigam estimulando o Judiciário para que o processo se desenvolva). Todavia, existem exceções (não exigem o pontapé inicial das partes), as quais serão aprofundadas em momento posterior do curso. 2. Obediência à ordem cronológica de conclusão: Art. 12 – CPC: Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica da conclusão para proferir sentença ou acórdão (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016). Tal regra visa a garantir a duração razoável do processo e a paridade das armas, ao afirmar que os processos mais antigos têm prioridade. Na prática, não é bem assim que funciona, sendo comum auxílios indevidos para dar celeridade a um processo em detrimento de outro mais antigo. De acordo com Diana Rios, a inclusão do termo “preferencialmente” na nova redação esvazia essa regra, já que fica a critério do juiz atender ou não a ordem cronológica de conclusão (discricionariedade excessiva). Tal regra não se estende somente aos juízes, mas também aos secretários. Exceções: art. 12, § 2º § 2º Estão excluídos da regra do caput : I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido; Por lógica, a sentença proferida em audiência não é preciso esperar. II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos; Julga um e aplica o “efeito cascata” para os demais (casos semelhantes e repetitivos). III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas; IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932 ; V - o julgamento de embargos de declaração; VI - o julgamento de agravo interno; VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça; VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal; IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada. § 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no § 3º, o processo que: I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou de complementação da instrução; II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II . Aqui se finaliza o assunto da AV1 (28/09/2022). 3. Jurisdição – aspectos gerais: Jurisdição, etimologicamente, vem do latim jurisdictio, que significa “dizer o direito”. Todavia, hoje, se compreende a jurisdição como muito mais que isso. Há três aspectos da jurisdição. A jurisdição pode ser vista enquanto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art485 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art932 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art1040 Poder: A jurisdição é um dos poderes que toca o Estado no exercício da sua soberania (imposição de suas decisões). A jurisdição é um poder-dever, o que se encaixa no segundo prisma – jurisdição enquanto função; Função: O Estado exerce a função de promover a justa composição da LIDE e, consequentemente, de promover a pacificação social; Atividade: A jurisdição na sua dimensão dinâmica. Trata-se do complexo de atos praticados pelo juiz no processo, na execução do seu poder e no cumprimento de sua função; 4. Função jurisdicional x função legislativa x função executiva: Embora tenham intersecções, essas funções apresentam as suas peculiaridades. O legislador atua em um plano geral e abstrato, já a função jurisdicional atua perante casos concretos (se reveste de particularização e não apresenta o caráter abstrato). A função executiva também não se confunde com a função jurisdicional. A função do gestor público não pode ser confundida com a função do juiz. A função jurisdicional é marcada pela imparcialidade (princípio do juiz natural), o que não acontece com o gestor público (função executiva), uma vez que este atua parcialmente ao defender a concretização de determinada política pública. Ademais, a função jurisdicional é marcada pela imutabilidade, isto é, as decisões jurisdicionais são revestidas de aptidão para formar coisa julgada (para se tornar indiscutível). O estado-juiz (função jurisdicional) se substitui à vontade das partes para discutir algo que antes não era sua responsabilidade (a responsabilidade inicial era das partes solucionarem harmonicamente o conflito). Isso não se dá com a função executiva, uma vez que o Estado exerce uma função que, a princípio, já era dele (não há a substitutividade). O magistrado, em regra, não atua de ofício, precisando ser provocado, o que não se dá com a função executiva, já que a administração toma a iniciativa de agir. A princípio, a função jurisdicional é exercida pelo Poder Judiciário. Contudo, há a possibilidade da função jurisdicional ser exercida por membros que não sejam do Judiciário: jurisdição extraordinária (Ex: Senado em casos de impeachment, o caráter jurisdicional da arbitragem...). 5. Conceito de jurisdição: “Função atribuída a terceiro imparcial de realizar o direito de modo imperativo e criativo reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para tornar-se indiscutível.” – FREDIE DIDIER Jr. Terceiro imparcial: juiz, árbitro,...; A decisão do juiz é imperativa, impositiva, se impondo às partes mesmo contra a sua vontade; Criativo: O magistrado (juiz) deve ser criativo para criar a norma individualizada do caso concreto. Com o avanço dos precedentes, sobretudo no que concerne aos precedentes vinculantes, a capacidade legislativa do magistrado se ampliou (capacidade de influenciar para além de um caso concreto); Reconhecendo/efetivando/protegendo: Tais atividades que podem ser desenvolvidas no processo, outrora, se davam em processos separados (processo para reconhecer, para efetivar e para proteger). Com o tempo, essas atividades – reconhecimento, efetivação e proteção – passaram a ser feitas em uma única ação (processos sincréticos); Situações jurídicas: Essas podem ser conflituosas ou não. Pode existir LIDE (conflito) ou não (jurisdição voluntária*); Concretamente deduzidas: Casos concretos; Decisão insuscetível de controle externo: A decisão não pode ser controlada por outros Poderes. Nesse viés, não pode ocorrer, por exemplo, a submissão das decisões judiciárias ao aval do Chefe do Executivo (vale por si só); Com aptidão para tornar-se indiscutível: Não quer dizer que, necessariamente, vá se tornar indiscutível. “Ter aptidão para” não é sinônimo de “irá se tornar”. Desse modo, há processos em que processos se extinguem sem a análise do mérito, não se formando, portanto, coisa julgada material (não há tutela jurisdicional, mas há jurisdição). *Uma corrente, ainda hoje, defende que a jurisdição voluntária não apresenta esse cunho de jurisdição, apresentando um viés meramente administrativo; 6. Características: Inércia: A jurisdição, em regra, é inerte. É necessário o pontapé inicial. Todavia, o legislador trouxe exceções: declaração de recuperação judicial ou falência, arrecadação de bens de ausente; Substitutividade: O órgão julgador se substitui à vontade das partes, exercendo sua função que, originariamente, era dele. Definitividade/Imutabilidade:A decisão judicial tem aptidão para formar a coisa julgada material (decisão imutável); Unidade: A jurisdição, em nosso ordenamento, é una. Para fins didáticos, há a classificação das espécies de jurisdição; Imparcialidade: A jurisdição é marcada pela imparcialidade objetiva e subjetiva (princípio do juiz natural); Monopólio do Estado: O Estado tomou para si essa função jurisdicional; Existência da LIDE: Há debates doutrinários. Parte da doutrina afirma que a LIDE é elemento constitutivo da jurisdição (a jurisdição voluntária, portanto, não é considerada jurisdição). Por outro lado, há a corrente que sustenta que a LIDE não é elemento essencial da jurisdição. Logo, a existência de LIDE não é característica da jurisdição, podendo haver jurisdição sem LIDE (a resolução voluntária é, nessa perspectiva, jurisdição); 7. Escopos finalidades da jurisdição: Social: Promover a pacificação social e educar a sociedade (estimular o reconhecimento dos direitos pela sociedade). Há quem critique esse escopo, por se tratar de um escopo inatingível, não apresentando a jurisdição o objetivo de eliminar os conflitos; Jurídico: Aplicar a norma no caso concreto; Político: Afirmação do poder estatal, assegurar a importância dos direitos fundamentais e permitir a participação do jurisdicionado no destino da sociedade; 8. Espécies da jurisdição: Quanto à pretensão: Jurisdição civil: Sempre que não for penal, vai ser civil (Direito de Família, Direito do Trabalho, Direito Empresarial, etc...). Alguns doutrinadores ainda dividem a jurisdição civil em sentido estrito e a jurisdição trabalhista; Jurisdição penal: A norma aplicada é penal; Quanto ao grau: Jurisdição de primeiro grau ou inferior: O juiz é o primeiro a conhecer determinada matéria. Por exemplo: A ingressa com uma ação, a qual foi distribuída para a 7ª vara de Fazenda Pública. O juiz da 7ª varada de Fazenda Pública é aquele que está conhecendo a ação pela primeira vez (exerce a jurisdição de primeiro grau ou inferior); Jurisdição de segundo grau ou superior: Se conhece a causa em grau de recurso. Ex: O juiz da 7ª vara de Fazenda Pública (jurisdição de 1º grau) dá uma sentença e A não concorda com a sentença, resolvendo apelar da sentença. O processo sobe e vai para o tribunal, o qual julga aquela apelação (jurisdição de 2º grau ou superior = grau de recurso – análise do que já fora analisado); Quanto à submissão ao direito positivo: Jurisdição de direito: É a regra. O juiz se submete ao direito positivo, julgando com base no critério da legalidade; Equidade: Abre margem para discricionariedade (senso de justiça) do magistrado. Parte da doutrina considera que o juiz pode buscar soluções fora do âmbito normativo, enquanto que outra parte considera que tal senso de justiça deve estar dentro dos limites do Direito; Quanto ao órgão que exerce: Jurisdição comum: Se dá por exclusão. Jurisdição que se julga casos de qualquer natureza, salvo os compreendidos pela jurisdição especial; Jurisdição especial: Engloba a jurisdição trabalhista, militar e eleitoral; Quanto à existência de LIDE: Contenciosa: Existe LIDE, ou seja, um conflito intersubjetivo qualificado por uma pretensão jurídica resistida ou insatisfeita; Voluntária: Não há conflito. Ex: João quer se divorciar de Maria e Maria quer se divorciar de João; 9. Princípios da jurisdição: Investidura: A jurisdição deve ser exercida por quem foi regulamente investido (juiz, árbitro...); Aderência ao território/territorialidade: A jurisdição deve ser exercida em determinada limitação territorial, ou seja, cada juiz só vai exercer a sua autoridade nos limites legais do território sujeito à sua jurisdição. Ex: O juiz da comarca de Salvador exerce a sua função jurisdicional na comarca de Salvador, não julgando, assim, um processo que está tramitando em Feira de Santana ou no Rio de Janeiro. Contudo, pode ocorrer a cooperação entre os juízes de comarcas distintas (matéria do próximo semestre) – ex: carta precatória (juízes de um mesmo país) e carta rogatória (juízes de países distintos); Exceções ao princípio da territorialidade: Art. 60 – CPC: Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a territorialidade do imóvel. Prevento = onde foi distribuída a petição inicial. Art. 255 – CPC: Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos. Ex: Salvador e Lauro de Freitas. Art. 385, § 3º - CPC: O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência da instrução e julgamento. Art. 453, § 1º - CPC: A oitiva de testemunha que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão e recepção de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a audiência de instrução e julgamento. Indelegabilidade: O exercício da jurisdição não pode ser delegado. Exceções: Art. 93, XI – CF/88: nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 93, XIV – CF/88: os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 152, VI – CPC/15: Incube ao escrivão ou ao chefe de secretaria: praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios. Art. 203, § 4º - CPC/15: Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. Art. 102, I, m – CF/88: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; Art. 972 – CPC/15: Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos. AULA 09 – JURISDIÇÃO (CONTINUAÇÃO) 1. Princípio da inevitabilidade: A jurisdição se sobrepõe às partes independentemente de sua vontade. A jurisdição não pode ser afastada pela vontade das partes. Ela é inevitável. 2. Princípio da inafastabilidade: Toda lesão ou ameaça a direito deve ser levada ao Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF). As partes devem dar o pontapé inicial e, em seguida, o processo se desenvolve por impulso oficial (princípio da inércia). Princípio do juiz natural: O juiz deve ser imparcial – se manter equidistante das partes – e, além disso, é proibida a criação dos chamados tribunais de exceção a luz do ordenamento jurídico brasileiro. 3. Elementos da jurisdição: Cognitio: Poder do Estado de conhecer oprocesso; Vocatio: Poder do Estado de convocar pessoas para prestar esclarecimentos; Coertio: Poder do Estado de aplicar medidas coercitivas para reprimir ofensas. Ex: O Estado pode aplicar multas a uma parte que está praticando atos ofensivos ao processo; Juditio: Poder do Estado de julgar o direito; Executio: Poder do Estado de cumprir as suas decisões (princípio da efetividade); 4. A jurisdição voluntária: Uma das características da jurisdição é a existência de LIDE – conflito intersubjetivo entre uma pretensão e uma insatisfação/resistência (doutrina majoritária). Entretanto, há uma parcela doutrinária que entende que a LIDE não é uma característica essencial da jurisdição, ou seja, é possível haver jurisdição e não haver LIDE. Destarte, mesmo as vontades sendo convergentes, é preciso passar pelo Judiciário para a produção de efeitos – ex: o divórcio consensual e a interdição. Ex: A quer se divorciar de B, assim como B quer se divorciar de A já que não estavam mais felizes juntos. Não basta que um olhe para cara do outro e tome seu rumo. É necessária a submissão a um processo de divórcio. Não há aqui um conflito, uma vez que as vontades são convergentes. Mesmo assim, para eles serem considerados divorciados, é necessário passar pelo crivo de Judiciário. Ex: A tem um filho que não apresenta condições de gerir os atos da vida civil. A interdita seu filho. É, também, necessário passar pelo crivo do Poder Judiciário. Há quem critique o termo “jurisdição voluntária” em virtude da imposição do crivo do Judiciário, mas, mesmo assim, essa é a expressão empregada que se consolidou. Características que não se discutem: o caráter inquisitivo da jurisdição, bem como a possibilidade julgamento por equidade. Ademais, pode-se citar como indiscutível a intervenção obrigatória (intimação) do Ministério Público. No que concerne à jurisdição voluntária, emergem duas teorias: TEORIA CLÁSSICA TEORIA REVISIONISTA Teoria majoritária; Atividade administrativa; Não há jurisdição; Não há lide (negócio jurídico); Não há partes – dá ideia de antagonismo (há meros interessados); Não há processo (há procedimento); Não há ação (há requerimento): Não há substitutividade; Não forma coisa julgada material; Art. 1.111 – CPC/73 (grande argumento outrora utilizado): A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes. Teoria minoritária, mas que tem ascendido por meio de nomes como Fredie Didier Jr.; Atividade jurisdicional (juiz imparcial); Há jurisdição; Bifurcação: Há LIDE potencial ou a LIDE não é elemento essencial; Há partes (em sentido processual, a qual não se confunde com partes em sentido material); Há processo – meio pelo qual se cria normas jurídicas, entre elas uma sentença; Há ação – ponta-pé inicial para o exercício da atividade jurisdicional; Há substitutividade; Forma coisa julgada material – caso as circunstâncias forem as mesmas. Todavia se for uma nova causa de pedido, pode-se modificar (pedido superveniente) – o que se estende à jurisdição propriamente dita. Conforme visão do STJ, as partes podem resolver conflitos pela via extrajudicial ou judicial. Logo, há o interesse das partes em ingressar no Judiciário. De certa forma o STJ deu credibilidade à teoria revisionista, sendo um argumento utilizado para reafirmar o caráter jurisdicional da jurisdição voluntária. Outro exemplo dado como argumento para o caráter jurisdicional da jurisdição voluntária trata-se da homologação de acordo judicial. Ex: A fixa um contrato celebrado com B (homologação extrajudicial) que caso haja o descumprimento do acordo, a parte deve indenizar a outra por certa quantia (título executivo extrajudicial). B descumpre o contrato. Se há descumprindo deste contrato, qualquer das partes vai ingressar em juízo (neste caso, A) e pedir a sua execução. O juiz, portanto, vai executar o contrato. Caso a homologação ocorresse pelo Judiciário, ter-se-ia um título executivo judicial, o que reduz a margem de defesa de B. Logo, é sustentada a tese de que há diferença entre títulos executivos judicial e extrajudicial. 5. Desjudicialização dos procedimentos de jurisdição voluntária: A jurisdição voluntária judicial vem perdendo relevância no cenário contemporâneo por dois fatores principais: a) Transferência para a órbita administrativo-cartorária dos casos que não apresentam complexidade, litigiosidade ou afetem direitos indisponíveis não transacionáveis. Os indivíduos têm optado pela celeridade do cartório; b) Cláusula geral de negociação processual: Há a possibilidade (limitada) das partes deliberarem sobre o procedimento por meio de um negócio jurídico consensual. 6. Organização Judiciária: Art. 92 – CF: São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I- A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - o Superior Tribunal de Justiça; II- A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional. (Revogado) § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392) § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) STF: Responsável pela uniformização de questões constitucionais, dando, portanto, a última palavra. Apresenta causas de competência originária e também de competência recursal. Art. 101 – CF: O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 122, de 2022) Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Competência originária: Art. 102 – CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual; (Revogado) a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente ; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) d) o habeas corpus, sendo paciente qualquerdas pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; h) a homologação das sentenças estrangeiras e a concessão do "exequatur" às cartas rogatórias, que podem ser conferidas pelo regimento interno a seu Presidente; (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) i) o habeas corpus, quando o coator ou o paciente for tribunal, autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Revogado) i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999) j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Competência recursal ordinária: Competência recursal ordinária: II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime político; Competência recursal extraordinária: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição ; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição . d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Parágrafo único. A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Revogado) § 1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo. (Incluído em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93) (Revogado) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392) § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) O CNJ: É responsável pelo controle da atuação administrativa e financeira e pelo cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados. Trata-se, portanto, de um órgão de fiscalização. O CNJ elabora resoluções (papel criativo) para que os magistrados sigam determinados procedimentos, como no que concerne aos precatórios. Como já estudado, as resoluções do CNJ corresponde a uma das fontes do Direito Processual. O STJ: Responsável pela última palavra sobre legislação federal infraconstitucional (CP, LACP) Há também competências originárias e recursais. Competência originária: Art. 105 – CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal; (Revogado) b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) c) os habeas corpus, quando o coator ou o paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea a, ou quando o coator for Ministro de Estado, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Revogado) c) os habeas corpus, quando o coator ou o paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", quando coator for tribunal, sujeito à sua jurisdição, ou Ministro de Estado, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999) (Revogado) c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estadoe administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Competência recursal ordinária: II - julgar, em recurso ordinário: a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; Competência recursal especial: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal; (Revogado) b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. Parágrafo único. Funcionará junto ao Superior Tribunal de Justiça o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe, na forma da lei, exercer a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus. (Revogado) Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Revogado) I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Revogado) II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Revogado) § 1º Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 2º No recurso especial, o recorrente deve demonstrar a relevância das questões de direito federal infraconstitucional discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que a admissão do recurso seja examinada pelo Tribunal, o qual somente pode dele não conhecer com base nesse motivo pela manifestação de 2/3 (dois terços) dos membros do órgão competente para o julgamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022) § 3º Haverá a relevância de que trata o § 2º deste artigo nos seguintes casos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022) I - ações penais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022) II - ações de improbidade administrativa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022) III - ações cujo valor da causa ultrapasse 500 (quinhentos) salários mínimos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022) IV - ações que possam gerar inelegibilidade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022) V - hipóteses em que o acórdão recorrido contrariar jurisprudência dominante o Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022) VI - outras hipóteses previstas em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022) Recurso especial vai para o STJ, enquanto que o recurso extraordinário, para o STF. A maioria dos casos da justiça federal envolvem a União, autarquias e empresas públicas federais. Juiz federal TRF STJ A justiça trabalhista: É uma justiça especializada e voltada para julgar causas que envolvam relações de trabalho. Juiz trabalhista (1ª instância) Tribunais Regionais do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. A justiça eleitoral: É uma justiça especializada em julgar matérias eleitorais. É composta por membros de outros órgãos. Juiz eleitoral/junta eleitoral (1ª instância) TRE TSE A justiça militar: É uma jurisdição especializada, assim como a trabalhista e a eleitoral. Existe a distinção entre a justiça militar federal e a justiça militar estadual CJM STM (Justiça Militar Federal) Varas de auditoria Tribunal de Justiça Militar (estados com mais de 20.000 hab) No que tange à justiça militar federal, a competência recursal do STM é plena, uma vez que não há tribunal de 2ª instância. Justiça estadual: Juiz estadual TJ Existem competências originária e recursal do TJ. O objeto de estudo da disciplina IED Processual é a justiça comum, já que há matérias específicas para os ramos especializados – Processo do Trabalho e Direito Eleitoral, por exemplo. 7. Meios alternativos/adequados de resolução de conflitos: Ao lado da jurisdição, existem outras formas de se resolver conflito. No nosso ordenamento, temos a justiça estatal como o principal caminho, entretanto, existem outras possibilidades de se resolver conflitos. Com o advento do NCPC, há um crescente incentivo a esses meios alternativos/adequados. Esses meios alternativos/adequados integram o que chamamos de justiça multiportas ou justiça coexistencial. Destarte, esses meios não substituem a jurisdição, mas existem ao lado desta – daí a nomenclatura “coexistencial”. Existem, nessa perspectiva, outras portas para além do Judiciário – tais como arbitragem, conciliação, mediação, etc. Logo quando surgiram essas formas alternativas, pessoas viam com certa desconfiança. A arbitragem é uma justiça privada – é uma forma privada de se exercer a justiça. A arbitragem, por exemplo, apresenta o benefício do árbitro ser um profissional especializado em determinada matéria. Dizemos, portanto, que a jurisdição é a forma clássica. Os métodos de resolução de conflito podem ser: Autocompositivos: As partes resolvem o conflito; Heterocompositivos: O conflito é solucionado pela intervenção de um terceiro; Os meios de resolução de conflitos são: Autotutela: Há a imposição da vontade de uma parte sobre outra. Não é o ideal – forma egoísta (imposição da força). É permitido em algumas circunstâncias: legítima defesa, defesa da propriedade, direito de greve. Autocomposição: Forma altruísta de resolução de conflito em que as próprias partes chegam a um consenso. Pode se dar por meio de uma transação ou submissão. Na transação, há concessões recíprocas – cada um abre mão de uma parte. Na submissão, a concessão se dá por apenas uma das partes. A submissão se subdivide em renúncia (feita pelo autor) e reconhecimento da procedência do pedido (feita pelo réu). Heterocomposição: Surgimento de um terceiro – mediador, conciliador, árbitro... AULA 10 – CONCILAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM + INTRODUÇÃO À TEORIA DA AÇÃO 1. Mediação e conciliação: Possa ser que as partes, mesmo tentando chegar a um consenso, não consigam resolver o litígio. Desse modo, tem-se a necessidade de que um terceiro apareça no conflito. Aqui não há a figura da substitutividade. Parte da doutrina considera – como Diana Rios – a mediação e a conciliação como meios autocompositivos de resolução de conflito, já que esse terceiro, embora intervenha, não decide, apenas estimula a empatia entre as partes decidem. Visão distinta é a defendida por Gabriel Seijo, professor de arbitragem da Faculdade Baiana de Direito. Resolução 125 do CNJ: Dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências. Lei 13.140/2015: Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. CPC/2015: Arts. 3º, §§ 2º e 3º; 165-175; 139, V. Art. 3º - CPC/15: § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. Alguns doutrinadores afirmam se tratar de um direito fundamental a solução consensual de conflitos. O legislador dedicou um capítulo para os “conciliadores e mediadores judiciais”. Art. 139 – CPC/15: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; Barreiras para a implementação: Para Humberto Dalla, há barreiras institucionais e pessoais para a concretização dos meios alternativos de resolução de conflitos. Barreiras pessoais: Desinformação, bem como a dificuldade em lidar com perdas; Barreiras institucionais: Autoridades veem com desdém as figuras do mediador e do conciliador. Diferenças entre conciliação e mediação: O nosso Código de Processo Civil fez questão de diferenciar mediação e conciliação. Art. 165 – CPC/15: § 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. O conciliador tem um papel mais ativo, propondo alternativas práticas para a solução do conflito. O mediador tem papel mais passivo, não propondo alternativas, mas apenas faz uma interlocução entre as partes. A mediação é mais indicada quando há um vínculo pretérito entre as partes (amigos, parentes, etc). Princípios informadores da mediação e da conciliação (art. 166 – NCPC): Art. 166 – CPC/15: A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. Em suma: A conciliação e a mediação são independentes do Judiciário; O mediador/conciliador deve ser imparcial; A mediação e a conciliação não devem ser impostas, mas decorrente do consensualismo e do exercício da autonomia da vontade das partes; As negociações devem tramitar em sigilo; Tem-se um menor rigor técnico-formal; Decisão informada: As partes devem ser informadas da decisão; Pode ser judicial/incidental ou extrajudicial Centros judiciários de solução de conflitos (art. 165 – CPC) Art. 165 – CPC/15: Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição Câmaras privadas; Câmaras administrativas; O julgamento de conflitos administrativos pode-se dar por um tribunal marítimo, pelo Tribunal de Contas ou por agências reguladoras. Todavia, eles não exercem jurisdição, uma vez que suas decisões estão passíveis de revisão pelo Poder Judiciário e não apresentam aptidão para formar coisa julgada (imutabilidade). Há, nesse viés, o exercício de uma atividade meramente administrativa (decisões = título executivo extrajudicial). 2. Arbitragem: Trata-se de um meio heterocompositivo de resolução de conflitos, ou seja, um terceiro imparcial decide pelas partes. Esse terceiro imparcial é chamado de árbitro. Art. 3º, § 1º - CPC/15: É permitida a arbitragem, na forma da lei. Existe uma lei especifica que trata da arbitragem: a Lei 9.307/1996 (com as alterações da Lei 13.129/2015). Durante muito tempo se discutiu a sua constitucionalidade, que foi decretada pelo STF. A arbitragem é um negócio jurídico proveniente, portanto, do consensualismo e da autonomia da vontade das partes. Em contratos de adesão seriam permitida a arbitragem? Sim, desde que venha especificado e em destaque determinadas informações. Ex: A vai pegar um empréstimo no banco. O banco determina as especificidades do contrato – cabe A aceitar ou não pegar o empréstimo. Os contratos de adesão são aqueles pré-estabelecidos – daí o consumidor pode aderir ou não. Ex: A contratação do plano de uma rede de telefone (contrato pronto e padrão). A arbitragem se instaura por meio de um negócio chamado de convenção de arbitragem. A convenção de arbitragem pode ser de duas espécies: Cláusula compromissória: É previa. Antecede o conflito propriamente dito, no momento em que as partes estão vivendo uma parcimônia. Ex: Em caso de conflito, as partes deverão solucionar o conflito por meio de arbitragem. Via de regra tem-se cláusulas compromissórias vazias, mas podem existir cláusulas compromissórias cheias (especificando informações importantes – como sujeito, objeto e forma). A cláusula compromissória cheia contém todos os elementos necessários para se instaurar a arbitragem, bem como dispõe de métodos eficazes para a nomeação do árbitro. Compromisso arbitral: Se dá após a existência do conflito. Ao existir um conflito, caso uma parte for ao Judiciário, este deve firmar o compromisso arbitral. Destarte, o magistrado, ao constatar a presença de um negócio jurídico em que as partes estipularam a resolução pela via arbitral, deve extinguir o processo sem a resolução do mérito (quem tem razão perante o Direito Material). Art. 1º - LA: As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. Somente pode ser objeto de arbitragem bens patrimoniais disponíveis. Art. 13 – LA: Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes. Qualquer pessoa pode ser árbitro, desde que essa seja capaz e tenha a confiança das partes. É conduta ilícita um árbitro se passar por juiz para, por exemplo, ser escoltado em camarote carnavalesco. Art. 31 – LA: A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo. A decisão arbitral não precisa ser homologada, já que é um título executivo judicial. A decisão arbitral faz coisa julgada material. Todavia, o árbitro nãoapresenta título executório, necessitando do Poder Judiciário para fazer cumprir a decisão. Embora o árbitro seja dotado de substitutividade, não é dotado de coercitividade – não podendo impor a sua vontade contra a vontade das partes. Pode-se recorrer ao Judiciário para decretar a nulidade de um negócio jurídico. Depois disso, é necessário retornar para a via arbitral, não cabendo à justiça estatal decidir o mérito caso exista cláusula compromissória. Nesse sentido, faz-se importante citar o art. 8º da Lei de Arbitragem, o qual afirma que a cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato que lhe deu causa. Art. 8º - LA: A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória. É possível a arbitragem na Administração Pública, desde que relativa a direitos patrimoniais disponíveis, consoante o parágrafo 1º do primeiro artigo da Lei de Arbitragem. Art. 1º, § 1o – LA: A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) Acerca da natureza jurídica da arbitragem, emergem duas correntes: Privatistas: A arbitragem não é jurisdição porque as partes abriram mão da jurisdição no exercício da sua autonomia. Não há aqui a figura do estado-juiz e a jurisdição somente é exercida pelo juiz togado. Além disso, pode-se eventualmente recorrer ao Judiciário. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13129.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13129.htm#art1 Publicistas: Não se está abrindo mão da jurisdição, mas somente da jurisdição clássica. A jurisdição é uma função concedida a um terceiro imparcial consoante o princípio da investidura e o árbitro é juiz de fato e de direito (art. 18 – LA). Nesta corrente se destaca Fredie Didier Jr. Não falta jurisdição, mas falta competência para o árbitro proferir a sua decisão – daí a necessidade de, às vezes, se recorrer ao Judiciário (esse mesmo instituto é percebido na própria estrutura do Poder Judiciário). 3. A teoria da ação – noções gerais: A palavra ação possui algumas acepções: Acepção material: Essa acepção material se encontra, hoje, superada, mas é um resquício da fase do Praxismo/Imanetismo. Partindo desse pressuposto, ação é o próprio direito material levado a juízo (conceitos que se confundem); Acepção abstrata/direito de ação: Tem-se o direito de pleitear no Judiciário os nossos direitos. Isso é um direito abstrato porque se pauta na inafastabilidade de controle jurisdicional. A ação, nesse cenário, é um complexo de situações jurídicas ativas (os direitos). Insere-se, assim, o direito de defesa por parte do réu e não somente para o autor (direito de defesa, direito de produzir provas, etc). Nessa linha de raciocínio caminha Ada Pellegrini ao afirmar que “ação é o direito ao exercício da atividade jurisdicional”. Acepção concreta/processual: Trata-se do exercício do direito de ação, só que na sua acepção concreta. Portanto, a ação é vista como um ato jurídico, sendo, portanto, sinônimo de demanda. É por essa acepção que será estudada a ação (a ação enquanto demanda). A demanda pode ser aplicada em dois sentidos: Demanda é o ato de ir ao Judiciário. Só que é necessário levar algo ao Judiciário; Daí emerge a demanda conteúdo (leva-se pelo menos uma questão de direito material). Os elementos da demanda apresentação intrínseca relação com os elementos da relação jurídica material. ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA MATERIAL ELEMENTOS DA AÇÃO/DEMANDA Sujeito Partes (com raras exceções) Objeto Pedido Fato Causa de pedir 4. Teorias que explicam a natureza jurídica da ação: Civilista/Imanetista/Clássica (Savigny): Não havia, nesse período, distinção entre Direito Processual e Direito Material. Confunde-se ação com o próprio direito material violado; Concreta (Adolf Wach): O direito de ação passa a ser considerado de forma autônoma, entretanto, só vai haver direito de ação se houver o reconhecimento do Direito Material (se a sentença for favorável). O direito de ação seria, portanto, o direito subjetivo de uma sentença favorável ao autor (principal erro dessa teoria). Dentro dessa teoria emergiu uma variante – a ação como direito potestativo (dirigido contra o réu Chiovenda). Há, como outra crítica, ações voltadas para o reconhecimento (ou não) de determinada relação jurídica; Abstrata (Degenkolb e Plósz): O direito de ação trata-se do direito de obter uma resposta, a qual pode ser favorável ou não ao autor; Eclética (Liebman): Teoria adotada pelo ordenamento jurídico (a vinda de Liebman é o marco inicial do Processualismo/Cientificismo no Brasil). O direito de ação é o direito a uma sentença de mérito. Houve a introdução das condições da ação – obstáculos que devem ser superados para se atingir o mérito – a legitimidade das partes, a possibilidade jurídica do pedido e o interesse de agir. Nessa perspectiva, se não houve análise do mérito, não houve ação. Trata-se este, portanto, do principal erro dessa teoria; Asserção: Daí emerge a teoria da asserção – adotada atualmente pela doutrina e pela jurisprudência majoritárias. Trata-se de uma forma de compatibilizar a teoria eclética com o nosso sistema. Ratifica-se a concepção de que a teoria eclética pura não pode ser adotada. Há casos em que há ação sem a resolução do mérito; Para a próxima aula: Elementos da demanda. AULAS 11 E 12 – ELEMENTOS DA DEMANDA 1. Elementos da demanda: Elemento subjetivo (parte) e elemento objetivo (causa de pedir e pedido) Parte (quem pede?) = Elemento subjetivo; Pedido (o que pede?) = Elemento objetivo; Causa de pedir (por que pede?) = Elemento objetivo; Saber definir, no caso concreto, os alimentos acima apresenta extrema relevância. Esses elementos são importantes para: A individualização da demanda (Tríplice identidade): Só há que se falar em coisa julgada para demandas idênticas. Nesses casos, o juiz decide sem a análise do mérito e o processo repetitivo é extinto; Princípio da congruência: O magistrado está adstrito àquilo que foi pedido/trazido na petição inicial. Ex: Se A entra com uma ação contra B, o juiz não pode condenar o irmão de B. O magistrado, nesse cenário, não pode modificar a causa de pedir – se é pedido X, não se pode conceder Y, X+Y ou X-Y, sob pena da decisão ser nula; Estabilização da demanda: Não se pode alterar constantemente a causa de pedir, sob comprometimento da duração razoável do processo. O processo já é moroso normalmente, e seria ainda mais no caso da instabilidade da demanda. Partindo desse pressuposto, até a citação do réu é possível fazer a alteração. Nessa fase, o réu não foi citado ainda, não se defendeu e não terá nenhum tipo de prejuízo. Depois da citação até a fase de saneamento do processo também é possível haver alteração, desde que haja consentimento do réu. Depois do saneamento não é possível alteração, inclusive com consentimento do réu. Fredie Didier Jr. discorda dessa rigidez no nosso Direito Processual. 2. Causa de pedir: O fato jurídico gera relações jurídicas (efeito principal) no âmbito do processo. Essa relação jurídica tem no conteúdo situações jurídicas ativa (direitos) e passiva (deveres ou estado de sujeição). Ademais, com base nessas situações jurídicas é feito o pedido. Exemplos: Fundamento jurídico: Direito de propriedade; Fundamento legal: Contrato de compra e venda. Fundamento fático: Celebração do contrato + descumprimento do contrato. Causa de pedir remota x causa de pedir próxima. Ex: A é filho de B e B não quer pagar a pensão alimentícia de A. O direito de A deser indenizado é a causa de pedir próxima (fundamento jurídico). Por outro lado, tem-se o não pagamento da pensão alimentícia por B (que é uma obrigação sua) e a impossibilidade de A de viver sem os alimentos (causa de pedir remota/fundamento fático). Ex: A e B são casados. B resolve se divorciar de A. B tem o direito potestativo de se divorciar (não há dever correlato). Fundamento fático: Casamento + impossibilidade de se manter a relação conjugal; Fundamento jurídico: o direito potestativo de B de se divorciar. Ex: A é filho de B. B morreu, deixando bens. A quer abrir o inventário para receber o inventário junto com a sua irmã, C. A tem o direito de receber a sua quota parte (fundamento jurídico). Fundamento fático = morte, a existência de herdeiros e a presença de bens. Em relação à causa de pedir, existem duas teorias: Teoria da substanciação: Teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro. A causa de pedir se perfaz com fundamentos fáticos e com fundamentos jurídicos. Teoria da individuação: Teoria minoritária e não utilizada pelo nosso ordenamento. A causa de pedir, para essa corrente, seria somente o fundamento jurídico (o direito requerido). A adoção de uma ou de outra teoria gera consequências práticas diversas. TEORIA DA SUBSTANCIAÇÃO TEORIA DA INDIVIDUAÇÃO O autor teria que deduzir os fatos, além do conteúdo do direito deduzido; Apenas em relação aos fatos deduzidos iriam incidir os efeitos da coisa julgada; Limitação da cognição judicial apenas aos fatos articulados; O autor não teria necessidade de deduzir todos os fatos aptos a justificar a formulação de sua pretensão em juízo; A decisão proferida iria operar preclusão absoluta sobre a respectiva relação jurídica; Não haveria limitação para cognição judicial; Conclusão mais rápida do processo; Demora maior na solução da controvérsia material; Processo mais demorado; Suposta aceleração da controvérsia material – põe fim acerca de se a pessoa tem direito ou não (impossibilidade da elaboração de um pedido futuro); Alguns autores também diferenciam a causa de pedir remota ativa e passiva. Causa de pedir remota ativa: Fato constitutivo do direito; Causa de pedir remota passiva: Atitude do réu que lesiona o direito e que gera o interesse de agir; O fundamento jurídico, diferentemente do fundamento legal, não é imprescindível na petição inicial e o magistrado pode alterar de ofício. Exemplo: Direito de propriedade (fundamento jurídico) x contrato de compra e venda (fundamento legal). 3. As partes: Um sujeito pode se tornar parte de um processo pelos seguintes caminhos: Demanda: Quando vai a juízo; Citação: Vira-se réu com a citação; Intervenção (de terceiro) voluntária: Um terceiro, aquele que não é parte, ingressa no processo já em andamento e se torna parte. Essa intervenção pode ser provocada (uma das partes provoca – manda citar a criatura) ou esse terceiro, voluntariamente, ingressa no processo; Sucessão processual: A título exemplificativo, pode-se citar o caso em que uma parte morre e os seus herdeiros são habilitados a partes do processo; Dentro de partes, faz-se plausível a realização de algumas diferenciações: Parte processual x Parte material: No geral, as partes do processo são as partes do conflito, todavia, podem existir exceções a essa coincidência (ex: quando o Ministério Público intervém); Parte principal x Parte auxiliar: Às vezes, uma pessoa resolve entrar no processo para ajudar uma das partes, mesmo sem ser parte principal, pois o resultado lhe interessa; Partes da demanda principal x Partes de demandas incidentais: Por vezes são instaurados alguns incidentes processuais. Ex: A ingressa com uma ação contra B. A ação foi distribuída para um determinado juiz. B afirma que o juiz é suspeito por ser amigo de A (possível violação do princípio do juiz natural). O juiz discorda. A demanda principal é entre A e B, só que surgiu uma incidental entre B e o juiz. Alguém precisa resolver isso, subindo para o próximo tribunal. Neste caso, as partes da demanda principal não coincidem com as partes de demandas incidentais, contudo, podem existir incidentes em que haja tal coincidência. Daí a importância dessa distinção; Parte legítima x Parte ilegítima: Parte legítima é quando a parte tem legitimidade para ingressar enquanto autor ou réu. Se a parte não for legítima, ela será considerada ilegítima; Geralmente o assunto acima é cobrado em provas através de questões práticas. 4. Pedido: É elemento objetivo da demanda e também o mais importante. Pedido imediato x Pedido mediato: O pedido imediato é a providência requerida (declaração, reconhecimento de uma situação jurídica, a desconstituição). O pedido mediato é o bem da vida pretendido (recebimento de um carro); Dentro de pedido existem diversas questões a ser trabalhadas, tais como os requisitos do pedido e a cumulação de pedidos. Os requisitos do pedido e cumulação de pedidos não serão estudados em IED Processual. 5. Condições da ação: Para que aja mérito, é necessário que as condições da ação sejam atendidas. Esse instituto foi invenção de Liebman. O nosso CPC antigo foi elaborado por Buzaid, influenciado fortemente por Liebman. O NCPC ainda mantém alguns pontos dessa perspectiva. Há autores que criticam a própria expressão “condições da ação” por sustentarem que a ação é incondicional. Fredie Didier Jr. é um desses críticos. As condições da ação precedem o mérito. São obstáculos que devem ser superados para que se analise o método. São três as condições da ação trazidas por Liebman: Legitimidade ad causam: Se se corrige a legitimidade, altera-se a parte, não há que se falar em repropositura da ação, já que é proposto algo que é semelhante – uma nova ação. As classificações abaixo não são excludentes, podendo, portanto, se combinarem. Legitimidade ordinária x Legitimidade extraordinária: A legitimidade é dita ordinária quando há coincidência entre sujeitos do conflito e sujeitos do processo. A regra é que a legitimidade seja ordinária, ou seja, os sujeitos do conflito se confundem com os sujeitos do processo (a parte defende os interesses próprios). Todavia, a legitimidade extraordinária é possível quando o ordenamento a autoriza (excepcionalidade) – Ex: uma mãe (sujeito do processo) representando o filho (sujeito do conflito) para defender o interesse deste. A outro título exemplificativo pode-se citar a hipótese do Ministério Público (sujeito do processo) atuar visando a garantir o direito de alimentação de um menor de idade (sujeito do conflito), em virtude do não pagamento de pensão alimentícia pelo pai deste menor. Art. 18 – CPC/15: Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. Legitimidade autônoma x Legitimidade subordinada: A legitimidade autônoma não exige a presença dos representados (ex: O departamento jurídico de uma empresa). Na legitimidade subordinada, o representante somente pode atuar ao lado de um titular do direito material (coadjuvante). Legitimidade ativa x Legitimidade passiva: A legitimidade ativa é aquela destinada para ser autor (figurar no polo ativo), enquanto a legitimidade passiva é aquela destinada para ser réu (figurar no polo passivo). Legitimidade exclusiva x Legitimidade concorrente/co-legitimidade/co-legitimação: A legitimidade é dita exclusiva quando somente um sujeito pode discutir determinada relação de direito material. A legitimidade é concorrente quando mais de um sujeito tem legitimidade para discutir uma única relação jurídica. Legitimidade isolada/simples x Legitimidade conjunta/complexa: A legitimidade é dita isolada ou simples quando o legitimado pode estar sozinho no processo (não precisa estar acompanhado de ninguém). Poroutro lado, a legitimidade é conjunta ou complexa quando o litisconsórcio é necessário. LITISCONSÓRCIO – JURÍDICO (TERMO): Fenômeno processual que consiste na pluralidade de partes em uma lide – em um dos polos ou em ambos. As partes, quando em litisconsórcio, são denominadas de litisconsortes. Legitimidade total x Legitimidade parcial: A legitimidade, geralmente, é total – os sujeitos são os mesmos do início até o final do processo. Todavia, há a possibilidade de existir incidentes no processo e que não haja coincidência entre as partes da demanda principal e as partes da demanda incidente – legitimidade parcial. Legitimidade originária x Legitimidade derivada: A legitimidade derivada é aquela que advém dos casos de sucessão processual, sendo exceção à legitimidade originária. Ex: A ingressou com uma ação contra o Estado. A falece, deixando dois filhos – B e C. B e C vão figurar, a partir do momento da morte, enquanto partes do processo (legitimidade derivada = verificada durante a sucessão processual). Legitimidade extraordinária/ Substituição processual x Representação processual x Sucessão processual: A substituição processual ocorre quando uma parte, espontaneamente, resolve se colocar no lugar de uma das partes para defender os interesses de outrem. Na representação processual, um agente capaz supre a incapacidade de outrem (ex: uma mãe representa o filho – este é a parte que terá defendido seu interesse pelo representante). Na sucessão processual há a troca de partes no processo – inicialmente era uma parte, a qual sai, e é substituída por outra parte, a qual defenderá os seus próprios interesses (ex: fusão, incorporação, morte...). Legitimidade extraordinária negocial: O art. 190 do NCPC autoriza às partes deliberar sobre procedimentos, direitos, deveres, faculdades e ônus processuais – permite-se o negócio jurídico processual atípico como regra geral. Ora, se o ordenamento autoriza negócio jurídico processual e o ordenamento fala que é possível legitimidade ordinária quando autorizado pelo ordenamento, tem-se entendido pela possibilidade de legitimidade extraordinária de natureza negocial – as partes deliberam sobre quem tem legitimidade naquele caso. No que tange ao réu, contudo, há uma ressalva: tem-se exigido a autorização do autor. Art. 190 – CPC/15: Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. Interesse de agir: A instauração de um processo só se justifica se houver utilidade e necessidade. Não se pode instaurar um processo que não seja útil ou desnecessário. Destarte, o interesse de agir se divide em interesse-utilidade e interesse necessidade. Interesse-utilidade: O processo deve ter a aptidão de propiciar o resultado favorável pretendido; Interesse-necessidade: O manejo do processo precisa ser necessário; Interesse-adequação: Não há uniformidade na doutrina sobre essa subclassificação, a qual é criticada por nomes como Fredie Didier Jr. Possibilidade jurídica do pedido*: Condição trazida pelo legislador do CPC/73, salientando que somente pode ser pedido o que for juridicamente possível. Liebman abriu mão dessa condição, mas o CPC/73 a manteve. Finalmente, ela deixou de existir com a vigência do CPC/15. Fredie Didier Jr. afirma que para compreender a possibilidade jurídica do pedido, é necessário adentrar na ação, não sendo, portanto, prévia a esta. Só é possível analisar se uma ação é procedente ou improcedente com a análise do mérito. Fredie foi um dos doutrinadores que influenciou diretamente a elaboração do NCPC. Art. 17 – CPC/15: Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. O Brasil adota a teoria eclética, pautada nas condições da ação previstas no ordenamento (“plus” em relação à teoria abstrata). 6. Momento de verificação: Teoria da asserção x teoria da apresentação. TEORIA DA ASSERÇÃO TEORIA DA APRESENTAÇÃO É necessário impor um momento para a incidência das condições da ação e para a formação de coisa julgada. As condições da ação e do mérito se diferenciam pela cognição do magistrado. Se a partir da simples leitura do pedido, se constatar a falta de alguma das condições, extingue-se o processo sem a análise do mérito. Se for necessário o magistrado desenvolver uma atividade cognitiva para além de uma simples leitura para compreender a presença das condições da ação, tudo passa, A condição da ação se diferencia do mérito pela sua natureza, uma vez que são naturalmente coisas distintas. A condição da ação se diferencia do mérito pela sua essência. Independentemente do momento em que o juiz chega a essa conclusão, da produção de provas, da atividade cognitiva desenvolvida pelo magistrado, o caso seria de ilegitimidade caso falte uma das condições. O processo se extingue sem a análise do mérito e, por conseguinte, não se forma coisa julgada material. Trata-se de uma corrente ilógica. a partir daí, ser análise de mérito (aptidão para formar coisa julgada material – declarar improcedente ou procedente o pedido). Ex: A firmou um contrato de locação com B, ficando estipulado que B tinha que pagar R$ 1.500,00 mensais a A. B ficou devendo por 4 meses (R$ 6.000,00) e A não cobrou. A mãe de A – D – “se retou” e ingressou com uma petição inicial contra B falando: “minha filha fez um contrato de locação com B e B, mal caráter, não está pagando e comprometendo a saúde financeira da minha filha”. Julga-se procedente a demanda pelo pagamento de R$ 6.000,00. Pela teoria da asserção: Se o magistrado, desde a petição inicial, conseguiu verificar que a mãe é parte ilegítima, sem o exercício de uma atividade cognitiva, extingue-se o processo sem a análise do mérito e, portanto, sem formar coisa julgada material; Pela teoria da apresentação: Aqui, também, não é necessária a produção de provas. Pode-se chegar facilmente à conclusão de que D não é parte legítima; Analisando-se o caso concreto supratranscrito, para ambas teorias, o processo deveria ser extinto sem a análise do mérito e sem a formação de coisa julgada material. Caso não fosse possível extrair isso da petição inicial, as consequências seriam diversas – para a teoria da apresentação, o raciocínio seria o mesmo; contudo, para a teoria da asserção, teria-se a análise do mérito (extinção do processo com a análise de mérito). O legislador deixou de prever a possibilidade jurídica do pedido enquanto condição da ação – conforme já discutido anteriormente. Todavia, há doutrinadores que entendem que continuam existindo as condições da ação. Juízo de admissibilidade: É tudo aquilo que antecede o mérito – tudo aquilo que se admite para a análise do mérito. Aqui seriam inclusas as condições da ação e os pressupostos processuais (que serão trabalhados posteriormente na disciplina). Possibilidade jurídica do pedido se insere no juízo de mérito. Para quem entende que deixaram de existir as condições da ação: O juízo de admissibilidade é composto apenas e tão somente pelos pressupostos processuais (que englobaram as condições da ação) e pelo juízo de mérito; O interesse de agir passa a ser pressuposto processual de validade objetivo extrínseco positivo; Legitimidade extraordinária seria pressuposto processual de validade subjetivo relacionado às partes. A legitimidadeordinária já estaria inserida no juízo de mérito; Possibilidade jurídica do pedido e legitimidade ordinária estariam inseridas no juízo de mérito; 7. Classificação das ações: Quanto à causa de pedir próxima: Real: Sobre direitos reais; Pessoal: Sobre direitos pessoais; Quanto ao pedido mediato (bem da vida pretendido): Mobiliária: Bem discutido é um bem móvel; Imobiliária: Bem discutido é um bem imóvel; Quanto ao pedido imediato (classificação ternária): Conhecimento: Visa à certificação de um direito – solucionar um conflito de interesses que liga autor e réu; Declaratória; Constitutiva; Condenatória; Mandamental; Executiva lato sensu; Alguns doutrinadores afirmam que “a ação mandamental” e a “ação executiva lato sensu” são categorias autônomas – classificação quinária. Cautelar: Visa à proteção de um direito. Executiva: Visa à efetivação de um direito – passar do patrimônio do devedor para o patrimônio do credor. OBS: Sincretismo processual – Alguns doutrinadores afirmam que a divisão em ação de conhecimento, cautelar e executiva tem perdido o sentido, uma vez que, normalmente, tais pedidos (certificação, proteção e efetivação) são feitos em um único pedido. 8. As ações de conhecimento: Ações meramente declaratórias (art. 19 – CPC/15): Art. 19 – CPC/15: O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I – da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica; II – da autenticidade ou da falsidade de documento; A declaração pode ser pedida a qualquer momento (não há prescrição). Ações constitutivas: Os direitos se dividem em direitos potestativos (direito de criar, modificar ou extinguir situações jurídicas) e prestacionais (direitos a uma prestação – de exigir de outrem o cumprimento de determinada obrigação). Os direitos potestativos não geram um dever correlato, mas apenas um estado de sujeição. As ações constitutivas veiculam direitos potestativos – Ex: Ação de divórcio. Por veicularem direitos potestativos, as ações constitutivas se submetem a prazos decadenciais (se houverem). Ações condenatórias: As ações condenatórias veiculam direitos prestacionais (direitos a uma prestação). São, portanto, ações que visam à determinação do cumprimento de uma obrigação. Por veicularem direitos prestacionais, se submetem a prazos prescricionais. Ex: A pede a condenação de B por R$ 10.000,00 por danos morais. Ex: A pede que o estado da Bahia seja obrigado a conceder uma gratificação. Ex: Uma ação que determina que um prestador de serviço cumpra o serviço que fora acertado (como um pintor – pintar uma parede). A ação condenatória se divide em (concepção de antigamente): Mandamental: Se for uma obrigação de fazer ou não fazer; Executiva lato sensu: Se for uma obrigação de dar coisa diferente de dinheiro; Hoje, tal distinção é feita pelas técnicas utilizadas por parte do magistrado. Mandamental: Técnicas de coerção indireta (age no psicológico do devedor para que este cumpra a sua obrigação de forma induzida). Ex: Aplicação de multa diária por inadimplemento; Executiva lato sensu: Técnicas de coerção direta. O Estado substitui a vontade do devedor, cumprindo a obrigação. Ex: Prisão pelo não pagamento de pensão alimentícia; Art. 20 – CPC/15: É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. Ex: X entra com uma ação somente para pedir o reconhecimento (a declaração) da violação do direito. Na ação condenatória, já se pede a declaração da violação do direito e a condenação de outrem. A ação meramente declaratória é imprescritível e, já que não se pede a reparação de um dano. Entretanto, a ação condenatória se submete a prazo prescricional. AULA 13 – TEORIA DA AÇÃO (CONT.) E INTRODUÇÃO A PROCESSO 1. Outros temas sobre teoria da ação: Questões prévias: São questões que antecedem outras questões. Trata-se de um conceito relacional (algo é prévio em relação a alguma coisa). Questões preliminares: Questões que antecedem logicamente a outra e que condicionam a análise da posterior. São preliminares em relação às condições da ação e, consequentemente, à análise do mérito. Ações prejudiciais: Não condicionam a análise da seguinte, mas influenciam no resultado. Um exemplo corresponde à investigação de paternidade e alimentos. As questões prejudiciais podem estar contidas em uma mesma ação ou em processos distintos. As ações dúplices podem ser entendidas no: Sentido processual (pedido contraposto): O réu entra com uma ação contra o autor; Sentido material: É irrelevante a posição ocupada pelo autor ou pelo réu, uma vez que a simples defesa do réu já é motivo da propositura da ação. É, para Fredie Didier Jr., como se fosse um cabo-de-guerra (a defesa é, ao mesmo tempo, o ataque). Ex: O réu propõe uma ação de inexistência de união estável, enquanto que o autor defende a existência de uma união estável; Cumulação de ações: É possível cumular várias ações em uma só. Essa cumulação de ação pode ser: Subjetiva (se refere aos sujeitos): Litisconsórcio. Ex: A, B e C ingressam uma ação contra o estado da Bahia; Objetiva: Cumulação de pedidos/causa de pedir. Ex: A ingressa uma ação com o intuito de receber as gratificações X, Y e Z; Concurso de ações: Há concurso de ações quando uma única LIDE permite mais de um tipo de composição, ou seja, determinado conflito pode ser solucionado por mais de uma via, entre as quais apenas uma será exitosa. Concurso subjetivo: Diz respeito aos elementos subjetivos da demanda. Se aplica nos casos de co-legitimação. Ex: A e B são credores solidários de C. A e B são co- legitimados – tanto A pode entrar com uma ação contra C para pedir o dinheiro e dar a quota parte de B, assim como B pode fazer o mesmo, ou A e B podem entrar em litisconsórcio. O litisconsórcio trata-se de uma estratégia disponível ao concurso subjetivo de ações; Concurso objetivo: Se refere aos elementos objetivos da demanda. Concurso próprio: Mais de uma causa de pedir enseja um mesmo pedido. Ex: O computador de A veio sem carregador e com uma tecla quebrada. A quer um computador novo; Concurso impróprio: Uma única causa de pedir pode ensejar vários pedidos, entre os quais apenas um será exitoso. Ex: Um computador comprado veio com uma tecla quebrada. A deseja um equipamento novo e, caso não atendido, o dinheiro de volta e, caso não seja possível, o abatimento do preço; 2. O processo: Meio pelo qual se exercita o direito de ação e a atividade jurisdicional. Há teorias que buscam explicar a natureza jurídica do processo. Teoria privatista: Entende o processo como um fenômeno inerente ao direito privado. Enxerga-se, destarte, o processo como um contrato. Posteriormente, passa a se compreender o processo como quase-contrato, já que o processo é uma fonte de obrigações. Contudo, as teorias privatistas não vingaram. Teoria da relação jurídica processual: A relação de direito material é distinta da relação de direito processual. Surge, portanto, a teoria da relação jurídica processual. Processo é relação jurídica processual, distinguindo-se da relação jurídica material. A dúvida existente era quanto à natureza gráfica dessa relação: triangular (AUTOR -> <- ESTADO JUIZ -> <- RÉU -> <- AUTOR); Teoria da situação jurídica: O processo é dinâmico, gerando, portanto, direitos e deveres. O processo deve ser entendido como uma situação jurídica. A teoria da relação jurídica engloba a teoria da situação jurídica, a qual está contida na teoria da relação jurídica. Não são excludentes, mas complementares; Teoria da instituição jurídica: Há quem fale que processo é um complexo de atividades relacionadas entre si com objetivo comum (instituição). O processo seria, nesse viés, uma instituição
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