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Formação do biofilme cariogênico e desenvolvimento de lesões cariosas

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@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
Formação do biofilme 
cariogênico e desenvolvimento 
de lesões cariosas 
Os biofilmes são estruturas onde os 
microrganismos ficam juntos, ou seja, são 
complexas comunidades tridimensionais de 
microrganismos que estão envolvidos em uma 
matriz extracelular, presentes geralmente sobre 
uma superfície sólida (dente – esmalte, 
dentina...) 
Para os biofilmes se proliferarem e amadurecer, 
eles vão precisar se fixar a uma superfície, caso 
contrário, eles são levados pelo fluido salivar e 
etc. São considerados o estilo de vida muito 
evoluído, vivem em ambientes líquidos contendo 
superfícies duras não descamativas (não 
removidas). 
 
 
A cavidade bucal é colonizada por diferentes 
especies de microorganismo, os quais são 
importantes na manutenção do nosso estado de 
saúde do organismo humano, isso se chama 
simbiose (é o equilibrio entre a gente e os 
microrganismo), quando ocorre uma quebra 
desse equilibrio, as mudanças no ambiente bucal 
favorecem a proliferação de especies 
patogênicas, essa alteração ecologica favorece o 
desenvolvimento de doença (relação de 
disbiose). 
 
Existem alguns fatores que interferem no 
crescimento desses microrganismos na cavidade 
bucal, como: 
 Temperatura; 
 PH; 
 Presença de oxigêneo-potencial; 
 Nutrientes endógenos e exógenos; 
 Defesa do hospedeiro. 
Estagios relacionados ao estabelecimento da 
microbiota na cavidade bucal: 
 Transmissão – colonização – especies pioneiras - 
diversidade de especies – resposta do hospedeiro 
– ambiente bucal – comunidade climax. 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
Os dentes são as principais superficies em que o 
biofilme se acumula, por conta que é uma 
estrutura não descamativa. 
 Os dentes possui várias áreas distintas, as 
principais são aquelas que conseguimos 
ter um maior acúmulo de placa 
bacteriano. O biofilme da superficie 
dental vai diferir em biofilme 
supragengival e subgengival, cada um 
desses biofilmes vai atuar em algo; vai 
possuir grande diversidade de microbiota; 
presença de streptococcus e entre outros. 
 Mucosas (lábio, boca e palato) são 
superfice descamativa; possui baixa 
diversidade da microbiota. 
 Língua possui superfice descamativa, é 
mais difícl de formar biofilmes, porém 
sem a escovação adequada pode ter a 
presença de fungos, principalmente a 
candida. 
As maiores doenças que ocorre na cavidade bucal 
(cárie e doença periodontal) tem como fator 
etiologico a presença de biofilmes. Mas como um 
biofilme vai formar duas doenças diferentes? Isso 
vai acontecer por causa das mudanças que 
quebram o equilibrio entre nós e os 
microrganismos. 
Cárie dental – vai ocorrer por conta da dieta, do 
consumo excesivo de açucar, consequentemente 
vai ter a manutenção de ph baixo na cavidade 
bucal. 
Doença periodonta – está mais associado a uma 
inflamação, supressão imunológica. É uma 
doença que atinge nossos tecidos (gengiva, 
ligamento periodontal e etc), e que leva o dente a 
ficar mole. Inicialmente vai ocorrer uma 
inflamação na gengiva por conta dos biofilmes e 
que vai evoluir para essa doença periodontal. 
Desenvolvimento do biofilme 
1. Inicialmente ocorre a formação da 
película adquirida: 
 É uma pelicula proteica acelular, a qual começa a 
se formar após a limpeza dos dentes, essa 
superfície vai ser recoberta em poucos minutos 
(15min mais ou menos). Sua espessura é de 0,01 
a 1mm no prazo de 24hrs. Os componentes dessa 
película são: glicoproteínas salivares, 
fosfoproteínas, lipidos e, em menor medida, 
componentes do FSG, restos de paredes celulares 
de bacterias mortas e outros produtos 
microbianos que também tem sido identificado 
na película. 
Como ocorre a adesão dessa película: algumas 
moléculas salivares vão sofrer mudanças quando 
se ligam a superficie do dente, isso vai fazer com 
que essa película exponha alguns receptores para 
a fixação bacteriana. 
Esses microorganismos são: cocoides ou 
cocobacilos, principalmente streptococcus e 
actinomyces. 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
Funções da película: vai ser essencial para 
desempenhar um papel modificador importante 
na cárie (aderência de bactérias); possui uma 
natureza seletiva permeável de restringir o 
transporte de ions para dentro e fora dos tecidos 
dentais; atua como proteção, ou seja, vai inibir a 
desmineralização da subsuperfície do esmalte. 
É essa película que vai determinar a composição 
da microbiota inicial. 
Inicialmente, as bactérias são mantidas de forma 
inespecífica proximo da superficie do dente, 
nesse momento elas não vão estar ligadas, só 
apenas ficar rodeando a película. 
Essas ligações vão acontecer e se tornarem fortes 
quandos essas bacterias especificas vão ter 
adesinas que vão se ligar a receptores específicos 
e completar essa ligação, fazendo com que seja 
irrevescível. Essa ligação ocorre de modo seletivo, 
pois só alguma bactérias conseguem se ligar, isso 
é o que chamamos de sistema de 
reconhecimento. 
 
A interação entre os microorganismos e a película 
é determinado por TROPISMO (que se atraem): 
componentes microbianos –
adesinas/lectinas/fimbrias; que se atrarem pelos 
componentes da película – Recptores. 
Diferentes microrganismos apresentam 
diferentes capacidades de aderir as superfícies. 
 Os que se aderem aos dentes são: 
streptococcus mutans; streptococcus 
sanguis; lactobacillus ssp; actinomyces. 
 Os que se aderem a língua: streptococcus 
salivarius; actinomyces; candida. 
 
A modificação dos componentes da película vai 
expor novos receptores que estavam ocultos, seja 
pela ação de enzimas ou alterações na própria 
forma da película. 
Como já dito anteriormente após a limpeza dos 
dentes, essa superfície vai ser recoberta em 
poucos minutos, assim formando a película. 
Após 8hrs já tem alguns microrganismos 
econtrados na superfície, inicialmente essas 
bactérias vão formar uma monocamada, vão se 
espalhar na superfície dessa película, vão se ligar 
aos receptores específicos e vão começar a 
aumentar em número e tamanho. Após 8hrs já é 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
possível observar multicamadas e já começam a 
ser incorporadas em uma matriz intermicrobiana. 
Dentro de 1 dia a superfície do dentes vai estar 
quase completamente recoberta por 
microrganismos, no entanto eles não vão ser do 
mesmo tamanho ( vão ser diferentes em 
espessura); algumas áreas de monocamadas vão 
ser entremeadas com multicamadas, enquanto 
outras áres não foram nem colonizadas. Nessa 
fase inicial da colonização vão ter bacterias gram-
positivas e gram-negativas, mas não vão estar 
organizadas em uma padrão específico. 
Depois de 1 dia a superfície do biofilme é 
composta principalmente por cocoides e 
streptococcus. 
Depois de 2 dias o biofilme já vai estar se 
desenvolvendo, quase maduro e vai apresentar 
uma espessura bem mais homogênea. 
2. Fixação dos primeiros colonizadores 
bacterianos (ocorre entre 0 e 24hrs): 
Os microrganismos vão começar a se fixar entre 
eles e na superfice do dente, independente do 
tipo de superfície (esmalte ou raiz). Os 
colonizadores iniciais são os mais importantes, 
pois são eles que vão se ligar a película, como: 
Streptococcus sanguinis, Streotococcus oralis e 
Streptococcus mitis. Juntas, essas três espécies 
de estreptococos podem representar 95% dos 
estreptococos e 56% da microbiota inicial total. 
Além disso, a microbiota inicial incluir 
Actinomyces spp, e bactérias gram-negativas 
(Hoemophilus spp. e Neisseria spp.). 
3. Coadesão e crescimento de bacteriais 
fixadas, levando a formação de 
microcolônias (4 a 24hrs): 
Os primeiros colonizadores ao se ligarem a 
película vão começar a se multiplicar e formar 
microcolônias mais espessas. Esses colonizadores 
vão utilizar componentes endôgenos (proteínas, 
peptídios, aminoácidose glicoproteínas 
encontradas na saliva) que vão servir como sua 
principal fonte de nutrientes. 
Esses primeiros colonizadores vão começar a 
metabolizar, a se mutiplicar, e vão alterar o 
ambiente no biofilme em que eles estão se 
desenvolvendo, fazendo com que crie condições 
adequadas para o crescimento dos colonizadores. 
4. Sucessão microbiana que leva ao 
aumento da diversidade de espécies (1 a 
7 dias): 
Conforme o biofilme amadurece, vai acontecer a 
mudança mais notável, que é a troca de uma 
comunidade dominada por Streptococcus para 
uma placa dominada por Actinamyces. 
As bacterias pioneiras criam um ambiente mais 
atraente para os invasores secundários ou cada 
vez mais desfavorável para eles por causa da 
falta de nutrientes, do acumulo de produtos 
metabólicos inibiotórios e/ou do aumento da 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
anaerobiose, e assim por diante. Dessa forma, a 
comunidade microbiana residente é 
gradualmente substituído por outras espécies 
mais adequada para o habitat modificado, que 
são os colonizadores secundários, esses 
colonizadores vão se ligar as espécies pioneiras 
que já estão lá, por meio de interações de 
receptores adesina (coadesão). 
Conforme o desenvolvimento do biofilme, essas 
bacterias vão produzir polissacarídeo, 
principalmente a partir do mestabolismo da 
sacarose, os quais contribuem para a matriz do 
biofilme. Esses polissacarídeos vão servir tanto 
para ajudar a suportar a superfície do biofime, 
como para reserva energética/retenção de 
nutrientes, água. 
5. Comunidade climax/biofilme maduro (1 
semana ou mais): 
Nesse momento do climax, a composição dos 
biofilmes vai ser bem diversa, vai possuir 
bacterias do tipo gram-positivas e gram-
negativas, mas a maioria vai ser do tipo 
anaeróbias facultativas ou obrigatórias. 
Relevante para a cárie dentária vai ter a presença 
de cocos gram-positivas acidogênicos (produtos 
acidos), como principalmente os Streptococcus 
mutans, Actinomyces spp. e lactobacilos. 
 
 
 
A capacidade de formar biofilmes trás muitas 
vantagens para essa comunidade, além da 
proteção contra dessecação pela presença da 
matriz extracelular, os biofilmes são mais 
protegidos das defesas do próprio hospedeiro do 
que células bacterianas isoladas. 
A maior resistência a antimicrobianos é outra 
importante propriedade do estilo de vida em 
biofilme, porque: 
 Limitacõ̧es de difusão ou reacã̧o do 
agente antimicrobiano com o biofilme; 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
 Diferentes fenótipos expressos ao longo 
do biofilme, podendo apresentar áreas 
com microrganismos mais resistentes ou 
mais suscetíveis ao agente; 
 Taxa de crescimento lenta quando 
comparada a células isoladas, limitando a 
acã̧o dos agentes antimicrobianos que 
agem reduzindo a taxa de multiplicacã̧o 
microbiana; 
 Possibilidade de inativacã̧o ou 
neutralizacã̧o do agente antimicrobiano 
por enzimas produzidas por algumas das 
espécies presentes na comunidade. 
Por todas essas razões, explica-se o limitado 
efeito clínico esperado sobre biofilmes bucais 
para agentes antimicrobianos que são testatos 
em laboratórios sobre células microbianas 
isoladas, e não estruturas em biofilmes. 
Composição e dinâmica de íons 
minerais no biofilme dental 
Apesar de se apresentaem como um mosáico de 
microambientes, com alta diversidade microbiana 
e de componentes matriciais, é possível 
descrever a composição química dos biofilmes 
dentais de um modo geral. 
 As células microbianas ocupam 70% do 
volume do biofilme, o resto (30%) é 
ocupado pela matriz extracelular e pela 
porção liquida do biofilme dental (flúido 
do biofilme). 
 Essa matriz extracelular é composta por 
polissacarídeos produzidos pelas 
bactérias, bem como por outros 
macromoléculas e elementos derivados 
da saliva e flúido gengival. 
 Composição quimica do biofilme dental: 
água, proteína, carboidratos, lipídios e 
componentes inorgânicos. 
 Os compartimentos que compõem o 
biofilme podem ser divididos em sólidos 
(compartimento que contém todas as 
células microbianas e a porção da matriz 
extracelular que não é soluvel) e líquido 
(fração líquida que permeia as células e a 
matriz extracelular do biofilme). Esse 
flúido está associado a físico-química do 
desenvolvimento da lesão de cárie. E 
também vai possuir alguns íons como 
cálcio, fosfato e fluoreto que determina a 
dissolução dos minerais da estrutura 
dental. 
 
Pelo fato do cálcio ser um íon divalente, ele 
interage tanto na superfície bacteriana como com 
os íons de fluoreto, por isso eles permanece, 
retidos no biofilme por “pontes” de cálcio. Devido 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
a isso chamamos de reservatório de cálcio e 
fluoreto no biofilme. 
Além do reservatório biológico, os minerais 
também podem se precipitar no biofilme, 
especialmente fosfatos de cálcio, contaminados 
ou não com fluoreto. 
Considerando que a saliva e o flúido do biofilme 
em repouso são supersaturados em relação a 
diversos fosfatos de cálcio, a mineralização do 
biofilme poderá ocorrer, princípio básico da 
formação de cálculo. 
Ambos os reservatórios de minerais descritos 
(biológico e mineral precipitado) são capazes de 
liberar esses íons mediante uma queda de ph. 
Assim, durante uma queda de pH no biofilme, 
espera-se um aumento natural na concentração 
de íons cálcio, fosfato e fluoreto no fluido do 
biofilme dental, que podem então funcionar 
como tampões minerais – íons liberados do 
biofilme que limitam a dissolução de minerais da 
superfície dental durante uma queda de pH. 
A composição desse biofilme vai ser muito 
influenciada pelo ambiente que ele é formado. 
Para nós o mais importante dentro desses 
microrganismos é que elas consigam aderir a 
superfícies sólidas do dente, principalmente os 
Steptococcus, pois tem uma imensa capacidade 
de adesão. 
A prevalência das bacterias nesses biofilmes 
depende também de fatores ambientais e da 
dieta do indivíduo (que desempenha um papel 
fundamental na composição do biofilme 
relacionado a cárie). 
Transmissibilidade dos 
microrganismos 
Por muito tempo na literatura, foi dito que a cárie 
dentária era transmissível (assoprando, beijando). 
As bacterias que provoca a cárie não são 
esstranhas á boca de ninguem, elas vão sendo 
adquirida do próprio meio ambiente onde a 
criança vive. 
A transmissibilidade da doença está na realidade 
ligada à transferência de hábitos dietéticos de 
alto consumo de açúcar da família para os filhos, 
o que fará prevalecer no biofilme acumulado 
sobre os dentes as espécies mais cariogênicas, 
como Streptococcus mutans e lactobacilos. 
Interação do açucar e biofilme dental 
Ao longo do dia, vamos ter tempos de farturas e 
tempos de misérias. 
Fartura – tempo de exposição a substratos que 
podem ser fermentados pelas bactérias, ou seja, é 
quando estamos se alimentando. 
Miséria – tempo de recesso/intervalo entre as 
refeições. 
Além disso, o aumento do fluxo salivar durante a 
alimentação rapidamente dilui os substratos 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
fermentáveis que poderiam se difundir pelo 
biofilme, ressaltando a importância de um rápido 
metabolismo bacteriano. 
Essa interação é bem complexa. Os efeitos da 
dieta cariogênica sobre o biofilme dental, e 
consequentemente, sobre lesões de cárie, podem 
ser: 
 Efeitos imediatos; 
 Efeitos na ecologia do biofilme; 
 Efeitos na estrutura da matriz do biofilme. 
Efeito imedianto 
Imediatamente após a exposicã̧o do biofilme 
dental a acú̧cares fermentáveis, tem início a queda 
de pH nesse biofilme. 
A curva de pH do biofilme dental em funcã̧o do 
tempo tem características bem conhecidas, 
sendo denominada de curva de Stephan, já que 
foi descrita pioneiramente por esse pesquisador. 
 
O efeito é mais acentuado e rápido mediante a 
exposicã̧oa carboidratos simples e rapidamente 
fermentáveis, como glicose, frutose e sacarose, e 
menos acentuado e mais lento mediante a 
exposicã̧o a polissacarídeos da dieta, como o 
amido. 
 
Obs: os individuos com baixo fluxo salivar tem uma 
queda mais acentuada do ph durante essa fase. 
O efeito da saliva nessa etapa da curva é tal que, 
se for restringido o seu acesso ao biofilme, o pH 
não mais se eleva 
Também já foi observado que a queda de pH é 
menos acentuada e o retorno mais rápido na 
arcada inferior do que na superior, pelo maior 
acesso à saliva no primeiro. 
 
E ́ importante notar que o desenho da curva de 
Stephan resulta da exposicã̧o curta a um 
carboidrato fermentav́el. No entanto, nos casos de 
EXPOSIÇÃO CONTIŃUA, como durante o consumo 
de uma mamadeira acu̧carada, o pH mínimo será 
atingido e mantido durante o período de tempo 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
em que o substrato acidogênico estiver disponível, 
causando a cárie da primeira infancia. 
Quando se tem essa queda de ph e essa 
fermentação de carboidratos, diversos ácidos são 
produzir, como: ácidos láctico e ácido acético. 
 Ácido láctico – considerado o mais cariogênico 
por não ser volátil e também por sua constante de 
dissociação ser mais baixa. 
 A rápida produção de ácido láctico 
durante o período de exposição do 
biofilme a carboidratos resulta na rápida 
queda de pH observada na curva de 
Stephan. 
 O metabolismo do biofilme durante os 
períodos de “miséria” requer o máximo 
aproveitamento dos nutrientes 
disponíveis, ocorrendo o direcionamento 
do metabolismo para a produção de ácido 
acético, fórmico e etanol, o que gera mais 
energia (na forma de ATP). 
Efeito na ecologia do biofilme 
O efeito nessas quedas de ph no biofilme 
transcende os frequentes episódios de 
desmineralização dental que podem acontecer. 
Ele vai está exposto com frequência a açucares 
fermentáveis, e consequentemente a um 
ambiente ácido, resultará em uma seleção 
ecológica de microrganismos mais adaptos a esse 
ambiente. 
A frequente exposição à açúcares fermentáveis 
cria diversos episódios de pH ácido no biofilme, 
que por sua vez selecionam microrganismos 
ácido-tolerantes (acidúricos), causando uma 
modificação ecológica do biofilme (de uma 
microbiota compatível com saúde bucal para uma 
microbiota cariogênica). Essa mudança causará 
um favorecimento do processo de 
desmineralização dental, em detrimento da 
remineralizacção. 
A modificação ecológica do biofilme causa efeitos 
não apenas na sua composição microbiana, mas 
também em seu metabolismo. O pH em jejum 
(10-12 horas após a última exposição a açúcar) do 
biofilme dental de indivíduos que estão 
consumindo carboidratos fermentáveis com 
frequência é normalmente mais baixo do que o 
pH daqueles que tem uma baixa frequência de 
consumo de açúcares por dia. 
A capacidade do biofilme de manter seu 
metabolismo ácido em jejum é conhecida desde 
os estudos pioneiros de Stephan. Esse autor já́ 
havia demonstrado, em 1944, que INDIVID́UOS 
COM DIFERENTES EXPERIÊNCIAS DE CÁRIE 
APRESENTAM CURVAS DE STEPHAN DISTINTAS. 
EXTREMA ATIVIDADE DE CÁRIE - O pH inicial é 
mais baixo (reflexo do metabolismo de reservas 
durante o período de jejum) e o pH mínimo 
atingido durante a exposição a um açúcar 
também é mais baixo (reflexo da microbiota 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
cariogênica que possui O INVERSO OCORRENDO 
EM INDIVID́UOS LIVRES DE CÁRIE. 
 
Os polissacarídeos capazes de funcionar como 
reserva durante o período de jejum são de dois 
tipos: intra e extracelulares. 
 Os polissacarídeos INTRACELULARES são 
polímeros de glicose (tipo glicogênio) 
sintetizados a partir de açúcares que são 
captados pelas bactérias, mas não chegam 
a ser quebrados para a produção de 
ácidos (e energia). 
 Polissacarídeos de reserva EXTRACELULAR 
possuem um metabolismo distinto. São 
produzidos por enzimas extracelulares 
secretadas por alguns microrganismos do 
biofilme (sendo mais estudadas aquelas 
produzidas pelas espécies de 
Streptococcus mutans), chamadas de 
glucosiltransferases e frutosiltransferases. 
Essas enzimas funcionam no meio 
extracelular (matriz do biofilme, película 
adquirida, superfície externa das bactérias 
do biofilme) de forma independente de 
qualquer outro aparato, coenzima ou 
cofato. 
 Para a formação desses polissacarídeos de 
reserva SEU SUBSTRATO EXCLUSIVO E ́A 
SACAROSE, um dissacarídeo formado por 
glicose e frutose e apresenta uma ligação 
glicosídica. 
Quando acontece a quebra dessa ligação entre a 
glicose e frutose, pelas referidas enzimas 
(glucosiltransferase e frutosiltransferase), 
proporciona que uma reação de síntese ocorra 
em seguida. 
 Glucosiltransferase irá sintetizar 
polissacarídeos de glicose, transferindo 
esse monossacarídeo da sacarose para o 
polímero em formação. 
 Frutosiltransferase irá sintetizar 
polissacarídeos de frutose, polimerizando 
unidades desse monossacarídeo obtidas a 
partir da quebra da sacarose. 
 
 
 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
Efeito na estrutura da matriz do 
biofilme 
Embora a sacarose seja o único substrato para a 
síntese de polissacarídeos extracelulares de 
reserva, seu efeito diferencial em relação a 
outros açúcares da dieta não é apenas esse. Há 
um tipo de polissacarídeo produzido por 
glucosiltransferases que não funciona como 
reserva, pois não pode ser metabolizado depois 
de produzido, mas que causa um grande efeito na 
cariogenicidade do biofilme, chamado de 
mutano. 
Mutano - 
 Polissacarídeo insolúvel para o qual não 
existe, na microbiota bucal, enzima 
disponível para quebrá-lo e metabolizá-lo. 
 Capaz de aumentar a cariogenicidade do 
biofilme pela modificação da matriz 
extracelular do mesmo, a qual se torna 
mais pegajosa (capaz de facilitar a 
aderência de microrganismos no 
biofilme), volumosa e porosa. 
 Uma vez produzido, não mais será 
removido do biofilme (já que não é 
metabolizado, pois no biofilme não há 
produção da enzima mutanase para sua 
degradação) Portanto, funciona como 
arcabouço para a estrutura do biofilme, 
que só́ pode ser desintegrado por meio de 
ações mecânicas, como a escovação. 
Açucares da dieta e potencial 
cariogênico 
Sacarose possui atributos adicionais em relação a 
outros açúcares em termos de cariogenicidade. 
 Além de ser fermentável, a sacarose é o 
único açúcar que é substrato para a 
síntese de polissacarídeos extracelulares 
(de reserva ou estruturais), que 
modificam a estrutura da matriz do 
biofilme. 
 Outros açúcares presentes na nossa 
dieta, porém com potencial cariogênico 
menor, são o amido e a lactose. 
 A lactose (um dissacarídeo formado por 
glicose e galactose) possui potencial de 
baixar o pH menor do que a sacarose, 
glicose ou frutose. 
 Com isso, não tem capacidade de causar 
quedas de pH suficientes para 
desmineralizar o esmalte, mas sim para 
desmineralizar a dentina. 
Embora o consumo de lactose a partir do leite 
não seja considerado cariogênico, já que este 
possui concentrações elevadas de cálcio e 
fosfato, que são anticariogênicos, o uso de 
lactose como excipiente em adoçantes em pó 
(sachês) pode ocultar um risco para cárie 
radicular em pacientes com superfície radicular 
exposta. 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
Assim, indivíduos que consomem vários 
cafezinhos ao dia utilizando adoçantes em pó 
podem estar sujeitos à desmineralização da 
dentina radicular pela fermentação da lactose 
contida nestes. Obviamente que o potencial 
cariogênico desses cafés adoçados artificialmente 
será muito menor do que o de cafés adoçados 
com sacarose. 
Amido - 
Capacidade de sua fermentação é muito menor 
do que a de açúcares mais simples, pois se trata 
de um polissacarídeo de glicose que precisa ser 
hidrolisado nacavidade bucal (pela enzima 
amilase salivar) para fornecer produtos de menor 
tamanho que possam ser fermentados. 
O amido também é considerado cariogênico para 
a dentina. Em acréscimo, sua associação com a 
sacarose parece tornar o biofilme mais 
cariogênico do que aquele formado sob 
exposição isolada à sacarose. 
A explicação para isso está na modificação da 
estrutura do biofilme, pois hidrolisados de amido 
podem funcionar como aceptores para a 
produção dos polissacarídeos extracelulares a 
partir da sacarose, tornando a matriz do biofilme 
mais cariogênica. A associação de amido e 
sacarose é bastante comum na nossa dieta 
(mingaus, pães doces, biscoitos doces, fórmulas 
infantis adoçadas), resultando em preocupação 
quanto a seu potencial cariogênico. 
Também é preocupante o potencial cariogênico 
de hidrolisados de amido, fragmentos do 
polissacarídeo utilizados pela indústria 
alimentícia em inúmeros produtos, como 
formulas infantis. Estas, mesmo sem serem 
adicionadas de sacarose, podem conter 
hidrolisados de amido de tamanho pequeno e 
rapidamente fermentáveis, resultando em perda 
mineral significativa. 
Progressão de lesões de cárie 
A progressão será mais rápida quanto mais 
agressivo for o desafio cariogênico, a depender 
dos fatores: 
 Idade do biofilme - Biofilmes maduros 
formados sob exposição contínua a 
açúcares fermentáveis são mais 
cariogênicos do que biofilmes jovens. 
 Frequência de exposição diária do 
biofilme a açúcares fermentáveis - 
Quanto maior, mais rapidamente serão 
visualizadas lesões de cárie. 
 Acesso à saliva - Regiões com menor 
acesso à saliva (região anterior superior), 
especialmente em pacientes realizando 
sucção de mamadeira ou pacientes com 
redução patológica do fluxo salivar, 
apresentam quadros rampantes de cárie. 
 Acesso a flúor - A presença de fluoreto 
nos fluidos bucais modifica o processo de 
desmineralização/ remineralização, 
@isanogueira 
23/04/2021 
CARIOLOGIA 
reduzindo a velocidade de progressão das 
lesões de cárie.

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