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Gestão de Crédito, Compras e Estoque

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DESCRIÇÃO
Gestão de crédito, de compras e de estoques, assim como sua ligação com a administração financeira de curto prazo e o risco de liquidez.
PROPÓSITO
Compreender a gestão de crédito, de compras, e de estoques como auxílio para a administração das empresas no curto prazo e para a sua
proteção quanto ao seu risco de liquidez.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar a leitura deste tema, tenha em mãos recursos computacionais com acesso a planilhas eletrônicas (Excel) e/ou calculadora.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever o processo de análise de condições de crédito do cliente e seus efeitos
MÓDULO 2
Listar as técnicas financeiras de gestão de compras e estoque
MÓDULO 3
Reconhecer uma visão integrada de gestão financeira de curto e longo prazo
INTRODUÇÃO
A necessidade de sobrevivência e a intensa competitividade têm feito com que as empresas facilitem a concessão de crédito a seus clientes
sem uma correspondente preocupação com aquela que elas possuem em relação a seus fornecedores. Esse eventual desequilíbrio pode
gerar custos que a organização não seria capaz de suportar.
Nesse contexto, o gerenciamento eficaz da política tanto de crédito quanto de compra assume uma enorme importância no dia a dia de
qualquer empresa. Apresentaremos neste tema essa relação. Além disso, interligaremos essas gestões com os componentes de longo prazo
e o risco de liquidez das empresas.
MÓDULO 1
 Descrever o processo de análise de condições de crédito do cliente e seus efeitos
CONCESSÃO DE CRÉDITO
O valor a receber apresenta um grande risco – e este é o principal componente da análise de crédito. A concessão de crédito é o processo de
análise das condições de pagamento de pessoas físicas e jurídicas.
Qual é o objetivo da concessão do crédito? Como podemos defini-lo?
O objetivo é o aumento das vendas.
Maiores prazos ou menores valores nas prestações, por sua vez, estimulam a compra.
O crédito pode ser definido como o ato de vontade de alguém em ceder temporariamente parte de seu patrimônio a um terceiro com a
expectativa de que essa parcela volte à sua posse integralmente depois de decorrido o tempo estipulado.
FASES DA CONCESSÃO DE CRÉDITO
De modo geral, a concessão de crédito é dividida em grandes e pequenas compras. A tabela a seguir apresenta as fases dessa concessão
feita a clientes com pequenas e grandes compras:
Fases Pequenas compras Grandes compras
Histórico do cliente Sim Sim
Informações bancárias do cliente Sim Sim
Informações de outros fornecedores sobre o cliente Sim Sim
Informações de empresas especializadas sobre o
cliente
Não Sim
Análise das demonstrações financeiras do cliente Não Sim
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Fases na concessão de crédito a clientes com pequenas e grandes compras. | Fonte: (YDUQS, 2020)
O processo de análise de crédito possui cinco fases:
FASE 1
FASE 2
FASE 3
FASE 4
FASE 5
FASE 1
Análise do histórico do cliente. São verificados os seguintes itens:
Dados cadastrais;
Sócios;
Gestores;
Produção e vendas;
Se o cliente já comprou artigos e se pagou em dia.
FASE 2
Análise das informações bancárias e informações obtidas com os órgãos de informações bancárias.
Exemplo: Serasa.
FASE 3
Avaliação de informações obtidas com outros fornecedores por meio de cadastros de maus pagadores.
FASE 4
Análise de informações fornecidas pelas empresas especializadas e pelo governo.
Exemplo: Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público (CADIN), Secretaria da Receita Federal (SRF) e a Central de
Riscos do Banco Central.
FASE 5
Análise das demonstrações financeiras.
GARANTIAS
O tomador de recursos pode apresentar garantias pessoais ou reais.
Garantias pessoais
Elas incluem:
Aval – impõe a obrigação do avalista pelo valor do documento avalizado, enquanto ele responde com todos os seus bens (exceto os
denominados bens de família). É concedido sobre os títulos de crédito;
Fiança – estabelece obrigações do fiador sobre o objeto afiançado. A fiança é concedida sob contratos.

Garantias reais
Essas garantias englobam os seguintes itens:
Alienação fiduciária – O devedor tem a posse, mas não a propriedade do bem;
Hipoteca – bens imóveis oferecidos em garantia, exceto os bens de família;
Penhor – bens móveis suficientes para garantir uma dívida. Já os penhorados devem ficar sob a guarda do devedor, que será seu fiel
depositário.
FASES E GARANTIAS NAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO
Destacaremos neste vídeo as fases mais importantes da concessão de crédito e faremos uma análise das principais garantias aceitas nessas
operações.
SELEÇÃO DE CRÉDITO
Dos principais critérios utilizados para a seleção de clientes, destacaremos três:
1º Escore
Neste tipo de seleção, a empresa distribui pesos e notas. Por meio de critérios predefinidos, ela avalia os clientes.
 
Fonte: Andrey_Popov/Shutterstock
Vejamos agora um exemplo. Suponhamos os seguintes critérios adotados:
De 0 a 5 – evitar vendas.
De 5 a 7 – vender com mais garantias.
Acima de 7 – facilitar vendas.
Cliente: 
 Peso Nota Total
Informações cadastrais 0,2 7 1,4
Últimas compras 0,2 6 1,2
Informações comerciais 0,15 10 1,5
Informações bancárias 0,15 10 1,5
Garantias apresentadas 0,3 8 2,4
 8
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Avaliação de clientes. | Fonte: (YDUQS, 2020)
2º Método dos 5 Cs
A análise de risco pode ser realizada por meio destas cinco características:

CARÁTER
Histórico do solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais. Os dados históricos de pagamentos
seriam utilizados na avaliação do seu caráter.
CAPACIDADE
Potencial do cliente para quitar o crédito solicitado. As análises dos demonstrativos financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez e
endividamento, são geralmente utilizadas para avaliar a capacidade do solicitante de crédito.


CAPITAL
Solidez financeira do solicitante conforme indicação do patrimônio líquido da empresa. O total de exigíveis e os índices de lucratividade são
frequentemente empregados para avaliar o capital demandante de crédito.
COLATERAL (GARANTIA)
Montante de ativos colocados à disposição pelo solicitante para garantir o crédito. Quanto maior o montante, maior será a probabilidade de
recuperação do valor creditado no caso de uma inadimplência.


CONDIÇÃO
Condições econômicas e empresariais vigentes, bem como as circunstâncias particulares que podem afetar qualquer uma das partes
envolvidas na negociação.
 COMENTÁRIO
Além do 5 Cs, alguns autores lhes acrescentam um sexto: conglomerado. Este item implica a avaliação da participação da empresa dentro
de um grupo. Por si só, uma organização pode não reunir as condições de crédito, mas, com o aval do grupo, tal problema pode ser sanado.
3º Termômetro de insolvência
Stephen Kanitz desenvolveu um método para determinar o grau de liquidez das empresas e a capacidade de saldar débitos. Kanitz
determinou pesos sobre valores contábeis conforme a descrição abaixo:
Y = (0,05RP+1,65LG+3,55LS) - (1,06LC+0,33GE)
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Em que:
RP
Rentabilidade do patrimônio (lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido): LL/PL.
LG
Liquidez geral (somatório do ativo circulante e do ativo não circulante dividido pelo somatório do passivo circulante e do passivo não
circulante): [(AC + ALP) /(PC+PNC)].
LS
Liquidez seca (ativo circulante menos o valor dos estoques dividido pelo passivo circulante): (AC – E) /PC.
LC
Liquidez corrente (ativo circulante dividido pelo valor do passivo circulante): AC/PC.
GE
Grau de endividamento (somatório dos passivos circulante e exigível em longo prazo dividido pelo patrimônio líquido): PT/PL.
Dessa forma, cada item possui um peso diferente. A fórmula nos fornece um parâmetro para classificar a empresa em níveis de risco:
Parâmetro (y) Denominação Riscos
0 Até 7 Área de solvência Aceitáveis
-3até 0 Área de penumbra Cuidados especiais
-7 até -3 Área de insolvência Grandes, perigo de quebra
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Classificação de riscos de uma empresa. | Fonte: (YDUQS, 2020)
EFEITOS DA POLÍTICA DE CRÉDITO
Apresentaremos a seguir dois exemplos que podem esclarecer quais procedimentos de cálculo as empresas precisam adotar para
determinar se uma política de crédito é viável.
Serão analisados os seguintes casos:
1º Comportamento de uma empresa na concessão de crédito frente a alterações no lucro, investimento marginal, prazo médio de
recebimento e devedores duvidosos.
Uma fabricante de ferramentas de moldagem negocia um produto com um preço unitário de R$10. As vendas a crédito, no último ano, foram
de 60.000 unidades. O custo unitário variável é de R$6; os custos fixos, de R$120.000.
Após reunião com os departamentos de vendas e de produção, chegou-se à conclusão de que, caso os padrões de crédito fossem relaxados,
isso aumentaria as vendas em 5%. No entanto, o prazo médio de recebimento passaria de 30 para 45 dias, enquanto as perdas com clientes
cresceriam de 1% para 2%. O custo de capital, por sua vez, é de 15% ao ano.
Devem ser calculados:
RELAXAMENTO DE CRÉDITO (QUE CONTRIBUI PARA O AUMENTO DO LUCRO
OPERACIONAL)
Aumento das vendas = 0,05 x 60.000 = 3.000 unidades;
Margem de contribuição unitária = 10 – 6 = R$4;
Contribuição adicional = 3.000 x 4 = R$12.000.
CUSTO DO INVESTIMENTO MARGINAL EM DUPLICATAS A RECEBER
Como essa preocupação se restringe aos custos desembolsados, o custo relevante é o variável.
Plano atual
R$6×60.000
360 × 30 = R$30.000
Plano proposto
R$6×63.000
360
× 45 = R$47 . 250
Acréscimo = 47.250 – 30.000 = 17.250
RETORNO EXIGIDO (CUSTO DE CAPITAL)
Eis o custo do recebimento do dinheiro, que está sendo postecipado:
17.250 x 0,15 = 2.588
CUSTO MARGINAL DOS DEVEDORES DUVIDOSOS
Plano atual
Custo atual 0,01 x 600.000 = 6.000
Plano proposto
0,02 x 630.000 = 12.600
Aumento dos custos = 12.600 – 6.000 = R$6.600
TOMADA DE DECISÃO
Valores favoráveis à empresa
Contribuição adicional ao lucro: R$12.000
 
Valores desfavoráveis à empresa
Custo do investimento marginal: R$2.588
Custo marginal de devedores duvidosos: R$6.600
 
Resultado = 12.000 – 9.188 = R$2.812
Como o resultado foi positivo, a empresa poderá seguir adiante com essa nova política de crédito.
2º Introdução de desconto financeiro e queda do prazo médio de cobrança.
Uma firma tem um prazo médio de recebimento de 30 dias. Seu giro anual de duplicatas a receber é de 12 (= 360/30). Suas vendas a crédito
somam 60.000 unidades, cujo preço unitário é de R$10. Já o custo unitário variável é de R$6.
Após uma análise de sua diretoria, a empresa deseja tomar as seguintes decisões:
 
Fonte: YDUQS
Introduzir um desconto financeiro de 2% para pagamento até o 10º dia. Com isso, ela espera que 60% das vendas sejam utilizadas com o
desconto e que suas vendas aumentem 5%;
 
Fonte: YDUQS
O prazo médio de cobrança tem de diminuir para 15 dias. Com isso, o giro de duplicatas a receber consequentemente subirá para 24
(360/15);
 
Fonte: YDUQS
A participação dos devedores duvidosos deve cair de 1% para 0,5%.
Suponhamos que seu custo de capital seja de 15% ao ano. Para verificarmos os efeitos dessas decisões, teremos de calcular:
CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL AO LUCRO
Aumento de vendas = 0,05 x 60.000 = 3.000 unidades;
Margem unitária de contribuição = 10 – 6 = 4;
Contribuição adicional ao lucro = 3.000 x 4 = R$12.000.
CUSTO DO INVESTIMENTO MARGINAL
Plano atual
R$6 × 60.000
360 × 30 = R$30.000
Plano proposto
R$6 × 63.000
360
× 15 = R$15 . 750
Redução = 30.000 – 15.750 = 14.250
APLICAÇÃO DO CAPITAL
0,15 x 14.250 = R$2.137,50
CUSTO MARGINAL DOS DEVEDORES DUVIDOSOS
Plano atual
0,01 x 600.000 = 6.000
Plano proposto
05 x 630.000 = 3.150
Redução do custo de devedores duvidosos = 6.000-3.150 = R$2.850
CUSTO DO DESCONTO FINANCEIRO
0,02 x 0,60 x 630.000 = R$7.560
TOMADA DE DECISÃO
Valores favoráveis à empresa
Aumento da margem de contribuição - 12.000
Redução do custo de devedores duvidosos - 2.850
Redução no custo do investimento marginal - 2.137,50
Total - 16.987,50
 
Valores desfavoráveis à empresa
Custo do desconto financeiro - 7.560
Total - 7.560
 
Resultado = 16.987,50 – 7.560 = R$9.427,50
Como o resultado foi positivo, a empresa poderá conceder o desconto financeiro nessas condições.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1) SOBRE A CONCESSÃO DE CRÉDITO A CLIENTES, PODEMOS AFIRMAR, EXCETO:
A) O processo de análise das condições de pagamento de pessoas físicas e jurídicas faz parte da concessão de crédito.
B) O objetivo da concessão do crédito por parte da empresa é fomentar a economia do país.
C) O valor a receber apresenta um grande risco – e este é o principal componente da análise de crédito.
D) Maiores prazos nas prestações estimulam a compra por parte do cliente.
E) A concessão de crédito nasce da necessidade de sobrevivência e de uma intensa competitividade.
2) UMA EMPRESA ANALISA SE DEVE OU NÃO RELAXAR AS SUAS CONDIÇÕES DE CONCESSÃO DE CRÉDITO. NESTE CASO, ELA
PRECISA LEVAR EM CONTA PARA SUA DECISÃO, EXCETO:
A) Boas condições no mercado acionário e diminuição da inflação.
B) Aumento de vendas e do prazo médio de pagamento.
C) Custo de capital do recebimento do dinheiro que está sendo postecipado.
D) Custo marginal dos devedores duvidosos.
E) Aumento do prazo médio de pagamento e das perdas com clientes.
GABARITO
1) Sobre a concessão de crédito a clientes, podemos afirmar, exceto:
A alternativa "B " está correta.
A concessão de crédito pode até fomentar a economia do país, uma vez que, ao dar mais tempo para pagamento, ajuda os clientes a
planejarem melhor os seus fluxos de caixa. Entretanto, este não é seu objetivo dela. Ele, na verdade, está relacionado à própria empresa que
concede o crédito: sua finalidade, afinal, é o aumento de vendas.
2) Uma empresa analisa se deve ou não relaxar as suas condições de concessão de crédito. Neste caso, ela precisa levar em conta
para sua decisão, exceto:
A alternativa "A " está correta.
Apesar de as condições da economia do país serem importantes indiretamente para a política de concessão de crédito da empresa, ela deve
observar as suas características internas. A situação da inflação e a do mercado acionário são características gerais do país – e não da
própria empresa.
MÓDULO 2
 Listar as técnicas financeiras de gestão de compras e estoque
ESTOQUES
Os estoques existem para permitir que as companhias atendam às necessidades do cliente. Eles, afinal, amenizam o fluxo de mercadorias ao
longo do processo de produção – especialmente para núcleos de trabalho dependentes – e diminuem as incertezas dos fornecedores.
Entre os principais motivos para a manutenção de estoques, destacam-se os seguintes:
Características particulares do setor no qual a empresa atua;
Sazonalidade dos produtos;
Expectativa de aumento nos preços das matérias-primas;
Política de vendas do fornecedor (como descontos para compras maiores).
Como os estoques são formados por itens que ficam parados na empresa até serem utilizados, o dimensionamento e o controle deles são
muito importantes em todas as organizações que os detêm.
Servindo como um auxílio para os administradores, a tecnologia de informação tem contribuído de maneira decisiva, já que ela facilita a
obtenção de dados em tempo real.
 EXEMPLO
Automação dos pontos de venda e utilização da tecnologia EDI (sigla para a expressão em inglês eletronic data interchange). O EDI permite
a informação em tempo real das vendas de cada produto do varejista para o fabricante.
Os principais tipos de estoque são:
1
MATÉRIAS-PRIMAS
Consistem no principal componente do produto a ser vendido.
PRODUTOS EM ELABORAÇÃO
Referem-se aos custos inseridos no produto (materiais diretos, mão de obra e gastos indiretos) após o início de sua produção até a chegada
no estoque daqueles considerados acabados ou elaborados.2
3
PRODUTOS ACABADOS
São aqueles prontos para serem comercializados.
Sob o enfoque estritamente financeiro, os estoques precisam ser mantidos em níveis mínimos, pois, só assim, as perdas financeiras serão
minimizadas, havendo uma imobilização de recursos em estocagem.
No entanto, áreas como:
Marketing e produção
Acreditam que essa manutenção deve ser feita em níveis altos para que as vendas não sofram descontinuidade por fatores não controlados
pela empresa.

Departamento de compras
Acham que os estoques precisam variar de acordo com as condições de compra. Eles serão altos em condições favoráveis, como, por
exemplo, quando houver descontos.
CUSTOS DOS ESTOQUES
Para entendermos qual departamento tem razão, precisamos analisar os custos do estoque.
Os custos vinculados aos estoques estão classificados em:
CUSTOS DE MANUTENÇÃO
CUSTOS DE ADMINISTRAÇÃO
CUSTOS DE AUSÊNCIA
CUSTOS DE MANUTENÇÃO
Geralmente variáveis, eles são associados às decisões tomadas pela manutenção de determinados itens estocados.
CUSTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Esses custos estão vinculados à compra ou à reposição dos produtos em estoque. Eles são importantes, pois influenciam a definição dos
níveis de estoques.
Um custo de administração é representado por um valor fixo por pedido, não sendo alterado diante de variações na quantidade de estoque
solicitada. Quanto maiores as quantidades solicitadas, menor será, de modo geral, o número de pedidos.
CUSTOS DE AUSÊNCIA
Eles estão relacionados à falta de mercadorias. Não possuir estoques pode trazer consequências negativas, como, por exemplo, a perda da
venda atual e da futura.
Também pode haver consequências para a imagem da empresa e maiores custos de compra por intermédio de processos não rotineiros ou
urgentes de compras.
Estão incluídos nos custos de manutenção:
Todos os gastos incorridos pela empresa no armazenamento de seus produtos e mercadorias durante determinado período;
O custo de oportunidade do investimento em estoques, como, por exemplo, armazenagem, transferência, impostos, seguros, perdas
por obsolescência, deterioração, furtos, quebras, limite de validade e controle.

Já os principais custos de administração são:
Preparação e emissão de pedidos;
Acompanhamento de pedidos;
Negociação com fornecedores de bens e serviços;
Recepção e conferência dos produtos comprados;
Devoluções e retornos ocasionais.
Entender e determinar os níveis de estoque envolve entender e determinar os custos associados.
Em uma operação, uma empresa realiza as seguintes metas:
Aumentar os lotes de produção para evitar os altos custos de preparação. Com isso, ela reduz seus custos em R$20.000;
Elevar os estoques em R$100.000.
Dado um custo de capital de 25% ao ano, avalie o resultado destas alterações.
SOLUÇÃO
SOLUÇÃO
O investimento marginal em estoques é de R$100.000; portanto, seu custo marginal é de 0,25 x 100.000 = R$25.000. Como existe uma
redução estimada de custos em R$20.000, o resultado é desfavorável para a empresa em R$5.000.
javascript:void(0)
TIPOS E CUSTOS DOS ESTOQUES
Apresentaremos neste vídeo os principais tipos de estoques presentes nas organizações, assim como seus custos, destacando, por meio de
exemplos práticos, como tais tipos são gerenciados para a minimização desses custos.
ALTERAÇÃO DE CONDIÇÕES DE CRÉDITO
Os custos dos estoques e das contas a receber interagem. Em muitos casos, é necessário saber qual deles será o mais importante para a
política de vendas da empresa.
Exemplo:
 
Fonte: fotoknips/Shutterstock
Uma companhia possui os seguintes dados:
Para manter R$1 em estoque, ela gasta por ano R$0,20;
Para manter R$1 em contas a receber, gasta por ano R$0,12;
A empresa tem estoque médio de R$300.000.
Ela possui um investimento médio em contas a receber de R$200.000.
 
Fonte: Treecha/Shutterstock
As metas desta empresa são:
Alterar as condições de crédito, esperando, com isso, que os clientes comprem mais;
Com o aumento de vendas, reduzir o estoque médio para R$150.000;
Aumentar o investimento em contas a receber para R$350.000.
Com esses dados, resta a dúvida: ela deveria alterar as condições de crédito?
Solução:
 Atual Proposto
 Custo/retorno Investimento médio Custo Investimento médio Custo
Investimento em estoque
médio
20% 300.000 60.000 150.000 30.000
Investimento em duplicatas
a receber
12% 200.000 24.000 350.000 42.000
Total 84.000 72.000
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Custos e investimentos. | Fonte: (YDUQS, 2020)
Como se pode verificar, os custos totais cairiam de R$84.000 para R$72.000; logo, a empresa deve alterar as condições de crédito.
TÉCNICAS ADOTADAS PARA ESTOQUES
1º Lote econômico
Uma técnica interessante é a adoção do método do lote econômico. Este método determina a quantidade ótima de compra que minimiza os
custos totais de estocagem.
 
Fonte: voy ager/Shutterstock
Esse lote foi constituído com a premissa básica de que os custos de manutenção se elevam com o aumento dos estoques, enquanto os de
administração declinam. No entanto, ele tem algumas suposições restritivas.
 EXEMPLO DE SUPOSIÇÃO RESTRITIVA
O conceito de que as vendas são distribuídas igualmente durante todo o ano e de que elas são previsíveis e imutáveis.
As hipóteses básicas consideradas no modelo de lote econômico são estas:
1
O volume do pedido não exerce influência sobre o custo unitário, mantendo-se constante qualquer que seja a quantidade solicitada;
A demanda do estoque se processa de maneira uniforme;
2
3
O modelo é desenvolvido em condições de certeza. Não há risco de falta de estoque;
Não há necessidade de estoque de segurança. Os recebimentos se processam de acordo com o prazo do pedido;
4
5
Não ocorrem limitações financeiras para aplicações em estoques.
O gráfico a seguir exibe tanto os custos de manutenção e de emissão quanto o total em relação à quantidade por pedido.
Como o custo de manutenção aumenta linearmente em relação à quantidade e o de emissão diminui a quantidades cada vez menores
quando a quantidade por pedido aumenta, o menor custo total ocorre justamente naquela em que os custos de manutenção e de emissão
são iguais:
 
Fonte: YDUQS, 2020
As variáveis para o cálculo do lote econômico são:
S =
Procura de unidades por período;
O =
Custo de emissão por lote;
C =
Custo de manutenção por lote;
Q =
Quantidade por lote.
Dessa forma, temos que:
S/Q = número de pedidos;
Q/2 = estoque médio.
A fórmula para o cálculo do lote econômico é:
S/Q X O = Q/2 X C
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Rearrumando a fórmula, ela fica assim:
Q=
2 ×S×O
C
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
QUAL SERIA O LOTE IDEAL DE COMPRA DE UMA EMPRESA QUE
UTILIZASSE 1.600 UNIDADES DE DETERMINADO ITEM DE ESTOQUE
POR ANO SE, PARA EMITIR UM NOVO PEDIDO, ELA CALCULASSE UM
GASTO DE R$50 E, PARA MANTÊ-LO EM ESTOQUE, UMA DESPESA
ANUAL DE R$1?
SOLUÇÃO
SOLUÇÃO
Q =
2 × 1.600 × 50
1 = 400
O lote ideal seria de 400 unidades.
√
√
javascript:void(0)
2º Estoque mínimo ou de proteção
O estoque mínimo (EM) ou de proteção representa a quantidade mínima necessária para garantir as atividades da empresa sem qualquer
interrupção por falta de material.
 
Fonte: M2020/Shutterstock
Sua fórmula é expressa da seguinte forma:
EM (Estoque mínimo) = C (Consumo médio mensal) x F (Número de dias exigido pela empresa como fator de segurança)
GESTÃO DE COMPRAS
A gestão de compras envolve mais do que saber comprar o item correto ou fazê-lo na época certa.
Ela requer principalmente a presença de três grandes componentes:
1. COMPRA COM VANTAGEM FINANCEIRA
Uma das principais dificuldades no controle de estoques é saber comprar com uma vantagem financeira.
A tabela a seguir mostra os dados da possibilidade de compra de um produto de três fornecedores diferentes:
Dados Fornecedores
1 2 3
Preços unitários sem IPI 120 110 120
Prazode pagamento 28 dias 21 dias 35 dias
Alíquota do ICMS 18% 12% 18%
Encargos financeiros 5% a.m. 5% a.m. 5% a.m.
Frete por unidade 0 3 1
 
Preços unitários sem IPI 120 110 120
(+) Frete 0 3 1
(=) 123 113 121
(-) ICMS 21,6 13,56 21,78
(=) 98,4 99,4 99,22
(-) Encargos financeiros 4,58 3,45 5,81
(=) 93,82 95,95 93,41
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Dados financeiros da compra de um produto. | Fonte: (YDUQS, 2020)
O valor do ICMS é sua alíquota (18%) multiplicada pelo preço unitário somado ao frete. Já os encargos financeiros são calculados pela taxa
de encargo financeiro efetiva do período multiplicada pelo preço unitário somado ao frete líquido do ICMS.
 EXEMPLO
Para o fornecedor 1, verificamos o seguinte encargo financeiro: 
Valor do encargo financeiro = (1+0,05)(28/30) -1]x 98,40 = 4,58
Como se pode notar, os preços e os prazos de pagamento são bem diferentes. Inicialmente, poderíamos ficar tentados a escolher o
fornecedor 2. Entretanto, a melhor opção é a do 3, pois ele tem o menor preço final.
2. DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE IDEAL
A determinação da quantidade a ser comprada é feita pelo consumo em cada etapa.
Exemplo: Uma empresa deseja sempre ficar com um estoque de 3.000 produtos (cujo custo unitário é de R$0,25).
 Unidades
Matéria-prima A 1º trimestre 2º trimestre 3º trimestre 4º trimestre Total
Estoque final 3.000 3.000 3.000 3.000 3.000
(+) Consumo 4.500 5.500 6.000 5.000 4.000
(-) Estoque Inicial 3.000 3.000 3.000 3.000 3.000
(=) Compras 4.500 5.500 6.000 5.000 4.000
Custo unitário R$0,25 R$0,25 R$0,25 R$0,25 R$0,25
Compras em R$ 1.125 1.375 1.500 1.250 1.000
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Gastos com o consumo de um produto. | Fonte: (YDUQS, 2020)
3. AVALIAÇÃO DA RENTABILIDADE NA COMPARAÇÃO DOS PRAZOS DE
COMPRA E DE RECEBIMENTO
Sobre a rentabilidade final da operação, devemos analisar as políticas de compra em relação à de vendas.
Nos quatro exemplos a seguir, a taxa de equilíbrio para comercialização será calculada. Todos os esquemas apresentados funcionam em
dias corridos, enquanto suas taxas de juros estão padronizadas em 360 dias corridos.
EXEMPLO 1 - COMPRA À VISTA E VENDA À VISTA
 
Fonte: autor/shutterstock
Em que:
C = Compras;
PC = Pagamento das compras;
V = Vendas;
RV = Recebimento das vendas;
PME = Prazo médio de estocagem.
Condição de equilíbrio neste caso:
RV = PC (1+i)PME
O preço de aquisição da mercadoria foi de R$4.000 e o de venda, R$6.000. Já o prazo médio de estocagem foi de 12 me class="mt-4"ses.
6.000 = 4.000 (1+i)12
i = 3,44% ao mês
Se a remuneração desejada for 5% ao mês, a empresa não atingirá seu objetivo. Na realidade, o que ela lucrou não foi R$2.000 (= 6.000 –
4.000). Se considerarmos o custo do dinheiro igual a 2% ao mês, seu lucro, na verdade, foi de 6.000 – 4.000 (1 + 0,02)12 = 927,03.
EXEMPLO 2 - COMPRA A PRAZO E VENDA À VISTA
 
Fonte: autor/shutterstock
Em que:
Período médio de pagamento (PMP) = 2 meses;
Período médio de estoques (PME) = 3 meses.
O preço de aquisição da mercadoria foi R$4.000 e o de venda, R$6.000.
A condição de equilíbrio financeiro neste caso é:
V = C (1+i)PME-PMR
6.000 = 4.000 (1 + i)3-2
i = 50% ao mês
Isso significa que, se taxa de juros desejada pela empresa for inferior a 50% ao mês, a operação será vantajosa.
EXEMPLO 3 - COMPRA À VISTA E VENDA A PRAZO
 
Fonte: autor/shutterstock
Em que:
Período médio de recebimento ou de cobrança (PMR) = 1 mês;
PME = 3 meses.
A condição de equilíbrio financeiro neste caso é:
RV = PC (1 + i)PME + PMR
O preço de aquisição da mercadoria foi R$4.000 e o de venda, R$6.000.
6.000 = 4.000 (1 + i)3+1
i = 10,67% ao mês
Se a taxa de juros requerida pela empresa for inferior a 10,67% ao mês, a operação será vantajosa.
EXEMPLO 4 - COMPRA A PRAZO E VENDA A PRAZO
 
Fonte: autor/shutterstock
Em que:
PMR = 1 mês;
PMP = 2 meses;
PME = 3 meses.
O preço de aquisição da mercadoria foi de R$4.000 e o de venda, R$6.000.
A condição de equilíbrio financeiro neste caso é:
RV = PC (1+i)PMR+PME-PMP
6.000 = 4.000 (1+i)1+3-2
i = 22,47%
Se a taxa de juros requerida pela empresa for inferior a 22,47% ao ano (a.m.), a operação será vantajosa.
TEORIA NA PRÁTICA
1. O custo de capital de uma empresa é de 12% ao ano. Para um determinado produto, sabe-se que:
A política de compra é a compra à vista;
A política de venda é a venda à vista.
Considere que o preço de aquisição da mercadoria foi de R$1.000 e o de venda, R$1.136, enquanto o prazo médio de estocagem foi de 300
dias corridos. A operação é rentável para a empresa? Justifique.
RESOLUÇÃO
O prazo total entre o dispêndio relativo à compra e o recebimento da venda é o próprio prazo de estocagem, 300 dias corridos, já que as
duas operações são à vista.
Retorno = (1136/1000) (360/300) – 1 = 16,53% a.a.
Como o custo de capital é 12% a.a., a operação é rentável e deve ser realizada.
2. O custo de capital de uma empresa é de 13% ao ano. Para um determinado produto, sabe-se que:
A política de compra é a compra à vista;
A política de venda é a venda a prazo.
Considere que o preço de aquisição da mercadoria foi R$2.000 e o de venda, R$2.100, enquanto o prazo médio de pagamento de vendas foi
de 50 dias e o médio de estocagem, 110 dias. A operação é rentável para a empresa? Justifique.
RESOLUÇÃO
O prazo total entre o dispêndio relativo à compra e o recebimento da venda é 110 dias somado a 50 dias, dando um total de 160 dias
corridos.
Retorno = (2100 / 2000) (360/160) – 1 = 11,60% ao ano
Como o custo de capital é 13% ao ano, a operação não é rentável.
3. O custo de capital de uma empresa é de 17% ao ano. Para um determinado produto, sabemos que:
A política de compra é a compra a prazo;
A política de venda é a venda a à vista.
Considere que o preço de aquisição da mercadoria foi de R$100 e o de venda, R$103,65, enquanto o prazo para o pagamento da compra foi
90 dias corridos e o médio de estocagem, 120 dias corridos. A operação é rentável para a empresa? Justifique.
RESOLUÇÃO
O prazo total entre o dispêndio relativo à compra e o recebimento da venda é 120 dias corridos subtraído de 90 dias corridos. Isso dá um total
de 30 dias corridos.
Retorno = (103,65 / 100) (360/30) – 1 = 53,76% ao ano.
Como o custo de capital é de 17% ao ano, a operação é rentável e deve ser realizada.
4. O custo de capital de uma empresa é de 15% ao ano. Para determinado produto, a política de compra é a compra a prazo, enquanto a de
venda é a venda a prazo.
Considere que o preço de aquisição da mercadoria foi de R$100.000 e o de venda, R$110.000. Tenha em mente ainda que o prazo médio de
pagamento de compras foi de 55 dias corridos; o médio de recebimento de vendas, 170 dias corridos; e o médio de estocagem, 180 dias
corridos. A operação é rentável para a empresa? Justifique.
RESOLUÇÃO
O prazo total entre o dispêndio relativo à compra e o recebimento da venda é 170 dias somado a 180 dias subtraído de 55. Isso dá um total
de 295 dias corridos.
Retorno = (110.000 / 100.000) (360/295) – 1 = 12,33% a.m.
Como o custo de capital é de 15% ao ano, a operação não é rentável.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1) SOBRE OS CUSTOS DE AUSÊNCIA DE ESTOQUES, NÃO PODEMOS AFIRMAR:
A) A falta de estoques pode trazer consequências negativas, como, por exemplo, a perda de venda atual e de futura.
B) A falta de estoques pode gerar consequências negativas, como a de causar danos à imagem da empresa.
C) A falta de estoques pode fazer com que haja maiores custos de compra graças a processos não rotineiros ou urgentes de compras.
D) Neste tipo de custo, estão incluídos os gastos incorridos pela empresa no armazenamento de seus produtos e mercadorias durante
determinado período.
E) Os custos de ausência de estoques ocorrem quando há demanda por produtos e mercadorias em falta no estoque, podendo gerar vendas
perdidas e atrasos.
2) UMA LOJA COMPRA MERCADORIAS A PRAZO E AS VENDE TAMBÉM A PRAZO. O PMP É DE 2 MESES;O PMR, DE 4 MESES; E
O PME, DE 3 MESES. O PREÇO DE AQUISIÇÃO DA MERCADORIA FOI DE R$30 E O DE VENDA, R$40. QUAL É A TAXA DE
CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO NA COMERCIALIZAÇÃO DESSA MERCADORIA?
A) 33,33% a.m.
B) 7,45% a.m.
C) 10,06% a.m.
D) 5,92% a.m.
E) 15,47% a.m.
GABARITO
1) Sobre os custos de ausência de estoques, não podemos afirmar:
A alternativa "D " está correta.
Os gastos incorridos pela empresa no armazenamento de seus produtos e mercadorias durante determinado período são classificados como
custos de estoques, e não como os de ausência de estoques. Na verdade, eles são custos de manutenção de estoques.
2) Uma loja compra mercadorias a prazo e as vende também a prazo. O PMP é de 2 meses; o PMR, de 4 meses; e o PME, de 3
meses. O preço de aquisição da mercadoria foi de R$30 e o de venda, R$40. Qual é a taxa de condição de equilíbrio na
comercialização dessa mercadoria?
A alternativa "D " está correta.
RV = PC (1+i)PMR+PME-PMP
40 = 30 (1+i)4+3-2
i = 5,92% a.m.
MÓDULO 3
 Reconhecer uma visão integrada de gestão financeira de curto e longo prazo
PRIMEIRAS PALAVRAS
Neste módulo, veremos a interligação entre a gestão de curto e longo prazo de uma empresa. Em seguida, verificaremos, por meio de um
estudo de caso, como uma empresa pode quebrar mesmo dando lucro.
Desenvolvidos no final dos anos 1970, os primeiros modelos de análise dinâmica do capital de giro forneceram novos parâmetros na
avaliação de desempenho de curto prazo das organizações.
Essa avaliação estava até então estruturada com base nos indicadores convencionais de liquidez e estrutura extraídos do balanço.
Nesses modelos, inicialmente se desmembram os elementos de curto prazo em seus componentes financeiro e operacional (cíclico). As
contas operacionais ou cíclicas possuem uma relação diretamente proporcional ao nível de atividade realizado.
Os elementos cíclicos são divididos em ativo circulante operacional (ACO) e passivo circulante operacional (PCO) .
CONTAS OPERACIONAIS OU CÍCLICAS
Contas a receber, impostos a recuperar, estoques, adiantamentos a empregados e fornecedores, despesas antecipadas (todas
pertencentes ao ativo), fornecedores, salários e encargos sociais.
Ativo circulante financeiro (ACF)
É composto dos seguintes itens:
Disponibilidades;
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Títulos e valores mobiliários;
Créditos não decorrentes das operações contínuas, inclusive juros e dividendos a receber.

Passivo circulante financeiro (PCF)
Abrange:
Duplicatas descontadas;
Adiantamentos de contratos de câmbio;
Empréstimos e financiamentos;
Imposto de renda e contribuição social a recolher;
Dívidas não provenientes das atividades normais do empreendimento.
FFLP, IOG E T
Após essa divisão, deve-se estimar o investimento operacional em giro (IOG) .
O que o IOG representa?
Ele representa o montante do investimento líquido corrente em contas operacionais que é considerado necessário para a manutenção do
atual nível de atividade. Se houver uma expansão das vendas, existirá a necessidade de um IOG mais elevado, ao passo que uma contração
demandará um que seja menor.
O investimento operacional em giro significa a medida de crescimento da empresa e envolve decisões adequadas quanto a seu
financiamento.
As fontes de financiamento de longo prazo (FFLP) são empréstimo com longa maturidade (superior a um ano).
A última medida relevante consiste no saldo de tesouraria (T) , que consiste na diferença entre os ativos e passivos financeiros (não
cíclicos). Essa medida sinaliza quanto dos recursos onerosos de curto prazo foi utilizado para o financiamento do investimento operacional
em giro.
 
Fonte: Pcess609/Shutterstock
T positivo
Indica a existência de recursos próprios da empresa usados nas operações correntes.
T negativo
Expressa um endividamento, já que há recursos de terceiros financiando o nível de atividade.
As medidas conjuntas fornecem informações úteis.
 EXEMPLO
Uma situação bastante comum é a elevação não planejada das atividades de uma empresa (e, portanto, do investimento operacional em
giro), não acompanhada na mesma proporção pelo aumento das fontes de financiamento de longo prazo (FFLP) .
A circunstância descrita acima pode configurar o denominado efeito tesoura.
O efeito tesoura se caracteriza pela elevação rápida e contínua da procura por fontes onerosas de curto prazo para seu financiamento.
TIPOS DE ESTRUTURAS FINANCEIRAS
O comportamento verificado nas três medidas (FFLP, IOG e T) permite o aparecimento de tipos específicos de estruturas financeiras
analisados por Fleuriet e demais autores (1980).
Cada uma delas envolve determinado nível de risco intrínseco. A tabela a seguir destaca os tipos específicos de estruturas financeiras por
esse nível de risco:
Tipo FFLP IOG T Situação
I Positivo Negativo Positivo Excelente
II Positivo Positivo Positivo Sólida
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III Positivo Positivo Negativo Insatisfatória
IV Negativo Positivo Negativo Péssima
V Negativo Negativo Negativo Ruim
VI Negativo Negativo Positivo Arriscada
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TIPO I
Esta estrutura é típica de supermercados. O investimento em giro, em geral, é negativo, pois o passivo cíclico (fornecedores) supera o
ativo cíclico (clientes e estoques) à medida que as vendas são predominantemente à vista. Além disso, o período médio de estocagem
é menor que o prazo médio de pagamento aos fornecedores.
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TIPO II
Trata-se da estrutura financeira mais frequente, requerendo algum investimento em capital de giro. Como o IOG é positivo, existe a
necessidade de recursos para seu financiamento. Se FFLP e T também forem positivos, haverá sobras de recursos de curto e longo
prazos para seu financiamento. Esta estrutura denota, em suma, uma situação financeira sólida.
TIPO III
Existe nesta estrutura uma demanda por investimentos operacionais, porém o FFLP, ainda que positivo, não é suficiente para seu
financiamento. Isso requer o uso de fontes de curto prazo, as quais, em geral, são mais onerosas.
TIPO IV
Apesar da necessidade de um investimento operacional (IOG positivo), não há fontes de longo prazo disponíveis para seu
financiamento (FFLP negativo), o que gera uma sobrecarga às fontes onerosas de curto prazo (T negativo).
TIPO V
Embora os investimentos nas operações correntes não sejam necessários no tipo V, ele também não dispõe de sobras de recursos de
curto ou longo prazo, o que conduz à existência de T e FFLP negativos.
TIPO VI
Este tipo não conta com investimento em giro (negativo) nem fontes de longo prazo (FFLP negativo), mas existem fontes próprias de
curto prazo (T positivo). Essa situação de desequilíbrio, em princípio, não se sustenta por muitos períodos.
RISCO DE LIQUIDEZ
O risco de liquidez é uma forma de risco extremamente importante. Segundo Jorion (2004), ele pode ter duas formas:
RISCO DE LIQUIDEZ DOS ATIVOS
RISCO DE LIQUIDEZ DE FINANCIAMENTO
RISCO DE LIQUIDEZ DOS ATIVOS
Ocorre quando uma transação pode não ser efetuada pelos preços de mercado prevalescentes em razão do alto volume transacionado.
RISCO DE LIQUIDEZ DE FINANCIAMENTO
Também conhecido como risco de fluxo de caixa, este tipo de risco – que é nosso objeto de estudo – refere-se à incapacidade de honrar
pagamentos por conta do imediatismo de um ou mais fluxos.
RISCO DE LIQUIDEZ – EXEMPLOS PRÁTICOS
Abordaremos neste vídeo o risco de liquidez nas empresas com a apresentação de exemplos de organizações que podem passar por isso ao
longo de suas atividades.
ESTUDO DE CASO
Veremos a seguir como uma empresa pode quebrar – ainda que ela esteja dando lucro. Mesmo estando em uma boa situação em longo
prazo, veremos que ela não gerenciou bem seus fluxos de caixa de curto prazo.
Zé das Couves montou uma loja de material de construção. Em seu primeiro dia de funcionamento, ele comprou e recebeu R$200.000 de
mercadorias para pagar emtrinta dias.
 
Fonte: Iakov Filimonov/Shutterstock
Tendo isso em vista, reconheceremos a seguir a existência de dois fatos. Em seguida, apontaremos o resultado advindo de ambos:
FATO 1
Hoje, a empresa recebe 200.000 mercadorias que serão pagas em 30 dias.
Para promover sua loja, Zé das Couves permitiu, no seu segundo dia, a venda por cartão de crédito ou cheque pré-datado para 30 dias.
Todos os clientes fizeram seus pagamentos em uma das duas modalidades descritas. No fim do segundo dia, Zé das Couves fez as contas e
verificou que havia vendido R$150.000 de mercadorias que lhe custaram R$120.000.
FATO 2
Há uma saída de 120.000 de mercadorias e a entrada de 150.000 após 30 dias.
Devido ao grande sucesso, o empresário resolve fechar a loja por 30 dias e tirar férias. Nesse período, a empresa não compra nem vende
qualquer mercadoria. Ela tampouco paga ou recebe qualquer quantia.
Ao voltar de suas férias, Zé das Couves reabre a loja. Seu primeiro encontro é com o contador. A loja está em ótima situação, ele informa. No
primeiro mês de funcionamento, ela teve um lucro de R$30.000, pois a receita foi de R$150.000 e o custo da mercadoria vendida,
R$120.000!
Já o segundo encontro é com seu tesoureiro. Desta vez, a história é diferente: a empresa está em péssima situação, ele diz. A loja precisa
pagar hoje R$200.000 ao fornecedor das mercadorias, embora só tenha para receber R$150.000 relativos aos cartões de crédito e aos
cheques pré-datados que estavam vencendo!
Resultado: mesmo que todos os seus recebimentos fossem pagos, ainda faltariam R$50.000 para a loja honrar seus compromissos. Se Zé
das Couves não colocar mais dinheiro no negócio ou arranjar garantias para fazer um empréstimo, sua loja poderá ser declarada insolvente.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1) A EMPRESA ABC ESTÁ COM A SEGUINTE ESTRUTURA FINANCEIRA: FONTES DE FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO (FFLP)
COM VALOR POSITIVO, INVESTIMENTO OPERACIONAL EM GIRO (IOG) POSITIVO E SALDO EM TESOURARIA (T) NEGATIVO.
PODEMOS DIZER QUE:
A) A situação da empresa é excelente.
B) A situação dela é sólida.
C) A situação dela é perfeita.
D) A situação dela é insatisfatória.
E) A situação dela é péssima.
2) UMA EMPRESA ACABA DE SER CRIADA E VENDE TODO SEU ESTOQUE POR R$100.000. A MATÉRIA-PRIMA HAVIA CUSTADO
R$50.000, ENQUANTO A TRANSFORMAÇÃO DELA EM PRODUTO TEVE UM CUSTO DE R$10.000. O PRAZO PARA O PAGAMENTO
DA MATÉRIA-PRIMA VENCE EM TRÊS DIAS E O DO RECEBIMENTO DE VENDAS, APENAS DAQUI A SEIS MESES. A
ORGANIZAÇÃO NÃO POSSUI DISPONIBILIDADES. ALÉM DISSO, EM PLENA CRISE BANCÁRIA, NÃO HÁ FINANCIAMENTO
DISPONÍVEL PARA ELA. TENDO ISSO EM VISTA, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA.
A) Como seus fluxos de caixa estão descasados, a empresa vai quebrar se não conseguir financiamento.
B) A firma está correndo risco de liquidez.
C) O risco de crédito que a empresa tomou fez com que ela estivesse agora nessa situação.
D) Apesar do lucro enorme, dada a situação do mercado financeiro, a empresa não administrou bem seu capital de curto prazo.
E) A empresa não fez uma boa gestão de compras e de estoques.
GABARITO
1) A empresa ABC está com a seguinte estrutura financeira: fontes de financiamento de longo prazo (FFLP) com valor positivo,
investimento operacional em giro (IOG) positivo e saldo em tesouraria (T) negativo. Podemos dizer que:
A alternativa "D " está correta.
Apesar de o valor das FFLP ser positivo, ele não é suficiente para os investimentos operacionais. Dessa forma, a empresa deverá buscar
fontes de financiamento de curto prazo, que são caras. A situação da empresa, portanto, é insatisfatória. Entretanto, ela não é péssima. Ela
apenas o seria se o valor das FFLP fosse negativo.
2) Uma empresa acaba de ser criada e vende todo seu estoque por R$100.000. A matéria-prima havia custado R$50.000, enquanto a
transformação dela em produto teve um custo de R$10.000. O prazo para o pagamento da matéria-prima vence em três dias e o do
recebimento de vendas, apenas daqui a seis meses. A organização não possui disponibilidades. Além disso, em plena crise
bancária, não há financiamento disponível para ela. Tendo isso em vista, assinale a alternativa incorreta.
A alternativa "C " está correta.
O risco de crédito que a empresa tomou foi a venda a prazo a seus clientes. Contudo, não é isso que está fazendo com que ela quebre, e sim
o péssimo gerenciamento de seus fluxos de caixa de curto prazo (apesar de a empresa ter lucro).
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discorremos neste tema sobre o processo de análise das condições de crédito a clientes e as técnicas financeiras de gestão de compras e
estoque. Além disso, vimos como se reconhece uma visão integrada de gestão financeira de curto e longo prazo. Esse conhecimento tem
como objetivo mitigar o risco de liquidez de financiamento da empresa (ou de fluxo de caixa), que se refere à insuficiência de recursos de
curto prazo para honrar pagamentos imediatos.
Estabelecemos ainda que uma empresa pode ser bem-sucedida operacionalmente, sustentável e lucrativa no longo prazo. Entretanto, se não
houver um bom gerenciamento de seus fluxos de caixa de curto prazo, ela terá de se financiar por meio de um capital caro, o que afeta o
lucro da empresa.
Destacamos, por fim, casos mais extremos nos quais empresas operacionalmente saudáveis vão à falência por crises de liquidez. Desse
modo, pontuamos que uma administração eficiente de curto prazo é vital para a saúde das organizações.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 2011.
BRIGHAM, E. F.; WESTON, J. F. Fundamentos da administração financeira. 10. ed. São Paulo: Makron Books, 2000.
FLEURIET, M.; KEHDY, R.; BLANC, G. A dinâmica financeira das empresas brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Dom Cabral,
1980.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira: essencial. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.
GROPPELLI, A.; NIKBAKHT, E. Administração financeira. 2. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2002.
HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2001.
HORNE, J. C. V. Política e administração financeira. Rio de Janeiro: RTC, 1975.
JORION, P. Value at risk. 2. ed. São Paulo: BM&F, 2004.
 
EXPLORE+
Indicamos como leitura complementar o livro a seguir. Seus autores mostram como é possível administrar empresas com foco na
sustentabilidade financeira e econômica de curto e longo prazo – e não somente pela análise do desempenho econômico-financeiro delas.
FLEURIET, M.; ZEIDAN, R. O modelo dinâmico de gestão financeira. Rio de Janeiro: Alta Books, 2015.
CONTEUDISTA
Gustavo Silva Araujo
 CURRÍCULO LATTES
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