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John Locke e o Estado de Natureza

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FERNANDA CAUS PRADO 
 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
LOCKE 
 
John Locke foi um filósofo inglês, 
representante do empirismo. Filho de um 
pequeno proprietário de terras, nasceu em 
1632 e viveu até 1704. Defendia o 
individualismo liberal, sendo favorável a 
monarquia constitucional e representativa. 
Estudou filosofia, medicina e ciências 
naturais na Universidade de Oxford. 
 
O estado de natureza 
Se pode afirmar que, para Locke, o estado 
de natureza é aquele em que os homens 
vivem em paz, respeitando e sendo os 
executores da lei da natureza, contudo 
o estado de natureza é repleto de 
perigos constantes. 
Assim como para Hobbes, em Locke o 
homem, em seu estado de natureza, 
também vive em perfeita liberdade. O 
estado de natureza se caracteriza por 
ser um estado de igualdade, no qual 
ninguém está subordinado a outro. 
Logo, a perfeita liberdade e a perfeita 
igualdade vigoram no estado de 
natureza. 
O estado de natureza não é um estado 
de licenciosidade (ausência absoluta de 
leis), pois no estado de natureza os 
homens estão sujeitos às leis da 
natureza. Perante essas leis todos são 
iguais, e ao segui-las não prejudicam uns 
aos outros e nem a si mesmos. Para Locke 
liberdade é sinônimo de submissão as leis. 
Para Locke, no estado de natureza, cada 
um é executor da lei da natureza. Em 
Hobbes, o que existe é a licenciosidade. 
 
 
Como cada um é executor da lei da 
natureza, todos podem punir os 
transgressores a qualquer momento. No 
momento em que transgrede a lei da 
natureza, o infrator declara que está 
vivendo sob outra regra, que não a da 
razão. Ao viver sob uma regra que não a 
da razão, o homem se torna um 
degenerado e declara rompimento com os 
princípios da natureza humana. Aquele 
que é prejudicado pode exigir reparação, 
ou seja, todos podem punir, mas 
somente a vítima pode pedir reparação. 
Os homens não são apenas dotados pela 
razão, que é um conteúdo moral, mas 
também pela paixão, que faz com que se 
perca o equilíbrio na aplicação da lei da 
natureza. O problema gerado a partir 
dessa circunstância é a severidade nas 
punições para aqueles que não gostam, e 
a vantagem, punições brandas, para 
aqueles que lhes são queridos. A punição 
pode se transformar em vingança, que traz 
a discórdia e se transforma em guerra. O 
homem começa a usar a força sem usar a 
lei. O remédio para a parcialidade dos 
homens é o governo civil. 
 
O governo civil e o contrato 
A formação do governo civil consiste no 
abandono do estado de natureza e na 
consolidação de uma sociedade 
juridicamente organizada. Cabe salientar 
que nem sempre um governo é preferível 
ao estado de natureza: no caso de um 
governo absoluto, por exemplo, é melhor 
continuar no estado de natureza, pois nele 
perdemos o recurso a qualquer lei, já que 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
tudo é imposto. Locke defende que o 
poder do Estado está sob a lei, até 
mesmo o soberano. Sempre que os 
homens não têm a quem apelar pela 
injustiça, eles estão em estado de natureza 
e estão em condição pior do que a guerra. 
Em outras palavras um governo ilimitado, 
para Locke, é pior que a guerra. 
Aquele que por palavras ou ações se 
declara acima da lei, declara também 
guerra em relação aos demais, coloca em 
risco a propria vida, podendo e devendo 
ser destruída. Por outro lado, o Estado de 
direito é aquele no qual o poder político 
está submetido à lei 
O governo civil se forma através do 
contrato, no qual o homem renuncia a 
condição de executor da lei da natureza, 
deixando que apenas o soberano seja 
executor. O soberano deverá aplicar a lei 
da natureza de forma igual para todos. 
A sociedade política existe apenas quando 
cada um renuncia ao direito natural, 
através do pacto, de ser executor da lei 
natural, colocando esse poder nas mãos 
de um corpo político que distribui a lei da 
natureza. Isso constitui o governo civil. 
Para Locke, o Estado é o mesmo 
soberano. Detém do uso da força, 
concedido pelo contrato, para fazer valer a 
lei para todos. 
O pacto surge da concordância em unir-se 
em sociedade, sabendo que é necessário 
se submeter à determinação da maioria e 
acatá-la. 
O poder soberano pode se dissolver, mas 
apenas com uma morte violenta: muito 
comumente por meio de invasão 
estrangeira. Também pode ser desfeito 
por causas internas: destaca-se que os 
cidadãos podem e devem destituir o 
soberano quando, por exemplo, o 
legislativo, que é a alma do poder, é 
alterado. 
Alguns dos motivos para essa destituição 
são: o indivíduo dotado do poder soberano 
colocar seus interesses acima das leis; o 
impedimento de reuniões do legislativo; a 
alteração dos direitos eleitorais sem o 
consentimento dos cidadãos; a entrega de 
cidadãos ao poder estrangeiro; o não 
cumprimento ou a não execução das leis. 
É o poder do povo e não do indivíduo, 
particularmente. O poder que cada 
indivíduo deu à sociedade, jamais retorna 
a ele de forma degenerada. Em conjunto, 
tornam-se juízes e podem transferir o 
poder a outro soberano 
 
A propriedade 
Locke coloca que cada homem tem uma 
propriedade em sua pessoa, sendo 
também sua propriedade o trabalho do 
corpo e a obra de suas mãos. O contrato 
também busca garantir a propriedade, que 
contempla o corpo, a saúde, a liberdade, o 
trabalho e os bens. O trabalho é o que 
propicia uma vida boa e digna, logo, 
ninguém pode expropriar o trabalho do 
homem. Em outras palavras, para que nós 
possamos preservar nossa propriedade 
nós consentimos e esse consentimento é 
um pacto que nos leva à sociedade 
política. 
A terra oferece para todos as condições de 
uma vida boa, entretanto, a partir do 
momento que, através de meu trabalho, eu 
retiro os frutos da natureza, torno privada 
a propriedade que anteriormente era 
comum. 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
Locke defende a ideia que apenas 
devemos ter como propriedade aquilo que 
possamos usar, o suficiente para ter uma 
vida boa. O excedente disso deveria 
retornar à posse comum. O dinheiro surge 
e perverte isso, fazendo com que o homem 
acumule muito mais do que necessita e 
mais do que trabalha para ter. Assim 
sendo, a propriedade pervertida precisará 
ser regulada não mais pela lei da natureza, 
mas pela lei dos homens. 
Os homens resolvem contratar justamente 
porque querem evitar as inconveniências 
do estado de natureza quanto à execução 
da lei, contratamos para garantir a 
propriedade, para que nós possamos 
instituir um magistrado comum que possa 
aplicar equitativamente essa lei para 
todos. Desse modo, precisamos de um 
Estado para legislar, governar e julgar 
(introduz a ideia dos três poderes). 
O homem só pode se submeter ao poder 
do outro por seu próprio consentimento. 
A propriedade não pode ser garantida no 
estado de natureza por três principais 
razões: não há lei estabelecida, fixa e 
conhecida; não há magistrado comum e 
imparcial para controlar as controvérsias 
de forma equitativa; não há poder capaz de 
garantir a aplicação imparcial da lei. 
Cabe aqui também ressaltar a diferença 
entre posse e propriedade para o autor. 
Enquanto a propriedade é adquirida 
através do trabalho, a posse é adquirida 
pelo uso dos frutos do trabalho. 
 
O direito 
O direito é um patrimônio legado de 
geração em geração. Aquele que vive em 
comunidade está sujeito às leis e por elas 
protegido. Embora no estado de natureza 
tenhamos total liberdade, somos 
incapazes de exercê-la, pois dependemos 
uns dos outros. Aqueles que não cumprem 
a lei rompem com o estado de igualdade 
(que gera confusão e discórdia). 
Para Locke, as leis são as verdadeiras 
defesas. Todos os poderes têm os seus 
limites. O limite do poder Judiciário é a lei, 
é a exigência de que ele cumpra a norma. 
O limite do Legislativo e do Executivo são 
a opinião pública e o Poder Judiciário. 
Esses poderestêm a sua independência e 
o seu equilíbrio, e nenhum deles pode se 
sobrepor. Soberana é a lei, e ninguém 
pode sobrepor-se a ela.

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