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Semiologia Cardiovascular

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SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR Marcela Cavalcanti
Exame físico cardiovascular
1) Ectoscopia
✔ Atitude e decúbito
✔ Edema cardiogênico
✔ Perfusão das extremidades
✔ Exame cervical (Turgência jugular Pulsações anormais – “Dança das artérias” Fúrcula esternal (incisura
jugular))
2) Inspeção e Palpação
Devem ser realizadas em conjunto tornando os achados mais significativos
✔ Abaulamentos
✔ Analise do ictus cordis
✔ Analise de batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis
✔ Pesquisa de frêmito cardiovascular
a) abaulamentos
✔ observar de forma tangencial e frontal
✔ pode indicar aneurisma de aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alterações da caixa torácica
✔ obs: em crianças, dilatação ou hipertrofia do VD deformam com facilidade o precordio – cardiopatias
congênitas e lesões valvares reumáticas
b) ictus cordis
deve-se avaliar:
✔ localização – varia de acordo com o biótipo do paciente. deslocamento indica hipertrofia ou dilatação do VE
(estenose aórtica, insuficiência aórtica, insuficiência mitral, hipertensão arterial, miocardioesclerose,
miocardiopatias e algumas cardiopatias congênitas)
✔ extensão – normal são 1 ou 2 polpas digitais
✔ intensidade – em hipertrofia do VE ocorre maior intensidade do ictus cordis
✔ mobilidade – em condições normais, ao alterar a posição do paciente a posição do ictus varia de 1 a 2 cm.
Em caso de sínfise pericárdica (aderência dos folhetos) o ictus não de desloca.
Causas do aumento do ictus cordis: hipertrofia ventricular esquerda, hipertireoidismo, anemia grave, aneurisma
arteriovenoso
Causas extracardíacas que modificam o ictus cordis: obesidade, ascite, gravidez, grandes tumores, grandes derrames
pleurais esquerdos, dextrocardia ou situs inversus
c) batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis
✔ quando as bulhas se tornam hiperfonéticas podem ser sentidas pela mão como um choque de curta duração,
esse fenômeno é denominado choque valvar.
✔ Também pode ocorrer com cliques de maior intensidade que se tornam palpáveis
d) frêmito cardiovascular/frêmito catário
✔ sensação tátil provocada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos
✔ deve-se determinar sua localização (em relação as áreas de ausculta), situação no ciclo cardíaco e
intensidade (avaliada em cruzes)
SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR Marcela Cavalcanti
3) Ausculta
Deve-se avaliar:
✔ Frequencia
✔ Ritmo
✔ Bulhas (intensidade, desdobramentos, presença de bulhas acessórias)
✔ Ruídos extras (cliques, estalidos e sopros)
a) focos de ausculta
foco mitral: 5º EICE na linha hemiclavicular
foco pulmonar: 2º EICE, próximo ao esterno – apresenta as
condições ideais para auscultar desdobramentos de B2
foco aórtico: 2º EICD, justaesternal (foco aórtico acessório: entre
3 e 4 EICE)
foco tricúspide: base do apêndice xifoide, ligeiramente à
esquerda
b) Bulhas cardíacas
B1:
✔ Fechamento das valvas mitral e tricúspide
✔ Componente mitral (M) antecede o tricúspide (T )
✔ Coincide com o ictus cordis e o pulso carotídeo)
✔ Timbre grave e de maior duração que B2
✔ Maior intensidade no foco mitral
Obs: pode ocorrer fisiologicamente a separação dos componentes M e T, sem significado patológico e não relacionado
com a respiração
B2:
✔ Fechamento das valvas aórtica e pulmonar
✔ Mais intensa nos focos da base
✔ O componente aórtico é audível em todo Precórdio enquanto o pulmonar fica restrito ao foco pulmonar e à
borda esternal esquerda
✔ Som mais agudo e seco
✔ O aórtico em condições normais, precede o pulmonar
✔ Desdobramento fisiológico de B2: quando na inspiração, devido ao maior fluxo sanguíneo no lado direito do
coração, o componente pulmonar sofre um retardo que permite a distinção dos dois componentes.
✔ O grau de desdobramento varia entre os indivíduos sendo observado em quase todas as crianças
B3:
✔ Ruído protodiastólico de baixa frequência
✔ Originado pelas vibrações das paredes ventriculares distendidas pela corrente sanguínea no enchimento
ventricular rápido
✔ Mais audível no foco mitral com paciente em decúbito lateral esquerdo
SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR Marcela Cavalcanti
B4:
✔ Ruído débil que ocorre no fim da diástole ou pré-sístole
✔ Pode ser encontrada em condições fisiológicas em crianças e adolescente
✔ Causada pela desaceleração do fluxo sanguíneo quando ocorre a contração atrial
OBS: Localização dos fenômenos estetoacústicos
• Protossístole = terço inicial da sístole
• Mesossístole = terço médio da sístole
• Telessístole = terço final da sístole
• Protodiástole = terço inicial da diástole
• Mesodiástole = terço médio da diástole
• Telediástole = terço final da diástole. (também chamado pré-sístole)
Holossístole e Holodiástole compreendem todo o perido da sístole e diástole respectivamente
c) ritmo cardíaco
normal em 2 tempos = B1 e B2
Ritmos tríplices
✔ Adição de um terceiro ruído localizado na diástole. É importante diferenciar se o ruído é protodiastólico ou
pré-sistólico
✔ O protodiastólico deve ser diferenciado em 3ª bulha patológica ou fisiológica, sendo essa diferenciação
realizada pelo quadro do paciente. Caso não haja alguma cardiopatia, será considerado fisiológico
Obs: O ritmo tríplice por 3ª bulha fisiológica NUNCA lembra o galope de cavalo. Se assemelha a um
desdobramento longo da segunda bulha
✔ O pré-sistólico depende da presença da 4ª bulha (pode ser normal em crianças e adolescentes mas é mais
frequente em alterações da complacência ou distensibilidade ventricular
Ritmo em galope:
✔ aplicável à terceira bulha patológica
✔ Mais audível na ponta do coração ou junto à borda esternal (área tricúspide) com o paciente em decúbito
lateral esquerdo. As vezes é mais palpável que audível
✔ Sempre significa importante comprometimento do miocárdio
Alterações das bulhas cardíacas
B1: alterações correspondem a modificações de intensidade, do timbre, da tonalidade, desdobramentos e
mascaramentos
Intensidade de B1
Os principais fatores que interferem na intensidade de B1 são: posicionamento das valvas no momento da contração
ventricular, pressão intra-atrial, velocidade de subida dos folhetos, capacidade contrátil do musculo cardíaco
✔ posicionamento dos folhetos das valvas no momento da contração ventricular. Quanto mais baixos os
folhetos, maior a intensidade do som produzido. -> observar intervalo PR
✔ Taquicardias, hipertireoidismos, extrassistoles (contração prematura) -> hiperfonese de B1 (geram diminuição
do enchimento ventricular)
✔ Fibrilação atrial: varia entre hipo e hiperfonese de uma sitole para outra – delirium cordis
✔ Outro fator importante é o nível de pressão nas cavidades cardíacas, principalmente quando houver alguma
disfunção orovalvar:
✔ Pressão intra-atrial elevada como ocorre na estenose mitral quando ainda há pouca calcificação – valvas se
afastam mais e geram ruído mais intenso
✔ A velocidade de subida também interfere na intensidade da bulha, como nos casos de miocardite,
miocardiopatia, IAM, IC e miocardioesclerose, quando a ascensão é mais lenta gerando uma hipofonese.
SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR Marcela Cavalcanti
✔ Quando ocorre lesão da mitral com sua consequente fibrose, e fusão das comissuras, B1 aumenta de
intensidade porem adquire uma tonalidade aguda e timbre metálico
✔ Na estenose mitral avançada, a valva fica praticamente imobilizada e ocorre hipofonese de B1
✔ A capacidade contrátil do musculo cardíaco também influencia na intensidade de B1
Timbre e tonalidade: na estenose, B1 adquire tonalidade aguda e timbre metálico
Desdobramento de B1: um discreto assincronismo é normal principalmente em crianças e adolescentes, na área mitral
e/ou tricúspide. Em desdobramentos amplos deve-se desconfiar e bloqueio de ramo direito, que retarda o fechamento
da tricúspide (nesse caso também se encontra desdobramento de B2no foco pulmonar
Mascaramento de B1: pode ocorrer quando há sopro sistólico de regurgitação que tem inicio junto a B1

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